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AÇAO DE INDENIZAÇÃO PIRACICABANA

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MERETISSIMO JUÍZO DE DIREITO DA ... VARA DO JUIZADO ESPECIAL CIVIL DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIARIA DE SÃO SEBASTIAO DF.
FRANCISCO ALVES DA SILVA, brasileiro, casado, estudante, inscrito no RG nº 1.279.036 SSP DF, CPF/MF nº 573.394.651-20, filho de Jose Francisco da Silva e Joana Mascarenhas Alves, residente e domiciliado a SHQC 04, Rua M, Casa 16 Jardim Mangueiral Brasília DF, CEP 71699-186, email fco.alvescorretor@gmail.com, vem a presença de Vossa Excelência, com supedâneo no art. 186, art. 927,§ único e art. 734 e seguintes todos do Código Civil e por fim art. 14 do CDC, propor a presente,
AÇÃO INDENIZATORIA DE DANOS MORAIS
Em desfavor de VIAÇÃO PIRACICABANA pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob n° 54.360.623/0044-34, sediada na SGON QUADRA 06, LOTE 01 BLOCO A, ASA NORTE BRASÍLIA-DF, CEP 70610-660, consubstanciado nos motivos fáticos e de direito a seguir aduzidos.
PRELIMINARMENTE
O requerente não possui condições financeiras para arcar com as custas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo do seu sustento e de sua família. Nesse sentido, junta-se declaração de hipossuficiência (doc. 02).
Por tais razões, pleiteiam-se os benefícios da Justiça Gratuita, assegurados pela Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV e pela Lei 13.105/2015 (CPC), artigo 98 e seguintes.
DOS FATOS
No dia 22 de setembro as 8:38 da manha ao adentrar no ônibus nº 111813, linha 0.107, na estação rodoviária do plano piloto, ao se deslocar ao acento elevado, o requerente supra citado ao subir o degrau chocou sua cabeça com televisor de LCD, instalado de forma incorreta (fotos anexas), lesionando assim sua cabeça, onde houve perda de sangue, socorrido depois de 40 minutos do fato ocorrido pelo SAMU, protocolo de ocorrência nº 6754266 (foto anexa), fora levado ao HRAN onde atendido pela Dra. Bruna Stefany Teles CRM-DF 23.468,(atestado anexo), teve seu couro cabeludo suturado levando 5 pontos( foto anexa) e medicado recebendo alta.
DO DIREITO
É preciso enfatizar, que a dignidade da pessoa humana é um dos princípios fundamentais da Constituição Brasileira (CF/88, art. 1º, III) é vetor para a identificação material dos direitos fundamentais, apenas estará assegurada quando for possível ao homem uma existência que permita a plena fruição de todos os direitos fundamentais.
Diante dos fatos acima relatados, mostra-se patente à configuração dos “danos morais” sofridos pelo Autor, a moral é reconhecida como bem jurídico, recebendo dos mais diversos diplomas legais a devida proteção, inclusive amparada pelo art. 5º, inc. V, da Carta Magna/1988 e ainda os arts. 186 e o art. 927, do Código Civil.
Oportuno se torna dizer que também, o Código de Proteção e Defesa do Consumidor, no seu art. 6º, protege a integridade moral dos consumidores e o art.14º enfatiza que o fornecedor de serviço responde independentemente de culpa pelo dano causado:
Lei Federal 8078 de 1990:
“Art. 6º - São direitos básicos do consumidor, VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais e difusos.
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos."
A responsabilidade da empresa transportadora é objetiva  e decorrente do dever de resguardar a incolumidade física das pessoas transportadas (artigo 734 do Código Civil).
Se tratando de contrato de transporte de pessoas, a empresa transportadora assume a obrigação de zelar pela integridade física do passageiro desde o embarque até o seu destino. Consoante ensinamento de Sérgio Cavalieri Filho, reproduzido em recente julgado proferido pela C. 15ª Câmara de Direito Privado deste Tribunal, de relatoria do Desembargador Milton Paulo de Carvalho Filho (Apel. nº 7.246.217-2, j. 20/10/2009):
"A obrigação do transportador não é apenas de meio, e não só de resultado, mas também de garantia. Não se obriga ele a tomar as providência e cautelas necessárias para o bom sucesso do transporte; obriga-se pelo fim, isto é, garante o bom êxito. Tem o transportador o dever de zelar pela incolumidade do passageiro na extensão necessária a lhe evitar qualquer acontecimento funesto... Sem dúvida, a característica mais importante do contrato de transporte é a cláusula de incolumidade que nele está implícita. Entende-se por cláusula de incolumidade a obrigação que tem o transportador de conduzir o passageiro são e salvo ao lugar de destino (Programa de Responsabilidade Civil, Atlas, SP, 7ª ed., p. 286).
E, conforme entendimento do c. Superior Tribunal de Justiça:
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. TRANSPORTE DE PESSOAS. CASO FORTUITO. CULPA DE TERCEIRO. LIMITES. APLICAÇÃO DO DIREITO À ESPÉCIE. NECESSIDADE DE REEXAME DE PROVA. IMPOSSIBILIDADE. 1. A cláusula de incolumidade é ínsita ao contrato de transporte, implicando obrigação de resultado do transportador, consistente em levar o passageiro com conforto e segurança ao seu destino, excepcionando-se esse dever apenas nos casos em que ficar configurada alguma causa excludente da responsabilidade civil, notadamente o caso fortuito, a força maior ou a culpa exclusiva da vítima ou de terceiro. (REsp 1136885 / SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª T., j. 28.02.2012, DJe 07.03.2012). "
DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA PERANTE CDC.
Vamos ao que fala o artigo 6º, VIII, da lei 8078/90
:"Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;"
O Código de Defesa do Consumidor veio a nortear as relações de consumo, coibindo a ocorrência de práticas abusivas, como a ocorrida com o Autor, que violam direitos básicos do consumidor, como integridade física e a segurança no transporte de pessoas, a lealdade, a confiança e a boa-fé nos negócios jurídicos.
Portanto, do quanto narrado, resta evidente a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor, devendo, ainda, ser invertido o ônus da prova.
DO QUANTUM INDENIZATORIO
Uma vez reconhecida à existência do dano moral, e o consequente direito à indenização dele decorrente, necessário se faz analisar o aspecto do quantum pecuniário a ser considerado e fixado, não só para efeitos de reparação do prejuízo, mas também sob o cunho de caráter punitivo ou sancionário, preventivo, repressor.
E essa indenização que se pretende em decorrência dos danos morais, há de ser arbitrada, mediante estimativa prudente, que possa em parte, compensar o "dano moral" sofrido pela Autor, conforme demonstrado no caso em tela.
Com relação à questão do valor da indenização por esses danos morais, o Autor pede "permissa vênia" para trazer à colação um entendimento jurisprudencial à respeito da matéria:
TJ-SP - Apelação APL 01096906520088260007 SP 0109690-65.2008.8.26.0007 (TJ-SP)
Data de publicação: 11/08/2015
Ementa: INDENIZAÇÃO – ACIDENTE DE ÔNIBUS - DANO MORAL – AUTOR QUE SOFREU DIVERSOS FERIMENTOS – Responsabilidade objetiva do transportador pelos danos causados aos seus passageiros – Teoria do risco profissional – Dano moral configurado, na medida em que o autor experimentou efetivo abalo emocional ao sofrer lesões físicas - Súmulas 161 e 187 do STF - Valor de R$ 15.000,00 fixado na r. sentença que se mostra adequado diante das circunstâncias do caso em análise – Sentença mantida – RECURSO DESPROVIDO.
TJ-DF - Apelacao Civel APC 20130710191855 DF 0018608-05.2013.8.07.0007 (TJ-DF)
Data de publicação: 25/02/2015
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL –INDENIZAÇÃO–ACIDENTE
 DE ÔNIBUS– FRATURA – FÊMUR – DEBILIDADE PERMANENTE – PRESCRIÇÃO – INOCORRÊNCIA – TERMO INICIAL DO PRAZO PRESCRICIONAL – DATA DA CIÊNCIA INEQUÍVOCA DA DEBILIDADE – LAUDO DO IML. 1. O termo inicial para a contagem doprazo prescricional na ação de indenização decorrente de acidente automobilístico se inicia com a ciência inequívoca da extensão dos danos sofridos pela vítima, o qual se verifica pelo laudo do Instituto Médico Legal (IML). 2. Deu-se provimento ao apelo do autor.
Cumpre, de logo, afastar qualquer forma de analogia, pois os parâmetros para a fixação do quantum da indenização por danos morais são pacíficos na moderna jurisprudência e na melhor doutrina. O valor deverá ser fixado levando em consideração as condições pessoais do Autor e da Ré, sopesadas pelo prudente arbítrio do Juiz, com a observância da TEORIA DO DESESTÍMULO, ou seja, o valor não deve enriquecer ilicitamente o ofendido, mas há de ser suficientemente elevado para desencorajar novas agressões à honra alheia.
É que interessa ao Direito e à sociedade que o relacionamento entre os entes que contracenam no orbe jurídico se mantenha dentro de padrões normais de equilíbrio e de respeito mútuo.
Assim, em hipótese de lesiona mento, cabe ao agente suportar as consequências de sua atuação, desestimulando-se, com a atribuição de pesadas indenizações, atos ilícitos tendentes a afetar os referidos aspectos da personalidade humana.
DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer digne-se Vossa Excelência de:
a) Determinar a citação da Ré, nos termos do artigo art. 18 da Lei 9099/95, na pessoa do seu representante legal, para que querendo, responda nos termos da presente, sob pena de sofrer os efeitos da revelia; devendo a mesma ser JULGADA TOTALMENTE PROCEDENTE;
b) Determinar a inversão do ônus da prova, conforme previsto nos artigo 14 combinado com o artigo 6°, VIII, todos do Código de Defesa do Consumidor;
c) Condenar a Ré, ao pagamento de uma indenização, de cunho compensatório e punitivo, pelos danos morais causados ao Autor, tudo conforme fundamentado, em valor pecuniário justo e condizente com o caso apresentado em tela, qual, no entendimento do Autor, amparado em pacificada jurisprudência, deve ser equivalente a R$ 15.000,00 (quinze mil reais), ou então, em valor que esse Juízo fixar, pelos seus próprios critérios analíticos e jurídicos;
e) incluir na esperada condenação da Ré, a incidência juros e correção monetária na forma da lei em vigor, desde sua citação;
Protesta provar o alegado por todos os meios em direito admitidos e em especial a juntada de novos documentos que se façam necessários para a apuração da demanda.
Dá se a causa o valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais).
Nestes termos,
Pede deferimento
São Sebastião 07 de novembro de 2017
Francisco Alves da Silva
CPF 573.394.651-20

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