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Negócio Jurídico e seus defeitos

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Defeitos do negócio jurídico
Minha parte e da Bianca:
02- Negócio Jurídico e seus defeitos
2.1- erro ou ignorância do negócio Bianca
2.2- dolo no negócio jurídico 
2.3- coação e estado de perigo
2.4- lesão Barbara
2.5- fraude contra credores
2.4- Lesão
O artigo 157 do Código Civil diz que:
“Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
§1º. Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
§2º. Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.”
A lesão ocorre quando uma pessoa aproveitando da inexperiência da outra pessoa obtém vantagem sobre algo. Essa pessoa perde a noção do justo e do real, sua vontade é conduzida a praticar atos que constituem verdadeiros disparates do ponto de vista econômico. A sua vontade está viciada, contaminada por pressões alheias. 
2.4.1- Conceito:
Há aqueles que dizem que lesão é um vício da vontade e há aqueles que negam essa relação de vício. Porém não pode negar-se a íntima relação do vício da vontade e o instituto, mesmo que não veja como vício de vontade estrito.
Nos tempos modernos a lesão ganhou contornos de uma índole subjetiva, como por exemplo a Lei de Economia Popular. Existe um elemento objetivo, a desproporção do preço e a desproporção entre as prestações, e existe o elemento subjetivo, que aproxima o defeito dos vícios da vontade (representado pelo o estado de necessidade da pessoa ou inexperiência de uma das partes), aproveitando das partes no negócio. 
Se alguém prevalece do estado de necessidade do outro contratante este vício está próximo da coação. Se alguém aproveita da ingenuidade, da leviandade, da inexperiência da outra pessoa para provocar um engano este vício está próximo do dolo. Os vícios estão muito próximos do vício da vontade. 
A lei nº 1.521 de 26/12/1951, artigo 4ª diz que:
“Constitui crime da mesma natureza a usura pecuniária ou real, assim se considerando: (...)
b) obter, ou estipular, em qualquer contrato, abusando da premente necessidade, inexperiência ou leviandade de outra parte, lucro patrimonial que exceda o quinto do valor corrente ou justo da prestação feita ou prometida.
        Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, de cinco mil a vinte mil cruzeiros. (...)”
Ou seja, a lesão, em linhas gerais, consiste no prejuízo de um contratante experiente em contato comunicativo quando não recebe da parte o valor igual ou proporcional da prestação de serviços oferecidos. Nos contratos aleatórios, pode ser identificada especialmente a lesão, quando a vantagem obtida é superior ao contrato. 
No requisito objetivo exalta o lucro obtido de forma exagerada para a desproporção das prestações que fornece um dos contratantes. De acordo com a lei dos crimes contra economia popular o requisito foi tarifado em um quinto do valor corrente ou justo da prestação feita ou prometida. Esse requisito tariado mostrou-se inconveniente por mostrar o exagero da atividade do julgador. É sempre mais aceitável deixar que o julgador julgue cada situação, como diz o Código Civil, nenhuma legislação estrangeira estabelece uma base determinada.
O requisito subjetivo é o aproveitamento da inexperiência, da leviandade, ou o estado de necessidade da pessoa. Não tem a necessidade do agente induzir a vítima, basta aproveitar-se da ingenuidade. A doutrina chama esse requisito como dolo de aproveitamento. 
Analisando esses dois pressupostos é possível notar que o negócio é anulável. Porém, de acordo com o parágrafo segundo do artigo 157, (...)”se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.”, o negócio pode ser aproveitado.
Essa necessidade referida na lei não classifica como estado de necessidade ou de perigo, ou seja, é uma premência negocial, contratual. É a indispensabilidade de contratar sob determinadas premissas. Não leva em conta a fortuna do lesado, pois a necessidade configura-se na impossibilidade de evitar um contrato. A necessidade contratual independe do poder econômico do lesado. 
Pode-se caracterizar também a inexperiência do lesado, ou seja, uma pessoa envolvida em um negócio sem maiores conhecimentos dos valores.
 A leviandade trata da irresponsabilidade do lesado, pois é o leviano que procede sem perceber. Muitas vezes por agir por “impulso” o leviano pode perder toda a sua fortuna. Embora o artigo 157 do Código Civil não traz o termo leviandade, os termos inexperiência e estado de necessidade a suprem-na.
A lesão é diferente do estado de perigo, pois neste a vítima ou alguém próximo corre perigo. Na lesão o dano é patrimonial. 
2.4.2- Lesão e Lei de Proteção à Economia Popular: Código de Defesa do Consumidor
No artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90) diz que:
“É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: (...)
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços;
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva(...)”
Nestes dispositivos pode-se perceber os requisitos da lesão de forma mais branda, sem o valor excessivo que nota-se no caso concreto.
O artigo 51 desta lei diz que:
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: (...)
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;(...)”
A lei considera nula a cláusula contratual de acordo com este artigo. 
2.4.3- Procedimento Judicial
Se tratar de compra e venda ou restabelecimento da situação anterior, a ação judicial contra a lesão procura a restituição do bem vendido quando for possível. 
Existe a possibilidade de evitar esta situação, por meio da complementação ou redução do preço de acordo com a situação, que não muda o caráter típico da ação. O objetivo é o retorno do estado anterior.
A ação é de natureza pessoal, porém se houver imóveis é imprescindível a presença dos ambos cônjuges. 
Caso o poder estiver nas mãos de terceiros, a discussão do direito cabe ao alienante e adquirente. O terceiro será um simples detentor. Haverá a indenização se ocorrer a devolução do bem.
Se o instituto não se restringe apenas a compra e venda a natureza do contrato é impossível a volta ao estado anterior.
2.4.4- Renúncia Antecipada à Alegação de Lesão
Anular o princípio da lesão seria permitir que os contratantes renunciam previamente ao direito de anular o contrato por conta de qualquer vício da vontade e isso afastaria do Judiciário. 
Não poderá compensar a renúncia nas mesmas circunstâncias do vício, pois também estaria viciado. Os fatores que levaram a vitima contratar suas circunstâncias terão levado o contratante abrir mão, mesmo que tenha direito de anular o negócio. 
A renúncia posterior só será válida se os fatores lecionários forem ausentes.
2.4.5- Prazo Prescricional 
O ato nulo, de acordo com a doutrina, nunca se prescreve ou prescreve no maior prazo previsto em lei, ou seja, de acordo com as ações pessoais. Os atos anuláveis prescrevem em prazos menores, mais ou menos limitado. 
O artigo 159 do Código Civil diz que:
“Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida de outro contratante.”
A lesão tem caráter de nulidade relativa, o prazo prescricional mais coaduante em nosso sistema de 1916 era de quatro anos. Era prazo estipulado para prescrição dos atos viciados por erro, dolo, simulação, coação e fraude.
2.5- Fraude contra credores
A garantia dos credorespara a sua satisfação é o patrimônio do devedor. Enquanto o devedor não coloque em risco a garantias e seus atos, durante os seus atos, está livre para agir conforme o Direito lhe permite.
No exato momento que as dívidas do devedor superam seus créditos e, sua capacidade de produzir bens e aumentar seu patrimônio mostram-se insuficientes para garantir suas dívidas, os seus atos de alienação tornam-se anulados. Assim surge fraude dos credores. 
A fraude é o mais grave ato ilícitos, responsável por danos de volto, destruidor de relações sócias e, muitas vezes, é difícil de reparar.
No direito existe dois tipos de aspectos do problemas da fraude: a fraude à lei e a fraude contra o direito de terceiros. 
A fraude contra o direito de terceiros, também é transgressão à lei, é a ação fraudulenta tem indício de malícia, tendo ou não a intenção de ocasionar prejuízo contra o titular do direito lesado.
Não é certo de lei que toda fraude atinge o direito, também pode atingir terceiros.
Fraude contra credores é princípio que garante o patrimônio do devedor como garantia comum de seus credores. Se dispensarem as garantias reais ou especiais para garantir o preenchimento de crédito pressupõem-se que o devedor aja dentro do princípio da boa-fé. Ao se comprometer os credores têm o patrimônio do devedor como garantia. Portanto, quando o devedor age com malícia para debilitar seu patrimônio ocorre a fraude, podendo os credores agir contra os atos por meio de uma ação pauliana.
2.5.1- Fraude em Geral
É todo artifício malicioso que uma pessoa emprega com a intenção de ultrapassar o Direito ou prejudicar os interesses de terceiros.
Na simulação possui muitos pontos de contato com a fraude, as partes aparentam o negócio que não teve a intenção de praticar. Na fraude o negócio jurídico é verdadeiro, porém com a intenção de prejudicar terceiros ou burlar lei.
Não integram o conceito de fraude as ações ofensivas à normas de modo flagrante. A fraude tem a característica de iludir a lei por modo indireto, sem forma ostensiva. Tem uma forma de disfarce, mas não tendo o conceito de simulação. 
A fraude tem finalidade do ato ou negócio jurídico. Os atos e negócios jurídicos tem por objeto e condição de modo perfeito. Porém fato final apresenta vício.
Na fraude contra credores, a defesa dos credores é a igualdade entre eles e o patrimônio do devedor.
2.5.2- Fraude Contra Credores
O patrimônio do devedor pode ser depauperado de várias maneiras, assim frustrando a sua garantia, seja por meio da alienação gratuita ou onerosa de bens. Obtendo por meio da renúncia da herança, remissão de dívidas, por privilégio concedido ao credor. 
O objeto da ação pauliana é ineficácia do ato em relação aos credores. Porém, ara o Código Civil o ato é anulável. Na realidade, o que ocorre é um processo ou uma conduta fraudatória. 
É fraude contra os credores qualquer ato praticado pelo devedor já insolvente ou por este ato levado a insolvência com prejuízo de seus credores.
Se for considerar que o patrimônio do devedor responde por suas dividas, este patrimônio possui ativo e passivo, e se considerar que para o devedor insolvente o passivo supera o ativo, ao diminuir os bens de seu patrimônio está de certo modo alienando bens que pertencem a seus credores. Por isso as medidas legais, que visa a proteger os credores desta possível situação. 
2.5.3- Requisitos 
Há três tipos de fraude contra credores: a anterioridade do crédito, o consilium fraudis e o eventus damni. 
A anterioridade esta expressa no artigo 158, parágrafo segundo do Código Civil.
“Só os credores que já eram ao tempo daqueles atos podem pleitear anulação deles.”
Quem contratar alguém já insolvente não irá encontrar patrimônio garantidor. Os credores anteriores não encontram a garantia na lei. A obrigação é certificar a situação patrimonial do devedor. 
Se o documento foi registrado, a data do registro constará a anterioridade do crédito, portanto o documento deve ser registado para ter eficácia. 
Outra hipótese é a sub-rogação de crédito, quando o ato posterior for fraudulento. Conforme existe uma dívida anterior entende-se que a anterioridade, sub-rogação ou a cessão não mudam essa característica. 
Aos créditos constitucionais, uma condição resolutiva, não há dúvida de que existe um ato fraudulento. Aos créditos com condição suspensivas existe uma certa dúvida, pois trata-se de um evento futuro e não se sabe como aplicar a anterioridade. Acredita-se que, mesmo sendo suspensiva de condição, existe um direito eventual, assim existe a anterioridade, podendo ser resguardo qualquer violação de direito.
Outra hipótese é a fraude que objetiva o futuro. Ou seja, o credor posterior conhecia, ou deveria conhecer, os atos fraudulentos, portanto não poderá impugná-los. 
O eventus damni necessita estar presente para ocorrer a fraude dita. Não havendo divergências. Não há prejuízo, nem legítimo interesse para propositura da ação pauliana. 
O objeto da ação é tornar a declarar a ineficácia do ato em relação aos credores ou a revogação do ato da fraude. Este ato danoso pode ser para credor a alienação, gratuita ou onerosa, como por exemplo a remissão de dívida. O eventus damni ocorre sempre que o ato for a causa do dano, determinando a insolvência ou o agravo.
Consilium fraudis, ou elemento subjetivo, dispensa a intenção precípua de prejudicar, sendo necessário apenas a existência do conhecimento do resultado do dano no ato da prática da fraude.
Nos nossos ordenamentos civis temos tratamentos diferentes para os atos ou negócios a título gratuito e a título oneroso. Aos casos de transmissão gratuita ou remissão de dívidas, fraude consiste por si mesma, não depende do conhecimento ou não vício. O que importa é o estado de insolvência do devedor para que o ato seja fraudulento, não importando que o terceiro ou o devedor conhecesse o estado de insolvência. Esse último aspecto de ignorância do fato da insolvência foi trato no artigo 158 do Código Civil. 
“Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de divida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos. (...)”
A lei protege os credores, não só pelos princípios do locupletamento ilícito, até porque quem está no estado de insolvência não está em condições de praticar liberalidades. Na realidade há ato de má-fé.
Por outro lado, a lei diz que a insolvência tem que ser notória ou deve haver motivo para ser conhecida do outro lado do contratante.
A notoriedade e o conhecimento da insolvência pelo outro contratante dependem, exclusivamente, do caso concreto.
Tal notoriedade de insolvência deve ser provada por meio da ação pauliana, não confundindo com os fatos notórios. Dispensar a prova da notoriedade seria transformar o juiz em testemunha do fato do qual irá se pronunciar.
O conceito atual de fraude não implica a utilização de meios ilícitos. O vício pode consistir em atos válidos, perfeitos e lícitos. Sempre que desaparecer a insolvência, ainda no curso da ação, desaparece o interesse da demanda.
Normalmente quem contrata com insolvente não conhece seus credores, por isso a intenção de prejudicar não e um requisito. Se esta intenção fosse exigida seria frustrada, pois é difícil o exame do foro íntimo do indivíduo. 
Quem compra bem do agente insolvente ou pretende se tornar, deve prever que o ato pode lesar credores. Não lhe é lícito ignorar que lei proíbe aquisição nessas circunstâncias, não proteção dos possíveis credores. Isto é o principio legal.
Entretanto, o erro de fato aproveita ao terceiro se houver prova que a insolvência não era notória e que não era possível motivos para conhece-la, porém a prova lhe compete. Quanto ao próprio devedor nessas as circunstâncias, a fraude, é presumida. A notoriedade depende do caso concreto, porém a jurisprudência e a doutrina colocaram algumas situações: amizade íntima entre o insolvente e terceiro adquirente, parentesco próximo,protesto de cambias, elevado número de cobrança, empréstimos excessivos em instituições bancárias, etc. Portanto, fica a critério do juiz decidir se houve notoriedade e se houve motivo para outro contratante conhecer a insolvência do devedor, se o fato não for notório. 
2.5.4- Ação Pauliana
Os credores que movem a ação em seu nome, assim atacando o fraudulento como um direito seu.
A real finalidade da ação é tornar o negócio ou o ato ineficaz, proporcionando que o bem alienado retorne à massa patrimonial do devedor, assim beneficiando todos os credores. Se o ao for gratuito, a intenção é evitar o enriquecimento ilícito. 
Como tem natureza de recomposição do patrimônio e a ação é revocatória, portanto a ação não pode ser proposta contra atos que não levaram o devedor à insolvência, nem contra aqueles atos que o devedor deixou de ganhar algo.
De acordo com o Código Civil só os credores quirografários podem exercer a ação. Os credores com garantia também podem ajuizar a ação, se a garantia for suficiente. Neste caso será credor quirografário no montante que a garantia não o protege. Cabendo à ele provar que essa garantia não é suficiente para cobrir a integralidade do crédito. 
De acordo com o Código Civil a ação deverá ser movida contra todos participantes do ato da fraude, por conta de que só atingirá o objetivo de anulação ou ineficácia do negócio com a participação de todos, tendo o efeito de coisa julgada. Caso contrário, o ato seria anulado ou ineficaz só para alguns, o que não é admissível. 
O terceiro adquirente pode ser chamado à relação processual em diversas hipóteses, desde conste conluio e má-fé. Deste modo existirá insolvência notória ou razões para terceiro conhece-la.
Aos credores as legislações optam por três tipos de efeitos:
Aproveitando indistintamente essa invalidação de todos, restitui-se o objeto do ato invalido ao patrimônio do devedor;
 Aproveitando apenas os credores anteriores ao ato, restitui-se o objeto do ato invalidado ao patrimônio;
Apenas ao que promoveram faz-se aproveitar a invalidação.
A anulação aproveita a todos os credores, sem exceção, quirografários ou privilegiados, ainda que não exista concurso de credores aberto, o resultado beneficia todos credores.
De outra forma, a anulação só será acolhida até o montante do prejuízo dos credores.
2.5.5- Casos Particulares Estatuídos na Lei
O artigo 160 do código civil diz que:
“Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago preço e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-à depositando-o em juízo, com citação de todos os interessados. 
Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o preço que lhes corresponda ao valor real.”
O adquirente só poderá valer-se deste meio se o preço do contrato for justo, devendo consignar em juízo e citar todos os interessados. 
A ação de consignação em pagamento é o meio processual, na qual o credor poderá contestar e alegar se o valor não for real, não for o valor corrente de mercado. Cabendo a perícia dizer se o valor é real ou não. Não deve ser negado ao adquirente o direito de complementar o preço justo alcançado anterior. Desse modo, se o valor for inferior o adquirente poderá completar o valor, conservando bens.
O adquirente que não finalizou o pagamento pode optar por restituir o objeto comprado e depositar o preço ou desfazer negócio. Essa opção não cabe aos credores se insurgir contra, pois não advirá prejuízos.
Existe a hipótese do Carvalho Santos que se o adquirente pagar o preço que corresponde à aquisição e o devedor não de prejuízo a seus credores, ele poderá depositar o preço com fundamento do artigo 160. Mesmo que o código não prever esta hipótese, não há proibição do ato. Desse modo não ocorre a anulação do ato, próprio devedor requererá o depósito do preço corrente e promoverá a citação dos credores, não podendo os credores recorrer à ação pauliana. 
De acordo com o artigo 162, o credor quirografário que receber do devedor insolvente o pagamento da dívida que ainda não foi vencida ficará obrigado a repor o que recebeu, para o benefício do acervo. Pelo o procedimento do devedor insolvente ocorreu o benefício de um dos credores, sendo que o credor adquiriu uma situação melhor. Deve ser estabelecida a igualdade entre os credores para eventual rateio. Conforme o artigo 162, são requisitos para ação pauliana que a dívida não esteja vencida, tenha sido paga por um credor insolvente e que o pagamento seja feito a um credor quirografário. Se a dívida for vencida, o pagamento subsistirá. 
Se o pagamento ultrapassar a dívida haverá um excesso em prejuízo dos credores. Este excesso poderá ser um negócio oneroso ou uma doação que caberá uma ação pauliana.
O pagamento antecipado, se for um valor superior ao bem dado em garantia, feito ao um credor com privilégio poderá ocasionar um dano a todos credores. Neste caso o ato será anulado.
Um vez que ocorreu à ação pauliana, o credor beneficiado deverá repor o que recebeu para o acervo dos bens.
O artigo 163 do Código Civil diz que:
“Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor.”
De acordo com este artigo, a ação pauliana tem a finalidade de anular as garantias dadas. Nesta ação pode ser entendido que o credor não conheça o estado de insolvência, por causa de ser uma presunção absoluta. 
O artigo 164 acrescentou a este artigo que também são válidos os negócios indispensáveis à subsistência do devedor e de sua família. Isso porquê o devedor estaria condenado à insolvência ou à falência. Assim, ele poderá continuar a produzir a sua subsistência e de sua família.
2.5.6- Outros Casos Particulares de Fraude Contra Credores
O artigo 1813 diz que:
“Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, poderão eles, com autorização do juiz aceita-la. (...)”
Esta situação será feita com a autorização do juiz, em nome do herdeiro, até o momento que o montante for suficiente para cobrir o débito. O saldo restante não ficará com o herdeiro renunciante, pois ocorreu a renúncia, porém será devolvido ao monte para haver a partilha entre os demais herdeiros.
De acordo com o princípio da saisine, o herdeiro que renunciar a sua herança não terá o direito adquirido (ficção legal), diminuirá seu patrimônio e prejudicará seus credores. Tendo desse modo que provar sua insolvência, sendo desnecessário a intenção de fraudar.
Admitir a fraude contra credores na recusa do legado, é não atender a vontade do testador, não fazendo o benefício se o legatário não o quisesse ou não pudesse aceita-o, pois já estaria endividado, em estado de insolvência. 
Outra hipótese é o artigo 193, que diz que qualquer interessado pode alegar prescrição. Assim, os credores podem apelar para prescrição na tentativa de quedar-se inerte o devedor quando demandado, como também poderá interromper a prescrição de acordo com o artigo 203. Ingressando no instituto da assistência.
 2.5.7- Fraude de Execução
O artigo 593 do Código Processual Civil diz que:
“Considera-se em fraude execução e alienação ou oneração de bens:
I- Quando sobre eles pender ação fundada em direito real; 
II- quando, o tempo da alienação ou oneração, corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo à insolvência;
 III- nos demais casos expressos em lei.”
Quando o proprietário decide furtar o pagamento dos credores pode ocorrer de duas formas: a fraude contra credores e a fraude contra execução.
Na fraude contra credores, adianta-se qualquer providencia judicial de seus credores para dissipar bens, surripiá-los, etc. O credor ainda não agiu em juízo, por conta de a obrigação ainda estar em curso, não podendo ser exigido o seu curso.
Na fraude de execução, a demanda já está em curso, existindo um interesse público. Não é necessário que tenha proferido a sentença.
Na fraude de execução, é indiferente o elemento da má-fé, tanto do devedor como do adquirente, por ser presumido. Existindo a declaração daineficácia dos atos fraudulentos. A doutrina considera esses casos como negócios ineficazes, não sendo anuláveis. 
A ideia central da fraude de execução é impedir o descrédito do Poder Judiciário, impedindo o credor depois de quase um longo caminho judicial veja frustrada a sua pretensão e adimplemento de seu crédito.
Sustentando e provando a fraude no curso da ação, o credor pode pedir a penhora dos bem fraudulento alienado, por conta desta alienação o direito público considera a ineficaz relação de terceiros. Sendo esta a ação regressiva contra transmitente para ressarcimento do que pagaram, cumulando perdas e danos.

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