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231087010 Proc Civil 4 Da Competencia Ok

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processo civil – freddie Didier jr. - Intensivo I 
processo de conhecimento – dos órgãos judiciários e dos auxiliares da justiça – competência 
 
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IV – COMPETÊNCIA 
 
1. CONCEITO 
Competência é parcela de poder atribuída a um determinado ente 
(competência administrativa, judicial, etc.). A competência é a medida da jurisdição. 
O Estado de Direito é um Estado de competências, pois é um Estado onde os 
poderes agem no limite das competências a eles atribuídas. E quem atribui essa 
competência e limite é o Direito. 
Art. 86. As causas cíveis serão processadas e decididas, ou simplesmente decididas, pelos 
órgãos jurisdicionais, nos limites de sua competência, ressalvada às partes a faculdade de 
instituírem juízo arbitral. 
 
2. PRINCÍPIOS 
A competência jurisdicional no Brasil é regida por três princípios: 
 
2.1. Princípio do Juiz Natural 
É o princípio fundamental sobre competência, pois garante o direito de ser 
julgado por um juízo competente. A criação de uma vara especializada não viola o 
princípio, pois é especializada para julgar qualquer causa sobre aquela matéria. 
 
2.2. Princípio da Tipicidade da Competência 
Competência é aquela que foi tipicamente prevista em lei, a lei é quem atribui 
competência. Não há vácuo de competência, sempre deverá haver juiz competente 
para julgar uma causa. A doutrina e jurisprudência criaram a situação de 
competência implícita, visto que ao legislador seria impossível prever todas as 
situações de competência. A tese da competência implícita, portanto, é uma forma 
de fechar o sistema, já que não pode haver vácuo de competência. 
Ex: não há nenhum texto na CF que diz que cabe ao STF o julgamento de 
embargos de declaração, mas é lógico que o STF julgue os embargos contra sua 
decisão. 
 
2.3. Princípio da Indisponibilidade da Competência 
As regras de competência são indisponíveis pelo juiz. Só a lei pode autorizar 
qualquer relativização/alteração de uma regra de competência. Matéria de 
competência é atividade exclusiva do legislador. 
 
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Assim, os três princípios básicos sobre competência dizem que: temos direito a 
ser julgados por um juiz previamente determinado e competente, que essa 
competência é prevista em lei e somente a lei pode alterá-la. 
 
3. REGRA FUNDAMENTAL DA COMPETÊNCIA 
 
Competenzcompetenz 
A palavra acima é um substantivo alemão que traduz a regra fundamental da 
competência segundo a qual todo juiz é juiz da sua própria competência. Todo juiz 
tem competência para julgar a sua própria competência, para dizer se é competente 
ou não. Essa competência é a competência mínima que o juiz tem, porque, por mais 
incompetente que seja o juiz ele sempre terá competência de se dizer incompetente. 
 
 
4. FOROS CONCORRENTES, FORUM SHOPPING, 
FORUM NON CONVENIENS 
4.1. Foros Concorrentes 
Em muitos casos o legislador confere ao autor vários foros competentes para 
julgar a mesma causa. Há foros concorrentes quando sempre houver mais de um 
foro para julgar a causa. 
Ex: quando o dano for nacional, posso propor a ação competente em qualquer das 
capitais e em Brasília. 
 
4.2. Forum Shopping 
A escolha por um dos foros concorrentes pelo autor é chamada de forum 
shopping. Essa terminologia designa a situação de o autor poder escolher um entre 
vários foros concorrentes. Contudo, a escolha do foro começou a ser usada com 
abuso, escolhendo o autor não o foro que lhe é mais conveniente, mas sim, mais 
prejudicial ao réu. O forum shopping é um fato da vida. O forum non conveniens é 
uma teoria contra o fato do forum shopping, quando abusivo. 
 
 4.3. Forum Non Conveniens 
Para reagir ao abuso do forum shopping, a jurisprudência criou a doutrina do 
forum non conveniens. Segundo ela, o autor não pode escolher, entre as opções de 
foro, qualquer um deles. O princípio da boa-fé é a base desse princípio. 
Normalmente essa teoria se aplica ao conflito de competência internacional, às 
várias competências concorrentes, principalmente quando internacionais. 
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O STJ disse que não adota essa teoria, mas não fundamentou a decisão. Com 
certeza será novamente vista e discutida, frente à falta de fundamentação da 
decisão que nega a aplicação. 
 
Pergunta-se: Relacione princípio da boa-fé, foros concorrentes, e forum 
shopping e forum nos conveniens e a regra da Competenzcompetenz. 
 
 
 
 
5. DISTRIBUIÇÃO DA COMPETÊNCIA 
 
5.1. Lei em Sentido Amplo 
a) Constituição Federal 
Em razão do Princípio da Tipicidade, cabe à lei, em sentido amplo, distribuir a 
competência. 
A CF faz a primeira distribuição de competência, visto que é a Lei Maior em 
nosso ordenamento. E o faz repartindo a jurisdição brasileira em cinco Justiças: 
Federal, Militar, Eleitoral, Trabalhista e Estadual. A Justiça Estadual possui uma 
competência residual, pois a CF não disse o que cabe aos Estados, mas apenas às 
outras quatro justiças. Portanto, aos Estados cabe a competência remanescente. 
 
b) CE, Leis Federais e Regimentos 
Feita a primeira distribuição da competência pela CF, cabe às Constituições 
Estaduais fazer a distribuição da competência dentro de seus respectivos territórios. 
Paralelamente a isso, as leis federais também distribuem competência. 
Esse emaranhado de leis vai afunilando até chegarmos aos Regimentos 
Internos dos Tribunais, os quais são atos normativos que distribuem competência 
(porque competência é determinada por lei em sentido amplo). Tais regimentos 
funcionam da seguinte forma: pegam a competência que cabe ao tribunal, a qual foi 
determinada pela CF e pelas leis, e a distribui internamente. Logo, o regimento não 
cria competência nova; competência que o tribunal não possui, apenas distribuí a 
competência ao Tribunal já atribuída. 
 
 
Pergunta-se: Qual é a natureza da decisão de um juiz que julga causa fora do 
âmbito de sua justiça? 
Ex: juiz federal julga causa trabalhista. Existem duas correntes que explicam o 
problema posto: 
1ª C – Inexistência da Decisão. Defende que se o juiz julga uma causa fora da 
sua justiça (sem competência constitucional) este juiz é um „não juiz‟ e a decisão 
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dada é uma „não decisão‟, essa decisão, assim, não existe. Para essa corrente, um 
juiz só é juiz em sua justiça. Ada Pelegrini Grinover assim se manifesta. Contudo, 
não é o pensamento majoritário, prevalecendo o da segunda corrente. 
2ª C – Nulidade da Decisão. Entende que a decisão proferida é nula, ela existe, 
mas é nula, revelando incompetência constitucional. O juiz, por mais incompetente 
que seja, tem a competência de se dizer incompetente (como acima explanado). 
 
 
5.2. Concretização e Perpetuação da Competência 
A CF, as leis, os regimentos, todos estes documentos são normas gerais que 
determinam a competência de forma abstrata. Definem os juízes que podem julgar 
uma causa futura, mas não sabemos, concretamente, qual será o juízo que julgará 
nossa causa. Quando um caso concreto aparecer é preciso definir quem, dentre 
todos os juízes competentes existentes, julgará a causa. 
Assim, o momento de concretização, determinação, fixação da competência, 
regulado no art. 87, CPC, é o da propositura da ação: 
CPC. Art. 87. Determina-se a competênciano momento em que a ação é proposta. São 
irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo 
quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou 
da hierarquia. 
 É a propositura da ação que determina o juízo competente. Dessa forma, a 
ação se reputa proposta na data da distribuição ou na data do despacho inicial, se 
não houver necessidade de distribuição (quando há apenas um juízo). A partir disso, 
aquele juízo deverá proferir a decisão, ocorrendo o fenômeno da perpetuação da 
jurisdição (perpetuatio jurisdicionis). 
A perpetuação da jurisdição é uma regra que tem por objetivo estabilizar o 
processo, mantendo-o perante o mesmo juízo. Porém, só podemos falar da 
perpetuação da jurisdição se o juízo é competente para a causa (a competência é 
pressuposto da perpetuação). Assim, havendo incompetência, não se fala em 
perpetuação. 
 
5.3. Exceções à Perpetuação da Jurisdição 
Há dois fatos que podem acontecer, os quais quebram a perpetuação da 
competência. A causa sai de um juízo e vai para outro. 
CPC. Art. 87. Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta. São 
irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo 
quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria 
ou da hierarquia. (a competência em razão da matéria ou da hierarquia são exemplos de 
competência absoluta). 
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a) Supressão do Órgão Judiciário 
Se o órgão desaparece, deixa de existir, as causas que ali corriam devem ser 
redistribuídas. 
 
b) Alteração de Regra de Competência Absoluta 
Se sobrevier uma alteração de regra de competência absoluta, a causa terá de 
sair do juízo no qual se encontra e ir para o agora competente. A mudança 
superveniente de competência absoluta quebra a perpetuação da competência 
(tratando-se de competência relativa não se fala em quebra da perpetuação). 
Ex: ente federal pede para entrar numa causa que está correndo na justiça estadual. 
É fato superveniente que altera a competência absoluta, devendo os autos ser 
remetidos à justiça federal. 
 
Obs.: Se a lei que modifica a competência absoluta vier após a sentença (após a decisão, 
até mesmo de Tribunal), não há redistribuição do processo, pois a causa já foi julgada. 
Ex: EC 45 (fato superveniente que muda a competência absoluta) fez com que as causas 
que tramitaram na justiça estadual passassem a correr na justiça do trabalho. Mas as 
causas que já tinham sido julgadas não foram remetidas ao juízo do trabalho, continuaram 
na justiça estadual, correndo os recursos da decisão da justiça estadual. 
 
 
6. CLASSIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA 
 
6.1. Competência Internacional 
O CPC dividiu a competência em dois capítulos: a competência internacional e 
a interna. Abaixo iremos estudar tudo sobre competência interna, contudo, temos de 
saber as regras básicas da competência internacional, ou seja, em quais situações o 
judiciário brasileiro será competente para julgar causas internacionais. 
 
Art. 88. É competente a autoridade judiciária brasileira quando: 
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; 
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; 
III - a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil. 
Parágrafo único. Para o fim do disposto no n
o
 I, reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa 
jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal. 
 
Art. 89. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: 
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; 
II - proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da 
herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional. 
 
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Art. 90. A ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz litispendência, nem obsta a 
que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas. 
 
6.2. Competência Originária 
É a competência para conhecer e julgar a causa primeiramente. É o primeiro 
juízo que examina a causa. Normalmente, a competência originária pertence aos 
juízes monocráticos de primeira instância. Há casos, contudo, que o tribunal 
conhece a causa primeiramente. Ex: ADI – competência originária do STF. 
Obs.: a validade de um ato é analisada no momento no qual é praticado. Assim, se o juiz 
pratica um ato, temos de analisar a validade no momento no qual o juiz age. 
 
6.3. Competência Derivada 
É a competência para conhecer da causa num segundo momento, em grau de 
recurso. Normalmente é atribuída aos tribunais. Há casos, contudo, em que juiz 
monocrático tem competência derivada. Ex: embargos de declaração; embargos 
infringentes de alçada previsto na Lei de Execução Fiscal nº. 6.830/80. 
 
6.3. Competência Absoluta 
A regra de competência absoluta é regra criada para atender uma especial 
finalidade pública. Por esse fato, é regra que não pode ser alterada pela vontade das 
partes. 
É uma regra cujo desrespeito pode ser conhecido de ofício pelo juiz; qualquer 
das partes pode alegar a incompetência absoluta enquanto o processo estiver 
pendente (não há preclusão). 
Art. 113. A incompetência absoluta deve ser declarada de ofício e pode ser alegada, em 
qualquer tempo e grau de jurisdição, independentemente de exceção. § 1
o
 Não sendo, 
porém, deduzida no prazo da contestação, ou na primeira oportunidade em que lhe couber 
falar nos autos, a parte responderá integralmente pelas custas. § 2
o
 Declarada a 
incompetência absoluta, somente os atos decisórios serão nulos, remetendo-se os autos ao 
juiz competente. 
Terminado o processo a incompetência absoluta ainda dá ensejo à ação 
rescisória. 
Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: II - 
proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente. 
 
Assim, a incompetência absoluta é violação grave do ordenamento. 
Obs.: podemos alegar a incompetência absoluta a qualquer tempo, mas aquele que alega 
tardiamente a incompetência absoluta arca com os custos do retardamento. No novo projeto 
do CPC, podemos alegar a incompetência a qualquer tempo, mas findo o processo não 
cabe mais a ação rescisória. 
 
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6.4. Competência Relativa 
a) Conceito 
A regra de competência relativa é criada para proteger a parte. Por esse fato, 
as regras de competência relativa podem ser alteradas pela vontade das partes. 
Exatamente por conta desta premissa, o juiz não pode, de ofício, conhecer de 
incompetência relativa. 
STJ Súmula 33 - Incompetência Relativa - Declaração de Ofício - A incompetência relativa 
não pode ser declarada de ofício. 
 
b) Alegação de Incompetência Relativa 
Só o réu pode alegar incompetência relativa e no primeiro momento que lhe 
couber falar nos autos, sob pena de preclusão. Ainda, a alegação de incompetência 
relativa feita pelo réu nesse primeiro momento deve ser feita de forma especial: por 
meio de petição avulsa/autônoma, distinta da contestação, que se chama exceção 
de incompetência. O réu tem prazo de 15 dias para alegar a incompetência relativa, 
não o fazendo, ocorre o fenômeno da preclusãotemporal. 
Obs.: a jurisprudência aceita que a incompetência relativa seja alegada dentro da 
contestação. O projeto do novo CPC aprova essa posição da jurisprudência. Em concurso 
público o que respondemos? A letra da lei, que diz que a peça deve ser autônoma. 
A jurisprudência diz que pode a incompetência ser alegada no bojo da contestação, desde 
que não cause prejuízo ao autor. As duas posições estão corretas, devemos, assim, verificar 
a assertiva. 
 
c) Incompetência e Extinção do Processo 
Reconhecida a incompetência (absoluta ou relativa), a causa deve ser remetida 
ao juízo competente. Há dois casos, contudo, nos quais a incompetência gera a 
extinção do processo: 
c.1. Incompetência no âmbito dos juizados especiais 
c.2. Incompetência internacional: falta competência internacional ao Brasil para 
julgar causa que, por exemplo, deveria ser proposta na Austrália. 
 
d) Distinção entre Incompetência Absoluta e Relativa 
Reconhecida a incompetência absoluta os atos decisórios já praticados serão 
nulos. No caso de incompetência relativa não há nulidade alguma, sendo os autos 
simplesmente remetidos ao juízo competente. 
Obs.: MP pode alegar incompetência relativa para réu incapaz; o autor não pode alegar a 
incompetência relativa, pois ele propôs a ação; o réu pode alegar a incompetência relativa 
antes de contestar; a incompetência absoluta pode ser alegar a qualquer momento até o 
processo acabar, sem exceção. Assim, pode ser alegada até o STJ, STF. 
 
e) Alteração Voluntária de Regras de Competência Relativa 
Pode ocorrer de duas maneiras. 
e.1. Tacitamente: de forma silenciosa. Basta o réu não alegar a exceção de 
incompetência, ocorrendo a preclusão. 
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e.2. Expressamente: a modificação expressa da competência relativa é feita 
pelo foro de eleição. 
e.2.1. Foro de eleição: é cláusula contratual pela qual os negociantes escolhem 
um determinado território onde as causas relativas àquele negócio deverão ser 
ajuizadas. O foro é sempre escrito, mas nada impede que haja dois foros de 
eleição. Ex: se o negociante A propuser a ação o foro é X, se a outra parte a 
propuser, o foro é Y. O foro de eleição e a arbitragem convivem normalmente. 
 
e.2.1. Foro de eleição em contratos de adesão: CPC. Art. 112. Argúi-se, por meio 
de exceção, a incompetência relativa. Parágrafo único. A nulidade da cláusula de 
eleição de foro, em contrato de adesão, pode ser declarada de ofício pelo juiz, que 
declinará de competência para o juízo de domicílio do réu. 
Os contratos de adesão podem ter cláusulas de foro de eleição e essas 
cláusulas serem abusivas. Sendo abusivas, o juiz pode declará-las nulas e 
remeter os autos a comarca do réu. Se o juiz não o fizer e citar o réu e este 
também nada alegar, há a preclusão: 
CPC. Art. 114. Prorrogar-se-á a competência se dela o juiz não declinar na forma do 
parágrafo único do art. 112 desta Lei ou o réu não opuser exceção declinatória nos 
casos e prazos legais. 
É hipótese mista, híbrida, pois é caso de incompetência relativa que juiz 
conhece de ofício, mas não pode fazê-lo a qualquer tempo, pois se o réu vier 
ao processo e não falar nada, ocorre a preclusão. 
 
 
7. CRITÉRIOS DE DETERMINAÇÃO DA 
COMPETÊNCIA 
 
7.1. Competência Objetiva 
a) Conceito: aquela que é determinada de acordo com a demanda. A demanda é o 
fator, o critério, o dado relevante para saber qual o juízo competente. 
 
b) Elementos da Demanda: a demanda tem partes, pedido e causa de pedir. O 
legislador toma os elementos da demanda para distribuir a competência. 
 
b.1. Partes - competência em razão da pessoa (absoluta): o legislador leva em 
consideração uma das partes presentes em juízo para determinar a competência. 
Foro privilegiado é exemplo de competência em razão da pessoa. 
Ex: VARAS DA FAZENDA PÚBLICA – juízo com competência fixada em razão da 
presença de uma determinada parte, qual seja a Fazenda Pública. 
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Obs.: em pequenas cidades normalmente não há vara da fazenda pública, o juiz é 
competente para tudo, para todas as causas. O sujeito quer demandar contra o Estado, o 
fazendo, assim, na sua cidade. O Estado vem, em sua defesa, alegando que a causa deve ir 
para a capital, onde há vara da fazenda pública. Essa alegação do Estado não procede. 
Isso, porque a ação contra o Estado somente é proposta na vara da fazenda quando esta 
existe na comarca, não existindo, a ação tramita na vara da cidade na qual foi proposta, sem 
nenhum problema. É o que quer dizer a súmula 206, STJ: 
STJ – Súmula 206. Vara Privativa Instituída por Lei Estadual - Competência Territorial - 
A existência de vara privativa instituída por lei estadual, não altera a competência 
territorial resultante das leis de processo. (Vara da Fazenda Pública apenas na capital, por 
exemplo, não atrai as causas de outras comarcas, tramitando a ação no juízo comum). 
 
b.2. Pedido – competência em razão do valor da causa (relativa): a 
competência em razão do valor é determinada pelas normas de organização 
judiciária. Todavia, há regras no CPC que já determinam essa competência, como, 
por exemplo, a competência dos Juizados Especiais no caso de acidente de trânsito, 
independentemente do valor da causa. 
Art. 91. Regem a competência em razão do valor e da matéria as normas de organização 
judiciária, ressalvados os casos expressos neste Código. 
 
O Juizado Especial possui competência em razão do valor da causa, mas não 
apenas em razão do valor. Algumas causas são de competência do juizado 
independentemente do valor da causa. Ex: acidente de trânsito. 
Os Juizados Especiais são encarados como uma opção ao demandante. Ele 
demanda no Juizado se quiser. Assim, se a causa é inferior a 40 salários mínimos 
pode demandar no Juizado ou na Justiça Comum Estadual. 
Obs.: No caso de Juizado Federal ou Estadual da Fazenda Pública não há essa opção, a 
competência é absoluta. 
Se formularmos demanda acima do teto do Juizado, o juiz, ao invés de se 
declarar incompetente e extinguir o processo, processa a causa concedendo o teto. 
É como se a parte estivesse renunciando a diferença. 
 
b.3. Cauda de pedir – competência em razão da matéria (absoluta): é a 
competência em razão da natureza da relação discutida. Ao juiz de direito compete 
julgar os processos de insolvência e as ações sobre o estado e capacidade da 
pessoa. 
Art. 92. Compete, porém, exclusivamente ao juiz de direito processar e julgar: I - o 
processo de insolvência; II - as ações concernentes ao estado e à capacidade da pessoa. 
 
Pergunta-se: Relacione os elementos da demanda e competência objetiva. 
A competência objetiva é aquela determinada em razão dos elementos da 
demanda. Como três são esses elementos, três são as espécies de competência 
objetiva. 
 
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7.2. Competência Funcional 
a) Conceito 
Trata-se de competência absoluta. O legislador pega as funções exercidas 
dentro de um processo e distribui essas funções entre órgãos, atribuindo cada 
função a um órgão (juiz faça isso; tribunal faça aquilo). A competência funcional, 
assim, é a competência para exercer uma função dentro do processo. 
Ex: a divisão entre competência originária e derivada é competência funcional. É 
critério de distribuiçãode competência dentro do processo. 
A competência funcional dos Tribunais está disposta na CF e nas normas de 
organização judiciária. A competência funcional dos juízes está no CPC: 
Art. 93. Regem a competência dos tribunais as normas da Constituição da República e de 
organização judiciária. A competência funcional dos juízes de primeiro grau é disciplinada 
neste Código. 
 
b) Classificação 
b.1. Competência Funcional Horizontal: aquela que resulta da distribuição de 
funções na mesma instância; no mesmo grau de jurisdição. 
Ex: Tribunal do Júri – na mesma instância o juiz pronuncia; o Júri condena; o juiz 
dosa a pena. Há distribuição das funções na mesma instância, mas por órgãos 
distintos. 
Ex: Tribunal cível – a causa está em uma das câmaras do tribunal e alguém alega 
inconstitucionalidade. A causa vai para o órgão especial, a inconstitucionalidade é 
julgada e depois volta para o órgão de origem. Assim, o julgamento de 
inconstitucionalidade é exemplo de competência funcional horizontal. 
 
b.2. Competência Funcional Vertical: competência dividida entre instâncias; há 
mudança de grau de jurisdição. É o que ocorre com a divisão entre competência 
originária (juiz de primeiro grau) e competência derivada (tribunais). 
Ex: recursos. 
 
7.3. Competência Territorial 
a) Conceito 
Determina em que comarca a causa deve ser processada. 
A competência territorial é, em regra, competência relativa. Contudo, há casos 
de competência territorial absoluta. 
Alguns autores, quando estão diante de uma regra de competência territorial 
absoluta, dizem que é caso de competência funcional: 
Ex.1: LACP, 3.747/85 - Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local 
onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional (na verdade, o legislador quis 
dizer que a competência do foro do local do dano é competência absoluta, mas absoluta territorial, e 
não absoluta funcional) para processar e julgar a causa. Parágrafo único A propositura da 
ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente intentadas que 
possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. 
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Ex.2: ECA, LEI 8.069/90 - Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro 
do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão, cujo juízo terá competência 
absoluta para processar a causa, ressalvadas a competência da Justiça Federal e a 
competência originária dos tribunais superiores. 
O ECA não faz a confusão terminológica entre competência funcional e territorial. O 
artigo acima trata da competência territorial absoluta. 
 
Ex.3: DA MESMA FORMA, O ESTATUTO DO IDOSO, LEI. 10.741/03 - Art. 80. As ações previstas 
neste Capítulo serão propostas no foro do domicílio do idoso, cujo juízo terá competência 
absoluta para processar a causa, ressalvadas as competências da Justiça Federal e a 
competência originária dos Tribunais Superiores. 
O legislador disse que o foro do domicílio do idoso é o competente, de forma 
absoluta (não pode ser modificado pelas partes), para julgar as causas que 
envolvam idoso. 
É do nosso ordenamento jurídico que as ações coletivas sejam de competência 
absoluta, como vimos nos três artigos acima citados. 
Contudo, há situações nas quais a ação é individual, e não coletiva. Pode, 
assim, o idoso querer propor ações individuais e escolher outro foro que não o de 
seu domicílio. Esse foro é uma proteção para que o idoso, ao ser demandado, saiba 
que o processo irá correr contra ele em seu domicílio. Contudo, se ele quiser 
demandar em outro foro que não o de seu domicílio, fica impossibilitado em razão da 
competência territorial absoluta? Ou seja, essa previsão é uma proteção ao idoso ou 
uma obrigação? É uma proteção, não pode o idoso ser obrigado a demandar em seu 
domicílio. Ele pode demandar em seu domicílio, não é obrigado a fazê-lo. Assim 
como o consumidor pode demandar em seu domicílio, o alimentante, etc. 
Assim, o art. 80, EI é aplicado em causas coletivas sem dúvida. Quando as 
ações forem individuais, é opcional, podendo a ação ser interposta onde o idoso 
quiser, como acontece com as ações de consumo e de alimentos. 
 
b) Regras Gerais de Competência Territorial 
b.1. Foro do Domicílio do Réu: as ações pessoais devem ser ajuizadas no 
domicílio do réu. Ação pessoal é aquela que versa sobre direito pessoal. Ainda, as 
ações de direito real sobre móveis também serão ajuizadas no domicílio do réu: 
Art. 94. A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em direito real sobre bens 
móveis serão propostas, em regra, no foro do domicílio do réu. 
Ainda: réu com mais de um domicílio (demandado em qualquer deles); 
domicílio incerto/desconhecido (demandado onde for encontrado ou domicílio do 
autor); sem domicílio no país (domicílio do autor); autor sem domicílio no Brasil 
(qualquer foro); pluralidade de réus com domicílios diversos (demandados em 
qualquer deles). 
Art. 94. §1
o
 Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles. 
§2
o
 Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele será demandado onde for 
encontrado ou no foro do domicílio do autor. §3
o
 Quando o réu não tiver domicílio nem 
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residência no Brasil, a ação será proposta no foro do domicílio do autor. Se este também 
residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro. §4
o
 Havendo dois ou mais 
réus, com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do 
autor. 
Obs.: não confundir discussão de imóvel com discussão de direito real. A ação de despejo, por 
exemplo, é uma ação pessoal que envolve um imóvel (e não um direito real). Assim, posso reivindicar 
um imóvel e tratar-se de uma ação pessoal, pois falar de bem imóvel não significa falar de direito real. 
Podemos, assim, pretender um bem móvel ou imóvel fundado ou não em direito real. 
Ainda, lembrar que os navios e os aviões são bens móveis, pois se movem. 
 
 
b.2. Foro da Situação do Imóvel, Domicílio do Réu ou Foro de Eleição: as 
ações reais imobiliárias podem ser ajuizadas nesses três diferentes foros. Trata-se 
de foros concorrentes. 
Art. 95. Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro da situação 
da coisa. Pode o autor, entretanto, optar pelo foro do domicílio ou de eleição, [...]. 
 
b.3. Foro da Situação do Imóvel (forum rei sitae – competência absoluta): 
todavia, o autor deverá ajuizar a ação no foro da situação do imóvel quando se tratar 
de ações reais imobiliárias que versem sobre: 
i) propriedade 
ii) posse 
iii) servidão 
iv) direito de vizinhança 
v) nunciação de obra nova 
vi) divisão e demarcação de terras 
 
 [...] não recaindo o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão 
e demarcação de terras e nunciação de obra nova. 
 
b.4. Foro Competente para a Herança 
b.4.1. Regra - domicílio do autor da herança: inventário, partilha, 
arrecadação, cumprimento de disposições de última vontade, ações em que 
o espólio for réu. 
Art. 96. O foro do domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o 
inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última 
vontade e todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido 
no estrangeiro. 
 
b.4.1. Exceções: Parágrafo único. É, porém, competente o foro:I - da situação dos 
bens,se o autor da herança não possuía domicílio certo. II - do lugar em que 
ocorreu o óbito se o autor da herança não tinha domicílio certo e possuía bens em 
lugares diferentes. 
 
processo civil – freddie Didier jr. - Intensivo I 
processo de conhecimento – dos órgãos judiciários e dos auxiliares da justiça – competência 
 
13 
 
b.5. Último Domicílio do Réu Ausente: é o foro competente no caso de 
ausência e para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de 
disposições testamentárias. 
Art. 97. As ações em que o ausente for réu correm no foro de seu último domicílio, que é também o 
competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposições 
testamentárias. 
 
b.6. Domicílio do Representante: quando for réu o incapaz. 
Art. 98. A ação em que o incapaz for réu se processará no foro do domicílio de seu 
representante. 
 
b.7. Foro da Capital do Estado: se união/território for autora/réu/intervenientes, 
a causa será processada na capital do Estado. Caso o processo corra perante outro 
juiz, intervindo a união nesse processo, a causa é remetida para a capital do Estado. 
Art. 99. O foro da Capital do Estado ou do Território é competente: I - para as causas em 
que a União for autora, ré ou interveniente; II - para as causas em que o Território for autor, 
réu ou interveniente. 
Parágrafo único. Correndo o processo perante outro juiz, serão os autos remetidos ao juiz 
competente da Capital do Estado ou Território, tanto que neles intervenha uma das entidades 
mencionadas neste artigo. 
Todavia, sendo processo de insolvência o foro da capital deixa de ser o competente, 
além de outros casos previstos na lei. 
Excetuam-se: I - o processo de insolvência; II - os casos previstos em lei. 
 
Por fim, temos as seguintes regras de competência territorial: 
 
Art. 100. É competente o foro: 
I - da residência da mulher, para a ação de separação dos cônjuges e a conversão desta em 
divórcio, e para a anulação de casamento. 
 
II - do domicílio ou da residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos; 
 
III - do domicílio do devedor, para a ação de anulação de títulos extraviados ou destruídos; 
 
IV - do lugar: 
a) onde está a sede, para a ação em que for ré a pessoa jurídica; 
b) onde se acha a agência ou sucursal, quanto às obrigações que ela contraiu; 
c) onde exerce a sua atividade principal, para a ação em que for ré a sociedade, que carece de 
personalidade jurídica; 
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o cumprimento; 
 
V - do lugar do ato ou fato: a) para a ação de reparação do dano; b) para a ação em que for réu 
o administrador ou gestor de negócios alheios. 
processo civil – freddie Didier jr. - Intensivo I 
processo de conhecimento – dos órgãos judiciários e dos auxiliares da justiça – competência 
 
14 
 
Parágrafo único. Nas ações de reparação do dano sofrido em razão de delito ou acidente de 
veículos, será competente o foro do domicílio do autor ou do local do fato. 
 
7.4. Competência da Justiça Federal (art. 109, CF) 
 
 
TRIBUNAIS 
REGIONAIS 
FEDERAIS 
JUÍZES FEDERAIS 
 
EM RAZÃO DA 
MATÉRIA 
JUÍZES FEDERAIS 
 
COMPETÊNCIA 
FUNCIONAL DOS 
JUÍZES FEDERAIS 
JUÍZES FEDERAIS 
 
JUIZ ESTADUAL 
JULGANDO 
CAUSAS 
FEDERAIS 
JUÍZES FEDERAIS 
 
EM RAZÃO DA 
PESSOA 
ART. 108, CF ART. 109, III, V-A, 
X, XI, CF 
ART. 109, X, CF Art. 109, §3º, CF ART. 109, I, II, VIII, 
CF 
 
a) Competência dos Tribunais Regionais Federais (Art. 108, CF) 
 
a.1. Competência Originária 
 
a.1.1. Conflito de Competência: CF. Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais 
Federais: I - processar e julgar, originariamente: e) os conflitos de competência 
entre juízes federais vinculados ao mesmo Tribunal. 
i) Entre Juízes Federais: o caso de conflito de competência entre juízes 
federais vinculados ao mesmo tribunal, compete ao respectivo TRF julgá-lo. 
Se os juízes federais forem de tribunais diversos, quem julga é o STJ. 
ii) Entre Juízes Federais e Juízes Estaduais investidos de função federal: 
ocorre que a Súmula nº. 3 do STJ ampliou esta competência, incluindo os 
conflitos de competência entre juízes estaduais investidos de função federal 
e juízes federais, vinculados ao mesmo tribunal regional federal. 
STJ. Súmula nº. 3. Conflito de Competência - Juiz Estadual - Juiz Federal - 
Jurisdição Federal - Compete ao Tribunal Regional Federal dirimir conflito de 
competência verificado, na respectiva Região, entre Juiz Federal e Juiz Estadual 
investido de jurisdição federal. 
ii) Entre Juizado Especial Federal e Juízo Federal: ainda, o conflito entre 
juizado especial federal e juiz federal também é de competência do TRF: 
Súmula 428, STJ - Competência - Conflitos de Competência entre Juizado 
Especial Federal e Juízo Federal da Mesma Seção Judiciária - Compete ao 
Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência entre juizado 
especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária. 
 
a.1.2. Ação Rescisória: CF. Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: 
I - processar e julgar, originariamente: b) as revisões criminais e as ações 
rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região. 
processo civil – freddie Didier jr. - Intensivo I 
processo de conhecimento – dos órgãos judiciários e dos auxiliares da justiça – competência 
 
15 
 
A ação rescisória proposta contra suas decisões e a ação rescisória 
proposta contra decisões dos juízes federais de sua região. Assim, mesmo 
que o autor da ação rescisória seja a União, se objeto for uma sentença de 
juiz estadual, a competência é do TJ, e não do TRF. 
Obs.: se o STJ ampliou a hipótese da alínea “e” do Art. 108, I, CF, para acrescentar 
o juiz estadual investido de função federal, tem de ampliar também a letra “b”, ou 
seja, tratando-se de ação rescisória de decisão de juiz estadual investido de função 
federal, cabe, também ao TRF, julgar esta rescisória. 
 
a.1.3. Mandado de Segurança e Habeas Data: CF. Art. 108. Compete aos 
Tribunais Regionais Federais: I - processar e julgar, originariamente: c) os 
mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato do próprio Tribunal ou de 
juiz federal. 
Os mandados de segurança e habeas corpus contra ato do próprio TRF ou 
de juiz federal são julgados pelo TRF. Da mesma forma, compete ao TRF 
julgas os mandados de segurança e os habeas data contra ato de juiz 
estadual investido de jurisdição federal. 
Obs.: Todo Tribunal é competente para julgar Ação Rescisória de seus julgados e o 
Mandado de Segurança contra ato do Tribunal. São duas regras sem exceção. 
 
a.1.4. Juízes Federais nos Crimes Comuns e de Responsabilidade e 
Membros do MPU: CF. Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: I - 
processar e julgar, originariamente: a) os juízes federais da área de sua jurisdição, 
incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de 
responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a 
competência da Justiça Eleitoral. 
 
a.1.5. HC quando a autoridade coatora for Juiz Federal: CF. Art. 108. Compete 
aos Tribunais Regionais Federais: I - processar e julgar, originariamente: d) os 
"habeas-corpus", quando a autoridade coatora for juiz federal. 
 
 
a.2. Competência Derivada: Compete ao TRF julgar os recursos contra as 
decisões dos juízes federais e dos juízes estaduais investidos de competência 
federal. 
CF. Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: II - julgar, em grau de recurso, as 
causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercícioda competência 
federal da área de sua jurisdição. 
 
 
b) Competência em Razão da Pessoa (Incisos I, II, VIII do art. 109, CF) 
 
CF. Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, 
entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de 
processo civil – freddie Didier jr. - Intensivo I 
processo de conhecimento – dos órgãos judiciários e dos auxiliares da justiça – competência 
 
16 
 
autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as 
sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho. 
Regra Geral: se a união, entidade autárquica e empresa pública federal (CEF, 
INFRAERO, Correios) forem parte na ação, o juiz federal é competente para julgar a 
causa. Se fizer parte do processo sociedade de economia mista federal, a 
competência é da justiça estadual (Banco do Brasil, Petrobrás). 
Entidade Autárquica: ainda, entidade autárquica federal é designação genérica 
que abrange: as autarquias (INSS), os conselhos de fiscalização profissional 
(entidades autárquicas em sentido amplo), fundações autárquicas (FUNAI), e as 
agencias reguladoras federais. 
STJ Súmula nº 66 - 15/12/1992 - DJ 04.02.1993. Competência - Execução Fiscal - 
Conselho de Fiscalização Profissional. Compete à Justiça Federal processar e julgar 
execução fiscal promovida por Conselho de fiscalização profissional. 
MPF: nesse rol do art. 109, CF não se fala em MPF, assim: 
 
Pergunta-se: A presença do MPF, por si só, torna a causa de competência da 
Justiça Federal? 
A questão é polêmica. Para Didier e outros doutrinadores, não é a presença do 
MPF que torna a causa de competência da justiça federal. É preciso que a causa se 
encaixe em uma das hipóteses de competência da justiça federal, (art. 109, CF). 
Assim, o MPF pode demandar na Justiça Estadual, sendo a causa de 
competência da Justiça Estadual, e vice-versa. Contudo, há decisão do STJ, de 
relatoria de Teori Zavaski, em que não se adota este entendimento. Para ele, se o 
MPF for parte a causa se torna da justiça federal. 
 
Súmulas 150, 224 e 254, STJ: 
Se a união (ou demais entidades federais previstas) pede para intervir em 
causa estadual, o juiz estadual não tem competência para examinar o direito da 
união de intervir, deve remeter o processo ao juiz federal, o qual fará essa análise: 
Súmula 150, STJ - Competência - Interesse Jurídico - União, Autarquias ou Empresas 
Públicas - Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que 
justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas. 
Se, porventura, o juiz federal não admitir a intervenção da união, ele deve 
excluir a união e remeter os autos de volta à justiça estadual, já que não há mais 
razão para que a justiça federal examine a causa: 
Súmula 224, STJ - Excluído do Feito o Ente Federal - Conflito de Competência - Excluído 
do feito o ente federal, cuja presença levara o Juiz Estadual a declinar da competência, deve 
o Juiz Federal restituir os autos e não suscitar conflito. 
Chegando à justiça estadual, o juiz estadual não pode discutir a decisão do juiz 
federal, dizendo que não concorda com o que disse o juiz federal: 
processo civil – freddie Didier jr. - Intensivo I 
processo de conhecimento – dos órgãos judiciários e dos auxiliares da justiça – competência 
 
17 
 
Súmula 254, STJ - Exclusão de Ente Federal da Relação Processual - Reexame da Decisão 
- A decisão do Juízo Federal que exclui da relação processual ente federal não pode ser 
reexaminada no Juízo Estadual. 
 
Exceções à Competência da JF: há quatro situações nas quais a causa não 
será de competência da justiça federal, mesmo que a união, as entidades 
autárquicas e as empresas públicas federais estejam na ação. 
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem 
interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, EXCETO as de falência, 
as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho. 
 
Ações de Falência (e recuperação judicial): competência da Justiça 
Estadual, mesmo que delas façam parte entes da justiça federal. 
Ações Eleitorais: Justiça Eleitoral. 
Ações Trabalhistas: Justiça do Trabalho. Obs.: as causas envolvendo servidor 
público (aquele que se submete ao regime estatutário), não são causas 
trabalhistas. Assim, se o servidor for federal a ação correrá na justiça federal e não 
do trabalho. 
Ações de acidente do trabalho: Justiça Estadual. Temos dois tipos de 
acidente: o acidente do trabalho e o acidente de outra natureza. 
i) acidente do trabalho: o acidente do trabalho gera duas espécies de 
indenização: 
i.1. Ação trabalhista acidentária indenizatória: busca a indenização pelos 
prejuízos decorrentes do acidente do trabalho. Essa ação é proposta 
contra o empregador, movida na Justiça do Trabalho. 
i.2. Ação previdenciária acidentária trabalhista: além da ação trabalhista, o 
acidente do trabalho dá direito a um benefício previdenciário. Essa ação é 
proposta contra o INSS, movida na Justiça Estadual (essa é a exceção). 
 
ii) acidente de outra natureza: o acidente de outra natureza que não 
trabalhista, também gera duas espécies de indenização: 
ii.1. Ação indenizatória: proposta contra o causador do acidente. Se o 
causador do acidente for privado, a competência é da Justiça Estadual; se 
o causador do dano é ente da justiça federal, a competência é da justiça 
federal. 
ii.2. Ação previdenciária acidentária não trabalhista: o acidente de outra 
natureza também gera pretensão previdenciária contra o INSS. Essa ação 
será de competência da Justiça Federal, pois é contra o INSS e este é 
uma autarquia federal, seguindo a regra do art. 109, I, CF (essa ação não 
foi excepcionada pelo CF, a única ação que foi excepcionada por a 
previdenciária acidentária trabalhista). 
 
Portanto, a ação trabalhista acidentária indenizatória corre na justiça do 
trabalho; ação previdenciária acidentária trabalhista corre na justiça 
processo civil – freddie Didier jr. - Intensivo I 
processo de conhecimento – dos órgãos judiciários e dos auxiliares da justiça – competência 
 
18 
 
estadual; a ação previdenciária acidentária não trabalhista corre na justiça 
federal. 
 
CF. Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: II - as causas entre Estado 
estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no 
País. 
Inexistência de Ente Federal: é causa da justiça federal em razão da pessoa, 
mas não há nenhum ente federal nela envolvido. Há apenas Estado estrangeiro, 
organismo internacional, município ou pessoa domiciliada no país. 
 
Princípio da Imunidade da Jurisdição: como conciliar essa hipótese com o 
princípio da imunidade da jurisdição, segundo o qual nenhum Estado se submete à 
jurisdição do outro? Tratando-se de ato de soberania do Estado, não se aplica essa 
norma. A norma só será aplicada quando o Estado puder ser processado. Ex: ação 
de despejo; ação de responsabilidade civil. 
 
Recurso ao STJ: essa causa tramita na justiça federal, mas o recurso contra a 
decisão proferida nesta causa vai para o STJ e não para o TRF. Quem exerce a 2ª 
instância nestas causas é o STJ. É o chamado Recurso Ordinário Constitucional. 
 
CF. Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: VIII - os mandados de 
segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de 
competência dos tribunais federais. 
 
Mandado de segurança e habeas data: os atos da autoridade federal 
impugnados por mandado de segurança ou habeas datasão impugnações julgadas 
pela justiça federal. 
 
Autoridade federal: faz referência tanto aa autoridade que pertence ao quadro 
funcional federal quanto à autoridade privada no exercício de função pública federal 
Ex: as autoridades acadêmicas das instituições privadas de ensino superior são 
autoridades federais que exercem função pública por delegação. 
TFR (antigo Tribunal Federal de Recursos) Súmula 15. Competência - Mandado de Segurança 
- Ensino Superior - Dirigente de Estabelecimento Particular - Compete à Justiça Federal 
julgar Mandado de segurança contra ato que diga respeito ao ensino superior, praticado por 
dirigente de estabelecimento particular. 
 
 
c) Competência em Razão da Matéria (Incisos III, V-A, X, XI, Art. 109, CF) 
 
CF. Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: III - as causas fundadas em 
tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional. 
 
processo civil – freddie Didier jr. - Intensivo I 
processo de conhecimento – dos órgãos judiciários e dos auxiliares da justiça – competência 
 
19 
 
Causas que se fundam exclusivamente em tratados/contratos internacionais: 
se a causa é uma causa que se funda em tratado internacional, pouco importa quem 
são as pessoas, podem até ser duas pessoas físicas, desde que a causa verse 
sobre tratado ou contrato da união com Estado estrangeiro ou organismo 
internacional. 
O problema é que hoje em dia quase tudo é regulado por tratado internacional. 
Assim, para restringir a aplicação do inciso III, a jurisprudência passou a entender 
que o inciso III só pode ser aplicado se o tratado ou contrato for a única fonte que 
regula o caso. Se houver direito interno que regula o caso, o inciso III não se aplica, 
ou seja, a competência não é da justiça federal. 
 
Ex: alimentos internacionais. Se alguém vem ao Brasil demandar ação de alimentos 
aqui no Brasil e mora em outro país, é ação de alimentos internacional, a qual 
tramitará na Justiça Federal. É caso raro de competência da justiça federal em 
causa de família. 
 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
 
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços 
ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as 
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral. 
 
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a 
execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou 
reciprocamente. 
 
V-A - as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo. 
 
Trata-se de competência em razão da matéria que se aplica tanto para causas 
criminais como para as cíveis. 
 
Federalização das Causas que versem sobre Direitos Humanos: 
CF. Art. 109, § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-
Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes 
de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, 
perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, 
incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 
45, de 2004). 
 
Essa federalização é chamada de Incidente de Deslocamento de Competência. 
Diz que, se houver grave violação a direitos humanos, pode o Procurador Geral da 
República, pedir que o STJ que a causa saia da Justiça Estadual e passe a Justiça 
Federal. Assim, o PGR pode pedir a federalização de uma causa que tramita na 
processo civil – freddie Didier jr. - Intensivo I 
processo de conhecimento – dos órgãos judiciários e dos auxiliares da justiça – competência 
 
20 
 
Justiça Estadual e, em razão da grave violação de direitos humanos, vá para a 
justiça federal. 
Essa situação gerou polêmica, pois parecia haver desconfiança em relação à 
idoneidade da justiça estadual para o julgamento de causas que versassem sobre 
direitos humanos, gerando um mal estar. Isso fez com que o STJ, ao examinar o 
primeiro pedido de federalização (causa envolvendo morte de freira americana no 
Pará), negasse o pedido de federalização, dizendo que as autoridades estaduais 
estavam sendo diligentes e eficientes no cumprimento de suas obrigações. 
O STJ, assim, estabeleceu um pressuposto para a federalização: exigência de 
demonstração da ineficiência das autoridades estaduais. 
Obs.: recentemente surgiu o IDC nº. 2, onde o STJ admitiu a intervenção de amicus curiae 
(alguém que intervém no processo visando ajudar o tribunal a decidir melhor). O STJ 
permitiu esta intervenção sem previsão legal. É novidade recente e algo positivo. 
 
 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: VI - os crimes contra a 
organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a 
ordem econômico-financeira. 
Qualquer crime contra a organização do trabalho é de competência da Justiça 
Federal. Já os crimes contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira 
serão de competência federal quando determinado pela lei. 
 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: VII - os "habeas-corpus", em 
matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade 
cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição. 
 
 
 
CF. Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: X – [...] as causas referentes à 
nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização. 
 
Ações de naturalização e de opção de nacionalidade: ações de competência da 
justiça federal em razão da matéria. Observem que são causas de jurisdição 
voluntária. 
 
CF. Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: XI - a disputa sobre direitos 
indígenas. 
Direitos cíveis ou criminais 
Pressupõe direitos dos índios como grupo humano: como, por exemplo, uma 
ação de demarcação de terras. Tratando-se de direito pessoal/individual de apenas 
um índio, não há competência da justiça federal. A Súmula 140, STJ, embora seja 
súmula em matéria criminal, demonstra bem a ideia aqui referida: 
processo civil – freddie Didier jr. - Intensivo I 
processo de conhecimento – dos órgãos judiciários e dos auxiliares da justiça – competência 
 
21 
 
STJ. Súmula 140. Competência - Crime - Índios - Processo e Julgamento - Compete à 
Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena figure como autor ou 
vítima. 
 
d) Competência Funcional dos Juízes Federais (Inciso X, Art. 109, CF) 
CF. Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: X - os crimes de ingresso ou 
permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e 
de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, 
inclusive a respectiva opção, e à naturalização. 
 
Cumprir carta rogatória: a carta rogatória é aquele pedido de cooperação feito 
pelo juiz estrangeiro ao juiz brasileiro. 
Executar sentença estrangeira: após a homologação, que é realizada pelo STJ. 
 
e) Juiz Estadual julgando Causas Federais (Art. 109, §3º, CF) 
Previsão: há situações nas quais um juiz estadual pode julgar causas federais. 
O art. 109, §3º autoriza que juiz estadual julgue causas federais. 
CF. Art. 109. §3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio 
dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência 
social e segurado, (previsão expressa na CF) sempre que a comarca não seja sede de vara 
do juízo federal, (primeiro requisito)e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir 
que outras causas (lei infraconstitucional) sejam também processadas e julgadas pela 
justiça estadual. 
 
Recurso: quando o juiz estadual julga causas federais, o recurso contra a 
decisão dele vai para o TRF e não para o respectivo TJ. CF. Art. 109. § 4º - Na 
hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional 
Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau. 
 
Pressupostos: 
Não existir sede da justiça federal na localidade 
Existência de autorização legislativa: há autorização para as seguintes 
causas: 
i) causas contra o INSS: a CF autoriza expressamente. Obs.: não 
confundir essa situação com a situação da ação previdenciária acidentária 
trabalhista (esta é sempre na justiça estadual). As demais ações contra o 
INSS são da justiça federal e poderão correr na justiça estadual quando, 
na localidade, não houver justiça federal e existir autorização legislativa 
(o que existe expressamente em relação ao INSS). 
ii) leis infraconstitucionais: a CF autoriza que as leis infraconstitucionais 
prevejam autorizações para o julgamento na justiça estadual. Ex: 
execução fiscal federal; juiz estadual pode cumprir cartas rogatórias 
federais quando não houver justiça federal na comarca usucapião 
especial rural, se um ente federal figurar como parte: STJ Súmula nº 11 - 
processo civil – freddie Didier jr. - Intensivo I 
processo de conhecimento – dos órgãos judiciários e dos auxiliares da justiça – competência 
 
22 
 
26/09/1990 - DJ 01.10.1990. União - Ação de Usucapião Especial - Competência – Foro. A 
presença da União ou de qualquer de seus entes, na ação de usucapião especial, não afasta a 
competência do foro da situação do imóvel. 
 
 
Obs.1: se sobrevier a criação de vara federal na comarca, a causa terá de ser redistribuída 
(sair da justiça estadual e ser distribuída na justiça federal); 
 
Obs.2: Súmula 183, STJ foi cancelada. Assim, a ação civil pública não é um exemplo de 
causa que pode tramitar na justiça estadual com recurso para o TRF. Uma ação civil pública 
federal terá de tramitar sempre na justiça federal. 
 
Obs.3: Mandado de Segurança Previdenciário - Súmula 216, TFR, Competência - Processo e 
Julgamento - Mandado de Segurança - Autoridade Previdenciária - Compete à Justiça Federal 
processar e julgar mandado de segurança impetrado contra ato de autoridade previdenciária, 
ainda que localizada em comarca do interior. 
A CF disse que causas previdenciárias podem tramitar no interior se lá não existir sede da 
justiça federal. A súmula acima, contudo, diz que em se tratando de mandado de segurança 
previdenciário não cabe competência da justiça estadual (como prevê o §3º do art. 109, CF), 
mas apenas a justiça federal. 
Obs.4: STF. Súmula 689. Ação do Segurado Contra a Instituição Previdenciária - Competência 
Jurisdicional - Processo e Julgamento. O segurado pode ajuizar ação contra a instituição 
previdenciária perante o juízo federal do seu domicílio ou nas varas federais da Capital do Estado-
Membro. Assim, o beneficiário que vive em comarca do interiro que possua vara federal pode 
optar em propor em seu domicílio ou na capital. Se sua cidade não possuir vara federal, 
pode propor perante o juízo estadual ou pode optar por ingressar na vara federal de sua 
capital. 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: IX - os crimes cometidos a bordo 
de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar. 
 
8. CONEXÃO E CONTINÊNCIA 
8.1. Introdução 
Hipóteses de modificação legal da competência e não por força da vontade, 
como é o caso do foro de eleição. Eles devem ser estudados conjuntamente e tudo 
que for estudado daqui em diante vale para as duas hipóteses. 
Imagine duas causas pendentes idênticas. Elas geram o que chamamos de 
litispendência (nome que se dá a pendência de duas causas idênticas). 
Obs.: a palavra litispendência possui outro sentido que não apenas o que se refere a lides 
pendentes idênticas. Pode se referir, ainda, a existência de um processo (lide pendente). 
Assim, se uma questão afirmar que o recurso prolonga a litispendência, a questão está 
certa. 
processo civil – freddie Didier jr. - Intensivo I 
processo de conhecimento – dos órgãos judiciários e dos auxiliares da justiça – competência 
 
23 
 
Agora, imagine duas causas diferentes pendentes ao mesmo tempo, mas, 
embora diferentes, possuem algum vínculo, estão ligadas entre si. Quando isso 
ocorre, surge o que chamamos de conexão e continência. Assim, conexão e 
continência é o nome que se dá a uma relação de semelhança entre causas 
distintas que estão tramitando. Se as causas são semelhantes é conveniente que 
elas sejam reunidas em um único juízo para que este as processe e as julgue, já que 
são semelhantes. Essa reunião das causas é medida de economia processual e, 
também, evitar a desarmonia entre as decisões proferidas. 
 
8.2. Efeitos da Conexão e Continência 
a) Reunião dos Processos 
Reúne-se em um único juízo para processamento simultâneo das causas por 
razões de economia processual e harmonia das decisões. 
b) Modificação da Competência 
Essa reunião significa dizer que um juízo perde a competência para julgar a 
causa e o outro juízo ganha competência para julgar mais uma causa. Essa 
modificação da competência, contudo, só ocorre nos casos de competência relativa 
(conexão e continência mudam competência relativa: em razão do valor e território). 
Art. 102. A competência, em razão do valor e do território, poderá modificar-se pela 
conexão ou continência, observado o disposto nos artigos seguintes. 
Exatamente porque a conexão e continência só podem mudar a competência 
relativa, pode haver conexão sem haver reunião dos processos. Isso, porque pode 
haver a semelhança entre as causas, mas em razão da competência absoluta não 
ser cabível a reunião deles, assim, as causas são conexas, mas não há reunião. 
Ex: Conexão entre causa em vara de família e em vara cível. São varas de 
competência absoluta distintas, sendo impossível a reunião das causas, pois o juiz 
cível não julga causa de família e vice-versa. 
Quando isso acontece – as causas são conexas, mas não pode haver a 
reunião em razão da diferença de competência absoluta – uma das causas terá de 
ser suspensa e esperar a decisão da outra, para que, assim, não haja contradição 
das decisões. 
Art. 110. Se o conhecimento da lide depender necessariamente da verificação da existência 
de fato delituoso, pode o juiz mandar sobrestar no andamento do processo até que se 
pronuncie a justiça criminal. 
Parágrafo único. Se a ação penal não for exercida dentro de 30 (trinta) dias, contados da 
intimação do despacho de sobrestamento, cessará o efeito deste, decidindo o juiz cível a 
questão prejudicial. 
 
Dessa forma, a reunião dos processos é efeito da conexão, que, porventura 
pode não ocorrer se houver diferença de competência absoluta. Somente a 
competência relativa pode ser alterada por conexão e continência. 
Ex: a diferença de competência funcional não permite a reunião dos processos, 
conforme súmula 235, STJ (pois competência funcional é absoluta). 
processo civil – freddie Didier jr. - Intensivo I 
processo de conhecimento – dos órgãos judiciários e dos auxiliares da justiça – competência 
 
24 
 
STJ. Súmula 235 - Conexão - Reunião de Processos - Coisa Julgada - A conexão não 
determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado. 
 
c) Atribuição de Competência Absoluta 
A conexão retira a competência de um juízo e atribui a outro competência 
absoluta para julgar a causa conexa. E por atribuir competênciaabsoluta pode ser 
conhecida de ofício ou alegada por qualquer das partes. 
 
d) Alegação por Qualquer das Partes/Juiz 
Ainda, qualquer das partes pode suscitar a conexão. O autor a alega na inicial 
e o réu na contestação. E suscitar a conexão não é alegar a incompetência relativa, 
a qual só pode ser alegada pelo réu (não pode ser alegada pelo autor nem 
conhecida de ofício). 
Art. 105. Havendo conexão ou continência, o juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer 
das partes, pode ordenar a reunião de ações propostas em separado, a fim de que sejam 
decididas simultaneamente. 
 
e) Alegação de Conexão x Alegação de Incompetência Relativa 
A incompetência relativa só pode ser alegada pelo réu. Contudo, suscitar a 
conexão é dizer que um juiz perdeu a competência e outro ganhou a competência, a 
qual pode ser suscitada por qualquer das partes. E a competência que se ganha 
com a conexão é absoluta. 
 
 
8.4. Alteração da Competência Pelas Partes 
As partes só podem alterar competência relativa (valor e território). Para tanto, 
deve existir contrato escrito que aluda expressamente ao negócio jurídico. Essa 
modificação de competência obriga herdeiros e sucessores. 
Art. 111. A competência em razão da matéria e da hierarquia é inderrogável por convenção 
das partes; mas estas (as partes) podem modificar a competência em razão do valor e do 
território, elegendo foro onde serão propostas as ações oriundas de direitos e obrigações. 
§1
o
 O acordo, porém, só produz efeito, quando constar de contrato escrito e aludir 
expressamente a determinado negócio jurídico. 
§2
o
 O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes. 
 
8.5. Juízo Competente 
O juízo competente para a ação principal também o é para a acessória, para a 
reconvenção, ação declaratória incidental, de garantia e todas que envolvam 
terceiro: 
 
Art. 108. A ação acessória será proposta perante o juiz competente para a ação principal. 
 
processo civil – freddie Didier jr. - Intensivo I 
processo de conhecimento – dos órgãos judiciários e dos auxiliares da justiça – competência 
 
25 
 
Art. 109. O juiz da causa principal é também competente para a reconvenção, a ação declaratória 
incidente, as ações de garantia e outras que respeitam ao terceiro interveniente. 
 
 
8.6. Reunião das Causas 
As causas conexas serão reunidas no juízo prevento. Ou seja, a prevenção 
determinará em qual dos juízos as causas haverão de ser reunidas. 
Há duas regras sobre prevenção (no novo CPC, elas serão eliminadas, 
mantendo-se apenas uma): 
a.1. Causas tramitando na mesma comarca: prevento é o juízo que despachou 
primeiro. 
a.2. Causas tramitando em comarcas diversas: prevento será o juízo onde 
primeiro ocorrer a citação. 
Estas regras, que se complementam, estão nos art. 106 e 219, CPC: 
Art. 106. Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência 
territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar. 
Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a 
coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e 
interrompe a prescrição. 
 
Obs.: tratando a ação de imóvel que se encontra em mais de uma comarca, a competência 
será determinada também pela prevenção (primeiro despacho ou primeira citação?) 
Art. 107. Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado ou comarca, determinar-se-á o foro 
pela prevenção, estendendo-se a competência sobre a totalidade do imóvel. 
 
8.7. Conceito de Conexão e Continência 
a) Haverá conexão quando o pedido (objeto) ou a causa de pedir das ações for 
igual. 
Art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando lhes for comum o objeto ou a 
causa de pedir. 
 
b) Haverá continência quando as partes forem iguais, a causa de pedir for igual e o 
pedido (objeto) de uma abranger o pedido da outra ação. A continência é mais difícil 
de ser encontrada, pois exige a igualdade de partes e de causa de pedir. 
Art. 104. Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às 
partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras. 
 
Ex: ação1 - anulação de contrato; ação2 - apenas a anulação de uma cláusula do 
contrato. Ambas possuem mesmas partes e pedido, mas a que pede a anulação do 
contrato todo abrange o pedido da outra de anulação de uma cláusula. 
 
processo civil – freddie Didier jr. - Intensivo I 
processo de conhecimento – dos órgãos judiciários e dos auxiliares da justiça – competência 
 
26 
 
Obs.1: DESNECESSIDADE DA CONTINÊNCIA - Isso, porque, pelo CPC, toda continência é 
uma conexão, pois, se na continência é preciso que a causa de pedir seja a mesma e para 
que haja conexão a causa de pedir tem de ser igual, a conexão abrange a continência. 
 
Obs.2: CONCEITO MÍNIMO - O conceito de conexão do art. 103 é conceito mínimo. Significa 
dizer que os casos previstos no art. 103 são casos de conexão, mas são apenas exemplos, 
não exaurindo as hipóteses de conexão. Há outros casos de conexão não previstos no art. 
103, são os casos de conexão atípica. 
 
Pergunta-se: Como identificar as outras hipóteses de conexão fora do art. 103, 
CPC? 
Sempre que a decisão de uma causa interferir na solução da outra, haverá 
conexão. É a chamada conexão por prejudicialidade. Há conexão porque a solução 
de uma causa prejudica a outra. 
Ex: investigação de paternidade e alimentos. A solução da primeira interfere na 
segunda, mas não se encaixam no art. 103, pois não possuem a mesma causa de 
pedir nem o mesmo pedido; ação de despejo por falta de pagamento e consignação 
dos aluguéis. 
 
Obs.3: CAUSAS REPETITIVAS – CONEXÃO POR AFINIDADE – Causas repetitivas são causas 
de massa – causa tipo - nas quais várias pessoas vão ao judiciário reclamar seus direitos 
(causas previdenciárias para aposentadoria), nunca foram consideradas conexas entre si, 
embora sejam praticamente idênticas; chamadas de repetitivas; o juiz faz modelo de 
sentença que aplica a todas as causas, e nunca o foram porque a solução de uma não 
interfere na solução da outra. Até porque, se fossem conexas, haveria um problema de onde 
seriam elas reunidas, além de serem milhões de causas. Assim, do ponto de vista 
tradicional, as causas repetitivas não são consideradas conexas. 
Ocorre que está acontecendo uma transformação na legislação brasileira para criar 
um novo modelo de conexão para estas causas repetitivas que foge desse padrão de 
reunião no mesmo juízo para julgamento (até porque essa reunião seria inviável). Seria uma 
conexão que ocorreria nos tribunais superiores. Os tribunais pegariam uma dessas causas 
repetitivas e decidiriam a causa modelo, enquanto as demais ficariam paradas a espera 
dessa decisão modelo. 
Esse modelo novo de conexão para causas repetitivas, por enquanto, só se aplica no 
STJ e no STF no julgamento dos recursos extraordinários repetitivos. O professor chama 
esse modelo de modelo de conexão por afinidade. 
(Ver editoriais 25, 101, 105 no site do Freddie ou material da monitoria). 
 
 
9. CONFLITO DE COMPETÊNCIA 
9.1. Conceito 
Há conflito de competência sempre que mais de um órgão jurisdicional discutir 
sobre a competência para julgar determinada causa. 
 
processo civil – freddie Didier jr. - Intensivo I 
processo de conhecimento – dos órgãos judiciários e dos auxiliares da justiça – competência 
 
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9.2. Espécies de Conflito 
a) Conflito Positivo 
Os juízes discutem para julgar a causa. 
Art. 115. Há conflito de competência: I - quando dois ou mais juízes se declaram 
competentes; 
b) ConflitoNegativo 
Os juízes discutem para não julgar a causa. 
Art. 115. Há conflito de competência: II - quando dois ou mais juízes se consideram 
incompetentes; 
 
c) Causas Conexas 
O conflito pode ocorrer para julgar uma única causa ou pode ser em relação a 
causas conexas. 
Art. 115. Há conflito de competência: III - quando entre dois ou mais juízes surge 
controvérsia acerca da reunião ou separação de processos. 
 
9.3. Hipóteses de Conflito 
O conflito pode ocorrer entre juízes; entre juiz e tribunal; entre tribunais. 
 
9.4. Competência para julgar o Conflito de Competência 
a) Conceito 
O assunto que costuma ser cobrado em sede de conflito de competência gira 
em torno da competência para julgar um conflito de competência. 
 
b) Regra Básica 
Primeiro temos de lembrar que o conflito pode ocorrer entre juízes; entre juiz e 
tribunal; entre tribunais. 
Segundo, lembrar que não existe conflito se entre os órgãos houver diferença 
hierárquica. 
Ex: ou seja, um juiz da Bahia não pode conflitar com TJ da Bahia; nenhum juízo do 
Brasil conflita com o STF; não há conflito entre TJ e STJ. 
Cabe conflito entre TRT e STJ. 
 
c) Competência dos Tribunais 
 
c.1. STF: só julga conflito que envolva Tribunal Superior. 
Tribunal Superior x Tribunal Superior/TRF/Juiz. 
c.2. STJ: o problema é a competência do STJ para julgar conflito de 
competência. Quase todos os casos são de competência dele. Assim, compete ao 
STJ o resto. 
c.3. TRF: só julga conflito entre juízes da mesma região. Juízes Federais x Juízes 
Federais/Juízes Estaduais investidos de função federal. 
Obs.: Se forem juízes de tribunais diversos, a competência é do STJ. 
processo civil – freddie Didier jr. - Intensivo I 
processo de conhecimento – dos órgãos judiciários e dos auxiliares da justiça – competência 
 
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c.4. TJ: julga conflito entre juízes estaduais vinculados ao respectivo TJ. 
 
d) TRF e Respectivas Regiões 
O problema é quando estamos diante de conflito entre juízes federais, pois não 
sabemos quais são os Estados vinculados a cada TRF, assim: 
 
d.1. TRF da 1ª Região: Bahia, Piauí, Maranhão, Minas Gerais, Goiás, DF, Mato 
Grosso, Tocantins, Roraima, Acre, Amapá e Amazonas (12 Estados). 
Se os juízes federais destes Estados conflitarem, o TRF da 1ª Região julga; se 
for conflito com juiz federal vinculado a outro tribunal, o STJ julga. 
 
d.2. TRF da 2ª Região: RJ e Espírito Santo. 
 
d.3. TRF da 3ª Região: SP e MS. 
 
d.4. TRF da 4ª Região: RS, PR, SC. 
 
d.5. TRF da 5ª Região: Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, RN, Ceará. 
 
Obs.: Havendo Justiças diversas (TRT x TRF) o STJ julga; se ficar tudo no âmbito da justiça 
do trabalho, o TRT julga. 
 
9.5. Procedimento 
 
a) Alegação de Conflito 
Ele pode ser suscitado pelos próprios juízos conflitantes; pelas próprias partes; 
pelo MP. Se o MP não suscitar o conflito, caberá a ele intervir obrigatoriamente no 
conflito. 
Art. 116. O conflito pode ser suscitado por qualquer das partes, pelo Ministério Público ou 
pelo juiz. Parágrafo único. O Ministério Público será ouvido em todos os conflitos de 
competência; mas terá qualidade de parte naqueles que suscitar. 
Ainda, a parte que ofereceu exceção de incompetência (pediu para modificar o 
juízo) não pode suscitar o conflito. 
Art. 117. Não pode suscitar conflito a parte que, no processo, ofereceu exceção de 
incompetência. 
Parágrafo único. O conflito de competência não obsta, porém, a que a parte, que o não 
suscitou, ofereça exceção declinatória do foro. 
 
b) Forma de Alegação 
O conflito de competência é suscitado de ofício pelo juiz ou por meio de 
petição, quando feito pelas partes ou MP. 
 
processo civil – freddie Didier jr. - Intensivo I 
processo de conhecimento – dos órgãos judiciários e dos auxiliares da justiça – competência 
 
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c) Competência 
Compete ao Presidente do Tribunal a análise do conflito. 
 
Art. 118. O conflito será suscitado ao presidente do tribunal: I - pelo juiz, por ofício; II - 
pela parte e pelo Ministério Público, por petição. 
Parágrafo único. O ofício e a petição serão instruídos com os documentos necessários à 
prova do conflito. 
Ainda, é incidente processual que sempre será julgado por um tribunal. 
d) Processamento 
d.1. Oitiva dos Juízes ou do Juiz Suscitado: Art. 119. Após a distribuição, o relator 
mandará ouvir os juízes em conflito, ou apenas o suscitado, se um deles for suscitante; 
dentro do prazo assinado pelo relator, caberá ao juiz ou juízes prestar as informações. 
 
d.2. Sobrestamento do Processo: Art. 120. Poderá o relator, de ofício, ou a 
requerimento de qualquer das partes, determinar, quando o conflito for positivo, seja 
sobrestado o processo, mas, neste caso, bem como no de conflito negativo, designará um dos 
juízes para resolver, em caráter provisório, as medidas urgentes. 
 
d.3. Decisão de plano do Relator: caso o conflito suscitado já tenha sido 
resolvido por jurisprudência dominante do Tribunal, o relator poderá decidir o caso 
de plano. Dessa decisão caberá agravo em cinco dias. 
Art. 120. Parágrafo único. Havendo jurisprudência dominante do tribunal sobre a 
questão suscitada, o relator poderá decidir de plano o conflito de competência, cabendo 
agravo, no prazo de cinco dias, contado da intimação da decisão às partes, para o órgão 
recursal competente. 
 
d.4. Oitiva do MP e Julgamento: decorrido o prazo assinalo pelo relator para 
prestar informações (art. 119, CPC), o MP será ouvido em cinco dias e o conflito 
será apresentado para julgamento. 
Art. 121. Decorrido o prazo, com informações ou sem elas, será ouvido, em 5 (cinco) dias, o 
Ministério Público; em seguida o relator apresentará o conflito em sessão de julgamento. 
 
d.5. Decisão do Tribunal: decide qual o juiz competente e a validade dos atos 
praticados pelo incompetente. 
Art. 122. Ao decidir o conflito, o tribunal declarará qual o juiz competente, pronunciando-
se também sobre a validade dos atos do juiz incompetente. Parágrafo único. Os autos do 
processo, em que se manifestou o conflito, serão remetidos ao juiz declarado competente. 
 
d.6. Regimentos Internos: no conflito entre os órgãos de um Tribunal, o 
regimento disporá sobre a forma de sua solução. Ainda, tais regimentos 
determinarão a solução do conflito de atribuições entre judiciário e administração. 
Art. 123. No conflito entre turmas, seções, câmaras, Conselho Superior da Magistratura, 
juízes de segundo grau e desembargadores, observar-se-á o que dispuser a respeito o 
regimento interno do tribunal. 
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processo de conhecimento – dos órgãos judiciários e dos auxiliares da justiça – competência 
 
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Art. 124. Os regimentos internos dos tribunais regularão o processo e julgamento do conflito 
de atribuições entre autoridade judiciária e autoridade administrativa.

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