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Hepatite, Esteato-hepatite, Cirrose. Insuficiência hepática. Prof. Sérgio Rocha Caruaru, 2018 Glândula retroperitoneal que mede aproximadamente 12 a 15 cm de comprimento e 2,5 cm de espessura, encontra-se posteriormente à curvatura maior do estômago. Consiste em uma : Uma cabeça, Um corpo, Uma cauda. A cabeça do pâncreas é a porção expandida do órgão, próxima da curva do duodeno; superiormente e à esquerda da cabeça estão o corpo do pâncreas central e a cauda do pâncreas afilada. Pâncreas Os sucos pancreáticos são secretados pelas células exócrinas em pequenos ductos que por fim se unem para formar dois ductos maiores, o ducto pancreático e o ducto acessório. Estes, por sua vez, levam as secreções até o intestino delgado. O ducto pancreático ou ducto de Wirsung é o maior dos dois ductos. Na maior parte das pessoas, o ducto pancreático se une ao ducto colédoco que vem do fígado e vesícula biliar e entra no duodeno como um ducto comum dilatado chamado ampola hepatopancreática ou ampola de Vater. A ampola se abre em uma elevação da túnica mucosa duodenal conhecida como papila maior do duodeno, que se situa aproximadamente 10 cm inferior ao óstio pilórico do estômago. A passagem do suco pancreático e biliar por meio da ampola hepatopancreática para o duodeno do intestino delgado é regulada por massa de músculo liso que circunda a ampola conhecida como músculo esfíncter da ampola hepatopancreática ou esfíncter de Oddi. O outro grande ducto do pâncreas, o ducto pancreático acessório (ducto de Santorini), sai do pâncreas e esvazia-se no duodeno aproximadamente 2,5 cm acima da ampola hepatopancreática. O pâncreas produz diariamente de 1.200 a 1.500 mℓ de suco pancreático, um líquido claro e incolor que consiste principalmente em água, alguns sais, bicarbonato de sódio e várias enzimas. O bicarbonato de sódio dá ao suco pancreático um pH ligeiramente alcalino (7,1 a 8,2) que tampona o suco gástrico ácido no quimo, interrompe a ação da pepsina do estômago e cria o pH apropriado para a ação das enzimas digestórias no intestino delgado. Amilase pancreática; Tripsina, Quimotripsina, Carboxipeptidase e Elastase; Lipase pancreática; Ribonuclease e Desoxirribonuclease, Enzimas Secretadas na forma inativa e posteriormente ativadas no lúmen do duodeno pelas enteroquinases, enzimas da borda em escova encontradas nas células intestinais. A Pancreatite Aguda (PA) é um processo inflamatório de aparecimento súbito (agudo) e de etiologia variada, geralmente acompanhado de comprometimento sistêmico. Pancreatite Conceitua-se pancreatite aguda como aquela caracterizada, pela possibilidade de restituição anátomo-patológica do pâncreas e recuperação clínica e bioquímica do paciente, se a causa da agressão à glândula for removida. O evento que dá início ao processo está relacionado a uma agressão direta da glândula, geralmente por deficiência na drenagem e escoamento do suco pancreático. Ação Enzimática Etiologia A impactação de cálculos biliares é ainda a causa mais comum de pancreatite aguda Outras causas: Tumor Ampular, Tumor Pancreático e Ascaridíase O mecanismo proposto consiste no refluxo de bile para o interior do duc to pancreát ico, de se ncade ando a au todige s tão pancreática. Alcoolismo atuar aumentando a síntese de enzimas responsáveis pelo processo inflamatório, com lesão tóxica direta do etanol e formação de cilindros proteináceos que obstruem os dúctulos. Hiperlipidemia acredita-se que a lipase pancreática metabolize triglicerídeos em ácidos graxos livres, nocivos ao tecido pancreático. Hepatite viral aguda Grupo de doenças causadas por pelo menos 5 vírus distintos e não relacionados. Clinicamente a doença se caracteriza por: mal-estar, náuseas, falta de apetite, dor abdominal vaga e icterícia. Bioquimicamente a doença se caracteriza por: acentoados n í v e i s d e b i l i r r u b i n a e aminotransferases Sorologicamente a doença se caracteriza por: presença de do genoma viral no fígado e anticorpos aos antígenos virais Em geral, a hepatite viral aguda é autolimitada e regride completamente sem lesão hepática residual ou replicação viral. Algumas formas de hepatite, no entanto, podem resultar em infecções persistentes com lesão hepática crônica. Cirrose As cincos causas de hepatite aguda conhecida são os vírus: Hepatite A (HAV), Hepatite B (HBV), Hepatite C (HCV), Hepatite D (HDV), Hepatite E (HEV) Hepatite A (HAV) e E (HEV) - são consideradas as formas infecciosas, sendo desta forma disseminada grandemente pela via fecal-oral. Estão assacadas as condições sanitárias precárias, altamente contagiosas e ocorrendo em surtos Hepatite B (HBV), C (HCV) e D (HDV) - são consideradas as formas de hepatite sérica, sendo disseminadas em grande parte pelas vias parenterais e menos comumente pela exposição íntima ou sexual Não são altamente contagiosas e sim de ocorrência esporádica, raramente causando surtos. Podem levara a hepatite crônica, à cirrose e ao carcinoma hepatocelular. Enquanto: Patogênese Não muito bem compreendida, pois os vírus não apresentam citopaticidade elevada. A observação histológica da lesão sugere que respostas imunológicas, particularmente respostas de linfócitos TCD8+ aos antígenos virais expressos nas membranas celulares dos hepatócitos, possam ser os principais efetores da lesão. • Varia de infecção assintomática - doença grave fulminante. • Pode ser autolimitada, regredir ou levar à infecção crônica. • Em curso típico: Período de incubação varia de 2 a 20 semanas - vírus detectado no sangue, mas os níveis séricos de aminotransferases e bilirrubina estão normais. • Fase pré-icterícia é marcada pelo início da fadiga, náuseas, falta de apetite e leve dor na região do quadrante superior direito. Dura em torno de 3 a 10 dias • O início de uma coloração escura na urina (colúria) marca o início da fase icterícia. Em casos de icterícia grave observa-se acolia fecal, podem surgir também anorexia e disgeusia. • A duração clínica é variável indo de 1 a 3 semanas. A recuperação é manifestada pelo retorno do apetite, acompanhada pela normalização dos níveis séricos de bilirrubina e aminotransferases • Contudo o período de convalescência pode ser demorado até que os níveis de energia e vigor retornem ao normal. Manifestações clínicas Hepatite A O HAV é um pequeno vírus de RNA da família dos Picornaviridae. O vírus replica-se normalmente no fígado e é incluso no citoplasma do hepatócito. (HAVAg) corresponde a uma proteína do capsídeo do vírus O vírus é secretado na bile e, em uma menor extensão, no soro. Altos títulos de HAV são visualizados nas fezes durante o período de incubação e fase assintomática inicial. Considerada altamente contagiosa, disseminada pela via fecal-oral, em especial em condições sani tár ias precárias. A fonte dos casos mostram que a exposição direta pessoa-a-pessoa e em menor extensão a contaminação fecal de alimentos e água são as principais causas. No curso clínico da hepatite A. Período de incubação de 15 a 45 dias (média de 25 dias) Icterícia em 70% dos adultos e menos frequente em crianças. Os anticorpos anti-HAV aparecem pouco antes do início dos sintomas. Invariavelmente consiste um infecção autolimitada. Casos graves e fulminantes, podem ocorrer em idosos, pacientes com doença hepática crônica pre-existente. Considerada a causa mais comum de hepatite colestática recorrente. Vacinas seguras e efetivas contra o HAV estão disponíveis trata-se de antígeno inativado do vírus da hepatite A purificado em cultura de células Havrix e o Vaqta, ambas administradas em duas injeçÕes com intervalos de pelo menos 6 meses a12 meses. Hepatite B O HBV é um pequeno vírus de DNA envelopado de cápsula dupla, pertencente a família Hepadnaviridae. Possui quatro fases de leitura abertas que codificam os antígenos de superfície do HBV. O vírus infecta apenas humanos e símios superiores. Se replica predominantemente nos hepatócitos e talvez, numa maior extensão, nas células tronco do pâncreas, medula óssea e baço. Durante a infecção aguda e crônica, os pacientes portadores da hepatite B apresentam grandes quantidades de HBsAg no soro, a maioria da forma de partidas tubulares e esféricas. HBsAg - proteína antigênica para Hepatite B Predominantemente disseminada pela via parenteral ou por contato pessoal íntima. A maioria dos casos adultos devem-se a contato sexual ou parenteral. Comum entre usuários de drogas injetáveis, heterossexuais com várias parceiras e entre homossexuais, antigamente a transfusão sangüínea representava risco. Curiosamente, o DNA do HBV e o antígeno HBeAg começam a cair no inicio da enfermidade e podem ser indetectáveis no momento de pico da doença. HBsAg torna-se indetectável e o antiHBs eleva-se durante a recuperação. A hepatite B crônico acomete 2 a 7% dos adultos infectados pelo HBV, mais comum em homens e indivíduos imunossuprimidos. O risco de infecções crônicas também se correlacionam com a idade, ocorrendo em: 90% dos neonatos infectados com HBV, 30% dos lactentes, mas em menos de 10% dos adultos. A hepatite B é a terceira ou quarta causa mais comum de cirrose e causa importante de câncer de fígado. A vacinação contra o HBV é recomendada para os neonatos e crianças. Adultos, especialmente os de grupos de risco também devem ser vacinados. Hepatite C O HCV é um vírus de RNA pertencente a família Flaviviridae. Originalmente identificado por técnicas de biologia molecular, enquanto os vírus não foram bem visualizados. A hepatite C é disseminada predominantemente por via parenteral. Os paciente com maior risco são usuários de drogas injetáveis e pessoas com várias exposiçÕes parenterais. Exposição sexual ocorre mas não é comum. Transmissão materno infantil ocorre em 5% dos casos, geralmente em lactentes cujas mães tem altos níveis de RNA do HCV no soro. Outra fonte potencial de contaminação se dá pela picada de agulhas contaminadas ou esterilização inadequada de agulhas e seringas reutilizadas. Antigamente transfusão sanguínea representava risco, hoje não mais. Estudos atuais mostram que 60% dos casos são atribuídos a usuários de drogas injetáveis e 15 a 20% dos casos por exposição sexual. Apenas pequena proporção dos casos se faz via transmissão materno infantil, acidentes por picadas de agulhas e causas desconhecidas. Curso clínico da hepatite C • Período de incubação de 10 a 120 dias (média de 50 dias) • Durante o período de incubação (1 a 2 semanas) observa-se RNA do HCV detectado nos ensaios de PCR. Permanecendo por um longo tempo no curso clínico da doença. • O anticorpo anti-HCV surge tardiamente e pode não está presente no início dos sintomas e das elevações de aminotransferases. • Se autolimitada, o RNA do HCV torna-se torna-se indetectável no soro, também podendo cair o anti-HCV. • A principal complicação da hepatite C aguda é o desenvolvimento de hepatite Crônica. Aqui os RNA do HCV continua detectável e as aminotransferases também permanecem elevadas. Atualmente: Não há como se previnir da hepatite C, a não ser evitar comportamentos de risco. A exposição acidental à picada da agulha talvez seja a questão mais frequente na prevenção da transmissão. A terapia com Interferon, anti-virais ou mesmo imunoglobulinas não estão recomendadas nesta situação. O correto é a monitorização através dos níveis de aminotransferases, teste do RNA do HCV e de anti-HCV, permitindo a intervenção e tratamento precoce em casos de positividade para a hepatite C. Hepatite D Curioso notar que este vírus requer a participação do HBV pra sua replicação. O antígeno Delta pequeno promove a replicação do RNA do HBV. Enquanto o antígeno delta grande promove a incorporação e secreção viral no soro. Se faz em dois padrões: Co-infecção e Superinfecção Na Co-infecção observa-se uma ocorrência simultânea das infecções HDV e aguda e HBV aguda. Na superinfecção observa-se a ocorrência da infecção por HDV em pacientes portadores de HBsAg. O diagnóstico da superinfecção se dá observando a presença de HBsAg e anti- HDV, mas sem demonstrar IgM anti-HBc no soro. O diagnóstico da co-infecção se dá observando a presença de HBsAg e anti- HDV e IgM anti-HBc no soro. Hepatite E O HEV é um pequeno vírus de RNA filamento único não envelopado, atualmente não está classificado. O vírus e o antígeno HEV podem ser detectados no hepatócito durante a infecção aguda. Os mais altos níveis são detectados nas fezes durante o período de incubação. São responsáveis pelas formas endêmicas de hepatite não-A e não -B que acomete países em desenvolvimento. É transmitido por via fecal-oral, podendo ser rastreado ate a exposição da água contaminada sob condições de higiene precária. Parece ser menos contagiosa que a hepatite A, a outra forma de hepatite infecciosa. Não existe tratamento nem prevenção contra a hepatite E, Mesmo as imunoglobulinas parecem não ser efetivas. Lesão reversível Degeneração: são lesões reversíveis cuja a característica é a deposição de substâncias no interior das células. 1- degeneração por acúmulo de água e eletrólitos (hidrópica); 2- degeneração por acúmulo de proteínas (hialina); 3- degeneração com acúmulo de lipídeos (esteatose); 4- degeneração com acúmulo de carboidratos (glicogenose). Esteatose por etilismo (etanol) Esteato-hepatite Hepatite não-A e não-B Uma das características da hepatite C é a presença de esteatose, com ou sem inflamação. Em 1989, finalmente foi descoberto o vírus da hepatite C, responsável pela grande maioria dessas hepatites. A esteatose na ausência de álcool foi quase sinônimo, por algum tempo, de hepatite C. Mas no final da década de 90 já tínhamos testes disponíveis e confiáveis que deixaram claro que boa parte das esteatoses não tinham nenhuma relação com álcool ou com a hepatite C, e que o número de casos estava aumentando de modo alarmante coincidindo com a epidemia de obesidade, especialmente nos EUA. Degeneração gordurosa (esteatose) Chamamos de doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) o acúmulo de gordura no fígado (esteatose) não relacionada ao uso de álcool. A esteato-hepatite não-alcoólica (EHNA) é uma DHGNA onde a presença da esteatose está relacionada a uma inflamação no fígado. Assim, a esteatose hepática ("fígado gorduroso") e a EHNA são apresentações diferentes da DHGNA, sendo que a primeira pode evoluir para a segunda. A cirrose de causa indefinida onde observa-se esteatose, mas não há sinais de EHNA ativa, também está classificada como DHGNA. Importante lembrar que a estrato-hepatite representa lesão intermediária no espectro das doenças hepáticas gordurosas. Podendo ser benigna ao desenvolvimento de cirrose Na esteado-hepatite observa gotículas de gordura intracelular salpicados de células inflamatórias agudas e crônicas Diferenciando da esteatose simples, observa-se aqui a presença de tecido fibroso (colágeno tipo I) Pode evoluir para cirrose De acordo com a hipótese dos golpes múltiplos para a patogênese da doença hepática a esteatose configura uma agressão inicial (primeiro golpe), estimulando a vulnerabilidade hepática à agressões secundárias. Os golpes múltiplos irão se somando, aumentando a vulnerabilidade da célula hepática até que a mesma culminar em uma células cirrótica. Em humanos a esteatosepode progredir rapidamente em pacientes que se submeteram a cirurgia do bypass jejuno-ileal, nas qual a alça cega do intestino promove a proliferação de bactérias e leva à má absorção. Seja na estratos alcoólica ou não alcoólica, os sintomas são similares: mal-estar fraqueza hepatomegalia em 75% dos pacientes eritrema palmar telangiectasia arcneiforme ginecomastia ascite icterícia febre Pacientes com esteado-hepatite alcoólica hospitalizado grave, 50% desenvolvem cirrose em 5 anos. Esteato-hepatite não alcoólica apresentam taxas similares de progressão. Uma vez que o quadro de cirrose foi estabelecido, deve-se manter o paciente sob condições constantes de monitoramento para averiguar: ascite/varizes/tumores benignos e encefalopatia Cirrose hepática Consiste na fibrose do parênquima hepático, resultando em formação de nódulos. Representa as consequências d e u m a r e s p o s t a d e c ica t r i zação de fe r idas sustentadas à lesão hepática crônica. As manifestações clínicas variam d e : a s s i n t o m á t i c a s a t é insuficiência hepática. 4 0 % d o s p a c i e n t e s ã o assintomáticos . Prevalência de 360 por 100.000 pessoas . A m a i o r i a p o r d o e n ç a hepática alcoólica e infecções virais. Independente da etiologia, a composição química é de: colágeno tipo I e III, proteoglicanos e glicoproteínas. A fonte dos constituintes da cicatriz estabelece que a células estrelada do fígado é a principal produtora de matriz. Cirrose Um dos objetivos no tratamento das hepatites crônicas é diminuir o grau de inflamação para que não haja progressão da patologia à cirrose. Sequelas importantes da cirrose são: H i p e r t e n s ã o p o r t a l - o c a s i o n a d o p o r u m descompasso entre a pressão venosa portal e as veias abdominais não portais. Hemor rag i a va r i co sa - hemorrag ia das va r izes gastroesofágicas, surge muitas vezes como consequência da hipertensão portal. Ascite - acúmulo excessivo de l í q u i d o n o a b d o m e , frequentemente está entre os primeiros sinais de doença hepática crônica. A insuficiência hepática aguda complicada por encefalopatia costuma ser fulminante, deteriorando significativamente o fígado e quase sempre levando o paciente à morte em poucos meses. A insuficiência hepática é a consequência mais grave de quase todas as doenças crônicas no fígado. É a s i t u a ç ã o e m q u e a s f u n ç õ e s do f ígado geralmente encontram-se diminuídas, ocasionando dificuldades do órgão em desempenhar suas funções normais. Os transplantes de fígado são indicados se: 1. não houver outras formas de terapia satisfatória. 2. ausência de qualquer outra indicação. 3. capacidade de arcar com os custos financeiros do transplante e com os cuidados. As indicações são para: 1. cirrose com doença hepática em estágio terminal. 2. insuficiência hepática aguda. 3. malignidades hepáticas. 4. doenças metabólicas associados ao fígado. 5. hepatite C crônica. 6. atresia biliar
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