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REGENERAÇÃO NATURAL E SISTEMAS SILVICULTURAIS

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1 
REGENERAÇÃO NATURAL E SISTEMAS SILVICULTURAIS 
Prof. Fernando Jardim 
I- REGENERAÇÃO NATURAL 
 
 Considerações Gerais 
 
 As florestas tropicais úmidas ou equatoriais abrigam um enorme potencial de recursos 
naturais, tanto físicos(madeira e produtos não madeireiros), como de serviços ambientais (recreação, 
fertilidade e conservação do solo, regulação do ciclo hidrológico, paisagem, abrigo para fauna, 
seqüestro de carbono, etc.). Todavia, tem havido muita controvérsia acerca do melhor uso para essas 
áreas. Em um extremo, existem os preservacionistas que defendem a intocabilidade da floresta, 
como um reservatório de biodiversidade e de pureza ambiental. De outro lado, há os que vêem na 
floresta um obstáculo ao desenvolvimento e defendem a sua conversão para usos agropecuários, 
para a expansão urbana ou mesmo para a mineração. No meio termo, existem os conservacionistas, 
que defendem o uso racional dessas florestas, através do manejo florestal - técnica baseada em 
princípios de sustentabilidade, o que significa usar os recursos florestais, garantindo que as gerações 
futuras possam usufruir dos mesmos, nas mesmas bases atuais. 
 Dentro da tecnologia do manejo florestal, a base para essa sustentabilidade é a garantia de 
renovação dos recursos extraídos da floresta, ou seja, a sua regeneração. Isso ficou estabelecido na 
atual legislação florestal brasileira (Lei 11.284 de 2/3/2006 e IN 05 MMA, de 11/12/2006) por meio 
de fundamentos técnicos e científicos (Art. 3° do Decreto 5975 de 30/11/2006): 
1) Caracterização do meio físico e biológico; 
2) Determinação do estoque existente; 
3) Intensidade de exploração compatível com a capacidade da floresta; 
4) Ciclo de corte compatível com o tempo de restabelecimento do volume de produto extraído 
da floresta; 
5) Promoção da regeneração natural da floresta; 
6) Adoção de sistema silvicultural adequado; 
7) Adoção de sistema de exploração adequado; 
8) Monitoramento do desenvolvimento da floresta remanescente e; 
9) Adoção de medidas mitigadoras dos impactos ambientais e sociais 
 
1- Conceituação 
 
 O termo regeneração natural deve ser entendido segundo dois aspectos: estático e dinâmico. 
 
- Estático: número de indivíduos jovens de uma população; indivíduos abaixo de determinado 
tamanho; indivíduos que ainda não atingiram a idade reprodutiva (fisiológico) 
 
- Dinâmico: processo de renovação dos contingentes de uma população (ou povoamento) 
 
2- Avaliação da Regeneração Natural: objetivos do ponto de vista estático e dinâmico. 
 
2.1. Objetivos: determinar se os estoques e o processo de regeneração de uma espécie explorada são 
capazes de garantir a reposição do material explorado. A Avaliação pode ser feita através de 
parcelas amostrais, devendo haver uma adequação de forma, tamanho e intensidade amostral ao 
tamanho das plantas. 
 
 2 
2.2. Avaliação estática: implica na quantificação dos estoques de um povoamento de acordo com o 
critério ou conceito estabelecido, num instante considerado, podendo ser comparada com uma 
fotografia. 
 
2.2.1. Formas de Avaliação: Inventários Florestais que podem ser feitos via levantamentos por 
parcelas ou por quadrantes 
 
2.2.2. Análise e utilização dos resultados 
 
a) Análise dos contingentes 
 
 Essa análise significa a expressão dos resultados de um inventário florestal através de tabelas 
ou figuras (Tabela 1), expressando o número de indivíduos, área basal ou volume por espécies e 
categorias de tamanho. Quando essas categorias de tamanho se referem a classes de DAP têm-se a 
chamada distribuição diamétrica(Figura 1). 
 
Tabela 1- Número médio de árvores por hectare por classe de DAP 
 Classes de DAP 
NVULGAR 20 30 40 50 60 70 80 ≥80 TOTAL 
Guariúba 0,13 0,53 0,13 0,13 0,27 1,19 
Jatobá 7,83 3,66 3,19 1,2 1,07 0,13 0,27 17,35 
Matamatá Branco 5,26 1,39 0,26 0,39 0,13 7,43 
Piquiá 0,27 0,13 0,53 0,26 1,19 
Quaruba 0,27 0,39 0,13 0,13 0,92 
TOTAL ARVORES 13,49 5,85 4,1 2,38 1,73 0 0,26 0,27 28,08 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1- Exemplos de distribuições diamétricas para espécies ou grupos de espécies 
 3 
b) Análise estrutural 
 
 A vegetação pode ser analisada tanto através de sua fisionomia como através da estrutura de 
suas comunidades. A avaliação da vegetação pela sua fisionomia permite apenas uma descrição 
subjetiva, que não responde a nenhum problema científico, mas que tem utilidade na fitogeografia, 
por exemplo. Quando se fala floresta tropical densa ou aberta, floresta decídua ou sempre verde, 
floresta de mangue, cerrado, etc, têm-se a noção de fisionomia. 
A estrutura da vegetação deve ser entendida como o agregado quantitativo de unidades 
funcionais, ou seja, a ocupação espacial dos componentes de uma massa vegetal. A estrutura de um 
povoamento florestal é caracterizada pela distribuição de espécies e indivíduos numa área florestal, 
sendo o resultado dos hábitos de crescimento das espécies e das condições ambientais onde esse 
povoamento se originou e desenvolveu. Em relação à idade, distinguem-se dois tipos de estrutura: a 
estrutura equiânea e a estrutura multiânea. 
 No jargão florestal mais antigo, define-se estrutura do povoamento pelo número de árvores, 
área basal ou volume, por classe diamétrica ou de idade, aferidos a um(1) hectare do mesmo 
povoamento. Com a introdução de estudos fitossociológicos para fins de manejo o conceito de 
estrutura foi ampliado para incorporar parâmetros como abundância, dominância, freqüência, 
posição sociológica e regeneração natural. A abundância, dominância e a freqüência determinam a 
chamada estrutura horizontal, sendo mais importante em estudos de caracterização vegetacional com 
a hierarquização das espécies através do Índice de Valor de Importância (IVI). Para fins de 
manejo florestal, a análise estrutural deve ser complementada com a estrutura vertical, representada 
pela posição sociológica e pela regeneração natural, os quais ampliam o significado do IVI para um 
Índice de Valor de Importância Ampliada (IVIA). 
 A análise estrutural, como uma parte da fitossociologia, é inserida no estudo da regeneração 
natural com o objetivo de subsidiar as decisões de manejo, como os tratamentos silviculturais, além 
de embasar os fundamentos técnico-científicos acima mencionados. Para o cálculo dos parâmetros 
estruturais será adotada a metodologia apresentada em Jardim & Hosokawa (1986). Para a adoção 
dessa metodologia, há necessidade de se estabelecer previamente qual o limite de tamanho entre o 
chamado povoamento adulto e a regeneração natural. O tamanho da regeneração natural é 
estabelecido de acordo com o conceito estático e depende dos objetivos da análise estrutural. Os 
dados referentes ao povoamento adulto são utilizados para o cálculo dos parâmetros da estrutura 
horizontal e da posição sociológica e os dados da regeneração natural são utilizados para o cálculo 
dos parâmetros que compõem a estrutura da regeneração natural. 
 
 Cálculo dos parâmetros estruturais 
 
Estrutura horizontal: abundância; freqüência e dominância 
 
 Abundância 
 
 A abundância é definida como o número de indivíduos de uma espécie por unidade de área, 
sendo expresso em termos de abundância absoluta (ABabs) e abundância relativa (AB%), conforme 
as expressões a seguir: 
A
nABabs ii = ; 100N
nAB% ii ×= ; 100ABabs
ABabsAB% ii ×=
∑
 
em que: ABabsi = abundância absoluta da i-ésima espécie, em número de indivíduos por hectare; 
ni = número de indivíduos da i-ésima espécie na amostragem; N = número total de indivíduos 
amostrados; A = área total amostrada, em hectare; AB%i = abundância relativa (%) da i-ésima 
 4 
espécie; ∑ABabs = abundância total, em número de indivíduos porhectare (soma das abundâncias 
absolutas de todas as espécies amostradas). 
 Muitos autores utilizam o termo densidade em vez de abundância. Todavia, a densidade de 
uma população, em termos florestais, pode ser expressa por diversas variáveis como área basal, 
volume, fitomassa e mesmo pelo número de árvores (abundância). O termo abundância, portanto, é 
mais específico para definir número de indivíduos. 
 
 Dominância 
 
 A dominância é definida como grau de ocupação que uma espécie exerce sobre o espaço 
volumétrico do ecossistema. Em virtude da dificuldade de avaliação desse volume, a dominância é 
expressa em termos de área basal, devido à alta correlação entre o diâmetro do tronco, tomado a 
1,3m do solo (DAP), e o diâmetro da copa (DC). A dominância absoluta e a dominância relativa 
podem ser obtidas das seguintes formas: 
 
Dominância Absoluta = Dabsi = Gi 
 
 Dabsi Gi 
Dominância Relativa = D%i = ∗ 100, ou D%i = ∴G= 
 G 
 
em que Dabsi = dominância absoluta da i-ésima espécie; D%i= dominância relativa da i-ésima 
espécie; S= número de espécies; Gi= área basal da i-ésima espécie; G = área basal total amostrada; 
g= seção transversal de cada fuste = [pi(DAP)2]/4; n= número de indivíduos(fustes). 
 
 Freqüência 
 
 A freqüência é um indicador do padrão de distribuição espacial dos indivíduos de uma 
população na floresta, sendo definida como a razão entre o número de parcelas em que ocorre pelo 
menos um indivíduo de uma espécie e o número total de parcelas da amostragem. 
 n° de parcelas de ocorrência 
Freqüência Absoluta = Frabsi = * 100 
 n° total de parcelas 
 
 
Freqüência Relativa = 
 
 
 
 Índice de Valor de Importância (IVI) 
 
 O IVI expressa a hierarquia das espécies em termos de importância vegetacional, sendo 
expresso pela média aritmética dos três parâmetros relativos da estrutura horizontal, através da 
seguinte expressão: 
 AB%i + D%i + Fr%i 
Índice de Valor de Importância = IVIi = 
 3 
 
 
∑
=
S
1i
iDabs
∑
=
n
1i
ig
100
Frabs
FrabsFr% S
1i
I
i
i ×=
∑
=
 5 
Estrutura vertical: posição sociológica e regeneração natural 
 
 Os parâmetros da estrutura horizontal permitem, apenas, uma visão parcial da importância 
das espécies na comunidade ou povoamento florestal e pouca utilidade tem em termos silviculturais. 
Por essa razão, introduziu-se na análise estrutural a avaliação da estrutura vertical (FINOL, 1971), 
cujos parâmetros posição sociológica e regeneração natural permitem avaliar o grau de aproximação 
da distribuição diamétrica das espécies ao padrão de distribuição contínua e decrescente (J-
invertido), o qual é um indicador de estabilidade ecológica da população de uma espécie e, por 
conseguinte, um indicador de sustentabilidade ecológica no manejo dessa espécie. 
 
 Posição Sociológica 
 
 Para o cálculo da posição sociológica de cada espécie na comunidade vegetal é necessário 
estabelecer estratos de altura total dos indivíduos e, em seguida calcular o valor fitossociológico de 
cada estrato (peso de cada estrato) e, finalmente, obter as estimativas dos valores absoluto e relativo 
da posição sociológica da i-ésima espécie na comunidade. 
 LAMPRECHT (1964), entre outros autores, distinguiu quatro estratos: superior, médio, 
inferior e sub-bosque. A maioria dos pesquisadores, no entanto, tem utilizado apenas três estratos: 
superior, médio e inferior. O valor fitossociológico das espécies, em cada estrato, é a percentagem 
do total de plantas da espécie no referido estrato, em relação ao total geral (FINOL, 1971). O 
procedimento para cálculo da posição sociológica de cada espécie obedece às seguintes fases: 
 
i) Estratificação da vegetação e contagem do número de indivíduos da espécie em cada estrato ⇒ ni 
ii) Acumulação do total de indivíduos em cada estrato⇒Σ ni = Ni 
iii) Acumulação do total de indivíduos da área amostrada ⇒Σ Ni = N 
iv) Cálculo da Posição Sociológica Absoluta de cada espécie de acordo com a seguinte expressão: 
 
 n1i.N1 + n2i.N2 +....+ nni.Nj 
PSabsi = 
 N 
em que PSabsi = Posição Sociológica Absoluta da i-ésima espécie; n1,2,j = número de indivíduos da 
i-ésima espécie nos estratos 1, 2 e j; N1,2,j = número total de indivíduos nos estratos 1, 2 e j; N = número 
total de indivíduos na área amostrada. 
 A Posição Sociológica relativa de cada espécie é dada pela expressão: 
 
100
PSabs
PSabsPS% S
1i
i
i
i ×=
∑
=
 
em que PS% = posição sociológica relativa da i-ésima espécie; S = número de espécies na amostra. 
 
 
 Regeneração Natural Relativa 
 
 O termo regeneração natural representa um parâmetro fitossociológico, em vez dos conceitos 
estático e dinâmico apresentados no item 1 (Conceituação), logo ele é calculado e não medido ou 
contado. Na verdade, o termo representa a estrutura da regeneração natural, pois é um parâmetro que 
expressa a densidade (abundância relativa), a distribuição espacial (freqüência relativa) e a 
estratificação (categoria de tamanho relativa) dos indivíduos jovens de uma espécie ou da floresta, 
 6 
isto é, da regeneração natural, sendo seu valor dado pela média aritmética desses três parâmetros. 
Esses parâmetros são calculados para a fração do povoamento florestal designado como regeneração 
natural, de acordo com o conceito estático. A abundância e a freqüência da regeneração natural são 
obtidos da mesma forma como são calculados esses parâmetros para o povoamento adulto. Para o 
cálculo da categoria de tamanho relativa da regeneração natural, adota-se a mesma metodologia do 
cálculo da posição sociológica usada no povoamento adulto. Vale ressaltar que esses parâmetros são 
avaliados com os dados da regeneração natural. Portanto: 
 
 AB%iRN + Fr%iRN + CT%iRN 
RN%i = 
 3 
em que RN%i= Regeneração Natural Relativa da i-ésima espécie; AB%iRN = Abundância relativa 
da i-ésima espécie; Fr%iRN= Frequencia relativa da i-ésima espécie; CT%iRN= Categoria de 
tamanho da i-ésima espécie. 
 
Índice de Valor de Importância Ampliado – IVIA 
 
 Os parâmetros da análise estrutural, isoladamente, não permitem uma perfeita definição da 
ordem de importância ecológica ou silvicultural das espécies. Por essa razão, Finol (1971) propôs o 
IVIA, calculado através da seguinte expressão: 
 
 AB%i + D%i + Fr%i + PS%i + RN%i 
IVIAi = 
 5 
 E experiência mostra que existe forte relação entre o IVIA e o padrão de distribuição 
diamétrica das espécies, o qual, por sua vez, é um indicador para classificação em grupos ecológicos 
das espécies arbóreas (Figura 2). A pesquisa demonstra que quanto maior for a aproximação da 
distribuição diamétrica de uma espécie ao padrão contínuo e decrescente (J-invertido) maior será o 
seu valor de IVIA. Espécies com distribuição diamétrica contínua e decrescente são, tipicamente, 
tolerantes à sombra, sendo consideradas de maior estabilidade ecológica na floresta. Logo, quanto 
maior for o valor de IVIA de uma espécie, mais estável ela será no ecossistema.DAP 
N°Árvores A 
B 
C 
Figura 2- Possíveis distribuições diamétricas para grupos ecológicos: A – Tolerantes; 
B – Heliófilas; C – Intermediárias. 
 7 
c) Curvas espécie – área 
 
 As curvas espécie – área (Figura 3) permitem quantificar se uma amostragem adotada é 
representativa em relação ao conjunto de espécies de uma determinada área, sendo construídas a 
partir de valores acumulados de número de espécies em função da acumulação das áreas amostrais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.3. Avaliação dinâmica: implica na avaliação da dinâmica da floresta, a qual, em última análise, é 
determinada pela dinâmica das populações das espécies, sendo representada pela interação dos 
processos de ingresso (recrutamento), crescimento e mortalidade ⇒ monitoramento. 
 
 
2.3.1. Formas de Avaliação 
 
A avaliação dinâmica da regeneração natural é realizada a partir de dados coletados em 
medições de parcelas permanentes ou parcelas temporárias. As parcelas permanentes permitem a 
avaliação da dinâmica dos atributos individuais(DAP, Altura, Volume do Tronco, etc.) e de atributos 
médios individuais e de grupo(Área Basal, Abundância, Volume do Povoamento, etc). As parcelas 
temporárias só permitem a avaliação da dinâmica da média de atributos, ou seja, não é possível 
avaliar, por exemplo, o crescimento de uma determinada árvore. A definição de forma, tamanho, 
intensidade amostral depende dos objetivos a que se destina a avaliação. Embora Ingresso, 
Mortalidade e Crescimento possam ser individualmente avaliados, existe uma expressão matemática 
– Taxa de Regeneração Natural (Mory, 2000) que representa a interação desses fatores. 
 
2.3.2. Taxa de regeneração natural (TR%) 
 
 A TR% é uma expressão que permite a análise do comportamento dinâmico de uma espécie, 
de um grupo de espécies ou de uma floresta como um todo, ao final de um determinado período de 
estudo ou monitoramento. Em geral é calculada com os valores de abundância, mas pode-se usar 
valores de área basal, volume ou outra variável que expresse densidade. Seu cálculo expressa o 
resultado da interação dos processos de mortalidade, ingresso ou recrutamento e crescimento, 
através da seguinte expressão matemática: Tr(%)= [(A1- A0)/(A1+A0)]*100∴ Tr(%)= Taxa de 
regeneração natural relativa; A1= Abundância no final do estudo = A0 – ne + ni; ne= número de 
indivíduos que morreram ou cresceram mudando de classe de tamanho e ni = número de indivíduos 
ingressaram no estudo; A0= Abundância no início do estudo. 
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Nú
m
e
ro
 
de
 
es
pé
c
ies
Área (m2)
Figura 3- Curva espécie/área, para uma área de 1000 m2 , de espécies com DAP 
superiores a 5 cm
 8 
A interpretação dos valores da TR, considerando a interação dos três componentes da 
dinâmica da floresta, pode expressar a seguinte variação: 
 
TR(%) > 0 ⇒ Ingresso > Mortalidade ⇒ adensamento na população amostrada 
 
TR(%) < 0 ⇒ Ingresso < Mortalidade ⇒ raleamento na população amostrada 
 
 Ingresso = Mortalidade ≠ 0 ⇒ Equilíbrio dinâmico 
TR(%) = 0 ⇒ 
 Ingresso = Mortalidade = 0 ⇒ Equilíbrio estático 
 
3. Dinâmica da regeneração natural 
 
3.1. Conceituação: 
 
 Dois conceitos são fundamentais no entendimento da dinâmica das florestas tropicais: 
sucessão e clareiras. 
 
Sucessão 
 
Segundo Dajoz(1983), as sucessões podem ser primárias ou secundárias. A sucessão 
primária é o estabelecimento dos seres vivos em um meio que nunca havia sido povoado. A 
sucessão secundária é aquela em que o estabelecimento ocorre em um meio que já foi povoado, mas 
do qual foram eliminados, por vários motivos, os seres vivos. Gomez-Pompa(1974) define sucessão 
secundária como as mudanças que se verificam no ecossistema, após a destruição parcial de uma 
comunidade, podendo ocorrer em uma pequena área de floresta nativa, após a queda de uma árvore, 
ou em vários hectares de uma cultura abandonada. Para Tracey(1985), a sucessão secundária é o 
processo que envolve várias combinações de estádios florísticos pioneiros, secundários iniciais e 
secundários tardios, antes que um estádio maduro da floresta seja restituído. 
 Pode-se conceituar sucessão como uma seqüência de fases de recobrimento vegetacional em 
uma área. Quando esse recobrimento acontece em uma área onde antes nunca houve vegetação (p/ 
ex. uma ilha vulcânica) ela é chamada sucessão primária; quando ocorre em uma área onde antes 
havia vegetação e esta foi removida por um agente causal qualquer (p/ex. Exploração florestal, 
agricultura, etc) então ela é chamada sucessão secundária. 
 
Clareiras 
 
' Clareira (“gap” na língua inglesa) é o termo utilizado para designar as descontinuidades 
existentes na estrutura do dossel de uma floresta causadas pela queda de uma árvore ou de parte 
dela. Existem vários conceitos de clareira expressos na literatura, porém todos expressam a idéia de 
uma falha no dossel florestal. É importante ter a noção de que no interior de uma clareira, as 
condições microclimáticas são completamente alteradas em relação à floresta fechada. Assim, 
alguns conceitos se aproximam dessa idéia. Barton(1984) define clareira como a área de vegetação 
perturbada pela abertura do dossel, que se estende até o tronco de uma árvore com DAP maior que 
20cm delimitando a abertura. Popma et al(1988) sugerem que uma clareira engloba sua zona de 
influência, que se estende até onde houver espécies pioneiras regenerando. Pode-se definir uma 
clareira como uma descontinuidade de tamanhos variados, que se projeta do dossel até o piso da 
floresta. 
 9 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pode-se definir uma clareira como “uma descontinuidade de tamanhos variados, que se 
projeta do dossel até o piso da floresta, englobando toda a sua zona de influencia até onde 
houver espécies secundárias regenerando”. 
 
 
3.2. Regeneração natural através da sucessão em clareiras 
 
 A literatura acerca do processo de sucessão natural em florestas tropicais já é bastante ampla, 
como demonstram os trabalhos revisados por JARDIM et al(1993). 
 
3.2.1. Processo Sucessional 
A dinâmica sucessional na floresta como um todo pode ser representada por um processo 
longo e contínuo de abertura ⇒ recobrimento ⇒ fechamento ⇒ abertura. Após a sua formação, uma 
clareira passa por um período mais ou menos longo de recuperação ou recobrimento(sucessão), que 
culmina com o seu fechamento. 
 
 
 
 
 
 
 
15h 16h 8 h 
1
2
1
6
 0.1% 0.05% 0.02% 
30º 
90º 
100
% 
Figura 4- Desenho esquemático ilustrando a incidência dos raios solares 
através de uma clareira. Extraído de LONGMAN e JENIK(1974). 
 10 
3.2.2. Influência das clareiras 
 
Forma e tamanho das clareiras; agente causal; ambiente físico. 
 O período de tempo entre a formação da clareira e seu fechamento depende do tamanho da 
mesma. Se esta for provocada pela queda de um galho ou de uma árvore pequena, seu fechamento 
poderá ser feito pela expansão lateral dos galhos das árvores circunvizinhas ou pelo rápido 
crescimento vertical da regeneração natural avançada preexistente. Depreende-se, portanto, que a 
sucessão se inicia num estágio mais ou menos avançado, e a cicatrização será rápida, favorecendo as 
espécies oportunistas de pequenas clareiras. 
 Quando a clareira é formada pela queda de grandes árvores, seu fechamento é mais 
demorado, pois a sucessão será reiniciada num estádio muito menos avançado. Nesse caso, para o 
recobrimento, haverá necessidade de um certo grau de colonização, além do crescimento da 
regeneração avançada, resultando numa competição mais ou menos intensa até a predominância de 
alguma espéciedo dossel. Esse processo favorece as espécies oportunistas de grandes clareiras ou 
secundárias tardias, que normalmente são espécies emergentes e desenvolvem grande fitomassa. 
 Em grandes clareiras, formadas pela queda de várias árvores, a sucessão é ativada nos seus 
estágios mais iniciais, com ampla colonização por invasoras e pioneiras que competirão fortemente 
com a regeneração preexistente, mas que, por serem de vida relativamente curta, serão 
gradativamente substituídas por vegetação mais persistente e de maior fitomassa até o completo 
fechamento do dossel. 
 Em relação ao ambiente físico das clareiras, é evidente que para cada tamanho de clareira 
existem condições microclimáticas correspondentes. Devido à influência que o tamanho das 
clareiras exerce nos fatores físicos, Orians(1982) sugere que o tamanho da clareira pode ser uma 
importante variável que afeta a germinação de sementes e a sobrevivência de plântulas. 
 Segundo Whitmore(1978), as principais diferenças entre o ambiente na clareira e sob o 
dossel fechado são um aumento na luz e mudanças na sua qualidade, aumento em temperatura e um 
deficit de saturação. Pode haver também aumento na disponibilidade de nutrientes, quando plantas 
mortas são decompostas. Essas mudanças no meio físico alteram a biocenose, pois mudas 
estabelecidas morrem por sua sensibilidade à luz, plantas de espécies pioneiras aparecem e outras 
tem uma maximização de crescimento(VIEIRA e HIGUCHI, 1990). 
 
 
3.2.3. Interação com grupos ecológicos 
 
 A vegetação de uma floresta equatorial é composta por um número muito grande de formas 
de vida. Por essa razão, estudos sobre a sua dinâmica, inevitavelmente, demandam a subdivisão em 
classes ou grupos menores. Todavia, a classificação das espécies em grupos ecológicos é muito 
controvertida na literatura. Inúmeras tentativas têm sido feitas para classificar as espécies quanto ao 
seu comportamento ecológico. Em geral, as classificações são baseadas na maior ou menor demanda 
por luz que as espécies apresentam(Quadro 1). Algumas buscam relacionar outros fatores como 
tamanho e forma de dispersão de sementes(Quadro 2). Entretanto, é quase consensual que todo o 
processo de regeneração natural das espécies em uma floresta tropical é fortemente dependente da 
formação de clareiras, que propiciarão as condições, principalmente de luz, para o estabelecimento 
dessa regeneração. 
 Essas classificações dicotômicas, que consideram as espécies de luz ou de sombra, ou a 
classificação em pioneiras, secundárias iniciais, secundárias tardias e clímax, representam uma 
simplificação muito grande do amplo e complexo gradiente de comportamentos ecofisiológicos 
existentes nas espécies de florestas equatoriais. 
 
 11 
Quadro 1- Relação de dependência dos grupos ecológicos com as clareiras 
Tolerantes Intermediárias Intolerantes (Heliófilas) 
Independem das clareiras para 
regenerar e crescer, pois são 
muito eficientes no uso da 
radiação difusa que existe no 
interior da floresta 
Para regenerar e crescer 
dependem de luz em graus 
variados, que são disponíveis 
em clareiras de tamanhos 
médio a pequeno 
Só regeneram e crescem em 
ambientes com muita luz direta 
propiciada pelas grandes 
clareiras, pois são ineficientes no 
uso da radiação luminosa 
 
Quadro 2- Características morfofisiológicas para populações com estratégias oportunistas(r) e em 
equilíbrio(K) para espécies da floresta tropical (Extraido de O’BRIEN & O’BRIEN(1995) 
 Seleção r (Oportunistas) Seleção k (Tolerantes) 
Estágio de Sucessão Início Final 
Tamanho da População Sem equilíbrio, geralmente abaixo da 
capacidade de suporte, recolonização 
periódica 
Constante ao longo do tempo 
próximo da capacidade de suporte, 
sem colonização 
Mortalidade Densidade-independente, não 
direcionada ou catastrófica 
Densidade-dependente mais 
direcionada 
Competição Variável, usualmente frouxa Usualmente forte 
Dispersão Longa distância Local 
Longevidade Curta, poucos anos Longa, mais de 20 anos 
Objetiva Produtividade Eficiência 
 
 A maior ou menor heliofilia de uma espécie pode ser, preliminarmente, inferida da análise da 
distribuição diamétrica da mesma(JARDIM, 1995)(Quadro 3). Espécies com distribuição na forma 
contínua e decrescente (J-invertido) são as chamadas tolerantes. Espécies com ausência de 
indivíduos nas classes de tamanho menores ou distribuição descontínua são chamadas pioneiras e 
são fortemente heliófilas. Espécies cuja distribuição diamétrica tem forma intermediária entre esses 
extremos são chamadas oportunistas, podendo ser de grandes ou pequenas clareiras, conforme 
demandem mais ou menos luz para se estabelecerem. 
 
Quadro 3- Forma e amplitude da distribuição diamétrica (para árvores em floresta não explorada) 
Tolerantes Intermediárias Heliófilas 
Distribuição diamétrica contínua e 
decrescente (J-invertido) com 
grande número de indivíduos nas 
classes de tamanho inferiores 
Distribuição diamétrica 
contínua ou não, mais 
achatada que as tolerantes 
-Distribuição diamétrica 
descontínua, carência de 
indivíduos jovens e muitos 
indivíduos nas classes superiores 
Amplitude diamétrica reduzida, 
menor que as demais, abaixo de 
60-70cm 
Amplitude diamétrica 
muito variável (geralmente 
acima de 60-70cm) 
-Grande amplitude diamétrica, 
acima de 70-80cm 
 
Embora os florestais, há séculos, venham criando clareiras de vários tamanhos para controlar 
o crescimento das árvores e a composição florística dos povoamentos, só nas últimas décadas os 
ecologistas começaram a apreciar o significado das clareiras na evolução de muitos tipos de florestas 
e suas espécies componentes. Segundo Turner(1990), somente quando forem entendidos os 
processos de regeneração de árvores nas florestas tropicais, especialmente aqueles dentro e em torno 
de clareiras, um progresso real terá sido feito na solução de problemas, como a manutenção da 
riqueza de espécies em tais sistemas e o desenvolvimento de sistemas silviculturais não empíricos 
para o manejo sustentável dos recursos florestais tropicais. 
 12 
Alguns resultados (SWAINE & HALL, 1983; CARVALHO, 1992; JARDIM, 1995) tem 
demonstrado que, logo após a perturbação, a diversidade florística da vegetação sucessional é maior 
que a da floresta madura. Portanto, o manejo florestal com base na regeneração natural é, antes de 
tudo, uma garantia de manutenção e até mesmo de aumento na diversidade biológica. 
A teoria das clareiras sugere que, considerando que haverá muito mais espécies tolerantes de 
pequenas clareiras que heliófilas de grandes clareiras na floresta virgem, tratamentos florestais que 
envolvem pesados distúrbios encorajarão o desenvolvimento de muitos indivíduos de espécies 
valiosas de grandes clareiras. A regeneração de espécies de pequenas clareiras pode crescer nessas 
circunstâncias, mas seu crescimento será limitado, até que espécies heliófilas morram ou sejam 
removidas. 
 
 
 13 
II- SISTEMAS SILVICULTURAIS 
 
 Sistema Silvicultural é um conjunto de atividades encadeadas no tempo, através das quais os 
componentes da colheita de uma floresta são removidos, substituídos e assistidos, com o objetivo de 
otimizar a produção da floresta. A literatura menciona dezenas de sistemas silviculturais, muitas 
vezes sem conseguir individualizá-los adequadamente, o que leva a considerar que muitos deles, 
são, na verdade, variações em parâmetros como ciclo de corte, diâmetro de corte, etc. A análise 
detalhada desses sistemas indica que se pode individualizar apenas cerca de quatro ou cinco. 
(LAMPRECHT, 1990) 
 
 Caracterização dos sistemas silviculturais 
 
 Os sistemas silviculturais, de maneira geral, são caracterizados e nomeados com base nas 
operações de colheita (Exploração), substituição (Regeneração) e assistência(Quadro 4). 
Para melhor identificar esses sistemas é fundamentalconhecer dois conceitos básicos ligados 
ao intervalo de tempo entre duas operações de corte ou colheita: Rotação e Ciclo de Corte (Figura 
5). Esses conceitos estão associados a outros dois relacionados ao tipo de corte ou colheita: Corte 
Raso e Corte Seletivo. 
Rotação é o intervalo de tempo entre duas operações de corte raso e Ciclo de corte é o 
intervalo de tempo entre duas operações de corte seletivo. Portanto, no corte raso não há estoque 
remanescente e a rotação iguala ao tempo total de desenvolvimento do estoque, pois o povoamento 
retoma o crescimento a partir de um estoque aproveitável nulo (Zero), ao contrário do corte seletivo, 
no qual sempre há um estoque remanescente (ou de crescimento), que já incorpora certo tempo de 
desenvolvimento, dentro do intervalo de tempo equivalente à rotação, e o estoque aproveitável será 
recomposto a partir do crescimento de indivíduos que já estão na área e que demandarão um tempo 
menor que a rotação para completar esse estoque aproveitável. Portanto, o intervalo de tempo da 
rotação sempre incorpora mais de um ciclo de corte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
100 
Figura 5- Representação esquemática dos estoques em termos de rotação e ciclo de corte 
Estoque 
(volume) 
Idade (anos) 
EC 
EA 
75 
Rotação 
Ciclo de corte 
EC = Estoque de crescimento 
EA = Estoque aproveitável 
 14 
 Quadro 4- Principais operações que caracterizam os sistemas silviculturais 
Operação Método Características 
Exploração 
Seletiva -Corte seletivo em uma área específica adotando um ciclo de corte 
Corte raso -Corte raso em uma área distribuído em alguns anos 
-Corte raso em uma área em uma única operação 
Regeneração Natural -Mudas da regeneração natural Artificial -Mudas de viveiro 
Assistência Seletiva -Atende indivíduos e/ou espécies selecionados Sistemática -Atende o povoamento como um todo 
 
2. Classificação 
2.1. Quanto à periodicidade da intervenção principal (Exploração) 
 
- Monocíclicos: em que o intervalo de tempo entre dois cortes iguala à rotação e a exploração é 
em corte raso - SUM, SCT, CR (Corte Raso), TAL (Talhadia) 
- Policíclicos: em que o intervalo de tempo entre dois cortes é menor que a rotação, portanto ao 
longo da rotação é possível mais de um ciclo de corte e a exploração é sempre seletiva: SS 
(seleção ou seletivo) 
 
2.2. Quanto à base de regeneração: 
 
 a) Baseados na regeneração natural(RN): 
� Alto Fuste: regeneração via sementes – SCT(TSS), SUM(MUS), SS, CR 
� Baixo Fuste: regeneração via rebrota – TAL 
 b) Baseados na regeneração artificial(RA): CR 
 
2.3. Principais sistemas silviculturais 
 
 a)Sistema Uniforme Malaio (SUM) (MUS) 
 
O SUM é um sistema monocíclico, baseado na RN, onde se aplica, em uma única ocasião, o 
corte raso do estoque aproveitável, após o estabelecimento da regeneração natural; foi desenvolvido 
principalmente para o manejo de florestas de dipterocarpáceas, um grupo de espécies madeireiras 
com características ecológicas intolerantes muito semelhantes. O sistema exige alta de densidade de 
regeneração natural, avaliada por amostragem linear (SOUZA & JARDIM, 1993), envolvendo 
longas rotações. Objetiva transformar uma floresta heterogênea em uma floresta mais homogênea 
em espécie, idade e tamanho e, por essa razão, envolve assistência intensiva ao longo da rotação, 
que pode ser sistemática ou seletiva(Figura 6). 
A aplicação desse sistema no manejo de florestas neotropicais não tem sido verificada e a 
razão para isso é o fato do sistema demandar uma homogeneidade de comportamento ecológico das 
espécies envolvidas – o que não acontece na Amazônia – e uma grande volumetria por hectare, para 
justificar o corte raso. Por outro lado, existe pouco interesse dos produtores pela sustentabilidade do 
manejo florestal. 
 
 
 
 
 
 15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 b) Sistema de Cobertura Tropical (SCT)(TSS) 
 
O SCT é uma variante do SUM, sendo desenvolvido, também, para dipterocarpáceas, mas 
onde estas mostraram falhas de regeneração devido ao sítio (colinas); é um sistema monocíclico, 
baseado na RN. Difere do SUM pelo fato do corte raso do estoque aproveitável ser completado em 
duas operações: a primeira, como um desbaste de regeneração, abre a floresta para viabilizar a 
regeneração natural e a segunda completa o corte raso após o estabelecimento dessa regeneração; a 
assistência também é intensiva durante longas rotações. O sistema já foi testado com algum sucesso 
em Trinidad, quando a demanda por carvão viabilizava os custos dos tratamentos (Figura 7). Da 
mesma forma como o SUM, o sistema objetiva transformar uma floresta heterogênea em uma 
floresta mais homogênea em espécie e exige alta de densidade de regeneração natural, avaliada por 
amostragens lineares (SOUZA & JARDIM, 1993), envolvendo assistência intensiva ao longo da 
rotação, que pode ser sistemática ou seletiva. 
 A aplicação desse sistema já foi testada no Brasil, mas o mesmo não tem sido adotado no 
manejo florestal de espécies da Amazônia. Todavia, existem espécies que, por suas características 
ecológicas, poderiam ser manejadas através do mesmo, como estabelece o fundamento técnico 6. 
 
 
 
 
Figura 6- Desenho esquemático com o cronograma de um Sistema Uniforme (Fonte: 
BASTIAAN et al.(2001) 
 16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 c)Sistema de Seleção ou Seletivo (SS) 
 
O SS é um sistema policíclico, baseado na RN ou na RA(enriquecimento), em que o corte é 
seletivo, com seleção pelo tamanho(DAP) ou pelas espécies. A assistência pode ser sistemática ou 
seletiva e de intensidade variável. Aplicado em florestas muito heterogêneas com ciclos de corte 
curtos (Quadro 5) 
 O sistema seletivo tem sido recomendado por muitos pesquisadores (SOUZA & JARDIM, 
1993) como o mais adequado para o manejo das florestas tropicais como a Amazônia, chegando a 
ser obrigatório, como foi o caso da Portaria n° 48 do IBAMA, que estabelecia a obrigatoriedade de 
manejo através de um sistema policíclico, com ciclo de corte de 30 anos. 
Quando se considera o manejo florestal de espécies, cuja distribuição diamétrica é contínua e 
decrescente ("J–invertido") ou, pelo menos, contínua, efetivamente esse sistema pode ser adequado. 
Mas se as espécies a serem manejadas têm problemas de regeneração, resultando em distribuições 
diamétricas descontínuas, a adoção desse sistema deve ser analisada com mais cautela. 
 Um sistema silvicultural, mesmo o seletivo, para poder ser adotado no manejo de uma 
floresta deve ser ajustado às características dessa floresta, pois as espécies comerciais e suas 
distribuições diamétricas variam de floresta para floresta. Assim sendo, em termos gerais, pode-se 
definir apenas o tipo de operação, mas não a sua intensidade. O fundamento técnico 6 - A adoção de 
um sistema silvicultural adequado – estabelecido na legislação florestal expressa essa preocupação. 
Entretanto, essa legislação estabelece parâmetros técnicos para o manejo – Diâmetro Mínimo de 
Corte (DMC) e ciclo de corte – que forçam a adoção do sistema silvicultural seletivo ou policíclico. 
Na Amazônia existem algumas propostas de sistemas seletivos – o sistema SEL do INPA e o 
sistema Brasileiro da EMBRAPA Amazônia Oriental. Ambos são sistemas policíclicos baseados no 
conceito do DMC. A seguir serão apresentadas algumas operações características de um sistema de 
seleção. 
 
Figura 7- Desenho esquemático do desenvolvimento da floresta sob o sistema de cobertura 
em Trinidad (adaptado de Catinot 1967 para Trinidad). Fonte: BASTIAAN et al.(2001) 
 17Quadro 5 - Seqüência de operações no Sistema de Seleção proposto para a FLONA Tapajós, em 
Santarém, Estado do Pará. 
Ano Operação 
n-2 Inventário pré-exploratório com intensidade de 100%, abordando DAP ≥ 60 cm. 
Preparação de mapas de exploração. 
n-1 Seleção e marcação de árvores comerciais, observando boa distribuição espacial, para 
evitar grandes clareiras e danos de exploração. Idem para as árvores a serem retidas. 
Efetuar corte de cipós onde necessário. Instalação de parcelas permanentes, na proporção 
de 1 ha para cada 250-300 ha de floresta produtiva. 
n Primeira exploração florestal, observando derrubada direcional, se possível. Extração de 
30-40 m3/ha de árvores com DAP ≥ 60 cm. 
N+1 Remedição de parcelas permanentes, para avaliar danos e estoque residual. 
N+2 Anelamento e, ou, envenenamento de árvores de espécies indesejáveis e de valiosas 
severamente danificadas. Redução de um terço na área basal original, incluindo 
exploração e desbaste. 
N+3
 
Remedição de parcelas permanentes. 
N+5 Remedição de parcelas permanentes 
n+10 Raleamento para favorecer o incremento das espécies comerciais residuais e retidas. 
Remedição das parcelas permanentes a cada cinco anos e tratamentos a cada dez anos. 
n+30 Segunda exploração florestal 
Fonte: SILVA (1989) e SILVA e WHITMORE (1990), em SOUZA & JARDIM(1993) 
 
 
 d)Sistema de Corte Raso (CR) 
 
 O CR é um sistema monocíclico, com corte raso variável, baseado na RN e na RA, que não 
deve ser confundido com o tipo de exploração florestal do mesmo nome. Este sim envolve a 
remoção total da floresta ou desmatamento e parte do princípio ecológico de que as espécies nativas 
sempre voltam após o corte, se nas adjacências das faixas cortadas forem mantidas fontes de 
sementes. Quando baseado na RA foi o precursor do sistema Taungya. No Brasil, sua aplicação tem 
restrições legais, exceto nas áreas passíveis de supressão florestal. 
 
 e)Sistema de Talhadia (TAL) 
 
 O TAL preconiza o corte raso, logo é monocíclico, baseado na capacidade de propagação 
vegetativa ou rebrota das plantas, o que o torna importante ao permitir contornar a dificuldade de 
regeneração de espécies com sementes de difícil germinação devido a problemas genéticos ou 
ecológicos. Os sistemas de talhadia são aplicados especialmente em florestas decíduas e plantações 
de espécies como os eucaliptos. As seguintes condições são básicas para a aplicação do sistema: 
a) O objetivo do manejo deve ser a produção de lenha e madeiras de pequeno porte. 
b) Alta capacidade de brotação das espécies manejadas. 
c) Baixo custo e rápido retorno em relação aos sistemas de floresta alta. 
d) Flexibilidade para incorporar objetivos. 
 No Brasil, todas as plantações de eucalipto são manejadas através do sistema de talhadia, 
todavia inexistem registros de utilização do mesmo para o manejo de florestas naturais, mesmo em 
florestas secundárias, na Amazônia. 
 18 
 Em geral, os sistemas de talhadia provocam forte degradação do sítio, principalmente 
onde a pressão biológica, traduzida pela demanda de produtos florestais, é muito forte. Onde isso 
acontece, extrai-se do sítio um produto que contém grandes proporções de nutrientes minerais. A 
literatura menciona três variações para o sistema de talhadia: simples; composta; com reservas. 
 
 Talhadia simples 
 
O sistema de talhadia simples é monocíclico, baseado só na RN (rebrota) e a rotação varia de 
30 a 40 anos. Cada talhão anual é explorado em corte raso numa operação de abate concluída antes 
do início da estação de crescimento. É prevista uma limpeza, envolvendo a remoção do excesso de 
brotos e cortes de cipós, etc. 
 
 Talhadia composta 
 
 A talhadia composta é um sistema monocíclico, baseado na RN e, como o próprio nome diz, 
forma um povoamento misto, proveniente, em parte da brotação de cepas e em parte da germinação 
de sementes. A floresta trabalhada sob esse sistema é formada de dois estratos ou dosseis: um 
superior, constituído de árvores provenientes de sementes, que normalmente produz madeira de 
maiores dimensões e um inferior, proveniente de brotação, que produz madeira de pequenas 
dimensões(lenha). A rotação varia de 30 a 60 anos, numa relação inversa com a demanda e 
características do solo. 
 
 Talhadia com reservas 
 
 O sistema de talhadia composta, como todos os sistemas de talhadia, é monocíclico e visa 
produzir principalmente lenha e madeira de pequeno porte. Porém, neste caso, um terceiro objetivo é 
visado: a prevenção da degradação do sítio, o que é obtido por uma combinação de tratamentos 
apropriados à condição da cultura. Por outro lado, demonstra que espécies com alto poder de 
brotação não formam uma colheita pura e causam a degradação do sítio. Daí porque a reserva 
envolve exclusão do abate de áreas específicas, espécies e árvores acima de determinados diâmetros. 
A produção é regulada pela área, em rotações de 30 a 60 anos, dependendo também da demanda, 
como na talhadia composta. 
 Embora a regeneração seja basicamente a partir da brotação, o grande número de árvores 
reservadas, que, além de essências madeireiras, inclui espécies frutíferas e espécies fornecedoras de 
produtos menores, garante uma adequada disseminação e reestocagem natural. Essa regeneração 
deve ser assistida por tratos silviculturais como: limpezas, corte de árvores danificadas, corte de 
cipós e redução do número de brotos para dois ou três por toco. O sistema também prevê a 
regeneração artificial por plantio ou semeadura direta em áreas não recobertas. 
 
 
 
2.4. Apresentação de um Sistema Silvicultural 
 
 Um sistema silvicultural envolve o encadeamento temporal de todas as atividades que serão 
desenvolvidas na floresta, tanto em termos de tratamentos silviculturais como aquelas de suporte 
para esses tratamentos. Assim, pode ser apresentado na forma de um cronograma de atividades em 
uma seqüência lógica como segue (Quadro 6): 
 
 
 19 
Quadro 6- Seqüência de Atividades de um Sistema Silvicultural Seletivo 
ATIVIDADE CÓDIGO ANO 
-Estabelecimento e medição de parcelas permanentes A1 -1 
-Corte de cipós com Ø ≥ 2cm C1 -1 
-Marcação de matrizes e árvores reservadas M -1 
-Primeira exploração Florestal seletiva (DAP≥50cm) E1 0 
-Aviventação de parcelas permanentes e medição para avaliação de danos da 
exploração 
A2 1 
-Plantio de enriquecimento, se necessário P 2 
-Liberação de copas e eliminação de árvores severamente danificadas na 
exploração (1º desbaste) 
D1 2 
-Limpezas de áreas de plantios complementares L1 3 
-Segunda remedição das parcelas permanentes para avaliar a dinâmica da 
floresta em função dos desbastes 
A3 6 
-Limpezas de áreas de plantios complementares L2 6 
-Corte de cipós, se necessário C2 7 
-Limpezas de áreas de plantios complementares L3 9 
-Terceira remedição das parcelas permanentes A4 10 
-Refinamento para promover condições de regeneração e crescimento (2º 
desbaste e corte de cipós, se necessário) 
D2 11 
-Limpezas de áreas de plantios complementares L4 17 
-Quarta remedição das parcelas permanentes A5 18 
-Segunda exploração florestal seletiva (DAP≥50cm) E2 25 
 
 
 
3. Tratamentos Silviculturais 
 
 Tratamento silvicultural é uma intervenção na estrutura da floresta alterando ou eliminando 
um componente da mesma, com o fim de melhorar ou manter a sua produtividade ou características. 
De maneira geral, os principais tratamentos silviculturais aplicados no manejo das florestas tropicais 
para produção de madeira são: corte de cipós, exploração florestal e desbastes. 
 
3.2. Corte de Cipós 
 
Os cipós são componentes do ecossistema florestal que representam um grande percentual de 
fitomassa do dossel e tem função ecológica pouco esclarecida na literatura, embora seja possível 
afirmar que representam importante papel como fonte de alimentos para a fauna,principalmente a 
aérea. Silviculturalmente, os cipós funcionam como elementos de estabilização do dossel através do 
entrelaçamento das copas das árvores e é justamente essa função que representa um obstáculo para o 
manejo florestal, pois dificulta as operações de colheita florestal. Por essa razão, o corte de cipós é 
recomendado como uma importante ação mitigadora dos impactos da exploração florestal e como tal 
deve ser aplicado antes da exploração. Nesse caso, sua aplicação não visa aumentar a produtividade 
da floresta, mas, secundariamente, resulta em um tratamento, conforme a definição, uma vez que sua 
eliminação altera a estrutura do dossel pela eliminação de parte da fitomassa, abrindo o mesmo e 
permitindo a entrada de radiação mais rica até os estratos mais inferiores da floresta. 
 20 
Como tratamento silvicultural é aplicado pós-exploratoriamente, quando visa minimizar um 
fator de deformação de fustes que acontece pela ação mecânica dos cipós sobre as árvores jovens em 
desenvolvimento. 
 
3.2.1. Aplicação 
 
O corte de cipós só deve ser aplicado onde houver necessidade. Portanto, a sua aplicação 
deve ser precedida de uma avaliação cuidadosa, onde o operador analisa o grau de entrelaçamento 
das copas para decidir onde e qual cipó cortar. A aplicação do corte de cipós deve ser feita, pelo 
menos, um ano antes da exploração florestal, para permitir que os mesmos apodreçam e se 
desintegrem, efetivamente rompendo entrelaçamento das copas. A forma de aplicação, em geral, 
consiste do corte do cipó em duas posições: uma superior, na altura alcançada pelo operador, e outra 
rente o solo. 
 
3.2.2. Implicações ecológicas 
 
 O corte de cipós, como toda intervenção na estrutura da floresta, tem implicações ecológicas 
positivas e negativas. Sendo uma importante fonte de alimentos para a fauna, é evidente que a 
mesma será afetada pela supressão temporária dessa fonte e esse é o principal impacto negativo 
desse tratamento. Por outro lado, além do desejado efeito de liberação das copas, que reduz o grau 
de abertura do dossel pelo abate de árvores na exploração, o corte de cipós abre o dossel florestal e 
com isso provoca um aumento no nível de radiação que chega até o piso da floresta, favorecendo o 
desenvolvimento de espécies com maior demanda por luz. Todos esses efeitos, no entanto são 
rapidamente revertidos à condição original, significando que o corte de cipós é um tratamento com 
impacto elástico. 
 
 
3.3. Exploração Florestal 
 
 A exploração florestal tem como objetivo principal a geração de renda, representando a 
intervenção de maior impacto no manejo florestal, e por isso mesmo exigindo grandes cuidados no 
seu planejamento e execução. Como tratamento silvicultural deve ser vista no contexto da operação 
de abate de árvores. Nesse caso é um tratamento obrigatório no manejo. 
 
3.3.1. Aplicação 
 
 O abate de árvores na exploração florestal, teoricamente, pode ser feito em corte raso ou em 
corte seletivo, dependendo do sistema silvicultural adotado, e pode ter intensidade muito variável 
em função dos objetivos de manejo. No Brasil esse abate de árvores é limitado ao equivalente ao 
máximo de 30m3/ha e ao DMC de 50cm, quando não haja definição mais precisa para o mesmo. 
 
3.3.2. Implicações ecológicas 
 
 Os impactos ecológicas da exploração florestal podem ser analisados da seguinte maneira: 
 
� Intrínsecos à queda das árvores: clareiras de vários tamanhos; transferência de 
biomassa(energia e nutrientes); redução na composição florística; modificações nos fatores 
do meio(água, luz, temperatura, etc); alterações na oferta de alimentos para a fauna; 
compactação pela queda da árvore 
 21 
 
� Extrínsecos à queda das árvores: danos nas árvores circunvizinhas(casca e copa, 
desenraizamentos, etc); pragas e doenças; destruição e injúrias nas plântulas e mudas; forte 
compactação do solo e alterações nas populações da meso e micro faunas do solo 
 
 Todavia, a principal conseqüência da exploração florestal e mais especificamente do abate de 
árvores, como tratamento silvicultural, é a abertura do dossel, provocando a formação de clareiras de 
tamanhos variados que estimularão a chamada sucessão secundária em clareiras. Tem sido mostrado 
que a simples exploração florestal representa o mecanismo necessário e suficiente para estimular a 
regeneração natural das espécies comerciais, as quais são principalmente pertencentes aos grupos 
ecológicos das intolerantes ou intermediárias. 
 A exploração florestal é um tratamento silvicultural que demanda longo período de reversão, 
equivalente ao ciclo de corte e por isso é classificada como de impacto plástico. 
 
 
3.4. Desbastes 
 
 Qualquer variável de um povoamento ou planta, quando representada em função da idade 
num eixo cartesiano, apresenta uma curva logística de crescimento (Figura 8). Essa curva indica que 
existe um ponto de saturação (P), a partir do qual não há mais ganho de fitomassa e o povoamento 
ou a planta tende para uma estagnação de crescimento. A partir daí, somente haverá aumento real na 
variável se houver uma redução de densidade, a qual pode ser obtida com a aplicação dos desbastes. 
 Desbastes são tratamentos silviculturais que consistem na eliminação de parte da população 
ou do povoamento, reduzindo a competição pelos fatores de crescimento – água, luz, nutrientes, etc. 
Em florestas plantadas, trata-se da redução da competição intra-específica. No caso das florestas 
naturais, trata-se, principalmente, da redução da competição interespecífica. De qualquer forma, no 
entanto, o principal objetivo é melhorar as condições do sítio para os indivíduos remanescentes. Em 
termos de floresta natural, os desbastes podem visar também a obtenção de renda e a recomposição 
da estrutura e composição florística do povoamento florestal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Volume 
DAP 
Idade P 
Figura 8- Desenho esquemático da curva logística de crescimento, indicando o ponto 
 de inflexão (P) onde deve ser aplicado um desbaste 
 22 
3.4.1. Aplicação 
 
 O tratamento de desbaste tem sido pouco aplicado no manejo das florestas no Brasil. Isso se 
deve, principalmente, ao ceticismo dos produtores quanto aos benefícios dos mesmos e às questões 
financeiras. Todavia, a pesquisa tem demonstrado que uma floresta tratada com desbastes tem um 
aumento de produtividade no seu estoque aproveitável. 
 Dependendo do objetivo do desbaste, pode-se classificá-lo em seletivo ou sistemático: 
 
� Seletivo (ou de liberação): quando o objetivo é favorecer um indivíduo de interesse, sendo 
aplicado somente em torno desse indivíduo selecionado, para liberar o mesmo da competição 
com outras plantas; 
 
� Sistemático (ou de regeneração): quando o objetivo é estimular a regeneração das espécies de 
interesse, sendo aplicado em toda a área para abrir a floresta e estimular a germinação e 
estabelecimento da regeneração de espécies desejáveis. 
 
 A eliminação de árvores no desbaste pode ser feita de duas formas, dependendo do tamanho 
da planta a ser eliminada: 
 
� Abate de árvores: aplicado em árvores com DAP abaixo de 20cm; 
 
� Anelamento: com ou sem envenenamento, aplicado em árvores com DAP acima de 20cm. 
 
 
3.4.2. Implicações ecológicas 
 
 Qualquer intervenção numa floresta causa impacto. Todavia, a idéia de tratar uma floresta 
sempre significa produzir um efeito positivo. Assim sendo, os desbastes também causam impacto na 
floresta, os quais tem implicações positivas e negativas. O principal efeito dos desbastes no manejo 
de florestas naturais é a abertura do dossel. No desbaste por abate de árvores a abertura do dossel é 
brusca, semelhante à exploração (em menor escala), com danos mecânicos nos remanescentes e que 
favorece espécies heliófilas.No desbaste por anelamento a abertura do dossel é lenta e gradual, mas 
é circunscrita à árvore anelada, que morre em pé. Esse processo favorece espécies oportunistas 
(secundárias tardias), permitindo a adaptação das espécies. 
 
4. Tratamentos silviculturais X grupos ecológicos 
 
 Há muito tempo os florestais manipulam a estrutura do dossel das florestas como forma de 
controlar o crescimento das espécies, seja as comerciais ou não (SOUZA & JARDIM, 1993). Os 
tratamentos silviculturais, tanto a exploração florestal (abate) como os desbastes, representam essa 
manipulação. Para o sucesso na sua aplicação um tratamento silvicultural deve ser precedido de bom 
conhecimento acerca das características ecológicas das espécies. 
 Espécies tipicamente tolerantes não dependem da formação de clareiras para cumprir o seu 
ciclo biológico, pois são muito eficientes no uso da radiação solar difusa oferecida no sub bosque da 
floresta. A evidência disso está na forma geral de sua distribuição diamétrica contínua e decrescente, 
que expressa um constante recrutamento. Todavia, um aumento dessa radiação será benéfico para as 
mesmas, que responderão com um aumento de produtividade. 
 Espécies tipicamente intolerantes, ao contrário, são fortemente dependentes da formação das 
clareiras para seu desenvolvimento biológico, pois são muito ineficientes no uso da radiação solar e 
 23 
precisam de altos níveis desse fator de produção. Também evidencia isso a forma de sua distribuição 
diamétrica geralmente descontínua, com carência de indivíduos nas classes de DAP inferiores. 
Embora produzam sementes continuamente, o recrutamento de plântulas dependerá da formação de 
clareiras em tempo hábil para a germinação. A exploração e os desbaste oferecem essa alternativa. 
 A distribuição diamétrica, portanto, representa uma ferramenta adequada para analisar o tipo 
de comportamento ecológico das espécies e propor procedimentos silviculturais, como por exemplo 
a manutenção de matrizes. 
 
 
5. Bibliografia básica recomendada 
 
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 24 
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