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Centro Universitário Univates Disciplina: Cálculo III Semestre: 2011/A Professoras: Adriana Belmonte Bergmann Marli Teresinha Quartieri 2. Equações Exatas Para equações de primeira ordem, existem vários métodos de integração aplicáveis a diversas classes de problemas. As mais importantes entre essas são as equações lineares (que veremos logo adiante) e as separáveis (já discutidas anteriormente). Vamos considerar, agora, uma classe de equações conhecidas como equações exatas, para as quais existe também um método bem definido de solução. Mantenha em mente, no entanto, que essas equações de primeira ordem que podem ser resolvidas por métodos de integração elementares são bastante especiais, a maior parte das equações de primeira ordem não pode ser resolvida desse modo. Considere as equações de primeira ordem que podem ser escritas na forma: 𝑀 𝑥,𝑦 𝑑𝑥 + 𝑁 𝑥, 𝑦 𝑑𝑦 = 0 (2.1) Essa forma particular é bastante sugestiva, pois nos lembra de uma família de curvas, ou seja, se acontecer de existir uma função 𝑓(𝑥,𝑦) tal que 𝜕𝑓 𝜕𝑥 = 𝑀 𝑒 𝜕𝑓 𝜕𝑦 = 𝑁 , (2.2) podemos reescrever a equação diferencial como 𝜕𝑓 𝜕𝑥 𝑑𝑥 + 𝜕𝑓 𝜕𝑦 𝑑𝑦 = 0 . (2.3) É claro que a única forma de tal equação ser satisfeita é se 𝜕𝑓 𝜕𝑥 ≡ 0 𝑒 𝜕𝑓 𝜕𝑦 ≡ 0 . E isso obriga a função f a ser identicamente constante. Em outras palavras, 𝑓(𝑥,𝑦) ≡ 𝑐. Essa última equação descreve uma família de curvas: para cada valor fixado de c, a equação expressa y implicitamente como uma função de x e, portanto, fornece uma curva. Mais a frente, aprendemos muito considerando um conjunto de soluções de uma equação diferencial como uma família de curvas variando suavemente no plano. O método de solução que acabamos de delinear é chamado de método das equações exatas. Ele depende criticamente de sermos capazes de dizer quando uma equação na forma (2.1) pode ser escrita na forma (2.3). Isso, por sua vez, coloca a questão de quando a equação (2.2) será válida. Felizmente, aprendemos em cálculo uma resposta completa a essa questão. Vamos revisar os pontos-chaves. Observe primeiro que, se acontecer de 𝜕𝑓 𝜕𝑥 = 𝑀 𝑒 𝜕𝑓 𝜕𝑦 = 𝑁 , (2.4) Então vemos (por diferenciação) que 𝜕2𝑓 𝜕𝑦𝜕𝑥 = 𝜕𝑀 𝜕𝑦 𝑒 𝜕2𝑓 𝜕𝑥𝜕𝑦 = 𝜕𝑁 𝜕𝑥 Já que as derivadas parciais mistas de uma função suave podem ser tomadas em qualquer ordem, encontramos que uma condição necessária para que a condição (2.4) seja satisfeita é 𝜕𝑀 𝜕𝑦 = 𝜕𝑁 𝜕𝑥 (2.5) Chamamos a condição (2.5) de condição de exatidão. Isso nos fornece um teste útil para quando o método das equações exatas será aplicável. Exemplo 1 - Use o método das equações exatas para resolver 𝑒𝑦 𝑑𝑥 + 𝑥𝑒𝑦 + 2𝑦 𝑑𝑦 = 0. Solução Inicialmente, aplicamos o teste para exatidão: 𝜕𝑀 𝜕𝑦 = 𝜕 𝜕𝑦 𝑒𝑦 = 𝑒𝑦 = 𝜕 𝜕𝑥 𝑥𝑒𝑦 + 2𝑦 = 𝜕𝑁 𝜕𝑥 . Verificando isso, podemos continuar e determinar f: 𝜕𝑓 𝜕𝑥 = 𝑀 = 𝑒𝑦 logo 𝑓 𝑥,𝑦 = 𝑥𝑒𝑦 + ∅(𝑦). Mas então 𝜕 𝜕𝑦 𝑓 𝑥,𝑦 = 𝜕 𝜕𝑦 𝑥𝑒𝑦 + ∅ 𝑦 = 𝑥𝑒𝑦 + ∅′ 𝑦 . E esta última expressão deve ser igual a 𝑁 𝑥, 𝑦 = 𝑥𝑒𝑦 + 2𝑦 . Assim ∅′ 𝑦 = 2y ou ∅ 𝑦 = 𝑦2 + 𝑑 . Juntando tudo concluímos que 𝑓 𝑥,𝑦 = 𝑥𝑒𝑦 + 𝑦2 + 𝑑. Não podemos esquecer o passo final. A solução da equação diferencial é 𝑓 𝑥,𝑦 = 𝑐 ou 𝑥𝑒𝑦 + 𝑦2 = 𝑐. Desta vez, devemos nos contentar com uma solução expressa implicitamente, pois não pé possível isolar 𝑦 e escrevê-lo em termos de 𝑥. Exemplo 2 - Use o método das equações exatas para resolver a equação diferencial 𝑦2 𝑑𝑥 − 𝑥2 𝑑𝑦 = 0 Solução Inicialmente testamos a condição de exatidão: 𝜕𝑀 𝜕𝑦 = 2𝑦 ≠ −2𝑥 = 𝜕𝑁 𝜕𝑥 . A condição de exatidão não é satisfeita. Como resultado, essa equação diferencial ordinária não pode ser resolvida pelo método das equações exatas. Fatores Integrantes Se a equação diferencial 𝑀 𝑥,𝑦 𝑑𝑥 + 𝑁 𝑥, 𝑦 𝑑𝑦 = 0 não for exata, pode ser possível transformá-la em exata multiplicando-a por um fator apropriado 𝜇(𝑥, 𝑦), chamado de um fator integrante para a equação diferencial. Por exemplo, se a equação diferencial 2𝑦 𝑑𝑥 + 𝑥 𝑑𝑦 = 0 , (não é uma equação exata) for multiplicada pelo fator integrante 𝜇 𝑥,𝑦 = 𝑥 , a equação resultante 2𝑥𝑦 𝑑𝑥 + 𝑥2 𝑑𝑦 = 0 (equação exata) é exata e o lado esquerdo é a diferencial total de 𝑥2𝑦 . Analogamente, se a equação 𝑦 𝑑𝑥 − 𝑥 𝑑𝑦 = 0 , (não é uma equação exata) for multiplicada pelo fator integrante 𝜇 𝑥,𝑦 = 1 𝑦2 , a equação resultante 1 𝑦 𝑑𝑥 − 𝑥 𝑦2 𝑑𝑦 = 0 (equação exata) é exata. Exemplo 3 – Resolva 𝑥 + 𝑦 𝑑𝑥 + 𝑥 ln(𝑥)𝑑𝑦 = 0 , usando 𝜇 𝑥,𝑦 = 1 𝑥 em (0,∞). Solução Sejam 𝑀 𝑥,𝑦 = 𝑥 + 𝑦 𝑒 𝑁 𝑥, 𝑦 = 𝑥 ln(𝑥). Daí, 𝜕𝑀 𝜕𝑦 = 1 𝑒 𝜕𝑁 𝜕𝑥 = 1 + ln(𝑥). A equação não é exata. Porém, se multiplicarmos a equação por 𝜇 𝑥, 𝑦 = 1 𝑥 , obtemos 1 + 𝑦 𝑥 𝑑𝑥 + ln 𝑥 𝑑𝑦 = 0 . Segue-se desta última forma que escrevemos as identificações: 𝑀 𝑥,𝑦 = 1 + 𝑦 𝑥 𝑒 𝑁 𝑥,𝑦 = ln(𝑥) → 𝜕𝑀 𝜕𝑦 = 1 𝑥 = 𝜕𝑁 𝜕𝑥 . Portanto, a segunda equação diferencial é exata. Logo, 𝜕𝑓 𝜕𝑥 = 1 + 𝑦 𝑥 = 𝑀(𝑥,𝑦) 𝑓 𝑥,𝑦 = 𝑥 + 𝑦 ln 𝑥 + 𝑔(𝑦) 𝜕𝑓 𝜕𝑦 = 0 + ln 𝑥 + 𝑔′ 𝑦 = ln 𝑥 assim, 𝑔′ 𝑦 = 0 𝑒 𝑔 𝑦 = 𝑐 . Então, 𝑓 𝑥,𝑦 = 𝑥 + 𝑦 ln 𝑥 + 𝑐 . Verifica-se facilmente que 𝑥 + 𝑦 ln 𝑥 + 𝑐 = 0 é uma solução para ambas as equações em (0,∞). Exercícios I) Verificar se as equações diferenciais são exatas. Em caso afirmativo, determinar a solução geral ou particular, conforme o caso: 1. 3𝑦4 − 1 𝑑𝑥 + 12𝑥𝑦3 𝑑𝑦 = 0 com 𝑦 1 = 2 2. (2𝑥 sen(𝑦))𝑑𝑥 + (𝑥2 cos 𝑦 − 1)𝑑𝑦 = 0 com 𝑦 0 = 2 3. 2𝑥𝑦 𝑑𝑥 + 𝑥2 + 2𝑦 𝑑𝑦 = 0 4. 2𝑥2 + 3𝑦2 𝑦′ + 4𝑥𝑦 + 2𝑥 = 0 com 𝑥 3 = −2 5. 3𝑦2 + 𝑥 𝑑𝑦 = − 1 𝑥 + 𝑦 𝑑𝑥 6. (cos 𝑦 + 𝑦 cos(𝑥))𝑑𝑥 + (sen 𝑥 − 𝑥 sen(𝑦))𝑑𝑦 = 0 7. 𝑒𝑥 + 𝑦 𝑑𝑥 + 3 + 𝑥 + 𝑦𝑒𝑦 𝑑𝑦 = 0 8. 𝑥4 + 3𝑦2 − 𝑥 𝑑𝑦 + 4𝑥3𝑦 − 15𝑥2 − 𝑦 𝑑𝑥 = 0 com 𝑥 1 = 4 9. (2𝑥𝑦3 + 𝑦 cos 𝑥 ) 𝑑𝑥 𝑑𝑦 = −3𝑥2𝑦2 − sen(𝑥) 10. (𝑥 ln 𝑦 + 𝑥𝑦)𝑑𝑥 + (𝑦 ln 𝑥 + 𝑥𝑦)𝑑𝑦 = 0 11. 3𝑦2−𝑥2 𝑦5 𝑑𝑦 𝑑𝑥 + 𝑥 2𝑦4 = 0 com 𝑦 1 = 1 12. (𝑦 cos 𝑦 + 𝑥3)𝑑𝑦 + 3𝑥2𝑦 + 𝑥𝑒2𝑥 𝑑𝑥 = 0 I) Usar o fator integrante 𝜇(𝑥,𝑦) dado para encontrar a solução da equação diferencial. 1. 3𝑦2 + 5𝑥2𝑦 𝑑𝑥 + 3𝑥𝑦 + 2𝑥3 𝑑𝑦 = 0 , 𝜇 𝑥,𝑦 = 𝑥2𝑦 2. 𝑥2 + 𝑥𝑦 𝑑𝑦 = 𝑦2 𝑑𝑥 , 𝜇 𝑥,𝑦 = 1 𝑥2𝑦 3. 2𝑥𝑦4 − 2𝑥3 𝑑𝑦 + 𝑥2𝑦 − 𝑦5 𝑑𝑥 = 0 , 𝜇 𝑥,𝑦 = 𝑥−2𝑦−3 4. 𝑦 𝑥 + 𝑦 + 1 𝑑𝑥 + 𝑥 + 2𝑦 𝑑𝑦 = 0 , 𝜇 𝑥, 𝑦 = 𝑒𝑥
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