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CLASSIFICAÇÃO ESPECIAL QUANTO AO ELEMENTO ACIDENTAL OBRIGAÇÕES CONDICIONAIS Trata-se de obrigações condicionados a evento futuro e incerto. Em referência a condição suspensiva, é preciso recordar também que a aposição de cláusula dessa natureza no ato negocial subordina não apenas a sua eficácia jurídica (exigibilidade), mas, principalmente, os direitos e obrigações decorrentes do negócio (art. 125, CC/02) OBRIGAÇÕES A TERMO Se a obrigação subordinar a sua exigibilidade ou a sua resolução, outrossim, a evento futuro e certo. Pode o devedor cumprir antecipadamente a sua obrigação, uma vez que, não tendo sido pactuado o prazo em favor do credor, o evento (termo) não subordina a aquisição dos direitos e deveres decorrentes do negócio, mas apenas o seu exercício. Realizado o ato, já surgem o crédito e o débito, estando estes apenas com a exigibilidade suspensa. OBRIGAÇÕES MODAIS São aquelas ordenadas com um encargo (ônus), imposto a uma das partes, que experimentará um benefício maior. Essa espécie de determinação acessória não suspense a aquisição nem o exercício do direito, ressalvada a hipótese de haver sido fixado o encargo como condição suspensiva (art. 136, CC/02). Por não suspender os efeitos do negócio jurídico, o não cumprimento do encargo não gera a invalidade da avença, mas sim apenas a possibilidade de sua cobrança, ou, eventualmente, posterior revogação, como no caso de ser instituído em doação. OBRIGAÇÕES DE MEIO É aquela em que o devedor se obriga a empreender sua atividade, sem garantir, todavia, o resultado esperado. OBRIGAÇÕES DE RESULTADO O devedor se obriga não apenas a empreender a sua atividade, mas, principalmente, a produzir o resultado esperado pelo credor. OBRIGAÇÕES DE GARANTIA Tais obrigações têm por conteúdo eliminar riscos que pesam sobre o credor, reparando suas conseqüências. A eliminação do risco (que pertencia ao credor) representa bem suscetível de aferição econômica. OBRIGAÇÃO NATURAL É um debitum em que não se pode exigir, judicialmente, a responsabilização patrimonial do devedor, mas que, sendo cumprido, não caracterizará pagamento indevido. Distingue-se da obrigação civil por não ser dotada de exigibilidade. A obrigação natural não se identifica com o dever moral, pois representa uma dívida efetiva, proveniente de uma causa precisa. O objeto de sua prestação pertence, do ponto de vista ideal, ao patrimônio do credor, de modo que, não cumprida a obrigação, sofre ele um prejuízo, o que não se verifica quando há o descumprimento de um dever moral. Classificação das obrigações naturais a. Quanto a tipicidade: poderá ser típica ou atípica, na medida em que é prevista tem texto legal como relação obrigacional inexigível. b. Quanto a origem: poderá ser originária, quando é inexigível desde o início, como a dívida de jogo, ou derivada ou degenerada, quando nasce como obrigação civil, perdendo depois a exigibilidade. c. Quanto aos efeitos produzidos: a obrigação natural será comum ou ilimitada. A primeira é a que admite todos os efeitos da obrigação civil, salvo os que se refiram à exigibilidade judicial. Já a segunda é a que se restringe à retenção do pagamento, negando-lhe a lei outros efeitos como a novação, a fiança e a promessa de pagamento. TEORIA DO PAGAMENTO – CONDIÇÕES SUBJETIVAS E OBJETIVAS Paga não apenas aquele que entrega a quantia em dinheiro (obrigação de dar), mas também o indivíduo que realiza uma atividade (obrigação de fazer) ou, simplesmente, se abstém de um determinado comportamento (obrigação de não fazer). O pagamento é fato jurídico1, na medida em que tem o condão de resolver a relação jurídica obrigacional. 1 Fato jurídico – todo acontecimento que produz efeitos na órbita do direito, a exemplo do que ocorre com o pagamento. Condições Subjetivas do Pagamento - De quem deve pagar Art. 304, CC/02 – “qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor. Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste.” Existem duas espécies de terceiros: a. O terceiro interessado – a pessoa que, sem integrar o pólo passivo da relação obrigacional-base, encontra-se juridicamente adstrita ao pagamento da dívida, a exemplo do fiador que se obriga ao cumprimento da obrigação caso o devedor direto (afiançado) não o faça. b. O terceiro não interessado – trata-se de pessoa que não guarda vinculação jurídica com a relação obrigacional-base, por nutrir interesse meramente moral. É o caso do pai, que paga a dívida do filho maior, ou do provecto amigo, que honra o débito do seu compadre. Duas situações podem ocorrer: a. O terceiro não interessado paga a dívida em nome e à conta do devedor (art. 304, CC/02) – neste caso, não tem, a priori, o direito de cobrar o valor que desembolsou para solver a dívida, uma vez que o fez, não por motivos patrimoniais, mas por sentimentos filantrópicos, pelo que pode, inclusive, lançar mão dos meios conducentes à exoneração do devedor, a exemplo da consignação em pagamento. b. O terceiro não interessado paga a dívida em seu próprio nome (art. 305, CC/02) – neste caso, tem o direito de reaver o que pagou, embora não se sub-rogue nos direitos do credor. Se paga em seu próprio nome, poderá cobrar do devedor o que pagou, mas não substituirá o credor em todas as suas prerrogativas. Reconhece ao devedor a faculdade de opor-se ao pagamento da dívida por terceiro, quando houver justo motivo para tanto: havendo o desconhecimento ou a oposição do devedor, e o pagamento ainda assim se der, o terceiro não terá direito de reembolsar-se, nos termos do art. 306, CC/02, desde que o devedor, obviamente, disponha de meios para solver a obrigação. Pagamento de coisa que importe transferência de domínio – nos termos do art. 307, CC/02, por razões óbvias, o pagamento só poderá ser feito pelo titular do objeto cuja propriedade se pretenda transferir. Quer-se com isso, evitar a chamada alienação a non domino, ou seja, aquela efetuada por quem não seja proprietário da coisa. Se, todavia, se der em pagamento coisa fungível, não se poderá mais reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e a consumiu, ainda que o devedor não tivesse o direito de aliená-la. Nesse caso, o verdadeiro proprietário da coisa deverá exigir, não do credor de boa-fé, mas do próprio devedor, as perdas e danos devidas por força da alienação indevida. Exemplo: Caio, em pagamento de uma dívida, transfere a Tício a propriedade de duas sacas de trigo. Este, de boa fé, as recebe e consome. Posteriormente, descobre-se que o cereal pertencia a Xisto, de modo que a alienação fora dada a non domino. Em qual hipótese, Xisto deverá reclamar de Caio, e não de Tício, perdas e danos devidos por força do prejuízo que experimentou. - Daqueles a quem se deve pagar Poderá ser feito às seguintes pessoas: a. Credor b. O representante do credor c. O terceiro Art. 308, CC/02 – “O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito.” Em primeiro plano, o pagamento deve ser feito ao credor, sujeito ativo titular do crédito. Poderá, todavia, ocorrer a transferência inter vivos (por meio da cessão de crédito) ou post mortem (em face da morte do credor originário) do direito, de maneira que o cessionário, no primeiro caso, e o herdeiro ou legatário, no segundo, passarão a ter legitimidade para exigir ocumprimento da dívida. O pagamento só será válido até o montante do beneficio experimentado pelo credor. Vale dizer, se o terceiro apenas em parte reverteu o que pagou em benefício do credor, este continuará com o direito de exigir o restante do crédito, não recebido. Art. 309, CC/02 – credor putativo – chama-se credor putativo a pessoa que, estando na posse do título obrigacional, passa aos olhos de todos como sendo o verdadeiro titular do crédito (credor aparente). Requisitos indispensáveis para a validade do pagamento ao credor putativo (aparente) são: a. A boa fé do devedor; b. A escusabilidade de seu erro. Condições Objetivas do Pagamento As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente nacional, pelo seu valor nominal (art. 315, CC/02). Nada impede, outrossim, a adoção de cláusulas de escala móvel, para que se realize a atualização monetária da soma devida segundo critérios escolhidos pelas próprias partes. A obrigação cujo objeto compreenda prestações sucessivas possa aumentar progressivamente (art. 316). Essa regra, em verdade, decorre de prática negocial difundida, quando as partes, no próprio contrato, adotam critério de aumento progressivo das parcelas a serem adimplidas.