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Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Tecnologia - CT Departamento de Engenharia de Produção ESTATÍSTICA PARA ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Prof. Luciano Queiroz Natal/RN 20/03/14 Sumário Inferência estatística Teste de hipótese No dia-a-dia, assim como no estudo das ciências, nos deparamos com questionamentos acerca de nossas teorias. Nossos modelos mentais são construídos ao longo do tempo, de forma progressiva, conforme nós observamos dados e tiramos conclusões todos os dias. Pelo entendimento de como isso ocorre, pode-se começar a atingir um determinado domínio sobre esse processo implícito. Introdução Considere a seguinte reportagem (fonte: The Associated Press – 07/09/1995): “Um estudo sugere que a ingestão de uma aspirina a cada dois dias diminui na metade o risco de desenvolver câncer no cólon do intestino. Entretanto, os benefícios podem aparecer apenas após 10 anos de uso. De acordo com a Sociedade Americana de Câncer o risco de desenvolver um câncer é de 1 em 16.” Diante da informação acima, deve-se ou não começar o tratamento preventivo à base de aspirina? Nessa situação, têm-se duas teorias, uma confrontando a outra. Em estatística, as teorias em estudo recebem nomes especiais, hipóteses. Mais especificamente, hipótese nula e hipótese alternativa. Exemplo Definição 1.4: A hipótese nula, denotada por H0 é geralmente a crença convencional ou ponto de vista prevalente. Normalmente, a hipótese nula é a afirmação de que não aconteceu nada de novo, não há efeito, ou não houve mudança na população. Definição 1.5: A hipótese alternativa, denotada por H1, é a crença concorrente a H0. Em muitas situações a hipótese alternativa reflete o que o pesquisador gostaria que fosse verdade, refletindo uma mudança na população. Definições Dessa maneira, no exemplo da reportagem sobre o efeito da aspirina na redução de câncer de cólon, as hipóteses seriam: H0: Tomar uma aspirina de dois em dois dias não reduzirá o risco de desenvolver câncer no cólon do intestino, que é de 1 em 16. H1: Tomar uma aspirina de dois em dois dias reduzirá o risco de desenvolver câncer no cólon do intestino, que é de 1 em 16. Exemplo Em cada situação abaixo escreva as hipóteses nula e alternativa. (a) Suponha que você trabalha para uma empresa que fabrica panelas de pressão, cujo tempo médio de uso é de 10 anos. Para ganhar uma fatia maior no mercado, um novo material será desenvolvido com o propósito de aumentar o tempo médio de uso para 15 anos. (b) Num experimento famoso sobre a “honestidade” de um dado (todas as faces com probabilidades iguais) num total de 315.672 lançamentos, 106.656 resultaram nas faces 5 ou 6. Se o dado for “honesto” a proporção verdadeira seria 1/3. Todavia, um exame detalhado do dado sugere que as marcações nas faces indicando o número da face são feitas em baixo relevo. Como as faces 5 e 6 têm mais marcações que as demais, há a possibilidade dessas faces serem mais leves. Por conseguinte, a probabilidade de saírem as faces 5 e 6 poderá ser diferente de 1/3. Exercícios 1.1 É bastante comum, em revistas científicas, frases do tipo: “... mas os resultados não foram estaticamente significantes” ou “... há uma diferença significativa entre os grupos”. O pesquisador gostaria que os dados concordassem com a sua teoria. Lembrando que a hipótese alternativa normalmente representa uma teoria nova, e assim associada à proposição do pesquisador. Portanto, o pesquisador, gostaria de rejeitar a hipótese nula. Quando se rejeita a hipótese nula em detrimento da hipótese alternativa, diz-se que os dados são estatisticamente significantes. Exemplo Definição 1.6: Os dados coletados são estatisticamente significantes se os mesmos forem bastante improváveis de serem observados sob a suposição de H0 ser verdadeira. Caso haja rejeição de H0, então os dados são estatisticamente significantes. Definição Um determinado vendedor de peixe na feira do Alecrim tem recebido muitas reclamações de clientes sobre o peso registrado na sua balança. Seus clientes alegam que a balança fornece um peso superior ao verdadeiro, resultando num custo maior para os consumidores. Para não perder a freguesia, o vendedor de peixe decide fazer um experimento, considerando as seguintes hipóteses: H0: A sua balança não fornece um peso acima do real. H1: A sua balança fornece um peso acima do real. Exercício 1.2 Se houver evidências de que a balança de fato dá um peso maior, o vendedor compensará os seus clientes, com um desconto nas próximas compras, e ajustará a sua balança. Após o experimento, o vendedor conclui que os dados são estatisticamente significantes. Qual hipótese foi rejeitada? O vendedor teve que dar algum desconto para seus clientes? Pode haver algum erro na conclusão? Em caso afirmativo, descreva-o. Exercício 1.2 Um princípio do sistema jurídico brasileiro é que o réu é inocente até que se provem o contrário. Nesse contexto quais seriam as hipóteses nula e alternativa? A hipótese nula refletirá a situação prevalente, isto é, o réu é inocente. A hipótese alternativa, portanto, refletirá o oposto, ou seja, o réu é culpado. H0: o réu é inocente. H1: o réu é culpado. Durante o julgamento, ambos os advogados apresentam seus casos. O júri pesa as evidências contra e favor do réu para decidir se há evidências suficientes para condenar o réu. O sistema judiciário não é perfeito. Se o júri julgar pela inocência do réu e na verdade o réu for culpado, um erro foi cometido. Da mesma forma, se o júri julgar que o réu é culpado, mas na verdade o réu for inocente, outro erro foi cometido. Em estatística temos nomes especiais para tais erros. 1.1.2 – QUE TIPOS DE ERROS PODEMOS COMETER? Definição 1.7: Erro do tipo I – é o erro que ocorre quando se rejeita a hipótese nula, quando de fato ela é verdadeira. Definição 1.8: Erro do Tipo II - é o erro que ocorre quando não se rejeita a hipótese nula, quando de fato ela é falsa. Definição Você planeja ir a uma festa hoje à noite. Sabendo que há uma probabilidade de 70% de chuva prevista para a noite que decisão você tomaria? H0: Hoje à noite irá chover. H1: Hoje à noite não irá chover. Os dois tipos de erro que se poderia cometer são: Erro do tipo I: Decidir pela hipótese que não irá chover quando de fato choverá Erro do tipo II: Decidir pela hipótese que irá chover quando de fato não choverá Tipos de erro Quais são as consequências ao se cometer cada tipo de erro? A consequência de se cometer o erro do tipo I é se molhar na chuva, uma vez que não se levaria capa de chuva ou um guarda-chuva. A consequência de se cometer o erro do tipo II é que se teria que carregar a capa de chuva ou o guarda-chuva, sem precisar usá-los. Qual das duas consequências é a mais séria? A consequência mais séria é a de se molhar e ficar molhado durante a festa. Tipos de erro Um estudo é conduzido para testar se uma droga nova é mais eficiente que uma droga padrão usada para combater uma específica dor de cabeça. As hipóteses são: H0: A nova droga é tão eficiente quanto a droga padrão. H1: A nova droga é mais eficiente que a droga padrão. O estudo foi conduzido identificando pacientes que sofrem da específica dor de cabeça e dividindo-os em dois grupos de mesmo tamanho. Um sorteio é realizado para determinar qual dos dois grupos receberá a nova droga. O outro grupo receberá, então, a droga padrão. A proporção de cura para ambas as drogas é registrada. Quais são os dois tipos de erros que se poderia cometer ao se decidir por uma das hipóteses? Exercício 1.3 Erro do Tipo I – rejeitar H0 quando H0 é verdadeira Erro doTipo II – não rejeitar H0 quando H1 é verdadeira Quais são as consequências de se cometer o erro do tipo I? Quais são as consequências de se cometer o erro do tipo II? Qual dos dois tipos de erro pode ser considerado mais sério do ponto de vista ético? Exercício 1.3 Observação: Lembre-se que os dados compõem uma amostra, e dependendo da amostra pode-se tomar uma decisão incorreta. Esta é uma das razões para dar continuidade ao ciclo do método científico como parte do processo de aprendizado. Normalmente, deseja-se proteger o ponto de vista prevalente assegurando uma pequena probabilidade de se cometer o erro do tipo I. Exercício 1.3 Para pensar! Se as consequências da ocorrência do erro do tipo I são consideradas sérias, por que não fazer com que a probabilidade desse erro seja zero? Para se atingir zero para a probabilidade do erro do tipo I, nunca H0 seria rejeitada e, portanto, nunca nenhuma teoria nova seria aceita. É necessário que o pesquisador esteja disposto a aceitar uma pequena probabilidade de cometer um erro. Em estatística a probabilidade de se cometer o erro do tipo I é chamada de nível de significância e denota-se pela letra grega 𝛼. A probabilidade de se cometer o erro do tipo II é denotado pela letra grega 𝛽. Exercício 1.3 Definição: 𝛼 = nível de significância = a probabilidade de se cometer o erro do tipo I = a probabilidade de rejeitar a hipótese nula (H0) quando ela é verdadeira. 1- 𝛼 = nível de confiança = a probabilidade de não rejeitar a hipótese nula (H0) dado que H0 é verdadeira. Exercício 1.3 Definição: 𝛽 = a probabilidade de se cometer o erro do tipo II = a probabilidade de não rejeitar a hipótese nula (H0) quando a hipótese alternativa (H1) é verdadeira. 1- 𝛽 = poder do teste = a probabilidade de rejeitar a hipótese nula (H0) dado que H0 é falsa. Exercício 1.3
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