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4 - DAS PESSOAS – Pessoa natural Pessoa Natural é o ser humano capaz de adquirir direitos e contrair obrigações na esfera civil. CC, Art. 1º. Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. A personalidade jurídica é a aptidão genérica para titularizar direitos e contrair obrigações (Posição clássica). Ou seja, a personalidade jurídica é o atributo necessário para ser pessoa. 4.1 - Quando a pessoa física adquire essa personalidade jurídica? CC, Art. 2º. A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Interpretando literalmente - CC, art. 2º, 1ª parte – A personalidade jurídica acontece a partir do nascimento com vida, momento em que o recém nascido passa a ser sujeito de direito. No Brasil, nascimento com vida = funcionamento do aparelho cárdio-respiratório – Questões sucessórias* Direito comparado: Art. 30 CC espanhol – necessidade de “forma humana” e sobrevida de pelo menos 24 horas, requisitos não exigidos no Brasil por respeito ao princípio da dignidade da pessoa humana. Art. 2º, 2ª parte – A personalidade civil começa do nascimento com vida, mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do NASCITURO. Mas o que é nascituro? É pessoa? Tem personalidade jurídica? É sujeito de direitos? Tem direitos resguardados e não é pessoa? E o art. 1º CC??? Segundo Limongi França, o nascituro é o ente concebido, mas ainda não nascido. O ente com vida intra-uterina. *Não confundir com embrião e com concepturo. Nascituro é pessoa? Teorias explicativas do nascituro: - TEORIA NATALISTA: A personalidade só é adquirida a partir do nascimento com vida, assim, o nascituro não é considerado pessoa, tendo mera expectativa de direito. Defendida por Silvio Rodrigues. *CC, art. 2º??? - TEORIA DA PERSONALIDADE CONDICIONAL O nascituro gozaria apenas de direitos da personalidade, muito embora para efeitos patrimoniais a sua personalidade somente se consolidaria a partir do nascimento com vida. Nascituro não possui personalidade jurídica, possuiria uma personalidade jurídica condicional. Defendida por Washington de Barros e Fábio Ulhoa Coelho - TEORIA CONCEPCIONISTA Afirma que o nascituro é dotado de personalidade, é pessoa, porque se é sujeito de direitos, é pessoa. Os direitos patrimoniais permanecem condicionados ao nascimento com vida. Defendida pela doutrina moderna (Teixeira de Freitas, Pontes de Miranda, Flávio Tartuce, Rubens Limongi França, Maria Berenice Dias, Silmara Chinelato) e muito usada pelos Tribunais de SP e RS. Ganhou reforço com a Lei 11.804/2008 – Lei de Alimentos Gravídicos (Matéria polêmica). Não se pode negar personalidade jurídica ao nascituro, pois, segundo Silmara Chinelato: ...quem afirma direitos e obrigações, afirma personalidade, sendo a capacidade de direito e o status atributos da personalidade. A diferença entre a Teoria Condicionalista e a Teoria Concepcionista se funda apenas na qualificação jurídica do nascituro – Se possui ou não personalidade jurídica. Explica Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald: Enfim, a distinção entre a teoria condicionalista e a teoria concepcionista é, tão somente, relativa à qualificação jurídica: para os concepcionistas, se o nascituro dispõe de direitos da personalidade é porque já tem a própria personalidade jurídica, apesar dos direitos patrimoniais ficarem condicionados; de outra banda, os condicionalistas afirmam que, a pesar de já titularizar os direitos da personalidade, se os direitos patrimoniais estão condicionados, a personalidade jurídica, como um todo, está condicionada. CC/NR Independentemente da teoria adotada, a ordem jurídica brasileira protege o nascituro. Vejamos alguns exemplos: o Possui direitos personalíssimos; Como direito à vida, à proteção pré-natal… Art. 7º do ECA diz: “A criança e o adolescente têm direito à proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência”. O STJ possui julgados que admitem indenização por dano moral ao nascituro. Se o dano moral consiste no dano proveniente da violação a direito da personalidade, tais entendimentos acabam por reconhecer direitos da personalidade aos nascituros. Possui direito à imagem (Caso de uso indevido das imagens de ultra-sonografia) o Pode receber doação, sem prejuízo do recolhimento do imposto de transmissão inter vivos; o Pode ser beneficiário de legado e herança; o Pode ser-lhe nomeado curador para a defesa de seus interesses (arts. 877 e 878, CPC); o O aborto é considerado crime pelo Código Penal; o Tem direito à realização de teste de DNA para determinação de sua paternidade (perfilhação), para resguardar seu direito de personalidade – Caso Glória Trevis - Rcl 2.040, D.j. 27.06.03. Matéria ainda polêmica, mas a jurisprudência vem conferindo direito à alimentos, direito à reparação por dano moral, e até indenização ao nascituro. Vejamos: “INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. ALIMENTOS PROVISÓRIOS EM FAVOR DO NASCITURO. POSSIBILIDADE. ADEQUAÇÃO DO QUANTUM. 1. Não pairando dúvida acerca do envolvimento sexual entretido pela gestante com o investigado, nem sobre a exclusividade desse relacionamento, e havendo necessidade da gestante, justifica-se a concessão de alimentos em favor do nascituro. 2. Sendo o investigado casado e estando também sua esposa grávida, a pensão alimentícia deve ser fixada tendo em vista as necessidades do alimentando, mas dentro da capacidade econômica do alimentante, isto é, focalizando tanto os seus ganhos como também os encargos que possui. Recurso provido em parte. (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 70006429096, SÉTIMA CAMARA CÍVEL, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS CHAVES, JULGADO EM 13/08/2003)”. “DIREITO CIVIL. DANOS MORAIS. MORTE. ATROPELAMENTO. COMPOSIÇÃO FÉRREA. AÇÃO AJUIZADA 23 ANOS APÓS O EVENTO. PRESCRIÇÃO INEXISTENTE. INFLUÊNCIA NA QUANTIFICAÇÃO DO QUANTUM. PRECEDENTES DA TURMA. NASCITURO. DIREITO AOS DANOS MORAIS. DOUTRINA. ATENUAÇÃO. FIXAÇÃO NESTA INSTÂNCIA. POSSIBILIDADE. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. I – Nos termos da orientação da Turma, o direito à indenização por dano moral não desaparece com o decurso do tempo (desde que não transcorrido o lapso prescricional), mas é fato a ser considerado na fixação do quantum. II – O nascituro também tem direito aos danos morais pela morte do pai, mas a circunstância de não tê- lo conhecido em vida tem influência na fixação do quantum. III – Recomenda-se que o valor do dano moral seja fixado desde logo, inclusive nesta instância, buscando dar solução definitiva ao caso e evitando inconvenientes e retardamento da solução jurisdicional. “ (STJ, QUARTA TURMA, RESP 399028/SP; RECURSO ESPECIAL 2001/0147319-0, MINISTRO SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, Julg. 26/02/2002, DJ 15.04.2002 P. 00232) Notícia do Correio Brasiliense de 09 de fevereiro de 2007: “Por ter sido considerado torturado durante o regime militar, ainda na barriga da mãe, João Carlos de Almeida Grabois, filho da ex-guerrilheira Criméia Grabois, pode ser indenizado na próxima terça-feira, no valor máximo de R$ 39 mil a ser pago pela Comissão de Ex-Presos Políticos de São Paulo. Em 2004, a Comissão já havia reconhecido e feto como preso político e vítima dos torturadores. Grávida de 7 meses, quandofoi presa e levada para o DOI-Codi, Criméia foi torturada com choques e espancamento. O bebê nasceu com afundamento no peito, segundo a família. “Ele foi perseguido antes de nascer. Pagou pela trajetória política do avô, da mãe e do pai, que tinham o sobrenome Grabois”, disse a tia de João Carlos, Amélia Telles. João Carlos recorreu da primeira sentença, que determinava o valor mínimo para este tipo de indenização, que é de 22 mil.” É, portanto, inegável a existência de diversos direitos da personalidade concedidos aos nascituros. Por isso, Maria Helena Diniz determina que o NASCITURO POSSUI PERSONALIDADE JURÍDICA FORMAL, a qual possibilita o exercício e a proteção desses direitos personalíssimos. 4.2 – Natimorto O natimorto é aquele que nasceu morto. Não é nascituro e não é pessoa, mas goza de certa tutela como determina o Enunciado nº 01 da I Jornada de Direito Civil: “1 – Art. 2º: a proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como nome, imagem e sepultura.” 5 - CAPACIDADE CIVIL Ao estudar a capacidade civil, temos o momento oportuno para conhecer a nova teoria da PERSONALIDADE JURÍDICA. Historicamente, a personalidade jurídica sempre foi conhecida como a aptidão genérica para titularizar direitos e deveres, aptidão esta conferida às pessoas. Ocorre que, por um olhar mais acurado, pode-se perceber que a personalidade jurídica, conferida somente às pessoas, não pode consistir apenas na aptidão genérica para titularizar direitos e deveres. Existem outros entes (entes despersonalizados) que são aptos a titularizar direitos e deveres e nem por isso possuem personalidade jurídica, como o condomínio, a massa falida e a sociedade de fato. Dessa forma, não se pode, efetivamente, atrelar a personalidade jurídica, simplesmente, à possibilidade de titularizar relações jurídicas. Não se pode, enfim, represar a idéia de personalidade jurídica, tão somente, na potencialidade de ser sujeito de direitos, afinal é possível sê-lo, independentemente dela. Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald. Personalidade jurídica, então, é algo a mais. É a principal conseqüência do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana. Com esteio em avançada visão civil-constitucional, a personalidade jurídica é o atributo reconhecido a uma pessoa (natural ou jurídica) para que possa atuar no plano jurídico (titularizando as mais diversas relações) e reclamar uma proteção jurídica mínima, básica, reconhecida pelos DIREITOS DA PERSONALIDADE. A personalidade jurídica é, assim, muito mais do que, simplesmente, poder ser sujeito de direitos. Titularizar a personalidade jurídica significa, em concreto, ter uma TUTELA JURÍDICA ESPECIAL, consistente em reclamar direitos fundamentais, imprescindíveis ao exercício de uma vida digna. ... Cuida-se de uma aptidão genericamente reconhecida: toda pessoa é dotada de personalidade. É a possibilidade de ser titular de relações jurídicas e de reclamar o exercício da cidadania, garantida constitucionalmente, que será implementada (dentre outras maneiras) através dos DIREITOS DA PERSONALIDADE. (Grifo nosso) Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald. A personalidade jurídica é uma “ossatura destinada a ser revestida de direitos” (Grifo nosso) San Tiago Dantas citado por CC e NR A personalidade, mais do que qualificação formal, é um valor jurídico que se reconhece nos indivíduos e, por extensão, em grupos legalmente constituídos, materializando-se na capacidade jurídica ou de direito. (Grifo nosso) Francisco Amaral. Sabendo agora a posição clássica e moderna sobre a personalidade jurídica, podemos seguir ao estudo da capacidade civil: A capacidade civil se divide em duas: - Capacidade civil de direito (de gozo) - Capacidade civil de fato (de exercício) A capacidade civil de direito seria a capacidade genérica, aquela que surge quando adquirida a personalidade jurídica (toda pessoa passa a ser capaz de direitos e deveres). Como diz Orlando Gomes, seria melhor nem tentar diferenciar capacidade civil de direito de personalidade jurídica. São termos que se confundem. Se possui personalidade jurídica, possui capacidade genérica, e vice-versa, pois uma é atributo de condição da outra. Ocorre que pela teoria moderna da personalidade jurídica, conseguimos encontrar distinção entre personalidade jurídica e capacidade jurídica. Personalidade jurídica X Capacidade Jurídica. Antigamente, a personalidade jurídica conferia às pessoas a aptidão para ser sujeito de direito, o que gerava a capacidade jurídica, que quando plena possibilitava a prática pessoal de atos. Pontes de Miranda foi o primeiro doutrinador a questionar essa estrutura trazendo à discussão os entes despersonalizados. Os entes despersonalizados são sujeitos de direito, são capazes de direitos e deveres, titularizam relações jurídicas, mas nunca possuíram personalidade jurídica. Assim, Pontes de Miranda diferenciou personalidade jurídica de capacidade civil. Personalidade jurídica confere a PROTEÇÃO ELEMENTAR DIFERENCIADA (Que pode ser implementada pelos DIREITOS DA PERSONALIDADE) – Titulariza relações EXISTENCIAIS e PATRIMONIAIS. Capacidade Jurídica confere a aptidão para ser sujeito de direito – Titulariza relações PATRIMONIAIS. Os entes despersonalizados não possuem personalidade jurídica, mas possuem capacidade jurídica. Não podem reclamar direitos da personalidade. Ex: Condômino pode reclamar dano moral, condomínio não. Nesse diapasão, exemplificando, uma criança ou adolescente tem personalidade (e, por conseguinte, direito a uma vida digna), mas não tem capacidade. Em sendo assim, poderá manifestar a sua vontade em relação à sua adoção por um terceiro, por exemplo, mas não lhe é reconhecido o direito de celebrar um contrato de doação ou de arrendamento. Ou seja, relações existenciais podem ser titularizadas por quem tem personalidade, mesmo que não tenha plena capacidade. Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald Isso se confirma no art. 1º do Código Civil: CC, Art. 1º. Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil, mas nem todo aquele que é capaz de direitos e deveres na ordem civil é pessoa. Já a capacidade civil de fato é a aptidão para se praticar ou exercer pessoalmente os atos da vida civil. Nem todos possuem. Por exemplo, uma criança de 10 anos tem capacidade de direito, mas não tem capacidade de fato. Capacidade de fato admite VARIAÇÃO e GRADAÇÃO, diferente da capacidade de direito que é absoluta. Capacidade de fato decorre de condições biológicas e legais. CD + CF = Capacidade PLENA Todas essas considerações distintivas entre a capacidade de fato e a capacidade de direito somente se justificam, no atual estágio do Direito Civil, plasmado pelas garantias constitucionais, para o exercício de direitos patrimoniais. Isto é, no que tange ao exercício de situações jurídicas patrimoniais, ainda perdura a utilidade de apartar a capacidade de gozo (ser titular da relação jurídica) da capacidade de exercício (poder praticar o ato pessoalmente). Essa distinção classificatória, porém, não mais tem guarida quando se tratar de relações jurídicas existenciais, como no exemplo dos direitos da personalidade. Quanto aos interesses existenciais, é certo e induvidoso que qualquer pessoa humana – maior ou menor, dotada ou não de capacidadede exercício – pode exercê-los e reclamá-los direta e pessoalmente, sob pena de um comprometimento de sua dignidade. Cristiano Chaves/Nelson Rosenvald Incapacidade X Ilegitimidade Qual a diferença entre incapacidade e ilegitimidade? Incapacidade é a falta da capacidade de fato. Capacidade de direito todos aqueles que nasceram com vida possuem. Essa incapacidade pode ser absoluta – CC, art. 3º, ou relativa – CC, art. 4º. A ilegitimidade é o impedimento específico para a prática de determinado ato jurídico, por exemplo: CC, art. 1.749, I – tutor não pode adquirir bens do tutelado. O tutor é capaz, mas falta a ele legitimidade por haver impedimento específico. Diz Silvio Venosa: “Não se confunde o conceito de capacidade com o de legitimação. A legitimação consiste em se averiguar se uma pessoa, perante determinada situação jurídica, tem ou não capacidade para estabelecê-la. A legitimação é uma forma específica de capacidade para determinados atos da vida civil. O conceito é emprestado da ciência processual. Está legitimado para agir em determinada situação jurídica quem a lei determinar. Por exemplo, toda pessoa tem capacidade para comprar ou vender. Contudo, o art. 1.132 (art. 496 CC 2002) do Código Civil estatui: „os ascendentes não podem vender aos descendentes, sem que os outros descendentes expressamente consintam‟. Desse modo, o pai, que tem capacidade genérica para praticar, em geral, todos os atos da vida civil, se pretender vender um bem a um filho, tendo outros filhos, não poderá fazê-lo se não conseguir a anuência dos demais filhos. Não estará ele, sem tal anuência, „legitimado‟ para tal alienação. Num conceito bem aproximado da ciência do processo, legitimação é a pertinência subjetiva de um titular de um direito com relação a determinada relação jurídica. A legitimação é um plus que se agrega à capacidade em determinadas situações.” 5.1 – ROL DOS ABSOLUTAMENTE INCAPAZES - 1916 X 2002 O Código Civil de 1916, em seu art. 5º, determinava como absolutamente incapazes: - os menores de 16 anos, - os loucos de todo gênero; - os surdos-mudos, que não puderem exprimir a sua vontade; - os ausentes, declarados tais por ato de juiz. O Código de 2002, com sua visão mais moderna do Direito Civil, determina como absolutamente incapazes: CC, Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I - os menores de dezesseis anos; II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. - Os menores de 16 anos; Menores impúberes. Crianças e adolescentes até 16 anos. ECA, art.2º: Criança=Até 12 anos incompletos / Adolescente=Entre 12 e 18 anos. Pode a vontade dos absolutamente incapazes ser levada em consideração? Enunciado 138, III Jornada de Direito Civil: “Art. 3º: 138 – A vontade dos absolutamente incapazes, na hipótese do inc. I do art. 3º, é juridicamente relevante na concretização de situações existenciais a eles concernentes, desde que demonstrem discernimento bastante para tanto.” - Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; Esquizofrenia, transtorno bipolar grave, epilepsia, qualquer doença que prive totalmente o discernimento. “Loucos de todo gênero” é um expressão que não diz nada. Essa incapacidade deve ser oficialmente reconhecida por processo de interdição (Arts. 1.177 e 1.186 do CPC), mas a doutrina admite uma “incapacidade natural” quando ainda não ocorrido o processo de interdição. Nesse caso, se admite a invalidação do ato praticado pelo incapaz apenas se demonstrados o prejuízo ao incapaz, a má-fé da outra parte e a real incapacidade do agente. Ocorrendo a declaração judicial de incapacidade (interdição), mesmo que esta seja proveniente de enfermidade “cíclica”, não serão considerados válidos nem os atos praticados nos momentos de lucidez. Em regra, os atos praticados pelo incapaz mesmo antes da interdição são inválidos. Vale dizer, se praticados por absolutamente incapaz são nulos, enquanto que se praticados por relativamente incapaz, são anuláveis. Isto porque a sentença de interdição, conforme doutrina civilista, apenas declara a situação de incapacidade já existente antes. Portanto, em regra os atos praticados por incapazes são nulos ou anuláveis. A exceção se faz quando tais atos são praticados com terceiro de boa fé, ou seja, aquele que não sabia e não teria como saber que o outro possuía alguma incapacidade. Esse é o entendimento do STJ, senão vejamos: REsp 296.895-PR. Nulidade de ato jurídico praticado por incapaz antes da sentença de interdição. Reconhecimento da incapacidade e da ausência de notoriedade. Proteção do adquirente de boa-fé. Precedentes da Corte. 1. A decretação da nulidade do ato jurídico praticado pelo incapaz não depende da sentença de interdição. Reconhecida pelas instâncias ordinárias a existência da incapacidade, impõe-se a decretação da nulidade, protegendo-se o adquirente de boa-fé com a retenção do imóvel até a devolução do preço pago, devidamente corrigido, e a indenização das benfeitorias, na forma de precedente da Corte. 2. Recurso especial conhecido e provido. Autor: Elisa Maria Rudge Ramos; - Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir a sua vontade. Aqueles que em razão de causa temporária (ou permanente) estejam impossibilitados de exprimir sua vontade. Ex: Intoxicação fortuita*, coma por acidente de veículo. E o “actio libera in causa” – “Ação livre na causa”?? E o surdo-mudo incapaz de manifestar vontade? E o ausente? O Código Civil de 2002 retirou de seu texto a referência expressa ao surdo-mudo incapaz de manifestar vontade e ao ausente. No Código de 1916 o surdo-mudo era determinado expressamente como absolutamente incapaz. No Código de 2002 não há mais essa necessidade, pois este já se encontra implicitamente no inciso III do art. 3º, que diz “… mesmo que por causa transitória...”. Se a causa transitória de impedimento de expressão gera incapacidade absoluta, a causa permanente, de forma óbvia, também gerará. O ausente, para o Código de 2002, não é mais considerado absolutamente incapaz, e sim morto – morte presumida. 5.2 – ROL DOS RELATIVAMENTE INCAPAZES - 1916 X 2002 O Código Civil de 1916, em seu art. 6º, determinava como relativamente incapazes (relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer): - os maiores de 16 e menores de 21 anos, - os pródigos, - os silvícolas O Código de 2002, com sua visão mais moderna do Direito Civil, determina como relativamente incapazes: CC, Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV - os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. - Os maiores de 16 e menores de 18 anos; Menores púberes. CC 2002 reduziu a maioridade civil para 18 anos. Critério objetivo do homem-médio. - Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; **Cuidado! A embriaguez, o vício e a deficiênciaque geram incapacidade relativa são as que DIMINUEM, mas não ACABAM com o discernimento. Se o aniquilam (caso da embriaguez patológica ou dependência química total) geram incapacidade absoluta. - Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; Síndrome de Down. - Os pródigos. Desvio comportamental – Pessoa dilapida desordenadamente seu patrimônio, de tal forma que pode chegar à completa miséria. A motivação da lei é garantir-lhe o mínimo vital, preservando assim a dignidade da pessoa humana, e protegê-lo para que não venha procurar o Estado, ou a família (base da sociedade) para sanar sua pobreza. A preservação do mínimo vital, da dignidade da pessoa humana, é um interesse da sociedade, não só do indivíduo. Será interditado – CC, Art. 1.782 – a interdição se reduzirá aos atos relacionados ao patrimônio. *A capacidade dos ÍNDIOS* será determinada por lei especial (Lei nº 5.371/67 e Lei nº 6.001/73 – Estatuto do Índio). E.I., Art. 8º considera, regra geral, o ato do índio como nulo de pleno direito, todavia, será considerado válido se o índio revelar consciência e não lhe acarretar prejuízo. 5.3 – SUPRIMENTO DA INCAPACIDADE A incapacidade deverá ser suprida, seja ela absoluta ou relativa. - Incapacidade absoluta é suprida através da representação. - Incapacidade relativa é suprida através da assistência. 5.4 – FIM DA INCAPACIDADE Finda a incapacidade quando findar a sua causa (seja ela fruto de enfermidades ou pela menoridade) e por emancipação. Para o novo Código Civil, aos 18 anos completos finda a menoridade e inicia-se a maioridade plena, momento em que a pessoa obtém capacidade para a prática de todos os atos da vida civil. Segundo Washington de Barros, opinião que prevalece na doutrina, a maioridade é atingida no primeiro momento do dia em que se completa os 18 anos. E se nasceu no dia 29 de fevereiro?? 1º de março. A emancipação é uma forma de antecipação da capacidade civil de fato de uma pessoa (antecipa os efeitos da maioridade civil), atribuindo-lhe plena capacidade jurídica para gerir seus negócios e dispor de seus bens. Assim, em casos não relativos a enfermidades, há duas formas de obtenção da capacidade civil plena: - Maioridade (atingir os 18 anos de idade); - Emancipação 6 – EMANCIPAÇÃO CC, Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II - pelo casamento; III - pelo exercício de emprego público efetivo; IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. A emancipação (CC, art. 5º) pode ocorrer de 3 formas distintas: A - Emancipação voluntária B - Emancipação judicial C - Emancipação legal A - Emancipação voluntária É a concedida pelos pais por instrumento público independentemente de homologação judicial. É ato dos pais e ato conjunto – Se apenas um dos pais possui a guarda, pode emancipar o filho sozinho? Não. É ato proveniente do poder de família, o qual não foi perdido quando a guarda passou apenas à mãe, ou apenas ao pai. É ato irrevogável. Pressupõe um mínimo de 16 anos de idade. O menor deve participar do ato, deve querer a emancipação, mesmo sendo esta um ato decorrente do poder familiar, pois atingirá toda a vida do menor. Para Carlos Roberto Gonçalves e para o STF, com o objetivo de evitar prejuízo à vítima, na emancipação voluntária os pais permanecem responsáveis pelos atos do filho até que complete 18 anos de idade. B - Emancipação judicial A emancipação será requerida ao juiz, que analisará a conveniência do deferimento para o bem do menor e, assim decidindo, a concederá por sentença. É aplicada especialmente aos menores órfãos. Na emancipação judicial, desde que o menor tenha 16 anos completos, o juiz poderá emancipá-lo ouvindo o tutor. O JUIZ ouve o tutor e emancipa o menor, nunca é o tutor que emancipa o menor!! Evita-se assim as emancipações destinadas apenas a eximir o tutor do exercício da tutela. Tanto a emancipação judicial quanto a voluntária só produzirão efeitos após o registro no cartório de registro civil e no assento de nascimento. Na emancipação judicial deverá o juiz comunicar de ofício ao cartório de registro civil. C - Emancipação Legal Opera-se por força de lei. CC, art. 5º, parágrafo único, incisos II a IV: C.1 – Se dá por meio do casamento. Casamento exige idade mínima de 16 anos – se emancipará em virtude do casamento. *A pessoa que se emancipou pelo casamento, se vier a se separar* (EC 66/2010) ou divorciar, voltará ao estado de incapacidade? Não. A separação e o divórcio produzem efeitos para o futuro. A pessoa permanece emancipada. *E se o casamento houver sido anulado? Polêmica! Para Pontes de Miranda e Pablo Stolze, a anulação gera efeitos ex tunc, retroativos, gera efeitos para o passado, assim, a emancipação cairia por terra. Ex: Pessoa que casou sob coação – emancipação deixará de existir. Casamento nulo não produz efeitos – Exceção: casamento putativo (CC, art. 1.561 – A boa-fé “limpará” os defeitos do casamento para quem assim o contraiu). C.2 – Por meio de exercício de emprego público efetivo. *Muito raro. A maioria dos concursos tem como requisito a idade mínima de 18 anos. Na carreira militar, por exemplo, há cargos que podem ser ocupados com 17 anos – será emancipado. C.3 – Por colação de grau em curso de ensino superior. Por COLAÇÃO DE GRAU em curso de ensino superior! Não por aprovação em vestibular de curso de ensino superior – questão de concurso. C.4 – Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que em função deles o menor com 16 anos completos já possua economia própria. MENOR --------------- 16 anos completos + economia própria. Economia própria em um conceito aberto = estabelecimento civil, estabelecimento comercial, relação de emprego. Conceito aberto = Juiz, pelo princípio da operabilidade, preencherá esse conceito de acordo com o caso concreto. Estabelecimento comercial = Ex.: Estabelecimento empresarial. Estabelecimento civil = Ex.: Prestação de serviços. Relação de emprego = Ex.: Empregado. Tendo a idade mínima de 16 anos, se empregado, o jovem estará emancipado. Não carece de anotação na CTPS (Contrato de trabalho é “contrato realidade”). Se o menor é demitido antes de completar a maioridade não volta à condição de incapaz – situação de instabilidade jurídica e já comprovação da maturidade. 7 – OBSERVAÇÕES QUANTO A REDUÇÃO DA MAIORIDADE CIVIL A redução da maioridade civil não prejudica benefícios penais – princípio da individualização da pena. *Crimes cometidos por menores de 21 anos possuem atenuante de menor idade. Campo previdenciário: Enunciado nº 3 da 1ª Jornada de Direito Civil e nota nº 42 de 2003 da Casa Civil do Governo Federal: Determinam que a redução da maioridade civil não atinge a legislação previdenciária que é legislaçãoespecial, assim o beneficiado continua, por exemplo, recebendo auxílio por morte até os 21 anos de idade. E.C.A. – STJ determinou no julgado HC 28332/RJ que a redução da maioridade civil não alterou o limite máximo etário de 21 anos para a medida de internamento. STJ entende que a redução da maioridade civil não implica no cancelamento automático da pensão alimentícia. A obrigação de pagar alimentos engloba o tempo de conclusão dos estudos, o que gira em torno dos 21 anos. PENSÃO ALIMENTÍCIA. MAIORIDADE. FILHO. Trata-se de remessa pela Terceira Turma de recurso em ação revisional de alimentos em que a controvérsia cinge-se em saber se, atingida a maioridade, cessa automaticamente ou não o dever de alimentar do pai em relação ao filho. Prosseguindo o julgamento, a Seção, por maioria, proveu o recurso, entendendo que, com a maioridade do filho, a pensão alimentícia não pode cessar automaticamente. O pai terá de fazer o procedimento judicial para exonerar-se ou não da obrigação de dar pensão ao filho. Explicitou-se que completar a maioridade de 18 anos não significa que o filho não irá depender do pai. Precedentes citados: REsp 347.010/SP, DJ 10.02.2003 e REsp 306.791/SP, DJ 26/08/2002. REsp 442. 502/SP, Rel. Originário Min. Castro Filho, Rel. Para acórdão Min. Antônio de Pádua Ribeiro, julgado em 06.12.2004. ALIMENTOS. MAIORIDADE DO ALIMENTANDO. EXONERAÇÃO AUTOMÁTICA DA PENSÃO. INADMISSIBILIDADE. Com a maioridade, extingue-se o poder familiar, mas não cessa, desde logo o dever de prestar alimentos, fundado a partir de então no parentesco. É vedada a exoneração automática do alimentante, sem possibilitar ao alimentado a oportunidade de manifestar- se e comprovar, se for o caso, a impossibilidade de prover a própria subsistência. Precedentes do STJ. Recurso especial não conhecido. (REsp 739.004/DF, Rel. Ministro Barros Monteiro, Quarta Turma, julgado em 15.09.2005, DJ 24.10.2005). HABEAS CORPUS. PRISÃO CIVIL. ALIMENTOS. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça consolidou-se no sentido de que a maioridade dos filhos não acarreta a exoneração automática da obrigação de prestar alimentos. Ordem denegada. (HC 55.065/SP, Rel. Min. Ari Pargendler, Terceira Turma, julgado em 10.10.2006, DJ 27.11.2006) HABEAS CORPUS. PRISÃO CIVIL. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. PRECEDENTES DA CORTE. 1. O habeas corpus, na linha da jurisprudência da Corte, não constitui via adequada para o exame aprofundado de provas indispensáveis à verificação da capacidade financeira do paciente para pagar os alimentos no montante fixado. 2. A maioridade do credor dos alimentos não exonera, por si só, a obrigação do devedor. 3. A propositura da ação revisional de alimentos não impede a prisão civil do devedor de alimentos. 4. “O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo” (Súmula nº 309 STJ – atual redação aprovada em 22.03.2007 pela Segunda Seção). 5. Ordem concedida em parte. (HC 55.606/SP, Rel. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, Terceira Turma, julgado em 05.09.2006, DJ 13.11.2006). RECURSO ESPECIAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS. MAIORIDADE DO ALIMENTANDO. MINISTÉRIO PÚBLICO. ILEGITIMIDADE PARA RECORRER. O Ministério Público não detém legitimidade para recorrer contra decisão em que se discute alimentos quando o alimentando houver alcançado a maioridade. Recurso Especial não conhecido. (REsp 712.175/DF; Rel. Ministro César Asfor Rocha, Quarta Turma, julgado em 18.10.2005, DJ 08.05.2006). HABEAS CORPUS. ECA. INTERNAÇÃO. LIBERAÇÃO COMPULSÓRIA. IDADE LIMITE, 21 ANOS. NOVO CÓDIGO CIVIL. REDUÇÃO DA IDADE DA CAPACIDADE CIVIL. DESINFLUÊNCIA NA MEDIDA SÓCIO-EDUCATIVA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. RESTRIÇÃO. ATIVIDADES EXTERNAS. INOCORRÊNCIA. 1. O Novo Código Civil, ao reduzir a idade da capacidade civil, não revogou o artigo 121, parágrafo 5º, do Estatuto da Criança e do Adolescente, que fixa a idade de 21 anos para a liberação compulsória do infrator. 2. Ajustada a execução da medida sócio-afetiva de internação ao artigo 121, parágrafo 5º, da Lei nº 8.069/90, não há falar em constrangimento ilegal (Precedentes da Corte). 3. Conquanto o artigo 120 da Lei 8.069/90 dispense autorização do juiz para a realização de atividades externas pelo menor sujeito à medida sócio-educativa de semiliberdade, tal não implica a exoneração do magistrado do seu dever legal de presidir o bom cumprimento do comando da sentença, adequando a medida sócio educativa às peculiaridades do menor e ao próprio ato infracional por ele perpetrado (Precedentes da Corte). 4. Writ denegado. (HC 28.332/RJ, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, Sexta Turma, julgado em 28.09.2004, DJ 01.02.2005) 8 - EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL Finda a existência da pessoa natural com a morte – CC, art. 6º. CC, Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. Antes : morte = parada cárdio respiratória. Hoje : morte = morte encefálica - irreversibilidade (Resolução 1480/97 do Conselho Federal de Medicina e Lei 9.434/97 – Lei dos Transplantes). Quem declara o óbito é um profissional da medicina, um médico, todavia, nos locais em que não houver médico, a morte pode ser aferida por duas pessoas qualificadas que tiverem presenciado ou verificado a morte (Lei 6.015/73 - Lei de Registros Públicos, art. 77). Gera, dentre outros: Fim do poder familiar Abertura da sucessão Extinção do usufruto Dissolução do vínculo matrimonial e da União estável Extinção de contratos personalíssimos Extinção da obrigação de pagar alimentos Extinção da punibilidade (Art. 107, CP) Doutrinariamente pode-se falar em 4 espécies de morte: Morte real Morte simultânea ou comoriência Morte civil** (não mais existente em nosso ordenamento jurídico) Morte presumida 8.1 – Morte Real É a REGRA no nosso ordenamento jurídico. É provada pelo atestado de óbito. Requisitos: Existência de corpo Certificação da morte encefálica por profissional habilitado 8.2 - Morte Simultânea ou COMORIÊNCIA Aquela prevista no artigo 8º do Código Civil. CC, Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. Situação jurídica especial em que duas ou mais pessoas morrem na mesma ocasião sem que haja possibilidade de indicação do momento de suas mortes. Prova: laudo médico / testemunhas (CPC, art. 131 – “Juiz apreciará livremente a prova”). A morte não precisa ocorrer no mesmo local. Critérios distintos em outros países. Não há transferência de bens entre comorientes. Não existindo conclusão sobre a ordem cronológica dos óbitos, aplica-se o princípio da comoriência / Princípio da simultaneidade dos óbitos, admitindo-se a simultaneidade das mortes. *Questão sucessória (Ex: Maria e José morrem em acidente de avião). Na realidade o que ocorre é que nenhum dos comorientes herda do outro. Serão abertas cadeias sucessórias autônomas e distintas. COMORIÊNCIA e Contratos de SEGURO DE VIDA: Falecendo na mesma ocasião o segurado e o beneficiário: Inventário. Comoriência. Indenização decorrente de seguro de vida. Tendo o casal e os filhos falecido simultaneamente, vítimas de acidente automobilístico, não se operou sucessãoentre aqueles, nem entre aqueles e estes. Assim, a indenização decorrente de apólice de seguro de vida em grupo, em que os consortes constavam reciprocamente como beneficiários, é de ser paga de forma rateada aos herdeiros de ambos. TJ/RS, Ac. 7ª Cam. Cív., Ag Inst. 598.569952 j. 17.03.99 8.3 – Morte Civil Não mais existente no sistema civil brasileiro. Encontra certo ponto comparativo no Código Civil no art. 1.816 – Herdeiro declarado indigno será afastado da herança como se morto fosse antes da abertura da sucessão. É considerado morto apenas para a questão sucessória vinculada à indignidade, mantendo a personalidade para todos os demais efeitos. CC, Art. 1.816, caput. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão. Legislação militar: Indigno do oficialato perde o posto e a patente – família pode receber pensão como se ele morto fosse. 8.4 - Morte Presumida Ocorre em duas situações: Decorrente da previsão do CC, art. 7º. Morte real sem cadáver ou Morte presumida sem ausência. Decorrente da ausência – CC, art. 22 ao 39; Morte presumida – CC, Art. 7º: CC, Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. Requisitos: Prova de que a pessoa se encontrava no local do ocorrido Prova de que não há mais notícias da pessoa após o ocorrido Exemplos: Lei 9140/95 - Reconhece como mortas pessoas desaparecidas em razão de participação, ou acusação de participação, em atividades políticas, no período de 02.09.61 a 15.08.79 (Ditadura militar) e defere indenização aos familiares. Ulysses Guimarães, Acidente da TAM. *Se os corpos não fossem encontrados, as famílias conseguiriam uma declaração de óbito fundada nesse inciso do art. 7º. Morte presumida – Ausência: As hipóteses de morte presumida do art. 7º não se confundem com a ausência, tanto que quando são declaradas o registro é feito no livro de óbitos. Ausência é um procedimento, um rito (sucessão provisória – sucessão definitiva). Uma vez reconhecida a ausência de um dos cônjuges pode o outro se casar? CC, Art. 1.571, § 1o O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente. No momento em que o juiz declara aberta a sucessão definitiva, o ausente é declarado PRESUMIDAMENTE MORTO, portanto, seu cônjuge já é considerado viúvo. A declaração de ausência não é registrada como óbito, mas como “declaração de ausência” e em livro próprio. E se após todo o procedimento o morto voltar?? Entrará com ação judicial pedindo a declaração de inexistência do fato alegado (morte presumida), o que gerará seus efeitos como retorno da validade do RG, CPF... Volta antes da sucessão provisória: Ainda não decorreu nenhum efeito. Volta depois de aberta a sucessão provisória: Receberá os bens no estado em que se encontrarem, ou levantará as cauções. Deverá indenizar benfeitorias. Volta depois de aberta a sucessão definitiva: Recebe os bens no estado em que se encontrarem ou os sub-rogados em seu lugar. Depois do prazo de 10 anos da sentença que declarou aberta a sucessão definitiva: Não receberá nada. Mas e no caso do cônjuge que se casou novamente?? Posição técnica X Posição prática. Tecnicamente o segundo casamento é inválido. Doutrina moderna não concorda. Para doutrina moderna: “… os efeitos pessoais e familiares decorrem da abertura da sucessão provisória, após o lapso temporal de um ano, contado do reconhecimento da ausência.” 9 – DOMICÍLIO Proveniente do direito romano. “Domus” – Lar, mas o lar no direito romano não significava apenas o local de morada, mas também o local onde se cultuava os antepassados (Influência desse significado no direito de família – Bem de família). CC, Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Necessário entender a diferença entre: - Morada - Residência - Domicílio Morada: Roberto de Ruggiero chamava morada de “estadia”, o que influenciou Caio Mário e Orlando Gomes. Morada não se confunde com domicílio. É apenas o lugar em que a pessoa se estabelece temporariamente. É temporária, transitória. Residência: Diferente da morada, a residência é o lugar em que a pessoa se estabelece com habitualidade. É habitual, permanente. Falta na residência a essência que o domicílio possui. Domicílio: O Domicílio, nos termos do art. 70 do Código Civil, abrange o conceito de residência, mas é mais profundo, pois apenas no domicílio verifica-se o ÂNIMO de ficar e transformar aquele local em centro de sua vida jurídica e profissional. Esse é o “plus” do domicílio: o efeito psicológico, o ânimo de ficar, o “ANIMUS MANENDI” 9.1 - PLURALIDADE DE DOMICÍLIOS É possível a pluralidade de domicílios?? Se a pessoa possui em cada cidade completa vida jurídica e profissional e seu ânimo é de viver alternadamente em cada uma delas, por influência do direito germânico, o nosso sistema admite a pluralidade de domicílios de acordo com o art. 71 do CC. Será determinado juridicamente como seu domicílio qualquer um dos múltiplos domicílios existentes. CC, Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. 9.2 - DOMICÍLIO PROFISSIONAL O domicílio profissional, previsto no art. 72 do CC, é fruto de influência da CLT e existe apenas para contemplar efeitos do exercício da profissão da pessoa física. Por esse motivo não é um domicílio geral. É novidade do Código Civil de 2002. Exemplo: PSF CC, Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem. 9.3 - DOMICÍLIO OCASIONAL OU APARENTE Teoria especialmente desenvolvida pelo civilista belga Henri de Page, o domicílio aparente é aquele criado por ficção jurídica para pessoas que não tenham domicílio certo e vivam constantemente em viagens. Definido pelo art. 73 do CC. Exemplos: Caixeiro viajante, ciganos, integrantes do MST, *caminhoneiro, integrantes de circos. CC, Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada. 9.4 - DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA Regra geral, o domicílio da pessoa jurídica de direito privado se estabelece onde está a sua sede, assim determinado em seu estatuto, contrato social ou ato constitutivo equivalente. As pessoas jurídicas de direito público têm o seu domicílio determinado pelo art. 75 do CC. 9.5 - ESPÉCIES DE DOMICÍLIO 9.5.1 - DOMICÍLIO VOLUNTÁRIO Domicíliogeral e comum fixado por simples ato de vontade. O ato de fixação do domicílio voluntário é um ato jurídico em sentido estrito. 9.5.2 - DOMICÍLIO LEGAL OU NECESSÁRIO Domicílio imposto pela lei. Arts. 76 e 77, CC. O domicílio legal é obrigatório e não pode ser afastado pela simples vontade, mas se a competência não é questionada, será prorrogada. Art. 77 – Ex.: Diplomata. Se não indicar seu domicílio, pode ser demandado no DF ou em seu último domicílio no Brasil. Art. 76 – Tem domicílio necessário: O incapaz O servidor público (que tem função permanente) O militar O marítimo (marinheiro particular) O preso PESSOA COM DOMICÍLIO NECESSÁRIO LOCAL DO DOMICÍLIO NECESSÁRIO Incapaz Domicílio do seu representante ou assistente Servidor público Lugar onde exerce permanentemente suas funções Militar Onde servir. Sendo da Marinha ou da Aeronáutica, na sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado. Marítimo Onde o navio estiver matriculado Preso Onde cumprir a sentença (Sentença! Não prisão provisória). 9.5.3 – DOMICÍLIO ESPECIAL, OU DE FORO, OU DE ELEIÇÃO CC, art. 78 e CPC, art. 111. CC, Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. Atentar-se para o entendimento do STJ – Considera nula a cláusula de eleição prejudicial ao consumidor aderente (REsp 201195/SP). Em contrato de consumo, é válida a cláusula que fixa domicílio desfavorável ao consumidor? Para Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona, tal cláusula é ilegal, pois viola o art. 51, IV do CDC que determina: “Considera-se nula de pleno direito a cláusula que obrigação iníqua, abusiva, que coloque o consumidor em desvantagem exagerada, ou seja incompatíveis com a boa-fé e a equidade” Diz Pablo Stolze: “Mesmo que seja dada prévia ciência da cláusula ao consumidor, o sistema protetivo inaugurado pelo Código, moldado por superior interesse público, proíbe que o fornecedor se beneficie de tal prerrogativa, especialmente em se considerando que nos contratos de adesão a liberdade negocial do consumidor é extremamente restrita” Artigo 112 do CPC foi alterado pelo Código de Defesa do Consumidor – Hoje pode o juiz declinar dessa competência de ofício. CPC, Art. 112. Argúi-se, por meio de exceção, a incompetência relativa. Parágrafo único. A nulidade da cláusula de eleição de foro, em contrato de adesão, pode ser declarada de ofício pelo juiz, que declinará de competência para o juízo de domicílio do réu.(Incluído pela Lei nº 11.280, de 2006) Nesse sentido, segue o julgado: FORO DE ELEIÇÃO. Código de Defesa do Consumidor. Banco. Alienação fiduciária. - A atividade bancária de conceder financiamento e obter garantia mediante alienação fiduciária é atividade que se insere no âmbito do Código de Defesa do Consumidor. - É nula a cláusula de eleição de foro inserida em contrato de adesão quando dificultar a defesa do aderente em juízo, podendo o juiz declinar de ofício de sua competência. Precedentes. Recurso não conhecido. (RESP 201.195/SP, Rel. Ministro Ruy Rosado de Aguiar, Quarta Turma, julgado em 07.12.2000, DJ 07.05.2001)” 10 - PESSOA JURÍDICA Conceito de Pablo Stolze: “Pessoa jurídica é um grupo humano, criado na forma da lei e dotado de personalidade jurídica própria para atingir fins comuns”, tornando-se passível de direitos e deveres na esfera civil. É sujeito de direito e possui autonomia jurídica. Pessoa jurídica é consequência da tendência natural dos seres humanos de se agruparem. É consequência do fato associativo. Eram chamadas de pessoas morais, místicas, ideais, passando a chamar pessoas jurídicas após o início do séc. XX, nome adotado pelo Brasil, Espanha, Itália e Alemanha. São chamadas de pessoas coletivas, em Portugal, pessoas morais, na França e entes de existência ideal, na Argentina (inspiração dada por Teixeira de Freitas). O sentimento gregário do homem permite afirmar que a associação é inerente à natureza, corrigindo-lhe as fraquezas e suprindo com a sua continuidade a brevidade da vida. O espírito criador engendra então entidades coletivas, resultantes de um agregado de pessoas ou de um acervo de bens, por via dos quais logra a obtenção de resultados mais positivos e mais amplos do que consegue o esforço individual isolado. Caio Mário da Silva Pereira. (...) é induvidosa a necessidade de emprestar personalidade jurídica a agrupamentos humanos. Pela impossibilidade de exercer, realizar, por si só, certas atividades e atingir determinadas finalidades que ultrapassam suas forças e limites, a pessoa natural precisa se unir a outras pessoas humanas, formando grupos com desiderato próprio. A estas entidades o ordenamento jurídico empresta autonomia e independência, dotando-as de estrutura própria e personalidade jurídica distinta daqueles que a instituíram. Surge, portanto, a pessoa jurídica das próprias necessidades sociais. Tem como pano de fundo a tendência humana ao convívio em grupos (não se pode olvidar que o homem é um ser gregário) e a imprescindibilidade da cooperação de mais de uma pessoa para a consecução de determinadas atividades. ... Derivam, assim, tais entidades da união de pessoas naturais ou de pessoas naturais e patrimônios destinados a um fim específico, no exemplo das fundações. Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald A pessoa jurídica pode ser: o Pessoa jurídica intersubjetiva ou universitas personarum – Constituída pela união de duas ou mais pessoas com objetivos comuns, criando uma pessoa autônoma e distinta. Caso das corporações (Associações e sociedades). o Pessoa jurídica patrimonial ou universitas bonorum – Proveniente da afetação de um patrimônio livre destinado a um fim específico. Caso das fundações. Empresário individual é pessoa jurídica?? Mesmo possuindo CNPJ, pagando tributos de pessoa jurídica, empresário individual não é pessoa jurídica. Trata-se de uma ficção jurídica, e uma ficção tributária. 10.1 - TEORIAS EXPLICATIVAS DA PESSOA JURÍDICA Teorias negativistas – Defendidas, dentre outros, por Ihering. Teorias afirmativistas – Defendidas, dentre outros, por Savigny e Clóvis Beviláqua. 10.1.1 – TEORIAS NEGATIVISTAS DA PESSOA JURÍDICA As teorias negativistas negam completamente a existência da pessoa jurídica, mas seus argumentos embasadores variam de acordo com o pensador: “Pessoa jurídica é apenas um patrimônio afetado a uma finalidade.” “Pessoa jurídica não tem existência, é apenas um patrimônio coletivo, um condomínio.” “Pessoa jurídica não existe, é apenas um grupo de pessoas físicas reunidas.” Todos esses pensamentos não convenceram e as teorias negativistas não são mais utilizadas, imperando hoje as teorias afirmativistas. 10.1.2 – TEORIAS AFIRMATIVISTAS DA PESSOA JURÍDICA Para as teorias afirmativistas, a pessoa jurídica existe e é sujeito de direitos. São 4 as teorias afirmativistas: Teoria da Ficção Legal - Defendida por Savigny, embasado pelo pensamento de Windscheid. Teoria da Realidade Objetiva ou Teoria Organicista - Defendida por Gierke e Zitelman. Teoria da Realidade Técnica - Defendida por Saleilles e Ferrara. Teoria da Realidade das Instituições Jurídicas – Defendida por Hauriou. 10.1.2.1 - Teoria da Ficção Legal (Savigny).Teoria prevalecente no séc. XVIII na Alemanha e na França, afirmava que a pessoa jurídica teria existência meramente ideal, sendo assim, seria apenas uma criação da técnica jurídica. Savigny pensava que só as pessoas naturais poderiam titularizar relações jurídicas. Assim, a pessoa jurídica não poderia agir no campo social, pois era apenas uma instituição de direito, uma criação artificial da lei. Savigny fez uma teoria extremamente abstrata, a qual foi facilmente rebatida pela teoria da realidade objetiva. 10.1.2.2 - Teoria da Realidade Objetiva ou Teoria Organicista. Extremamente sociológica, diz que a pessoa jurídica não é apenas é uma abstração da lei, mas uma “célula social viva”, dotada de existência própria, real e social, como qualquer indivíduo. As pessoas jurídicas teriam existência e VONTADE PRÓPRIOS, ignorando a VONTADE HUMANA. 10.1.2.3 - Teoria da Realidade Técnica. Tal teoria englobou o melhor das duas teorias anteriores, dizendo que tanto Savigny quanto os sociológicos não estavam completamente errados, mas apenas desequilibrados. A pessoa jurídica seria, portanto, ente personificado pelo Direito, embora possua ampla atuação social e seja sujeito de direito. Por essa teoria, a técnica do direito personifica a pessoa jurídica, mas não lhe nega a atuação social. Ocorre que, para essa teoria, a pessoa jurídica seria real, porém dentro de uma realidade técnica, distinta da realidade das pessoas naturais. É adotada por Caio Mário da Silva Pereira. 10.1.2.4 – Teoria da Realidade das Instituições Jurídicas A Teoria da Realidade das Instituições Jurídicas também configura um misto das teorias anteriores. Entende que a personalidade humana deriva do direito e também pode ser conferida a determinados entes que possuam finalidade própria, a partir da VONTADE HUMANA, da vontade das pessoas naturais que lhe constituíram. Para tal teoria, a pessoa jurídica é uma realidade jurídica pendente da vontade humana. 10.2 - AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA Como já vimos anteriormente, a pessoa física adquire sua personalidade jurídica com o nascimento com vida (de acordo com a teoria natalista). E a pessoa jurídica? Quando adquire a personalidade jurídica? Requisitos para a constituição da pessoa jurídica, segundo Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald: A vontade humana que lhe dá origem (a chamada vontade humana criadora). A organização de pessoas ou destinação de um patrimônio afetado a um fim específico. A licitude de seus propósitos. A capacidade jurídica reconhecida pela norma jurídica. O atendimento das formalidades legais (CC, art. 45 – Registro civil das pessoas jurídicas). A aquisição da personalidade jurídica da pessoa jurídica se dá na forma do art. 45, CC: CC, Art. 45 – Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do poder executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único – Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação e sua inscrição no registro. O REGISTRO é o ato que dá personalidade jurídica à pessoa jurídica, assim a pessoa jurídica só se personifica, passando a ter existência legal de pessoa, após realizado o registro de seus atos constitutivos (estatuto ou contrato social). O REGISTRO DA PESSOA JURÍDICA É ATO CONSTITUTIVO DE SUA PERSONALIDADE E OPERA EFEITOS “EX NUNC” (não retroativos). Em determinados casos necessita-se do registro e da autorização especial do Poder Executivo. A pessoa jurídica não registrada é considerada como “sociedade despersonificada”, irregular ou de fato, o que gera a responsabilidade pessoal de seus sócios ou administradores. São regidas pelos artigos 986 e seguintes do CC. Não confundir pessoa jurídica com grupos despersonificados (massa falida, espólio, condomínio…) Após constituída, a pessoa jurídica passa a ter as seguintes características: Existência jurídica própria, distinta da de seus criadores. Personalidade própria, autônoma, distinta da personalidade de seus criadores. Patrimônio próprio, distinto do patrimônio de seus criadores (Salvo excepcionalmente em casos de desconsideração da personalidade jurídica). Possibilidade de titularizar, ativa ou passivamente, relações civis ou penais. Impossibilidade de titularizar relações típicas de pessoas naturais, como o casamento e a adoção. Pessoa Jurídica pode sofrer DANO MORAL?? Há 2 correntes: A corrente majoritária determina que a pessoa jurídica PODE sofrer dano moral. Embasa-se na Súmula 227 do STJ e no art. 52 do CC. A corrente minoritária, defendida por Arruda Alvim e Nilson Melo da Silva, determina que a pessoa jurídica NÃO PODE sofrer dano moral. Embasa-se no Enunciado 286 da IV Jornada de Direito Civil – Qualquer dano que uma pessoa jurídica sofra gera repercussão econômica, sendo portanto dano material. O enunciado 286 afirma que pessoa jurídica não pode ser titular de direitos da personalidade e se não é titular de direitos da personalidade, não é passível de dano moral. CC, Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. Súmula 227 STJ: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. En. 286 – Art. 52. Os direitos da personalidade são direitos inerentes e essenciais à pessoa humana, decorrentes de sua dignidade, não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais direitos. En. 274 – Art. 11. Os direitos da personalidade, regulados de maneira não-exaustiva pelo Código Civil, são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º, III, da Constituição (princípio da dignidade da pessoa humana). Em caso de colisão entre eles, como nenhum pode sobrelevar os demais, deve-se aplicar a técnica da ponderação. Os direitos da personalidade tem seu fundamento na CLÁUSULA GERAL DA PERSONALIDADE ou DIREITO GERAL DA PERSONALIDADE proveniente do preceito constitucional da DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. Por esse entendimento não seria possível ser a pessoa jurídica detentora de direitos da personalidade. Mesmo sendo o conceito de dano moral vinculado à violação de direito da personalidade, e mesmo chegando à conclusão de que pessoa jurídica não é detentora de direitos da personalidade, ainda assim é o melhor entendimento dizer que o art. 52 do Código Civil e a Súmula 227 do STJ são amplamente aplicáveis. Ou seja, PESSOAS JURÍDICAS SOFREM DANO MORAL. Fundamento: Nenhum dos dispositivos anteriormente citados determinam que a pessoa jurídica possui DIREITOS DA PERSONALIDADE. Pelo contrário, o art. 52 do CC não diz que a pessoa jurídica possui DIREITO da personalidade. Ele diz que aplica- se às pessoas jurídicas, NO QUE COUBER, a PROTEÇÃO dos direitos da personalidade . Aplica-se portanto a proteção dos direitos da personalidade à pessoa jurídica naquilo “que a sua falta de estrutura biopsicológica permita exercer.” . Ex.: Nome, imagem, honra objetiva. Não podendo ser aplicado à, por exemplo, integridade física ou intimidade. Para o doutrinador Cristiano Chaves de Farias, a Súmula 227 poderia ter melhor redação se tratasse: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral, NO QUE COUBER” (Naquilo que for compatívelcom a sua falta de estrutura biopsicológica.) Aplicação deste posicionamento: STJ Resp 433.954 (Protesto indevido de duplicada pode gerar dano moral à pessoa jurídica.) 10.3 - CLASSIFICAÇÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS De Direito Público De Direito Privado Pessoas Jurídicas de Direito Público Externo: -Estados Estrangeiros (Chile, Espanha,…) -Pessoas regidas pelo Direito Internacional Público (ONU, OEA, Mercosul…) Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno: -União -Estados -Municípios -DF e territórios -Autarquias - Associações Públicas -Entidades de caráter - Fundações públicas público criadas por lei. Associações Fundações Sociedades Organizações religiosas Partidos políticos * Duas últimas espécies acrescentadas pela Lei 10.825/03. 11 - ASSOCIAÇÕES “As associações são entidades de direito privado, formadas pela união de indivíduos com o propósito de realizarem fins não- econômicos”. CC, Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos. Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. Fins não econômicos ≠ Ausência de LUCRO. Pode ter conteúdo econômico, como patrimônio. Veja-se que as associações podem (e, por que não dizer, devem) ter ganho financeiro. No entanto, o eventual lucro obtido no exercício da atividade associativa será reaplicado na própria entidade, vedando-se a partilha entre os sócios. Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald Seguem o Princípio da Liberdade Associativa: CF, Art. 5º, XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; Atentado contra a liberdade de associação CP, Art. 199 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a participar ou deixar de participar de determinado sindicato ou associação profissional: Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. As associação tem como ato constitutivo um ESTATUTO e seu registro é feito no CRPJ. No estatuto deverá conter, sob pena de nulidade – Art. 54*, CC. CC, Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: I - a denominação, os fins e a sede da associação; II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; III - os direitos e deveres dos associados; IV - as fontes de recursos para sua manutenção; V - o modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos e administrativos; V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução. VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas. (Incluído pela Lei nº 11.127, de 2005) CC-02 inovou no Art. 57 - O CC, em seu art. 57* e a posterior alteração dada pela Lei nº 11.127/2005 passou a permitir a exclusão de associado em caso de justa causa assim reconhecida por procedimento que assegure direito de defesa e recurso (Princípios do Devido Processo Legal, do Contraditório e da Ampla Defesa) – Conceito aberto – princípio da operabilidade ou concretude. CC, Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) Não confundir com o condomínio! Condômino não é associado, é co-proprietário, por isso não pode ser excluído. Condômino com mau comportamento não pode ser excluído, mas pode ser obrigado a pagar multa progressiva. Assembléia Geral é o órgão máximo das associações - CC, Art. 59* Determina a competência das Assembléias Gerais. Atenção! O Art. 54 regula o estatuto das associações, mas quem tem o poder de alterá-lo é apenas a Assembléia Geral. Dissolução da Associação – CC, art. 61* - O patrimônio líquido será destinado à outra entidade de fins não econômicos prevista no estatuto ou, se este é omisso, a qualquer entidade sem fins lucrativos municipal, estadual ou federal. 12 - FUNDAÇÕES “Diferentemente das associações e das sociedades, as fundações resultam, não da união de indivíduos, mas da afetação de um patrimônio, por testamento ou escritura pública, que faz o seu instituidor, especificando o fim para o qual se destina.” Assim como as associações, as fundações não podem ter fins lucrativos, o que não se confunde com conteúdo econômico. FUNDAÇÃO COM FIM LUCRATIVO É IRREGULAR! A FUNDAÇÃO TEM FINALIDADE IDEAL! A fundação não decorre do agrupamento de pessoas, como ocorre com as associações e as sociedades. Decorre sim da afetação de um patrimônio que se personifica - CC, art. 62. É entidade típica de quem tem muito $ - (Fundação Bradesco, Fundação Roberto Marinho). CC, ARTIGO 62 – DOIS RÓIS CC, Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência. (Grifo nosso) Art. 62 – Fundação pode ser formada por (ROL TAXATIVO): - Escritura pública - Testamento Art. 62, parágrafo único: Fundação pode ser formada para fins (ROL EXEMPLIFICATIVO): - Religiosos - De assistência… - Morais * Esse rol de finalidades não é taxativo. Pode haver finalidade educacional, ambiental… O que não pode é qualquer finalidade lucrativa. Enunciados JDC: 8 – Art. 62, parágrafo único: a constituição de fundação para fins científicos, educacionais ou de promoção do meio ambiente está compreendida no CC, art. 62, parágrafo único. 9 – Art. 62, parágrafo único: o art. 62, parágrafo único, deve ser interpretado de modo a excluir apenas as fundações com fins lucrativos. ETAPAS PARA CRIAÇÃO DE UMA FUNDAÇÃO 1. Afetação de bens livres por meio de escritura pública ou testamento (Ato de Dotação Patrimonial). 2. Criação do estatuto. Pode ser feito pelo próprio criador – Elaboração direta. Pode ser feito por terceiro delegado pelo criador – Elaboração fiduciária. *Art. 65, parágrafo único – Estatuto pode ser feito, subsidiariamente, pelo MP. CC, Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendo ciência do encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação projetada, submetendo-o, em seguida, à aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz. Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público. 3. Aprovação do estatuto pelo MP. 4. Registro civil no CRPJ – Apenas após o registro que a fundação “nascerá”. FUNDAÇÕES E MP De acordo com o CC, art. 66, a função fiscalizatória das fundações cabe ao Ministério Público do estado onde situadas. CC, Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas. §1.º Se funcionarem no Distrito Federal, ou em Território, caberá o encargo ao MinistérioPúblico Federal. §2.º Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público. Assim, se a fundação for estadual, velará por ela o MP estadual. Se a fundação for do DF, velará por ela o MPF ??? DF possui MP-DF?? ADI 2794, proposta pela Associação Nacional dos Membros do Ministério Público – CONAMP, pedia a declaração de inconstitucionalidade do parágrafo 1º do art. 66 do CC. Foi julgada procedente, o parágrafo foi determinado como inconstitucional e foi reconhecido que a atribuição de fiscalizar as fundações do DF é do Ministério Público do Distrito Federal, não da Procuradoria da República (Ministério Público Federal). *Claro que se o caso for de fundação do DF que receba verbas da União poderá passar por fiscalização do MPF, o que não gera a usurpação de atribuição. FUNDAÇÕES - ALTERAÇÃO DO ESTATUTO Atenção ao art. 67 e 68 do CC!! Art. 67, I – quórum de 2/3 dos componentes – Novidade do CC- 02. Código de 1916 pedia maioria absoluta. A minoria vencida, se houver, poderá impugnar a alteração na forma do art. 68, CC – Prazo decadencial de 10 dias. EXTINÇÃO DA FUNDAÇÃO CC, art. 69* – O patrimônio da fundação extinta será englobado por fundação determinada pelo juiz, fundação esta que possua a mesma finalidade. CORPORAÇÃO X FUNDAÇÃO Corporação = associação de pessoas (sociedade, associação) X Fundação = reunião de bens. Corporações objetivam realizar os fins internos, determinados pelos sócios e para proveito dos mesmos. Há patrimônio, mas este exerce um papel secundário apenas de meio para realização do objetivo final da corporação. Fundações objetivam realizar fins externos, determinados pelo instituidor. O patrimônio é o elemento essencial. 13 - SOCIEDADES “A sociedade é espécie de corporação, dotada de personalidade jurídica própria, e instituída por meio de contrato social (art. 981), com a precípua finalidade de exercer atividade econômica e partilhar lucros.” SOCIEDADE = Atividade econômica + Divisão de lucros Busca do proveito econômico. SOCIEDADES – ANTIGA DIVISÃO. As sociedades ERAM divididas em: - Sociedades Comerciais ou Mercantis - Sociedades Civis Ambas objetivavam o lucro, mas, à luz da teoria francesa, as sociedades comerciais agiam com “atos de comércio”, os quais não eram característicos das sociedades civis. Hoje não existe mais tal diferenciação. O comerciante, desde o séc. XX, é considerado “empresário”. SOCIEDADES – Divisão atual HOJE as sociedades são divididas em: - Sociedades empresárias - Sociedades simples Ambas possuem seu regramento determinado pelo art. 982 do CC. CC, Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera- se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. *Atenção! O termo correto é “Sociedades empresárias”, não “Sociedades empresariais”. Empresariais é atividade, não característica. 13.1 - SOCIEDADES EMPRESÁRIAS Embora aproximem-se das antigas sociedades mercantis, não são as mesmas. CC, Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária. É uma sociedade tipicamente capitalista! Quem presta a atividade diretamente não são os sócios. Estes apenas analisam e decidem quanto a fatores de produção (capital, tecnologia, trabalho, matéria prima, mão de obra…). Não há pessoalidade na prestação do serviço. Exemplo: Indústrias. O registro será feito no Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais. Está submetida à Lei de falências e recuperação de crédito. Toda Sociedade Anônima é empresária. 13.2 - SOCIEDADES SIMPLES Sociedade simples é aquela que se caracteriza pela realização pessoal do trabalho pelos próprios sócios. Quem presta a atividade ou coordena diretamente é o próprio sócio, havendo, portanto, grande pessoalidade. Não será registrada em Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e sim no CRPJ. Exemplos: Prestadores de serviço (médicos que formam uma clínica, advogados…). Segundo o CC 2002, toda cooperativa é sociedade simples. *Até a entrada em vigor do Código Civil de 2002, as cooperativas eram registradas na junta comercial, mas hoje, de acordo com a posição majoritária, devem ser registradas no CRPJ. A posição minoritária continua determinando que as cooperativas devem ser registradas nas juntas comerciais sob a alegação de que a Lei das Cooperativas é lei anterior ao CC, mas é lei especial e portanto não foi alterada pelo CC. CC 2002 Lei das Cooperativas CC, Art. 982, Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. Lei 5764/71, Art. 18, § 6º Arquivados os documentos na Junta Comercial e feita a respectiva publicação, a cooperativa adquire personalidade jurídica, tornando-se apta a funcionar. 13.3 - ART. 977 - SOCIEDADE ENTRE CÔNJUGES O Código Civil estabelece em seu artigo 977 uma série de restrições à sociedade entre cônjuges. CC, Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória. Tal artigo permanece em vigor, mas para parte da doutrina é inconstitucional, pois fere o princípio da isonomia. Tais restrições se embasam na presunção de fraude ao regime de bens e fraude não deve ser presumida. O parecer nº 125/2003 do DNRC (Departamento Nacional de Registro de Comércio) determinou que o art. 977 não será aplicável às sociedades anteriores ao Novo Código Civil. 14 - EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA Pode ocorrer por: - Dissolução convencional - Dissolução administrativa - Dissolução judicial A dissolução convencional ocorre geralmente nos casos de sociedades, quando os próprios sócios elaboram um distrato e dissolvem a sociedade. A dissolução administrativa, segundo Caio Mário, ocorre com a cassação da autorização especial de constituição e funcionamento. É forma de dissolução extremamente específica. Exemplo: Bancos, empresas de seguro. A dissolução judicial ocorre por sentença. Exemplo: Dissolução proveniente de procedimento de falência. As sociedades não submetidas à Lei de falências passarão por dissolução judicial de acordo com o art. 1.218, CPC (que é resquício do CC de 1939!!!) 15 - BENS JURÍDICOS “É toda utilidade física ou ideal que seja objeto de um direito subjetivo” Assim, bem jurídico não é todo e qualquer bem. O espaço sideral, por exemplo, não é bem jurídico. 15.1 - BEM X COISA A diferença entre bem e coisa não é pacífica na doutrina: Orlando Gomes defende que bem é gênero e coisa é espécie. Embasa-se na doutrina alemã, segundo a qual “coisa” é sempre objeto corpóreo, físico, material, enquanto “bem” engloba tanto as coisas quanto
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