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4 - DAS PESSOAS – Pessoa natural 
 
 Pessoa Natural é o ser humano capaz de adquirir direitos e 
contrair obrigações na esfera civil. 
 
CC, Art. 1º. Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na 
ordem civil. 
 
A personalidade jurídica é a aptidão genérica para titularizar 
direitos e contrair obrigações (Posição clássica). 
 
Ou seja, a personalidade jurídica é o atributo necessário para 
ser pessoa. 
 
 
4.1 - Quando a pessoa física adquire essa personalidade 
jurídica? 
 
CC, Art. 2º. A personalidade civil da pessoa começa do 
nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a 
concepção, os direitos do nascituro. 
 
 Interpretando literalmente - CC, art. 2º, 1ª parte – A 
personalidade jurídica acontece a partir do nascimento com 
vida, momento em que o recém nascido passa a ser sujeito de 
direito. 
 
 No Brasil, nascimento com vida = funcionamento do aparelho 
cárdio-respiratório – Questões sucessórias* 
 
Direito comparado: Art. 30 CC espanhol – necessidade de 
“forma humana” e sobrevida de pelo menos 24 horas, requisitos não 
exigidos no Brasil por respeito ao princípio da dignidade da pessoa 
humana. 
 
 Art. 2º, 2ª parte – A personalidade civil começa do nascimento 
com vida, mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos 
do NASCITURO. Mas o que é nascituro? É pessoa? Tem 
personalidade jurídica? É sujeito de direitos? Tem direitos 
resguardados e não é pessoa? E o art. 1º CC??? 
 
 
Segundo Limongi França, o nascituro é o ente concebido, mas 
ainda não nascido. O ente com vida intra-uterina. *Não confundir 
com embrião e com concepturo. 
 
 
 
Nascituro é pessoa? 
 
Teorias explicativas do nascituro: 
 
- TEORIA NATALISTA: 
 
A personalidade só é adquirida a partir do nascimento com vida, 
assim, o nascituro não é considerado pessoa, tendo mera expectativa 
de direito. 
 
Defendida por Silvio Rodrigues. 
 
*CC, art. 2º??? 
 
- TEORIA DA PERSONALIDADE CONDICIONAL 
 
O nascituro gozaria apenas de direitos da personalidade, muito 
embora para efeitos patrimoniais a sua personalidade somente se 
consolidaria a partir do nascimento com vida. 
 
Nascituro não possui personalidade jurídica, possuiria uma 
personalidade jurídica condicional. 
 
Defendida por Washington de Barros e Fábio Ulhoa Coelho 
 
- TEORIA CONCEPCIONISTA 
 
Afirma que o nascituro é dotado de personalidade, é pessoa, 
porque se é sujeito de direitos, é pessoa. 
 
Os direitos patrimoniais permanecem condicionados ao 
nascimento com vida. 
 
Defendida pela doutrina moderna (Teixeira de Freitas, Pontes 
de Miranda, Flávio Tartuce, Rubens Limongi França, Maria Berenice 
Dias, Silmara Chinelato) e muito usada pelos Tribunais de SP e RS. 
 
Ganhou reforço com a Lei 11.804/2008 – Lei de Alimentos 
Gravídicos (Matéria polêmica). 
 
Não se pode negar personalidade jurídica ao nascituro, pois, 
segundo Silmara Chinelato: 
 
...quem afirma direitos e obrigações, afirma 
personalidade, sendo a capacidade de direito e o status 
atributos da personalidade. 
 
 
 A diferença entre a Teoria Condicionalista e a Teoria 
Concepcionista se funda apenas na qualificação jurídica do nascituro 
– Se possui ou não personalidade jurídica. Explica Cristiano Chaves e 
Nelson Rosenvald: 
 
Enfim, a distinção entre a teoria condicionalista e a teoria 
concepcionista é, tão somente, relativa à qualificação 
jurídica: para os concepcionistas, se o nascituro dispõe de 
direitos da personalidade é porque já tem a própria 
personalidade jurídica, apesar dos direitos patrimoniais 
ficarem condicionados; de outra banda, os 
condicionalistas afirmam que, a pesar de já titularizar os 
direitos da personalidade, se os direitos patrimoniais 
estão condicionados, a personalidade jurídica, como um 
todo, está condicionada. CC/NR 
 
 
Independentemente da teoria adotada, a ordem jurídica 
brasileira protege o nascituro. Vejamos alguns exemplos: 
 
o Possui direitos personalíssimos; 
 
Como direito à vida, à proteção pré-natal… Art. 7º do ECA diz: 
“A criança e o adolescente têm direito à proteção à vida e à saúde, 
mediante a efetivação de políticas públicas que permitam o 
nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições 
dignas de existência”. 
 
O STJ possui julgados que admitem indenização por dano moral 
ao nascituro. Se o dano moral consiste no dano proveniente da 
violação a direito da personalidade, tais entendimentos acabam por 
reconhecer direitos da personalidade aos nascituros. 
 
Possui direito à imagem (Caso de uso indevido das imagens de 
ultra-sonografia) 
 
o Pode receber doação, sem prejuízo do recolhimento do 
imposto de transmissão inter vivos; 
 
o Pode ser beneficiário de legado e herança; 
 
o Pode ser-lhe nomeado curador para a defesa de seus 
interesses (arts. 877 e 878, CPC); 
 
o O aborto é considerado crime pelo Código Penal; 
 
o Tem direito à realização de teste de DNA para determinação 
de sua paternidade (perfilhação), para resguardar seu direito 
de personalidade – Caso Glória Trevis - Rcl 2.040, D.j. 
27.06.03. 
 
 
Matéria ainda polêmica, mas a jurisprudência vem conferindo 
direito à alimentos, direito à reparação por dano moral, e até 
indenização ao nascituro. Vejamos: 
 
“INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. ALIMENTOS PROVISÓRIOS EM FAVOR 
DO NASCITURO. POSSIBILIDADE. ADEQUAÇÃO DO QUANTUM. 1. Não 
pairando dúvida acerca do envolvimento sexual entretido pela gestante com 
o investigado, nem sobre a exclusividade desse relacionamento, e havendo 
necessidade da gestante, justifica-se a concessão de alimentos em favor do 
nascituro. 2. Sendo o investigado casado e estando também sua esposa 
grávida, a pensão alimentícia deve ser fixada tendo em vista as 
necessidades do alimentando, mas dentro da capacidade econômica do 
alimentante, isto é, focalizando tanto os seus ganhos como também os 
encargos que possui. Recurso provido em parte. (AGRAVO DE 
INSTRUMENTO Nº 70006429096, SÉTIMA CAMARA CÍVEL, TRIBUNAL DE 
JUSTIÇA DO RS, RELATOR: SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS 
CHAVES, JULGADO EM 13/08/2003)”. 
 
“DIREITO CIVIL. DANOS MORAIS. MORTE. ATROPELAMENTO. COMPOSIÇÃO 
FÉRREA. AÇÃO AJUIZADA 23 ANOS APÓS O EVENTO. PRESCRIÇÃO 
INEXISTENTE. INFLUÊNCIA NA QUANTIFICAÇÃO DO QUANTUM. 
PRECEDENTES DA TURMA. NASCITURO. DIREITO AOS DANOS MORAIS. 
DOUTRINA. ATENUAÇÃO. FIXAÇÃO NESTA INSTÂNCIA. POSSIBILIDADE. 
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. I – Nos termos da orientação da 
Turma, o direito à indenização por dano moral não desaparece com o 
decurso do tempo (desde que não transcorrido o lapso prescricional), mas é 
fato a ser considerado na fixação do quantum. II – O nascituro também tem 
direito aos danos morais pela morte do pai, mas a circunstância de não tê-
lo conhecido em vida tem influência na fixação do quantum. III – 
Recomenda-se que o valor do dano moral seja fixado desde logo, inclusive 
nesta instância, buscando dar solução definitiva ao caso e evitando 
inconvenientes e retardamento da solução jurisdicional. “ (STJ, QUARTA 
TURMA, RESP 399028/SP; RECURSO ESPECIAL 2001/0147319-0, MINISTRO 
SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, Julg. 26/02/2002, DJ 15.04.2002 P. 
00232) 
 
Notícia do Correio Brasiliense de 09 de fevereiro de 2007: 
 
“Por ter sido considerado torturado durante o regime militar, ainda na 
barriga da mãe, João Carlos de Almeida Grabois, filho da ex-guerrilheira 
Criméia Grabois, pode ser indenizado na próxima terça-feira, no valor 
máximo de R$ 39 mil a ser pago pela Comissão de Ex-Presos Políticos de 
São Paulo. Em 2004, a Comissão já havia reconhecido e feto como preso 
político e vítima dos torturadores. 
 Grávida de 7 meses, quandofoi presa e levada para o DOI-Codi, 
Criméia foi torturada com choques e espancamento. O bebê nasceu com 
afundamento no peito, segundo a família. “Ele foi perseguido antes de 
nascer. Pagou pela trajetória política do avô, da mãe e do pai, que tinham o 
sobrenome Grabois”, disse a tia de João Carlos, Amélia Telles. João Carlos 
recorreu da primeira sentença, que determinava o valor mínimo para este 
tipo de indenização, que é de 22 mil.” 
 
 
 É, portanto, inegável a existência de diversos direitos da 
personalidade concedidos aos nascituros. 
 
Por isso, Maria Helena Diniz determina que o NASCITURO 
POSSUI PERSONALIDADE JURÍDICA FORMAL, a qual possibilita o 
exercício e a proteção desses direitos personalíssimos. 
 
 
4.2 – Natimorto 
 
 O natimorto é aquele que nasceu morto. Não é nascituro e não 
é pessoa, mas goza de certa tutela como determina o Enunciado nº 
01 da I Jornada de Direito Civil: 
 
“1 – Art. 2º: a proteção que o Código defere ao 
nascituro alcança o natimorto no que concerne aos 
direitos da personalidade, tais como nome, imagem 
e sepultura.” 
 
 
5 - CAPACIDADE CIVIL 
 
 
Ao estudar a capacidade civil, temos o momento oportuno para 
conhecer a nova teoria da PERSONALIDADE JURÍDICA. 
 
Historicamente, a personalidade jurídica sempre foi conhecida 
como a aptidão genérica para titularizar direitos e deveres, aptidão 
esta conferida às pessoas. 
 
Ocorre que, por um olhar mais acurado, pode-se perceber que 
a personalidade jurídica, conferida somente às pessoas, não pode 
consistir apenas na aptidão genérica para titularizar direitos e 
deveres. Existem outros entes (entes despersonalizados) que são 
aptos a titularizar direitos e deveres e nem por isso possuem 
personalidade jurídica, como o condomínio, a massa falida e a 
sociedade de fato. 
 
Dessa forma, não se pode, efetivamente, atrelar a 
personalidade jurídica, simplesmente, à possibilidade de 
titularizar relações jurídicas. Não se pode, enfim, represar a 
idéia de personalidade jurídica, tão somente, na potencialidade 
de ser sujeito de direitos, afinal é possível sê-lo, 
independentemente dela. Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald. 
 
Personalidade jurídica, então, é algo a mais. É a principal 
conseqüência do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana. 
 
Com esteio em avançada visão civil-constitucional, a 
personalidade jurídica é o atributo reconhecido a uma pessoa 
(natural ou jurídica) para que possa atuar no plano jurídico 
(titularizando as mais diversas relações) e reclamar uma 
proteção jurídica mínima, básica, reconhecida pelos DIREITOS 
DA PERSONALIDADE. 
 
A personalidade jurídica é, assim, muito mais do que, 
simplesmente, poder ser sujeito de direitos. Titularizar a 
personalidade jurídica significa, em concreto, ter uma TUTELA 
JURÍDICA ESPECIAL, consistente em reclamar direitos 
fundamentais, imprescindíveis ao exercício de uma vida digna. 
... 
 
Cuida-se de uma aptidão genericamente reconhecida: toda 
pessoa é dotada de personalidade. É a possibilidade de ser 
titular de relações jurídicas e de reclamar o exercício da 
cidadania, garantida constitucionalmente, que será 
implementada (dentre outras maneiras) através dos 
DIREITOS DA PERSONALIDADE. (Grifo nosso) Cristiano 
Chaves e Nelson Rosenvald. 
 
 
A personalidade jurídica é uma “ossatura destinada a ser 
revestida de direitos” (Grifo nosso) San Tiago Dantas citado 
por CC e NR 
 
 
A personalidade, mais do que qualificação formal, é um valor 
jurídico que se reconhece nos indivíduos e, por extensão, em 
grupos legalmente constituídos, materializando-se na 
capacidade jurídica ou de direito. 
(Grifo nosso) Francisco Amaral. 
 
 
Sabendo agora a posição clássica e moderna sobre a 
personalidade jurídica, podemos seguir ao estudo da capacidade civil: 
 
A capacidade civil se divide em duas: 
 
- Capacidade civil de direito (de gozo) 
- Capacidade civil de fato (de exercício) 
 
A capacidade civil de direito seria a capacidade genérica, 
aquela que surge quando adquirida a personalidade jurídica (toda 
pessoa passa a ser capaz de direitos e deveres). 
 
Como diz Orlando Gomes, seria melhor nem tentar diferenciar 
capacidade civil de direito de personalidade jurídica. São termos que 
se confundem. Se possui personalidade jurídica, possui capacidade 
genérica, e vice-versa, pois uma é atributo de condição da outra. 
 
Ocorre que pela teoria moderna da personalidade jurídica, 
conseguimos encontrar distinção entre personalidade jurídica e 
capacidade jurídica. 
 
 
Personalidade jurídica X Capacidade Jurídica. 
 
 Antigamente, a personalidade jurídica conferia às pessoas a 
aptidão para ser sujeito de direito, o que gerava a capacidade 
jurídica, que quando plena possibilitava a prática pessoal de atos. 
 
 Pontes de Miranda foi o primeiro doutrinador a questionar essa 
estrutura trazendo à discussão os entes despersonalizados. Os entes 
despersonalizados são sujeitos de direito, são capazes de direitos e 
deveres, titularizam relações jurídicas, mas nunca possuíram 
personalidade jurídica. 
 
 Assim, Pontes de Miranda diferenciou personalidade jurídica de 
capacidade civil. 
 
 Personalidade jurídica confere a PROTEÇÃO ELEMENTAR 
DIFERENCIADA (Que pode ser implementada pelos DIREITOS 
DA PERSONALIDADE) – Titulariza relações EXISTENCIAIS e 
PATRIMONIAIS. 
 
 Capacidade Jurídica confere a aptidão para ser sujeito de 
direito – Titulariza relações PATRIMONIAIS. 
 
Os entes despersonalizados não possuem personalidade jurídica, 
mas possuem capacidade jurídica. Não podem reclamar direitos da 
personalidade. Ex: Condômino pode reclamar dano moral, 
condomínio não. 
 
Nesse diapasão, exemplificando, uma criança ou adolescente 
tem personalidade (e, por conseguinte, direito a uma vida 
digna), mas não tem capacidade. Em sendo assim, poderá 
manifestar a sua vontade em relação à sua adoção por um 
terceiro, por exemplo, mas não lhe é reconhecido o direito de 
celebrar um contrato de doação ou de arrendamento. Ou seja, 
relações existenciais podem ser titularizadas por quem tem 
personalidade, mesmo que não tenha plena capacidade. 
Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald 
 
Isso se confirma no art. 1º do Código Civil: 
 
CC, Art. 1º. Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na 
ordem civil. 
 
 Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil, mas 
nem todo aquele que é capaz de direitos e deveres na ordem civil é 
pessoa. 
 
 
Já a capacidade civil de fato é a aptidão para se praticar 
ou exercer pessoalmente os atos da vida civil. Nem todos 
possuem. Por exemplo, uma criança de 10 anos tem capacidade de 
direito, mas não tem capacidade de fato. 
 
Capacidade de fato admite VARIAÇÃO e GRADAÇÃO, diferente 
da capacidade de direito que é absoluta. 
 
Capacidade de fato decorre de condições biológicas e legais. 
 
 CD + CF = Capacidade PLENA 
 
Todas essas considerações distintivas entre a capacidade de 
fato e a capacidade de direito somente se justificam, no atual 
estágio do Direito Civil, plasmado pelas garantias 
constitucionais, para o exercício de direitos patrimoniais. Isto 
é, no que tange ao exercício de situações jurídicas 
patrimoniais, ainda perdura a utilidade de apartar a capacidade 
de gozo (ser titular da relação jurídica) da capacidade de 
exercício (poder praticar o ato pessoalmente). Essa distinção 
classificatória, porém, não mais tem guarida quando se tratar 
de relações jurídicas existenciais, como no exemplo dos 
direitos da personalidade. Quanto aos interesses existenciais, é 
certo e induvidoso que qualquer pessoa humana – maior ou 
menor, dotada ou não de capacidadede exercício – pode 
exercê-los e reclamá-los direta e pessoalmente, sob pena de 
um comprometimento de sua dignidade. Cristiano 
Chaves/Nelson Rosenvald 
 
 
Incapacidade X Ilegitimidade 
 
 Qual a diferença entre incapacidade e ilegitimidade? 
 
Incapacidade é a falta da capacidade de fato. Capacidade de 
direito todos aqueles que nasceram com vida possuem. Essa 
incapacidade pode ser absoluta – CC, art. 3º, ou relativa – CC, art. 
4º. 
A ilegitimidade é o impedimento específico para a prática de 
determinado ato jurídico, por exemplo: CC, art. 1.749, I – tutor não 
pode adquirir bens do tutelado. O tutor é capaz, mas falta a ele 
legitimidade por haver impedimento específico. 
 
Diz Silvio Venosa: 
 
“Não se confunde o conceito de capacidade com o de 
legitimação. A legitimação consiste em se averiguar se uma 
pessoa, perante determinada situação jurídica, tem ou não 
capacidade para estabelecê-la. A legitimação é uma forma 
específica de capacidade para determinados atos da vida civil. 
O conceito é emprestado da ciência processual. Está legitimado 
para agir em determinada situação jurídica quem a lei 
determinar. Por exemplo, toda pessoa tem capacidade para 
comprar ou vender. Contudo, o art. 1.132 (art. 496 CC 2002) 
do Código Civil estatui: „os ascendentes não podem vender aos 
descendentes, sem que os outros descendentes expressamente 
consintam‟. Desse modo, o pai, que tem capacidade genérica 
para praticar, em geral, todos os atos da vida civil, se 
pretender vender um bem a um filho, tendo outros filhos, não 
poderá fazê-lo se não conseguir a anuência dos demais filhos. 
Não estará ele, sem tal anuência, „legitimado‟ para tal 
alienação. Num conceito bem aproximado da ciência do 
processo, legitimação é a pertinência subjetiva de um titular de 
um direito com relação a determinada relação jurídica. A 
legitimação é um plus que se agrega à capacidade em 
determinadas situações.” 
 
 
5.1 – ROL DOS ABSOLUTAMENTE INCAPAZES - 1916 X 2002 
 
O Código Civil de 1916, em seu art. 5º, determinava como 
absolutamente incapazes: 
 
- os menores de 16 anos, 
- os loucos de todo gênero; 
- os surdos-mudos, que não puderem exprimir a sua vontade; 
- os ausentes, declarados tais por ato de juiz. 
 
O Código de 2002, com sua visão mais moderna do Direito 
Civil, determina como absolutamente incapazes: 
 
 
CC, Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer 
pessoalmente os atos da vida civil: 
I - os menores de dezesseis anos; 
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem 
o necessário discernimento para a prática desses atos; 
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem 
exprimir sua vontade. 
 
 
- Os menores de 16 anos; 
 
Menores impúberes. 
Crianças e adolescentes até 16 anos. 
ECA, art.2º: Criança=Até 12 anos incompletos / 
Adolescente=Entre 12 e 18 anos. 
 
 Pode a vontade dos absolutamente incapazes ser levada em 
consideração? 
 
Enunciado 138, III Jornada de Direito Civil: 
 
“Art. 3º: 138 – A vontade dos absolutamente incapazes, na 
hipótese do inc. I do art. 3º, é juridicamente relevante na 
concretização de situações existenciais a eles concernentes, 
desde que demonstrem discernimento bastante para tanto.” 
 
- Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não 
tiverem o necessário discernimento para a prática desses 
atos; 
 
 Esquizofrenia, transtorno bipolar grave, epilepsia, qualquer 
doença que prive totalmente o discernimento. 
 
“Loucos de todo gênero” é um expressão que não diz nada. 
 
Essa incapacidade deve ser oficialmente reconhecida por 
processo de interdição (Arts. 1.177 e 1.186 do CPC), mas a doutrina 
admite uma “incapacidade natural” quando ainda não ocorrido o 
processo de interdição. Nesse caso, se admite a invalidação do ato 
praticado pelo incapaz apenas se demonstrados o prejuízo ao 
incapaz, a má-fé da outra parte e a real incapacidade do agente. 
 
Ocorrendo a declaração judicial de incapacidade (interdição), 
mesmo que esta seja proveniente de enfermidade “cíclica”, não serão 
considerados válidos nem os atos praticados nos momentos de 
lucidez. 
 
Em regra, os atos praticados pelo incapaz mesmo antes da 
interdição são inválidos. Vale dizer, se praticados por 
absolutamente incapaz são nulos, enquanto que se praticados 
por relativamente incapaz, são anuláveis. 
Isto porque a sentença de interdição, conforme doutrina 
civilista, apenas declara a situação de incapacidade já existente 
antes. 
Portanto, em regra os atos praticados por incapazes são nulos 
ou anuláveis. A exceção se faz quando tais atos são praticados 
com terceiro de boa fé, ou seja, aquele que não sabia e não 
teria como saber que o outro possuía alguma incapacidade. 
Esse é o entendimento do STJ, senão vejamos: 
REsp 296.895-PR. Nulidade de ato jurídico praticado por 
incapaz antes da sentença de interdição. Reconhecimento da 
incapacidade e da ausência de notoriedade. Proteção do 
adquirente de boa-fé. Precedentes da Corte. 1. A decretação da 
nulidade do ato jurídico praticado pelo incapaz não depende da 
sentença de interdição. Reconhecida pelas instâncias ordinárias 
a existência da incapacidade, impõe-se a decretação da 
nulidade, protegendo-se o adquirente de boa-fé com a 
retenção do imóvel até a devolução do preço pago, 
devidamente corrigido, e a indenização das benfeitorias, na 
forma de precedente da Corte. 2. Recurso especial conhecido e 
provido. Autor: Elisa Maria Rudge Ramos; 
 
 
- Os que, mesmo por causa transitória, não puderem 
exprimir a sua vontade. 
 
Aqueles que em razão de causa temporária (ou permanente) 
estejam impossibilitados de exprimir sua vontade. Ex: Intoxicação 
fortuita*, coma por acidente de veículo. E o “actio libera in causa” – 
“Ação livre na causa”?? 
 
E o surdo-mudo incapaz de manifestar vontade? E o ausente? 
 
O Código Civil de 2002 retirou de seu texto a referência 
expressa ao surdo-mudo incapaz de manifestar vontade e ao 
ausente. 
 
No Código de 1916 o surdo-mudo era determinado 
expressamente como absolutamente incapaz. No Código de 2002 não 
há mais essa necessidade, pois este já se encontra implicitamente no 
inciso III do art. 3º, que diz “… mesmo que por causa transitória...”. 
Se a causa transitória de impedimento de expressão gera 
incapacidade absoluta, a causa permanente, de forma óbvia, também 
gerará. 
 
 O ausente, para o Código de 2002, não é mais considerado 
absolutamente incapaz, e sim morto – morte presumida. 
 
 
 
5.2 – ROL DOS RELATIVAMENTE INCAPAZES - 1916 X 2002 
 
O Código Civil de 1916, em seu art. 6º, determinava como 
relativamente incapazes (relativamente a certos atos, ou à maneira 
de os exercer): 
 
- os maiores de 16 e menores de 21 anos, 
- os pródigos, 
- os silvícolas 
 
O Código de 2002, com sua visão mais moderna do Direito 
Civil, determina como relativamente incapazes: 
 
CC, Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à 
maneira de os exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por 
deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; 
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; 
IV - os pródigos. 
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por 
legislação especial. 
 
 
- Os maiores de 16 e menores de 18 anos; 
 
Menores púberes. CC 2002 reduziu a maioridade civil para 18 
anos. 
Critério objetivo do homem-médio. 
 
 
- Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por 
deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; 
 
**Cuidado! A embriaguez, o vício e a deficiênciaque geram 
incapacidade relativa são as que DIMINUEM, mas não ACABAM com o 
discernimento. Se o aniquilam (caso da embriaguez patológica ou 
dependência química total) geram incapacidade absoluta. 
 
- Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; 
Síndrome de Down. 
 
- Os pródigos. 
 
Desvio comportamental – Pessoa dilapida desordenadamente 
seu patrimônio, de tal forma que pode chegar à completa miséria. 
 
A motivação da lei é garantir-lhe o mínimo vital, preservando 
assim a dignidade da pessoa humana, e protegê-lo para que não 
venha procurar o Estado, ou a família (base da sociedade) para sanar 
sua pobreza. 
 
A preservação do mínimo vital, da dignidade da pessoa 
humana, é um interesse da sociedade, não só do indivíduo. 
 
Será interditado – CC, Art. 1.782 – a interdição se reduzirá aos 
atos relacionados ao patrimônio. 
 
*A capacidade dos ÍNDIOS* será determinada por lei especial 
(Lei nº 5.371/67 e Lei nº 6.001/73 – Estatuto do Índio). E.I., Art. 8º 
considera, regra geral, o ato do índio como nulo de pleno direito, 
todavia, será considerado válido se o índio revelar consciência e não 
lhe acarretar prejuízo. 
 
 
5.3 – SUPRIMENTO DA INCAPACIDADE 
 
 A incapacidade deverá ser suprida, seja ela absoluta ou 
relativa. 
 
- Incapacidade absoluta é suprida através da 
representação. 
 
- Incapacidade relativa é suprida através da assistência. 
 
 
5.4 – FIM DA INCAPACIDADE 
 
 
 Finda a incapacidade quando findar a sua causa (seja ela fruto 
de enfermidades ou pela menoridade) e por emancipação. 
 
 Para o novo Código Civil, aos 18 anos completos finda a 
menoridade e inicia-se a maioridade plena, momento em que a 
pessoa obtém capacidade para a prática de todos os atos da 
vida civil. 
 
Segundo Washington de Barros, opinião que prevalece na 
doutrina, a maioridade é atingida no primeiro momento do dia em 
que se completa os 18 anos. E se nasceu no dia 29 de fevereiro?? 1º 
de março. 
 
 A emancipação é uma forma de antecipação da capacidade 
civil de fato de uma pessoa (antecipa os efeitos da maioridade 
civil), atribuindo-lhe plena capacidade jurídica para gerir seus 
negócios e dispor de seus bens. Assim, em casos não relativos 
a enfermidades, há duas formas de obtenção da capacidade 
civil plena: 
 
- Maioridade (atingir os 18 anos de idade); 
- Emancipação 
 
6 – EMANCIPAÇÃO 
 
CC, Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, 
quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da 
vida civil. 
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: 
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, 
mediante instrumento público, independentemente de 
homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, 
se o menor tiver dezesseis anos completos; 
II - pelo casamento; 
III - pelo exercício de emprego público efetivo; 
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; 
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência 
de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor 
com dezesseis anos completos tenha economia própria. 
 
 
 A emancipação (CC, art. 5º) pode ocorrer de 3 formas 
distintas: 
 
 A - Emancipação voluntária 
 B - Emancipação judicial 
 C - Emancipação legal 
 
A - Emancipação voluntária 
 
 É a concedida pelos pais por instrumento público 
independentemente de homologação judicial. 
 
É ato dos pais e ato conjunto – Se apenas um dos pais possui a 
guarda, pode emancipar o filho sozinho? Não. É ato proveniente do 
poder de família, o qual não foi perdido quando a guarda passou 
apenas à mãe, ou apenas ao pai. 
 
É ato irrevogável. 
 
Pressupõe um mínimo de 16 anos de idade. 
O menor deve participar do ato, deve querer a emancipação, 
mesmo sendo esta um ato decorrente do poder familiar, pois atingirá 
toda a vida do menor. 
 
Para Carlos Roberto Gonçalves e para o STF, com o objetivo de 
evitar prejuízo à vítima, na emancipação voluntária os pais 
permanecem responsáveis pelos atos do filho até que complete 18 
anos de idade. 
 
B - Emancipação judicial 
 
A emancipação será requerida ao juiz, que analisará a 
conveniência do deferimento para o bem do menor e, assim 
decidindo, a concederá por sentença. 
 
É aplicada especialmente aos menores órfãos. 
 
Na emancipação judicial, desde que o menor tenha 16 anos 
completos, o juiz poderá emancipá-lo ouvindo o tutor. 
 
O JUIZ ouve o tutor e emancipa o menor, nunca é o tutor que 
emancipa o menor!! Evita-se assim as emancipações destinadas 
apenas a eximir o tutor do exercício da tutela. 
 
Tanto a emancipação judicial quanto a voluntária só produzirão 
efeitos após o registro no cartório de registro civil e no assento de 
nascimento. Na emancipação judicial deverá o juiz comunicar de 
ofício ao cartório de registro civil. 
 
C - Emancipação Legal 
 
Opera-se por força de lei. CC, art. 5º, parágrafo único, incisos 
II a IV: 
 
C.1 – Se dá por meio do casamento. 
 
 Casamento exige idade mínima de 16 anos – se emancipará em 
virtude do casamento. 
 
 *A pessoa que se emancipou pelo casamento, se vier a se 
separar* (EC 66/2010) ou divorciar, voltará ao estado de 
incapacidade? Não. A separação e o divórcio produzem efeitos para o 
futuro. A pessoa permanece emancipada. 
 
 *E se o casamento houver sido anulado? Polêmica! Para Pontes 
de Miranda e Pablo Stolze, a anulação gera efeitos ex tunc, 
retroativos, gera efeitos para o passado, assim, a emancipação cairia 
por terra. Ex: Pessoa que casou sob coação – emancipação deixará 
de existir. Casamento nulo não produz efeitos – Exceção: casamento 
putativo (CC, art. 1.561 – A boa-fé “limpará” os defeitos do 
casamento para quem assim o contraiu). 
 
C.2 – Por meio de exercício de emprego público efetivo. 
 
 *Muito raro. A maioria dos concursos tem como requisito a 
idade mínima de 18 anos. Na carreira militar, por exemplo, há cargos 
que podem ser ocupados com 17 anos – será emancipado. 
 
C.3 – Por colação de grau em curso de ensino superior. 
 
Por COLAÇÃO DE GRAU em curso de ensino superior! Não por 
aprovação em vestibular de curso de ensino superior – questão de 
concurso. 
 
C.4 – Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela 
existência de relação de emprego, desde que em função deles 
o menor com 16 anos completos já possua economia própria. 
 
 MENOR --------------- 16 anos completos + economia própria. 
 
Economia própria em um conceito aberto = estabelecimento 
civil, estabelecimento comercial, relação de emprego. 
 
 Conceito aberto = Juiz, pelo princípio da operabilidade, 
preencherá esse conceito de acordo com o caso concreto. 
 
 Estabelecimento comercial = Ex.: Estabelecimento 
empresarial. 
 
 Estabelecimento civil = Ex.: Prestação de serviços. 
 Relação de emprego = Ex.: Empregado. 
 
Tendo a idade mínima de 16 anos, se empregado, o jovem 
estará emancipado. Não carece de anotação na CTPS (Contrato de 
trabalho é “contrato realidade”). Se o menor é demitido antes de 
completar a maioridade não volta à condição de incapaz – situação de 
instabilidade jurídica e já comprovação da maturidade. 
 
 
7 – OBSERVAÇÕES QUANTO A REDUÇÃO DA MAIORIDADE 
CIVIL 
 
 
 A redução da maioridade civil não prejudica benefícios penais – 
princípio da individualização da pena. *Crimes cometidos por 
menores de 21 anos possuem atenuante de menor idade. 
 Campo previdenciário: Enunciado nº 3 da 1ª Jornada de Direito 
Civil e nota nº 42 de 2003 da Casa Civil do Governo Federal: 
Determinam que a redução da maioridade civil não atinge a 
legislação previdenciária que é legislaçãoespecial, assim o 
beneficiado continua, por exemplo, recebendo auxílio por morte 
até os 21 anos de idade. 
 
 E.C.A. – STJ determinou no julgado HC 28332/RJ que a redução 
da maioridade civil não alterou o limite máximo etário de 21 
anos para a medida de internamento. 
 
 STJ entende que a redução da maioridade civil não implica no 
cancelamento automático da pensão alimentícia. A obrigação de 
pagar alimentos engloba o tempo de conclusão dos estudos, o 
que gira em torno dos 21 anos. 
 
 
PENSÃO ALIMENTÍCIA. MAIORIDADE. FILHO. Trata-se de remessa pela 
Terceira Turma de recurso em ação revisional de alimentos em que a 
controvérsia cinge-se em saber se, atingida a maioridade, cessa 
automaticamente ou não o dever de alimentar do pai em relação ao filho. 
Prosseguindo o julgamento, a Seção, por maioria, proveu o recurso, 
entendendo que, com a maioridade do filho, a pensão alimentícia não pode 
cessar automaticamente. O pai terá de fazer o procedimento judicial para 
exonerar-se ou não da obrigação de dar pensão ao filho. Explicitou-se que 
completar a maioridade de 18 anos não significa que o filho não irá 
depender do pai. Precedentes citados: REsp 347.010/SP, DJ 10.02.2003 e 
REsp 306.791/SP, DJ 26/08/2002. REsp 442. 502/SP, Rel. Originário Min. 
Castro Filho, Rel. Para acórdão Min. Antônio de Pádua Ribeiro, julgado em 
06.12.2004. 
 
ALIMENTOS. MAIORIDADE DO ALIMENTANDO. EXONERAÇÃO AUTOMÁTICA 
DA PENSÃO. INADMISSIBILIDADE. Com a maioridade, extingue-se o poder 
familiar, mas não cessa, desde logo o dever de prestar alimentos, fundado a 
partir de então no parentesco. É vedada a exoneração automática do 
alimentante, sem possibilitar ao alimentado a oportunidade de manifestar-
se e comprovar, se for o caso, a impossibilidade de prover a própria 
subsistência. Precedentes do STJ. Recurso especial não conhecido. (REsp 
739.004/DF, Rel. Ministro Barros Monteiro, Quarta Turma, julgado em 
15.09.2005, DJ 24.10.2005). 
 
HABEAS CORPUS. PRISÃO CIVIL. ALIMENTOS. A jurisprudência do Superior 
Tribunal de Justiça consolidou-se no sentido de que a maioridade dos filhos 
não acarreta a exoneração automática da obrigação de prestar alimentos. 
Ordem denegada. (HC 55.065/SP, Rel. Min. Ari Pargendler, Terceira Turma, 
julgado em 10.10.2006, DJ 27.11.2006) 
 
HABEAS CORPUS. PRISÃO CIVIL. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. 
PRECEDENTES DA CORTE. 1. O habeas corpus, na linha da jurisprudência 
da Corte, não constitui via adequada para o exame aprofundado de provas 
indispensáveis à verificação da capacidade financeira do paciente para 
pagar os alimentos no montante fixado. 2. A maioridade do credor dos 
alimentos não exonera, por si só, a obrigação do devedor. 3. A propositura 
da ação revisional de alimentos não impede a prisão civil do devedor de 
alimentos. 4. “O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante 
é o que compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da 
execução e as que se vencerem no curso do processo” (Súmula nº 309 STJ 
– atual redação aprovada em 22.03.2007 pela Segunda Seção). 
5. Ordem concedida em parte. (HC 55.606/SP, Rel. Ministro Carlos Alberto 
Menezes Direito, Terceira Turma, julgado em 05.09.2006, DJ 13.11.2006). 
 
RECURSO ESPECIAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS. 
MAIORIDADE DO ALIMENTANDO. MINISTÉRIO PÚBLICO. ILEGITIMIDADE 
PARA RECORRER. O Ministério Público não detém legitimidade para recorrer 
contra decisão em que se discute alimentos quando o alimentando houver 
alcançado a maioridade. Recurso Especial não conhecido. (REsp 
712.175/DF; Rel. Ministro César Asfor Rocha, Quarta Turma, julgado em 
18.10.2005, DJ 08.05.2006). 
 
HABEAS CORPUS. ECA. INTERNAÇÃO. LIBERAÇÃO COMPULSÓRIA. IDADE 
LIMITE, 21 ANOS. NOVO CÓDIGO CIVIL. REDUÇÃO DA IDADE DA 
CAPACIDADE CIVIL. DESINFLUÊNCIA NA MEDIDA SÓCIO-EDUCATIVA. 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL. RESTRIÇÃO. ATIVIDADES EXTERNAS. 
INOCORRÊNCIA. 1. O Novo Código Civil, ao reduzir a idade da capacidade 
civil, não revogou o artigo 121, parágrafo 5º, do Estatuto da Criança e do 
Adolescente, que fixa a idade de 21 anos para a liberação compulsória do 
infrator. 2. Ajustada a execução da medida sócio-afetiva de internação ao 
artigo 121, parágrafo 5º, da Lei nº 8.069/90, não há falar em 
constrangimento ilegal (Precedentes da Corte). 3. Conquanto o artigo 120 
da Lei 8.069/90 dispense autorização do juiz para a realização de atividades 
externas pelo menor sujeito à medida sócio-educativa de semiliberdade, tal 
não implica a exoneração do magistrado do seu dever legal de presidir o 
bom cumprimento do comando da sentença, adequando a medida sócio 
educativa às peculiaridades do menor e ao próprio ato infracional por ele 
perpetrado (Precedentes da Corte). 4. Writ denegado. (HC 28.332/RJ, Rel. 
Ministro Hamilton Carvalhido, Sexta Turma, julgado em 28.09.2004, DJ 
01.02.2005) 
 
 
8 - EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL 
 
 Finda a existência da pessoa natural com a morte – CC, art. 
6º. 
 
CC, Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a 
morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em 
que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. 
 
 Antes : morte = parada cárdio respiratória. 
 Hoje : morte = morte encefálica - irreversibilidade (Resolução 
1480/97 do Conselho Federal de Medicina e Lei 9.434/97 – Lei dos 
Transplantes). 
 
 Quem declara o óbito é um profissional da medicina, um 
médico, todavia, nos locais em que não houver médico, a morte pode 
ser aferida por duas pessoas qualificadas que tiverem presenciado ou 
verificado a morte (Lei 6.015/73 - Lei de Registros Públicos, art. 77). 
 
 Gera, dentre outros: 
 
 Fim do poder familiar 
 Abertura da sucessão 
 Extinção do usufruto 
 Dissolução do vínculo matrimonial e da União estável 
 Extinção de contratos personalíssimos 
 Extinção da obrigação de pagar alimentos 
 Extinção da punibilidade (Art. 107, CP) 
 
 
Doutrinariamente pode-se falar em 4 espécies de morte: 
 
 Morte real 
 Morte simultânea ou comoriência 
 Morte civil** (não mais existente em nosso 
ordenamento jurídico) 
 Morte presumida 
 
8.1 – Morte Real 
 
 
 É a REGRA no nosso ordenamento jurídico. 
 É provada pelo atestado de óbito. 
 
Requisitos: 
 
 Existência de corpo 
 Certificação da morte encefálica por profissional 
habilitado 
 
 
8.2 - Morte Simultânea ou COMORIÊNCIA 
 
 Aquela prevista no artigo 8º do Código Civil. 
CC, Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma 
ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes 
precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. 
 Situação jurídica especial em que duas ou mais pessoas 
morrem na mesma ocasião sem que haja possibilidade de 
indicação do momento de suas mortes. 
 Prova: laudo médico / testemunhas (CPC, art. 131 – “Juiz 
apreciará livremente a prova”). 
 
 A morte não precisa ocorrer no mesmo local. 
 
 Critérios distintos em outros países. 
 
 Não há transferência de bens entre comorientes. 
 Não existindo conclusão sobre a ordem cronológica dos óbitos, 
aplica-se o princípio da comoriência / Princípio da simultaneidade dos 
óbitos, admitindo-se a simultaneidade das mortes. 
 
 *Questão sucessória (Ex: Maria e José morrem em acidente de 
avião). 
 
 Na realidade o que ocorre é que nenhum dos comorientes herda 
do outro. 
 
Serão abertas cadeias sucessórias autônomas e distintas. 
 
 COMORIÊNCIA e Contratos de SEGURO DE VIDA: 
Falecendo na mesma ocasião o segurado e o beneficiário: 
 
Inventário. Comoriência. Indenização decorrente de seguro de 
vida. Tendo o casal e os filhos falecido simultaneamente, 
vítimas de acidente automobilístico, não se operou sucessãoentre aqueles, nem entre aqueles e estes. Assim, a indenização 
decorrente de apólice de seguro de vida em grupo, em que os 
consortes constavam reciprocamente como beneficiários, é de 
ser paga de forma rateada aos herdeiros de ambos. TJ/RS, Ac. 
7ª Cam. Cív., Ag Inst. 598.569952 j. 17.03.99 
 
 
8.3 – Morte Civil 
 
 Não mais existente no sistema civil brasileiro. 
 
 Encontra certo ponto comparativo no Código Civil no art. 1.816 
– Herdeiro declarado indigno será afastado da herança como se 
morto fosse antes da abertura da sucessão. É considerado 
morto apenas para a questão sucessória vinculada à 
indignidade, mantendo a personalidade para todos os demais 
efeitos. 
 
CC, Art. 1.816, caput. São pessoais os efeitos da exclusão; os 
descendentes do herdeiro excluído sucedem, como se ele 
morto fosse antes da abertura da sucessão. 
 Legislação militar: Indigno do oficialato perde o posto e a 
patente – família pode receber pensão como se ele morto fosse. 
 
 
8.4 - Morte Presumida 
 
 Ocorre em duas situações: 
 
 
 Decorrente da previsão do CC, art. 7º. 
Morte real sem cadáver ou Morte presumida sem ausência. 
 
 Decorrente da ausência – CC, art. 22 ao 39; 
 
 
Morte presumida – CC, Art. 7º: 
 
CC, Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem 
decretação de ausência: 
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em 
perigo de vida; 
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, 
não for encontrado até dois anos após o término da guerra. 
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses 
casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as 
buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data 
provável do falecimento. 
 
 
Requisitos: 
 
 Prova de que a pessoa se encontrava no local do ocorrido 
 Prova de que não há mais notícias da pessoa após o ocorrido 
 
Exemplos: 
 
Lei 9140/95 - Reconhece como mortas pessoas desaparecidas em 
razão de participação, ou acusação de participação, em atividades 
políticas, no período de 02.09.61 a 15.08.79 (Ditadura militar) e 
defere indenização aos familiares. 
 
Ulysses Guimarães, Acidente da TAM. *Se os corpos não fossem 
encontrados, as famílias conseguiriam uma declaração de óbito 
fundada nesse inciso do art. 7º. 
 
 
 
 
Morte presumida – Ausência: 
 
 As hipóteses de morte presumida do art. 7º não se confundem 
com a ausência, tanto que quando são declaradas o registro é feito 
no livro de óbitos. 
 
 Ausência é um procedimento, um rito (sucessão provisória – 
sucessão definitiva). 
 
Uma vez reconhecida a ausência de um dos cônjuges pode o 
outro se casar? 
 
CC, Art. 1.571, § 1o O casamento válido só se dissolve pela 
morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a 
presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente. 
 
 No momento em que o juiz declara aberta a sucessão definitiva, 
o ausente é declarado PRESUMIDAMENTE MORTO, portanto, seu 
cônjuge já é considerado viúvo. 
 
A declaração de ausência não é registrada como óbito, mas como 
“declaração de ausência” e em livro próprio. 
 
 
 E se após todo o procedimento o morto voltar?? 
 
 Entrará com ação judicial pedindo a declaração de inexistência 
do fato alegado (morte presumida), o que gerará seus efeitos como 
retorno da validade do RG, CPF... 
 
 Volta antes da sucessão provisória: Ainda não decorreu 
nenhum efeito. 
 Volta depois de aberta a sucessão provisória: Receberá os bens 
no estado em que se encontrarem, ou levantará as cauções. 
Deverá indenizar benfeitorias. 
 Volta depois de aberta a sucessão definitiva: Recebe os bens no 
estado em que se encontrarem ou os sub-rogados em seu 
lugar. 
 Depois do prazo de 10 anos da sentença que declarou aberta a 
sucessão definitiva: Não receberá nada. 
 
Mas e no caso do cônjuge que se casou novamente?? 
 
Posição técnica X Posição prática. Tecnicamente o segundo 
casamento é inválido. Doutrina moderna não concorda. 
 Para doutrina moderna: “… os efeitos pessoais e familiares 
decorrem da abertura da sucessão provisória, após o lapso temporal 
de um ano, contado do reconhecimento da ausência.”
9 – DOMICÍLIO 
 
 
 Proveniente do direito romano. “Domus” – Lar, mas o lar no 
direito romano não significava apenas o local de morada, mas 
também o local onde se cultuava os antepassados (Influência 
desse significado no direito de família – Bem de família). 
 
CC, Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela 
estabelece a sua residência com ânimo definitivo. 
 
 Necessário entender a diferença entre: 
 
- Morada 
- Residência 
- Domicílio 
 
Morada: 
 
 Roberto de Ruggiero chamava morada de “estadia”, o que 
influenciou Caio Mário e Orlando Gomes. 
 
 Morada não se confunde com domicílio. É apenas o lugar em 
que a pessoa se estabelece temporariamente. É temporária, 
transitória. 
 
Residência: 
 
 Diferente da morada, a residência é o lugar em que a pessoa se 
estabelece com habitualidade. É habitual, permanente. 
 
 Falta na residência a essência que o domicílio possui. 
 
Domicílio: 
 
 O Domicílio, nos termos do art. 70 do Código Civil, abrange o 
conceito de residência, mas é mais profundo, pois apenas no 
domicílio verifica-se o ÂNIMO de ficar e transformar aquele 
local em centro de sua vida jurídica e profissional. 
 
 Esse é o “plus” do domicílio: o efeito psicológico, o ânimo de 
ficar, o “ANIMUS MANENDI” 
 
 
9.1 - PLURALIDADE DE DOMICÍLIOS 
 
 
 É possível a pluralidade de domicílios?? 
Se a pessoa possui em cada cidade completa vida jurídica e 
profissional e seu ânimo é de viver alternadamente em cada uma 
delas, por influência do direito germânico, o nosso sistema admite a 
pluralidade de domicílios de acordo com o art. 71 do CC. 
 
Será determinado juridicamente como seu domicílio qualquer 
um dos múltiplos domicílios existentes. 
 
CC, Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas 
residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á 
domicílio seu qualquer delas. 
 
 
9.2 - DOMICÍLIO PROFISSIONAL 
 
 
 O domicílio profissional, previsto no art. 72 do CC, é fruto de 
influência da CLT e existe apenas para contemplar efeitos do 
exercício da profissão da pessoa física. 
Por esse motivo não é um domicílio geral. 
 
É novidade do Código Civil de 2002. 
Exemplo: PSF 
 
CC, Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às 
relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é 
exercida. 
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares 
diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações 
que lhe corresponderem. 
 
 
9.3 - DOMICÍLIO OCASIONAL OU APARENTE 
 
 
 Teoria especialmente desenvolvida pelo civilista belga Henri de 
Page, o domicílio aparente é aquele criado por ficção jurídica 
para pessoas que não tenham domicílio certo e vivam 
constantemente em viagens. 
 
Definido pelo art. 73 do CC. Exemplos: Caixeiro viajante, 
ciganos, integrantes do MST, *caminhoneiro, integrantes de 
circos. 
 
CC, Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não 
tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada. 
 
 
9.4 - DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA 
 
 
 Regra geral, o domicílio da pessoa jurídica de direito privado se 
estabelece onde está a sua sede, assim determinado em seu 
estatuto, contrato social ou ato constitutivo equivalente. 
 
 As pessoas jurídicas de direito público têm o seu domicílio 
determinado pelo art. 75 do CC. 
 
 
9.5 - ESPÉCIES DE DOMICÍLIO 
 
 
9.5.1 - DOMICÍLIO VOLUNTÁRIO 
 
 
Domicíliogeral e comum fixado por simples ato de vontade. 
 
 O ato de fixação do domicílio voluntário é um ato jurídico em 
sentido estrito. 
 
 
9.5.2 - DOMICÍLIO LEGAL OU NECESSÁRIO 
 
 
Domicílio imposto pela lei. Arts. 76 e 77, CC. 
 
 O domicílio legal é obrigatório e não pode ser afastado pela 
simples vontade, mas se a competência não é questionada, será 
prorrogada. 
 
Art. 77 – Ex.: Diplomata. Se não indicar seu domicílio, pode ser 
demandado no DF ou em seu último domicílio no Brasil. 
 
 Art. 76 – Tem domicílio necessário: 
 
 O incapaz 
 O servidor público (que tem função permanente) 
 O militar 
 O marítimo (marinheiro particular) 
 O preso 
 
 
PESSOA COM DOMICÍLIO 
NECESSÁRIO 
LOCAL DO DOMICÍLIO 
NECESSÁRIO 
Incapaz 
Domicílio do seu representante 
ou assistente 
Servidor público 
Lugar onde exerce 
permanentemente suas funções 
Militar 
Onde servir. Sendo da Marinha 
ou da Aeronáutica, na sede do 
comando a que se encontrar 
imediatamente subordinado. 
Marítimo Onde o navio estiver matriculado 
Preso 
Onde cumprir a sentença 
(Sentença! Não prisão 
provisória). 
 
 
9.5.3 – DOMICÍLIO ESPECIAL, OU DE FORO, OU DE ELEIÇÃO 
 
 
CC, art. 78 e CPC, art. 111. 
 
CC, Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes 
especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos 
e obrigações deles resultantes. 
 
Atentar-se para o entendimento do STJ – Considera nula a 
cláusula de eleição prejudicial ao consumidor aderente (REsp 
201195/SP). 
 
Em contrato de consumo, é válida a cláusula que fixa domicílio 
desfavorável ao consumidor? 
 
 Para Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona, tal cláusula é ilegal, pois 
viola o art. 51, IV do CDC que determina: 
 
“Considera-se nula de pleno direito a cláusula que obrigação 
iníqua, abusiva, que coloque o consumidor em desvantagem 
exagerada, ou seja incompatíveis com a boa-fé e a equidade” 
 
 Diz Pablo Stolze: 
 
“Mesmo que seja dada prévia ciência da cláusula ao 
consumidor, o sistema protetivo inaugurado pelo Código, 
moldado por superior interesse público, proíbe que o 
fornecedor se beneficie de tal prerrogativa, especialmente em 
se considerando que nos contratos de adesão a liberdade 
negocial do consumidor é extremamente restrita” 
 
Artigo 112 do CPC foi alterado pelo Código de Defesa do 
Consumidor – Hoje pode o juiz declinar dessa competência de ofício. 
 
CPC, Art. 112. Argúi-se, por meio de exceção, a 
incompetência relativa. 
Parágrafo único. A nulidade da cláusula de eleição de foro, em 
contrato de adesão, pode ser declarada de ofício pelo juiz, que 
declinará de competência para o juízo de domicílio do 
réu.(Incluído pela Lei nº 11.280, de 2006) 
 
Nesse sentido, segue o julgado: 
 
FORO DE ELEIÇÃO. Código de Defesa do Consumidor. Banco. 
Alienação fiduciária. - A atividade bancária de conceder financiamento 
e obter garantia mediante alienação fiduciária é atividade que se 
insere no âmbito do Código de Defesa do Consumidor. - É nula a 
cláusula de eleição de foro inserida em contrato de adesão quando 
dificultar a defesa do aderente em juízo, podendo o juiz declinar de 
ofício de sua competência. Precedentes. Recurso não conhecido. 
(RESP 201.195/SP, Rel. Ministro Ruy Rosado de Aguiar, Quarta 
Turma, julgado em 07.12.2000, DJ 07.05.2001)” 
 
 
10 - PESSOA JURÍDICA 
 
 
 Conceito de Pablo Stolze: 
 
“Pessoa jurídica é um grupo humano, criado na forma da lei e 
dotado de personalidade jurídica própria para atingir fins 
comuns”, tornando-se passível de direitos e deveres na esfera 
civil. É sujeito de direito e possui autonomia jurídica. 
 
 Pessoa jurídica é consequência da tendência natural dos seres 
humanos de se agruparem. É consequência do fato associativo. 
 
 Eram chamadas de pessoas morais, místicas, ideais, passando 
a chamar pessoas jurídicas após o início do séc. XX, nome 
adotado pelo Brasil, Espanha, Itália e Alemanha. 
 
São chamadas de pessoas coletivas, em Portugal, pessoas 
morais, na França e entes de existência ideal, na Argentina 
(inspiração dada por Teixeira de Freitas). 
 
O sentimento gregário do homem permite afirmar que a 
associação é inerente à natureza, corrigindo-lhe as fraquezas e 
suprindo com a sua continuidade a brevidade da vida. O 
espírito criador engendra então entidades coletivas, resultantes 
de um agregado de pessoas ou de um acervo de bens, por via 
dos quais logra a obtenção de resultados mais positivos e mais 
amplos do que consegue o esforço individual isolado. 
Caio Mário da Silva Pereira. 
 
(...) é induvidosa a necessidade de emprestar personalidade 
jurídica a agrupamentos humanos. Pela impossibilidade de 
exercer, realizar, por si só, certas atividades e atingir 
determinadas finalidades que ultrapassam suas forças e 
limites, a pessoa natural precisa se unir a outras pessoas 
humanas, formando grupos com desiderato próprio. A estas 
entidades o ordenamento jurídico empresta autonomia e 
independência, dotando-as de estrutura própria e 
personalidade jurídica distinta daqueles que a instituíram. 
Surge, portanto, a pessoa jurídica das próprias necessidades 
sociais. Tem como pano de fundo a tendência humana ao 
convívio em grupos (não se pode olvidar que o homem é um 
ser gregário) e a imprescindibilidade da cooperação de mais de 
uma pessoa para a consecução de determinadas atividades. 
... 
 
Derivam, assim, tais entidades da união de pessoas naturais ou 
de pessoas naturais e patrimônios destinados a um fim 
específico, no exemplo das fundações. 
Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald 
 
 
A pessoa jurídica pode ser: 
 
 
o Pessoa jurídica intersubjetiva ou universitas 
personarum – Constituída pela união de duas ou mais 
pessoas com objetivos comuns, criando uma pessoa 
autônoma e distinta. Caso das corporações (Associações e 
sociedades). 
 
o Pessoa jurídica patrimonial ou universitas bonorum 
– Proveniente da afetação de um patrimônio livre 
destinado a um fim específico. Caso das fundações. 
 
 
 Empresário individual é pessoa jurídica?? 
 
 
 Mesmo possuindo CNPJ, pagando tributos de pessoa jurídica, 
empresário individual não é pessoa jurídica. Trata-se de uma ficção 
jurídica, e uma ficção tributária. 
 
 
10.1 - TEORIAS EXPLICATIVAS DA PESSOA JURÍDICA 
 
 Teorias negativistas – Defendidas, dentre outros, por Ihering. 
 
 Teorias afirmativistas – Defendidas, dentre outros, por Savigny 
e Clóvis Beviláqua. 
 
 
10.1.1 – TEORIAS NEGATIVISTAS DA PESSOA JURÍDICA 
 
As teorias negativistas negam completamente a existência da 
pessoa jurídica, mas seus argumentos embasadores variam de 
acordo com o pensador: 
 
 “Pessoa jurídica é apenas um patrimônio afetado a uma 
finalidade.” 
 “Pessoa jurídica não tem existência, é apenas um patrimônio 
coletivo, um condomínio.” 
 “Pessoa jurídica não existe, é apenas um grupo de pessoas 
físicas reunidas.” 
 
Todos esses pensamentos não convenceram e as teorias 
negativistas não são mais utilizadas, imperando hoje as teorias 
afirmativistas. 
 
 
10.1.2 – TEORIAS AFIRMATIVISTAS DA PESSOA JURÍDICA 
 
 
Para as teorias afirmativistas, a pessoa jurídica existe e é 
sujeito de direitos. 
 
São 4 as teorias afirmativistas: 
 
 
 Teoria da Ficção Legal - Defendida por Savigny, embasado 
pelo pensamento de Windscheid. 
 
 Teoria da Realidade Objetiva ou Teoria Organicista - 
Defendida por Gierke e Zitelman. 
 
 Teoria da Realidade Técnica - Defendida por Saleilles e 
Ferrara. 
 
 Teoria da Realidade das Instituições Jurídicas – Defendida 
por Hauriou. 
10.1.2.1 - Teoria da Ficção Legal (Savigny).Teoria prevalecente no séc. XVIII na Alemanha e na França, 
afirmava que a pessoa jurídica teria existência meramente ideal, 
sendo assim, seria apenas uma criação da técnica jurídica. 
 
Savigny pensava que só as pessoas naturais poderiam 
titularizar relações jurídicas. Assim, a pessoa jurídica não poderia agir 
no campo social, pois era apenas uma instituição de direito, uma 
criação artificial da lei. 
 
Savigny fez uma teoria extremamente abstrata, a qual foi 
facilmente rebatida pela teoria da realidade objetiva. 
 
 
10.1.2.2 - Teoria da Realidade Objetiva ou Teoria Organicista. 
 
Extremamente sociológica, diz que a pessoa jurídica não é 
apenas é uma abstração da lei, mas uma “célula social viva”, 
dotada de existência própria, real e social, como qualquer indivíduo. 
 
As pessoas jurídicas teriam existência e VONTADE PRÓPRIOS, 
ignorando a VONTADE HUMANA. 
 
 
10.1.2.3 - Teoria da Realidade Técnica. 
 
Tal teoria englobou o melhor das duas teorias anteriores, 
dizendo que tanto Savigny quanto os sociológicos não estavam 
completamente errados, mas apenas desequilibrados. 
 
A pessoa jurídica seria, portanto, ente personificado pelo 
Direito, embora possua ampla atuação social e seja sujeito de direito. 
 
Por essa teoria, a técnica do direito personifica a pessoa 
jurídica, mas não lhe nega a atuação social. 
 
Ocorre que, para essa teoria, a pessoa jurídica seria real, 
porém dentro de uma realidade técnica, distinta da realidade das 
pessoas naturais. 
 
É adotada por Caio Mário da Silva Pereira. 
 
 
10.1.2.4 – Teoria da Realidade das Instituições Jurídicas 
 
 A Teoria da Realidade das Instituições Jurídicas também 
configura um misto das teorias anteriores. 
 Entende que a personalidade humana deriva do direito e 
também pode ser conferida a determinados entes que possuam 
finalidade própria, a partir da VONTADE HUMANA, da vontade das 
pessoas naturais que lhe constituíram. 
 
 Para tal teoria, a pessoa jurídica é uma realidade jurídica 
pendente da vontade humana. 
 
 
10.2 - AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
 
 
 Como já vimos anteriormente, a pessoa física adquire sua 
personalidade jurídica com o nascimento com vida (de acordo 
com a teoria natalista). E a pessoa jurídica? Quando adquire a 
personalidade jurídica? 
 
 Requisitos para a constituição da pessoa jurídica, segundo 
Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald: 
 
 A vontade humana que lhe dá origem (a chamada 
vontade humana criadora). 
 A organização de pessoas ou destinação de um 
patrimônio afetado a um fim específico. 
 A licitude de seus propósitos. 
 A capacidade jurídica reconhecida pela norma jurídica. 
 O atendimento das formalidades legais (CC, art. 45 – 
Registro civil das pessoas jurídicas). 
 
 
 A aquisição da personalidade jurídica da pessoa jurídica se dá 
na forma do art. 45, CC: 
 
CC, Art. 45 – Começa a existência legal das pessoas jurídicas 
de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no 
respectivo registro, precedida, quando necessário, de 
autorização ou aprovação do poder executivo, averbando-se no 
registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. 
Parágrafo único – Decai em três anos o direito de anular a 
constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por 
defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação e sua 
inscrição no registro. 
 
 O REGISTRO é o ato que dá personalidade jurídica à pessoa 
jurídica, assim a pessoa jurídica só se personifica, passando a 
ter existência legal de pessoa, após realizado o registro de seus 
atos constitutivos (estatuto ou contrato social). 
 
 O REGISTRO DA PESSOA JURÍDICA É ATO CONSTITUTIVO DE 
SUA PERSONALIDADE E OPERA EFEITOS “EX NUNC” (não 
retroativos). 
 
 Em determinados casos necessita-se do registro e da 
autorização especial do Poder Executivo. 
 
 A pessoa jurídica não registrada é considerada como “sociedade 
despersonificada”, irregular ou de fato, o que gera a 
responsabilidade pessoal de seus sócios ou administradores. 
São regidas pelos artigos 986 e seguintes do CC. 
 
 Não confundir pessoa jurídica com grupos despersonificados 
(massa falida, espólio, condomínio…) 
 
 Após constituída, a pessoa jurídica passa a ter as seguintes 
características: 
 
 Existência jurídica própria, distinta da de seus criadores. 
 Personalidade própria, autônoma, distinta da personalidade 
de seus criadores. 
 Patrimônio próprio, distinto do patrimônio de seus criadores 
(Salvo excepcionalmente em casos de desconsideração da 
personalidade jurídica). 
 Possibilidade de titularizar, ativa ou passivamente, relações 
civis ou penais. 
 Impossibilidade de titularizar relações típicas de pessoas 
naturais, como o casamento e a adoção. 
 
 
Pessoa Jurídica pode sofrer DANO MORAL?? 
 
Há 2 correntes: 
 
A corrente majoritária determina que a pessoa jurídica PODE 
sofrer dano moral. Embasa-se na Súmula 227 do STJ e no art. 52 do 
CC. 
 
A corrente minoritária, defendida por Arruda Alvim e Nilson 
Melo da Silva, determina que a pessoa jurídica NÃO PODE sofrer dano 
moral. 
 
Embasa-se no Enunciado 286 da IV Jornada de Direito Civil – 
Qualquer dano que uma pessoa jurídica sofra gera repercussão 
econômica, sendo portanto dano material. O enunciado 286 afirma 
que pessoa jurídica não pode ser titular de direitos da personalidade 
e se não é titular de direitos da personalidade, não é passível de dano 
moral. 
 
CC, Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a 
proteção dos direitos da personalidade. 
 
Súmula 227 STJ: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. 
 
En. 286 – Art. 52. Os direitos da personalidade são direitos 
inerentes e essenciais à pessoa humana, decorrentes de sua 
dignidade, não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais 
direitos. 
 
En. 274 – Art. 11. Os direitos da personalidade, regulados de 
maneira não-exaustiva pelo Código Civil, são expressões da 
cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida no 
art. 1º, III, da Constituição (princípio da dignidade da 
pessoa humana). Em caso de colisão entre eles, como 
nenhum pode sobrelevar os demais, deve-se aplicar a técnica 
da ponderação. 
 
 Os direitos da personalidade tem seu fundamento na CLÁUSULA 
GERAL DA PERSONALIDADE ou DIREITO GERAL DA PERSONALIDADE 
proveniente do preceito constitucional da DIGNIDADE DA PESSOA 
HUMANA. 
 
Por esse entendimento não seria possível ser a pessoa jurídica 
detentora de direitos da personalidade. 
 
 Mesmo sendo o conceito de dano moral vinculado à violação de 
direito da personalidade, e mesmo chegando à conclusão de que 
pessoa jurídica não é detentora de direitos da personalidade, ainda 
assim é o melhor entendimento dizer que o art. 52 do Código Civil e a 
Súmula 227 do STJ são amplamente aplicáveis. Ou seja, PESSOAS 
JURÍDICAS SOFREM DANO MORAL. 
 
 Fundamento: Nenhum dos dispositivos anteriormente citados 
determinam que a pessoa jurídica possui DIREITOS DA 
PERSONALIDADE. Pelo contrário, o art. 52 do CC não diz que a 
pessoa jurídica possui DIREITO da personalidade. Ele diz que aplica-
se às pessoas jurídicas, NO QUE COUBER, a PROTEÇÃO dos direitos 
da personalidade . 
 
 Aplica-se portanto a proteção dos direitos da personalidade à 
pessoa jurídica naquilo “que a sua falta de estrutura biopsicológica 
permita exercer.” . Ex.: Nome, imagem, honra objetiva. Não podendo 
ser aplicado à, por exemplo, integridade física ou intimidade. 
 
 Para o doutrinador Cristiano Chaves de Farias, a Súmula 227 
poderia ter melhor redação se tratasse: 
 
“A pessoa jurídica pode sofrer dano moral, NO QUE COUBER” 
(Naquilo que for compatívelcom a sua falta de estrutura 
biopsicológica.) 
 
Aplicação deste posicionamento: STJ Resp 433.954 (Protesto 
indevido de duplicada pode gerar dano moral à pessoa jurídica.) 
 
 
10.3 - CLASSIFICAÇÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS 
 
 
De Direito Público De Direito Privado 
Pessoas Jurídicas de Direito 
Público Externo: 
 
-Estados Estrangeiros (Chile, 
Espanha,…) 
-Pessoas regidas pelo Direito 
Internacional Público (ONU, 
OEA, Mercosul…) 
 
Pessoas Jurídicas de Direito 
Público Interno: 
 
-União 
-Estados 
-Municípios 
-DF e territórios 
-Autarquias -
Associações Públicas 
-Entidades de caráter -
Fundações públicas 
público criadas por lei. 
 Associações 
 
 Fundações 
 
 Sociedades 
 
 Organizações religiosas 
 
 Partidos políticos 
 
* Duas últimas espécies 
acrescentadas pela Lei 
10.825/03. 
 
 
11 - ASSOCIAÇÕES 
 
 “As associações são entidades de direito privado, formadas pela 
união de indivíduos com o propósito de realizarem fins não-
econômicos”. 
 
CC, Art. 53. Constituem-se as associações pela união de 
pessoas que se organizem para fins não econômicos. 
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e 
obrigações recíprocos. 
 
Fins não econômicos ≠ Ausência de LUCRO. Pode ter conteúdo 
econômico, como patrimônio. 
 
Veja-se que as associações podem (e, por que não dizer, 
devem) ter ganho financeiro. No entanto, o eventual lucro 
obtido no exercício da atividade associativa será reaplicado na 
própria entidade, vedando-se a partilha entre os sócios. 
Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald 
 
 Seguem o Princípio da Liberdade Associativa: 
CF, Art. 5º, XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se 
ou a permanecer associado; 
Atentado contra a liberdade de associação 
CP, Art. 199 - Constranger alguém, mediante violência ou 
grave ameaça, a participar ou deixar de participar de 
determinado sindicato ou associação profissional: 
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena 
correspondente à violência. 
 
 
 As associação tem como ato constitutivo um ESTATUTO e seu 
registro é feito no CRPJ. 
No estatuto deverá conter, sob pena de nulidade – Art. 54*, 
CC. 
 
CC, Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações 
conterá: 
I - a denominação, os fins e a sede da associação; 
II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos 
associados; 
III - os direitos e deveres dos associados; 
IV - as fontes de recursos para sua manutenção; 
V - o modo de constituição e funcionamento dos órgãos 
deliberativos e administrativos; 
V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos 
deliberativos; (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) 
VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias 
e para a dissolução. 
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das 
respectivas contas. (Incluído pela Lei nº 11.127, de 2005) 
 
 CC-02 inovou no Art. 57 - O CC, em seu art. 57* e a posterior 
alteração dada pela Lei nº 11.127/2005 passou a permitir a 
exclusão de associado em caso de justa causa assim 
reconhecida por procedimento que assegure direito de defesa e 
recurso (Princípios do Devido Processo Legal, do Contraditório e 
da Ampla Defesa) – Conceito aberto – princípio da 
operabilidade ou concretude. 
CC, Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo 
justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure 
direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no 
estatuto. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) 
Não confundir com o condomínio! Condômino não é associado, 
é co-proprietário, por isso não pode ser excluído. Condômino 
com mau comportamento não pode ser excluído, mas pode ser 
obrigado a pagar multa progressiva. 
 
 Assembléia Geral é o órgão máximo das associações - CC, Art. 
59* Determina a competência das Assembléias Gerais. 
Atenção! O Art. 54 regula o estatuto das associações, mas 
quem tem o poder de alterá-lo é apenas a Assembléia Geral. 
 
 Dissolução da Associação – CC, art. 61* - O patrimônio líquido 
será destinado à outra entidade de fins não econômicos 
prevista no estatuto ou, se este é omisso, a qualquer entidade 
sem fins lucrativos municipal, estadual ou federal. 
 
 
12 - FUNDAÇÕES 
 
 
 “Diferentemente das associações e das sociedades, as 
fundações resultam, não da união de indivíduos, mas da 
afetação de um patrimônio, por testamento ou escritura 
pública, que faz o seu instituidor, especificando o fim para o 
qual se destina.” 
 
 Assim como as associações, as fundações não podem ter fins 
lucrativos, o que não se confunde com conteúdo econômico. 
FUNDAÇÃO COM FIM LUCRATIVO É IRREGULAR! A FUNDAÇÃO 
TEM FINALIDADE IDEAL! 
 
 A fundação não decorre do agrupamento de pessoas, como 
ocorre com as associações e as sociedades. Decorre sim da 
afetação de um patrimônio que se personifica - CC, art. 62. 
É entidade típica de quem tem muito $ - (Fundação Bradesco, 
Fundação Roberto Marinho). 
CC, ARTIGO 62 – DOIS RÓIS 
 
CC, Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, 
por escritura pública ou testamento, dotação especial de 
bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, 
se quiser, a maneira de administrá-la. 
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para 
fins religiosos, morais, culturais ou de assistência. (Grifo 
nosso) 
 
Art. 62 – Fundação pode ser formada por (ROL TAXATIVO): 
 
- Escritura pública 
- Testamento 
 
Art. 62, parágrafo único: Fundação pode ser formada para fins 
(ROL EXEMPLIFICATIVO): 
 
- Religiosos - De assistência… 
- Morais 
 
* Esse rol de finalidades não é taxativo. Pode haver finalidade 
educacional, ambiental… O que não pode é qualquer finalidade 
lucrativa. 
 
Enunciados JDC: 
 
8 – Art. 62, parágrafo único: a constituição de fundação para 
fins científicos, educacionais ou de promoção do meio ambiente 
está compreendida no CC, art. 62, parágrafo único. 
 
9 – Art. 62, parágrafo único: o art. 62, parágrafo único, deve 
ser interpretado de modo a excluir apenas as fundações com 
fins lucrativos. 
 
 
ETAPAS PARA CRIAÇÃO DE UMA FUNDAÇÃO 
 
1. Afetação de bens livres por meio de escritura pública ou 
testamento (Ato de Dotação Patrimonial). 
 
2. Criação do estatuto. 
 
Pode ser feito pelo próprio criador – Elaboração direta. 
Pode ser feito por terceiro delegado pelo criador – Elaboração 
fiduciária. 
*Art. 65, parágrafo único – Estatuto pode ser feito, 
subsidiariamente, pelo MP. 
 
CC, Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação 
do patrimônio, em tendo ciência do encargo, formularão logo, 
de acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação 
projetada, submetendo-o, em seguida, à aprovação da 
autoridade competente, com recurso ao juiz. 
Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo 
assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em cento e 
oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público. 
 
3. Aprovação do estatuto pelo MP. 
 
4. Registro civil no CRPJ – Apenas após o registro que a 
fundação “nascerá”. 
 
 
FUNDAÇÕES E MP 
 
 De acordo com o CC, art. 66, a função fiscalizatória das 
fundações cabe ao Ministério Público do estado onde situadas. 
 
CC, Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do 
Estado onde situadas. 
§1.º Se funcionarem no Distrito Federal, ou em Território, 
caberá o encargo ao MinistérioPúblico Federal. 
§2.º Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá 
o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público. 
 
Assim, se a fundação for estadual, velará por ela o MP estadual. 
Se a fundação for do DF, velará por ela o MPF ??? 
 
DF possui MP-DF?? 
 
 ADI 2794, proposta pela Associação Nacional dos Membros do 
Ministério Público – CONAMP, pedia a declaração de 
inconstitucionalidade do parágrafo 1º do art. 66 do CC. 
 
 Foi julgada procedente, o parágrafo foi determinado como 
inconstitucional e foi reconhecido que a atribuição de fiscalizar as 
fundações do DF é do Ministério Público do Distrito Federal, não da 
Procuradoria da República (Ministério Público Federal). 
 
 *Claro que se o caso for de fundação do DF que receba verbas 
da União poderá passar por fiscalização do MPF, o que não gera a 
usurpação de atribuição. 
 
 
FUNDAÇÕES - ALTERAÇÃO DO ESTATUTO 
 
 Atenção ao art. 67 e 68 do CC!! 
 Art. 67, I – quórum de 2/3 dos componentes – Novidade do CC-
02. Código de 1916 pedia maioria absoluta. 
 
 A minoria vencida, se houver, poderá impugnar a alteração na 
forma do art. 68, CC – Prazo decadencial de 10 dias. 
 
 
EXTINÇÃO DA FUNDAÇÃO 
 
 CC, art. 69* – O patrimônio da fundação extinta será englobado 
por fundação determinada pelo juiz, fundação esta que possua a 
mesma finalidade. 
 
 
CORPORAÇÃO X FUNDAÇÃO 
 
 Corporação = associação de pessoas (sociedade, associação) X 
Fundação = reunião de bens. 
 
 Corporações objetivam realizar os fins internos, determinados 
pelos sócios e para proveito dos mesmos. Há patrimônio, mas 
este exerce um papel secundário apenas de meio para 
realização do objetivo final da corporação. 
 
 Fundações objetivam realizar fins externos, determinados pelo 
instituidor. O patrimônio é o elemento essencial. 
 
 
13 - SOCIEDADES 
 
 “A sociedade é espécie de corporação, dotada de personalidade 
jurídica própria, e instituída por meio de contrato social (art. 
981), com a precípua finalidade de exercer atividade econômica 
e partilhar lucros.” 
 
SOCIEDADE = Atividade econômica + Divisão de lucros 
 
 Busca do proveito econômico. 
 
SOCIEDADES – ANTIGA DIVISÃO. 
 
As sociedades ERAM divididas em: 
 
- Sociedades Comerciais ou Mercantis 
- Sociedades Civis 
 Ambas objetivavam o lucro, mas, à luz da teoria francesa, as 
sociedades comerciais agiam com “atos de comércio”, os quais não 
eram característicos das sociedades civis. 
 
 Hoje não existe mais tal diferenciação. 
 
 O comerciante, desde o séc. XX, é considerado “empresário”. 
 
SOCIEDADES – Divisão atual 
 
HOJE as sociedades são divididas em: 
 
- Sociedades empresárias 
- Sociedades simples 
Ambas possuem seu regramento determinado pelo art. 982 do 
CC. 
CC, Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se 
empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de 
atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, 
simples, as demais. 
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-
se empresária a sociedade por ações; e, simples, a 
cooperativa. 
 *Atenção! O termo correto é “Sociedades empresárias”, não 
“Sociedades empresariais”. Empresariais é atividade, não 
característica. 
 
 
13.1 - SOCIEDADES EMPRESÁRIAS 
 
 Embora aproximem-se das antigas sociedades mercantis, não 
são as mesmas. 
 
CC, Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária 
vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo 
das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil 
das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas 
fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um 
dos tipos de sociedade empresária. 
 
 É uma sociedade tipicamente capitalista! Quem presta a 
atividade diretamente não são os sócios. Estes apenas analisam 
e decidem quanto a fatores de produção (capital, tecnologia, 
trabalho, matéria prima, mão de obra…). Não há pessoalidade 
na prestação do serviço. 
 Exemplo: Indústrias. 
 
 O registro será feito no Registro Público de Empresas Mercantis 
a cargo das Juntas Comerciais. 
 
 Está submetida à Lei de falências e recuperação de crédito. 
 
 Toda Sociedade Anônima é empresária. 
 
 
13.2 - SOCIEDADES SIMPLES 
 
 Sociedade simples é aquela que se caracteriza pela realização 
pessoal do trabalho pelos próprios sócios. Quem presta a 
atividade ou coordena diretamente é o próprio sócio, havendo, 
portanto, grande pessoalidade. 
 
 Não será registrada em Registro Público de Empresas Mercantis 
a cargo das Juntas Comerciais, e sim no CRPJ. 
 
 Exemplos: Prestadores de serviço (médicos que formam uma 
clínica, advogados…). 
 
 Segundo o CC 2002, toda cooperativa é sociedade simples. 
*Até a entrada em vigor do Código Civil de 2002, as 
cooperativas eram registradas na junta comercial, mas hoje, de 
acordo com a posição majoritária, devem ser registradas no 
CRPJ. A posição minoritária continua determinando que as 
cooperativas devem ser registradas nas juntas comerciais sob a 
alegação de que a Lei das Cooperativas é lei anterior ao CC, 
mas é lei especial e portanto não foi alterada pelo CC. 
 
CC 2002 Lei das Cooperativas 
CC, Art. 982, Parágrafo 
único. Independentemente 
de seu objeto, considera-se 
empresária a sociedade por 
ações; e, simples, a 
cooperativa. 
Lei 5764/71, Art. 18, § 6º 
Arquivados os documentos na 
Junta Comercial e feita a 
respectiva publicação, a 
cooperativa adquire 
personalidade jurídica, 
tornando-se apta a funcionar. 
 
 
13.3 - ART. 977 - SOCIEDADE ENTRE CÔNJUGES 
 
 O Código Civil estabelece em seu artigo 977 uma série de 
restrições à sociedade entre cônjuges. 
CC, Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, 
entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no 
regime da comunhão universal de bens, ou no da separação 
obrigatória. 
 Tal artigo permanece em vigor, mas para parte da doutrina é 
inconstitucional, pois fere o princípio da isonomia. Tais 
restrições se embasam na presunção de fraude ao regime de 
bens e fraude não deve ser presumida. 
 
 O parecer nº 125/2003 do DNRC (Departamento Nacional de 
Registro de Comércio) determinou que o art. 977 não será 
aplicável às sociedades anteriores ao Novo Código Civil. 
 
 
14 - EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA 
 
Pode ocorrer por: 
- Dissolução convencional 
- Dissolução administrativa 
- Dissolução judicial 
 
 A dissolução convencional ocorre geralmente nos casos de 
sociedades, quando os próprios sócios elaboram um distrato e 
dissolvem a sociedade. 
 
 A dissolução administrativa, segundo Caio Mário, ocorre com a 
cassação da autorização especial de constituição e funcionamento. É 
forma de dissolução extremamente específica. Exemplo: Bancos, 
empresas de seguro. 
 
 A dissolução judicial ocorre por sentença. Exemplo: Dissolução 
proveniente de procedimento de falência. As sociedades não 
submetidas à Lei de falências passarão por dissolução judicial de 
acordo com o art. 1.218, CPC (que é resquício do CC de 1939!!!) 
 
15 - BENS JURÍDICOS 
 
 
 “É toda utilidade física ou ideal que seja objeto de um direito 
subjetivo” 
 
 Assim, bem jurídico não é todo e qualquer bem. O espaço 
sideral, por exemplo, não é bem jurídico. 
 
 
15.1 - BEM X COISA 
 
A diferença entre bem e coisa não é pacífica na doutrina: 
 
Orlando Gomes defende que bem é gênero e coisa é espécie. 
Embasa-se na doutrina alemã, segundo a qual “coisa” é sempre 
objeto corpóreo, físico, material, enquanto “bem” engloba tanto as 
coisas quanto

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