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Manual de Historia para superior.pdf

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Prévia do material em texto

Centro de Preparaçao aos Exames de Admisao ao Ensino Superior- CPEAES www.cpeaes.ac.mz 
 Por: Justino M. J. Rodrigues 
 
Justino Rodrigues ( Coordenador ),E– Mail rjustino20@yahoo.com.br , Cel? 82-0432 760- www.cpeaes.ac.mz 
 
17
PREFÁCIO 
 
O presente livro (manual) foi preparado pelos professores deste centro (CPEAES) sob a sua 
coordenação e é destinado ao âmplo circulo de estudantes ocupados no estudo de preparação aos 
exames de admissão para o ensino superior ou no desenvolvimento da actividade pedagógica nos 
centros de ensino e pesquisa em particular. 
O traço característico deste livro (manual) consiste em expor os problemas e as tendências 
actuais de planos curriculares orientados para o ensino geral e técnico nacional, o 
aperfeiçoamento e assimilação das matérias dadas nas escolas, assinalados sob óptica do 
desenvolvimento estável dos princípios básicos da teoria e da prática, planificação dos métodos 
de estudos, sem expor a metodologia concreta de planificação. 
Os autores põe em destaque os elementos que devem ser assimilados e que possam ser úteis nas 
diferentes condições de avaliação nos exames de admissão de modo a alcançar os objectivos 
desejados. 
O livro pode ser utilizado como material de estudo. 
 
O CPEAES ficar-lhe-á muito grato se nos dar a conhecer a sua opinião a cerca da tradução do 
presente livro, assim como acerca da sua apresentação e impressão. 
Agradecer-lhe-emos também qualquer outra sugestão. 
 
NB: Este livro é propriedade do centro e todos seus direitos e obrigações estão reservados a este 
centro ( CPEAES ) 
É expressamente proibido a sua reprodução, seja ela por fotocópia ou outra forma electrónica, 
tanto como a sua venda fora deste estabelecimento (CPEAES) como detentor de todos direitos. 
 
Maputo, Maio de 2007 
Justino M. J. Rodrigues (Coordenador ) 
 
 
 
Centro de Preparaçao aos Exames de Admisao ao Ensino Superior- CPEAES www.cpeaes.ac.mz 
Justino Rodrigues(Coordenador), E-mail: rjustino20@yahoo.com.r, Cell: +258-82 0432 760 
Elaborado por : António Manuel Manso – UEM/Departamento de História 
Maputo, Março/Abril de 2007 NB: Expressamente proíbido fotocopiar o manual. 
1
Introdução 
 
Este manual de História, foi compilado e adaptado para apoiar os candidatos a Exames de Admissão 
na UEM. O trabalho resulta da selecção de variadas e valiosas obras, de pesquisadores nacionais e 
estrangeiros, por nós consultadas e devidamente referenciadas (a todos eles vão os nossos sinceros 
agradecimentos). Neste âmbito evidenciamos de forma particular os manuais de História de 
Moçambique (os actuais volumes I e II editados na UEM), cujos textos tentamos resumir e adaptá-los 
aos interesses do nosso curso. 
Com esta singela contribuição pretendemos, fundamentalmente, sistematizarr as temáticas básicas, 
propostas para os exames, por forma a facilitar ao candidato a assimilação dos conteúdos essenciais 
que devem ser retidos. Assim sendo, aconselhamos vivamente aos utentes deste instrumento a 
consultarem a lista bibliográfica contida no final deste manual. Os trabalhos por nós indicados, nesta 
lista, não são os únicos podendo cada candidato optar por outras leituras por forma a aprofundar os 
seus conhecimentos e apreender o encadeamento dos factos históricos que fazem parte da grelha 
temática aqui proposta. Para o efeito, é imprescindível efectuar visitas às bibliotecas disponíveis na 
cidade do Maputo, onde poderão ser encontradas grande parte das obras por nós recomendadas. 
O programa do curso de preparação ao exame de da disciplina História contempla conteúdos, 
oficialmente aprovados pela Comissão de Exames da UEM, constituídos por três áreas básicas: i) 
História Geral, ii) História de África e iii) História de Moçambique. 
Para o tratamento destes assuntos adoptaremos a seguinte metodologia de trabalho: 
a) aulas de expositivas concernentes aos temas previstos para o exame de admissão, 
b) consolidação da matéria através da resolução de exercícios de aplicação contemplados em cada 
unidade temática, revisão dos exames de admissão realizados em épocas passadas, 
c) finalmente da realização de testes de simulação para se apurar o nível de acompanhamento e 
preparação de cada candidato. 
Lembre-se, caro candidato, que o seu sucesso dependerá, fundamentalmente, da sua capacidade de 
organização e do seu árduo empenho durante os meses de preparação! 
 
Maputo, Maio de 2007 
António Manuel Manso ( docente do Departamento de História – Universidade Eduardo Mondlane) 
 
Boa Sorte! 
 
 
Centro de Preparaçao aos Exames de Admisao ao Ensino Superior- CPEAES www.cpeaes.ac.mz 
Justino Rodrigues(Coordenador), E-mail: rjustino20@yahoo.com.r, Cell: +258-82 0432 760 
Elaborado por : António Manuel Manso – UEM/Departamento de História 
Maputo, Março/Abril de 2007 NB: Expressamente proíbido fotocopiar o manual. 
2
PLANO TEMÁTICO DA DISCIPLINA DE HISTÓRIA 
SECÇÃO A : HISTÓRIA GERAL (TOTAL DE TEMPO PREVISTO 35 HORAS) 
 
I. UNIDADE – TEMA : HISTORIOGRAFIA1 
II. UNIDADE – TEMA : AS REVOLUÇÕES BURGUESAS (Tempo previsto 15 horas) 
II. 1 – Causas gerais das Revoluções Burguesas 1 
II. 2 – A Revolução Inglesa 1642-1688 4 
II. 3 – A Revolução Americana 1774-1783 4 
II. 4 – A Revolução Francesa 1789-1799 6 
 
III. UNIDADE – TEMA : A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914-1918) ( Tempo previsto 6 horas) 
III.1 – O imperialismo e as relações internacionais (séc. XIX a 1914) 
III. 2 – O desenvolvimento do conflito (as principais fases do conflito) 
III. 3 – A intervenção dos EUA no conflito e o armistício de Brest-Litovsk 
III. 4 – A capitulação da Alemanha e a Paz de Paris de 1919 
III. 5 – Consequências gerais da guerra (políticas, económicas e sócio-demográficas) 
 
IV. UNIDADE – TEMA : O FASCISMO E O NAZISMO (Tempo previsto 6 horas) 
IV.1 – Causas gerais da emergência dos partidos nacionalistas 
IV. 2 – A Itália : o Fascismo 
IV. 3 – A Alemanha : o Nacional-socialismo 
IV. 4 – A Espanha : o Franquismo 
IV. 5 – Portugal : o Salazarismo 
 
V. UNIDADE – TEMA : A II GUERRA MUNDIAL (1939-1945) (Tempo previsto 4 horas) 
V. 1 – As relações internacionais pós-Versalhes (1919-1939) 
V. 2 – Os principais desenvolvimentos da II Guerra Mundial 
V. 3 – Tratados e conferências da II Guerra Mundial (1941-1945) 
 
VI. UNIDADE – OS CONFLITOS INTERNACIONAIS APÓS A II GUERRA MUNDIAL (1945-1990) 
 (Tempo previsto 4 horas) 
VI. 1 – Características gerais da política internacional no pós-guerra 
VI. 2 – Como se manifestou a "guerra fria" ? 
VI. 3 – A crise e a queda do bloco comunista 
VI. 4 – O unipolarismo político (de 1990 à actualidade) 
 
1 Em virtude de existir um manual oficial, relativo a esta temática, não incluimos neste manual nenhum texto referente 
a esta disciplina, contudo serão feitos direccionamentos específicos sobre as matérias sugeridas pela Comissão de Exames. 
 
Centro de Preparaçao aos Exames de Admisao ao Ensino Superior- CPEAES www.cpeaes.ac.mz 
Justino Rodrigues(Coordenador), E-mail: rjustino20@yahoo.com.r, Cell: +258-82 0432 760 
Elaborado por : António Manuel Manso – UEM/Departamento de História 
Maputo, Março/Abril de 2007 NB: Expressamente proíbido fotocopiar o manual. 
3
SECÇÃO B : HISTÓRIA DE ÁFRICA (TOTAL DE TEMPO PREVISTO 12 HORAS)VII. UNIDADE – TEMA : A PARTILHA DE ÁFRICA (Tempo previsto 6 horas) 
VII. 1 – O impacto da Revolução Industrial na economia capitalista europeia 
VII. 2 – O processo de colonização de África 
VII. 3 – Os tratados e conferências sobre a partilha de África 
VII. 4 – Principais conflitos coloniais 
VII. 5 – Principais formas de ocupação territorial e de resistência ao domínio colonial 
VII. 6 – Formas de administração colonial 
VII. 7 – Personalidades estadistas e defensores da política colonial 
 
VIII. UNIDADE – TEMA : A FEDERAÇÃO DAS RODÉSIAS E DA NIASSALÂNDIA ( tempo previsto 2 horas) 
VIII. 1 – Contextualização 
VIII. 2 – Pressupostos para a criação da Federação das Rodésias e da Niassalândia 
VIII. 1 – VII. 3 – O caminho sinuoso : da criação ao declínio da federação (1953-1963) 
 
IX. UNIDADE – TEMA : BREVE HISTÓRIA DO APARTHEID (Tempo previsto 4 horas) 
 
IX. 1 – O povoamento da África do Sul 
IX. 2 – Do ordenamento jurídico-político à descriminação racial 
IX. 3 – A formação e a consolidação do nacionalismo afrikaner 
IX. 4 – O declínio do apartheid 
 
SECÇÃO C : HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE (TOTAL DE TEMPO PREVISTO 12 HORAS) 
 
X. UNIDADE – TEMA : GRUPOS ETNO-LINGUÍSTICOS DE MOÇAMBIQUE (Tempo previsto 4 horas) 
X. 1 – A definição do conceito bantu 
X. 2 – As causas da migração bantu 
X. 3 – O processo de expansão bantu 
X. 4 – Os grupos etno-linguísticos de Moçambique 
X. 5 – Os grupos etno-linguísticos fronteiriços 
X. 6 – Os sistemas de parentesco 
X. 7 – As actividades económicas 
 
XI. UNIDADE – TEMA : A PENETRAÇÃO MERCANTIL ÁRABO-PERSA (Tempo previsto 2 horas) 
XI. 1 – A periodização 
XI. 2 – A origem dos mercadores 
XI. 3 – Os principais entrepostos comerciais na costa oriental de África 
XI. 4 – As consequências gerais da actividade mercaltil árabo-persa 
 
 
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XII. UNIDADE – TEMA : A PENETRAÇÃO MERCANTIL PORTUGUESA SÉCULOS XVI-XVIII 
 (Tempo previsto 4 horas) 
XII. 1 – A fase do ouro (X – segunda metade do séc. XVII) 
 
XII. 2 – A fase do marfim (finais do séc. XVII-1750/60) 
XII. 3 – A fase dos escravos (1750/60-finais do séc. XIX) 
 
XIII. UNIDADE – TEMA : OS PRAZOS (Tempo previsto 2 horas) 
XIII. 1 – Definição do termo prazo 
XIII. 2 – Quem eram os prazeiros? 
XIII. 3 – Os deveres do prazeiro 
XIII. 4 – A área ocupada pelos prazos 
XIII. 5 – As causas do declínio dos prazos 
 
 
XIV. UNIDADE – TEMA : O SUL DE MOÇAMBIQUE E O TRABALHO MIGRATÓRIO 
(Tempo previsto 4 horas) 
XIV. 1 – Causas gerais do fenómeno 
XIV. 2 – Os principais intervenientes no recrutamento de mão-de-obra 
XIV. 3 – As cláusulas do Trabalho Migratório para a África do Sul 
XIV. 4 – Consequências gerais do Trabalho Migratório 
 
XV. AS COMPANHIAS MAGESTÁTICAS E ARRENDATÁRIAS (Tempo previsto 2 horas) 
XV. 1 – Contextualização 
XV. 2 – Breve cronologia das companhias 
XV. 3 – As funções das companhias: económica e político-administrativa 
 
XVI. TEMA : O NACIONALISMO ECONÓMICO DE SALAZAR (1930 – 1960) (Tempo previsto 4 horas) 
XVI. 1 – Contextualização 
XVI. 2 – Principais instrumentos da política salazarista 
XVI. 3 – Reforço do aparelho colonial administrativo e o seu impacto em Moçambique 
XVI. 4 – Promoção da burguesia nacional portuguesa 
 
 
XVII. UNIDADE – TEMA : BREVE CRONOLOGIA SOBRE A HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA DE MOÇAMBIQUE 
(Tempo previsto 4 horas) 
XVII. 1 – Cronologia de factos políticos 
XVII. 2 – Cronologia de factos económicos 
 
 
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SECÇÃO A : HISTÓRIA GERAL 
 
I. UNIDADE – TEMA : AS REVOLUÇÕES BURGUESAS 
I. 1 - CAUSAS GERAIS DAS REVOLUÇÕES BURGUESAS 
Dá-se o nome de Revoluções burguesas2 a um vasto movimento de carácter sócio-politico ocorrido na 
Europa (na Inglaterra e na França) e na América (nas 13 colónias inglesas da América do Norte), entre 
os séculos XVII e XVIII. Estes conflitos produziram mudanças radicais caracterizadas pelos seguintes 
aspectos: i) derrube do absolutismo e instauração do liberalismo político; ii) introdução do 
constitucionalismo (a lei acima do rei); iii) separação dos poderes (executivo, legislativo, e judicial); 
iv) defesa dos direitos básicos dos cidadãos (as liberdades individuais, o direito à propriedade privada 
e à garantia da segurança social) v) ascensão da burguesia como nova elite política e declínio da 
nobreza. 
Quais foram as causas das mudanças ocorridas na Europa e nas 13 colónias britânicas da 
América do Norte? 
Entre vários aspectos distinguiremos fundamentalmente, os factores políticos, sociais, económico-
financeiros e ideológicos. Algumas destes aspectos são verificáveis só em determinados países, por 
isso as causas específicas das revoluções burguesas serão abordadas nos capítulos subsequentes 
reservados à análise de cada uma delas. 
 
1.1. Factores políticos 
Durante a Idade Média a Europa foi caracterizada essencialmente pela existência de regimes 
monárquicos absolutistas. Numa primeira fase os Estados são governados de acordo com os 
interesses da cortes reais e das classes nobiliarcas, sem tomar em consideração as reivindicações do 
Terceiro estado (parte integrante das assembleias dos representantes) constituído por indivíduos que 
contribuíam (com o seu trabalho e através do pagamento de impostos) para a sobrevivência de uma 
nobreza parasitária. 
 
2 Apesar deste termo estar, aparentemente, ligado aos fenómenos ocorridos nos espaços acima mencionados, é 
importante tomar em conta que as revoluções burguesas tiveram lugar, posteriormente, em outros continentes e países e 
ditaram a entrada para o sistema capitalista dirigido por elites financeiras e industriais ditas burguesas. Um dos vários 
exemplos a mencionar é o da Revolução Meiji/Meiji ishin ocorrida no Japão entre 1868 e 1912. 
 
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Justino Rodrigues(Coordenador), E-mail: rjustino20@yahoo.com.r, Cell: +258-82 0432 760 
Elaborado por : António Manuel Manso – UEM/Departamento de História 
Maputo, Março/Abril de 2007 NB: Expressamente proíbido fotocopiar o manual. 
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Foi neste contexto que a burguesia comercial, necessitando de protecção e facilidades para realização 
das suas actividades mercantis fora da Europa estabeleceu, numa primeira fase, alianças com a coroa 
real. Como contrapartida, esta beneficiava de dividendos diversos bem como de impostos em dinheiro 
pagos pelos comerciantes (principais detentores do capital comercial). Contudo à medida que a 
burguesia foi-se fortalecendo economicamente, passou a contestar as arbitrariedades cometidas pelas 
cortes reais e a exigir o respeito das leis que vigoravam em cada Estado. 
O que é que a burguesia contestava? 
1. A não convocação das assembleias dos representantes (o Parlamento na Inglaterra e os Estados 
Gerais na França) para deliberar assuntos importantes da nação. 
2. As prisões arbitráriase inexistência de julgamentos e as execuções sumárias a mando da corte real 
e dos altos dignitários como forma de silenciar os seus opositores. 
3. Falta de gozo pleno dos direitos e das liberdades individuais por parte dos súbditos, que se reflectia, 
entre outros aspectos na prática do sufrágio censitário excluindo-se deste modo as classes inferiores do 
cenário político. Portanto, foi nesta base que aos aspectos políticos se acrescentaram também 
reivindicações de índole social. 
 
1.2. Factores sociais 
Durante a Idade Média vigorou o regime feudal caracterizado por uma sociedade dominada pelos 
latifundiários, estruturada por ordens ou estados, que obedecia a uma hierarquia baseada na 
importância social das camadas aristocráticas. Era uma sociedade trinitária, isto é, constituída por três 
ordens: Em primeiro lugar estavam os senhores espirituais (o clero: cardeais, arcebispos, bispos), em 
segundo os senhores laicos (a Nobreza de nascimento e a nobreza de toga/funcionários) e por último 
"os outros" - o Terceiro Estado. 
Enquanto que o clero e a nobreza (camadas sociais aristocráticas) usufruíam de vários privilégios, o 
terceiro estado (os súbditos) era relegado para últimas instâncias e sobre ele recaíam múltiplas 
obrigações. Foi neste contexto em que a burguesia se levantou para exigir o fim dos privilégios do 
clero e da nobreza, ao mesmo tempo que os camponeses reclamavam fundamentalmente a abolição da 
servidão (rendas, corveias e banalidades) exigidas pelos senhores feudais. 
 
 
 
 
 
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Justino Rodrigues(Coordenador), E-mail: rjustino20@yahoo.com.r, Cell: +258-82 0432 760 
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Maputo, Março/Abril de 2007 NB: Expressamente proíbido fotocopiar o manual. 
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Quais eram os deveres e os privilégios de cada ordem? Observa atentamente o quadro 
 
Ordens/Estados Deveres/obrigações/sacrifício Privilégios 
Clero 
Cardeais 
Arcebispos 
Bispos 
Abades 
superiores de ordens monásticas 
 
 
 
Rezar (prestação de serviços espirituais) para a 
nobreza e para os camponeses 
 
 
 
* Recebem o dízimo pago pelos 
camponeses residentes nas terras 
episcopais ou de abadias 
*<São julgados pelo tribunal eclesiástico 
(direito canónico) e não pelos tribunais 
laicos 
recebem terras doadas por altos 
dignitários (nobres) 
* isentos de pagar impostos 
*isentos do serviço militar 
Nobreza 
Nobreza de nascimento 
Nobreza de corte 
Nobreza de espada ou de sangue 
=cavaleiros e oficiais do exército (altos 
dignitários militares) 
Nobreza de toga 
 
Lutar (considerado sacrifício de sangue) ou seja 
proteger o clero e os camponeses 
 
 
* recebe diversas contribuições/tributos ( 
renda, corveia e banalidades, 
* isentos de pagar impostos 
 
 
 
Terceiro Estado 
burguesia comercial 
Pagam o impostos (geralmente em dinheiro) e 
diversas taxas impostas pelos monarcas 
Podem comprar títulos honorífico 
(conde, alcaide, duque etc.) 
 
 
Camponeses (colonos livres, servos da 
gleba) 
 
* Pagam as rendas (em espécie/dinheiro)em 
retribuição de lotes de terra que recebem do senhor 
laico 
 prestam trabalhos diversos (corveias) 
* efectuam contribuições várias (banalidades) tais 
como peagens, portagens, o uso do moinho e do 
lagar do senhor, a aposentadoria, e os serviços de 
hoste 
* Pagam o dízimo (em espécie/dinheiro)em 
retribuição de lotes de terra que recebem do senhor 
espiritual (bispos/abades) 
 
 
 
 
 NENHUM 
 
Desta tabela conclui-se que sobre o Terceiro Estado recaiam múltiplas obrigações e benefícios 
extremamente reduzidos; por isso a burguesia (camada social economicamente abastada) começou a 
reivindicar um melhor tratamento, porque contribuía significativamente para o tesouro do Estado. Por 
outro lado, os burgueses já não estavam dispostos a continuar a alimentar a classe nobiliarca que a 
consideravam de parasitária. 
1.3. Factores financeiros 
 
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Maputo, Março/Abril de 2007 NB: Expressamente proíbido fotocopiar o manual. 
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De uma forma geral os cofres dos estados encontravam-se vazios, devido a múltiplos gastos de 
dinheiro aplicado no financiamento de guerras e em despesas supérfluas (em vestuário, na construção 
de palácios sumptuosos e na realização de grandes recepções). Esta situação obrigou aos monarcas a 
decretarem impostos arbitrários o que provoca fortes protestos por parte dos burgueses o principal 
sector a ser taxado e também dos camponeses a quem recaia uma grande parte das obrigações feudais. 
Em contrapartida a burguesia, ciente do seu poderio económico, passou a exigir que o lançamento das 
tributações fiscais fosse discutido e obtivesse consenso prévio nas assembleias dos representantes que 
não eram convocadas fazia bastante tempo. Estas e outras reivindicações encontravam eco na nova 
mentalidade cujos fundamentos estavam baseados no Iluminismo ou século das luzes. 
 
1.4. Aspectos ideológicos 
A nova ideologia iluminista surgida nos séculos XVII e XVIII (na Inglaterra e na França) era defendia 
os seguintes princípios : 
 - a crença na possibilidade de esclarecimento, da iluminação, das luzes, lutando contra o 
obscurantismo, as crendices; enfim apostavam na ciência que poderia trazer o progresso e a 
felicidade para a humanidade, 
- o racionalismo (a razão/pensamento) é o único meio válido para o conhecimento da realidade; este 
visava essencialmente a luta contra o dogmatismo e a fè católica (elementos predominantes na 
mentalidade medieval e que servia para a justificação de todos os fenómenos), 
- a defesa das liberdades individuais (liberdade de expressão, de pensamento de associação e de culto) 
- a luta pela igualdade de direitos (baseada na premissa de que os homens nascem e permanecem livres 
e iguais em direitos 
- o homem devia lutar pelo progresso com vista a atingir a felicidade como meta final. 
Estes e outros princípios foram elaborados pelos filósofos iluministas dos quais destacamos: 
John Locke da Inglaterra (1632-1704) promotor do liberalismo político, Montesquieu (1689-1755) 
autor da obra o Espírito das Leis apresentaram a teoria do contrapeso e a ideia da separação de 
poderes ainda no âmbito do regime monárquico. 
Rousseau (1712-1778), mentor do Contrato Social, defensor da República e das liberdades 
individuais; 
Voltaire (1694-1778) da França, defensor da propriedade privada, das reformas dos privilégios 
senhoriais e da tolerância religiosa. 
Outros pensador iluministas de renome são: Diderot, D'Alembert, Condorcet, Condillac etc. 
 
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Estas e outras ideias alimentaram revoluções burguesas que ocorreram nas datas seguintes: 
- Revolução Inglesa (1640 -1688) 
- Revolução Americana também conhecida pela designação de Independência das 13 colónias inglesas 
da América do Norte 1774/5 -1783 
- Revolução Francesa 1789 -1795/9 
Ao terminar esta matéria o estudante deve saber explicar os termos seguintes: 
Feudalismo, sociedadetrinitária, sociedade estamental, Burguesia, absolutismo, antigo regime, privilégios senhoriais, 
liberalismo político, constitucionalismo, liberdades individuais, coroa real, rendas, corveias e banalidades, Terceiro Estado, 
Iluminismo 
 
 
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TEMA I.2 : REVOLUCÃO BURGUESA NA INGLATERRA (1642-1688) 
 
I.2.1. Antecedentes 
Durante vários anos a Inglaterra foi governada por monarcas absolutistas dos quais se destacaram: 
Jaime I (1603-1625), Carlos I (1625-1649) e posteriormente Carlos II e Jaime II (os dois últimos 
foram menos expressivos na política interna do país). 
De 1611 a 1621 Jaime I governou praticamente sem consultar o Parlamento e após a sua morte (1625) 
foi sucedido pelo seu filho Carlos I, que prosseguiu com a política absolutista e expansionista. O novo 
rei envolveu-se em guerra com a França e por isso necessitava urgentemente de recursos financeiros 
para poder sustentá-la. Como o Parlamento se recusava a conceder mais do que estava previsto pela 
lei, Carlos impôs impostos compulsivos aos cidadãos e puniu os refractários enviando tropas para as 
suas residências ou colocando-os em prisão sem processo. Contudo a medida mais impopular, 
decretada pelo rei, foi chamada ship money - um novo imposto naval que passou a ser aplicado não só 
as cidades costeiras (como era hábito), mas também aos condados do interior. Esta contribuição fiscal 
irritou particularmente aos comerciantes e serviram de pretexto para fortalecer a oposição desse grupo 
à tirania monárquica. 
As tensões entre a corte real e os contribuintes agudizaram-se de tal forma que em 1628 o rei foi 
obrigado a aceitar a "Petição dos Direitos" (um documento elaborado em 1628 pelos partidários do 
Parlamento maioritáriamente constituído por burgueses) reevindicações baseadas na Magna Carta de 
1215. Pressionado pela situação, Carlos I viu-se obrigado, após 11 anos de governo autocrático (1629-
1640), a convocar o Parlamento em 1640 a fim de obter dinheiro para punir a resistência escocesa. 
Sabendo muito bem que o rei nada podia fazer sem dinheiro, os líderes da Câmara dos comuns 
determinaram tomar em suas mãos as rédeas do governo. Aboliram as contribuições navais e os 
tribunais especiais que tinham servido como instrumento do absolutismo, aprisionaram vários 
representantes deste regime, decretaram uma lei proibindo que o monarca dissolvese o parlamento e 
decidiram que este órgão se reunisse em sessão pelo menos uma vez de 3 em 3 anos. Carlos I 
respondeu a estas exigências com uma demonstração de força. Na sequência do endurecimento de 
posições, ambos os lados reuniram tropas e prepararam-se para uma guerra civil que se desenrolou 
entre os anos 1642 e 1648. 
I.2.2 PRINCIPAIS FASES DO CONFLITO 
1a Fase: 1642 – 1649 (GUERRA CIVIL) 
 
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O conflito inicia opondo a Coroa à facção do Parlamento (os rounds heads), também conhecido como 
o exército do parlamento , liderado por Oliver Cromwell. A coroa real era especialmente apoiada 
pelos cavaleiros (membros da cavalaria – sector de elite do exército real) representantes da nobreza e 
do clero. Numa primeira fase registou-se uma supremacia das tropas reais em relação às do Parlamento 
inexperientes, mal treinadas e equipadas. Contudo após a batalha de Naseby (14.6.1645) o rei é 
aprisionado 
Em 1648 Cromwell (puritano) com um exército novo leva o Parlamento a declarar o rei traidor e em 
1649 Carlos I foi julgado e decapitado. Consequentemente foi abolida a monarquia e instituída a 
República (a Commonwealth ou seja o bem comum). Em suma, a guerra entre o monarca e o exército 
do Parlamento possibilitou a tomada do poder pela classe burguesa (maioritariamente constituída por 
puritanos que aumentava e se desenvolvia paulatinamente, isto é, uma oligarquia militar e religiosa) 
bem como a implantação da República – a Commonwealth. 
 
I.2.3. 2a Fase: 1649-1658 (PROTECTORADO DE CROMWELL) 
Após a sua subida ao poder Cromwell suprime a Câmara alta e o Conselho de Estado. Com efeito, em 
1653 dissolve o Parlamento e assume o título de "Lorde-protector da República da Inglaterra, da 
Escocia e da Irlanda".Para esmagar a resistência divide a Inglaterra em 12 regiões cada uma delas 
governada por um chefe militar; Cromwwell passa então a governar praticamente de uma forma 
despótica, vitalícia e seu cargo tornou-se hereditário. Foi neste contexto que surgiram contradições no 
seio do exército do Parlamento devido à reformas militares efectuadas por Cromwell: alguns puritanos 
que constituiram uma oposição parlamentar designada por niveladores (levellers) que segundo Mota, 
"aspiravam a uma democracia pequeno-burguesa controlada pelos pequenos produtores, e por isso 
atacavam a grande burguesia", defendiam também, como explica Burns "os mesmos direitos políticos 
e privilégios para todas as classes, negando qualquer intenção igualitária a nível da propriedade e 
insistiam que a soberania é inseparável do povo e que o governo deveria repousar sobre o 
consentimento dos governados". Exigiam também uma constituição escrita, o sufrágio universal 
masculino e a supremacia do Parlamento. Surgiu uma outra facção a dos diggers estes eram 
"defensores de uma espécie de comunismo agrário" bem como advogavam "o direito de cultivar o solo 
por conta própria". Esta foi considerada a mais radical facção popular da revolução inglesa. 
Após a sua morte (1653), Cromwell foi sucedido pelo seu filho Ricardo, que entretanto não conseguiu 
manter as rédeas do poder e abdicou oito meses depois da sua ascensão. A oposição aproveitou-se 
 
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desta fragilidade e restaurou a monarquia, ou seja o poder voltou às mãos da dinastia Stewart, 
representada doravante pelos monarcas Carlos II e posteriomente Jaime II. 
 
I.2.4. 3a Fase: 1660-1688 (RESTAURAÇÃO DA MONARQUIA E REVOLUÇÃO GLORIOSA) 
A política pró-catolicista e as hostilidades ao Parlamento levada a cabo pelos dois monarcas 
ascendentes ao poder (Carlos II e Jaime II) provocou, no seio da oposição, reações contraditórias que 
conduziram ao surgimento de duas facções parlamentares: os whigs-liberais e os tories-conservadores. 
Após vários conflitos internos, e para evitar as prisões arbitrárias, a oposição consegue impôr o 
respeito pelos direitos individuais com a introdução do Habeas Corpus, um documento apresentado 
pelos liberais em 1679. 
As duas correntes do Parlamento uniram-se e convidaram, secretamente, Guilherme de Orange (Chefe 
do governo holandês casado com Maria filha mais velha de Jaime II) a intervir militarmente na 
Inglaterra sob as condições seguintes: a manutenção do protestantismo e do Parlamento (isto é aceitar 
e respeitar a Declaração dos Direitos de 1689). Posto ao corrente da situação, Jaime II abandonou o 
poder e refugiou-se na França: destaforma não houve confrontação militar e a intervenção de 
Guilherme II não provocou derramamento de sangue. Este facto foi designado por Revolução Gloriosa 
de 1689. 
Assim ocorreu o triunfo do Parlamentarismo e da Monarquia Constitucional. Desde então a vida 
política da Inglaterra é marcada por eleições periódicas que conferem ao partido vencedor o direito de 
governar. A revolução política estimulou a acumulação de capital e o desenvolvimento do sistema 
capitalista que se consolidaria com a revolução industrial iniciada por volta de 1760. Na França o 
regime absolutista manteve-se e resultou numa profunda revolução sócio-política que eclode na 
segunda metade do século XVIII em 1789. Com efeito, analisaremos primeiro os acontecimentos 
ocorridos nas ex-colónias britânicas da América do Norte e seguidamente a Revolução Francesa de 
1789-1799. 
 
Ao terminar esta unidade o estudante deve saber explicar os termos seguintes: 
Magna Carta, Parlamento, ship money, Petição dos Direitos de 1628, rounds heads, Commonwealth, niveladores/ levellers, 
whigs, tories, Habeas Corpus, Monarquia Constitucional, Revolução Gloriosa de 1689, Declaração dos Direitos/The Bill of 
Rights (1689) 
 
 
 
 
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TEMA I. 3: A REVOLUÇÃO AMERICANA 1774 - 1783 
 
O fenómeno que agora iremos estudar é por alguns autores designado por Revolução Americana e por 
outros preferem utilizar o otítulo de Emancipação/Luta pela Independência das 13 colónias britânicas 
da América do Norte. 
Para melhor compreensão deste fenómeno é necessário ter sempre presentes dois acontecimentos 
nomeadamente: i) o facto deste acontecimento ter ocorrido após a Revolução Burguesa da Inglaterra 
1642-1689), ii) o carácter proteccionista da economia britânica tendente a monopolizar a hegemonia 
da actividade mercantil (mercantilismo) bem como as rotas marítimas para o ultramar e iii) o facto de 
em simultâneo estar a decorrer a Revolução Industrial fenómeno decisivo para o fortalecimento 
económico da burguesia. 
 
I.3.1 : Em que circunstâncias os europeus colonizaram o continente americano? 
O afluxo dos colonos na América do Norte é resultado de vários fenómenos ocorridos na Europa 
Ocidental, entre os séculos XV e XVII, dos quais destacamos: a) a Expansão Marítima Europeia e a 
consequente colonização de vários continentes em geral e da América do Norte em particular 
b) a migração forçada de crentes protestantes motivada por perseguições políticas e religiosas 
Foi na sequência destes e de outros factores, que se realizou-se o povoamento das 13 colónias América 
do Norte obedecendo à ocupação geográfica de três zonas distintas da América do Norte a saber: 
- A Nova Inglaterra ( New England ) um conjunto de colónias localizadas a Norte 'das quais se 
destacam (Plymouth, Massachusetts, Connecticut, New Haven, Rhoden Island e New Hampshire) com 
um centro industrial importantíssimo (em Boston), uma agricultura desenvolvida em moldes 
capitalistas bem como se dedicavam à pecuária; destaque especial vai para o desenvolvimento da 
educação e do ensino nas universidades de Harvard e Yale; 
- Quatro colónias do Centro, onde se haviam fixado holandeses, suecos e ingleses. Aqui estavam 
localizados importantes centros da indústria metalúrgica, das finanças e da cultura em Nova Iorque, 
Filadélfia, Nova Jersey, Pensilvânia e Delaware; 
 - Cinco colónias no Sul viradas fundamentalmente para a agricultura (cultivavam o tabaco, o arroz e o 
algodão) desenvolvida por uma aristocracia de carácter feudal. O principal centro destes migrantes era 
a Virgínia, Maryland e Carolina do Norte bastião dos escravocratas e da 
economia de plantações os colonos localizados nesta. 
 
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I.3.2 : Causas Políticas 
Os colonos britânicos ansiavam a uma autonomia política em relação à metropole, bem como pretendiam 
fazer-se representar no Parlamento de Londres como forma de melhor defenderem os seus interesses.Esta 
situação resultou fundamentalmente do desentendimento entre a colonos e a metrópole causado pela 
política proteccionista londrina. Como explica Prada "...os grandes importadores da Nova Inglaterra, e 
aproveitando um estado de descontentamento político e económico, conduziram as coisas para uma rotura 
com a metrópole, consumada em 1783 pelo Tratado de Versalhes" 
I.3.3 : Causas Económicas 
A burguesia local (colonos) lutava contra a introdução sistemática de taxas fiscais nas colónias 
americanas, uma vez que as mesmas dificultavam a produção industrial e limitavam a concorrência devido 
a política proteccionista da Inglaterra. Desde 1773 o governo britânico havia decretado sobre o melaço 
proveniente das Antilhas taxas extremamente elevadas, com o objectivo de reservar este comércio, bem 
como o de rum, exclusivamente à metrópole. Os colonos não aceitaram esta situação e passaram a fazer o 
contrabando destas mercadorias. Foi neste contexto que, entre 1763 à 1773, a Inglaterra decretou várias 
leis e taxas tais como: em 1763 a proibição dos colonos se expandirem territorialmente para o Ocidente da 
América do Norte (uma lei contestada fundamentalmente pelos farmeiros e escravocratas), a lei do açúcar 
em 1764, a Lei do selo em 1765 e a Lei do melaço e a concessão do monopólio da comercialização do 
chá para a América à Co. Inglesa das Índias Orientais em 1765. Sobre esta situação Godechot explica : 
"Perante as primeiras reevindicações o governo britânico cedeu : aboliu o imposto do selo, reduziu os 
direitos previstos na lei do açúcar, mmanteve integralmente o direito de de decretar impostos sobre as 
colónias. Com efeito, em 1767 o Parlamento decretou novamente impostos sobre o papel, o vidro o 
chumbo e o chá"3. 
I.3.4 : Como reagiram os colonos? 
Em 1773 respondendo à esta medida, os colonos revoltaram-se e ocorreu uma famosa manifestação 
popularmente conhecida por "Boston Tea party". No ano seguinte Londres ordenou o encerramento do 
porto de Boston e na tentativa de amedrontar os colonos o exército inglês matou 3 cidadãos bostonianos, 
que tentavam impedir a implementação desta medida ( este acontecimento ficou conhecido como sendo o 
"Massacre de Boston"). 
Posteriormente, em Setembro de 1774, realizou-se em Filadélfia o 1o Congresso Continental, que reuniu 
 
3 Jean Godechot, Les révolutions, in, R. Grousset et Émili G. Léonard, Histoire Universselle III – De la Réforme à 
 nos Jours, éditions Gallimard, Bruges, 1958; 
 
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participantes de 12 colónias à excepção da Geórgia. Neste encontro foi declarado o boicote comercial 
contra a Inglaterra. Em resposta Londres decretou o "Acto de Restrição" segundo o qual as colónias 
estavam proibidas de comercializarem directamente com outros países sob pena de os seus barcos seremaprisionados. Estas medidas irritaram os colonos insurrectos e determinaram a radicalização de posições 
que conduziram ao início da confrontaçao militar. 
A 14 de Julho de 1776 foi realizado o II Congresso de Filadélfia que produziu os seguintes resultados: 
a) eleição de George Washington como chefe militar dos insurrectos, 
b) apresentação da Declaração de Independência dos EUA por Thomas Jefferson. Este último acto 
marcou a 
 separação política entre a metrópole e as colónias. 
Em 1783 em Versalhes a Inglaterra reconhece oficialmente a Independência dos EUA. Contudo só em 
1787 
entrou em vigor a nova Constituiçao dos EUA que fixava os mecanismos da nova República: 
- introdução de uma República Federal 
- poder executivo representado pelo Presidente escolhido por um colégio eleitoral composto por 
representantes 
dos Estados eleitos pelo Congresso estadual) 
- poder legislativo pertencente ao Congresso dos EUA (sudividido em 2 câmaras: a do Senado - 
câmara alta e a 
 dos Representantes) 
- poder judicial representado pelo Tribunal Supremo (High Court). 
Em suma a Constituição de 1787 consagra 2 princípios importantes: o da separação de poderes 
(legislativo, executivo e judicial) e o da descentralização (instância federal e nível estadual), como explica 
Godechot. Luís Rodrigues analisa o impacto deste fenómeno de forma mais acutilante afirmando que a 
Revoluçao Americana "foi, primeiro que tudo, um processo de emancipação política ou de 
autodeterminação em relação ao domínio colonial britânico; foi, depois, um evento militar, uma guerra 
cuja dimensão, quer militar, quer diplomática, urge não desprezar, uma vez que, como se erá, veio a 
assumir uma feição decisiva em momentos determinantes deste processo; foi, por fim, uma verdadeira 
revolução política que implantou um novo tipo de governo e de modelo político, consubstanciado na 
 
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Constituição de 17874. 
A luta pela independência dos Estados Unidos da América teve um enorme impacto: por um lado 
provocou grande entusiasmo na Europa (através da propaganda, lojas maçónicas, publicações etc.) e por 
outro serviu de inspiração à luta pela independência das colónias na América Latina. Junto com o 
iluminismo influenciou uma onda revolucionária que se reflectiu na Revolução Francesa 
 
Ao terminar esta matéria o estudante deve saber explicar os termos seguintes: 
Boston Tea party, Acto de Restrição, República Federal, Congresso dos EUA, descentralização do poder 
 
 
TEMA I. 4 : REVOLUÇÃO FRANCESA 1789-1795 
 
I. 4.1 : Causas sociais 
Na França, os camponeses (servos) estavam sujeitos a pesados e múltiplos impostos de origem feudal: 
a dízima paga à Igreja, a renda (em géneros e mais tarde em dinheiro paga aos senhores feudais) as 
corveias (prestação de vários serviços a favor dos senhores feudais) e as banalidades (obrigações 
adicionais). Neste contexto aos camponeses interessava fundamentalmente a abolição da servidão. 
A burguesia activa e empreendedora procurava o domínio político, lutava contra os privilégios da 
classe clerical e nobiliarca bem como pretendia conquistar os direitos civis, o que lhes permitiria o 
reforço da sua influência económica: "do controle da banca queria passar para o controle do Estado". 
O quadro abaixo permite-nos conhecer a composição sociedade francesa para entendermos que se 
todos se opunham ao Ancien Régime, nem todos possuiam uma agenda comum na sua luta contra o 
absolutismo francês. "Nas vésperas da Revolução, a população da França decompõe-se da maneira 
seguinte, sob o ponto de vista social: 
Estratos sociais N° de indivíduos 
Clero 200.000 
Nobreza 78.000 
Exército 350.000 
Oficiais e magistrados 300.000 
Universitários, advogados, médicos, cirurgiões 95.000 
 
4 Luís Nuno Rodrigues, A Revolução Americana (1763-1787), in : Fernando Martins e Pedro Aires Oliveira, As 
Revoluções Contemporâneas, Edições Colibri, Lisboa Fevereiro de 2005, p. 30. 
 
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Burgueses, financeiros, negociantes, mercadores, artífices 4.000.000 
Lavradores, cultivadores com gado 2.130.000 
Vinhateiros, cultivadores manuais 4.500.000 
Operários e jornaleiros 10.000.000 
Criados 1.954.000 
 
I.4.2 : Causas económicas e financeiras 
A crise ecológica que nos anos 1787 e 1788 se abateu sobre a França, teve sérias repercussões sobre a 
agricultura: más colheitas, fomes generalizadas. Consequentemente o mercado de trigo, em crise até 
1790, provocou um desiquilíbrio em todo o aparelho económico: especulava-se com o pão, com o 
vinho e com os legumes etc. A este respeito Albert Soboul citado por Carlos Mota afirma : "A crise de 
víveres desata, nessa economia ainda arcaica, um processo em que se encadeiam miséria, subconsumo, 
contracção do mercado da mão-de-obra, subemprego, mendicância e vagabundagem". Portanto a 
penúria alimentar e agrícola vai desencadear uma série de impactos sendo importante realçar o 
problema da fome, que afectava a maioria dos franceses. 
Por outro lado regista-se, igualmente, o declínio da produção industrial devido à falta de matérias-
primas para a indústria têxtil motivada principalmente pela escassez do algodão proveniente das 
colónias americanas. Esta situação reflectiu-se imediatamente a nível da redução de empregos e 
também dos salários que passaram a ser cada vez mais baixos. A baixa produtividade aumentou 
importações e diminuiu as exportações facto que incentivou a inflação. 
Adicionalmente verifica-se um alto défice financeiro manifestado pela falta de dinheiro nos cofres do 
Estado face ao aumento de despesas públicas. Este problema foi agravado pelo aumento de dívidas 
contraídas pela França devido à sua participação na guerra da independência dos EUA acrescidos aos 
gastos em produtos de luxo e em pensões para o sustento da nobreza. Como solução a corte real optou 
pela multiplicação de taxas que recairam sobre diversas mercadorias. Os encargos fiscais esgotavam 
os contribuintes porque recaíam fundamentalmente sobre o Terceiro Estado. 
Como forma de solucionar o problema o rei Luís XVI, na pessoa dos seus ministros Calonne e de 
Brienne (em 1787 e 1788 respectivamente), tenta sem sucesso instituir uma lei que obrigasse os 
aristocratas (a nobreza) a pagar impostos. Esta medida foi muito mal recebida pela aristocracia 
nobiliarca. Como explica Burns, "...Para fazer face ao crescente déficit, os ministros propunham novos 
impostos, principalmente uma taxa de selo e um imposto direto sobre a produção anual da terra. O rei 
convocou uma assembleia de notáveis dentre a aristocracia, na esperança de convencer os nobres a 
concordar com suas solicitações. Longe de aquiescerem, porém, os nobres insistiram em que, para 
 
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18instituir um imposto geral como a taxa do selo, o rei teria primeiro de convocar os Estados Gerais, que 
representavam os três estados do reino". Este posicionamento, mesmo que irreflectido por parte de 
alguns nobres, constituiu uma autêntica "revolução nobiliarca" e por isso mesmo certos autores 
consideram que a revolução francesa inicia em 1788 e não em 1789. 
I.4.3 Causas ideológicas: 
Introdução de uma nova ideologia o iluminismo (para mais pormenores cf. Tema I.- Causas Gerais das 
Revoluções Burguesas). 
I.4.4 : PRINCIPAIS FASES DO CONFLITO 
 
I.4.4.1 : Primeira fase: 1789-1791/2 formação da ASSEMBLEIA CONSTITUINTE e o 
estabelecimento da MONARQUIA CONSTITUCIONAL 
Podemos dizer que a diversidade de estratos sociais na França contribuiu para que as estratégias de 
luta contra o absolutismo fossem também várias e a própria revolução ganhasse uma dinâmica até 
então invulgar na Europa. Como nos explica Pirenne, "O absolutismo monárquico queria a abolição 
progressiva dos privilégios, para realizar a concentração de todos os poderes nas mãos do rei, investido 
na soberania e pela graça de Deus. As ordens privilegiadas, apoiadas pelos parlamentos e pelos 
tribunais soberanos, pretendiam impor à monarquia o respeito pelas 'leis fundamentais do reino', isto é, 
pela ordem estabelecida. A oposição liberal reclamava ao mesmo tempo o estabelecimento da 
igualdade civil pela abolição dos privilégios, e a instauração de um regime representativo que 
substituisse a monarquia de direito divino pela monarquia constitucional, baseada no princípio da 
soberania da nação". 
Mota caracteriza o ambiente da época nos seguintes moldes : "Desempregados aos milhares; 
concorrência de tecidos ingleses no mercado têxtil; tumultos; más colheitas; subida crescente do preço 
do pão, tudo isso empurrava a França para uma etapa de conflitos e de reformas e para a revolução". 
Foi assim que em Maio de 1879, o rei Luís XVI convoca os Estados Gerais que não se reuniam desde 
1614. 
Nesse encontro o Terceiro Estado reevindicava, inicialmente, uma paridade na composição dos 
represenrtantes à Asssembleia de Notáveis, uma vez aceite esta proposta alguns membros do 3° Estado 
sugerem a supressão da antiga forma de deliberação e a introdução do voto por cabeça; como explica 
Burns, "... seus líderes exigiam que as três ordens formassem uma assembléia única e o voto fosse 
individual" 
Esta proposta foi mal acolhida pelo rei e pelos seus aliados (nobres e alto clero). Como reacção ao 
 
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posicionamento das camadas aristocráticas em Junho de1879 o Terceiro estado abandonou os Estados 
gerais, autoproclamou-se Assembleia Nacional e decretou que nenhum imposto seria lançado sem o 
seu consentimento. Posteriormente a Assembleia Nacional transformou-se em Assembleia Nacional 
Constituinte (a 9 de Julho). 
 A situação política deteriorara-se a ponto de o poder real ser contestado de forma generalizada. É 
assim que no dia 14 de Julho uma multidão enfurecida toma de assalto Bastilha, símbolo do regime 
absolutista, que funcionava simultâneamente como prisão e arsenal. 
 No dia 4 de Agosto do mesmo ano a Assembleia Nacional Constituinte decretou as medidas 
seguintes: 
- suprimiu os privilégios feudais: banimento dos direitos senhoriais (corveias, banalidades, justiças 
privadas e a dízima) 
- todos os cidadãos, sem distinção de nascimento, podiam ser admitidos a todos empregos e dignidades 
eclesiásticas e civis, 
- foi instituida igualdade de todos os franceses perante o imposto 
- os magistrados repudiaram a venalidade dos cargos 
- efectuou-se a nacionalização e posterior venda dos bens da Igreja 
Mais tarde, a 26 de Agosto, a Assembleia Constituinte aprova a "Declaração dos Direitos do Homem 
e do Cidadão" um documento revolucionário segundo o qual "Os representantes do povo francês, 
constituídos em Assembleia Nacional, considerando que a ignorância, o esquecimento ou o desprezo 
dos direitos do homem são as únicas causas das infelicidades públicase da corrupção dos governos, 
decidiram expor, numa declaração solene, os direitos naturais, inalienáveis e sagrados do homem..." 
onde destacamos 2 ideias fundamentais: " Os homens nascem e permanecem livres e iguais em 
direitos", "todos os cidadãos são iguais perante a lei" e "O princípio de toda a soberania reside 
essencialmente na nação". Em suma o novo documento continha aquilo que incarnava o lema básico 
desta revolução: "liberdade, igualdade, fraternidade". 
Em 1791 foi proclamada a monarquia constitucional, através da qual ao rei foi reservado o direito de 
veto suspensivo; segundo Mota este novo regime passou a ser caracterizado pelos seguintes aspectos: 
- Princípio censitário (isto é, os eleitos eram seleccionados de acordo com suas posses) 
- Supressão das ordens e dos privilégios dos senhores 
- Todos os indivíduos deveriam ser considerados iguais perante a lei 
- Defendia a manutenção da escravidão nas colónias 
- Propunha a descentralização administrativa 
 
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- Obrigava a nacionalização dos bens do clero. A estes aspectos devemos acrescentar que o rei perde 
parte dos poderes a favor de outras instituiçõe. Por exemplo, o poder legislativo pertence à Assembleia 
legislativa eleita por dois anos, permanente e inviolável a qual representa a soberania nacional. Por 
outro lado, o rei detém o o direito de veto suspensivo contudo este direito "não pode ser aplicado nem 
sobre matéria constitucional, nem sobre matéria fiscal" explica Pirenne. Se estas medidas agradavam 
os desígnios dos burgueses moderados o mesmo não acontecia nem com os monarquistas e muito 
menos com a maioria da populaçao pobre. Sobre este aspecto Pirenne explica que a revolução havia 
criado "duas oposições" nomeadamente " a da nobreza da corte, para a qual o novo regime era uma 
autêntica ruína, e a do proletariado de Paris, que tinha sido afastado das assembleias eleitorais de 1789, 
e cuja situação económica se ia tornando cada vez mais precária, em consequência da fome e da 
elevação dos preços resultantes da desorganização do comércio, sobretudo do comércio do trigo, que a 
crise do regime provocara". Mais adiante o mesmo autor afirma que pior situação recaía sobre os 
camponeses, porque se o direito à propriedade deu largas vantagens aos "camponeses abastados" o 
mesmo não aconteceu com os camponeses "mais deserdados" para quem estas medidas truxeram 
consigo, consequências por vezes desastrosas". Portanto, conclui o mesmo autor que "A abolição dos 
direitos feudais teve pois como consequência tornar maior depois da revolução do que sob o antigo 
regime a distinção entre o proprietário e o não-proprietário, e isso não só no plano social como 
também, pelo menos teoricamente, no plano político". 
Apesar das mudanças revolucionárias já avançadas, parte dos jacobinos (radicais) não concordava que 
o rei continuasse a deter o poder, através do direito de veto, facto que criou rotura no seio da 
Assembleia Nacional Constituinte. Os receios do referido grupo avolumaram-se, sobretudo porque 
neste preciso momento estava a formar-se uma coligação militare monárquica externa (constituída 
numa primeira fase pela Áustria e pela Prússia à qual se juntaram posteriormente a Inglaterra, a 
Holanda e a Espanha) que pretendia invadir a França e repôr a ordem monárquica. Segundo Pirenne 
esta invasão baseava-se no facto de "A abolição dos direitos feudais, que lesava os interesses dos 
príncipes alemães com possessões na Alsácia, criara com estes um conflito que eles levaram perante a 
dieta do império" bem como à anexação de Avinhão e do condado Venaissin pertencentes à Santa Sé. 
Nessa mesma altura o rei empreendeu uma tentativa de fuga mal sucedida, poi fora preso em 
Varennes, sendo este acto considerado pela Assembleia Constituinte, o "prelúdio de uma guerra 
ofensiva contra a França". 
Este incidente provocou uma reacção das forças externas e foi neste âmbito que o duque de 
Brunschvick (chefe do exército invasor) mandou informar, através de um ultimato aos dirigentes da 
 
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revolução, que Paris seria totalmente subvertida, se qualquer desacato fosse praticado contra a pessoa 
do rei. 
Face a estes acontecimentos os feuillants ou monarquistas, que dominavam a Assembleia preferiram 
manter a figura do rei. Contráriamente pensavam os Jacobinos " que tinham o apoio da rua e 
reclamavam a destituição do rei, o sufrágio universal e reformas populares". Consequentemente, 
devido ao conluio que se notava entre a corte real e os invasores externos, o povo liderado pelos 
secessionistas Jacobinos rebelou-se, aprisionou o rei e suspendeu-o de todas as suas funções. As 
contradições existentes entr Girondinos e Jacobinos foi explicada por Mota nos termos seguintes: "Os 
Girondinos –liberais moderados...colocavam em primeiro lugar a união dos cidadãos na defesa do país 
ameaçado pelas forças invasoras. O inimigo externo mobilizava o sentimento nacional dos patriotas. A 
burguesia montanhesa, mais radical e apoiada pelos sans-culottes parisienses, se empenhava – como o 
jovem Saint-Just – no prosseguimento da guerra externa e no aprofundamento da Revolução". É neste 
clima que surge a República em 1792, iniciando deste modo a fase da Democracia Social e de 
medidas radicais postas em prática pelo governo da Convenção jacobina. Iniciava assim a segunda 
fase da Revolução francesa. 
 
I.4.4.2 : 2a Fase: 1792-1795 Governo da Convenção Jacobina (fase do medo ou do terror, 
instituição da República e da Democracia Social) 
O governo da Convenção Jacobina (1792-95) foi igualmente apelidado como a fase do medo ou do 
terror e da Democracia social, devido à introdução da guilhotinae pelas reformas profundas que 
beneficiavam as camadas mais desfavorecidas respectivamente. A Assembleia Constituinte foi então 
substituida pela Convenção Nacional. O novo governo liderado por Maximillien Robespierre, O 
Incorruptível, contava também com a participação de outras personalidades como Georges J. Danton, 
Saint-Just, Couthon e Jean-Paul Marat , era apoiado por uma larga camada dos sans-cullotes 
adoptaram medidas com um cunho de democracia social. Após um longo processo a 21 de Janeiro de 
1793 Luis XVI e sua esposa Maria Antonieta (a 16 de Outubro do mesmo ano) foram julgados e 
guilhotinados. Este acto marcava o fim do regime monárquico e o início da República e da "ditadura 
terrorista". 
Como é que os Jacobinos administram o poder? 
Um dos grandes desafios da nova elite, foi o de criar mecanismos viáveis para dirigir os destinos do 
país e também para estancar a instabilidade política. De uma forma geral os revolucionários 
enfretavam dois inimigos (o primeiro, interno, constituído pelos monarquistas e pelos girondinos e o 
 
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segundo, externo, que aparecia sob o signo de coligação anti-revolucionária e pró-monarquista. Na 
arena sócio-económica saliente-se a crise financeira, os baixos salários que vigoravam nas 
manufacturas, a falta de víveres e a fome que ameaçava a maioria dos pobres franceses e a corrupção 
instalada nos diversos sectores públicos na França. É importante realçar que, paradoxalmente àquilo 
que era a orientação da burguesia liberal, quando os jacobinos ascenderam ao poder protelaram a 
aprovação de uma nova constituição (votada a 24 de Julho de 1793) o que lhes permitiu ganhar grande 
protagonismo político e influenciar a aprovação da mesma pelas assembleias primárias locais. Isto 
contribuiu significativamente para os Jacobinos passarem a governar por decretos. Para o efeito 
criaram instituições, cujas funções formam ocupadas por um número restrito de indivíduos(vide supra) 
que passaram a açambarcar o poder. Trata-se do Comité de Salvação Pública, do Comité para a 
Segurança Geral. 
Quais foram então as medidas tomadas pelos Jacobinos? 
É neste ambiente que o novo governo decide adoptar medidas excepcionais das quais se salientam: 
- A Lei do máximo: tabelamento de salários e de preços máximos para os cereais e outros artigos de 
primeira necessidade; os comerciantes que auferiam altos lucros às custas do povo foram ameaçados 
com a guilhotina 
- Supressão definitiva dos direitos senhoriais 
- Unificação do sistema de pesos e de medidas 
- Revogação do princípio de primogenitura, de modo que a propriedade não fosse herdada 
exclusivamente pelo filho mais velho, passando a ser dividida em porções substancialmente iguais 
entre todos os herdeiros imediatos 
- Introdução da assistência social aos pobres, às viuvas, aos velhos e às crianças 
 - Introdução do sufrágio universal masculino 
 - Introdução de escolaridade primária obrigatória, gratuita e laica (proposta por Condorcet) 
Outra medidas foram: a introdução do sufrágio universal masculino em substituição do anterior 
censitário, a separação completa entre a Igreja e o Estado, Burns explica que resolveu-se uma 
separação completa entre a Igreja e o Estado e tolerar todos os credos que não fossem ativamente 
hostos ao governo". 
Para fazer frente aos seus adversários acérrimos (girondinos e monarquistas) Robespierre introduz em 
1793 a Lei dos Suspeitos que conduziu vários indivíduos à guilhotina. Instalava-se assim o grande 
medo/terror. Apesar de o governo jacobino ter tentado beneficiar a maioria de indivíduos necessitados 
caiu no descrédito, principalmente, devido à rigidez das suas medidas e à instabilidade económica 
 
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caracterizada por uma inflação cada vez mais galopante. 
Porque razão a Convenção Jacobina fracassou? 
O excesso de zelo que conduziu à deliberações e mortes injustificadas. Após a derrota da coligação 
externa, pelas tropas francesas, a "caça às bruxas" continuou e muitos adeptos dos jacobinos não 
percebiam porque razão a guilhotina tinha que continuar a ser aplicada. 
O poder era monopolizado por uma minoria de indivíduos que compunham os órgãos fundamentais da 
República: o Comité deSalvação Pública, o Comité de Segurança Geral, e o Tribunal Revolucionário. 
A rebelião estava circunscrita à Paris e não abarcou outros departamentos, apesar de haver mais 
pessoas, fora de Paris, e forças interessadas nas mudanças. 
Por outro lado 
No meio destas dificuldades e sem apoios, ROBESPIERRE e seus seguidores mais próximos são 
presos pelos girondinos e mortos por guilhotina no dia 28 de Julho de 1794. Assim termina o ensaio da 
introdução da democracia social e inicia-se o predomínio da república burguesa. 
 
I.4.4.3 : 3a Fase: 1795-1799 CONVENÇÃO GIRONDINA (DIRECTÓRIO) E INSTITUIÇÃO 
DA REPÚBLICA BURGUESA 
A Democracia Burguesa sob a direcção do Directório ( composto por girondinos ), aprovou uma 
nova Constituição que restringia as liberdades e consolidou a hegemonia política dos proprietários. 
O poder executivo passou a pertencer ao Directório (um órgão composto por 5 directores), uma 
Conselho dos 500 (que redige e propõe leis) e o Conselho dos anciãos (que aprova as leis). 
Que medidas toma o Directório? 
- Abolição dos orgãos da convenção jacobina 
- Abolição da lei do máximo 
- Repressão e perseguição de todos os líderes jacobinos e dos seus simpatizantes os sans-culottes 
- Manutenção da propriedade privada e da liberdade económica 
- Abolição da servidão e das feudalidades 
- Restabelecimento da escravidão nas colónias 
- Descentralização do poder 
- Defesa das liberdades individuais 
- Defesa dos direitos do homem, da propriedade privada e da liberdade económica. 
Desta forma consolida-se o poder da burguesia que desde então dirige os destinos deste país - a 
França- inspirado nos ideais da igualdade, liberdade e fraternidade. Contudo, ante as ameaças de 
 
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intervenção das potências europeias, Napoleão Bonaparte tomou o poder à força assumindo poderes 
ditatoriais em 1799 (o Consulado) e desestabilizando a república burguesa. Contudo, os ideais do 
constitucionalismo e das liberdades será retomado na primeira década do séc. XIX durante as 
chamadas revoluções liberais de 1830 à 1848. 
Ao terminar esta matéria o estudante deve saber explicar os termos seguintes: 
Estados Gerais, Asssembleia de Notáveis, Terceiro Estado, Assembleia Nacional, Constituinte Declaração dos Direitos do 
Homem e do Cidadão, Democracia Social, Convenção Jacobina, fase do medo ou do terror, Jacobinos, Girondinos, Lei do 
máximo, guilhotina, Directório 
 
 
 
REVOLUÇÕES BURGUESAS – EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO 
 
 
1. Indique a composição social das facções que participaram nas revoluções burguesas. Para o efeito descrimine a sua 
resposta por países. 
 
3. Descreva as alianças sócio-políticas que se estabeleceram entre as facções envolvidas em cada revolução burguesa. 
 
4. Que argumentos foram apresentados, tanto na Inglaterra como em França, para o combate do Absolutismo? 
 
5. Quais foram os principais mentores que formularam ideias contra o Antigo Regime? 
 
6. Distinga monarquia constitucional de monarquia absolutista. 
 
7. Distinga sufrágio censitário de sufrágio universal. 
 
8. Caracterize a situação económica da França antes da revolução de 1789. 
 
9. Carlos I e Luís XVI possuem aspectos em comum identifique-os. 
 
10. Caracterize a govemação de Oliver Cromwell. 
 
11. Lafayette e Thomas Jefferson foram personalidades proeminentes ligadas às revoluções 
 burguesas. Refira-se à contribuição de cada um. 
 
12. Como se explica, em 1688, a intervenção de Guilherme de Orange (chefe do govemo da 
 Holanda) na Inglaterra? 
 
13. Porquê certos autores designam o governo dos Jacobinos de Democracia Social ? 
 
 14. Leia atentamente os documentos A e B (abaixo transcritos) e responda às questões seguintes: 
 
 a) a que país e instituição pertence cada um dos documentos em causa? 
 
 b) indique as instituições políticas mencionadas em cada documento. 
 
 
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c) transcreva dos referidos textos passagens referentes: 
- às reivindicações políticas 
- exigências jurídicas, 
- à igualdade de direitos, 
 - às liberdades individuais e ao "Contrato Social". 
 
16. Estabeleça uma comparação entre os documentos B e C. Na sua resposta tenha em consideração: 
 
 a) os elementos comuns, 
 b) e os aspectos diferentes. 
 
17. Em que medida as reivindicações políticas levadas a cabo nas 13 colónias britânicas da 
 América do Norte diferem das ocorridas no continente europeu? 
 
19. Porque razão a luta pela emancipação das treze colónias britânicas da América do Norte é 
 também considerada uma revolução burguesa? 
 
 20. A 14.7.1789 registou-se o assalto à Bastilha. 
 
 a) Porque razão? 
 b) Na actualidade que significado tem esta data para os franceses? 
 
21. Explique em que consistiu a problemática do voto em 1789. 
 
22. Explique o sentido do lema da Revolução Francesa: "liberdade, igualdade, fraternidade". 
 
23. Leia o documento D e indique as passagens que sugerem: 
a) a separação de poderes 
b) promoção de direitos individuais 
c) descentralização político-administrativa 
 
 
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DOCUMENTOS 
 
A. DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO 
 
Os representantes do povo francês, constituídos em Assembleia Nacional, considerando que a ignorância, o esquecimento 
ou o desprezo pelos direitos do homem são as únicas causas das infelicidades públicas e da corrupção dos govemos, resol-
veram expor, numa declaração solene, os direitos naturais, inalienáveis e sagrados do homem. (...) Portanto, a Assembleia 
Nacional reconhece e declara, na presença e sob os auspícios do Ser Supremo, os seguintes direitos do homem e do 
cidadão: 
Artigo 1° - Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem ser baseadas na 
utilidade comum. 
Art. 2° - A finalidade de qualquer associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem. 
Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão. 
Art. 3° - O princípio de toda a soberania reside essencialmente na nação. Nenhum corpo, nenhum indivíduo, pode exercer 
autoridade se não dimanar expressamente dela. 
Art. 4° - A liberdade consiste em poder fazer tudo o que não prejudique outrem; assim, o exercício dos direitos naturais de 
cada homem tem como limites os que asseguram aos outros membros da sociedade o usufruto desses mesmos direitos. 
Esses limites só podem ser determinados pela lei. (...) 
Art. 6° - A lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de participar pessoalmente, ou através dos 
seus representantes na sua formação. (...) 
(...) Sendo todos os cidadãos iguais a seus olhos, têm igualmente acesso a todas as dignidades, lugares e empregos 
públicos, segundo a sua capacidade e sem outra distinção que não seja a das suas virtudes e talentos.Art. 7° - Nenhum homem pode ser acusado, preso ou detido, a não ser nos casos previstos pela lei e segundo as formas que 
ela prescreve. (...) 
Art. 9° - Ninguém deverá ser perturbado pelas suas opiniões, mesmo religiosas, desde que a manifestação delas não 
perturbe a ordem pública estabelecida pela lei. (...) 
Art. 11° - A livre comunicação de pensamentos e opiniões é um dos direitos mais preciosos do homem; portanto, todo o 
homem deve poder falar, escrever, imprimir livremente, salvo em casos de abuso dessa liberdade. (...) 
Art. 13° - Para manter a força pública e para as despesas da Administração, é indispensável uma contribuição comum; deve 
ser repartida igualmente por todos os cidadãos, na razão das suas capacidades. (...) 
Art.15°- A sociedade tem o direito de pedir contas a todos os agentes públicos pela sua administração. (...) 
Art. 17° - Sendo a propriedade um direito inviolável e sagrado, ninguém pode ser dela privado, a menos que seja de 
utilidade pública legalmente constatada e sob condição de justa e prévia indemnização. 
 
 
B. DECLARAÇÃO DOS DIREITOS (1689) 
 
Os Lordes espirituais e temporais e os Comuns reunidos hoje declaram para assegurar os seus antigos direitos e liberdades: 
- que o pretendido poder da autoridade real de suspender as leis ou a execução das leis sem o consentimento do Parlamento 
é ilegal; 
 
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- que o pretendido direito da autoridade real de dispensar das leis ou da execução das leis, como foi usurpado e exercido no 
passado, é ilegal; 
- que levantamento de impostos para a Coroa ou para seu uso sob pretexto de prerrogativa; sem o consentimento do 
Parlamento, é ilegal; 
- que é um direito dos súbditos apresentar petições ao rei e que todas as prisões e perseguições por causa destas petições 
são ilegais; 
- que o recrutamento e manutenção de um exército no reino, em tempo de paz, sem o consentimento do Parlamento, são 
contrários à lei; 
- que as eleições dos membros do Parlamento devem ser livres; 
- que a liberdade de palavra, de debate ou de procedimento no seio do Parlamento não podem ser entravadas ou discutidas 
noutro local que não seja o próprio Parlamento; 
- que enfim, para remediar todos os danos, e para melhoria, consolidação e conservação das leis, o Parlamento deverá ser 
reunido frequentemente. 
E eles requerem e reclamam com instância todas as coisas acima ditas como seus direitos e liberdades incontestáveis; e 
também que nenhumas declarações, juiízos, actos ou procedimentos, que prejudiquem o povo num dos pontos acima refe-
ridos, possam de alguma maneira servir de precedente ou de exemplo no futuro. 
Os Lordes espirituais e temporais e os Comuns, reunidos em Westminster determinam que Guilherme e Maria, príncipe e 
princesa, de Orange, são e permanecerão declarados rei e rainha de Inglaterra e da Irlanda e dos territórios que dela 
dependem. in Les Mémoires de l'Europe. vol. II 
C. A MAGNA CARTA (1215) 
 
[1] Em primeiro lugar concedemos a Deus e confirmamos pela presente carta, a nós e a nossos herdeiros perpètuamente, 
que a Igreja da Inglaterra seja livre e conserve integralmente os seus direitos e intangíveis as suas liberdades... 
 
[ 12] Nenhum imposto ou pedido será estabelecido no nosso reino, sem o consenso geral, excepto para resgastar a nossa 
pessoa, para armar cavaleiro o nosso filho mais velho e para casar, uma primeira vez, a nossa filha mais velha, e neste caso 
que a contribuição seja razoável. Que tudo se passe na mesma maneira no que respeita às contribuições da cidade de 
Londres. 
 
[13] A cidade de Londres conservará as suas antigas liberdades e todos os seus costumes livres, tanto na terra como na 
água. Além disso, queremos e concedemos, que as outras cidades, burgos, vilas e portos sem excepção gozem das suas 
liberdades e costumes livres. 
 
[14] Para obter o consenso geral, a fim de lançar um pedido ou imposto fora dos três casos sobreditos, mandaremos 
convocar os arcebispos, bispos, abades, condes e grandes barões por meio de cartas individuais; e além disto, mandaremos 
convocar duma maneira geral, por intermédio dos nossos bailios e outros magistrados todos os nossos vassalos directos 
para um dia determinado a saber, com antecedência de pelo menos quarenta dias, num local determinado, em todas as 
nossas cartas indicaremos o motivo da convocação... 
 
[39] Nenhum homem livre será detido, aprisionado, ou despojado dos seus direitos ou bens, ou colocado fora da lei, ou 
exilado, ou destituído da sua condição de qualquer maneira que seja. Não procederemos contra ele pela força nem 
enviaremos outros que o façam, salvo mediante julgamento legal dos seus pares, ou de acordo com a lei da região. 
 
[41] Todos os mercadores poderão livremente e seguramente sair da Inglaterra, nela entrar, permanecer e passar, quer por 
terra quer por água, para comprar e vender, sem receio de extorsões ilegais, de acordo com o antigo costume, excepto em 
tempo de guerra e se pertencerem ao país beligerante. Se estes se encontrarem no nosso domínio no princípio da guerra, 
serão detidos, sem prejuízo para a sua pessoa e bens, até que nós ou o nosso chanceler saibamos de que maneira os 
mercadores deste país, encontrados em terra inimiga, foram tratados; se estes se encontrarem a salvo, aqueles também o 
 
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estarão... 
 
[61] ..Instituimos e concedemos aos nossos barões a seguinte garantia: elegerão vinte e cinco barõe do reino, os quais 
deverão com todo o seu poder observar, manter e fazer cumprir a paz e as liberdades que nós concedemos... E se nós não 
corrigirmos um abuso... dentro do prazo de quarenta dias a partir do momento em que ele nos tiver sido assinalado... quatro 
dos barôes sobreditos levarão este assunto até ao conhecimento dos outros barões e todos... com o apoio dos comuns do 
país apoderar-se-ão dos nossos castelos, terras, bens e outras quaisquer coisas à excepção apenas da nossa pessoa e das da 
rainha e nossos filhos... 
 
in: Fernanda Espinosa e Maria Luísa Guerra, História – Idade Média Idade Moderna, Porto Editora, E. L. Fluminense, 
Porto (sd), pp. 134-135. 
 
 
D. A Lei Suprema da Nação 
 
A Constituição é composta de um preâmbulo, sete artigos e 26 emendas. Estabelece um sistema federal através da divisão 
das atribuições entre os governos federal e estaduais. Institui, também, um governo nacional equilibrado, por meio da 
divisão da autoridade entre três poderes independentes - o executivo, o legislativo e o judiciário. O poder executivo faz 
cumprir as leis, o poder legislativo promulga as leis, e o poder judiciário interpreta as leis. O poder executivo do governo 
nacional é normalmente representado pelo Presidente, o poder legislativo, pelo Congresso, e o poder judiciário, pela Corte 
Suprema. 
[...] Há certos poderes que a Constituição não concede ao governo nacional ou proíbe aos estados. Esses poderes 
reservados pertencem ao povo ou aos estados. Os poderes estaduais compreendem o direito de legislar sobre o divórcio, 
matrimónio e escolas públicas. Os poderes reservados ao povo incluem o direito à propriedade e ao julgamento por júri. 
Em alguns casos, os governos nacional e

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