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MERCADO DE CAPITAIS AULA 3 Prof. Alfredo Beckert Neto 2 CONVERSA INICIAL Olá! Seja bem-vindo à nossa terceira rota de aprendizagem. Vamos iniciar mais um assunto: “financiamento de empresas e o mercado acionário”. Sabemos que as empresas precisam de capital para investir ou mesmo para fazer suas operações “girar”. Por isso, nesta rota veremos os aspectos que envolvem do financiamento de empresas até sua captação de recursos no mercado de capitais, por meio de debêntures e ações. Além disso, esses produtos podem ser formas de investimento, tanto para empresas quanto para pessoas físicas compradoras. Iniciaremos pelo detalhamento sobre o mercado de capitais, para assim conversarmos sobre o financiamento de empresas. Depois disso, abordaremos as debêntures e ações de empresas. Para finalizar a rota, discutiremos sobre o mercado primário e mercado secundário. Aproveite para parar e refletir durante os pontos que considerar interessantes durante a aula, pois podemos criar associações e, consequentemente, gerar novas ideias. Desejamos a você um ótimo estudo! CONTEXTUALIZANDO Sabemos que diariamente o mercado de capitais movimenta bilhões de reais no Brasil. Com o aumento da complexidade das operações de capitais devido à globalização e à maior competição nos mercados, o maior desafio se encontra em proporcionar o acesso às informações e a comercialização dos produtos, de forma rápida e eficiente. Porém, isso não é tarefa fácil. E quais seriam esses principais produtos do mercado de capitais? As debêntures e as ações de empresas. Caso uma empresa necessite de capital para realizar sua expansão e investir em suas operações, estes dois produtos possibilitam essa captação de capital. O primeiro por meio de títulos de dívida, e o outro por meio da venda do capital da empresa. Por outro lado, uma pessoa física ou jurídica poderá adquirir essas ações e debêntures como forma de investimento, visando tanto à valorização das ações e o recebimento de dividendos, como à remuneração de juros das debêntures. Diante disso, é interessante que o gestor financeiro conheça todos os produtos existentes no 3 mercado financeiro, tanto de captação de recursos como de investimento, para selecionar o mais adequado à sua realidade e aos seus objetivos, favorecendo assim sua estratégia e a melhora no resultado da organização. Pesquise Vamos buscar entender sobre como as empresas realizam seu financiamento: quais são os produtos mais acessados? E as empresas S.A. de capital aberto: como elas realizam a captação de recursos no mercado de capitais? Podemos também buscar o porquê de usar o mercado de capitais em ambos os lados: captador ou investidor. Isso nos fará compreender um pouco mais sobre esse mercado e seus produtos. TEMA 1 – FINANCIAMENTO DE EMPRESAS Imagine que você é o gestor financeiro de uma empresa, e está sendo indagado pelo presidente sobre se seria possível captar 10 milhões de reais para o desenvolvimento de um novo projeto. Você teria a obrigação de levantar as opções que a empresa possui para tal captação, assim como suas consequências, custo, prazos e exigibilidades. Percebeu a responsabilidade? Esse tipo de necessidade de captação é muito comum nas empresas, pois elas precisam investir constantemente, tanto em busca de expansão quanto para manter suas operações em funcionamento e capital de giro. O gestor financeiro possui dois tipos de recursos para captar: capital próprio ou capital de terceiros. Para captar capital próprio, ele terá que convencer e provar para os sócios da empresa quanto à necessidade desse capital e, ainda dependerá do fato de se estes sócios possuem capital disponível. Quanto ao capital de terceiros, o gestor financeiro pode buscar no mercado financeiro, tanto de crédito quanto de capitais. Podemos pensar que o capital de terceiros é pior, pois a empresa ficará endividada, mas nem sempre é assim, pois os proprietários dividem o risco da empresa com terceiros. E lembre-se, a empresa sempre estará endividada, tendo como credores os sócios e terceiros, ou você acha que os sócios não querem ser remunerados por meio de juros e de outras formas? Você, como gestor financeiro, deve compreender que as decisões de investimento devem estar associadas às decisões de financiamento e levantar possibilidades de captação é fundamental para obter o capital mais próximo dos 4 termos desejados, resultando assim em uma melhor gestão financeira e, consequentemente, em melhores resultados. Pensando em financiamento com capital de terceiros, o mercado de crédito oferece muitos produtos, como operações de compror, vendor, linhas de capital de giro, linhas subsidiadas pelo BNDES, financiamentos para exportação e importação, entre muitos outros produtos. Por outro lado, o mercado de capitais possibilita a captação de recursos por meio da emissão de títulos de dívida e a venda de ações da organização, resultando assim na diminuição da participação do capital da empresa dos acionistas. Normalmente, essas formas são acessíveis e utilizadas por empresas de grande porte. No entanto, já existem meios para que organizações menores consigam captar recursos com base no mercado de capitais. Claro que o gestor deve levar em conta os aspectos que envolvem o custo do capital (juros, impostos e taxas), prazos e formas de pagamento, garantias e, em alguns casos, o sistema de amortização. Existem também outros terceiros que podem facilitar ou até mesmo auxiliar no financiamento de empresas: o governo e fornecedores. Vamos imaginar que você, como gestor financeiro de uma nova operação, necessita levantar capital de acordo com a seguinte estrutura: Capital de giro............................. R$ 900.000,00 Obras e máquinas.................... R$ 2.000.000,00 Pesquisa e desenvolvimento....... R$ 700.000,00 Marketing..................................... R$ 900.000,00 Analisaremos o capital de giro. Essa rubrica é necessária, principalmente, para cobrir o ciclo financeiro, ou seja, se vendemos nossos produtos em até 90 dias para o cliente pagar e pagamos o fornecedor em 60 dias, temos 30 dias de necessidade de capital de giro. Caso você consiga financiar esse capital de giro a um custo de 2,5% de juros a.m., vale a pena analisar com seus fornecedores se consegue negociar um prazo maior, tal como 90 dias, e inclusive, podemos oferecer pagar um valor de 1% a mais. Resumindo a ideia, se os fornecedores oferecem prazos para pagamento, significa que eles estão “emprestando” capital para sua operação, e quanto melhor for a negociação, menos capital de giro será necessário. 5 Com relação ao governo, devemos analisar a possibilidade de utilização de benefícios fiscais, e inclusive de linhas de capital não reembolsáveis. Isso poderia reduzir drasticamente a necessidade de capital na rubrica pesquisa e desenvolvimento. Em resumo, há uma certa complexidade para financiar os investimentos e operações das empresas, visto que existem diversas formas e produtos para realizar isso. O mercado oferece soluções de curto, médio e longo prazo que podem saciar as necessidades das organizações. Todavia, note que o gestor financeiro deve conhecer exatamente o montante de capital que necessita para seu projeto, pois a falta de capital pode fazer com que o projeto não se desenvolva e a sobra de capital financiado pode gerar uma redução nos resultados devido à despesa financeira, gerando assim uma menor rentabilidade para os sócios e/ou acionistas.TEMA 2 – O MERCADO DE CAPITAIS Mais uma vez nosso tema é mercado financeiro – mais especificamente, mercado de capitais. Imagine que você ou sua empresa estão com dinheiro em caixa "sobrando", ou seja, sem destinação; por isso, você pensa em investir no mercado de capitais. Logicamente, antes de realizar o investimento, é necessário conhecer o mercado, seus produtos e como as regras funcionam. Em alguns países a cultura de aplicar no mercado de capitais é bem difundida, inclusive entre pessoas físicas, como ocorre nos Estados Unidos. Nos últimos anos, com o crescente acesso à informação, o Brasil tem visto aumentar a procura pela compra de ações pela população em geral. Por outro lado, empresas que necessitam de capital para expandir suas operações. Podem, por exemplo, verificar a possibilidade de entrada no mercado de capitais para captar recursos financeiros. O mercado de capitais é o mercado no qual se comercializam valores mobiliários, como ações, debêntures, commercial papers, derivativos, opções de compra de valores mobiliários, quotas de fundos imobiliários, entre outros produtos, que permitem a circulação de capital para custear o desenvolvimento econômico. Pode ser definido, conforme BM&FBovespa (2010, p.7), como “um sistema de distribuição de valores mobiliários que tem o propósito de 6 proporcionar liquidez aos títulos de emissão de empresas e viabilizar o processo de capitalização”. Esse mercado é constituído pelas corretoras, bolsas, agentes de liquidação e custódia de títulos e outras instituições financeiras autorizadas. Segundo Pereira (2013, p. 82), os títulos de valores mobiliários são caracterizados por alterarem de nominação de um investidor para o outro, sendo considerados então como ativos móveis. O autor também menciona que o desenvolvimento do mercado de capitais foi impulsionado pela redução no custo de captação de recursos, visto que o mercado de crédito oferecia custos mais altos em relação ao mercado de capitais; inclusive, em alguns casos o credor se transforma em acionista da empresa. Ademais, o mercado de crédito permitiu a ascensão do mercado de capitais quando não atendeu às necessidades das empresas no que se refere a condições em termos de custos, prazos e outras exigências. Sendo assim, este mercado incentiva o crescimento da poupança, pois quanto maior o nível de poupança, maior será a disponibilidade para investir. Por isso, tanto pessoas físicas quanto jurídicas são consideradas como fontes do financiamento dos investimentos de uma nação. Com os investimentos, desenvolve-se o crescimento econômico, assim como se propicia o aumento de renda, gerando uma espécie de ciclo. Portanto, quanto mais as empresas crescem, mais recursos são necessários, sendo que esses recursos normalmente são captados por meio de empréstimos de terceiros, participação dos acionistas e reinvestimento de lucros. No mercado de capitais, temos como agente mais importante as sociedades anônimas (S.A.) de capital aberto, consideradas emissores. Como intermediários, por exemplo, existem os bancos de investimento, administradores de carteiras e corretores de mercadorias, de títulos e valores mobiliários. Neste mercado, os investidores dividem-se em duas categorias: Individuais ou particulares: indivíduos ou empresas que atuam diretamente comprando e vendendo no mercado; Institucionais: pessoas jurídicas que administram e movimentam grandes montantes de capital dentro do mercado financeiro, sendo esse capital de outras pessoas. Exemplos: fundos de investimento, sociedades 7 de capitalização, sociedades seguradoras, clubes de investimento e entidades de previdência privada. Há ainda um outro conceito importante, que é o de mercado de balcão, que se refere à comercialização dos valores mobiliários “por fora” da bolsa de valores. Ou seja, é o mercado em que são negociadas a compra e venda dos títulos e de outros produtos de forma direta, entre o comprador e o emissor ou vendedor, ou ainda existindo a intermediação de alguma instituição financeira, mas sem operações dentro da bolsa de valores. É importante ressaltar que o mercado de capitais, de um modo geral, ou seja, na maioria de seus produtos, não oferece ao investidor rentabilidade garantida. E como não oferecem garantia de retorno, devem ser considerados investimentos de risco. Outro ponto importante no mercado de capitais é que a rentabilidade passada não garante rentabilidade futura. Por exemplo, se você comprou ações da Petrobrás no mês passado e seu valor subiu 10%, isso não garante em nada que no mês seguinte também ocorrerá um aumento, podendo inclusive existir a redução do valor. Por isso, esse tipo de aplicação é considerado como de renda variável. Vale lembrar que o mercado de capitais é supervisionado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e seus produtos, em grande parte, são negociados pelas bolsas de mercadorias e futuros, assim como as bolsas de valores. Por isso, para uma organização ou mesmo pessoa física ter acesso ao mercado, são seguidas diversas normas e regras, que visam ao bom funcionamento do mercado. As empresas S.A. normalmente utilizam-se dos principais papéis mobiliários para captar recursos: as ações e as debêntures. Abordaremos estes dois papéis nos próximos temas. Leitura sugerida Livro da disciplina, páginas 82 a 83 8 TEMA 3 – DEBÊNTURES Imagine uma empresa de capital aberto listada na bolsa precisando captar recursos no mercado para desenvolver um novo segmento. Essa organização pode emitir títulos de dívida de médio e longo prazo. A empresa define as condições, juros de remuneração, prazos e coloca os títulos para comercialização. Quem tiver interesse nas condições definidas poderá comprar esses títulos – simples assim. Claro que esse título oferece risco, visto que a empresa poderá não pagar ao comprador no vencimento do título. Por isso, existem agências que classificam o risco das empresas, sendo as três principais: Standard & Poor's, Fitch e Moody's. Contudo, vamos seguir com as definições de debêntures. De acordo com Kerr (2011, p. 87), “[...] debêntures são valores mobiliários representativos de dívida de médio e longo prazos, com privilégio geral sobre os bens sociais ou garantia real sobre determinados bens emitidos por sociedades anônimas no mercado de capitais”. É uma emissão de título privado que tem por intuito financiar projetos de investimento ou reestruturar e alongar o perfil da dívida da organização. Para ficar claro, a debênture gera o direito ao comprador de receber uma remuneração do emissor (normalmente juros) e, periodicamente ou quando o título vencer, receber também o valor investido (principal). Ela pode ser emitida por S.A. de capital aberto ou fechado. Ademais, as especificações das debêntures constam em sua escritura de emissão, que inclusive poderá citar a destinação dos recursos captados. É interessante salientar que as debêntures são uma das formas mais antigas de captação de recursos via títulos no Brasil. Mesmo assim, ela não é massivamente difundida. Cada empresa pode fazer diversas emissões, sendo que cada emissão pode ser classificada em séries. Quando mencionamos debêntures da mesma série, significa que elas possuem o mesmo valor nominal, assim como disponibilizam os mesmos direitos aos titulares. Outro ponto interessante é que as debêntures podem ter o prazo de vencimento determinado, antecipado ou indeterminado. Como as demais informações, o prazo de vencimento e as condições de antecipação do vencimento devem constar na escritura de emissão.As debêntures podem ser negociadas em mercado de balcão e na bolsa de valores. 9 Podemos listar algumas vantagens desses títulos: Normalmente possui custos de captação menores para os emissores; É uma alternativa aos financiamentos bancários; Para o investidor, é um investimento em renda fixa, possibilitando a previsão do fluxo de caixa e uma boa rentabilidade em comparação com outros produtos de renda fixa. Além disso, a empresa pode incluir alguns itens para motivar mais compradores, como as debêntures com participação nos lucros e conversíveis em ações. Portanto, existem diversas categorias de debêntures: conversíveis, permutáveis e simples (ou não conversíveis). No caso das debêntures conversíveis em ações, se o emissor não pagar o que consta na escritura de emissão, a garantia são as próprias ações da empresa, ou seja, o comprador ficará com ações dessa no valor e formas estipuladas na escritura. As debêntures não conversíveis ou simples não podem ser convertidas em ações da empresa emissora. As debêntures conversíveis, por sua vez, em sua escritura possuem cláusulas possibilitando que elas sejam convertidas em ações tanto ao término de prazo estipulado quanto a qualquer tempo, caso esteja determinado na escritura de emissão. Já as debêntures permutáveis dizem respeito aos títulos que podem ser transformados em ações de emissão de outra empresa, e não em títulos da empresa que emitiu a própria debênture. Além de tudo isso, as debêntures podem ser incentivadas. A Lei nº 12.431, de 24 de junho de 2011, menciona sobre a incidência do imposto de renda nas operações de debêntures de infraestrutura. Esses títulos são emitidos por S.A. em que os recursos captados visem à implementação de projetos de investimento na área de infraestrutura ou de produção maciça em pesquisa, desenvolvimento e inovação, determinados como prioritários pelo Governo Federal. Ademais, uma debênture pode ser classificada, quanto à sua forma, como nominativa ou escritural. As nominativas se referem a certificados emitidos em nome do titular, e são registradas em livro próprio retido pela empresa. As escriturais, por sua vez, não possuem certificados representativos, e uma 10 instituição financeira depositária designada pela empresa mantém em nome do titular em conta de depósito. Por fim, existe um conceito utilizado no mercado e que é necessário conhecermos. São os commercial papers. Segundo Kerr (2011, p. 87), commercial papers ou ainda, notas promissórias comerciais, são títulos de dívida para obtenção de capital de curto prazo, podendo existir garantias oferecidas pela empresa emissora ou não, e sua remuneração pode ser prefixada (mais usual) ou pós-fixada. Leitura sugerida KERR, R. B. Mercado financeiro e de capitais (p. 88: visualizar o quadro 6.1.) #ficaadica Caso necessite conhecer o rating de alguma companhia ou governo, pesquise na internet. Alguns links sobre debêntures: <http://www.debentures.com.br>; <http://www.portaldoinvestidor.gov.br/menu/Menu_Investidor/valores_ mobiliarios/debenture.html>. TEMA 4 – AÇÕES Agora vamos estudar as ações: aquelas que ou deixam pessoas milionárias, ou as fazem perder grande parte de seu patrimônio em poucos dias. Pereira (2013, p. 84) comenta que as ações são emitidas por companhias, e que são títulos de renda variável que representam a menor fração do capital de uma empresa. Diante disso, podemos apresentar um exemplo: caso pegássemos todo o capital de uma empresa e dividíssemos nas menores partes possíveis, cada parte seria uma ação, e cada parte torna uma pessoa acionista (proprietária) da empresa. Essa ação gera para o acionista o direito de participar dos resultados da empresa seguindo a proporção da quantidade de ações que cada acionista tem. Além disso, quanto mais ações de uma empresa uma pessoa tiver, mais influência ela terá nas decisões dessa empresa. Além disso, as ações podem ser classificadas em ordinárias (ON) e preferenciais (PN, PNA e PNB). Essas siglas são muito comuns e importantes. 11 As ações ordinárias, de acordo com Pereira (2013, p. 84), concedem direito a voto em assembleias da empresa, sendo que cada ação ordinária fornece o direito a um voto. Com isso, quanto maior a quantidade de ações, maior a influência nas votações em assembleias. Além disso, as ações ordinárias também fornecem o direito na participação dos lucros da empresa. Por outro lado, as ações preferenciais, ainda segundo Pereira (2013, p. 84), não fornecem o direito a voto, mas em contrapartida cedem prioridade no recebimento de dividendos, assim como, em caso de distrato da sociedade, no reembolso de capital. O autor ainda menciona que há uma regra peculiar: em caso de a companhia parar de pagar os dividendos fixos ou mínimos por um prazo estabelecido no estatuto e não superior a três exercícios consecutivos, os detentores de ações preferenciais passarão a ter direito a voto, e caso a empresa retorne o pagamento de dividendos, as ações voltam a não proporcionar direito a voto. Apenas como um exemplo, é interessante perceber que a Petrobrás está listada na bolsa de valores com as denominações PETR3 e PETR4. A PETR3 se refere a ações ordinárias e a PETR4 são ações preferenciais. Ainda, as ações preferenciais podem ser finalizadas pelos números 5 e 6, por exemplo: VALE5 (PNA), ELET6 (PNB). Além disso, existem as units, que podemos fazer uma analogia com “pacotes” de ações, e dentro desses pacotes existem ações preferenciais e ordinárias. O código para os pacotes de ações é o número 11, como o exemplo: BBTG11. Perceba o quanto o mercado de capitais é preparado e organizado. As ações podem ser emitidas por sociedades anônimas tanto de capital fechado quanto capital aberto. Todas as empresas de capital aberto devem estar registradas na CVM, e são obrigadas a disponibilizar inúmeras informações econômicas, financeiras e sociais para o mercado. Vale lembrar que, em qualquer período, as ações são conversíveis em dinheiro por meio da comercialização em bolsa de valores ou em mercado de balcão. Agora que já sabemos o que é uma ação, vamos para a “parte boa”: conhecer a rentabilidade de uma ação. Essa rentabilidade é variável, pois uma parte é composta de dividendos (participação nos resultados), assim como benefícios concedidos pela empresa – basta ter a posse da ação); outra parte resulta de um possível ganho de capital na venda da ação. A seguir listamos algumas das remunerações: 12 Dividendos – São representados pela participação nos resultados por meio da distribuição de dividendos em dinheiro, sendo que esse percentual de distribuição dos lucros é definido pela empresa. Normalmente o lucro de uma empresa é dividido para algumas finalidades, como reserva legal, reinvestimentos e pagamento de dividendos. Por exemplo: se uma empresa apurou um lucro líquido de 100 milhões de reais, isso não quer dizer que os acionistas dividirão esse montante entre si, mas sim uma parte dele. A Lei das S.A. determina que sejam distribuídos ao menos 25% do lucro líquido do exercício. Juros sobre o capital próprio (JSCP) – As organizações podem escolher por distribuir resultados de outra forma para seus acionistas. Utilizando o pagamento de juros sobre o capital próprio, em vez de distribuir dividendos, a empresa remunera os acionistas desde que atenda às regras estabelecidas na regulamentação sobre JSCP. Para Pereira (2013, p. 85), o JSCP pode oferecer um benefício fiscal sobre os dividendos, visto que é uma despesa que pode ser abatida do lucro tributávelda companhia, e para o acionista tanto o recebimento de dividendos quanto o JSCP representam uma remuneração financeira do capital investido em ações. Bonificação em ações – Ocorre quando existe um aumento de capital de uma companhia por meio de incorporação de reservas e lucros, e nesse caso, novas ações são distribuídas gratuitamente para os acionistas seguindo a proporção de ações de cada um. Bonificação em dinheiro – De forma mais específica e não muito comum, essa bonificação ocorre quando, além dos dividendos, a companhia concede aos acionistas uma participação adicional nos lucros via bonificação em dinheiro. Direito de subscrição – Representa o direito dos acionistas pela aquisição de um novo lote de ações, seguindo a proporção das ações já possuídas, com preferência na subscrição. Venda de direitos de subscrição – Pelo fato de o exercício de preferência do direito de subscrição não ser obrigatório, o acionista poderá vendê-los a terceiros. 13 É importante conhecer também o conceito de lote padrão de ações, que é composto por 100 ações iguais. Por isso, é muito comum que as ordens de compra e venda sigam múltiplos de 100. Isso facilita a negociação das ações e gera maior liquidez. Mesmo assim, é possível comprar 70 ou 120 ações, entretanto, elas não serão um lote padrão. É interessante conhecermos também mais dois conceitos que podem alterar o preço da ação, mesmo mantendo o valor da riqueza para o acionista. São eles: os desdobramentos (splits) e os agrupamentos de ações (inplits). Desdobramentos – Imagine que o preço de uma ação é de R$150,00. Para comprar um lote padrão de 100 unidades será necessário pagar R$ 15.000,00. Isso pode dificultar a compra por pessoas físicas, diferentemente se a ação custasse R$ 20,00, e o lote padrão R$ 2.000,00. Por isso, quando o preço da ação está muito alto, podendo dificultar sua negociação, pois reduz a quantidade de possíveis compradores, a empresa realiza o desdobramento, distribuindo novas ações para cada ação em posse do acionista, gerando um aumento na quantidade de ações no mercado. Consequentemente, o valor da ação é reduzido na proporção do desdobramento. Agrupamentos – Agora que conhecemos os desdobramentos, basta invertermos o conceito para chegarmos ao dos agrupamentos. Eles normalmente acontecem quando o preço da ação está reduzido, pois em alguns casos isso pode causar uma má impressão e aumentar a volatilidade. Por isso, como o próprio termo diz, existe um agrupamento de ações, ou seja, uma diminuição na quantidade de ações, fazendo com que seu preço aumente. Note que o mercado de capitais possui muitos conceitos a que não estamos acostumados. Por isso, é muito importante estudar e compreender seu funcionamento antes de iniciar as operações tanto de investimento, 1quanto de captação de recursos. Vale lembrar que o mercado acionário é administrado pela bolsa de valores. Por isso, em nossas próximas aulas analisaremos e aprenderemos como a bolsa de valores e suas negociações funcionam. 14 Leitura sugerida KERR, R. B. Mercado Financeiro e de Capitais. (p. 88 a 93) #ficaadica Antes de negociar ações, estude em blogs e nos sites oficiais da BM&FBovespa. TEMA 5 – MERCADO PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO Existem vários mercados dentro do mercado de capitais, e muitos termos para os descrever. Agora estudaremos os mercados primário e secundário. O mercado primário, de acordo com Pereira (2013, p. 83), “existe quando o título ou valor mobiliário é lançado pela primeira vez ao mercado, e o emissor realiza a captação dos recursos pela venda do título”. Por exemplo, quando uma empresa fará sua primeira venda de ações ou emissão de debêntures ou ainda, emissão de notas promissórias, está caracterizado o mercado primário, pois os valores captados pelas vendas serão destinados à companhia. As companhias se utilizam do mercado primário para captar os recursos de que necessitam, com o intuito de financiar seus projetos de expansão ou outras atividades. Quanto ao mercado secundário, é por meio dele que acontecem as negociações dos títulos adquiridos no mercado primário, proporcionando a liquidez necessária. Em outras palavras, o mercado secundário é constituído pela negociação dos títulos entre investidores, e não mais pela companhia emissora e compradores. Por isso, os títulos são renegociados diariamente no mercado de ações ou no mercado de balcão, destacando o papel fundamental da bolsa de valores para realizar de forma organizada essas negociações. Conforme Kerr (2011, p. 95), o mercado primário tem sua importância para a capitalização das companhias, mas é o mercado secundário – a bolsa de valores – que possui a função de dar liquidez ao mercado primário. É interessante destacar alguns mecanismos que são utilizados no mercado secundário, principalmente na bolsa de valores. O tão falado pregão eletrônico (Mega Bolsa) se caracteriza pela possibilidade de o investidor realizar suas negociações por meio de um dispositivo com acesso à internet. Outro termo comum utilizado é o after market, que permite realizar ordens de negócio no mercado acionário mesmo depois do encerramento do pregão eletrônico. Além desses conceitos, quando ouvir falar de home broker saiba que é o sistema que 15 possibilita ao investidor realizar ordens de compra e venda por meio de um dispositivo com internet, ou seja, é um sistema que possibilita o acesso ao pregão eletrônico. Então, pensando “na prática”, o mercado primário propicia a captação de recursos para as empresas, que normalmente visam ao desenvolvimento de novos projetos e o capital necessário para sua expansão. Mesmo assim, uma companhia atingir o grau de maturidade para acessar o mercado primário é uma tarefa que exige um grande esforço, pois além da regulação, a empresa precisa publicar informações para que os acionistas tenham acesso, dentre várias outras atividades, as quais têm o objetivo de gerar valor para suas ações e despertar o interesse de compra nos investidores. Por outro lado, no mercado secundário, a negociação ocorre de investidor para investidor, sem que os ganhos ou as perdas realizadas com a negociação dos títulos afetem a empresa emissora, pois ficam restritos aos investidores, tornando o mercado, em parte, especulativo, sem contribuir com o desenvolvimento das empresas. Mesmo assim, as companhias emissoras de títulos devem desenvolver um bom relacionamento com o mercado e com seus acionistas. Inclusive, verifica-se em empresas de capital aberto que normalmente existe uma área ou um profissional responsável pelas relações com investidores (RI), cujo intuito é ser uma interface ou conexão entre a gestão da empresa e os acionistas e seus representantes, e com os demais agentes atuantes no mercado de capitais. Você, como gestor financeiro deve buscar como objetivo final de suas decisões a melhoria e aumento de três itens fundamentais na gestão financeira: o aumento do lucro, do caixa e do valor de mercado da empresa (valor das ações). TROCANDO IDEIAS O mundo está mudando e as empresas se adaptam a todo momento. Hoje algumas empresas e pessoas captam recursos por meio de sites de crowdfunding (financiamentos coletivos). Quando alguém ou alguma organização possui bons projetos, é possível a essas pedirem doações ou realizar uma espécie de “pré-venda” ou vendas de brindes com valor para financiar seus projetos. Para saber mais, pesquise na internet. 16 E não para por aí: pensando na mesma ideia, nos últimos anos surgiu o equity crowdfunding, queé permitido pela CVM. Ele possibilita que investidores pessoa física participem do capital de micro e pequenas empresas. Conheça mais em <https://eqseed.com/br>. Além disso, como sugestão para você conhecer mais os produtos do mercado financeiro, recomendamos acessar o site da BM&FBovespa e verifique no menu listagem, e no menu produtos, e selecione cada um dos produtos para conhecê-los melhor. O link é: <http://www.bmfbovespa.com.br/pt_br/index.htm>. Outra informação interessante é que normalmente nos livros consta que o home broker necessita de um computador, mas hoje já existem apps para smartphones que realizam esse papel, possibilitando a compra e venda de títulos. SÍNTESE Nesta Rota de Aprendizagem, vimos que o mercado de capitais possui inúmeros produtos, mas sua organização e eficiência transmitem segurança e credibilidade para os investidores. Esse mercado é uma alternativa para as empresas captarem recursos com o intuito de expansão e manutenção de suas operações. Um dos títulos que possibilita essa captação de recursos para a empresa é a debênture, que é um título privado de dívida da companhia emissora, e em sua escritura de emissão constam todas as informações necessárias para o investidor, como: remuneração (juros), prazos, formas de pagamento, entre outras. Outra forma de uma sociedade anônima captar recursos é por meio da emissão e venda de suas ações. Cada ação representa a menor fração do capital social da empresa, e fornece direitos no resultado da empresa, assim como em votações em assembleias. Quando uma empresa emite ações, ela fará a comercialização no mercado primário, pois a negociação ocorre entre companhia e investidor. Os recursos captados entrarão no caixa da empresa para que ela possa se desenvolver. Todavia, para garantir liquidez ao comprador das ações, existe o mercado secundário, que possibilita a negociação das ações entre investidores, normalmente por meio da bolsa de valores e do mercado de balcão. 17 REFERÊNCIAS BM&FBOVESPA. Disponível em: <http://www.bmfbovespa.com.br/pt_br/index.htm>. Acesso em: 25 abr. 2017. CVM – COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Disponível em: <www.cvm.gov.br>. Acesso em: 25 abr. 2017. DEBENTURES.COM.BR. Disponível em: <http://www.debentures.com.br>. Acesso em: 25 abr. 2017. INTRODUÇÃO ao mercado de capitais. BM&FBOVESPA, 2010: Disponível em: <https://corretora.miraeasset.com.br/global/bz/po/downloads/cursosOnline/Intro du%C3%A7%C3%A3o_ao_Mercado_de_Capitais.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2017. KERR, R. B. Mercado financeiro e de capitais. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. PEREIRA, C. L. Mercado de capitais. Curitiba: Intersaberes, 2013. PORTAL DO INVESTIDOR. Disponível em: <http://www.portaldoinvestidor.gov.br>. Acesso em: 25 abr. 2017.
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