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2012.1 DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Disciplina: Direito Constitucional Profº. Marcelo Novelino Data: 02.02.2012 ORGANIZAÇÃO DO ESTADO 1. Distinções preliminares 1.1. Formas de governo: - Monarquia - República Características Monarquia: - irresponsabilidade política do monarca; - hereditariedade (o poder se transfere de ascendente para descendente); - vitaliciedade (o poder do monarca é vitalício, detendo o poder desde o início da vida até a morte). República: O governo da maioria, do povo, ou seja, quem é o titular da soberania é o povo. O povo quem é o verdadeiro titular dentro de uma soberania. - responsabilidade política do governante (ex.: impeachment – processo de responsabilização do governante – arts. 51, I e 52, I CF); - eletividade (o governante é eleito); Material elaborado por Tatiana Melo Contato: e-mails: concursoemalta@hotmail.com tatianaconcursos@hotmail.com INTENSIVO Ii ORGANIZAÇÃO DO ESTADO - temporariedade (em uma república o governante fica durante um determinado tempo no mandato – no princípio republicano temos a característica da alternância de poder – a alternância de poder é relacionada aos membros do Poder Legislativo, por isso não se aplica aos vereadores, por exemplo). Formas de governo ≠ Sistemas de governo 1.2. Sistemas de governo - Presidencialismo; - Parlamentarismo; - Semipresidencialismo (ou semiparlamentarismo). São mecanismos de distribuição horizontal* do poder político. *Isso é o que distingue da forma de estado. Presidencialismo: Surgiu em 1787, criado pela Constituição norte americana. Foi adotado no Brasil com a proclamação da República em 1889. O objetivo do presidencialismo foi suprir a ausência do monarca. Então não temos conhecimento de um presidencialismo monárquico – seria contraditório, mas possível. Entre 1961 e 1963 o Brasil adotou o sistema parlamentarista. Características - A figura do Chefe de Estado e do Chefe de Governo se reúne em uma só pessoa. Art. 84, CF (competências privativas do presidente da República – nesse dispositivo temos reunidas as funções da chefia de Governo, de Estado e da Administração Pública); - Tempo fixo de mandato; - Independência em relação ao parlamento (durante o período do mandato o Presidente da República não pode ser destituído do cargo por falta de apoio do parlamento). Parlamentarismo Surgiu no início do século XVIII na Inglaterra. No Parlamentarismo temos o Chefe de Estado (Monarca) e o Chefe de Governo. O Chefe de Estado no Parlamentarismo irá depender do tipo de Parlamentarismo – se for Parlamentarismo Republicano o Chefe de Estado é o Presidente da República – se for Parlamentarismo Monárquico o Chefe de Estado será o Monarca. Material elaborado por Tatiana Melo Contato: e-mails: concursoemalta@hotmail.com tatianaconcursos@hotmail.com O Chefe de Estado exerce funções meramente protocolares, de representação simbólica do Estado. Representa a unidade nacional – é a figura que está alheia das disputas políticas – é quem representa o Estado perante a comunidade internacional. O Chefe de Governo é exercido pelo 1º Ministro (na Alemanha é chamado de “chanceler”, na França é o “premier”). No Parlamentarismo a escolha do 1º Ministro é feita pelo parlamento (Poder Legislativo). O 1º Ministro escolhe os componentes do gabinete. O 1º Ministro não tem um mandato por prazo determinado (não existe um prazo fixo para permanecer no poder). Moção de desconfiança ou voto de desconfiança: se o 1º Ministro não tiver mais apoio da maioria do parlamento haverá nova escolha do Primeiro Ministro. Semipresidencialismo/Semiparlamentarismo A Constituição Francesa foi quem criou esse modelo. Aqui também existe o Chefe de Estado (necessariamente é o Presidente da República) e o Chefe de Governo (é o Primeiro Ministro). O Presidente da República desempenha funções políticas importantes – exs.: nomear o 1º Ministro; pode dissolver o parlamento e convocar novas eleições; pode propor projetos de lei; exerce o comando das Forças Armadas; pode propor ações de inconstitucionalidade; convocar plebicitos e referendos, etc. Parlamentarismo republicano – exs.: Alemanha, Áustria, África do Sul, Coréia do Sul, Índia. Parlamentarismo monárquico – exs.: Espanha, Japão, Reino Unido e Holanda. Semipresidencialista/semiparlamentarismo – exs.: França, Portugal, Finlândia e Colômbia. 1.3. Formas de Estado São mecanismos de distribuição vertical do poder político. - Estado Unitário; - Estados Compostos. O Estado Unitário pode ser classificado basicamente em 3 espécies: - Estado Unitário Puro; - Estado Unitário com descentralização administrativa; - Estado Unitário com descentralização político administrativa. Material elaborado por Tatiana Melo Contato: e-mails: concursoemalta@hotmail.com tatianaconcursos@hotmail.com Quando se fala em Estado Unitário este se caracteriza por um poder central. Nada impede que esse poder central delegue certas competências. Quem atribui o poder central é a CF. Estado Unitário Puro: tem como característica a absoluta centralização do poder político. Ou seja, não reparte nenhuma competência administrativa ou legislativa. Não temos conhecimento da aplicação desse modelo na história – isso só seria possível em um Estado muito pequeno. Estado Unitário com descentralização administrativa: descentraliza a execução das decisões políticas tomadas pelo governo central. Estado Unitário com descentralização político administrativa: o governo central descentraliza não apenas a execução das decisões políticas, mas a própria autonomia política. É o modelo mais adotado pelos países europeus. A descentralização compreende a autonomia política (de governo e legislativa). Estados Compostos: - Confederação; - Federação. Confederação Na Confederação os Estados permanecem soberanos, ou seja, não transferem a soberania deles. Esse é o aspecto distintivo fundamental. Outro aspecto marcante é que essa união entre os Estados é geralmente feita por meio de tratados internacionais e não por Constituição Federal. Assuntos característicos de uma Confederação: - defesa contra agressões estrangeiras; - assuntos econômicos (ex.: comércio exterior, união monetária). Natureza da Confederação: não existe um único tipo de Confederação – pode ter laços mais estritos ou mais frouxos. Quando tem laços mais frouxos se assemelha a uma organização internacional – ex.: Otan. Quanto tem laços mais estreitos se parecem mais com as federações – ex.: a Suíça era uma Confederação e hoje é uma Federação. As Confederações são dotadas de personalidade jurídica, mas tem capacidade internacional Material elaborado por Tatiana Melo Contato: e-mails: concursoemalta@hotmail.com tatianaconcursos@hotmail.com limitada, ou seja, no plano internacional aquela Confederação é reconhecida e os Estados que a compõe também podem atuar por terem personalidade jurídica por isso a capacidade internacional é limitada. Federação: Em geral, o surgimento da Federação é atribuída a Constituição Americana de 1787. Karl Loewenstein, um dos maiores escritores a respeito da teoria da Constituição, menciona exemplos anteriores (ex.: “aliança eterna dos cantões suíços”). A Federação surgiu para dar maior efetividade às decisões. Federaçãovem da palavra “foedus”, “foederis” que significa pacto, união, aliança. Confederação Federação Unidos por tratado internacional (regra). Unidos por uma Constituição. Os membros são dotados de soberania. Os membros são dotados de autonomia. Admite-se o direito de secessão. Vedado o direito de secessão (ex.: art. 1º, CF*). Atividades voltadas especialmente aos negócios externos. Atividades relacionadas a assuntos internos e externos. Os cidadãos são nacionais dos respectivos estados a que pertencem. Os cidadãos possuem uma única nacionalidade. Tem como único órgão comum o Congresso Confederal. O poder central é dividido em Legislativo, Executivo e Judiciário. Princípio da indissolubilidade do pacto federativo é a base em que existe a vedação do direito de secessão. Caso ocorra esse tipo de tentativa pode haver a intervenção federal (art. 34, I, CF). Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel* dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: 2. Características essenciais da Federação - Descentralização político-administrativa fixada pela CF; - Princípio da participação (os Estados-Membros participam da formação da vontade nacional – no caso do Brasil é o Senado Federal); - Princípio da autonomia (os Estados-Membros se auto organizam através de Constituições próprias). A grande maioria entende que Município é ente federativo. José Afonso da Silva diz que não existe federação de Municípios - não participam da formação da vontade nacional. Material elaborado por Tatiana Melo Contato: e-mails: concursoemalta@hotmail.com tatianaconcursos@hotmail.com No caso do DF não tem essa mesma divergência que ocorre com os Municípios. 2.1. Requisitos para a manutenção Para o Marcelo Novelino esses requisitos são diferentes das carcaterísticas essenciais da Federação*. - Imutabilidade da forma federativa de Estado (rigidez constitucional*); - Órgão encarregado de exercer o controle de constitucionalidade. 3. Soberania x autonomia Soberania consiste no poder político, supremo e independente. A soberania é um poder político supremo, no que se refere a ordem interna (soberania interna), ou seja, dentro de cada Estado não existe nenhum poder acima do soberano. Não está limitado por nenhum outro poder na ordem interna. Quando falamos em poder político independente já estamos falando de outro setor da soberania. A referência “independência” diz respeito a ordem nacional. É a chamada “soberania externa”. Não tem de acatar, na ordem internacional, regras que não sejam voluntariamente aceitas sendo que se encontra em igualdade com os poderes supremos de outros povos. Autonomia vem do grego “autos” que significa “próprio”; “nomos” significa “norma”. Capacidade para elaborar suas próprias normas é a ideia original da palavra “autonomia”. A soberania não tem limites na ordem interna, no entanto a autonomia tem. Quem limita a autonomia é a CRFB/88. Quem tem soberania é apenas o Estado federal, ou seja, no caso do Brasil quem detém a soberania é República Federativa do Brasil. Quem exerce essa sobernia em nome do Estado brasileiro é a União. A União não tem o atributo da soberania, mas a exerce em nome do Estado brasileiro (a União não é titular da soberania). Art. 18, CF. Hoje a autonomia compreende as seguintes competências: - autonomia de organização; - autonomia para legislar; - autonomia de governo (é autonomia para escolher os próprios representantes); Material elaborado por Tatiana Melo Contato: e-mails: concursoemalta@hotmail.com tatianaconcursos@hotmail.com - autonomia administrativa (execução das decisões políticas do ente central). Em alguns momentos, quando é falado em autonomia política esta compreende a autonomia política, de legislar e de auto governar. 4. Repartição de Competências Os critérios adotados pela Constituição brasileira são os mesmos dos Estados federados atuais. → Princípio da predominância do interesse. Interesse geral – competência a União; Interesse local – competência atribuída aos Municípios; Interesse regional – competência dos Estados. 4.1. Campos específicos de competência administrativas e legislativas Poderes enumerados (União - arts. 21,22,48, CF; Municípios – art. 30, CF). Poderes residuais (Estados-Membros – art. 25, §, 1º, CF). Toda a competência legislativa direta pressupõe uma competência administrativa implícita e vice- versa. Material elaborado por Tatiana Melo Contato: e-mails: concursoemalta@hotmail.com tatianaconcursos@hotmail.com
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