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Resumo Uma sinopse do debate

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Uma sinopse do debate – Giuliano Procacci
O debate entre Dobb e Sweezy tem como ponto mais controverso a validade das teses de Pirenne acerca do papel do comércio no desenvolvimento e decadência da sociedade feudal.
Pirenne acreditava que a corrente comercial estabelecida no Império Romano havia sido interrompida no século VII e que o ressurgimento do comércio internacional teria sido o responsável pelo renascimento econômico da Europa no século XI.
Na visão de Sweezy, o comércio à longa distância suscitou um sistema de produção para troca paralelo ao sistema feudal de produção para uso, e a interação entre esses sistemas teve como consequência a substituição do feudalismo pelo capitalismo.
Sweezy considera o período entre os séculos XV e XVI uma fase de produção pré-capitalista de mercadorias, pois o feudalismo estava definhando, mas ainda não havia elementos concretos do capitalismo. Dobb considerava esse período como ainda de caráter feudal.
Dobb critica o tratamento dado por Sweezy ao feudalismo e ao período de transição para o capitalismo, alegando que o mesmo enxergava o sistema feudal como algo imóvel, ignorando a construção dialética marxista.
Dobb, assim como Hilton, acreditava que o desenvolvimento e a decadência do feudalismo haviam sido resultado de elementos que operavam no seu interior.
Dobb e Hilton são convincentes ao refutar a tese de Pirenne, retomada por Sweezy, de que o comércio teria sido a força motriz do feudalismo, mas falham em sua reconstrução histórica da dialética interna do sistema feudal.
A questão da origem das cidades medievais é de grande importância para esse debate, Dobb mostra insegurança ao tratar do tema e Sweezy ataca essa vulnerabilidade.
Procacci considera desigual a discussão entre Dobb e Sweezy, pois o último possuía um grande volume de material de pesquisa para se basear, enquanto o primeiro tinha como base apenas uma percepção recente e com pouca sustentação prévia.
Hilton concorda com a existência dessa disparidade e sugere que a pesquisa histórica deveria buscar diminuir essa diferença através das histórias agrária, da tecnologia e da conexão entre a base econômica e as superestruturas político-jurídicas. 
Na questão do período de transição entre feudalismo e capitalismo, Dobb já possuía uma base científica maior, ele discordava de Sweezy nesse ponto por não considerar como uma fase histórica distinta
Vários aspectos do surgimento do capitalismo no interior da sociedade feudal foram abordados ao longo do tempo: a racionalização da agricultura, a formação do primeiro mercado de trabalho, a diferenciação do campesinato na população agrícola tradicional, a mudança na relação entre campo e cidade e a origem dos primeiros manufaturadores capitalistas.
Na questão da origem das manufaturas, o debate gira em torno das seguintes questões: surgiram com base no sistema de guildas da indústria medieval ou foram uma criação original? Foram promovidas pelas classes mercantis ligadas à sociedade feudal ou por homens diferentes de novas classes sociais? 
Há duas vias para a instauração das relações capitalistas de produção, segundo O Capital: o produtor se torna mercador e/ou o mercador se apropria dos meios de produção.
Para Dobb, a primeira via estava presente na formação de unidades de produção agrícola e industrial baseadas num sistema de trabalho assalariado, enquanto a segunda via foi o processo histórico pelo qual as classes mercantis surgidas na sociedade feudal assumiram o controle da produção industrial.
Para Sweezy, na segunda via o mercador encomendava a manufatura do produto a artesãos independentes, enquanto a primeira via estabelecia diretamente um sistema de produção.
Para Dobb a diferença entre as vias está no fato de que foram promovidas por forças sociais com interesses diferentes, enquanto para Sweezy, a diferença está em serem tipos de processo produtivo diferentes.
Para Takahashi a primeira via se caracteriza pela subordinação do capital comercial ao industrial, enquanto a segunda via é definida pela dependência da produção em relação ao mercado.

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