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HISTORIA ECONOMICA GERAL

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Prévia do material em texto

HISTÓRIA 
ECONÔMICA 
GERAL
Professora Me. Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori
GRADUAÇÃO
Unicesumar
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; IORI, Carla Fabiana de Andrade Gonçalves. 
História Econômica Geral. Carla Fabiana de Andrade Gonçalves 
Iori. 
Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. 
200 p.
“Graduação - EaD”.
1. História. 2. Economia. 3. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-1151-7
CDD - 22 ed. 330.9
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Direção Executiva de Ensino
Janes Fidélis Tomelin
Direção Operacional de Ensino
Kátia Coelho
Direção de Operações
Chrystiano Minco�
Direção de Polos Próprios
James Prestes
Direção de Desenvolvimento
Dayane Almeida 
Direção de Relacionamento
Alessandra Baron
Head de Produção de Conteúdos
Celso Luiz Braga de Souza Filho
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Supervisão do Núcleo de Produção 
de Materiais
Nádila Toledo
Supervisão Operacional de Ensino
Luiz Arthur Sanglard
Coordenador de Conteúdo
Silvio Cesar de Castro
Designer Educacional
Bárbara Neves
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Editoração
Victor Augusto Thomazini
Qualidade Textual
Estela Pereira dos Santos
Ilustração
Bruno Cesar Pardinho Figueiredo
Marta Sayuri Kakitani
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade, 
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos 
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e 
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos 
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: 
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, 
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos 
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e 
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros 
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por 
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma 
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos 
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos 
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades 
de todos. Para continuar relevante, a instituição 
de educação precisa ter pelo menos três virtudes: 
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de 
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam 
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é 
promover a educação de qualidade nas diferentes 
áreas do conhecimento, formando profissionais 
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou 
profissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de 
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com 
os desafios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica 
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando 
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em 
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado 
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal 
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o 
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento 
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns 
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe 
de professores e tutores que se encontra disponível para 
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de 
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
CU
RR
ÍC
U
LO
Professora Me. Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori
Mestrado em Desenvolvimento Regional e Agronegócio - Universidade 
Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), especialização em Gestão Financeira 
e Contábil, Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Paranavaí (FAFIPA) 
e graduação pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) em Ciências 
Econômicas. Atua como professora de Economia na Unicesumar desde 
2009. Foi instrutora de matemática financeira com utilização da calculadora 
financeira hp-12c no SENAC. De 2002 a 2011 atuou na instituição financeira 
HSBC Bank Brasil S/A Banco Múltiplo como gerente de negócios. Desenvolve 
pesquisas na área de Economia Política.
Para saber mais sobre esse currículo acesse: http://lattes.cnpq.
br/9999135590410897.
SEJA BEM-VINDO(A)!
É uma imensa satisfação apresentar a você este material. Ele é fruto do encontro viven-
ciado durante minha atividade estudantil e profissional. Isso porque é uma temática 
que me encanta desde a graduação em Ciências Econômicas na Universidade Estadual 
de Maringá, passando pela minha experiência em uma instituição financeira, quando 
pude perceber que o mercado obedece à “leis econômicas universais”, simultaneamente 
à carreira acadêmica, ao observar que a história é a ferramenta explicativa de muitas 
realizações do presente. 
Ao abrir este material, é provável que você, caro(a) aluno(a), tenha alguma expectati-
va quanto ao conteúdo. Diante de projeções é sempre um desafio atender a contento. 
Devo antecipar, portanto, que é possível elaborar diferentes “histórias econômicas ge-
rais”, ainda que os processos históricos observados sejam os mesmos. Assim, é conve-
niente, nesta apresentação, demonstrar que meu compromisso é facilitar a compreen-
são da dinâmica histórica que envolve a descrição “dos esforços que o homem fez ao 
longo dos séculos para satisfazer as necessidades materiais” (IGLESIAS, 1959, p. 27 apud 
SAES, 2013, p. 1). 
 Para o desenvolvimento desse material fizemos uso de muitas obras que foram trans-
formando o modo de ver a economia da autora. Contudo, devo creditar principalmente 
dois manuais de História Econômica Geral, que em muito contribuíram para que fosse 
possível essa compilação de assuntos: História Econômica Geral, do professor Cyro Re-
zende (2010) e o trabalho dos professores Flávio Azevedo Marques de Saes, com Alexan-
dre Macchione Saes (2013).
Ao estudar física ou química há possibilidades de estudar efeitos da causa “x” sobre o 
evento “y”, isolando, cuidadosamente, a modificação de outras variáveis que poderiam, 
eventualmente, perturbá-la. Na economia não há essa possibilidade! Nas “ciências na-
turais” a descoberta de “leis” não modifica a natureza. Por exemplo: Newton formulou a 
Lei da gravitação universal, e a constante gravitacional não sofreu alterações ao longo 
dos séculos. A economia é uma área do conhecimento com uma peculiaridadebastante 
diferente das referidas acima. Trata-se de uma ciência social. A “natureza”, na economia, 
é a sociedade humana. Um agrupamento de indivíduos diferentes uns dos outros, que 
reagem aos estímulos de formas diversas, raciocinam, têm diversas “identidades” e por 
assim dizer, pertencem a culturas. Formam um complexo sistema de inter-relações que 
se modificam e se dinamizam durante o tempo. E, nesse panorama, é fundamental o 
domínio da história que envolve processos, pessoas, sistemas, atividades e costumes 
das épocas passadas para avaliar e refletir o presente. 
O objeto da economia não muda. O que vai variar é o comportamento da sociedade 
diante dos fatos históricos; a sociedade muda à medida que ela se conhece. É no intuito 
de aprender que a economia não tem relações estáveis e que estamos sempre em mu-
dança que o presente material se apresenta. Temos, portanto, em mãos, um trabalho de 
cunho exploratório e bibliográfico para atender a uma demanda de caráter didático-in-
formativo. 
APRESENTAÇÃO
HISTÓRIA ECONÔMICA GERAL
Leis e normas humanas transformaram algumas pessoas em escravos e outras em 
senhores. Destarte, você será apresentado aos Primeiros Sistemas Econômicos de 
forma muito breve, mas saberá que eles são a gênese do sistema atual. 
Será uma viagem temporal que discorrerá sobre os marcos históricos econômicos, 
principalmente a partir da centralização da análise no espaço europeu, área privi-
legiada da assunção do sistema capitalista. Para tanto, é mister a abordagem da 
transição do feudalismo ao capitalismo. 
O processo reflexivo acerca da relevância da Revolução Industrial também será mo-
tivo de trabalho. Como um dos resultados dessa transformação, será relevante en-
tender a alta dos preços e a Grande Depressão por volta dos anos 1873. Esse cenário 
está contextualizado com a Segunda Revolução Industrial e a questão do Capital 
Monopolista e Imperialismo.
O contexto de ampliação do espaço econômico culminará na Primeira Guerra Mun-
dial, que impactará a década de 1920. O capitalismo passa por sucessivas crises e, 
possivelmente, a mais importante de sua história é a Grande Depressão de 1929, 
assunto, entre outros, da Unidade IV. Por fim, os mecanismos do capitalismo em sua 
fase “tardia”, os quais enfatizam as profundas mudanças que a Terceira Revolução 
Industrial acarretaram ao sistema.
Por fim, é um trabalho introdutório e simplificado diante da proporção que é, de 
fato, a História Econômica Geral, nas suas mais diversas vertentes, que não podemos 
abordar aqui por uma questão didática. No entanto, sem dúvida, encontraremos-
-nos nas aulas em formatos de vídeos como forma complementar a esse trabalho. 
É certamente um trabalho realizado com muita dedicação e seriedade por parte da 
Unicesumar, representada aqui pelo professor Silvio Castro, coordenador do curso 
de Ciências Econômicas, que confiou a mim este trabalho, ao qual sou grata por ter 
a possibilidade de compartilhar meu conhecimento com vocês. 
Bons estudos!
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
09
UNIDADE I
A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO
15 Introdução
16 A Relação Entre Economia e História 
27 A Economia na Antiguidade 
33 O Feudalismo 
52 Considerações Finais 
57 Referências 
59 Gabarito 
UNIDADE II
O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL (1760-1870)
63 Introdução
64 O Desenvolvimento do Processo Capitalista de Produção 
74 A Revolução Industrial 
87 A Revolução Industrial e sua Amplitude 
92 Considerações Finais 
98 Referências 
99 Gabarito 
SUMÁRIO
10
UNIDADE III
A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX, A SEGUNDA REVOLUÇÃO 
INDUSTRIAL E O CONTEXTO DAS TRANSFORMAÇÕES CAPITALISTAS 
(1870-1913)
103 Introdução
104 A Grande Depressão do Século XIX 
107 A Segunda Revolução Industrial 
112 Uma Breve Contextualização Histórica do Capitalismo e seu Alargamento 
Geográfico
114 O Capital Monopolista 
121 Imperialismo 
126 Considerações Finais 
131 Referências 
132 Gabarito 
SUMÁRIO
11
UNIDADE IV
A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL À GRANDE DEPRESSÃO (1914-1933)
135 Introdução
136 A Primeira Guerra Mundial 
147 O Pós-Guerra 
153 A Economia Mundial e os Anos 20 
156 A Grande Depressão (1929-1933) 
159 Considerações Finais 
164 Referências 
165 Gabarito 
SUMÁRIO
12
UNIDADE V
A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E AS PERSPECTIVAS DO 
CAPITALISMO TARDIO (1933- DIAS ATUAIS)
169 Introdução
170 O Contexto da Segunda Guerra Mundial 
172 A Dimensão da Segunda Guerra Mundial 
177 O Capitalismo Tardio e a Financeirização do Sistema: as Peças de um 
Quebra-cabeças
187 Considerações Finais 
194 Referências 
195 Gabarito 
196 CONCLUSÃO
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Professora Me. Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori
A HISTÓRIA ECONÔMICA 
E OS ASPECTOS DO 
FEUDALISMO
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Refletir a relação entre economia e história.
 ■ Conhecer a Economia na Antiguidade.
 ■ Reconhecer o sistema feudal e apreender aspectos do mercantilismo.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ A relação entre economia e história
 ■ A Economia na Antiguidade
 ■ O feudalismo
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), o conteúdo que você encontrará nas próximas páginas foi 
minuciosamente construído no intuito de lograr a compreensão da íntima rela-
ção da economia e da história; o nascimento da História Econômica; o processo 
gestacional do capitalismo: o feudalismo e o mercantilismo.
É por acreditar categoricamente na primordialidade da história como ferra-
menta de análise do momento presente, principalmente no que tange às questões 
materiais de vivência, que nos dedicamos, na primeira parte do material, a inves-
tir no tratamento da relação da história e da economia. Destarte, o foco de nosso 
estudo se volta à atividade humana diante da sua satisfação das necessidades 
materiais no decorrer do tempo.
Para discorrer sobre esse processo será necessário entender o nascimento 
da História Econômica Geral enquanto disciplina acadêmica, ou seja, enquanto 
área de estudo propriamente dita. Para isso, faremos uma abordagem econômica 
e historiográfica diante do amplo panorama dessa temática, em caráter descri-
tivo, de modo a situar algumas das principais correntes de estudo da História 
Econômica.
A Economia na Antiguidade é ponto chave na percepção de como nos-
sos antepassados viviam, produziam e distribuiam os frutos de suas atividades 
produtivas.
Seremos apresentados à sociedade feudal, como nos mostra Beaud (1987) que, 
por volta do século XI, concretiza-se em termos organizacionais no âmbito do 
senhorio, constituídos pela servidão, trabalho forçado, corveia e extorsão do sobre-
trabalho (sob a forma de prestação em trabalho) do qual se beneficia o senhor, 
proprietário eminente e detentor das prerrogativas políticas e jurisdicionais.
Por fim, o grande comércio que a circunavegação proporcionará: o período 
mercantilista. A riqueza de uma nação estava associada ao montante de ouro e 
prata que ela possuía. Alguns dos primeiros mercantilistas até mesmo acreditavam 
que esses metais preciosos eram o único tipo de riqueza que valia a pena alejar.
Sem dúvida uma viagem no tempo econômico. Bons estudos!
Introdução
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A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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A RELAÇÃO ENTRE ECONOMIA E HISTÓRIA
Nessa caminhada que estamos iniciando, caro(a) aluno(a), vamos conhecer 
datas, pensadores e acontecimentos, isto é, vamos trilhar a história sob a pers-
pectiva econômica. É relevante apresentar que, conforme Harari (2015), a partir 
da dimensão temporal (há 70 mil anos) em que o Homo Sapiens começou a for-
mar estruturas elaboradas chamadas culturas é que pontuamos a história. 
Há cerca de 13,5 bilhões de anos, a matéria, a energia, o tempo e oespa-
ço surgiram naquilo que é conhecido como o Big Bang. A história des-
sas características fundamentais do nosso universo é denominada físi-
ca. Por volta de 300 mil anos após seu surgimento, a matéria e a energia 
começaram a se aglutinar em estruturas complexas, chamadas átomos, 
que então se combinaram em moléculas. A história dos átomos, das 
moléculas e de suas interações é denominada química. Há cerca de 3,8 
bilhões de anos, em um planeta chamado Terra, certas moléculas se 
combinaram para formar estruturas particularmente grandes e com-
plexas chamadas organismos. A história dos organismos é denominada 
biologia. Há cerca de 70 mil anos, os organismos pertencentes à espécie 
Homo sapiens começaram a formar estruturas ainda mais elaboradas 
chamadas culturas. O desenvolvimento subsequente dessas culturas 
humanas é denominado história (HARARI, 2015, p.11). 
Quadro 1 - Cronologia
ANOS ATRÁS
13,5 bilhões
Surgem matéria e energia. Começo da física. 
Aparecem átomos e moléculas. Começo da química.
4,5 bilhões Formação do planeta Terra.
3,8 bilhões Surgimento de organismos. Começo da biologia.
6 milhões Último ancestral em comum de humanos e chimpanzés.
A Relação Entre Economia e História
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ANOS ATRÁS
2,5 milhões Evolução do gênero Homo na África. Primeiras ferramentas de pedra.
2 milhões Humanos se espalham da África para Eurásia. Evolução de dife-rentes espécies humanas.
500 mil Surgem os neandertais na Europa e no Oriente Médio.
300 mil Uso cotidiano do fogo.
200 mil Surge o Homo sapiens na África Oriental.
70 mil Revolução Cognitiva. Surge a linguagem ficcional. Começo da história. Os sapiens se espalham a partir da África.
45 mil Os sapiens povoam a Austrália. Extinção da megafauna australiana.
30 mil Extinção dos neandertais.
16 mil Os sapiens povoam a América. Extinção da megafauna americana.
13 mil Extinção do Homo floresiensis.
12 mil Revolução Agrícola. Domesticação de plantas e animais. Assentamentos permanentes.
5 mil Primeiros reinos, sistemas de escrita e dinheiro. Religiões politeístas.
4,25 mil Primeiro império – o Império Acádio de Sargão.
2,5 mil
Invenção da moeda – um dinheiro universal.
Império Persa – uma ordem política universal “em prol de todos 
os humanos“.
Budismo na Índia – uma verdade universal “para libertar todos os 
seres do sofrimento“
2 mil Império Han na China. Império romano no Mediterrâneo. Cristianismo.
1,4 mil Islamismo.
500
Revolução Científica. A humanidade admite sua ignorância e 
começa a conquistar a América e os oceanos. O planeta inteiro se 
torna um só palco histórico. Ascensão do capitalismo.
200 Revolução Industrial. Família e comunidade são substituídas por Estado e mercado. Extinção em massa de plantas e animais.
O presente
Os humanos transcendem os limites do planeta Terra. As armas 
nucleares ameaçam a sobrevivência da humanidade. Cada vez 
mais, os organismos são moldados por design inteligente e não 
por seleção natural.
O futuro O design inteligente se torna o princípio básico da vida? O homo sapiens é substituído por super-humanos?
Fonte: Harari (2015, p. 8).
A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E18
O tratamento da palavra “história” em sua abordagem etimológica (em todas 
as línguas românicas e em inglês) vem do grego antigo historie. Encaminha-nos 
para a noção de testemunha, “daquele que vê” o sentido de procurar. Podemos 
ir além e, em Heródoto (considerado o Pai da História), perceber o significado 
dessa ciência (hoje, ciência!) como “procura das ações realizadas pelos homens”. 
Esta é a exposição das investigações de Heródoto de Halicarnasso, para 
que os feitos dos homens não se desvaneçam com o tempo, nem fiquem 
sem renome as grandes e maravilhosas empresas, realizadas quer pelos 
Helenos, quer pelos Bárbaros; e, sobretudo, a razão porque entraram 
em guerra uns com os outros (HERÓDOTO, 1994, p. 53 apud PRIORI; 
MARTIN, 2010, p. 12).
Em Le Goff (1995, p. 17):
Mas a história pode ter ainda um terceiro sentido, o de narração. Uma 
história é uma narração, verdadeira ou falsa, com base na “realidade 
histórica” ou puramente imaginária – pode ser uma narração histórica 
ou uma fábula. O inglês escapa a esta última confusão porque distingue 
entre history e story (história e conto).
A partir da etimologia, podemos entender que estamos tratando de uma busca, de 
uma forma investigativa, dentro de um recorte temporal – a história está intrin-
secamente aliada ao tempo – em que o humano, enquanto ser social, modifica, 
desenvolve-se e, por assim dizer, está inserido em uma cultura. O tempo, não o 
chronos (cronológico) estabelecido pelo desenvolvimento das culturas, mas por 
aquele que, conforme Elias (1998, p. 13):
Remete a esse relacionamento de posições ou segmentos pertencentes 
a duas ou mais sequências de acontecimentos em evolução contínua. 
Se as sequências em si são perceptíveis, relacioná-las representa a ela-
boração dessas percepções pelo saber humano. Isso encontra uma ex-
pressão num símbolo social comunicável - a ideia de “tempo”, a qual no 
interior de uma sociedade, permite transmitir de um ser humano para 
outros imagens mnêmicas que dão lugar a uma experiência, mas que 
não podem ser percebidas pelos sentidos não perceptivos. 
Contudo, o que é a história, na sua forma clássica, e como ela se relaciona com 
a História Econômica?
Marc Bloch (2001, p.51) definiu a História como a “ciência dos homens no 
tempo”. Em outras palavras, conforme Saes e Saes (2013) é o estudo da atividade 
A Relação Entre Economia e História
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humana, em suas múltiplas dimensões, na perspectiva da mudança ao longo do 
tempo. Em termos do foco de nosso estudo: a atividade humana voltada à satisfa-
ção das necessidades materiais. Ainda podemos pensar que trata-se dos “esforços 
que o homem faz (fez) ao longo dos séculos para satisfazer suas necessidades 
materiais” (IGLÉSIAS, 1959, p. 27 apud SAES; SAES 2013, p. 1). Aquilo que con-
sideramos como “essencial” se modifica de acordo com cada época. 
Em determinadas épocas e locais, as necessidades materiais das pessoas 
podem ser supridas por seu próprio esforço:
numa comunidade estritamente rural, aquele que cultiva a terra e cria 
alguns animais pode produzir tudo (ou quase tudo) o que necessita 
para sobrevivência (levando em conta o que é considerado necessário 
naquele momento, como alimento, vestuário, habitação). Na socieda-
de atual, as necessidades materiais comportam muito mais do que ali-
mentos, vestuário e habitação, pois bens duráveis, como os eletrônicos, 
meios de transporte, lazer, cultura, etc. passaram a fazer parte do dia a 
dia de grande parte da população (SAES; SAES 2013, p. 2).
Redes produtivas, comerciais e financeiras compõem a interligação do com-
plexo sistema para obtenção desses produtos, que se tornaram necessários no 
nosso cotidiano. Por exemplo, um operador financeiro no Brasil, ao almoçar 
em um restaurante, certamente está consumindo algum alimento produzido em 
outro país, talvez da América Latina, e cuja preparação exigiu o uso de uten-
sílios importados provavelmente da América do Norte, da Europa ou da Ásia. 
Assim, da origem desses produtos à mesa do restaurante, há um vasto conjunto 
de empresas e trabalhadores, na maior parte das vezes desconhecidos daquele 
que é o consumidor final desses produtos.
A teoria contemporânea tem as cicatrizes dos problemas do passado agora 
resolvidos, os erros do passado agora corrigidos e, não poderá ser comple-
tamente entendida, exceto como um legado do passado. 
(Mark Blaug)
A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO
Reprodução proibida. A
rt. 184 doCódigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Caro(a) aluno(a), diante da sua possível expectativa acerca deste conteúdo é impor-
tante que seja esclarecido que estamos diante da Economia e da História, duas 
(atuais) ciências que se relacionam para contribuir de maneira a procurar identifi-
car as formas pelas quais os homens satisfazem suas necessidades materiais, como 
também de investigar de que maneira essas formas se alteram ao longo do tempo 
por meio de diferentes relações entre os homens que participam desse processo 
(trabalhadores, empresários, consumidores) e de técnicas em constante alteração. 
SURGIMENTO DA HISTÓRIA ECONÔMICA GERAL
E a História Econômica Geral? Como surgiu? Enquanto disciplina acadêmica 
ela surgiu como uma reação às tendências dominantes nessas duas disciplinas. 
Destarte, é relevante a indicação das distintas perspectivas que definem as prin-
cipais correntes da História Econômica. Isso se deve às implicações possíveis 
sobre a interpretação dos processos históricos. 
No fim do século XIX predominava na Economia a corrente marginalista (ver 
mais sobre a revolução marginalista no elemento textual #leitura complementar#). 
A figura 1 procura elucidar esse cenário. Na História prevalecia o positivismo 
e o historicismo, enquanto a economia perpassava a Revolução Marginalista.
Figura 1 - O Século XIX e as correntes predominantes na Economia e na História.
Fonte: a autora.
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Segundo Saes e Saes (2013), Adam Smith via a história da economia como uma 
sequência de formas de atividade econômica: caça, coleta, pastoreio, agricul-
tura e comércio. De modo que o pensador escocês preservava uma perspectiva 
histórica em suas reflexões. Essa seria a “ordem natural”, ou seja, como deveria 
ter acontecido ou acontecer em cada sociedade. De modo geral, os economis-
tas clássicos mantiveram a preocupação em relação às mudanças da economia 
pontuadas em sua dimensão temporal.
O surgimento e o desenvolvimento do capitalismo, para Karl Marx, é expli-
cado por meio de sua vasta construção teórica. Na Alemanha, a Economia como 
disciplina esteve associada à chamada “Escola Histórica”. Essa corrente de pen-
samento deu importância aos trabalhos históricos e, de forma geral, à descrição 
dos detalhes: para ela, este é o trabalho mais importante, ou pelo menos, o que 
em primeiro lugar se impõe às Ciências Sociais (SCHUMPETER apud SAES; 
SAES, 2013, p. 4).
Ao apresentar o termo “escola” estamos tratando da noção que remete ao 
sentido de uma “corrente de pensamento”. Pois entende-se que sempre que 
ocorre um padrão ou programa mínimo perceptível no trabalho de grupo, 
formado por um número significativo de praticantes de determinada ativi-
dade ou de produtores de certo tipo de conhecimento, sendo ainda impor-
tante que haja uma certa intercomunicação entre estes praticantes, a consti-
tuição de uma identidade em comum, frequentemente também ocorrendo 
a consolidação de meios para a difusão das idéias do grupo, como é o caso 
de revistas especializadas, controladas por seus membros ou programas vei-
culados em mídias diversas. Será importante entender, ainda, que as “esco-
las” podem apresentar uma referência sincrônica – relacionada a autores ou 
praticantes de uma mesma época – e uma referência diacrônica, no sentido 
de que a “escola” pode se estender no tempo e abarcar sucessivas gerações, 
ou ser por elas reivindicada. 
Fonte: autora
A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Na Economia Política (nome da disciplina antes da revolução marginalista), não 
havia nenhum historiador econômico, propriamente. Entretanto, os pensadores 
da Economia Política demonstravam, em suas obras, elementos ou preocupações 
com o que viria a ser a História Econômica como disciplina. O fato é que, com 
a ascensão dos marginalistas (corrente de pensamento), a perspectiva política 
perde espaço para os assuntos que tratam da organização dos fatores produtivos. 
Isso porque o foco do pensamento econômico, como já adiantamos, passa a ter 
uma abordagem estática. Em outras palavras, a preocupação com as transforma-
ções que ocorrem no tempo, sob um caráter de evolução das relações materiais 
de produção, assumem outra abordagem. A atenção passa a ser para o entendi-
mento do processo de formação dos preços dos bens e a alocação dos recursos, 
com base nas preferências dos indivíduos em determinado momento do tempo. 
Na perspectiva dos marginalistas, na Economia não havia espaço para a História: 
aliás, essa perspectiva foi formulada na polêmica sobre o Método entre os mar-
ginalistas, em especial pelo austríaco Karl Menger, e a Escola Histórica Alemã, 
representada por G. Schmoller (SCHUMPETER, 1968, p. 177-185)
Saes e Saes (2013) apresentam que o afastamento entre Economia e a História 
não ocorreu apenas com os marginalistas, pois esse foi um movimento mais 
geral que talvez, contraditoriamente, fortaleceu a História Econômica. Sem 
espaço para integrar seus estudos à teoria econômica, aqueles que, de algum 
modo, dedicavam-se à análise da história de economias nacionais, buscaram um 
espaço específico para sua atividade. Daí o surgimento da História Econômica 
como disciplina acadêmica nos países anglo-saxões, no final do século XIX e 
no começo do século XX.
A primeira cadeira de História Econômica foi estabelecida nos Estados Uni-
dos, em 1892, na Universidade de Harvard. Assumiu-a o inglês William Ashley, 
antigo professor de Oxford e autor de Introduction to English Economic History 
and Theory.
Fonte: Harte (2001 apud SAES; SAES, 2013, p. 5).
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A HISTÓRIA ECONÔMICA E A ESCOLA DOS ANNALES
Ainda dentro do panorama da afirmação da 
História Econômica como disciplina, temos 
que, na França, o percurso que vai pautar o 
posicionamento da disciplina é diferente do 
apresentado com relação à Grã-Bretanha (paí-
ses anglo-saxões). Na República Francesa, a 
História Econômica emergiu em oposição às 
correntes dominantes nos estudos de História 
no século XIX: a “história positivista.”
Podemos, brevemente, entrar “na histó-
ria da história” e verificar que o positivismo 
foi um movimento que passou a incorpo-
rar métodos próprios no estudo dos fatos 
históricos. Nessa transformação, alguns dos 
princípios do Iluminismo, como a elabora-
ção de regras e leis, foram fundamentais. Um 
dos grandes representantes dessa tendência de 
historiadores cientistas foi o alemão Leopold 
Von Ranke (1795-1886). 
O Positivismo pregava a cientifização do pensamento e do estudo hu-
mano, visando a obtenção de resultados claros, objetivos e completa-
mente corretos. Os seguidores desse movimento acreditavam num ide-
al de neutralidade, isto é, na separação entre o pesquisador/autor e sua 
obra: esta, em vez de mostrar as opiniões e julgamentos de seu criador, 
retrataria de forma neutra e clara uma dada realidade a partir de seus 
fatos, mas sem os analisar. Os positivistas crêem que o conhecimento 
se explica por si mesmo, necessitando apenas seu estudioso recuperá-lo 
e colocá-lo à mostra. Não foram poucos os que seguiram a corrente 
positivista: Auguste Comte, na Filosofia; Émile Durkheim, na Sociolo-
gia; Fustel de Coulanges, na História, entre outros, contribuíram para 
fazer do Positivismo e da cientifização do saber um posicionamento 
poderoso no século XIX (BIRARDI; CASTELANI; BELATTO, [2018], 
on-line).
Figura 2 - Revista Annales d´Histoire Économique 
et Sociale, dirigida por Lucien Febvre e Marc Bloch 
(professores de Estraburgo)
Fonte: Medievista (2014, on-line)¹. 
A HISTÓRIA ECONÔMICA EOS ASPECTOS DO FEUDALISMO
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E qual de fato era a oposição ao positivismo? Veja, estamos tratando da primeira 
metade do século XX. Nesse ponto cronológico, historiadores franceses, des-
contentes com os pressupostos teóricos e metodológicos aplicados pela Escola 
Positivista, apresentam um espírito inovador, com o objetivo de transformar 
radicalmente os conceitos, as metodologias e as práticas aplicadas à produção 
histórica. A Escola dos Annales surgiu, aproximadamente, em meados da década 
de 1920. Liderada, inicialmente, por Lucien Febvre e Marc Bloch. Esse movi-
mento teve como direção principal se opor à História Positivista, pois:
havia chegado a hora de passar a história dos tronos das dominações 
para o dos povos e das sociedades. Quanto aos historiadores que ti-
vessem a fraqueza de ainda se interessar pelo político, e praticar essa 
história superada, fariam o papel de retardatários, uma espécie em via 
de desaparecimento, condenada à extinção, na medida em que as novas 
orientações prevalecessem na pesquisa e no ensino (RÉMOND, 1996, 
p. 18-19). 
O que os historiadores mais jovens desejavam era, antes de mais nada, mudar 
o foco da história: das elites para as massas, para o trabalho, para a produção 
e para as trocas. Vários historiadores romperam com o domínio acadêmico do 
positivismo e produziram obras que incorporavam as novas preocupações, con-
forme o quadro abaixo.
Quadro 2 - Historiadores franceses que se opunham ao método positivista
Jean Jaurés
Histoire socialiste de la Révolution française
(História Socialista da Revolução Francesa, 1901 – 1904)
François Simiand
La méthode positive en science économique
(Método histórico de Ciência Social, 1903)
Ernest Labrousse
Esquisse du mouvement des prix et des revenus en France au XVIIIe. 
Siècle
(Tese O movimento dos preços e das rendas na França do 
século XVIII, 1933)
Henri Berr
Revue de Synthèse 
(abrigava estudos de hitória que iam além do relato dos fatos)
Henri Pirenne Publicava estudos sobre a história econômica e social da Idade Média.
Fonte: adaptado de Saes e Saes (2013).
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Na revista Annales, a proposta era deslocar a visão histórica concentrada nos 
fatos políticos para uma História “Total”. Consolidando, dessa maneira, a insa-
tisfação latente entre historiadores e cientistas sociais das primeiras décadas do 
século XX em relação à historiografia dominante do século XIX.
Além de recusar a História ‘acontecimental’ (o mero relato de eventos), 
Febvre e Bloch propunham a aproximação com as ciências sociais (So-
ciologia, Antropologia, Geografia), o que permitia a busca de explica-
ções para os processos históricos a partir da proposição de problemas 
(SAES; SAES, 2013, p. 6).
HISTÓRIA ECONÔMICA E A PERSPECTIVA MARXISTA
A História Econômica também perpassa a perspectiva marxista à medida que 
Karl Marx não apenas admite a presença da visão social de mundo na elabora-
ção da ciência econômica como também a revela inseparável desta.
O pensador alemão pretendeu explicitar as formas existentes, em sua época, da 
expressão das relações de produção e reprodução da vida, como histórica e social-
mente determinadas, diferentemente do que fizeram os economistas políticos 
clássicos, que as naturalizaram. As proposições de Marx para a História, conforme 
Hobsbawm (1998), consideram que o fator econômico atua conjuntamente com 
Conforme Le Goff (1995), não é de se admirar que a criação da revista Annales 
d’histoire économique et sociale (Anais da história econômica e social), a qual 
deu vida ao movimento, surgiu exatamente no ano da crise de 1929. Essa 
crise que atingiu em cheio Wall Street, nos Estados Unidos, desmoronou 
as economias capitalistas da América e da Europa e levou a humanidade a 
questionar a ideia de progresso, arraigada há centenas de anos. Essas trans-
formações, segundo François Dosse (2003, p. 34), foram observadas pelos 
Annales que mesmo tendo produzido a Revista em janeiro, antes da crise 
em outubro, “responde inteiramente às questões de uma época que desloca 
o olhar dos aspectos políticos para os econômicos”.
Fonte: Rodrigues (2016, p. 119).
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Reprodução proibida. A
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o fator social. A ação desses dois elementos explica as transformações em suas 
contradições. “Isso porque uma característica essencial do pensamento histórico 
de Marx é a de não ser nem ‘sociológico’ nem ‘econômico’, mas ambos simulta-
neamente’’ (HOBSBAWM, 1998, p. 166-167).
Contudo, como os fatores econômicos e sociais aparecem no paradigma 
historiográfico do Marxismo científico? O fator econômico se revela nas for-
ças materiais de produção, também denominadas de forças produtivas. Essas 
são resultantes da atividade prática do homem, a qual envolve meios materiais 
(como matérias-primas e fontes de energia) e intelectuais (saberes técnicos e 
científicos) de produção.
Marx desenvolveu um método próprio: o materialismo histórico. É a relação 
entre infra (a soma das forças produtivas e das relações de produção) e superes-
trutura (envolve aspectos institucionais – ligados ao Estado, à justiça, às formas de 
governo e às leis – bem como ideológicos, os quais se revelam mediante ideias, dou-
trinas, crenças, moralidade e produções artísticas e culturais) que permite explicar 
as ações, as realizações e os pensamentos humanos no tempo. Além desses dois 
conceitos, outros se destacam no interior da teoria marxista e exercem, na produ-
ção historiográfica, reconhecida importância. Dentre esses conceitos, destacamos o 
“modo de produção”, o de “contradição” e o de “luta de classes”. (RODRIGUES, 2016)
A HISTÓRIA ECONÔMICA, A NEW ECONOMIC HISTORY E A 
HISTÓRIA ECONÔMICA INSTITUCIONAL
Convém registrar, ainda, o surgimento, a partir de 1960, de duas correntes cujo 
berço foi o ambiente universitário norte-americano: a New Economic History (mais 
tarde chamada também de Cliometria) e a História Econômica Institucional. A 
primeira nasceu com a elaboração de estudos históricos, com forte utilização 
de noções de teoria econômica e estimações econométricas. A segunda pode 
ser relacionada ao nome de Douglas North. Trata-se da História Econômica 
Institucional, justamente por considerar que “as instituições importam”. Sua vasta 
produção tem sido dedicada ao estudo da relação entre instituições e desenvol-
vimento, em especial na perspectiva histórica.
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A HISTÓRIA ECONÔMICA E A HISTÓRIA QUANTITATIVA
Enfim, podemos tratar de uma História Quantitativa. Em alguma medida, sem-
pre se fez uso de dados quantitativos em estudos de História Econômica. A coleta 
e a elaboração sistemática desses dados é o elemento que poderia caracterizar a 
emergência de uma História Quantitativa. Trata-se, propriamente, de uma série 
de pesquisadores que se propuseram a tratar de temas de História Econômica 
por meio da elaboração de dados quantitativos de diversas ordens.
Realizamos, até agora, um amplo panorama de caráter descritivo, de modo a 
situar algumas das principais correntes de estudo da História Econômica. É che-
gado o momento de reconhecer o passado do homem em relação às formas de 
“satisfazer suas necessidades materiais”. Não deixe de considerar que a proposta 
do nosso trabalho é restrita do ponto de vista cronológico. Não conseguiremos 
abordar “todo o passado do homem”.
Assim sendo, nosso objetivo central é o estudo das origens e do desenvolvi-
mento do capitalismo, tendo em vista a compreensão de aspectos importantes 
da economia atual.Desse modo, o exame das formas de organização de siste-
mas anteriores ao capitalismo deve ser feito de modo a atender a esse objetivo. 
A ECONOMIA NA ANTIGUIDADE
Prezado(a) aluno(a), em nosso modo de ver, é de extrema importância estudar 
a economia na Antiguidade. Por longos milênios, a humanidade se compôs de 
grupos relativamente pequenos cuja cultura técnica apenas se igualava às cul-
turas dos mais atrasados, “selvagens” contemporâneos, ou nitidamente inferior.
As sociedades civilizadas e de complexa estrutura, por outro lado, não sur-
giram como Minerva, da cabeça de Júpiter, havendo chegado à sua organização 
atual por meio de mudanças e progressos, obviamente experimentados a par-
tir dessas atrasadas aglomerações humanas. Nesse sentido, nosso interesse se 
A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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apresenta em como os nossos antepassados viviam, produziam e distribuiam 
os frutos de suas atividades produtivas e, ainda, como tais técnicas e relações 
foram se aperfeiçoando ou modificando, até atingirem fases econômico-sociais 
mais adiantadas. 
Figura 3 - Descrição dos impérios na antiguidade
Fonte: a autora.
Se negligenciássemos o fato de que os grupos eram pequenos e que a sociedade 
é algo complexo; possivelmente não lograríamos compreender a evolução dos 
processos de produção e distribuição das riquezas, cujo conhecimento cons-
titui, precisamente, o objeto da História Econômica. A figura 4, em destaque 
abaixo, busca reconhecer os primeiros sistemas econômicos para que, a partir 
disso, possamos partir para o nosso interesse especial: realizar a apresentação 
da sociedade feudal, a fim de discutir como se processou a transição do feuda-
lismo ao capitalismo. 
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PRIMEIROS SISTEMAS ECONÔMICOS
Primeiros Sistemas Econômicos
As civilizações
hidráulicas
Mesopotâmia
Egito As cidades fenícias
Civilização Minóica 
de Creta
As civilizações
comerciais
Figura 4 - Primeiros sistemas econômicos
Fonte: a autora.
Há cerca de 10 mil anos, quando os sapiens (nome científico de nossa espécie 
humana) começaram a dedicar quase todo o seu tempo e esforço para mani-
pular a vida de algumas espécies de plantas e animais, apresentando, dessa 
forma, uma mudança radical em seu relacionamento com a natureza, temos o 
que Harari (2015) chama de Revolução Agrícola. Essa transformação impactou 
totalmente a história da humanidade, pois o homem passa do caráter predató-
rio para produtor. A existência em comunidades estáveis passa a tomar forma 
em detrimento do nomadismo. Em Rezende Filho (2010), temos o nome de 
Revolução Neolítica. Para nós, o relevante é perceber que foi um ponto de infle-
xão para a humanidade, de modo que a atividade agrícola, sobretudo, permitiu 
que o homem passasse a diminuir a atividade braçal e passasse a ter a noção de 
trabalho coletivo e regular.
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Paralelamente ao controle das fontes de alimentação que possibilitaram o 
crescimento demográfico, deu-se a diferenciação social do trabalho que permitiu 
o desenvolvimento de novas técnicas (cerâmica, tecelagem, fabricação de ins-
trumentos de pedra polida), ligando as comunidades por um sistemas de trocas. 
Estabelece-se, aqui, nosso marco precursor da atividade comercial.
A crescente liberação de braços da atividade básica de prover o sustento 
da comunidade, aliada à progressiva diferenciação social do trabalho, 
levou à formação de diferentes ritmos de produção e acumulação de 
bens econômicos, o que acabou por produzir o conceito de proprieda-
de, e diferenciar diversos segmentos dentro da comunidade, de acordo 
com suas posses. E a difusão do conceito de propriedade levou à neces-
sidade de se demarcar com precisão os limites dos lotes de terras, de se 
registrar o tamanho dos rebanhos, e de se mensurar o volume da pro-
dução agrícola, o que induziu à invenção da escrita, com a consequente 
passagem para a história (REZENDE FILHO, 2010, p.13).
Nesse sentido, as civilizações hidráulicas representam um papel importante nos 
primórdios da História Econômica Geral por caracterizarem uma área em que 
o homem percebeu sua produtividade ou até mesmo por suas peculiaridades 
das cheias dos rios. De tal modo que comunidades se fixaram dinamizando a 
região em torno dos vales dos rios Tigre e Eufrates, na Mesopotâmia; do Nilo, 
no Egito; do Ganges e do Indo, na Índia; e do Amarelo, na China. Veja a figura 5:
Mesopotâmia Egito
– alta produtividade agrícola;
– densamente habitada;
– região cercada população hostil;
– dependia do comércio exterior 
para matérias-primas como: madeira, 
pedras e metais;
– surgimento dos bancos.
– baseada na irrigação (economia 
agrária considerada oásis alongado);
– desertos protegiam a região 
de ameaças externas (sociedade
isolacionista e conservadora);
– pouco dependente de comércio 
exterior;
– Estado precocemente uni�cado 
(faraó).
Figura 5 - Civilizações hidráulicas
Fonte: a autora.
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Por conta de condições geoclimáticas desfavorecedoras ao desenvolvimento da 
agricultura, algumas civilizações se voltaram para o exterior. Diante do obje-
tivo de abastecerem-se, uma vez que não conseguiam produzir em quantidade 
suficiente. A figura 6 busca representar o caso da Civilização Minóica de Creta 
e das Cidades Fenícias. 
Civilização Minórica
de Creta
Cidades
Fenícias
– rica em madeira;
– primeira economia concentrada
na produção artesanal para 
exportação;
– produção de vinhos, azeites e
objetos de cerâmica.
– Líbano atual;
– relevo bastante acidentado, pouco
propensa para agricultura;
– cultivo de vinhas e oliveiras
(culturas nada exigentes com relação
à fertilidade do solo);
– corante de púrpura;
– intermediadores (comercializando
e transportando) mercadorias
provenientes de todo o mundo
mediterrâneo.
Figura 6 - As civilizações comerciais
Fonte: a autora.
Na intenção de maximizar as vantagens advindas da atividade comercial, as cida-
des fenícias estabeleciam pontos de armazenamento de produtos localizados no 
litoral das regiões com as quais comerciavam. Eram as feitorias. Uma dessas, 
fundada no século IX a.C., deu origem à cidade de Cartago, a qual, conforme 
Rezende Filho (2010, p. 22) “se transformou na potência econômica dominante 
do Mediterrâneo ocidental, até ser derrotada por Roma, após longas guerras, 
em finais do século III a.C”. 
A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO
Reprodução proibida. A
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Destarte, podemos apresentar as cidades-Estados gregas que: 
pela primeira vez na história, tornaram a escravidão absoluta na forma 
e dominante em extensão,transformando-a, de forma de trabalho auxi-
liar e complementar, em um sistemático modo de produção.
Alguns séculos mais tarde, o Estado Romano, dominando e unindo po-
lítica e economicamente o “mundo civilizado” da Antiguidade Clássica, 
que se estendia ao redor do mar Mediterrâneo, tendo como eixo a pe-
nínsula ltálica, desenvolveu, no limite, o modo de produção escravista, 
pioneiramente tomado preponderante pelas cidades gregas (REZEN-
DE FILHO, 2010, p. 24). 
REPÚBLICA ROMANA
No tocante à criação da República Romana (II a.C. a V D.C) é esclarecedor que a 
pequena cidade-Estado, em poucos séculos, tornou-se um Império. De tal modo 
que, conforme Rezende Filho (2010, p. 33):
Roma deu unidade político-econômica à Antiguidade Clássica. E tor-
nou predominantemente um sistema econômico que tinhapor carac-
terísticas, a escravidão como forma de trabalho, a monetarização como 
padrão de troca, o comércio como atividade motora, e a cidade como 
unidade produtiva, sem, no entanto, jamais deixar de ter como base, 
um substrato econômico rural.
O que vimos até agora nos encaminha para nosso objetivo de compreender aspectos 
importantes da economia atual. De certo modo, tratamos até então dos “antepas-
sados” do sistema capitalista de produção. A partir de agora, vamos acessar àquele 
que é, propriamente, o processo gestacional da economia capitalista: o feudalismo.
As primeiras experiências da formação de Estados organizados juridicamen-
te e politicamente foram vistas na Mesopotâmia. Situada no Crescente Fér-
til, mais especificamente entre os Rios Tigre e Eufrates, essa região abrigou 
três importantes civilizações: os Assírios, os Sumérios e os Babilônios.
Fonte: adaptado de Rezende Filho (2010).
O Feudalismo
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O FEUDALISMO
Esse sistema passa a vigorar a partir do declínio do Império Romano. Contudo, 
primeiramente, o que é feudalismo? O que vem à sua mente ao “ouvir” essa 
palavra? É possível que imagens de castelos medievais, cavaleiros, armaduras, 
cenários e objetos lhe venham ao pensamento. Isso procede. De fato essas ima-
gens pertencem à cultura da época. No entanto, ainda assim não é uma descrição 
completa do feudalismo. 
Em Ganshof (1968, p. 141) encontramos que o “feudo”, enquanto instituição 
jurídica, tem um significado geral: “uma concessão feita gratuitamente por um 
senhor ao seu vassalo para que este último pudesse dispor de sustento legítimo 
e ficasse em condições de fornecer ao seu senhor o serviço exigido”.
Dobb (1983, p. 35) afirma que 
é necessário postular a definição de feudalismo que adotaremos daqui 
em diante. A ênfase desta definição irá repousar, não na relação jurídica 
entre vassalo e soberano, nem na relação entre a produção e o destino 
do produto, mas na relação entre o produtor direto (que pode ser um 
artesão em uma oficina ou um camponês cultivando alguma terra) e seu 
superior imediato ou senhor, e no conteúdo sócio-econômico que os co-
necta. [...] esta definição irá caracterizar o feudalismo primordialmente 
como um modo de produção, e isto formará a essência da nossa defini-
ção. Deste modo, será virtualmente idêntica ao que usualmente qualifi-
camos como servidão: uma obrigação imposta ao produtor pela força e 
independentemente de suas vontade, para preencher a demanda econô-
mica de um senhor, quer esta demanda tome a forma de serviços a pres-
tar ou taxas a serem pagas em dinheiro ou em espécie, em trabalho ou 
no que o Dr. Neilson denominou ‘presentes para a despensa do senhor’.
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Podemos perceber que o autor aborda o feudalismo como um modo de produção, 
cuja articulação fundamental é garantida pelas relações de servidão. Para Paul Sweezy 
et al. (2004), o conceito de feudalismo segundo Dobb é demasiadamente gené-
rico. A contribuição de Ganshof (1968, p. 10-11), nesse sentido, nos apresenta que
o feudalismo pode ser definido como um conjunto de instituições que 
criam e regulam obrigações de obediência e de serviço - sobretudo mi-
litar - da parte de um homem livre, chamado vassalo, para com outro 
homem livre, chamado senhor, e obrigações de proteção e sustento da 
parte do senhor para com o vassalo.
Em Anderson (2016, p. 20)
como modo de produção, o feudalismo se define por uma unidade orgâ-
nica entre economia e política, paradoxalmente distribuída em uma ca-
deia de soberanias parcelares por toda a formação social. A instituição da 
servidão como mecanismo de extração de excedente unia a exploração 
econômica com a coerção político-jurídica no nível molecular da aldeia.
São várias definições e todas são complementares, de modo que não podemos 
eleger um conceito preciso. O mais importante é que seja apreendida a concep-
ção de que para além da relação senhor feudal versus trabalhador que vive no 
feudo (cuja condição social o define como um servo), trata-se, ainda, de uma 
esfera política caracterizada por uma forma de governo ou de dominação frag-
mentada do ponto de vista espacial. Com a desagregação do Império Romano, 
houve a constituição de vários Estados Bárbaros de dimensões menores, cuja 
autoridade se viu progressivamente reduzida do ponto de vista geográfico. Em 
contrapartida, o feudo assumiu o papel de unidade política fundamental. 
O feudalismo apresenta um Estado descentralizado. O poder político passou 
a ser detido de forma privada; nesse sentido, a justiça é exercida pelo susera-
no sobre seus vassalos e pelo senhor sobre os camponeses.
Fonte: autora.
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O feudalismo em torno do ano 1000 está estabelecido com base nos moldes 
apresentados anteriormente. Nessa dimensão temporal, a Europa Ocidental 
apresentava as características definidoras do sistema: a relação suserano-vas-
salo, a fragmentação do poder e o estabelecimento da servidão como relação 
social fundamental no campo. 
Em termos de organização econômica, podemos considerar o feudo como 
uma área de terra comumente denominada senhorio, distribuída de seguinte 
forma:
I. Reserva Senhorial.
i. Centro do domínio.
ii. Terras cultiváveis.
II. Lotes dos camponeses.
III. Terras de uso comum.
A dinâmica dessa organização se dava no centro do domínio,
as atividades eram realizadas sob o controle do senhor (diretamente ou 
representado por preposto) e com o trabalho de servos (e, em certas 
épocas, também de escravos) que viviam no próprio centro do domí-
nio. Eram os servos dedicados aos serviços domésticos e também aos 
outros ofícios (ferreiros, cervejeiros, moageiros, padeiros e outros ar-
tesãos).
Mais importante era a forma de cultivo das terras aráveis da reserva 
senhorial. Na sua forma típica, esse cultivo era realizado pelos campo-
neses, obrigados a trabalhar nas terras do senhor (em geral, de dois a 
três dias por semana). Essa obrigação, denominada na França de cor-
veia, era o elemento mais característico da servidão: se, originalmente, 
um camponês livre podia ter trocado sua independência pela proteção 
do senhor diante do perigo da guerra (daí as obrigações que ele assume 
em relação ao senhor, em suma, a servidão), essas obrigações ao longo 
do tempo, passaram a ser impostas aos camponeses pelo costume, por 
normas legais ou simplesmente pela força dos senhores (independen-
temente da necessidade de proteção ao camponês) (SAES; SAES, 2013, 
p. 50).
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A lista de obrigações por parte do camponês, em relação ao seu senhor, ainda 
pode ser estendida para:
 ■ Banalidades: para moer trigo, para assar pão, para fazer cerveja ou vinho, 
o camponês tinha a obrigação de deixar metade do produto daquilo que 
havia levado para ser processado, ao usar as instalações do centro do 
domínio.
 ■ Talha: tributo imposto pelos senhores com base na obrigação de um vas-
salo sustentar seu chefe (e que se estendia aos servos).
 ■ Captação: pagamento anual justificado como doação aos senhores em 
troca de sua proteção (cobrado por pessoa).
 ■ Mão morta: quando da morte do servo, seus herdeiros deviam entregar 
ao senhor o melhor animal que tivessem.
Nesse contexto, a Igreja era muito forte e, maior proprietária de terras. O cená-
rio estava emoldurado em uma hierarquia feudal na qual o servo ou camponês 
era protegido pelos senhores feudais, os quais, por sua vez, deviam fidelidade e 
eram protegidos por senhores mais poderosos. Essaestrutura se estendia, indo 
até o rei. “Os fortes protegiam os fracos” (HUNT, 1989, p. 29), mas o faziam por 
um alto preço. Em troca de pagamento em moeda, alimentos, trabalho ou fide-
lidade militar, os senhores garantiam o feudo a seus vassalos. Como escora desse 
sistema, estava o servo que cultivava a terra.
Portanto, além das obrigações acima referidas, tinha o dízimo para a Igreja, 
pagamentos em troca de permissão para casar uma filha ou para um filho ingres-
sar em ordens religiosas. Ah! Vale muito expor aqui, caro(a) aluno(a), o crescente 
poderio da Igreja do espaço temporal da Idade Média. Esse crescimento se deve, 
especialmente, à expansão do cristianismo pela obra de evangelização dos povos, 
realizada pelos padres nos territórios pertencentes ao poder de Roma e para 
além deles. 
A partir do século XI, as cruzadas deram força a uma marcante expansão 
do comércio. Provavelmente, você já conhece esse termo, mas vale lembrar, 
em breves linhas, a relevância desse movimento na história. A expressão “cru-
zada” não era conhecida por esse nome no período em que ocorria. Os termos 
usados eram “Guerra Santa” e “Peregrinação”, os quais faziam referência ao 
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movimento de tentativa de tomar a “Terra Santa” dos muçulmanos. Tratavam-se 
de tropas ocidentais enviadas à Palestina para recuperarem a liberdade de 
acesso dos cristãos à Jerusalém. Dessa maneira, as Cruzadas não podem ser 
vistas como fator externo ou acidental no desenvolvimento da Europa. Elas 
oportunizaram o renascimento do comércio na Europa. Muitos cavaleiros, 
ao retornarem do Oriente, surrupiaram cidades e organizaram pequenas fei-
ras nas rotas comerciais. Houve, portanto, um significativo reaquecimento da 
economia no Ocidente. 
Anteriormente, foi abordado que, no tocante à política, houve uma frag-
mentação do poder e da autoridade em uma infinidade de domínios que deram 
aos senhores feudais, na Europa Ocidental. Também na esfera social, surgiu 
uma ordem rigidamente hierarquizada e desigual. E, por fim, no campo espiri-
tual esse panorama era reconhecido e aceito como natural e justificado por uma 
determinação divina, por meio dos ensinamentos dos Evangelhos dos primei-
ros teólogos e da filosofia clássica, que era valorizada por oferecer um modelo 
sofisticado de articulação entre moral, ética e “análise econômica”. 
De acordo com Gennari e Oliveira (2009, p. 18), sintetizamos que
[...] de camponeses ligada à terra e vinculada aos aristocratas pe-
las obrigações em espécie e em trabalho, como contrapartida pela 
proteção, produziu uma ordem social rigidamente hierarquizada e 
diferenciada. Ao mesmo tempo, as guerras, os saques frequentes e a 
violência indiscriminada aceleravam a desarticulação do poder cen-
tral que até então ordenava a vida, a justiça, a produção e a troca, 
compondo um quadro no qual o homem se via isolado, impotente e 
frágil, vítima fácil de circunstâncias sobre as quais não tinha o menor 
controle. 
Até aqui nossa atenção estava centrada nos eventos que ocupam os séculos XI, 
XII e XIII, os quais caracterizam a fase de expansão feudal (por meio do cres-
cimento da população, da colonização de novas áreas e também pelo crescente 
volume de comércio). No entanto, em meados do século XIV, a expansão foi 
interrompida e vários eventos indicam a emergência de uma crise do sistema 
feudal (a qual também ocupa a primeira metade do século XV).
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Quadro 3 - Características econômicas da Antiguidade até o Período Medieval 
PERÍODO CARACTERÍSTICAS CONSEQUÊNCIAS
ALGUNS 
PENSADORES
Antiguidade 
Clássica – 1ª fase 
(4000 a 1000 a.C.)
Trabalho 
escravo;
ausência de moeda;
comércio incipiente;
regimes teocráticos.
Ausência de um 
pensamento 
econômico.
Não há
Antiguidade 
Clássica – 2ª fase 
(1000 a.C. ao ano 
500 da era cristã)
Início da preocu-
pação pelos fatos 
econômicos.
Conceitos em-
brionários sobre a 
riqueza, valor eco-
nômico e moeda.
Fase inicial da 
economia agrária, 
seguida da econo-
mia urbana.
Gradativo desenvol-
vimento do comér-
cio internacional 
e embriões da 
empresa. 
Queda do Império 
Romano do Ociden-
te, surgimento do 
feudalismo e retorno 
à economia agrária.
Xenofonte 
(440 – 355 a.C.)
Platão 
(427 – 347 a.C.)
Aristóteles 
(384 – 322 a.C.)
Catão 
(234 – 149 a.C.)
Plínio, o Antigo 
(23 – 79 d.C.)
Columela 
(fl. c. 65 A. D.) etc.
Idade Média 
(500 a 1500 d.C.)
Sistema feudal; eco-
nomia artesanal e 
regime corporativo.
Regime da servidão; 
economia fechada 
(sistema feudal).
Perdurou até o 
século X.
Ressurgimento das 
cidades; nascimen-
to do ofício (traba-
lho ambulante). A 
partir do século XIII, 
início do regime 
corporativo.
Regulamentos rigo-
rosos sobre a produ-
ção e o consumo.
Predominância da 
doutrina canônica 
(condenação ao 
empréstimo a juro 
e acumulação de 
riquezas).
Subordinação da 
economia à moral 
(justo preço, justo 
salário, justo lucro). 
Economia a serviço 
do homem; comba-
te à escravidão.
Santo Tomás de 
Aquino 
(1225 – 1274)
Oresmo 
(1328 – 1382)
Alberto Magno
Pennafort e 
outros.
Fonte: Iori (2017, p. 65).
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Não há resposta conclusiva acerca de motivo especial para a crise do sistema feu-
dal. Uma evidência é o esgotamento das áreas disponíveis para colonização. Com o 
crescimento populacional, novas áreas foram sendo incorporadas ao sistema feudal, 
porém com o crescente risco de se caminhar para terras menos férteis e, possivel-
mente, aumentar excessivamente a densidade nas área mais antigas. Desse modo, 
as condições de subsistência do conjunto da população teriam se tornado precárias.
A população continuou a crescer e a produção caiu nas terras mar-
ginais ainda disponíveis para uma recuperação aos níveis da técnica 
existente, e o solo deteriorava por causa da pressa e do mau uso. [...] 
O aumento da área plantada com cereais, ainda por cima, era atingido 
muitas vezes à custa de uma redução das pastagens: em consequência, a 
criação de animais sofria, e com isto, o abastecimento de esterco para a 
própria terra arável. Assim, o progresso da agricultura medieval incor-
ria agora em suas próprias perdas. A derrubada de fl orestas e as terras 
desoladas não haviam sido acompanhadas de um cuidado comparável 
em sua conservação (ANDERSON, 1991, p. 192).
Associada a colheitas medíocres, verifi cou-se 
entre 1315 e 1317 uma grande fome na Europa 
– do Atlântico até a Rússia – sintomática da 
crise. Outro destaque aparece nas estimativas 
demográfi cas. Houve um declínio populacional, 
particularmente acentuado na Europa (1360 e 
1371). Atribui-se essa incapacidade para garan-
tir a reprodução de sua população aos efeitos 
destrutivos da peste negra e outras epidemias 
que se seguiram, apresentando seus efeitos dele-
térios ao atingirem uma população debilitada 
por condições precárias de alimentação.
Figura 7 - De triomf van de Doods, do artista 
Pieter Brueghel
Fonte: Wikimedia Commons ([2018], on-line)².
Povos medievais personifi cavam a Peste Negra como uma horrível força de-
moníaca que estava além do controle e da compreensão humanos.
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No tocante às epidemias não foram somente as camadas mais pobres da popu-
lação, nem só a população rural que foram vitimadas. As precárias condições de 
subsistência da época aceleram a disseminação impactando, inclusive, nos seg-
mentos mais ricos da sociedade.
A crise do século XIV marca o início de um enfraquecimento relativoda 
classe feudal. Ao perder cerca de um terço de seus habitantes, muitas áreas rurais 
européias foram despovoadas e cidades abandonadas. 
A ação conjunta das crises agrária, demográfica e monetária, exemplificada 
no quadro 4 abaixo, atuava sobre um sistema econômico que realizava contí-
nua expansão há três séculos. O efeito foi provocar uma crise geral do sistema. 
Quadro 4 - Três motivos principais para a crise feudal
CRISE AGRÁRIA
Incidência cíclica de más colheitas, surtos de fomes e epidemias, populações 
subnutridas, abate generalizado de animais domésticos, retração demográ-
fica, queda sistemática do preço dos cereais, e destruições propositais de 
áreas cultivadas, fizeram com que a economia rural européia passasse por 
uma prolongada crise, que só apresentará sinais de recuperação durante 
o século XV, graças à reconversão agrícola e uma mudança no regime de 
mão-de-obra.
CRISE DEMOGRÁFICA
A crise demográfica foi resultado de ciclos fomes/epidemias, bem como a 
ação de guerras constantes. No entanto, ao efeitos mais marcantes são os re-
lacionados à Peste Negra que só apresentou sinais de recuperação em 1470. 
Esse problema aprofundou a crise agrária e desorganizou toda a atividade 
produtiva-administrativa, levando a um completo desequilíbrio entre oferta 
e demanda, e entre preços e salários.
CRISE MONETÁRIA
O período de retração da oferta e da demanda, de elevação dos custos da 
mão-de-obra e de uma alta sem precedentes nas despesas dos Estados, as 
moedas em circulação tornaram-se de valor intrínseco baixíssimo, o que 
estimulou o entesouramento, e pressionou os preços dos produtos, agríco-
las ou manufaturados, para baixo, configurando uma época de depressão 
acentuada.
Fonte: adaptado de Rezende Filho (2010).
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Conforme Rezende Filho (2010), o resultado foi a desagregação do sistema eco-
nômico feudal (o autor utiliza o termo “funcional” para abordar o sistema feudal), 
não em sua característica acidental, enquanto economia senhorial, mas em sua 
característica essencial, ou seja, o critério de funcionalidade. Houve sua substitui-
ção, enquanto sistema econômico, pela forma alternativa de extração do excedente 
econômico, que sua própria expansão viabilizara: D-M_D’ (dinheiro para com-
pra mercadorias que são revendidas com lucro).
A partir de 1460, observa-se a retomada do crescimento populacional. Essa 
dimensão temporal envolve uma nova dinâmica da economia europeia, que se 
projeta para fora do seu espaço geográfico. Saes e Saes (2013, p. 62) apontam 
que “a expansão comercial e marítima da Europa a partir de meados do século 
XV expressou a reação da sociedade europeia ao impacto da crise feudal do 
século XIV”.
A desorganização do feudalismo foi determinantemente marcada pela Guerra 
dos Cem Anos (1337-1453), a peste bubônica (1348), a fome e as revoltas cam-
ponesas, como consequência houve uma redução na esfera do poder privado 
da nobreza feudal, um enfraquecimento dos laços de servidão, a desurbaniza-
ção e a retração das atividades comerciais que vinham se desenvolvendo desde 
o século XI.
Esse conjunto de transformações estruturou uma nova esfera de poder, que 
possibilitou uma nova linha de reflexão sobre os fenômenos da produção, da 
distribuição e do consumo, ou seja, da atividade econômica. Huberman (2016, 
p. 14) apresenta que As Cruzadas contribuíram para o surgimento das cidades: 
[...] chegou o dia em que o comércio cresceu, e cresceu tanto que afetou 
profundamente toda a vida da Idade Média. O século XI viu o comércio 
evoluir a passos largos; o século XII viu a Europa ocidental transfor-
mar-se em consequência disso.
As Cruzadas levaram novo ímpeto ao comércio. Dezenas de milhares 
de europeus atravessaram o continente por terra e mar para arrebatar 
a Terra Prometida aos muçulmanos. Necessitavam de provisões duran-
te todo o caminho, e os mercadores os acompanhavam a fim de for-
necer-lhes o que precisassem. Os cruzados que regresssavam de suas 
jornadas ao Ocidente traziam com eles o gosto pelas comidas e roupas 
requintadas que tinham visto e experimentado. Sua procura criou um 
mercado para esse produto.
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Algumas antigas cidades do Império 
Romano, que não haviam desapa-
recido durante a Alta Idade Média, 
atraíram novos elementos popu-
lacionais. Maurice Dobb (1983, p. 
55-56) avalia várias hipóteses sobre o 
surgimento das cidades, entre elas a 
de que os próprios senhores feudais, 
em algumas circunstâncias, conce-
deram privilégios a comerciantes que se estabelecessem nos seus domínios para 
servir às necessidades do feudo. Para Saes e Saes (2013, p. 63) qualquer que seja 
a origem das cidades, a maior parte delas se manteve durante algum tempo, sob 
a jurisdição de um senhor, pois as cidades haviam sido formadas em terras de 
domínio feudal. Com o crescimento da população e da riqueza urbana, as cida-
des puderam conquistar autonomia em relação à autoridade feudal.
O crescimento das cidades, bem como consequência o comércio, rompe as 
amarras do feudalismo. A expansão comercial se deu de forma irregular, mas 
contínua nos territórios europeus, entre esses territórios e entre a Europa e o 
leste do Mediterrâneo. Estamos, nesse caso, no tempo dos mercadores. Podemos 
considerar que, a partir da segunda metade do século XV aos meados do século 
XVIII, estamos diante do capitalismo mercantil ou mercantilismo. “O mercanti-
lismo foi tudo menos um ‘sistema’; foi primordialmente um produto das mentes 
de estadistas, de altos funcionários públicos e líderes financeiros e comerciais da 
época” (GRAY, 1948 apud GALBRAITH, 1989, p. 29). 
No ano 900, Veneza já comercializava com Constantinopla, sede do Império 
Bizantino (o Império Romano do Oriente que subsistira à queda de Roma).
Fonte: autora.
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MERCANTILISMO
Houve avanço significativo nos meios de navegação. De modo que o comércio 
intraeuropeu, antes apenas terrestre, deslocou-se para o Atlântico. Por consequên-
cia, dá-se o estímulo fundamental para o desenvolvimento de centros comerciais 
em Portugal, Espanha, Inglaterra, Holanda e França. 
Agora, na era dos mercadores, houve um prodigioso crescimento do 
comércio, tanto a nível local ou quando envolvendo grandes distâncias. 
[...] Navios traziam produtos de terras cada vez mais remotas. Surgiam 
os bancos, primeiro na Itália e depois no norte da Europa. As casas de 
câmbio, onde moedas de diferentes países podem ser pesadas e tro-
cadas, tornaram-se um traço comum da vida comercial. O mercador 
despontou das trevas feudais para tornar-se uma figura distintiva e, se 
fosse suficientemente afluente e operasse numa escala apropriada, bem 
vinda e prestigiada em sociedade. Em toda a Europa, a maior eminên-
cia social ainda pertencia às classes proprietárias, aos descendentes dos 
barões feudais, muitos dos quais ainda guardavam seu instinto peculiar 
para o conflito armado e para a autodestruição dele decorrente. [...] 
Até hoje a arquitetura urbana comercial e residencial mais admirada 
continua sendo a dos mercadores GALBRAITH, 1989, p. 30). 
Nas cidades mercantis, os grandes mercadores não eram só influentes no governo, 
eram o próprio governo. E foram paulatinamente se tornando cada vez mais 
influentes nos novos Estados nacionais. Nesse contexto, de maneira generalizada, 
com a nobreza feudal enfraquecida, organiza-se uma nova forma de governar. 
Apresenta-se a convergência de esferas de poder para a figura de um monarca, 
expressão da unidade do reino. O primeiro instrumento de afirmação da autori-
dade real caracteriza-se pela 
força militar permanente,com poder suficiente para 
promover a ordem interna 
e a defesa dos domínios. No 
entanto, a população estava 
desacreditada em um poder 
que pudesse trazer uma nova 
coesão social. Daí, surge a 
ideia de forças mercenárias. 
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Os exércitos não mais iriam lutar por uma ideologia, e sim objetivando paga-
mento. A necessidade de metais preciosos para remunerar as tropas, que eram o 
sustentáculo do poder real, da ordem interna e da defesa do reino, é fundamental 
para compreender o conjunto das análises e práticas econômicas que surgiram 
nessa etapa inicial da organização do Estado Moderno (GENNARI; OLIVEIRA, 
2009). Algumas características são fundamentais a serem destacadas com rela-
ção ao novo formato de Estado: 
1. força militar permanente; 
2. sistemas centralizados de arrecadação; 
3. burocracia.
O suporte do Estado foi fundamental para a expansão comercial e marítima 
da Europa a partir de meados do século XV. Isso em parte pelo apoio material 
a certos empreendimentos (como o das coroas espanhola e portuguesa para as 
expedições de Colombo e de Cabral em direção ao Novo Mundo e para a expan-
são marítima em geral) e também, sobretudo, pela adoção de medidas de política 
econômica que sustentaram a expansão das economias europeias rumo à cons-
tituição de uma economia mundial.
Figura 8: Padrão dos Descobrimentos (Monument of the Discoveries) em Lisboa, Portugal
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Com o Estado Nacional mais forte, uma situação conflitante se apresenta, 
conforme afirmam Gennari e Oliveira (2009), a moral cristã que é contra os 
juros, por exemplo, e o Estado tem sua demanda financeira. 
Em síntese, estamos diante de um processo no qual a influência dos va-
lores inspirados na moralidade cristã sobre a vida econômica começa-
va a ser ameaçada, de forma irreversível, pelos valores comprometidos 
com o fortalecimento de uma nova forma de poder, o Estado moderno 
(GENNARI; OLIVEIRA, 2009, p. 33).
Em termos econômicos, propriamente, a acumulação de moedas e de metais pre-
ciosos é o que vai definir a arte de governar no mercantilismo. Em linhas gerais, a 
finalidade básica do Estado, no entender mercantilista, deveria ser a de encontrar 
os meios necessários para que o respectivo país adquirisse a maior quantidade 
possível de ouro e prata. Nesse caminho, vários regulamentos foram estabeleci-
dos com o objetivo de disciplinar a indústria e o comércio, impedindo ao máximo 
as importações e favorecendo as exportações. A proposta dos mercantilistas era 
que a balança comercial (exportações menos importações) fosse sempre a mais 
favorável possível. Isso porque, para eles, exportar mais que importar represen-
taria uma compensação em ouro e prata. 
Figura 9 - O papel do Estado
Fonte: autora.
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Para os mercantilistas a riqueza de uma nação estava associada ao montante de ouro 
e prata que ela possuía. Alguns dos primeiros mercantilistas até mesmo acredita-
vam que esses metais preciosos eram o único tipo de riqueza que valia a pena alejar. 
Todos eles valorizavam as barras de ouro e prata como maneira de atingir poder e 
riqueza. Um excesso de exportação de um país era, portanto, necessário para gerar 
pagamentos em moeda forte. Mesmo quando em guerra, as nações exportariam 
bens para o inimigo, desde que os produtos fossem pagos em ouro (BRUE, 2016).
Figura 10 - Período Mercantilista e Período Medieval
Fonte: Iori (2017, p. 65).
O mercantilismo prevaleceu até o início do século XVII, quando ocorreu uma reação 
contra os excessos de absolutismo e das regulamentações. Durante seu predomínio, 
apresentou-se como mercantilismo espanhol, também conhecido por bulionismo, 
mercantilismo inglês e o mercantilismo francês. Conforme quadro abaixo. 
Quadro 5 - Características do mercantilismo
FORMA CARACTERÍSTICA DESCRIÇÃO
mercantilismo espanhol 
(bulionismo) bulionista
Preconizava a proibição da expor-
tação de lingotes de ouro para 
incremento da riqueza.
mercantilismo inglês mercantilismo comercialista
Preconizava o balanço mercantil 
favorável, pelo incentivo às expor-
tações, por meio de contratos de 
importações com cláusula obrigan-
do o país vendedor a adquirir certos 
volumes de mercadorias inglesas.
mercantilismo francês mercantilismo industrialista
Preconiza estimular a indústria 
interna, por meio de monopólios 
estatais. 
Fonte: a autora.
O Feudalismo
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O mercantilismo era um preceito e, por consequência, ação intervencionista que 
se dava entre os Estados Soberanos. Além disso, estendia essas relações aos seus 
respectivos domínios coloniais. À essa relação de dominação político-econômica, 
entre as metrópoles e suas respectivas colônias, deu-se o nome de sistema colo-
nial. Essa organização das metrópoles européias tinha várias formas, afinal os 
espanhóis, portugueses, ingleses ou franceses exerciam seus domínios de maneira 
peculiar. De qualquer modo, o objetivo principal de política mercantilista era 
a promoção do poder do Estado. No sentido de que a colônia desempenhava o 
papel de complementar a economia metropolitana, oferecendo metais preciosos 
ou produtos que reduzissem as importações e incrementassem as exportações 
para outras nações. Em outras palavras, exploravam os metais preciosos da colô-
nia para enriquecer a metrópole, e a cidade central exercia monopólio sobre a 
colônia. 
O sistema era organizado visando transferir a maior parte do lucro co-
mercial e do excedente econômico produzido na colônia para a metró-
pole, potencializando a acumulação da burguesia mercantil e as receitas 
do Estado, que patrocinava a reprodução do sistema. O Estado e o in-
tervencionismo mercantilista constituíam-se, assim, em pressupostos 
de uma política colonialista eficaz. Entretanto, como parte da acumula-
ção proporcionada pela exploração colonial era apropriada pelo Estado 
e empregada na ampliação dos dispositivos naval, militar, burocrático 
e fiscal, o sistema contribuía para incrementar o poder e o intervencio-
nismo estatal, integrando-se plenamente aos objetivos estratégicos da 
política mercantilista (GENNARI; OLIVEIRA, 2009, p. 43).
As políticas portuguesas voltadas para o Brasil, nitidamente, caracterizam-se 
políticas mercantilistas. É bastante claro para nós, caro(a) leitor(a), que o Bra-
sil colônia foi influenciado pelo mercantilismo, o qual obrigava o comércio 
colonial exclusivamente por intermédio das metrópoles. Com a chegada de 
D. João VI ao Brasil foram eliminadas as restrições mercantilistas, permitindo 
a instalação de indústrias nativas e o comércio direto com as demais nações. 
Fonte: autora.
A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E48
Ao examinar a história do capitalismo, Dobb (1983) situa a fase inicial desse 
sistema no período da segunda metade do século XI e início do século XII, na 
Inglaterra. Apresenta-se, nesse momento, uma generalização do grande comércio. 
Sua penetração combinou com o crescimento da produção local, destinada ao mer-
cado com a progressiva substituição das oficinas confiadas aos servos na reserva 
senhorial, para a fabricação de objetos de uso corrente pelas oficinas urbanas. 
A sociedade medieval era predominantemente agrária. A hierarquia social 
era baseada nos laços do indivíduo com a terra e a ordem social que, na íntegra, 
era agrícola. No entanto, os aumentos da produtividade agrícola constituíram

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