Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ROTINAS E CÁLCULO TRABALHISTA AULA 4 Profª Paolla Hauser 2 CONVERSA INICIAL Olá! Bem-vindo novamente à nossa aula de cálculos trabalhistas. Hoje conheceremos as regras de desconto do salário em dias de faltas não justificadas, assim como as regras de ausência do trabalho sem prejuízo salarial previstas na legislação trabalhista. Ainda nesta aula, conversaremos sobre as formas de cálculo de férias e como as faltas podem impactar nos dias de férias do empregado. Por último, falaremos ainda sobre a gratificação natalina, o conhecido 13º salário. Esta aula é cheia de novos conteúdos e regras específicas que devem ser observadas para que o empregador não fique descoberto perante a legislação trabalhista vigente. Tenha uma ótima aula! CONTEXTUALIZANDO Segundo Alcantara (2014), “é claro que a obrigação maior do empregado é cumprir com o acordado, bem como trabalhar dentro dos horários e jornadas preestabelecidos. [...]”. Assim, a legislação brasileira prevê dias de ausência do trabalho, sem prejuízo da remuneração, isto é, sem o desconto do salário do empregado. A permissão da ausência consta em nosso material, devendo o empregador observar o motivo da falta do empregado, para que o mesmo são sofra desconto indevido. Cabe ressaltar também que, em caso de falta ao trabalho, de forma injustificada, o empregador poderá descontar seu dia de salário, mais o descanso remunerado, como vimos na rota anterior. As faltas ainda podem ser contadas para redução dos dias de férias, dependendo da quantidade de faltas durante o período aquisitivo. Para conhecer mais detalhes, veja o link: <http://folhadp.comunidades.net/tabela-faltas-para-ferias>. Pesquise Nossa aula de hoje trata de diversos assuntos importantes para a vida do trabalhador, como os descontos de faltas, as faltas previstas na CLT que não implicam perda de salário, as férias e o 13º salário. Considerando pontos tão importantes na folha de pagamento dos trabalhadores brasileiros, uma reforma trabalhista vem sendo discutida a fim de alterar muitas regras que, por mais que 3 já sejam praticadas, não estão embasadas na legislação. Tais alterações podem ser conhecidas em: <https://www.cartacapital.com.br/politica/reforma- trabalhista-entenda-o-que-muda-para-o-trabalhador>. TEMA 1 – FALTAS JUSTIFICADAS, SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO DO CONTRATO O empregado que faltar ao trabalho, sem justificativa, terá seu dia de trabalho descontado e ainda perderá o descanso remunerado por não ter cumprido integralmente sua jornada da semana. Entretanto, a CLT prevê hipóteses em que o trabalhador poderá deixar de comparecer ao serviço, sem prejuízo do salário, ou seja, não haverá desconto sobre seu salário. O art. 473 da Consolidação das Leis do Trabalho lista as hipóteses em que o empregado poderá se ausentar do trabalho, sem prejuízo do salário, sendo: Até 2 (dois) dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou pessoa que, declarada em sua carteira de trabalho e previdência social, viva sob sua dependência econômica; Até 3 (três) dias consecutivos, em virtude de casamento; Por 5 (cinco) dias, em caso de nascimento de filho no decorrer da primeira semana. Veja matéria sobre a nova licença-paternidade no link <http://www.bemparana.com.br/noticia/431762/nova-licenca-paternidade- beneficia-pequena-parte-de-trabalhadores>. Por um dia, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de doação voluntária de sangue devidamente comprovada; Até 2 (dois) dias, consecutivos ou não, para o fim de se alistar eleitor, nos termos da lei respectiva; No período de tempo em que tiver de cumprir as exigências do Serviço Militar referidas na letra "c" do art. 65 da Lei n. 4.375, de 17 de agosto de 1964 (Lei do Serviço Militar); No período de licença-maternidade ou aborto não criminoso; 4 Afastamento por motivo de doença ou acidente de trabalho nos primeiros 15 dias, comprovado por atestado médico; Nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame vestibular para ingresso em estabelecimento de ensino superior; Pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver que comparecer em juízo; Pelo tempo que se fizer necessário, quando, na qualidade de representante de entidade sindical, estiver participando de reunião oficial de organismo internacional do qual o Brasil seja membro. Essas faltas estão previstas na legislação trabalhista, como justificadas, desta forma, o empregado não poderá ter seu dia descontado, desde que apresente documentação que comprove sua ausência. 1.1 Suspensão e interrupção do contrato Almeida (2009) conceitua a suspensão como a paralisação temporária dos serviços, sendo que o empregado não recebe salários e não há contagem do tempo de serviço. O mesmo autor diz que a interrupção ocorre quando a empresa continua pagando salários ao empregado e o tempo inativo conta como tempo de serviço (Almeida, 2009). Martins (2016) explica que a suspensão do contrato de trabalho ocorrerá: (i) em caso de greve e desde que atendidas as condições da Lei n. 7.783/1989 (art. 7º – veja o que diz a citada lei no site <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7783.htm>); (ii) ocorre também a partir do 16º dia do afastamento em razão de auxílio-doença. Almeida (2009) entende que as faltas injustificadas são casos de suspensão do contrato de trabalho, uma vez que o empregado não terá direito à remuneração desse dia. Já a interrupção do contrato de trabalho ocorre quando (i) das férias; (ii) dos dias de faltas justificadas. No caso de serviço militar, não há remuneração ao empregado que cumpre tal atividade, entretanto, ainda é contado como tempo de serviço, não ficando claro se se trata de interrupção ou suspensão do contrato de trabalho. 5 O art. 471 da CLT prevê que o empregado afastado por suspensão ou interrupção do contrato terá ainda todas as vantagens que, em sua ausência, tenham sido atribuídas à categoria a que pertencia na empresa. Nos contratos por prazo determinado, a suspensão ou interrupção do contrato de trabalho não interferirá na data determinada para o término do referido contrato. TEMA 2 – FÉRIAS NORMAIS Todo empregado terá direito, anualmente, ao gozo de um período de férias, sem prejuízo da remuneração. Assim, depois de cumpridos dozes meses de trabalho, que correspondem ao período aquisitivo, o empregador poderá dar férias ao seu empregado, até o prazo do vencimento do próximo período. Em regra, o empregado tem direito a 30 (trinta) dias de férias, devendo observar o disposto no art. 130 da CLT, o qual estabelece que, após cada período de 12 meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte proporção: 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5 (cinco) vezes; 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 6 (seis) a 14 (quatorze) faltas; 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23 (vinte e três) faltas; 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e quatro) a 32 (trinta e duas) faltas. O empregado que tiver mais de 32 (trinta e duas) faltas sem justificativa no período aquisitivo perderá o direito às férias. Aqueles empregados que apresentam jornada de trabalho em tempo parcial terão direito às férias, após 12 (doze) meses trabalhados, na seguinte proporção: 18 (dezoito) dias, para a duração do trabalho semanal superior a vinte eduas horas, até vinte e cinco horas; 16 (dezesseis) dias, para a duração do trabalho semanal superior a vinte horas, até vinte e duas horas; 6 14 (quatorze) dias, para a duração do trabalho semanal superior a quinze horas, até vinte horas; 12 (doze) dias, para a duração do trabalho semanal superior a dez horas, até quinze horas; 10 (dez) dias, para a duração do trabalho semanal superior a cinco horas, até dez horas; 8 (oito) dias, para a duração do trabalho semanal igual ou inferior a cinco horas. O empregado contratado sob o regime de tempo parcial que tiver mais de 7 (sete) faltas injustificadas ao longo do período aquisitivo terá o seu período de férias reduzido à metade. 2.1 Perda do direito de férias Não terá direito às férias o empregado que, no curso do período aquisitivo: Deixar o emprego e não for readmitido dentro de 60 (sessenta) dias subsequentes à sua saída; Permanecer em gozo de licença, com percepção de salários, por mais de 30 (trinta) dias; Deixar de trabalhar, com percepção do salário, por mais de 30 (trinta) dias, em virtude de paralisação parcial ou total dos serviços da empresa; e Tiver percebido da Previdência Social prestações de acidente de trabalho ou de auxílio-doença por mais de 6 (seis) meses, embora descontínuos (dentro do período aquisitivo). Quando o empregado retornar ao trabalho, após as condições previstas acima, será iniciado um novo período aquisitivo para concessão das férias. 2.2 Período de férias O período de férias pode ser acordado entre empregado e empregador, no entanto, cabe ao segundo determinar a data para início do gozo das férias, não cabendo, nesse caso, escolha por parte do empregado. Importante observar que empregados estudantes, menores de 18 (dezoito) anos, terão direito de coincidir suas férias com as férias escolares. 7 Com relação ao parcelamento das férias, desde que haja concordância do empregado, estas podem ser divididas em até 3 (três) períodos, e um deles dever ser de no mínimo 14 dias corridos, e os demais, não inferiores a 5 (cinco) dias (Lei n. 13.467, 2017). Todos os profissionais, independentemente da idade, podem gozar das férias em 3 (três) períodos. 2.3 Aviso de férias O empregador deverá comunicar por escrito ao empregado, com antecedência de, no mínimo, 30 (trinta) dias, o início de suas férias, podendo utilizar o recibo conforme modelo abaixo: 2.4 Época de concessão de férias As férias são concedidas pelo empregador, em um só período, nos 12 (doze) meses seguintes à data em que o empregado tiver adquirido o direito. O empregado não poderá entrar em gozo de férias, sem que apresente sua carteira de trabalho ao empregador, para que seja anotada a respectiva concessão. Segundo a Lei n. 13.467, as férias não poderão ser concedidas dois dias antes do feriado ou do descanso semanal. Como é feita a contagem do período aquisitivo para concessão das férias? Veja o exemplo a seguir: 8 Considerando que o empregado tenha sido admitido em 02/06/2015, qual é o período que a empresa tem para lhe dar férias? Primeiro vejamos o período aquisitivo desse empregado. Após a sua admissão, serão contados mais 12 (doze) meses. Então, o período aquisitivo para que o mesmo tenha direito às férias é de 02/06/2015 até 01/06/2016. Assim, o período para conceder férias ao empregado, ou seja, período para concessão das férias é de 02/06/2016 até 01/05/2017. Por que até maio e não junho? Porque as férias do empregado precisam terminar até a data do fim do período de concessão, ou seja, até 01/06 esse empregado já deve ter gozado seus 30 (trinta) dias de férias. Isso deve ser observado para que a data não ultrapasse o próximo período do empregado, sendo devidas, caso isso ocorra, férias em dobro. TEMA 3 – REMUNERAÇÃO DAS FÉRIAS Durante as férias, o empregado perceberá a remuneração que lhe for devida na data da sua concessão, acrescida de 1/3 (um terço) sobre o salário. Exemplo Se o empregado tiver um salário mensal de R$ 1.600,00. Qual será o valor das suas férias? Férias R$ 1.600,00 1/3 das férias R$ 533,33 Total das Férias = R$ 2.133,33 Para calcular 1/3 (um terço) de férias, divida o valor integral por 3 (três). 3.1 Férias devidas sobre salário variável − Média Para salários variáveis ou com adicionais (hora extra ou adicional noturno), as férias devem ser calculadas com base em médias. Considere as regras a seguir: Comissões = calcular a média dos últimos 12 meses. Horas extras = calcular a média do período aquisitivo Adicional noturno = calcular a média do período aquisitivo. 9 A média é calculada com o somatório dos rendimentos variáveis dividindo a soma por 12 (doze). Quadro 1: Exemplos de férias com variáveis Meses Comissões Horas Extras Horas Noturnas Março/2014 R$ 800,00 36 h 12 h Abril/2014 R$ 480,00 22 h 15 h Maio/2014 R$ 630,00 30 h 11 h Junho/2014 R$ 550,00 34 h 10 h Julho/2014 R$ 580,00 40 h 14 h Agosto/2014 R$ 610,00 29 h 18 h Setembro/14 R$ 420,00 33 h 16 h Outubro/14 R$ 710,00 28 h 10 h Novembro/14 R$ 760,00 37 h 17 h Dezembro/14 R$ 520,00 41 h 13 h Janeiro/15 R$ 400,00 26 h 11 h Fevereiro/15 R$ 690,00 29 h 17 h Março/15 R$ 930,00 31 h 14 h Abril/15 R$ 880,00 24 h 12 h Maio/15 R$ 640,00 39 h 10 h Para os exemplos de cálculo de férias com médias, será considerada a tabela acima e os critérios a seguir: Admissão: 1º/03/2014 Salário fixo: R$ 1.000,00 Período aquisitivo: 1º/03/2014 a 28/02/2015. Período de gozo das férias: 1º/06/2015 a 30/06/2015. Últimos 12 meses: 06/2014 a 05/2015. Médias sobre Comissão (últimos 12 meses) 550 + 580 + 610 + 420 + 710 + 760 + 520 + 400 + 690 + 930 + 880 + 640 = 7.690 7.690 / 12 = 640,83. Média comissão R$ 640,83 Neste cálculo consideramos os valores de comissão entre os meses de junho de 2014 e maio de 2015, que se referem aos últimos doze meses da data 10 das férias. A soma dos valores foi dividida por 12, chegando-se ao valor de média de comissão a ser paga nas férias. Médias de horas extras (período aquisitivo): 36 + 22 + 30 + 34 + 40 + 29 + 33 + 28 + 37 + 41 + 26 + 29 = 385 385 / 12 = 32,08 32,08 x 6,81* = 218,46 *(1.000 / 220 = 4,54 + 50% = 6,81) Média hora extra R$ 218,46 Neste cálculo consideramos as horas extras realizadas entre os meses de março de 2014 a fevereiro de 2015, que se referem ao período aquisitivo para as férias. Veja que aqui somamos as horas extras feitas durante o período. O total de horas foi dividido por 12. O primeiro valor encontrado refere-se ao salário hora atual do empregado (atual é o salário da data da concessão das férias, e não o salário do período da hora extraordinária). Neste caso, multiplicamos a hora encontrada por 50% e multiplicamos pelo total da média de hora extra. Médias de horas noturnas (período aquisitivo) 12 + 15 + 11 + 10 + 14 + 18 + 16 + 10 + 17 + 13 + 11 + 17= 164 164 / 12 = 13,67 13,67 x 0,91* = 12,43 *(1.000 / 220 = 4,54 x 20% = 0,91) Média hora noturna - R$ 12,43 Nesse cálculo consideramos as horas noturnas realizadas entre os meses de março de 2014 e fevereiro de 2015, que se refere ao período aquisitivo para as férias. Veja que aqui somamos as horas extras feitas durante o período. O total de horas foi dividido por 12. O total de horas noturnas encontradas foi multiplicado por 0,91, que se refere ao valor do adicional noturno de 20% sobre o valor do salário hora. TEMA 4 – DOBRA DE FÉRIAS, ABONO PECUNIÁRIO E FÉRIAS COLETIVAS Quando as férias forem concedidas após o vencimentodo período concessivo, o empregador deverá pagá-las em dobro. Significa que o empregado irá receber duas vezes o valor das férias. Porém, somente a remuneração das férias, não sendo aplicada a dobra sobre os dias de gozo. Exemplo de férias em dobro 11 O empregado deveria usufruir suas férias até 01/05/2016, porém você só concedeu as férias em 01/07/2016. Qual será o valor devido de férias, com salário de R$ 1.600,00? Férias normais – R$ 1.600,00 1/3 de Férias – R$ 533,33 (1.600,00 / 3) Férias dobradas – R$ 1.600,00 1/3 férias dobradas – R$ 533,33 (1.600,00 / 3) Total bruto das férias = R$ 4.266,66 4.1 Abono pecuniário de férias Abono pecuniário é a conhecida venda das férias. É facultado ao empregado converter 1/3 (um terço) do período de férias a que tiver direito em abono pecuniário, ou seja, poderá o empregado vender 10 (dez) dias de suas férias, quando tiver direito a 30 (trinta) dias. Nota-se aqui que, se o empregado tiver menos de 30 (trinta) dias de férias, não poderá vender 10 (dez), devendo fazer a proporção sobre os dias de direito. Desta forma, os dias “vendidos” serão: Para 30 (trinta) dias de férias, poderá vender 10 (dez) dias, gozando 20 (vinte) dias de férias; Para 24 (vinte e quatro) dias de férias, poderá vender 8 (oito) dias, gozando 16 (dezesseis) dias de férias; Para 18 (dezoito) dias de férias, poderá vender 6 (seis) dias, gozando 12 (doze) dias de férias; Para 12 (doze) dias de férias, poderá vender 4 (quatro) dias, gozando 8 (oito) dias de férias. O abono de férias deverá ser requerido até 15 (quinze) dias antes do término do período aquisitivo. Os empregados que trabalham sob regime de tempo parcial não têm direito ao abono pecuniário. Exemplo de férias com abono pecuniário: Considerando que o empregado tenha “vendido” 10 (dez) dias de suas de férias, qual será o valor que a receber, considerando que seu salário é de R$ 1.500,00? 12 Salário / 30 x 20 para cálculo das férias: R$ 1.500 / 30 = 50 x 20 = R$ 1.000,00 + R$ 333,33 (1/3) = R$ 1.333,33 Salário / 30 x 10 para cálculo do abono: R$ 1.500 / 30 = 50 x 10 = R$ 500,00 + R$ 166,67 (1/3) = R$ 666,67 No recibo de férias, constará: Férias 20 dias – R$ 1.000,00 1/3 sobre as férias – R$ 333,33 Abono pecuniário 10 dias – R$ 500,00 1/3 sobre abono pecuniário – R$ 166,67 Total das férias – R$ 2.000,00 4.2 Férias coletivas Conforme previsto no art. 139 da CLT, as férias coletivas são aquelas concedidas a todos os empregados de uma empresa ou de determinados estabelecimentos ou setores da empresa. Podem ser gozadas em até 2 (dois) períodos anuais, desde que nenhum seja inferior a 10 (dez) dias corridos. O empregador deverá comunicar as férias coletivas ao Ministério do Trabalho e enviar cópia aos sindicatos representativos da respectiva categoria profissional com antecedência mínima de 15 dias, devendo mencionar as datas de início e fim das férias. A comunicação aos empregados será por meio de afixação de aviso, em local visível do estabelecimento, obedecendo ao prazo de 15 (quinze) dias antes do início das férias coletivas. Os empregados contratados há menos de 12 (doze) meses gozarão, na oportunidade, as férias proporcionais, iniciando-se novo período aquisitivo que será o primeiro dia de gozo das férias coletivas. Se as férias proporcionais forem inferiores às férias coletivas, o empregado não fará jus a todo o período de férias coletivas, no entanto, será concedida licença remunerada para os dias além do direito. 13 4.3 Prazo para pagamento das férias O pagamento da remuneração das férias e do abono pecuniário deve ser realizado até 2 (dois) dias antes do início do seu gozo, conforme determinação no art. 145 da CLT. Alguns empregados optam por receber a primeira parcela do 13º salário junto das férias. Para isso, deverá o empregado fazer o pedido, por escrito, no mês de janeiro, desde que suas férias ocorram a partir do mês de fevereiro. As férias devem ser pagas mediante recibo, podendo ser utilizado o modelo conforme segue. 14 TEMA 5 – GRATIFICAÇÃO NATALINA (13º SALÁRIO) O décimo terceiro salário, também chamado de gratificação natalina, foi instituído pela Lei n. 4.090, de 1962, que previa que o pagamento do 13º salário era feito em uma única parcela, no mês de dezembro. Em 1965, a Lei n. 4.749 determinou que, entre os meses de fevereiro e novembro de cada ano, o empregador deverá pagar, a título de adiantamento, o 13º salário, sendo a metade do salário recebida pelo empregado no mês anterior. Em 3 de novembro de 1965, essas leis foram regulamentadas pelo Decreto nº 57.155/1965. Fazem jus ao pagamento do 13º salário o trabalhador urbano, o rural, o trabalhador avulso e o doméstico. O 13º salário deve ser pago em 2 (duas) parcelas, sendo a 1ª parcela paga entre os meses de fevereiro e novembro e a 2ª parcela, até 20 de dezembro. A 1ª parcela do 13º salário deve ser paga até o dia 30 de novembro e pode ser paga junto com as férias do empregado, desde que este solicite tal condição, ainda no mês de janeiro. Os empregados admitidos até 17 de janeiro receberão 50% do salário. Sobre essa parcela, não há incidência de INSS nem de Imposto de Renda, no entanto, esses encargos serão descontados no momento do pagamento da 2ª parcela, sobre o valor total do 13º salário. Para os empregados admitidos após 17 de janeiro, o 13º será pago proporcionalmente aos avos de direito, conforme o número de meses de atividade dentro da empresa, considerando que o mês em que o empregado tenha trabalhado mais de 15 (quinze) dias será considerado como mês cheio para pagamento da gratificação natalina. 5.1 Remuneração do 13º salário O 13º salário corresponde a 1/12 da remuneração do empregado por mês de serviço durante o respectivo ano, observando que a fração igual ou superior a 15 (quinze) dias de trabalho será considerada como mês integral. Exemplo de cálculo: 15 Considerando que o empregado tenha 12 (doze) meses de atividade na empresa e percebe um salário de R$ 3.000,00. Em novembro o valor da 1ª parcela do 13º será: R$ 3.000 x 50% = R$ 1.500,00 Em dezembro, o valor da 2ª parcela será: 13º Salário = R$ 3.000,00 (-) Adiantamento 1ª Parcela (R$ 1.500,00) 13º salário bruto de dezembro R$ 1.500,00 Lembrando que sobre o 13º salário devem ser calculados os encargos de INSS e IRRF somente na segunda parcela. Exemplo para empregado admitido dentro do ano: Como fica o valor do 13º salário, para um empregado que tenha sido admitido em 10/04/2016, com salário de R$ 2.000,00? Em novembro o valor da 1ª parcela do 13º será: R$ 2.000 / 12 = R$ 166,67 R$ 166,67 x 8 = R$ 1.333,34 R$ 1.333,34 x 50% = R$ 666,67 Neste exemplo, o mês de abril será considerado para cálculo do 13º salário, uma vez que o empregado teria mais de 15 (quinze) dias trabalhados no mês. Como a 1ª parcela é paga em novembro, a soma dos meses deve ser de abril a novembro (para este caso), desta forma, temos 8 (oito) meses de atividade. Já em dezembro, o valor da 2ª parcela será: R$ 2.000,00 / 12 = R$ 166,67 R$ 166,67 x 9 = R$ 1.500,00 13º Salário = R$ 1.500,00 (-) Adiantamento 1ª Parcela (R$ 666,67) Total bruto do 13º salário em dezembro: R$ 833,33. 16 5.2 Salário variável Para os empregados que possuem rendimentos variáveis, como comissão ou horas extras, por exemplo, deverá ser calculado o 13º com base nas médias, assim como o cálculo para pagamento das férias, no entanto, as médias para13º sempre serão a soma dos rendimentos do ano calendário (janeiro até o mês anterior ao do pagamento). Desta forma, esses empregados podem ter direito a uma “terceira parcela”, pois, como o pagamento do 13º salário deve ser realizado até o dia 20 (vinte) de dezembro, torna-se impossível o empregador utilizar o rendimento variável do mês de dezembro para composição das médias, devendo, neste caso, ser refeito o cálculo em janeiro, e efetuar o pagamento da diferença junto com o pagamento do salário do mês. 5.3 Recibo de pagamento do 13º salário O pagamento de cada uma das duas parcelas do 13º salário deve ser efetuado mediante recibo de pagamento, separado do salário mensal. TROCANDO IDEIAS Leia o material disponível em: <http://www.jb.com.br/pais/noticias/2017/04/23/reforma-trabalhista-deputados- e-juristas-combatem-projeto-de-mudanca-da-clt/> e dê sua opinião em nosso 17 Fórum acerca da reforma trabalhista. O que você acha das mudanças propostas? NA PRÁTICA Considerando que você seja empregador de uma pessoa física que trabalhou 12 (doze) meses, isso significa que ela já tem direito a férias, e você já esteja providenciando a data para início do gozo das férias. Porém, ao analisar o cartão ponto do empregado, você identifica que ele possui 7 (sete) faltas injustificadas no período aquisitivo. Quantos dias de férias você dará a seu empregado? E qual será o valor a ser pago, considerando que o salário dele é de R$ 3.000,00? Conforme legislação vigente, o empregado com mais de 5 (cinco) faltas, até 14 (quatorze), terá direito a 24 (vinte e quatro) dias de férias. O cálculo das férias será: Férias = R$ 3.000 / 30 = R$ 100,00 R$ 100 x 24 = R$ 2.400,00 1/3 de férias = R$ 800,00 (R$ 2.400 / 3) Total bruto das férias = R$ 3.200,00 FINALIZANDO Prezado aluno, nesta aula tratamos das regras sobre faltas, férias e 13º salário. Muitas empresas têm a política de não descontar os dias de falta, tampouco reduzir os dias de férias devido a faltas não justificadas. Por isso, você, como responsável pela elaboração dos cálculos trabalhistas, deve conhecer as regras internas de cada empresa que presta serviços. É importante dizer também que a redução dos dias de férias somente poderá ocorrer se tiver havido desconto de faltas na folha de pagamento. Conhecemos também as regras de pagamento das férias e do 13º para salários variáveis de comissão, hora extra e horas noturnas. Não se esqueça de prestar atenção às datas de saída de férias e do 13º salário, para que o pagamento das verbas seja feito dentro do prazo legal. E fique muito atento às mudanças previstas pela reforma trabalhista. Mantenha-se sempre atualizado! Bons estudos e até mais. 18 REFERÊNCIAS ALCANTARA, S. A. Legislação trabalhista e rotinas trabalhistas. Curitiba: InterSaberes, 2014. ALMEIDA, A. L. P. de. Direito do trabalho. 6. ed. São Paulo: Rideel, 2009. BRASIL. Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 25 out. 2017. _____. Lei n. 11.788, de 25 de setembro de 2008. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11788.htm>. Acesso em: 22 out. 2017. _____. Lei n. 6.019, de 3 de janeiro de 1974. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/L6019.htm>. Acesso em: 22 out. 2017. _____. Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017. Disponível em: <http://legis.senado.leg.br/legislacao/ListaTextoSigen.action?norma=17728053 &id=17728058&idBinario=17728664&mime=application/rtf>. Acesso em: 22 out. 2017. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Disponível em: <http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/pesquisas/BuscaPorTituloResultado.j sf>. Acesso em: 22 out. 2017. FABRETTI, L. C. Contabilidade tributária. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2013. FAVERO, H. L. et al. Contabilidade: teoria e prática. 1. ed. 3. trim. São Paulo: Atlas, 1997. FERRARI, E. L. Contabilidade geral: teoria e 1.000 questões. 12. ed. rev. Niterói: Impetus, 2012. GOMES, Elizeu Domingues. Rotinas trabalhistas e previdenciárias. 13. ed. Belo Horizonte: Líder, 2013. GONÇALVES, G. Resumo prático de cálculos trabalhistas. 1. ed. 5. trim. Curitiba: Juruá, 2007. LEMES, Emerson Costa. Manual dos cálculos previdenciários: benefícios e revisões. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2012. 19 MARTINS, S. P. Manual de Direito do Trabalho. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. MASSAMBANI, V. Resumo de Previdência Social. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2013. NASCIMENTO, A. M. Iniciação ao Direito do Trabalho. 32. ed. São Paulo: LTr, 2006.
Compartilhar