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TERAPIA NUTRICIONAL NO DIABETES MELLITUS Profª Nathalia Scrafide % VET da dieta Década HC PTN LIP 1900 “jejum” 1920 20 10 70 1950 40 20 30 1970 45 20 35 1980 < 60 15 a 20 <30 1990 individual 10 a 20 <30 + < 10 saturada HISTÓRICO DIABETES MELLITUS • Síndrome de etiologia múltipla decorrente da falta absoluta de insulina e/ou da incapacidade da insulina exercer adequadamente seus efeitos; • Causa alterações no metabolismo dos carboidratos, lipídeos e proteínas; • Caracteriza-se por hiperglicemia crônica. OBJETIVOS - Manter ou recuperar estado nutricional em adultos; - Promover pleno crescimento e desenvolvimento em crianças e adolescentes; - Manter níveis de glicose sanguínea apropriados; - Reduzir e/ou eliminar a terapia de insulina endógeno e/ou hipoglicemiantes; - Prevenir complicações secundárias. NÍVEL DE ASSISTÊNCIA Primária Secundária Terciária Suscetibilidade genética Hipergilcemia Hiperglicemia Fatores de risco associados Sem complicações Complicações Uso ou não de insulina Uso de insulina AVALIAÇÃO NUTRICIONAL Histórico dietético Avaliação da ingestão habitual e atual – macro e micro nutrientes Seleção de alimentos Horário das refeições Hábitos alimentares dentro e fora de casa Antropometria Histórico de peso e suas relações (PH e PA) IMC/ Circunferência abdominal Bioquímica Glicemia Hemoglobina glicosilada (reflete o nível médio de glicose nos últimos 3 meses. valor ref: 4,5 a 5,6%) Lipídios séricos Função renal e cardíaca CARACTERÍSTICAS DA DIETA Consistência – geral e adaptada às condições específicas Fracionamento - 4 a 6 refeições ao dia – melhor controle glicemia e insulinemia. Corresponder à ação da insulina. Energia DM tipo 1 Eutrofia – manutenção Desnutrição – recuperação DM tipo 2 Sobrepeso e obesidade de 5 a 10 kg = melhora níveis de glicemia, lipídios séricos e pressão arterial de 250 a 500 Kcal/dia na ingestão habitual = peso gradual e duradoura Recomendação SBD: 20 a 25 kcal / kg – IMC > 25 kg/ m2 25 a 30 kcal/ kg – IMC 18,5 e 24,9 kg/ m2 30 a 35 kcal / kg – IMC < 18,5 kg/ m2 GEB (Harris- Benedict) X FA X FI x FT OBS: considerar sexo, faixa etária, estado nutricional e atividade física Proteína 10 a 15% do VET 0,8 a 1,2 g de proteínas/ kg/ dia restrição nas nefropatias ( 0,6 g/kg/dia) Fonte: origem mista (animal e vegetal) Lipídios 25 - 35% VET < 7% saturada – manteiga, banha, creme de leite, gema de ovo, “leite de coco” etc. < 10% poliinsaturada – milho, soja, girassol até 20% monoinsaturada – canola, oliva colesterol – 200 mg Fonte: preferir alimentos de baixo teor gorduras e evitar preparações gordurosas Hidratos de carbono Seleção: 1º quantidade e 2º qualidade 50 a 60% do VET 5 a 10% do VET HC simples – frutose, sacarose e lactose Sacarose: pode ser introduzida no plano alimentar de paciente “controlados” deve compor a dieta como substituto, em grama, de outros HC. Frutose e lactose: frutas e leite apresentam índice glicêmico apropriado, principalmente quando consumidos com outros alimentos. Em 1981, Jenkins et al definiram um índice designado a descrever o efeito que o carboidrato do alimento produziria uma área abaixo da curva da glicemia durante 2 horas depois do consumo de uma porção de 50 gs de carboidrato = medida do potencial glicêmico pós- prandia do carboidrato ou índice glicêmico (IG). • Aumento da área sob a curva de glicemia produzida por uma quantidade padrão de carboidrato no alimento, referente ao aumento da área produzida pela mesma quantidade de carboidrato de uma fonte padrão, usualmente o pão branco ou glicose. Preferir alimentos e preparações de baixo índice glicêmico e baixa carga glicêmica. glicemia insulina pós prandial glicemia horm contra regulatórios intolerância à glicose hiperinsulinemia resistência insulina AG livres (exaustão cel ) ( fome por energia) Mecanismo para desenvolvimento do diabetes em indivíduos que consomem alimentos com alto IG: Com o passar dos anos, indivíduos que consomem dietas de alto IG podem apresentar um permanente aumento dos hormônios contra-regulatórios da insulina, ocasionando uma elevação dos ácidos graxos livres circulantes por ativação da lipase hormônio sensível. Com esse aumento da demanda insulínica e consequente exaustão das células beta, ocorre uma diminuição da insulinização celular e resistência à insulina, que pode ser exacerbada quanto maior for o IG da dieta associado a genética, estresse e ao sedentarismo, levando ao diabetes. IG = resposta glicêmica do alimento x padrão (por ex: pão branco 100%) Fatores IG = fibras, proteínas, gorduras, amido resistente refeições mistas. CG = total de HC do alimento x IG (combinação da qualidade e quantidade)/100 Considerar HC total – por ex: cenoura IG e HC total = CG uso seguro. Alimentos CG = AG sérico pós prandial. OBS: Sugestão: leitura de artigos específicos sobre o tema Terapia nutricional enteral para o diabético descompensado Dietas ricas em gorduras monoinsaturadas, pobres em carboidratos e rica em fibras melhoram a resposta glicêmica e metabólica de pacientes diabéticos. Objetivo é uma dieta de IG e CG. Contagem de carboidratos: Método de terapia nutricional para DM – principalmente tipo 1 c/ doses múltiplas de insulina ou bomba de infusão Método 1º Estabelecer a relação inicial de insulina/alimento = bolus de refeição gramas de HC das refeições ( 15 gramas de HC) x 1 UI 50 kg = 1 UI x 15 g 60 kg = 1 UI x 14 g depende das sensibilidade à insulina 70 kg = 1 UI x 12 g 2º Análise da ingestão habitual de HC (gramas) total por refeição e do dia de todos os alimentos = análise quantitativa. Recomenda-se descontar o total de fibra do alimento quando > 5 g de fibra/porção 3º Definição da dosagem de insulina – médico e nutricionista 4º Definir e orientar as substituições, por ex: 1 maçã = ½ pão francês = 1 copo de leite 15 g de HC 5º Orientar a dosagem de insulina por refeição, por ex: Lanche: 3 unidades de biscoito passatempo sem recheio = 15 g de HC 1 toddynho = 30 g de HC Dose de insulina = 45 gramas de HC 3 UI OBS : Sugestão leitura de artigos específicos sobre o tema. Exemplo: Obs:1 unidade de insulina (rápida ou ultra-rápida) para 15 gramas de carboidrato. Para 19 gramas de carboidrato, utiliza-se 1,2UI insulina. Substituição de Carboidratos (ou Lista de Equivalentes) Fibra 20 a 35 gramas de fibra alimentar total (solúvel e insolúvel) solúvel - absorção de HC e lipídios séricos dieta rica em leguminosas, frutas, hortaliças e aveia Vitaminas e minerais RDA para idade e sexo Considerar necessidades especiais na vigência de patologias associadas Estuda-se o benefício do uso de suplementos de antioxidantes Cr e Mg parecem melhorar a captação de glicose – suplementar na deficiência. Eletrólitos Sensibilidade ao sódio ??? Sódio 2400 a 3000 mg/dia Hipertensão < 2400 mg/ dia Hipertensão + nefropatia - < 2000 mg/dia Álcool Máximo de 2 doses homens e 1 dose mulheres 330 ml de cerveja (1 lata) = 150 ml de vinho = 40 ml de destilados álcool inibe a neoglicogênese hipoglicemia ingestão associadacom alimentos = oferta de glicose Adoçantes não nutritivos alimentos diet industrializados: com ou sem redução de calorias - desencorajar o uso (principalmente no DM tipo 2 + obesidade) aspartame, ciclamato, sacarina, acessulfame K, stévia, sucralose – não calóricos. Aspartame, ciclamato e sacarina – destruídos pelo calor Adoçantes nutritivos frutose – calórica (4kcal/g), eleva o LDL colesterol, recomenda-se < 20% VET mel, xarope de milho, melaço, maltose, dextrose – não existe vantagem significativa quando comparados à resposta glicêmica da sacarose. sorbitol, manitol e xilitol – resposta glicêmica inferior à sacarose, apresentam 2 Kcal/g e podem ter efeito laxativo. OBS: evitar a utilização de apenas um tipo. O PLANO ALIMENTAR DO DIABÉTICO PODE E DEVE SEGUIR AS RECOMENDAÇÕES DO GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO EM GERAL!!! PIRÂMIDE ALIMENTAR Exemplo: Em refeições mistas, basta somar as unidades de insulina propostas para cada alimento e aplicar. Para exemplificar: 1 pão francês de 50g contém 28 g de carboidratos + 1 copo de leite com achocolatado contém 32 g de carboidratos = 60g de carboidratos. Se a relação insulina/carboidrato desta pessoa fosse 1U/15g ele deveria aplicar 4 unidades para essa refeição. Como regra geral, a relação insulina/carboidrato de adultos é de 1 unidade de insulina para cada 15g de carboidratos, portanto 1UI / 15g. Já em crianças esta relação fica em torno de 1UI / 20 a 30g CHO. Estes resultados podem variar muito dependendo do peso corporal, resistência a insulina, atividade física, uso de medicamentos e até mesmo do horário do dia. Recomendações Internacionais para o Controle Nutricional do Diabetes Instituição/Ano Macronutrientes (% de energia) Qualidade de CH (% de energia) Qualidade do lipídio Fibra da dieta Colesterol AEED (2000) Assoc. Européia para o Estudo do Diabetes 45-60% carboidrato 10-20% proteína 25-35% lipídio (60-70% CH+AG mono) Baixo IG <7-105 AG sat < 10% AG poli Baixo em AG trans Alta em fibras < 300mg ACD (2000) Assoc. Canadense de Diabetes 50-60% CH 15% proteína <= 30% lipídio Baixo IG <= 10% AG sat <= 10% AG poli 25-35g no total __ DA (2001) Diabetes Austrália Alta quantidade de CH < 30% lipídio Baixo IG < 10% AG sat Alta em fibras __ ADA (2002) 60-70% CH + AG mono 15-20% proteína <= 10% de sacarose < 7- 10% AG sat 10% AG poli __ < 200 – 300mg Diabetes UK (2003) Diabetes –Reino Unido 45-60% CH <= 1g de prot/Kg/dia <35%lipídio (60-70% CH+AGmono) Baixo IG <= 10% de sacarose < 10% AG sat+trans 10-20% AG mono <10% AG poli __ __ Material EXTRA Fita de Leitura Visual para Cetonúria (cetona na urina) Aumento da concentração de corpos cetônicos (acetoacetato, b-hidroxibutirato e acetona) no sangue (cetonemia) ultrapassam o limiar renal provocando o aparecimento na urina (cetonúria). O acúmulo destes compostos no sangue levam à cetoacidose (acidose metabólica) que pode ser fatal quando não compensada. O principal método de dosagem é a utilização do nitroprussiato de sódio (Reativo de Rotera) nas fitas reagentes. Algumas fitas de cetonas também medem a glicose . Os níveis de cetonas não são lidos em unidades exatas de glicose, por isso há um gráfico ao lado do frasco que lê de zero e traços a pequeno, moderado e grande. Algumas marcas mostram apenas sinais de +. A cetona pode aparecer na urina por diversos motivos: * Alimentação insuficiente (costuma ser chamada de cetose de jejum e geralmente acontece quando as refeições são muito restritas em calorias) * Hipoglicemia ou baixos níveis de glicose no sangue (na ausência de glicose, o organismo transforma gordura em glicose) * Hiperglicemia ou altos níveis de glicose no sangue (glicemia elevada é sinal de falta de insulina para o transporte da glicose até as células. O organismo transforma a gordura porque não consegue usar a glicose do sangue) * Doença * Falta de insulina * Efeito dos hormônios masculinos Lancetas A lanceta é uma espécie de agulha utilizada para furar o dedo que será usado para coletar o sangue para medir o nível de glicemia. Muitos medidores de glicemia são acompanhados de lancetas e um dispositivo para usá- las. Outros possuem a lanceta dentro do próprio aparelho. A lanceta mais moderna do mercado utiliza um raio laser minúsculo para obter a amostra de sangue. Lancetador Bomba de Insulina As bombas de insulina são miniaturas computadorizadas, têm o tamanho de um pager e podem ser usados no cinto ou no bolso do casaco. A bomba envia uma quantidade medida e constante de insulina através de um tubo plástico flexível para uma pequena agulha que fica inserida na pele e selada com uma fita adesiva. Este modo de liberar insulina chama-se infusão subcutânea contínua de insulina (ISCI). Ao seu comando, a bomba também pode enviar um reforço ao organismo, caso necessário, como logo antes das refeições para ajustar a glicemia que seguirá com a digestão. O equipamento apita se entupir, informa quando as pilhas estão com pouca carga e pode-se programá-la para mudar a quantidade de insulina a ser bombeada de acordo com o próprio metabolismo. Porém, elas não são totalmente seguras. Embora sejam capazes de alertar no caso de um entupimento, não consegue detectar um fluxo lento. É necessário estar sempre monitorando a glicemia. Tubo de infusão Este dispositivo reduz o número de espetadas na pele. Com uma agulha especial de cateter, o tubo de infusão é inserido no local da aplicação e pode ficar ali por até três dias. A insulina é injetada em um tubo especial que se fecha automaticamente após cada entrada da agulha. O risco de infecção é mais alto, por isso é preciso mais atenção quanto à esterilização. Injetores Um injetor automático aplica a agulha na pele sem dor. Alguns injetam a insulina automaticamente quando a agulha atravessa a pele. Outros exigem que se pressione o cilindro. O injetor automático é útil se a pessoa tem artrite ou outro problema que a impeça de segurar a injeção com firmeza. Caso tenha medo de se aplicar ou tenha medo de ver agulhas. Têm sido menos utilizados atualmente, devido às alterações na absorção da insulina. Caneta Estas seringas têm a mesma aparência de uma caneta de tinta. Em vez de uma pena, elas apresentam uma agulha descartável. E no lugar da carga de tinta, há uma carga de insulina. Elas são populares devido à conveniência e precisão de dosagem. Não é preciso se preocupar em encher seringas ou carregá-las quando se está distante de casa. Insulina inalada É uma insulina humana em pó, inalável e de ação rápida, utilizada antes das refeições. Ela é inalada pela boca e absorvida pelos pulmões, por meio de um aparelho de fácil manuseio que não requer eletricidade nem bateria. Este sistema de aerosol usa insulina de ação rápida. ESTUDO DE CASO 1- E.S., sexo masculino, 45 anos, é diabético descompensado e hipertenso. Há 2 meses está evoluindo quandro de edema em mmii, febril. Exames bioquímicos: hemoglobina 15,7 g/dL (12 – 16g/dL), hematócrito 47% (42 – 54%), leucócitos – 8700/mm3 ( 4500 – 10.000/mm3), glicemia 478 mg/dL (70-110 mg/dL). Conduta hospitalar: dieta hipossódica para DM Antropometria: E=1,60m , P atual= 55,5 kg Questões: a- Calcule o VET, IMC e classifique. b- Quais são as características da dieta (%, g/kg proteina, kcal macronutrientes).2- A.V., 36 anos, sexo fem. Foi diagnosticada há 8 anos como portadora de DM insulino dependente, sendo acompanhada no ambulatório de nutrição. Utiliza 40 UI de insulina pela manhã e 10 UI à noite. Vem apresentando às 10 hs suores frios, tontura, melhorando com a ingestão de sucos, sendo diagnosticada com hipoglicemia. Antropometria: E= 1,60; P atual= 50Kg a- Qual refeição que a paciente não pode deixar de fazer para evitar a hipoglicemia? b- Calcule o VET e % macronutrientes. c- Se a paciente fizer a contagem de CH, como você orientaria?