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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● MICROBIOLOGIA 1 www.medresumos.com.br SALMONELOSES A salmonelose é definida por qualquer infecção alimentar causada por bactérias do gênero Salmonella, transmitida por água ou alimentos. Causa diarreia intensa e outros sintomas abdominais. Afeta mais frequentemente crianças pequenas e idosos. Coloniza quase todos os animais domésticos, mas especialmente aves, e é ingerida em comida ou água contaminada. Os ovos e carne de aves mal cozidos são as fontes mais comuns da infecção. Nas crianças pequenas a transmissão fecal oral direta de outra criança infectada é uma forma de transmissão frequente. MORFOLOGIA E CARACTERÍSTICAS GERAIS DA SALMONELA As salmonelas apresentam características semelhantes às descritas para a família Enterobacteriaceae. Entretanto, ao contrário de muita delas e em comum com outras, as salmonelas mais importantes clinicamente não fermentam lactose. As salmonelas infectam o homem e praticamente todos os animais domésticos e selvagens, incluindo pássaros, répteis e insetos. No homem, as salmonelas causam vários tipos de infecção, e as mais comuns são a gastroenterite e a febre tifoide. O gênero Salmonella apresenta espécies caracterizadas por serem bacilos Gram-negativos, não produtores de esporos (o que significa que morrem a fervura). São seres anaeróbios facultativos, produtores de H2S (gás sulfídrico, característico pelo odor de “ovo podre”) e, por apresentarem flagelos, são considerados móveis. Crescem em meios de cultura simples, tanto em meios seletivos quanto nos demais. Em decorrência da presença desse gás sulfídrico, os meios que apresentam crescimento de salmonela demonstram-se com uma coloração escura. Quanto à sua estrutura antigênica, a bactéria é capsulada. É possível, então, encontrar antígenos de superfície nas cápsulas, da membrana e nos flagelos. A presença destes antígenos desencadeia uma resposta imunológica com uma grande expressão de eosinófilos (os quais podem ser encontrados nas pesquisas sorológicas). Os antígenos somáticos (O) são constituídos de lipopolisacarídeos (LPS), que pode ser considerado um fator de virulência porque parece proteger a bactéria da ação letal de defensinas e também do complemento. Esses LPS estão ligados à manifestação da febre nos indivíduos acometidos. Antígenos flagelares (H) Antígenos capsulares (Vi): consiste no principal antígeno de superfície de S. typhi, protegendo a bactéria dos mecanismos de imunidade inata do hospedeiro (impede a opsonização e ação do sistema complemento). CLASSIFICAÇÃO SOROLÓGICA DAS SALMONELAS De acordo com a prevalência dos subtipos dos antígenos presentes na superfície das salmonelas, podem ser classificadas como: SOROTIPO GRUPO ANTÍGENO O ANTÍGENO H S. parathyphi A A 1, 2, 12 a S. parathyphi B B 1, 4, 5, 12 b S. typhimurium 1, 4, 5, 12 i S. cholerasuis C1 6, 7 c S. typhi D1 9, 12, Vi d Para os humanos, as salmonelas de maior importância clínca são: Salmonella typhi, S. cholereasuis, S. paratyphi A e S.paratyphi B. PATOGENIA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Febre tifoide: é uma infecção sistemica causada pela S. typhi, que se inicia na mucosa intestinal e progride para nível sistêmico. O homem é o único reservatório, sendo, portanto disseminada pela água e alimentos contaminados com fezes humanas ou pelo contato direto entre os portadores – porém, seja qual for a origem, a Arlindo Ugulino Netto. MICROBIOLOGIA 2016 Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● MICROBIOLOGIA 2 www.medresumos.com.br única porta de entrada é a via digestiva. Essa bactéria se instala e coloniza o epilélio intestinal. Após isso, ela chega a atravessar a barreira epitelial e a lâmina própria, alcançando assim a corrente linfática e, por meio dela, chega a corrente sanguínea, na qual se multiplica e gera uma sepsemia, que atinge órgãos como fígado, baço, vesícula biliar, etc, culminando assim em uma infecção sistêmica. Sintomas: febre alta, diarreia e vômito. Lesões: necrose do tecido linfoide, hepatite, inflamação da vesícula biliar e pulmões. Tratamento: tratamento com quimioterápicos antimicrobianos. Entretanto, o indivíduo tratado e aparentemente curado deve ser avaliado e acompanhado rotineiramente por cerca de um ano uma vez que ele continuará servindo como um reservatório da salmonela. Essa condição se explica no fato de que essa salmonela tem uma grande afinidade por tecidos gordurosos, se instalando, por exemplo, na vesícula biliar. A medida que a bile é lançada na luz intestinal, o indivíduo continua capaz de disseminar essa patologia. Febres entéricas: são produzidas pelas salmonelas S. paratyphi A, S. paratyphi B, S. paratyphi C. Apesar de realizarem septicemia (vão se multiplicar na corrente sanguínea), elas não vão trazer um caráter patogênico tão grave quanto a S. typhi. Sintomas: septicemia, febre, diarreia e vômito. Enterocolites: tem como agente etiológico a S. typhimurium, cujo período de incubação leva cerca de 8 a 48h. Após a ingestão e a incubação, o indivíduo apresenta como sintomas náuseas, cefaleia e diarreia profusa, que podem facilmente ser tratadas com o uso de soro caseiro. Durante as lesões inflamatórias em nível intestinal, ocorre uma grande liberação de prostaglandinas e adenilciclase, culminando um aumento de água e eletrólitos, explicando assim a diarreia aquosa. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Material: fezes (para enterocolites), sangue (na suspeita de septicemia da febre tifoide ou entérica), e líquor (nos casos de meningites). Esses materiais podem apresentar dois destinos (os que seguem): Métodos bacteriológicos: os meios de cultura para o crescimento de salmonela são o Ágar verde brilhante, Agar SS e Ágar McConkey. Há um enegrecimento do meio devido à presença de H2S. Métodos sorológicos: antissoros para identificação de sorotipos de importância clínica (Salmonella typhi, S. cholereasuis, S. paratyphi A e S. paratyphi B). Esse diagnóstico se dá de maneira mais rápida. TRATAMENTO O tratamento é das salmoneloses é feito por meio de antibióticos, tais como: cloranfenicol, ampicilina, trimetropim, ciprofloxacino, sulfametoxazol, cefalosporinas. Deve-se ressaltar sempre a importância do antibiograma. Mesmo que já tenha sido iniciado o tratamento, deve-se enviar amostras de material para ser realizado esse teste de resistência. EPIDEMIOLOGIA Os principais reservatórios dessas bactérias são as aves domésticas, porcos, roedores, gado, animais de estimação. Os produtos alimentícios derivados desses animais devem ser cozidos e bem tratados: carnes e ovos. Deve-se ter noção da importância que os ex-portadores, após a infecção, ainda podem manifestar a doença ou carregá-la de forma subclínica (portadores convalescentes ou sadios liberam uma grande sobrecarga de salmonela, principalmente no caso da febre tifoide). A salmonela aloja-se em tecidos gordurosos devido a sua filia por esses tecidos. Como fontes de infecção mais importantes, temos: água, leite e derivados (sorvetes, queijo, creme), frutos do mar, ovos desidratados ou congelados, carne e seus produtos, drogas como a maconha, animais domésticos (tartarugas, cães e gatos). MEDIDAS DE CONTROLE Cozimento adequado dos alimentos e uma conservação adequada Proteção do contato com moscas Análise periódica de fezes (coprocultura) de manipuladores de alimentos Inspeção periódica dos locais de processamento de alimentos Boas práticas pessoais sanitárias e higiênicas OBS 1 : Manipulador de produtos alimentícios. Qualquer indivíduo que trabalhar na produção, preparação, processamento, embalagem, armazenamento, transporte, distribuição e venda de alimentos. OBS²: Contaminação. Presença de qualquer material prejudicial nos alimentos seja bactéria, metal, veneno ou qualquer outro elemento que torne esses produtos imprestáveis para o consumo humano.
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