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DIREITO DAS COISAS I, Prof. Tula

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DIREITO DAS COISAS I
Anotações de aula da Prof. Tula
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PARTE 1	3
1	Aula 29/08/2017	3
Classificação dos Direitos Reais	5
Constituição dos Direitos Reais	5
Obrigações Mistas	5
2	Aula 05/09/2017	6
Objeto da Posse	6
Posse	6
Classificação da Posse	8
3	Aula 12/09/2017	8
Boa ou má-fé	8
Transformação do Caráter da Posse	9
Aquisição da Posse	9
4	Aula 19/09/2017	10
Ações relativas à posse	10
5	Aula 26/09/2017	12
Limitação do direito de propriedade	12
Produtividade em Imóvel Rural	13
6	Aula 03/10/2017	13
Desapropriação por ato do Poder Executivo	13
Desapropriação por ato do Poder Judiciário	13
Extensão do Direito de Propriedade	14
Aula de CORREÇÃO DA PROVA P1	14
PARTE 2	15
7	Aula 24/10/2017	15
Descoberta	15
Formas de aquisição da propriedade de bem imóvel	15
Registro Imobiliário	16
8	Aula 31/10/2017	17
Princípios do Direito Registral	17
Acessão (Art. 1248 CC)	18
9	Aula 07/11/2017	19
Usucapião	19
Legitimidade ativa e passiva	19
10	Aula 14/11/2017	21
Modalidades de perda da propriedade	22
11	Aula 21/11/2017	22
Caracterização de condomínio	22
12	Aula 28/11/2017	24
Direitos de Vizinhança	24
Aula de CORREÇÃO DA PROVA P2	25
PARTE 1
Aula 29/08/2017
P1: 10/10/2017		P2: 05/12/2017		Rec: 19/12/2017
Código Civil - Parte de Propriedade
Transformação do Código Civil de 1916 => 2002
Art. 1228. Passou-se a entender que somente cumpre a função possessória, aquele que cumpre com a função social da propriedade (Princípio da Função Social da Propriedade, e marca a Diretriz da Sociabilidade - §1º -, preservado o interesse da coletividade, o interesse social se sobrepõe ao interesse individual).
A função social da propriedade vem com a Constituição de 1937.
O proprietário não pode mais abusar da própria coisa (destruir a própria coisa).
Art. 1268. Ideia de Eticidade. Se incluem padrões éticos de conduta, privilegiando àquele que se comporta de acordo com os padrões éticos de conduta (boa-fé).
Tratamento mais benéfico àquele que se alinha a um determinado comportamento.
Art. 1228. Cláusulas Gerais (legislação extremamente ampla), para que comporte a evolução moral da sociedade.
Ética da Situação (adaptação do ordenamento conforme muda a sociedade);
Diretriz de Eticidade (boa-fé);
Diretriz da Operabilidade (“retirar formalidades” - tornar mais rápida a obtenção de um direito): prazos mais curtos para que ocorra a aquisição da propriedade por usucapião. Ver. Art. 1417-1418 (aquisição da propriedade por compromisso de Compra e Venda, que é mais informal, podendo dispensar registro e abdicar da possibilidade de adjudicação compulsória);
Diretriz da Sociabilidade (função social da propriedade).
ARTIGO sobre como ocorre a evolução da ética em uma sociedade (ver LINK):
https://plus.google.com/105193352569699409491/posts/VURqk8BJn6m
Vertente da Função da Propriedade (para que possa se manter como proprietário) e vertente da Função Social da Posse.
Art. 1228, §4º. Interferência interna (já vem junto com a propriedade) no direito de propriedade. Se há alguém que se apossou do bem e dá a função social da propriedade (detenha obra de relevante valor social ou econômico - disciplina da utilização econômica), fica mais difícil do proprietário reaver a posse da mesma. Este parágrafo possui cláusulas gerais que contemplam a Eticidade, Operabilidade e Socialidade.
Art. 5º, XXII e XXIII CF => Direito de Propriedade e Função Social da Propriedade.
Direitos Reais => Posse (“é mais importante que a propriedade, pois se pode, com isso, alcançar a propriedade”) e Propriedade (“posso perder se não detenho a posse”).
Art. 1225 e seguintes. Direitos Reais: a Propriedade, a Superfície, a Servidão, etc.
“Direito de Laje” => ocupações de baixa renda, em que se constrói em cima da laje do outro morador.
Constituição (transferência) dos Direitos Reais móveis, pela tradição (se não transferiu, continua como titular do bem), ou, no caso de bens imóveis, pelo registro imobiliário.
Direitos Pessoais => se utiliza um diferente ordenamento jurídico (Contratos e Obrigações).
Se a coisa (v.g. um bem móvel) ainda não foi transferida, a disputa judicial será no âmbito contratual, não podendo perseguir a coisa/reaver a coisa aonde quer que ela esteja (não possui Direito de Sequela - Art. 1228 -, pois nunca foi o titular da coisa).
Teoria Realista X Teoria Personalista => uma não se opõe a outra, mas é consequência e aparece depois da outra.
Direito Real (composição jurídica de sujeito ativo, sujeito passivo e objeto): poder imediato e direto sem intermediação de outro direito. A crítica é de que não existe relação entre homem e coisa, mas somente homem-homem. Jus in Rem (o direito recaí sobre a coisa): oponibilidade da coisa perante terceiros, é o que diferencia Direitos Reais de Direitos Pessoais.
Teoria Personalista (Direito Pessoal): o critério não é o desenho que se estabelece entre as partes, mas como se caracteriza o sujeito passivo. No Direito Real, o sujeito deve ser Certo e Determinado/Determinável, e no Direito Pessoal sendo representado pela coletividade inteira (todos devem respeito ao direito de propriedade do indivíduo - relação passiva universal -, oponibilidade erga omnes). Jus ad Rem (o direito recaí sobre a obrigação).
Ex. Hipoteca: Direito Real de garantia (alguém tem medo que o outro não cumpra uma obrigação, então pode recair sobre a coisa aquela garantia - o credor somente pode executar aquela hipoteca, não podendo requerer ouro patrimônio). Se fosse Direito Pessoal, a relação recaí sobre as partes - Ex. garantia por um terceiro (somente pode executar o bem que foi dado em garantia, mas do devedor principal pode se executar todo o patrimônio).
	Direito Real
	Direito Pessoal
	1) recai sobre a coisa (Ex. hipoteca);
	1) recai sobre a relação (sujeita o patrimônio do devedor);
	2) direito absoluto, exclusivo, oponível perante todos (erga omnes);
	2) direito relativo (prestação só pode ser exigida do devedor);
	3) concede gozo e fruição de bens;
	3) concede direito a uma ou mais prestações efetuadas por uma pessoa;
	4) perpetuidade (enquanto se exerceu o direito de propriedade, se ocorre uma marca da perpetuidade, podendo dispor do bem);
	4) transitoriedade (não pode dispor se estiver impedido em contrato - previsão do termo final ou data limite para se extinguir a obrigação);
	5) direito de sequela (possibilidade de perseguir a coisa onde quer que ela esteja). Exceção no Art. 1228; ver Art. 1210 (restituir a posse com as próprias mãos, com proporcionalidade - respeitar os direitos fundamentais, constitucionalização do direito civil);
	5) execução da obrigação (não se pode mais buscar a coisa, em si, se ela não estiver mais no patrimônio do devedor);
	6) numerus clausus (tipos fechados - só podem se constituídos os direitos reais previstos pela legislação - Art. 1225 -. Um exemplo do que foi exceção é o Direito de Laje).
	6) autonomia privada;
Classificação dos Direitos Reais
(Ver o rol no Art. 1225)
Direitos reais sobre a própria coisa (jus in re propria):
Direitos reais sobre coisas de outras pessoas (jus in aliena)
Direitos Reais de Gozo e Fruição: exemplos são o usufruto (usar e fruir), direito de superfície, habitação (não pode usar para fins comerciais), direito de laje;
Direitos Reais em Garantia: reforçar o cumprimento de uma obrigação, exemplo, penhor (direito real de garantia - a “penhora” é uma fase no processo de execução);
Direito Real de Aquisição: tem como exemplo o contrato de compra e venda, direito do promitente comprador do imóvel (cada parcela que se paga, se está mais próximo do direito de propriedade).
Objeto do Direito das Coisas => corpóreos, tudo aquilo que é palpável e objeto de apropriação (uma parte do corpo não é, somente se cumprir uma função social - múmia no museu). No caso de incorpóreo, não é objeto do Direito das Coisas (em geral).
Direitos Autorais não é mais objeto desta disciplina (Súm. 228 STJ), e não admitem tutelapossessória (são “bens móveis”, mas não “coisas móveis”).
Constituição dos Direitos Reais
Art. 1245. Tradição ou registro do título.
Art. 108. Forma dos atos jurídicos - escritura pública (no tabelionato - requisito de validade) para bens imóveis com valor superior a 30 salários mínimos; para se constituir a propriedade é necessário o registro imobiliário (no cartório - requisito de eficácia).
Art. 1268. Bens móveis, transferência da propriedade pela tradição (entrega efetiva do bem).
O sistema francês é o mais informal, pois os contratos têm efeitos translativos de direitos reais (basta fazer o contrato para que seja transmitida a propriedade - presunção júris tantum Art. 1247, relativa até que se prove em contrário, mesmo que se tenha feito o registro imobiliário ele pode ser questionado); já no sistema romano, mais parecido com o brasileiro, o título (contrato - como a escritura pública) não basta para a aquisição da propriedade, mas precisa também do modo (formalidade - como o registro imobiliário) e; no sistema germânico, se tem a escritura pública e a ratificação da vontade perante o oficial do cartório, o que enseja uma presunção juris et juri, absoluta, ou seja, não se admite prova em contrário.
Obrigações Mistas
Uma obrigação propter rem que acompanha o bem. Ex. as despesas condominiais acompanham o bem, por isso, o adquirente responde pelas dívidas (pode recorrer do dono anterior); se a marquise do bem, que se adquiriu recentemente, cai em cima de uma pessoa, a responsabilidade por isso também acompanha o bem (pode-se buscar um direito regressivo contra o proprietário anterior se a marquise já estava prestes a cair e não foi realizada a devida manutenção).
Aula 05/09/2017
Objeto da Posse
Coisa corpórea, deve ser comerciável ou ter valor econômico, apresente alguma utilidade.
Direito autoral não pode ser obtido por interdito proibitório;
Linha telefônica pode ser adquirida por usucapião;
Terras devolutas não podiam ser usucapiendas, mas a jurisprudência de hoje diz que é bem público (cabe ao poder público fazer prova de que é pública, mas em muitos casos não faz).
Posse
Não é classificada como direito real. O possuidor é aquele que exerce algum dos poderes inerentes à propriedade (poderes ostensivos, defendendo-a ou conservando-a). Mas a posse e a propriedade não se confundem (pode ser proprietário, mas nunca ter a posse, ou vice-versa). Posse é um fato (estado de fato - Ato-Fato, depende da ação humana, mas não depende da vontade válida - qualquer um pode exercer, até um absolutamente incapaz), exercício de algum dos poderes inerentes à propriedade.
Usar: fazer gozo do bem;
Fruir: fazer com que a coisa renda economicamente;
Dispor: definir o que vai ser feito do bem (vendido, alugado, etc.).
Posse é um fato jurídico que produz efeitos (Ex. responsabilidade sobre as coisas que caem do apartamento; alcançar o direito de propriedade; etc.).
O Código de 2002 distingue domínio de propriedade (poder incorpóreo de corpóreo).
Mesmo se o bem for dado como garantia real, o bem pode estar sujeito à usucapião, então a garantia real cai, e o credor fica sem a possibilidade de rever o bem.
Art. 1196. Não se confunde com propriedade.
Jus Possessionis (exercício da posse sem nenhuma vinculação, sem ninguém que transferiu - independente que qualquer título).
Jus Possidendi (posse causal - alguém transferiu, dando direito ao exercício da posse para usar, fruir e dispor).
Há um direito à posse. Ex. caso em que é transferida a posse por um contrato.
Teoria Subjetiva (Itália, França, Portugal, etc.) X Teoria Objetiva (adotada por nosso ordenamento, Alemanha)
Teoria Subjetiva: Savigny (1803), a partir do Direito Romano, havia um animus domini (exercício de poder sobre a coisa - contato físico, direito e imediato sobre a coisa - e a vontade de ser proprietário).
Se o proprietário desdobrasse a coisa (empréstimo, por exemplo), perdia a posse (a pessoa ficava parecendo uma escrava da coisa, pois necessitava de um elo).
O locatário ou comodatário nunca poderia ser caracterizado como possuidor, nesta teoria. Mas daí foi criada a teoria da posse derivada, mostrando a fragilidade da teoria original.
Teoria Objetiva: Ihering (1880), corpus (posse, exteriorização da propriedade - comportar-se perante a coletividade, como se proprietário fosse -, sendo a vontade de posse indiferente para esta teoria).
O exercício da posse da coisa se dá pelo cumprimento da destinação econômica. Ex. cortar o feno e deixar no campo secando, não caracteriza o abandono.
Anumus: expressa uma forma de poder sobre a coisa (não é o animus domini).
Animus: detenção, em que se exerce o poder sobre a coisa, mas é mero detentor. Ex. caseiro de uma propriedade. Quem possui o corpus possui o animus, mas quem somente possui a detenção, além destes, possui uma incidência de uma norma negativa, que anula seu corpus (dispositivo no ordenamento que afasta a condição de posse).
Posse degradada (Art. 1198): detentor (Art. 1208 - mera detenção), cumprindo ordens e instruções do patrão (se o contrato acaba, mas permanece com o bem, pode pleitear no futuro o usucapião).
Vícios da posse: violência (há detenção), até que cesse (ainda assim, a posse pode ser injusta); 
Mera detenção: permissão (de forma expressa) ou tolerância (de forma tácita - Ex. o vizinho entra no imóvel para pegar água de uma fonte).
A servidão pode acarretar em posse, e daí em usucapião.
Composse: comunhão de posse (mais de um indivíduo exerce o mesmo tipo de posse). Mesmo que tenha uma pequena parte da propriedade, pode buscar a proteção da totalidade do bem (em área, por exemplo). Se algum se demitir involuntariamente (não se preocupar nem com a prestação de contas de quem está exercendo alguma atividade econômica), então pode sofrer usucapião pelos demais possuidores.
Se, em uma partilha, não for retirada a posse exclusiva de um dos herdeiros, ainda no processo de partilha, poderá haver usucapião.
Antes da partilha de uma herança, a área é indivisível, mas depois de ser dividida, o proprietário de uma das partes não pode buscar a posse (ação possessória) da outra área.
Um empregado pode buscar a posse para (ação possessória) o patrão.
Art. 1238. Possuir como seu. Evita a chamada posse contratual (Ex. locatário - jamais teve posse para fins de usucapião - reconhece o domínio alheio, e não tem o sentimento de possuir como seu).
Em usucapião é utilizada, algumas vezes, a teoria do Savigny (Teoria Subjetiva). Mas não se deve fazer prova de que teve a vontade de possuir, mas que desconheceu o domínio alheio.
Desdobrar a posse (posses paralelas - exercidas concomitantemente): o locador transfere a posse direta para o locatário e fica com a posse indireta (Ex. contrato de locação).
Função Social da Posse X Função Social da Propriedade
=> exige-se que o proprietário tenha uma preocupação com o bem, mas que o possuidor também tenha.
Art. 1238. Prazo para usucapião (15 anos). Função Social da Posse: exercer na posse algo de relevante valor econômico e social (neste caso, 5 anos).
Art. 183 CF. Aquisição do domínio (concessão de uso), igual ao Art. 1240 CC.
Classificação da Posse
Justa ou injusta: se há vícios (maculam a posse para o futuro - se transferido para outra pessoa que não sabia, ainda permanece com posse injusta). Posse violenta (força física ou moral - ameaça) ou precária (abuso de confiança do título de precariedade/provisória - é um vício que não se transforma em posse injusta, somente no caso de inversão da posse pelo art. 1208 de diligência sobre os bens, se transformando de posse injusta numa posse justa - pode ensejar usucapião); clandestinidade (se apoderar da coisa às escondidas - avanço de cerca aos poucos). Para haver a posse justa, o vício deve cessar (ex. a violência cessar, pois inicia a posse sem precisar mais de força física, nem contra a coisa, nem contra o proprietário). A posse injusta pode se tornar em posse justa se o proprietário acabar aceitando a posse (quem invadiu pede para arrendar ou diz quevai comprar).
Réu da reivindicatória: aquele que tem a posse do bem sem vinculação com o proprietário.
Réu da possessória: adquire a posse de maneira viciada (mesmo em caso de esbulho possessório em relação à um terceiro na posse, o legítimo para buscar a posse é o proprietário).
=> Contra bem abandonado não há invasão (uso de violência), mas ocupação (ocorre a posse, ainda que injusta). Também não há como o proprietário discutir a posse sobre um bem que foi abandonado por ele.
=> Na inversão do título de posse, passa da posse injusta para a posse justa (o proprietário permaneceu omisso). O tempo de posse injusta é relevado para usucapião.
Aula 12/09/2017
Boa ou má-fé
Art. 422. Boa-fé objetiva, os contratantes devem agir com probidade, dentro de um padrão de conduta, ético, mediano, dentro da expectativa legítima da outra parte.
Direito das Coisas => a diferença da boa-fé subjetiva, é que esta é individual, pouco importando do que a sociedade está pensando. É necessário ter indícios de que o possuidor desconhece o vício.
A partir de que conhece o vício, o possuidor passa a agir de má-fé. Não precisa manter uma conduta mediana investigando o bem para ver se há algum vício, mas deve-se ter uma conduta pelo menos diligente (“desconhecimento sem culpa” - engano aceitável -; pode não ser cumprido o princípio da boa-fé, informando, mas não ter agido de má-fé, entregou um produto melhor mas que não servia e teve de indenizar; porém, no direito das coisas, se não há boa-fé, há má-fé, ou um ou outro).
Boa-fé real: ignora o vício (analisar no caso concreto se o comportamento do possuidor é plausível - agiu com diligência).
Boa-fé presumida
Presunção relativa (até que se prove em contrário): alguém que possui um justo título (júris tantum), pois alguém que vendeu não possuía a propriedade (relação jurídica hábil em tese, para transferir a posse e a propriedade - Ex. contrato de arrendamento, de parceria, de comodato; Ex. contrato de compra e venda, de doação, de permuta, etc.).
Pode também caracterizar um justo título mesmo que não haja um contrato escrito (pode ser um contrato de locação).
=> A posse injusta pode ser de boa-fé, se ignorar o vício. Mas se ficar sabendo do vício, será injusta e de má-fé (tratamento menos benéfico no nosso ordenamento jurídico - o dobro do prazo para usucapião).
Transformação do Caráter da Posse
Depende do tipo de possuidor (se pode buscar o usucapião)
Art. 1203. Presunção relativa de manutenção na posse.
Convalecimento da posse: ad interdicta (o possuidor pode buscar o interdito possessório) para ad usucapionem (o possuidor que não se submete ao domínio alheio - “possuir como seu” -, esse prazo conta para o usucapião), se um possuidor direto mostrar ato exterior e inequívoco de oposição ao antigo possuidor indireto (Ex. quando não paga o aluguel e o possuidor indireto não tenta restituir o bem). Caracteriza o anumus domini (não se submete ao domínio alheio).
É possível a conversão da detenção em posse, desde que rompida a subordinação.
Desdobramento da Posse
Art. 1197. Não é preciso contato físico na coisa para se ter a posse (posse sem contato físico, Ex. comprar e alugar).
Transferir a posse direta (imediata) de fruição, e manter somente a posse indireta (mediata). Pode ser possuidor indireto, mas não ser o proprietário, alugando para terceiros, e, então, usucapir o bem.
Tanto o direto como indireto podem buscar ações possessórias (na detenção não pode).
Art. 493. O detentor, no interesse do possuidor, pode exercer a autodefesa do bem (ação imediata), mas não pode ajuizar uma ação possessória.
Na composse (mais de uma pessoa com o poder de posse - Ex. dois alugam um imóvel), qualquer um pode buscar pela proteção da coisa. Podem também buscar defesa na posse contra o próprio possuidor indireto, caso haja alguma perturbação. Mas a situação se inverte quando em uma ação de despejo (Lei 8.245/91).
Posse-trabalho
Art. 1238, 1242, 1228, §§ 4º e 5º (desapropriação por ato do Poder Judiciário).
Desapropriação por função social.
Art. 191 CF. Desapropriação Pró-Labore, quando torna a área produtiva.
Art. 558 CPC. Analisar, no caso contrato, quanto tempo faz que existe a ofensa (ano e dia do esbulho), tendo a viabilidade de buscar a proteção liminar.
Os conceitos de posse nova e posse velha não são mais utilizados, sendo hoje o que interessa é o prazo em que se iniciou a ofensa (não a posse injusta, que ocorre algum tempo depois da ofensa).
Aquisição da Posse
Não se aplica à posse o Art. 104 CC, sendo possível um absolutamente incapaz exercer a posse (Ex. incluir benfeitorias e pleitear usucapião).
Art. 1204. Se caracteriza a posse quando se torna possível exercer todos os poderes inerentes à propriedade.
Aquisição Originária (de empenho próprio): pode ser a partir de ato violento (invasão) ou não violento (ocupação).
Posse Derivada: por uma intermediação pessoal (tradição).
Tradição Real: entrega efetiva (Ex. entrega em mãos);
Tradição Simbólica: ato representativo (Ex. entrega das chaves de um imóvel, ou venda sobre documentos - há um momento de verificação da coisa, em que pode se discutir o bem);
Tradição Ficta: transmissão da posse pelo constituto possessório (Ex. cláusula inserida no contrato em que o vendedor passa a ser o locatário). A presunção da posse é quando o locatário compra o imóvel.
Legitimidade para adquirir a posse
Art. 1205. Aquisição da posse pela própria pessoa, com mandato de terceiro (quando o mandato vem à tona é como se já tivesse dado o mandato no momento da posse), por um terceiro (sem mandato), ou por entes despersonalizados (coletividade sem PJ).
Transmissão da Posse
Art. 1206 (a posse se transmite na sucessão de herança), 1207 (o sucessor pode escolher unir sua posse com a do antecessor, mas dependendo do caso concreto, pode contaminar com uma posse de má-fé). Art. 1784 (transmissão saisine - posse e propriedade).
No usucapião constitucional, há personalidade, então somente pode usucapir se a pessoa efetivamente morava no imóvel.
Vício Objetivo: transferência da posse para o sucessor com vício (posse injusta do antecessor), podendo dizer que passou de má-fé para boa-fé (depende do caso concreto).
Vício Subjetivo: pode afastar o vício somente com o caráter subjetivo (boa-fé).
Perda da Posse
Art. 1223 e 1224. Perde-se a posse quando do esbulho (Art. 1196) se permanece negligente (deve ter ciência - o possuidor não pode estar agindo na clandestinidade).
Possuir de “forma mansa e pacífica” significa ser sem oposição, mas pode ser violenta.
Aula 19/09/2017
Ações relativas à posse
I- Desforço Imediato (ação direta ou auto-tutela)
Requisitos: não pode haver abuso de direito, ou seja, não se pode interpretar a lei de forma literal (interpretar de acordo com a Constituição). Situação excepcional, não necessitando de auxílio judicial. O detentor tem a condição de utilizar este dispositivo em nome do proprietário.
II- Interditos Possessórios (ações de proteção possessória): só pode ajuizar quem é o possuidor (é irrelevante a condição de proprietário).
Interdito Proibitório: com a ameaça de esbulho ou turbação, se evita as mesmas com esta ação;
Manutenção na Posse: no caso de turbação (perturbação do exercício da posse);
Reintegração na Posse: no caso de esbulho (perda da posse).
Princípio da Fungibilidade (Art. 554 CPC): pode se converter de ofício a ação que foi ajuizada, naquela que o juiz entende que é cabível (ação de Reintegração na Posse ou de Interdito Proibitório, para Manutenção na Posse, no caso de apenas uma pequena parcela da propriedade ter sido invadida).
Caráter dúplice (Art. 556 CPC): o réu também pode fazer um pedido de manutenção possessória.
Liminar: esbulho ou turbação deve ter até um ano e um dia da ofensa, para ser possível ajuizar ações liminares, mas depois disso, não se perde o caráter possessório.
Força velha: depois desse tempo devem ser buscados cada um dos requisitos formais para a tutela de urgência.
Função social da propriedade: somente é digno de buscar a proteçãopossessória aquele que faz cumprir a função social da propriedade (um requisito para a obtenção da liminar é provar que o imóvel cumpre com sua função social).
A posse e a propriedade são matérias distintas: Juízo possessório (é irrelevante a propriedade) X Juízo petitório (se busca a coisa com fundamento na propriedade - se discute a propriedade -; ação de imissão na posse, para se entrar pela primeira vez no bem; ação reivindicatória, para formalizar a propriedade).
III- Percepção dos Frutos
Art. 1214 CC. O possuidor de boa-fé tem direito a perceber frutos de seu trabalho. Em regra é o proprietário quem teria direito.
Frutos (se renovam; frutos naturais, sem interferência humana; frutos industriais, devidos á interferência humana) X Produtos (não se renovam, Ex. pedras).
IV- Benfeitorias
CLASSIFICAÇÃO: depende da destinação do bem.
Necessária: conserva algo que já existe (manutenção).
Útil: aumentar o uso da coisa (construção de mais um cômodo na casa).
Voluptuária: mero deleite (embelezamento. Ex. piscina em uma residência - piscina em área de lazer é útil; churrasqueira no RS é útil, no NE é voluptuária).
DIREITOS (Não se aplica a Lei do Inquilinato)
Direito de Indenização: o possuidor pode pleitear indenização sobre as benfeitorias realizadas. Pela Lei do Inquilinato, somente enseja indenização se tivesse sido autorizada.
Direito de retenção: o possuidor pode ficar com o bem (espécie de garantia, para que o proprietário restitua a benfeitoria);
Direito de Levantamento: pode retirar a benfeitoria do bem; o proprietário pode obrigar o antigo possuidor a retirar algo.
POSSUIDOR
Possuidor de boa-fé tem direito a indenização, mas se a benfeitoria for voluptuária (embelezamento) não, podendo ser levantada da propriedade caso não cause prejuízos.
Possuidor de má-fé somente pode ser indenizado pelas benfeitorias necessárias (conservação - reforma do telhado em bem urbano; plantação de uma lavoura em bem rural).
V- Perda e deterioração da posse
O possuidor de boa-fé não se responsabiliza sobre a deterioração da propriedade, se não tiver dado causa (subjetiva - o possuidor deve ser diligente).
O possuidor de má-fé responde objetivamente, mesmo em casos fortuitos ou força maior (possui o ônus da prova de que o dano aconteceria mesmo na posse do proprietário.).
VI- Usucapião
Art. 1238. “Possuir como seu” (posse com animus domini - evita a hipótese de posse contratual) por 15 anos, pode requerer o título do imóvel.
Aula 26/09/2017
Art. 1228. Características da propriedade: direito absoluto (pode dispor do bem como quiser), exclusivo (o bem é indisponível para outros), perpétuo (se considera a perpetuidade da propriedade no tempo enquanto a mesma esteve com alguém, mesmo se agora é propriedade de outra pessoa) e ilimitado.
=> Cuidado com a Função Social da Propriedade, que é um direito fundamental.
=> Desde que o comportamento do proprietário não atente contra a própria manutenção da propriedade - abandono.
Parte final do 1228: Ação Reivindicatória, relevante comprovar que se é proprietário (não importa quem é o possuidor). O terceiro possuidor deve ter havido a posse injustamente (vícios da posse - posse violenta, etc.), mas também considera que injusto é o caso de não ter sido o proprietário que tenha outorgado a posse ou detenção para um terceiro.
A sentença de usucapião é declaratória, ou seja, declara um direito constituído que já existe. Então, deve-se estar atento para os prazos das hipóteses de usucapião:
=> Questão do Usucapião Pró-família ou por Abandono do Lar (casos em que ocorreu a dissolução do casamento), por dois anos.
É muito difícil buscar essa proteção (ação reivindicatória) em forma de liminar.
Limitação do direito de propriedade
Função Social é um limitação interna da propriedade, ou seja, é uma condição para o exercício da propriedade.
Art. 5º, XXII e XXIII CF => Direito de Propriedade e Função Social da Propriedade.
Servem para propriedade móvel e imóvel.
Art. 182 e 186 => propriedade de imóvel.
Limitação interna: função social da propriedade (já vem com a propriedade - se não cumpre com a função social pode perder o direito de propriedade). Art. 185 - 186 CF (§1º qualquer propriedade, tanto móveis quanto imóveis; §2º abuso do direito de propriedade, com intenção de prejudicar outrem, mas não precisa de dolo no caso de direitos difusos, ou no caso da combinação com Art. 187 CC), a pequena e média propriedade não será objeto de desapropriação por função social.
Produtividade em Imóvel Rural
Lei 8629/94. O grau de utilização da área aproveitável deve ser de 80%; e o grau de eficiência, considerando a média de exploração da atividade/período, deve ser de 100%.
Art. 185 CF. Se a propriedade for pequena ou média, ou produtiva, não poderá ser desapropriada para fins de interesse social.
O “interesse social” (reforma agrária) é diferente de “função social”, que é mais ampla, e inclui o meio ambiente, por exemplo.
Art. 1228, §2º. Abuso do Direito de propriedade. Atos que tenham a intenção de provocar outrem. “Este artigo abandona a regra fundada na culpa objetiva”.
Art. 187. Não exige dolo ou culpa (é objetivo), mas um exercício disfuncional/desproporcional do direito (não é relevante a intenção de provocar outrem). Então, se procede juridicamente para o desfazimento do ato ou pela indenização quando isto não é possível.
=> Interpreta-se o dispositivo do Art. 1228 à luz do Art. 187: Se, ao exercer o direito, de maneira disfuncional, então terá de indenizar.
Aula 03/10/2017
Desapropriação por ato do Poder Executivo
Interesse social => reforma agrária (poder federal) e reforma urbana (poder municipário). O pagamento é feito em títulos da dívida pública.
Necessidade pública => situação que é urgente (Ex. desapropriar um lote para desviar uma estada devido a uma queda de barreira na estrada).
Utilidade pública => Ex. construir uma escola.
Desapropriação por ato do Poder Judiciário
=> perda da propriedade tendo em vista o comportamento do possuidor (e do proprietário). O juiz observa as obras de relevante valor social e econômico dos possuidores (fazem cumprir a função social do bem).
=> o juiz fixa uma indenização justa para o proprietário (Art. 1228, §5º, do preço para o proprietário, então se registra o título para os novos proprietários; em alguns casos, com programas de municípios como os de “casa própria”, o município pode intervir e pagar as custas).
Critério valorativo lastreado na avaliação técnica de mercado imobiliário, sem juros compensatórios.
=> bens do poder público podem sofrer a desapropriação, com levantamento do Ministério Público de bens devolutos/dominiais e os bens patrimoniais (já foram “desafetados” - não possuem nenhuma atividade da administração pública).
Extensão do Direito de Propriedade
Art. 1229. Propriedades urbanas e rurais. A propriedade recaí sobre o solo, mas na extensão do direito de propriedade, o proprietário pode se prover “para cima” (não é o espaço aéreo) e “para baixo” (não é subsolo). Se não utilizar, não pode impedir que outro o faça.
Aula de CORREÇÃO DA PROVA P1
Q1: comparar a teoria objetiva (elemento corpus - não é caracterizado o contato físico imediato sobre a coisa; mas é exercer o poder sobre a coisa com interesse próprio; na questão é a exteriorização da propriedade como se proprietário fosse - usar gozar e dispor) com a teoria subjetiva (elementos: corpus e animus domini - vontade de ser proprietário, de difícil constatação e confunde posse com a propriedade; o corpus é o poder direto e imediato sobre a coisa, senão não é possuidor - o cidadão é “escravo” dos próprios bens). A vantagem da teoria objetiva é a possibilidade do desdobramento da posse, ou seja, não precisa exercer o poder diretamente, mas por posse indireta (o locatário é um possuidor direto).
Q2: efeitos da posse de que se acha abandonado (boa-fé e posse justa - consertou o telhado, benfeitoria necessária; cômodo a mais, benfeitoria útil; e aparelho de ar condicionado, benfeitoria voluptuária - esta últimanão é indenizável, mas tem direito de levantamento). Enquanto não foram pagas as necessária e útil, a atual possuidora tem o direito de retenção do imóvel até que sejam pagas. Com relação à notificação pelo proprietário, então a posse passa a ser de má fé para o futuro, tendo ainda direito à indenização ao que construiu no passado [fundamentos... Art. 1219 e 1221 CC].
Q3: Art. 187 CC (abuso do direito, com 1221 CC), Art. 1210 (excesso do desforço imediato). É um ato ilícito, então o dono do animal pode ajuizar uma ação indenizatória.
Q4: Vício da precariedade, é um abuso de confiança, quando não restitui a posse quando acaba o contrato (Art. 1228 CC - atos de mera detenção ou tolerância), para ser a posse injusta. O dispositivo não menciona o dispositivo da precariedade pois (duas posições): “a precariedade é um vício tão repugnante que jamais convalesce, por isso não ensejaria em usucapião”; “não está no 1228, pois o mesmo trata de aquisição da posse, mas a precariedade é um vício de transformação”.
Q5: O primeiro aspecto é a ação contra os atuais possuidores (a atual proprietária nunca foi possuidora, por isso não tem condições de ajuizar a ação de reintegração na posse, mas somente ação de imissão na posse - ação petitória). Com base no Art. 1228, §4º e 5º, as pessoas atuais possuidoras poderiam alegar como defesa a desapropriação por ato do poder judiciário, mesmo que a autora tenha ajuizado a ação erroneamente (o judiciário pode extrapolar para a ação petitória). [se poderia alegar o usucapião constitucional, mas daí levar em consideração a área dos terrenos e desapropriação coletiva - norma do Ministério das Cidades]
Q6: Art. 1228, §1º CC, a propriedade deixou de ser caracterizada como um instrumento livre, sem ter a noção de função social (o proprietário deve se curvar diante da função social). Art. 5º, XXII e XXIII CF, direito de propriedade se, e somente se, for cumprida a função social da propriedade (em relação a imóvel urbano e rural, cumprindo o Plano Diretor - senão poderá ensejar em IPTU ou ITR progressivo no tempo, impor edificações, impedir vantagens de programas agrários, em último caso a perda da propriedade por títulos da dívida pública e agrária respectivamente, e respeitar o Art. 186 CF - mas se for produtiva não pode ser desapropriada, como preleciona o Art. 185 CF).
PARTE 2
Aula 24/10/2017
Descoberta
No Código Civil de 1916 quem achasse algum objeto deveria ser restituído com uma recompensa, mais alguma indenização pertinente, pela dificuldade de se ter levantado o objeto.
Art. 1233. Quem achar coisa alheia deve ser diligente para encontrar o dono (recompensa de 5% - se o dono não quiser pagar pode abandonar a coisa), se não encontrar deve entregar para autoridade competente.
O possuidor não pode reter a coisa (não tem direito real sobre a coisa) se não houver a indenização imediata. O verdadeiro proprietário tem direito de sequela.
Coisa perdida (res perdicta - não pode tomar para si) X Coisa abandonada (res derelicta - pode ocupar, pois a propriedade foi perdida). Depende da função social da coisa (para com o dono) para se definir se é abandonada ou perdida.
Formas de aquisição da propriedade de bem imóvel
Aquisição originária: o adquirente não possui nenhuma vinculação com o antecessor (não há vícios nem ressalvas perante o antecessor - Ex. usufruto).
Usucapião: aquisição gratuita pelo exercício da posse, livre e desembaraçada. Todas as ressalvas sobre o bem decaem (Ex. uso real, credor hipotecário, ou outras garantias - o credor hipotecário não pode exigir nada de terceiros, mas pode pedir um reforço de garantia quando há ameaça do imóvel sofrer usucapião).
Acessões (acessório): alguém constrói sobre um terreno ou faz uma plantação (Art. 1255). Posse-trabalho, ou forma com aquisição de ilhas formadas em um rio.
Aquisição derivada: 
Registro do Título: se for um contrato de doação de um pai para um filho, então o bem volta à colação quando o pai falecer; mas se o filho usucapir um bem do pai adquire sem nenhuma vinculação ou ônus/gravame/vício com o passado; as dívidas propter rem (Ex. de condomínio) se transferem para o novo adquirente em aquisição derivada.
Não é dispensável, como pode ser dispensada a escritura pública.
Sucessão hereditária: inicia o processo com a morte, sendo os bens do falecido automaticamente transferidos para os herdeiros (depois deve-se buscar a aquisição formal).
Formas de aquisição da propriedade de bem móvel
Aquisição originária: ocupação (bem abandonado ou que não seja de ninguém - res nulus ou res derelicta), achado de tesouro (é um tesouro mesmo, não se confunde com uma jazida), ou usucapião.
Aquisição derivada: especificação (mudança de propriedade do objeto); confusão (mistura de propriedade); comistão (mistura de propriedade); adjunção (mistura de propriedade); tradição (transferência física); sucessão (enquanto não for feita a partilha a coisa é tratada como bem imóvel).
Registro Imobiliário
Art. 1247. Transferência por registro do título.
Título (contrato particular ou por escritura pública) + Modo (registro imobiliário) => presunção relativa entre o título e o modo júris tantum (sistema romano); se houver problema quanto ao título, também terá sobre o modo (escritura pública, as partes manifestam a sua vontade perante o tabelião - deverá ser retificada). Se quem vendeu não era proprietário, do bem imóvel, poderá ser buscada a anulação do registro (presunção relativa, que admite prova em contrário), mas se for bem móvel, se aparentou o vendedor como legítimo, então o novo proprietário não precisa devolver (Art. 1268).
No sistema francês não existe uma exigência quanto à forma (os contratos/títulos têm efeitos translativos de direitos reais - basta o contrato para que haja a transferência da propriedade - presunção relativa juris tantum).
No sistema germânico a presunção é absoluta juris et juri (formalista). Os negócios jurídicos (título - é apresentada a vontade perante o tabelião -; e modo - é ratificada/reforçada a vontade perante o tabelião, não possuindo vinculação com o passado, não é mais possível questionar -) são distintos e autônomos.
6.015/1973 Lei dos registros públicos. Princípios do Direito Notarial.
É necessário que conste no registro tudo o que acontece com o bem, e as características do imóvel, bem como todas as transferências realizadas do imóvel (não pode pular uma transferência, caso for imediata). A matrícula é a “certidão de nascimento do bem”.
=> No caso de propriedade aparente, é uma modalidade de aquisição de quem fez a transferência não era proprietário, se for um erro comum que faz direito (boa fé), há possibilidade de convalidação desse direito (se fluir o prazo para usucapião a propriedade é adquirida por esta outra causa mais forte).
=> O oficial do registro pode fazer retificação de erros evidentes sem notificar as partes (retificação de ofício).
=> pode ocorrer um caso em que a demarcação que norteia várias propriedades esteja errada, então pode ser mais viável a mudança dos parâmetros de translação física nas próprias matrículas (sem alteração das áreas), do que alterar as construções de lugar.
Aula 31/10/2017
Princípios do Direito Registral
Princípio da Prioridade: vai ter a prioridade o primeiro título que foi apresentado ao Oficial (não importa a data do contrato).
Princípio da Especialidade: descrição memorizada dos aspectos físicos e jurídicos do imóvel.
Princípio da Publicidade: é importante para prevenir que haja prejuízo perante terceiros (Ex. um credor pode não saber que seu executado possui um imóvel).
Princípio da Continuidade: o registro continua sem pular intervalos de mudança de propriedade.
TRAZER A Lei do Registros 6.015/1973 para a PROVA!
Art. 182. Protocolo do registro com data e hora
REGISTRO - atos translativos (de propriedade do imóvel), e declaratórios (ato de usucapião); Ex. hipoteca, servidão, promessa de CV, incorporações, etc.
=> Caso haja dúvida quanto a matéria ou formalidade protocolada no Registro de Imóveis, o Oficialpode “suscitar a dúvida” para o juiz competente (pedido de natureza administrativa formulado pelo Oficial, a requerimento do apresentante do título). No caso de AVERBAÇÃO é “pedido de providências” para o judiciário. A parte pode depois proceder com um recurso contra a decisão do juiz.
Art. 167 e 232. Averbações... aquisição do título e numerações que seguem em cada transferência do imóvel (Ex. se mudar o nome da rua, necessita de uma averbação).
AVERBAÇÃO - questões que tem menor relevância quanto a constituição de direitos reais (Ex. características do proprietário, como estado civil; cláusulas de inalienabilidade de imóveis).
Suscitação de Dúvida
Legitimidade: necessidade de justificativa, tanto da parte quanto do Oficial (às vezes o Oficial não reconhece um tipo de contrato que ele não está habituado).
Razoabilidade: o serventuário deve buscar soluções para viabilizar o registro.
Clareza: se o Oficial não proceder com o registro, deve submeter uma justificativa que seja compreensível para a parte (pode usar termos jurídicos).
Exaustiva: o serventuário deve apresentar todas as justificativas do porquê não aceitou o título, ou seja, deve dizer todos os requisitos burocráticos para aceitação do título.
Passiva: quem apresentou o título deve alegar que os elementos apresentados são suficientes para o registro (é desnecessária a atuação de advogado antes da suscitação da dúvida; o MP deve acompanhar o processo, da regularidade do título).
=> Dúvida Inversa (não está prevista na legislação): quando o Oficial não quiser fazer o registro e nem suscitar dúvida, então esta suscitação de dúvida inversa não é suscitada pelo Oficial, mas a parte que faz o requerimento (é muito comum).
=> Pedido de providências (AVERBAÇÃO): pedido para que seja averbado, por exemplo, a alteração do nome da rua, do estado civil da parte, etc. (somente quando há discordância do Oficial).
Acessão (Art. 1248 CC)
Ideia de acessoriedade (o acessório segue a sorte do principal - bem imóvel). Ex. uma plantação e uma construção, que pode ter proprietário diferente do proprietário do terreno.
=> formada por força da natureza e em área privada (com materiais de aderência natural).
Ilha: não pode estar em área de fronteira e nem no oceano. Ocorre principalmente em rios que possuem período de estiagem.
=> se secou o rio a jusante de uma barragem e formou uma ilha, esta hipótese não é regida por esta disciplina.
Aluvião: aumento da porção de terra em uma margem de um rio.
Avulsão: acréscimo da área de terra de uma hora para outra (neste caso, o que foi o beneficiado pela área aumentada, deve indenizar o proprietário que teve a área erodida - deve apresentar o pedido em 1 ano; mas se o beneficiado dizer que o que teve a terra/cascalho deslocado, que levante este material de volta para si, normalmente acaba sendo inviável).
Abandono de álveo: leito de um rio seco.
=> todas estas hipóteses se dão na proporção da testada dos terrenos que estiverem fazendo a margem do rio (população ribeirinha). Uma linha imaginária no centro do rio divide de um lado para o outro (caso de ilha formada).
Das construções e plantações
=> feita ou construída onde nada existia (se já existia algo, então é tratada pela disciplina da benfeitoria).
Art. 1253. Se presume as construções e plantações como de propriedade de que é proprietário do terreno.
O tratamento mais benéfico é do possuidor, e ainda mais de quem cumpre com a função social.
Art. 1255. Nova forma de aquisição da propriedade: quem constrói ou planta algo que excede consideravelmente o valor do terreno, então ganha o direito de adquirir a propriedade, indenizando o atual proprietário pelo valor do terreno.
Quem constrói algo (de boa fé - não teve ciência de que estava errado) que avança no terreno alheio (até 5% do terreno) também ganha o direito de adquirir o terreno.
Aula 07/11/2017
Usucapião
Teoria Subjetiva (critério do abandono)
Teoria Objetiva (critério da estabilidade)
Posse mansa e pacífica (não precisa ser justa - posse injusta com a violência inicial cessada), sem que haja interrupção do proprietário (notificação extrajudicial, o prazo para usucapir começa a contar do zero). Algumas modalidades exigem pessoalidade, mas normalmente a continuidade da posse, por familiares, por exemplo (ou terceiros que concederam um terreno que não era destes), já é suficiente.
O usucapiente ganha direito de sequela em relação a terceiros, mesmo em relação a um proprietário que nunca teve a posse do bem.
Posse com animus domini (não é a intenção em si), possuir como seu - o indivíduo não se submete ao domínio alheio (a transformação do caráter da posse é quando o inquilino deixa de pagar o aluguel e o proprietário nada faz - mas nas hipóteses de reconhecimento ou tolerância não cabe o usucapião, pois não há o abandono da coisa, Art. 1208).
É possível dispor de um direito real de servidão, por exemplo (direitos reais de gozo e fruição), mas não dispor de uma hipoteca sobre o bem.
Legitimidade ativa e passiva
Ativa: Pode até ser uma pessoa absolutamente incapaz para exercer a posse (a situação fática pode conduzir efeitos jurídicos - posse é um ato-fato). Também pode ser uma pessoa jurídica. Se um condomínio usucapir, os condôminos ficam com uma fração ideal desta parte usucapida.
Os familiares não podem usucapir um bem (poder familiar em vigor - entre ascendentes e descendentes), nem com cônjuges (somente na hipótese de abandono do lar).
Se evita algumas hipóteses de usucapião com um contrato de comodato.
Passiva: Se for pessoa jurídica de direito público há um limitador da Constituição, que veda o reconhecimento do usucapião, mas não em todos os casos (serão vistos mais adiante).
No caso de terras devolutas (públicas, mas não de uso comum do povo, nem arrecadados de maneira formal ao patrimônio público), ocorre a modalidade de usucapião administrativa. “Tudo o que for disponível é objeto de usucapião”. Na Constituição está proibido, mas na prática o Estado deve fazer prova de que aquele terreno seja oriundo de Sesmaria, mas muitas vezes a administração acaba abandonando a prova.
Modalidades
=> a lógica é que, quanto mais requisitos o usucapiente precisar, menor o prazo será necessário para usucapir.
Usucapião extraordinário (Art. 1238): se baixou o prazo de 20 (legislação antiga) para 15 anos; se reduz para 10 anos se o possuidor detém ali sua moradia habitual ou obras de relevante valor social (atrelado ao conceito de função social da posse).
Independe de justo título (relação jurídica hábil em tese para adquirir a propriedade - pode ser uma aquisição a non domini, ex. em um papel de pão) ou boa-fé (Art. 1201 boa-fé objetiva).
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
Usucapião Ordinário (Art. 1239): é mais difícil de acontecer, pois exige justo título e boa fé (prazo de 10 anos); se reduz para 5 anos no caso de estabelecida moradia habitual, etc.
Usucapião Constitucional Rural (pró-labore, com pessoalidade): 5 anos, com mais requisitos (o usucapiente não pode ser proprietário de outro imóvel - o proprietário do terreno deve fazer prova de que o usucapiente possui outra propriedade no território brasileiro).
Lei 6969/1981 => trata de alguns pontos desta modalidade. Art. 7º da lei, se o usucapiente for réu na ação reivindicatória, mas já haviam sido cumpridos os prazos, o usucapiente pode alegar como defesa sua condição de usucapiente, e no mesmo processo buscar o usucapião (isto somente é possível quando no usucapião constitucional - tanto o Rural como o Urbano, individual ou coletivo).
Art. 191 CF.
Há uma limitação da área em 50 hectares (o usucapiente pode usucapir esta parte do terreno e deixar o restante para outra modalidade - pela jurisprudência, o proprietário pode fazer prova de que o usucapiente tinha posse sobre mais do que 50 hectares, então não poderia utilizar esta modalidade nem em um pequeno pedaço). Depois do limite constitucional, há um limite que é o módulorural (por jurisprudência, o módulo rural pode se sobrepor ao limite constitucional).
O módulo rural varia conforme do tipo de atividade e também do local (quem define é o INCRA).
Não é possível fracionar um imóvel em porções menores que um módulo rural (princípio do direito agrário). Uma propriedade menor que um módulo rural é caracterizada de minifúndio, que seria insubsistente. No caso de sobrar um pequeno pedaço de terra para o proprietário inicial, que não caracterize um módulo rural, ainda é viável, posteriormente, o reconhecimento de usucapião, pois as parcelas de terreno ficam em condomínio e o usucapiente tem prevalência sobre o pequeno pedaço (possui o maior terreno em condomínio).
A hipótese de soma da posse só é reconhecida com a morte do antecessor e um sucessor continuou com a posse imediatamente (só cabe ao sucessor que se manteve na posse - exige moradia, admitindo exceções razoáveis - Ex. saiu da propriedade em virtude de assistir alguém da família adoecido).
Usucapião Constitucional Urbano (Art. 1240, pessoal assim como o rural): pró-morare - tem por objetivo alcançar a moradia a quem não possui imóvel (objetivo assistencial - não pode ter somente um estabelecimento comercial sem moradia); somente pode ser reconhecido uma única vez por pessoa; é considerado pró-misero (área de até 250m² - o mínimo para que o cidadão possa morar com dignidade), podendo ser tanto um terreno quanto um apartamento (neste caso desconsidera a área do condomínio).
Se há posse somente de 250m² de uma casa, mas a mesma possui 400m², para se evitar a formação de fração muito pequena (cortiço ou favela), então a parte fica com o antigo proprietário, mas em condomínio com o usucapiendo.
No caso urbano, se exige a pessoalidade da posse, com exceção para o caso de um herdeiro que morava com o falecido (é necessário que na abertura da sucessão, o herdeiro estava morando no imóvel com o falecido - soma-se a posse neste caso, visando cumprir os 5 anos).
Para um imóvel grande mas que não se autoriza o fracionamento, pode ser feito o usucapião coletivo (várias famílias morando), não havendo limite de tamanho do terreno (a área fica condominial - não importando o tamanho do pedaço de cada um). Após, o poder público faz a urbanização do local e pode separar os lotes.
Usucapião por abandono de lar (pró-familie): criada em função dos casos em que o casal, inicialmente, começava a financiar um imóvel, mas daí um deles abandona o lar e o outro continua pagando, finalmente, o que abandonou também tinha a propriedade do imóvel.
O prazo, nesta hipótese, é de dois anos. A área é de até 250m².
O problema é que não se discute o porquê a pessoa saiu do lar, podendo ter sido intimidada (violência doméstica). Não exige o divórcio, e é um “abandono da posse”, propriamente dito (por isso, há que se definir, que a pessoa que está exercendo a posse não a está exercendo exclusivamente - fazer um contrato de comodato ou emitir notificação extrajudicial).
Aula 14/11/2017
Usucapião para as comunidades indígenas
Lei 6.001/1973, Art. 33 => prazo de 10 anos e limitador de 50 hectares (para áreas maiores e prazos menores se utiliza o usucapião constitucional - o indígena não é muito prático).
Procedimento administrativo ou judicial: mesmo com o administrativo previsto na legislação (Art. 216-A da Lei de Registros Públicos - LRP), há brechas para se pegar a via judicial (isto vai de encontro ao desafogamento do judiciário).
Pode ser feito para qualquer modalidade de usucapião (antes era para somente terras devolutas).
Aquisição de bens móveis: posse com justo título e boa-fé (exige apenas 3 anos); na usucapião extraordinária, o prazo passa para 5 anos, não se exigindo justo título ou boa-fé (ainda, pode haver a soma da posse para descendente).
É necessário que haja a publicidade do prazo (mostrar para a sociedade que se está usando).
Tradição => transfere a propriedade.
Transferência por tradição ficta => a posse é transferida por contrato.
Constituto possessório => o objeto já se encontrava na posse do adquirente (locava o bem), então se torna o proprietário, através de contrato.
Aquisição a non domini (teoria da aparência), Art. 1268 => se a coisa oferecida ao público, por leilão (por título oneroso - pagou pelo objeto), por exemplo, não for o dono (aparenta como se proprietário fosse - erro comum, qualquer pessoa se enganaria), então quem recebeu torna-se proprietário. Com o Código Civil de 2002, este dispositivo passou a se consolidar para os bens móveis e se afastar para os bens imóveis. Inviabiliza/relativiza o direito de sequela pelo proprietário original (pode buscar uma ação indenizatória contra quem vendeu o bem e não deveria).
Ocupação de um bem imóvel (não tem prazo - basta se assenhorar de um bem que não possui dono): res nullius (nunca teve dono); res derelicta (foi abandonado).
É diferente da descoberta (achar um objeto perdido), que deve ser restituído para o proprietário, com a diligência apropriada.
Função social típica do bem => varia conforme a localidade (no interior se deixa a cadeira no passeio da calçada - não para ser levada por qualquer um!).
Modalidades de perda da propriedade
Art. 1275 e seguintes. Alienação (transferência do bem); Renúncia (ato renunciativo, por escritura pública e registro imobiliário para cancelamento - isto pode ser feito caso haja grande responsabilidade ambiental, ou se a propriedade está em uma zona de conflito agrário, etc.; não é doação para outrem nem dação em pagamento no caso de dívidas; o bem fica caracterizado como bem de ninguém, bem devoluto público); Abandono (o possuidor original não paga mais os tributos pelo prazo de 3 anos e também não exerce a posse, então há possibilidade de arrecadar o bem para o poder público).
Aula 21/11/2017
Caracterização de condomínio
Condomínio Geral (tradicional): pode ser condomínio voluntário ou condomínio necessário (a origem do condomínio nem sempre é vontade das partes - comunhão de propriedade e de domínio).
Condomínio voluntário:
A regra é que as partes podem buscar a extinção do condomínio (extinção por venda judicial do bem ou por fracionamento).
Bens divisíveis (possível de fracionar) ou indivisíveis (a parte fracionada fica menor que um módulo rural ou urbano - Ex. divisão do bem por cinco filhos).
A preferência para aquisição quando na venda é do condômino que possui maior número de benfeitorias (prevalência na posse) e depois do que tiver o maior quinhão.
Condomínio necessário (Art. 1327): modalidade quando ocorre uma divisão por cerca, muro ou valos (regras para a manutenção dessa linha divisória). É chamado condomínio de muro quando o muro é construído exatamente sobre a divisa (ou a vala fica na divisão, etc. - há uma obrigação de concorrência para a manutenção, ainda, se pode utilizar essa construção para apoiar/”travejamento” uma construção em seu próprio terreno).
A regra de que ocorre é a manutenção daquela construção (isso somente não ocorre em um caso de, por exemplo, a construção ruir e os condôminos não queiram reconstruí-la). E a responsabilidade é dos condôminos caso tombe sobre algo ou alguém.
O outro vizinho não precisa dar a aprovação para se construir um muro na divisa, mas daí essa construção fica em condomínio.
Condomínio Edilício (horizontal - todos os condôminos estão no mesmo pé de igualdade para com as áreas comuns): edifícios/ apartamentos/ moradias.
Unidade autônoma: propriedade individual; não há relação condominial (mas deve-se preservar o sossego alheio - relações do “direito de vizinhança”).
Área comum: propriedade coletiva; há uma relação condominial. A fração ideal da área comum segue como um acessório à fração ideal da unidade autônoma.
Art. 1331. Anotar que os Art. 1º-25º da Lei de condomínio (Lei 4.591/1964) foram revogados, por isso não vigora mais perante condomínios, mas somente para incorporações.
É da essência de um condomínio edilício a divisão entre unidades autônomas e área comum, por isso, o “pode ser” descrito na norma não condiz com o textointegral.
Conforme a maior fração ideal de um condômino, maior é o grau de incidência das despesas de condomínio (podem ser estabelecidas exceções).
O condomínio é um ente personalizado (pessoa jurídica), então fica responsável por qualquer dano a terceiros (uma construção desaba e causa danos; ocorre um furto nas áreas comuns), ainda pode ser uma parte no sentido passivo (sofrer usucapião - se o condomínio negligencia que um próprio condômino está utilizando uma área comum com se sua fosse, ocorre a chamada “supressio” sendo que todos os outros condôminos perdem um pouco de sua fração ideal, mas não precisa alterar as matrículas sendo apenas o uso concedido para o usucapiente - o condomínio deve ser diligente, ou qualquer condômino, prevendo isso para que o provável usucapiente se submenta ao domínio alheio, aumentando sua despesa de condomínio) ou ativo (não deixar um condômino construir em área comum; pleitear usucapião).
Ato de instituição (Art. 1332): nasce o condomínio; pode ser através de testamento (registrado no Cartório de Registro de Imóveis para surtir efeitos reais e perante terceiros). Torna viável a transferência de apartamentos ou lotes.
Constituição do condomínio: a incorporadora exerce uma convenção de condomínio (separação das unidades autônomas). Para ficar oponível contra terceiros (Ex. um inquilino; novos adquirentes de unidades autônomas; pessoas que exercem a posse mas não são proprietários) é necessário que se registre em cartório.
Regula sobre a destinação de unidades autônomas (principalmente quando há um condomínio misto entre áreas comerciais e residenciais).
Art. 1351. O quórum é de 2/3 das frações ideias para aprovação, mas depois, para alteração da destinação do edifício, por exemplo, precisa de unanimidade.
Regimento Interno: regulamento e regras de convivência.
=> quando uma vaga de garagem possui uma matrícula diversa do apartamento, então poderá ser vendida para um terceiro estranho ao condomínio, mas poderá haver no regimento uma proibição que se venda para alguém que não seja condômino (algum outro proprietário).
=> Art. 1337. Em deliberação ulterior (esse dispositivo foi objeto do Enunciado 508 CNJ - exclusão do convívio) da assembleia poderá haver a exclusão da posse de um dado condômino/ou possuidor sobre o bem (pode locar para outrem), que se comporte de modo anti-social (contra as disposições do regimento interno), caso a multa pecuniária se mostre ineficaz para condutas reiteradas.
=> a despesa condominial (despesa não paga - a multa é de 2% e a taxa de juros parte de 1% até a definição em convenção, mas não pode ser abusiva) podem ser buscadas como títulos executivos de cobrança.
O inadimplemento contumaz é caracterizado como um comportamento anti-social: vai contra a ideia de função social da propriedade (repercute de forma negativa para a coletividade).
A exclusão de um condômino deve ser deliberada em assembleia (“ordem do dia: deliberar sobre a exclusão do condômino tal” - ou “deliberar sobre tais assuntos e outras deliberações”, então alguém levanta esse assunto na assembleia), que irá ajuizar a ação de exclusão. Lembrando que o condômino que não está quite pode ser impedido de participar da assembleia (“convidado a se retirar” - disposição legal).
Art. 1340. Despesas relativas: as áreas comuns devem ser arcadas por todos (mesmo elevador para um morador no térreo ou playground para que não possua crianças), mas algumas específicas como um fundo de corredor utilizado apenas por um dos condôminos (este, pagando por esta fração de área comum, afasta-se o animus domini do mesmo - permissão e tolerância impede o usucapião, pois impede a posse).
Realização de obras comuns (Art. 1341): exigem um quórum específico para cada tipo - voluptuárias (2/3; embelezamento), úteis (1/2+1; aumentam a utilidade da benfeitoria) e necessárias (qualquer condômino pode fazer e exigir do condomínio o reembolso caso a despesa não for excessiva, neste caso se não tiver aprovação da assembleia antes pode correr o risco de não levantar o valor gasto; conserto de telhado se urgente; pintura da fachada se não urgente - sempre exige autorização da assembleia).
Art. 1342. Novas benfeitorias em áreas comuns (exige 2/3 da assembleia). Não pode atrapalhar nenhum dos condôminos na área comum afetada (possibilidade de veto).
Aula 28/11/2017
Direitos de Vizinhança
Ação demolitória: se uma construção não obedece o plano diretor ou do Estatuto das Cidades, como uma janela encostada na divisa do terreno, sem um afastamento devido.
Art. 1302. se uma janela é construída na divisa (não é o mesmo que tijolos furados para ventilação, ou de vidro para iluminação - mesmo assim não poderá ter abuso do direito e tapar/vedar, sem deixar nenhum centímetro), o proprietário do terreno deve tomar alguma medida no prazo de 1 ano, senão ocorre a decadência do direito de construção na divisa, e ainda respeitar o afastamento da janela no local (depois de 15 anos poderá deter o usucapião da passagem de luz), mesmo que construa encostado no restante de toda a divisa.
Ação denunciação de obra nova (medida acautelatória): se a obra ainda está por fazer => se interrompe a construção para se discutir a regularidade daquela obra.
Ação de dano infecto (medida acautelatória): existe um risco plausível que algum dano venha ocorrer, em virtude do comportamento do vizinho em uma dada construção.
=> é possível ajuizar qualquer uma dessas ações sendo tanto proprietário quanto possuidor.
É possível cumular nestas ações a reparação do dano material e extrapatrimonial.
Os fatores a serem observados/ a se ter uma preocupação, são: o uso nocivo, o interesse coletivo e a proteção ambiental.
=> no caso de uma poda de árvore de um vizinho, deve-se ter cuidado em podar as raízes para a árvore não morrer, pois daí se aplicam as regras ambientais.
Servidão de passagem (um imóvel possui acesso a uma via pública, mas as pessoas se deslocam por outro caminho mais confortável): direito de gozo, real, sobre coisas alheias; é reconhecida por ação confessória; enseja possibilidade de ”usucapião de servidão”.
Passagem forçada (um imóvel que não tem acesso a uma via pública): incide os Direitos de Vizinhança. O imóvel “encravado” pode buscar o acesso mais direto à via pública de modo forçado, por qualquer imóvel adjacente que tenha acesso (os vizinhos devem se curvar à necessidade de passagem do vizinho “encravado”); em geral há um pagamento para quem possui a passagem, depois de uma ação de passagem forçada; normalmente o poder público possui um planejamento de uma via, desapropriando um terreno para isso, então cessa o direito de passagem forçada.
=> É possível passar cabos e tubulações no terreno do vizinho, não precisando que “não haja outra opção de passagem”, mas somente a comodidade é necessária (Ex. para ligar uma tubulação de esgoto precisaria, além de dar a volta no vizinho, passar por um terreno rochoso, sendo que o do vizinho é de terra). É agregada a ideia de função social da propriedade e de abuso do direito (neste caso, as tubulações deve estar suficientemente profundas).
=> Em relação às águas e fontes, não se aplicam de modo literal as regras do Código, mas levando em conta as regras de preservação ambiental para as futuras gerações/ com interesse na coletividade (um poço artesiano que poderá secar o manancial subterrâneo).
Estatuto das Cidades, Art. 36-40: Estudo de impacto ambiental das construções (Ex. uma chaminé de um restaurante que incomoda a vizinhança) e o Plano Diretor.
Art. 1299 CC. as construções levantadas devem respeitar os vizinhos e os regulamentos administrativos (normativas do Plano Diretor). Ainda, devem respeitar a função social da propriedade, como também não poderá haver abuso do direito de propriedade (Ex. se constrói um muro muito alto que não serve para nada, só prejudicando o vizinho; as ofendículas, como vidro quebrado no muro também devem ter uma finalidade plausível).
Aula de CORREÇÃO DA PROVA P2
Q1: Joaquim comprou um apartamento e o vendedor vendeu depois,para outro, mesmo com uma escritura pública já feita. Então o novo comprador registrou sua escritura pública antes.
Tinha que falar na questão qual é o sistema adotado no Brasil (derivado do direito romano), que requer tanto o título quanto o modo, para que ocorra a aquisição da propriedade. Assim, no primeiro caso, havia o título mas não houve o registro (constituiu o direito pessoal, mas não o real), por isto, não chegou a ser proprietário, por isso não tinha condições de reivindicar a coisa. Então só poderia reaver o direito pessoal lesado.
Q2: Manoel construiu um prédio que invadiu outro terreno.
Aquisição da propriedade por acessões. No ordenamento jurídico atual, há uma maior valorização do trabalho, desde que tenha agido de boa fé. No caso, não excede a vigésima parte.
Q3: Usucapião constitucional rural, com soma da posse.
Pessoalidade da posse; deve tornar a área produtiva e não pode ter outra propriedade. A solução depende do posicionamento doutrinário e jurisprudencial (módulo rural). O filho não pode abrir mão de uma parte do módulo rural, devendo usucapir a sua totalidade (menor área designada pelo Ministério da Agricultura). Ainda, como o terreno não pode ser dividido, pois a parte restante ficaria menor que um módulo rural (bem indivisível), o terreno inicial fica em condomínio (uma parte ainda fica com o usucapido).
DEPOIS que o possuidor morreu, seu filho passou a manter a posse (é possível somar a posse no usucapião constitucional, desde que continue tornando a área produtiva, e é herdeiro legítimo). Os filhos que moram em outro estado não continuaram exercendo o trabalho.
Q4: Um vizinho utilizou o subsolo do terreno de José para construir uma fundação de uma edificação.
Resposta de acordo com o Art. 1229 CC.
Q5: Polêmica em torno de um condômino anti-social.
Fundamentação no Art. 1337, para a deliberação ulterior, a fim de se ajuizar uma ação para a expulsão do referido condômino (disponibilizada a ampla defesa). Assim, o condômino perde a exercibilidade da posse direta.
Segue o LINK para baixar o presente arquivo:
https://drive.google.com/open?id=1aEYPj5lez0fetztpi_HzoxNzsWC8qbFX

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