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Universidade Veiga de Almeida - 2008.1 Engenharia de Produção Prof. Justino Nóbrega 1 
A sabedoria consiste na antecipação das conseqüências. 
Norman Cousins 
 HISTÓRICO DA MEDICINA E SEGURANÇA DO TRABALHO 
1.1 Histórico da Medicina e Segurança do trabalho no mundo ocidental 
O êxito de qualquer atividade empresarial é diretamente proporcional à manutenção da sua 
peça fundamental - o trabalhador - em condições ótimas de saúde. 
As atividades laborais nasceram com o homem. Pela sua capacidade de raciocínio e pelo 
seu caráter adaptativo, o homem conseguiu, através da história, criar tecnologias que 
possibilitassem sua existência no planeta. 
Uma revisão dos documentos históricos relacionados à Segurança do Trabalho permite 
observar muitas referências a riscos do tipo profissional mesclados aos propósitos do homem de 
lograr a sua subsistência. Na antiguidade, a quase totalidade dos trabalhos era desenvolvida 
manualmente pelo artesão ou por animais de carga - uma prática que ainda pode ser encontrada 
em muitos trabalhos da construção civil. 
Hipócrates, médico grego considerado o maior médico da antiguidade ocidental, “Pai da 
Medicina”, criador do juramento até hoje utilizado pelos médicos ocidentais, em seus escritos que 
datam de IV a.C, fez menção à existência de moléstias entre mineiros e metalúrgicos. 
Caius Plinius Secundus, naturalista latino do séc I d.C, autor de um compêndio 
denominado “Historia Natural” com 37 volumes, conhecido como Plínio, O Velho, que viveu no 
início da era Cristã, descreveu diversas moléstias do pulmão entre mineiros e envenenamento 
proveniente do manuseio de compostos de enxofre e zinco. 
Galeno, médico grego do século II d.C, cujas teorias foram aceitas até meados do séc XVI, 
fez várias referências a moléstias profissionais entre trabalhadores das ilhas do Mediterrâneo. 
George Bauer, “O Agrícola”, “Pai da Mineralogia”, autor do primeiro trabalho a reunir os 
conhecimentos de geologia, mineração e técnicas de metalurgia e Philippus Aureolus 
Theophrastus Bombastus von Hohenheim, conhecido como Paracelsus, famoso alquimista suíço, 
precursor da moderna quimioterapia, investigaram doenças ocupacionais nos séculos XV e XVI. 
Georgius Bauer, em 1556, teve publicada post mortem, o livro "De Re Metallica", em que 
foram estudados diversos problemas relacionados à extração de minerais argentíferos e auríferos, 
e à sua fundição. Essa obra discute os acidentes do trabalho e as doenças mais comuns entre os 
mineiros, dando destaque à chamada "asma dos mineiros". A descrição dos sintomas e a rápida 
evolução da doença parece indicar sem sombra de dúvida, sintomas de silicose. 
Em 1697, surge a primeira monografia sobre as relações entre trabalho e doença de 
autoria de Paracelsus: "Von der Birgsucht und Anderen Heiten". São numerosas as citações 
relacionando métodos de trabalho e substâncias manuseadas com doenças. Destaca-se à 
intoxicação pelo mercúrio, já que os principais sintomas dessa doença profissional foram por ele 
assinalados. 
Em 1700, um livro era publicado na Itália que iria ter notável repercussão em todo o 
mundo. Tratava-se da obra "De Morbis Artificum Diatriba" de autoria do médico Bernardino 
Ramazzini que, por esse motivo é cognominado o "Pai da Medicina do Trabalho". Nessa 
importante obra e verdadeiro monumento da saúde ocupacional, são descritas cerca de 100 
profissões diversas e os riscos específicos de cada uma. Um fato importante é que muitas dessas 
descrições são baseadas nas próprias observações clínicas do autor que nunca esquecia de 
perguntar ao seu paciente: "Qual a sua ocupação?". 
Mudanças tecnológicas 
Devido à escassez de mão de obra qualificada para a produção artesanal, o gênio 
inventivo do ser humano encontrou na mecanização a solução do problema. 
Partindo da atividade predatória da caça, evoluiu-se para a agricultura e pastoreio, 
alcançando a fase do artesanato e atingindo a era industrial. 
A partir da segunda metade do século XVIII, ocorreu na Inglaterra, a Revolução Industrial, 
marco inicial da moderna industrialização que teve a sua origem com o aparecimento da primeira 
máquina de fiar e as primeiras máquinas a vapor. 
Universidade Veiga de Almeida - 2008.1 Engenharia de Produção Prof. Justino Nóbrega 
Até o advento das primeiras máquinas de fiação e tecelagem, o artesão era dono dos seus 
meios de produção. O custo elevado das máquinas não mais permitiu ao próprio artífice possuí-
 
Universidade Veiga de Almeida - 2008.1 Engenharia de Produção Prof. Justino Nóbrega 2 
las. Dessa maneira, os capitalistas, antevendo as possibilidades econômicas dos altos níveis de 
produção, decidiram adquiri-las e empregar pessoas para fazê-las funcionar. Surgiram, assim, as 
primeiras fábricas de tecidos e, com elas, a relação entre o Capital e o Trabalho. 
As primeiras fábricas eram instaladas próximas aos cursos d’água, pois as máquinas eram 
acionadas por energia hidráulica, fazendo com que as fábricas, a princípio, fossem situadas 
distantes dos grandes centros urbanos, que então começavam a se formar. 
A introdução da máquina a vapor, indubitavelmente, revolucionou o quadro industrial. A 
indústria, que não mais dependia de cursos d'água, veio para as grandes cidades, onde era 
abundante a mão-de-obra. A taxa vegetativa da população era enorme. Era costumeiro a 
existência de grandes famílias com vários filhos, fornecendo uma fonte quase inesgotável de mão 
de obra abundante e barata. 
Com o advento da Revolução Industrial ocorreu uma maior aceleração do movimento de 
êxodo rural mais acentuado da humanidade. O homem do campo deixou de ser “servo” de reis e 
nobres, para ser “servo” do capital, para aceitar o risco de ser apanhado pelas garras de uma 
máquina. 
Condições totalmente inóspitas de calor, ventilação e umidade, além de precárias 
preocupações higiênicas eram encontradas freqüentemente, pois as "modernas" fábricas nada 
mais eram que galpões improvisados. 
As máquinas primitivas ofereciam toda a sorte de riscos, não possuindo dispositivos que 
protegessem quem as utilizasse, e as conseqüências tornaram-se tão críticas que surgiram 
movimentos, inclusive de órgãos governamentais, exigindo um mínimo de condições mais 
humanas para o trabalho. O quadro geral era dantesco. 
A improvisação das fábricas e a mão de obra constituída não só de homens, mas 
sobretudo de mulheres e crianças que passaram a ser uma constante. Essas eram expostas a 
jornadas de até 16 horas diárias, sem quaisquer restrições quanto ao estado de saúde e 
desenvolvimento físico, sem folgas e intervalos durante o expediente. Nos últimos momentos do 
século XVIII, o parque industrial da Inglaterra passou por uma série de transformações, as quais, 
se de um lado proporcionaram melhoria salarial dos trabalhadores, e ao mesmo tempo, causaram 
problemas de saúde ocupacionais bastante sérios. 
O trabalho em máquinas sem proteção, o trabalho executado em ambientes fechados onde 
a ventilação era precária e o ruído atingia limites altíssimos, a inexistência de limites de horas de 
trabalho. Tudo isso trouxe como conseqüência, elevados índices de acidentes e de moléstias 
profissionais, inclusive facilidade de proliferação de doenças infecto-contagiosas. 
Na Inglaterra, França e Alemanha, a Revolução Industrial causou um verdadeiro massacre 
a inocentes, e os sobreviventes foram tirados da cama e arrastados para um cenário de calor, 
gases, poeiras e outras condições adversas nas fábricas e minas. Esses fatos logo se colocaram 
em evidência pelos altos índices de mortalidade entre os trabalhadores e especialmente entre as 
crianças. 
A sofisticação das máquinas, objetivando um produto final mais perfeito e em maior 
quantidade, ocasionou o crescimentodas taxas de acidentes e, também, da gravidade desses 
acidentes. 
Nessa época, a causa prevencionista ganhou um grande adepto: Charles Dickens. Esse 
notável romancista inglês, através de críticas violentas, procurava a todo custo condenar o 
tratamento impróprio que as crianças recebiam nas indústrias britânicas. 
Em virtude destas manifestações, a opinião pública alarmada, pressionou o Parlamento 
Britânico. Assim, o Parlamento, através de uma comissão de inquérito, aprovou a primeira lei 
específica de proteção de trabalhadores datada de 1802 e cuja denominação é “Lei de saúde e 
moral dos aprendizes”, a qual estabeleceu: 
a) Limite máximo de 12 horas por dia de jornada de trabalho; 
b) Proibição de trabalho noturno; 
c) Obrigação de lavagem, pelo menos duas vezes por ano, das paredes do galpão da 
fábrica; 
d) Instalação de sistemas de ventilação passa a ser obrigatória. 
Entretanto, essas medidas não foram suficientes para reduzir o número de acidentes de 
trabalho; por exemplo, as cidades de Manchester e Liverpool pareciam campos de guerra, devido 
ao intenso número de aleijados desempregados e pedintes. 
Universidade Veiga de Almeida - 2008.1 Engenharia de Produção Prof. Justino Nóbrega 
 
Universidade Veiga de Almeida - 2008.1 Engenharia de Produção Prof. Justino Nóbrega 3 
Em 1830, um empresário britânico mais humanista, preocupado com as péssimas 
condições de trabalho ao qual submetia seus trabalhadores, procurou o médico Robert Baker. 
Assim, Baker, conhecedor do trabalho pioneiro de Ramazzini, o qual começou a realizar 
inspeções médicas, recomendando a contratação permanente de um médico para acompanhar 
sempre os locais de trabalho e afastar os funcionários que estivessem prejudicando sua própria 
saúde. Surgiu assim o primeiro programa de controle médico e saúde ocupacional (PCMSO) em 
todo mundo. 
Já em 1833, foi publicada a primeira legislação específica realmente eficiente de proteção 
ao trabalhador, em geral denominada “The FACTORY ACT1”, a qual estabelecia, principalmente: 
a) Menores de 18 anos não poderiam fazer trabalhos noturnos; 
b) A jornada semanal de trabalho passava a ser de até 60 (sessenta) horas com 
jornada diária máxima de 12 (doze) horas; 
c) Todas as fábricas nas quais trabalhassem menores de 13 anos deveriam ter 
escolas, e estes funcionários deveriam freqüentá-la; 
d) A idade mínima para começar a trabalhar era 9 (nove) anos; 
e) A existência de um médico, que deveria atestar se as crianças que trabalhavam 
estavam tendo um desenvolvimento normal. 
Pouco a pouco, a legislação foi se modificando até chegar à teoria do risco social. 
Segundo tal teoria, o acidente do trabalho é um risco inerente à atividade profissional exercida em 
benefício de toda a comunidade, devendo esta, por conseguinte, amparar a vítima do acidente. 
O Reino Unido foi onde se concretizaram, as primeiras medidas tomadas em prol dos 
funcionários fabris. Foi lá criado o primeiro serviço fiscalizador ligado ao governo, o Factory 
Inspectorate, que pretendia verificar o cumprimento das disposições do FACTORY ACT. 
As outras nações que participaram deste movimento mundial, aos poucos foram tomando 
medidas similares, como a França, a Alemanha entre outros.Após a Segunda Guerra Mundial, 
países ocidentais como a França e a Espanha instituíram os primeiros serviços médicos 
obrigatórios. 
Na América, os Estados Unidos foram os precursores que, apesar do poderio econômico 
que já começava a sobressair no final do século XIX, demoraram bastante tempo para iniciar o 
movimento de proteção a segurança do trabalhador. 
 Em 1886, houve a célebre revolta de Chicago, onde a união de trabalhadores entrou em 
conflito com a polícia causando a morte de várias pessoas dos dois grupos. Objetivava a 
regulamentação de uma jornada diária única, de no máximo 8 horas, ao invés do descontrole que 
havia, de até 15 horas. Tal conflito originou o feriado quase universal de 10 de maio2 –o Dia do 
Trabalho. 
 No dia 11 de maio de 1887, surge no estado americano de Massachusets, o primeiro ato 
governamental que exigia a utilização de equipamentos de proteção sobre eixos rolantes, correias 
de transmissão, engrenagens expostas e impedia a limpeza de máquinas, enquanto estas 
estivessem em movimento. Estipulava-se também a presença de saídas de emergência em 
galpões fabris. 
 Já neste século, com a nova fase do capitalismo, pensadores e industriais como Taylor, 
Maynard, Barnes, Mongensen, Gilbraith, entre outros, definiram novas técnicas de fabricação em 
massa e em escala que trouxeram novas necessidades. 
 A legislação desse país, gerou um artigo que garantia indenização em caso de acidentes, 
sendo então aceita pelos principais industriais americanos a criação de serviços médicos. A 
segurança era tratada como parte da engenharia mecânica, tratando somente de prevenção em 
partes de maquinário e não de prevenção de acidentes. Por isso foi criado a National Council for 
Industrial Safety (Conselho nacional de segurança industrial), centro mundial de referência até os 
dias atuais. 
Somente em 1954 foi homologada a legislação e a obrigatoriedade da criação e 
manutenção dos serviços médicos para o empresariado americano. 
 Esses movimentos não deixaram de ser percebidos como movimento a nível mundial, 
sendo acolhidos por organismos mundiais como a OIT (Organização Internacional do Trabalho ) e 
Universidade Veiga de Almeida - 2008.1 Engenharia de Produção Prof. Justino Nóbrega 
 
1 Aplicada em fábricas têxteis que utilizassem força hidráulica ou força a vapor 
2 Nos EUA, Canadá e África do Sul , o primeiro de maio é comemorado na primeira segunda-feira do mês de setembro 
 
Universidade Veiga de Almeida - 2008.1 Engenharia de Produção Prof. Justino Nóbrega 4 
a OMS (Organização Mundial de Saúde). Essas duas agremiações são fóruns internacionais 
respeitadíssimos em suas áreas de atuação, sendo aceitos quase universalmente. 
 No dia 3 de junho de 1959 em Genève, Suíça, foi realizada a 430 Conferência Internacional 
do Trabalho, onde, como resultado, foi emitida a recomendação n0 112, denominada 
“Recomendação sobre serviços para a saúde ocupacional” , que estabelecia os seguintes termos: 
1. Proteger os trabalhadores contra qualquer risco de saúde que possa decorrer de 
seu trabalho ou das condições em que é realizado; 
2. Contribuir para o ajustamento físico e mental do trabalhador, obtido especialmente 
pela adaptação do trabalho aos trabalhadores, e pela colocação destes em 
atividades para as quais tenham aptidão; 
3. Contribuir para o estabelecimento e a manutenção do mais alto grau possível de 
bem estar físico e mental dos trabalhadores. 
 
A partir dessa data, os países europeus e norte-americanos passaram a adotar e 
aperfeiçoar. a recomendação da OIT 
Já na América Latina, as preocupações com acidentes do trabalho foram iniciadas 
somente no século XX. Em 1935, foi criada em Nova York, o Conselho Interamericano de 
Seguridad, órgão este ligado a OEA (Organização dos Estados Americanos). 
Existe hoje um movimento internacional para que como a série ISO 9000 e a série ISO 
14000, (respectivamente sobre qualidade e meio ambiente), sejam adotados procedimentos 
semelhantes que exijam a padronização de serviços de segurança e medicina do trabalho através 
da possível série ISO 18000. 
 
1.2 Histórico da Medicina e Segurança do trabalho no Brasil 
A primeira referência sobre leis de proteção ao trabalhador e acidentes do trabalho foi em 
15 de janeiro de 1919, quando o Vice-Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, 
Delfim Moreira da Costa Ribeiro, através do decreto no 3.724, inseriuna sociedade brasileira os 
preceitos de saúde e segurança do trabalho, dando origem a toda estrutura prevencionista que 
existe hoje no Brasil. Já em relação à construção civil, a referência inicial foi a Recomendação n0 
31 do ano de 1929. 
O país aderiu a OIT juntamente com a sua fundação. Embora este órgão estivesse ligado 
a Liga das Nações, precursora da atual ONU e desde 1928, o Brasil, nunca deixou de prestigiá-la 
financeiramente e politicamente, ainda que dela não fizesse parte. 
O Brasil começou a se industrializar a partir de 1930, deixando de ser um país 
exclusivamente agrícola de monocultura tipo plantation (café) para se tornar uma sociedade mais 
industrial. Por tal razão, os problemas pelos quais os países industrializados passaram só tiveram 
aqui a devida preocupação posteriormente. 
Com a criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (MTIC) em 1930, a 
inspetoria de higiene industrial e profissional muda de jurisdição, não pertencendo mais ao 
Departamento Nacional de Saúde, o qual estava ligada desde 1923, para fazer parte do 
Departamento Nacional de Trabalho, através da divisão de Higiene e Segurança. 
 
1.2.1 Origens da engenharia de segurança no Brasil 
Para falar-se das origens da Engenharia de Segurança, no Brasil, é importante que se 
analise, primeiramente, como se deu a evolução da Prevenção de Acidentes, antes que se 
pensasse na existência daquela especialização da Engenharia. 
A Prevenção de Acidentes, realizada sob a égide do Ministério do Trabalho, recebeu, de 
início, importante contribuição da área médica, cujas mãos chegavam as mais importantes 
conseqüências dos acidentes do trabalho - as lesões pessoais. 
Tal circunstância não só explica a liderança assumida pela Medicina nos primeiros passos 
dados em direção à prevenção de acidentes, como também esclarece porque esses passos foram 
dados com vistas especialmente a aspectos de conseqüências. E, mais do que isso, explica a 
visão conseqüencial que, até hoje, caracteriza certas práticas em detrimento de outros caminhos 
Universidade Veiga de Almeida - 2008.1 Engenharia de Produção Prof. Justino Nóbrega 
 
Universidade Veiga de Almeida - 2008.1 Engenharia de Produção Prof. Justino Nóbrega 5 
que favorecem a pesquisa das causas. A legislação atual possui um caráter muito mais corretivo 
do que preventivo, não sendo pró-ativo. 
Desenvolveu-se a prática de realizar e divulgar estatísticas de acidentados, rotulando-as 
de estatísticas de acidentes. E com isso, deixava-se de considerar os acidentes de que não 
decorressem lesões. A respeito de um acidente de que não resultasse lesão, ouvia-se dizer: 
"graças a Deus, não foi nada". Se não havia acidentado, não havia acidente. 
Essa maneira de considerar o assunto, embora não fosse razoável, explicava-se pelo 
interesse primordial pelo acidentado, que caracterizava os que assim agiam. 
Juntam-se a isso as características da profissão médica para a qual o estudo das lesões 
pessoais é de sua indiscutível competência e merece todo o seu interesse. E assim, governo, 
empregadores e empregados adquiriam consciência da necessidade de encarar o problema de 
prevenção do acidente; o primeiro ditando as bases de uma legislação que visava a proteger o 
trabalhador da agressividade do ambiente de trabalho e os últimos obedecendo o estipulado 
nessa legislação, na medida de suas possibilidades. 
Foi então que o empresariado começou a despertar para o aspecto econômico dessa 
prevenção e espalhou-se a idéia de que a prevenção poderia ser um bom negócio. A aceitação 
dessa assertiva muito contribuiu, sem dúvida, para a fundação, em 1941, da ABPA, a Associação 
Brasileira para Prevenção de Acidentes. 
Com a promulgação da legislação CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), em 1944, os 
acidentes típicos e as doenças profissionais deixaram de ser os únicos grupos nos quais se 
subdividem os acidentes do trabalho. Esses passaram, a partir desse instante a abranger todos os 
eventos que tivessem correlação com as causas e efeitos dos acidentes, mesmo sem um único 
responsável. 
Já na década seguinte, com a finalidade de promover o interesse dos empregados por 
assuntos associados com a prevenção de acidentes e de doenças profissionais, foram criadas as 
comissões internas de prevenção de acidentes (CIPA’s). 
 A indústria do petróleo (criação da Petrobrás em 1953), a de siderurgia (Criação da 
Companhia Siderúrgica Nacional, CSN, em 1942), e tantas outras que começavam a funcionar 
exigiam capacidade técnica, a qual não contava com a ajuda de tradição. Impunha-se novo 
enfoque para enfrentar as novas técnicas. Não seria lógico, então, continuar a abandonar a 
análise dos acidentes sem lesão. E era necessário passar a estudar a problemática do acidente a 
partir de suas causas. 
Nessa altura tornou-se possível sensibilizar a área da Engenharia, até então preocupada 
principalmente com os assuntos ligados diretamente à produção, para a análise das causas do 
acidente. Todavia até que viesse a surgir o interesse profissional pela pesquisa das causas do 
acidente haveria um longo caminho a percorrer. 
Em 1961, mais uma associação de prevenção de acidentes do trabalho foi fundada, a 
SOBES (Sociedade Brasileira de Engenharia.de Segurança). 
Foi criada, em 1965, a inspeção de trabalho, visando assegurar a aplicação das 
disposições legais (Decreto-lei n0 55.841). Em 1967, o seguro de acidentes passa a ser recolhido 
exclusivamente pelo governo, sendo as taxas de seguro um percentual de 0,4 a 0,8% sobre a 
folha de salário de contribuição, dependendo da ocorrência de acidentes 
Apesar de fazer parte da OIT e de ter ratificado a recomendação de n0 112, esta não foi 
adotada de primeira instância, sendo negligenciada até o momento em que foi anunciado por 
estudos da OIT que o Brasil era o campeão mundial de acidentes do trabalho em 19703. Este fato 
é, inclusive, bastante difícil de ser contestado, devido à precariedade das estatísticas deste 
período. 
Em outubro de 1972, durante a realização do 11º CONPAT4, em Curitiba, representantes 
das entidades e empresas discutiram a necessidade de elevar a carga horária prevista para os 
cursos de especialização em engenharia de segurança e em medicina do trabalho, fixando-a em 
um mínimo de 360 horas, com o que concordaram os representantes do Departamento Nacional 
de Saúde e Higiene do Trabalho (DNSHT) e da Fundacentro. Estiveram presentes as seguintes 
entidades e empresas: DNSHT, Fundacentro, SOBES, ABPA, INPS, UFP, SENAI, COHISI DO 
Universidade Veiga de Almeida - 2008.1 Engenharia de Produção Prof. Justino Nóbrega 
 
3 Menciona-se em tom jocoso, que cada pilar da ponte Rio Niterói possui pelo menos um nordestino. 
4 Congresso de Prevenção de Acidentes do Trabalho. 
 
Universidade Veiga de Almeida - 2008.1 Engenharia de Produção Prof. Justino Nóbrega 6 
SESI, Petrobrás, IBM, General Motors, Volkswagen do Brasil, Antarctica e Federação das 
Indústrias do Paraná. 
Esse foi um primeiro passo para o aperfeiçoamento do preparo dos profissionais a serem 
utilizados. Logo depois o assunto foi reestudado, sendo fixado, no caso da engenharia de 
segurança, a carga horária mínima de 600 horas. Não obstante a Portaria 3.237 previa a 
existência de especialistas, dando a competência das áreas em que agiriam, mas não fixava a 
forma pela qual seriam especializados. Era a primeira vez que essas entidades não 
governamentais se reuniam para discutir problemas de interesse comum. Além de cuidar do 
preparo dos profissionais previstos na portaria n0 3.237, caberia realizar estudos para 
homogeneizar os seus ditames em relação à legislação regulamentadorado exercício da 
engenharia, arquitetura e agronomia. 
Esses estudos serviram de base ao projeto de lei que, apresentado no Senado, pelo Eng.º 
Saturnino Braga5, dispunha a respeito da especialização de Engenheiros e Arquitetos em 
Engenharia de Segurança do Trabalho e também sobre a profissão de Técnico de Segurança do 
Trabalho. No mesmo ano, foi instituído o Programa Nacional de Valorização do Trabalhador. 
Criou-se em 1976, através do decreto-lei n0 79037, o acidente de trajeto, no qual 
considera o empregado a serviço, voluntariamente ou não, quando se desloca de sua residência 
para o trabalho ou vice-versa, além de deslocamentos por força de trabalho. Nesse ano foi 
promulgada a lei n0 6367, reduzindo os benefícios em valor e tipo de doenças amparadas 
legalmente. Substituíram-se as tarifas antes em voga (fixas), por tarifas que seriam atribuídas em 
função do grau de risco da empresa em escala de 1 a 4, sendo as taxas de 1,2% e 2,5% para os 
dois últimos grupos. Esta mentalidade prejudicava de certa forma as empresas que investiam em 
prevenção, visto que esta legislação não separava o joio do trigo. 
Em 1976, inicia-se o processo de regulamentação dos serviços de engenharia e medicina 
do trabalho, a partir da formação de comissões tripartites (Sindicatos patronais, sindicatos de 
trabalhadores e Ministério do Trabalho) aglutinando, empresariado, governo e trabalhadores para 
a elaboração das Normas Regulamentadoras que inicialmente foram sancionadas pelo presidente 
da República, Gal. Ernesto Geisel. Em 08 de junho de 1978, todas as normas relativas à 
segurança e medicina do trabalho foram consolidadas em forma de Normas regulamentadoras6. 
Em 27 de novembro de 1985 foi sancionada a Lei n0 7.410 que, em seguida, foi 
regulamentada pelo decreto n0 92.530, de 9 de abril de 1986. Esta lei dispõe sobre a 
especialização de Engenheiros e Arquitetos em Engenharia de Segurança do Trabalho, sobre a 
profissão de Técnico de Segurança do Trabalho e dá outras providências. Antes de entrar no 
comentário dessas e outras medidas regulamentadoras que se seguiram, é importante lembrar 
que, em julho de 1977, a SOBES, a ABPA e outras associações, a convite do MTB, 
compareceram ao Departamento de Assuntos Universitários do MEC com o fim de discutir o 
ensino de tópicos relativos à Engenharia de Segurança nos currículos plenos de Engenharia. O 
programa então proposto, aprovado pelo Conselho Federal de Educação, contribuiu de maneira 
muito positiva para esclarecer concluintes de cursos das várias modalidades de engenharia a 
respeito dos objetivos dessa especialização. 
Em 1987, a OIT elaborou uma convenção específica sobre os aspectos de segurança e 
higiene na construção a partir das conclusões de reuniões de especialistas mundiais, sendo 
abordados os seguintes temas: 
1. Definição da abrangência da atividade da construção; 
2. Desenvolvimento de medidas de segurança e higiene; 
3. Organização da segurança e da higiene; 
4. Serviços de fiscalização; 
5. Serviços de medicina do trabalho e de primeiros socorros; 
6. Obrigações e responsabilidades dos empregadores, subcontratistas, trabalhadores 
assalariados e autônomos, assim como todos os que intervêem na supervisão da obra como 
arquitetos e engenheiros civis. 
Em 1988, foi determinado pela Medida Provisória n0 63 que as empresas que 
apresentassem aumento no índice de acidentes do trabalho superior à média do respectivo setor, 
seriam oneradas com uma contribuição adicional de 0,5% a 1,8% sobre o total das remunerações 
Universidade Veiga de Almeida - 2008.1 Engenharia de Produção Prof. Justino Nóbrega 
 
5 Atual senador do estado do Rio de Janeiro, ex-prefeito da capital do estado. 
6 Naquele instante eram em número de 28. A NR29 – (trabalho portuário) foi consolidada em 1997 
 
Universidade Veiga de Almeida - 2008.1 Engenharia de Produção Prof. Justino Nóbrega 7 
pagas. Em 1990, a lei 8099 incluiu entre as competências do INSS, a execução de programas e 
atividades do Governo Federal na área do Trabalho, fazendo com que as DRT’s (delegacias 
regionais do trabalho) unificassem os dados do INSS. 
No caso da Construção Civil, por se tratar de uma atividade econômica de suma 
importância tanto na geração de empregos como na geração de acidentes, foi proposto, em 1994, 
o aprimoramento da norma regulamentadora específica, sancionada pelo presidente José Sarney 
em 1995, a qual trata única e exclusivamente da atividade de Construção Civil, a NR-18. 
Como a tecnologia atual muda constante e rapidamente, faz-se sempre necessário 
modernizar as NR’s para que estas não fiquem obsoletas. Ainda que o sistema atual não seja 
perfeito, pelo menos regulamenta-se o mínimo indispensável para que os trabalhadores possam 
se sentir amparados. As Normas Regulamentadoras especificam o dimensionamento dos serviços 
de engenharia e medicina do trabalho (NR5 e NR7), a criação de programas de prevenções de 
riscos (NR9), criação de comissões internas de prevenção de acidentes (CIPA- NR4) ou ainda o 
dimensionamento de áreas de vivência em canteiros de obra (NR18). 
Obviamente a regulamentação por si só não garante a integridade física e mental do 
trabalhador. Ela tem ainda caráter preponderantemente punitivo, corretivo e de certa forma 
somente mitigatório, ao invés de caracteres pró-ativos, preventivos e preditivos. 
Atualmente, o governo tem declarado uma guerra contra os altos índices de acidentes que 
estão presentes nas estatísticas, apesar de ainda imperar a subnotificação e a omissão de 
acidentes de pouca ou nenhuma importância e risco. É objetivado que até 2005, o país diminua 
em até 40% os atuais níveis de acidentes do trabalho. 
1.3 Prevenção versus perdas 
O objetivo primordial da Engenharia de Segurança é detectar os riscos potenciais, analisá-
los e promover ações preditivas e preventivas de proteção, a partir de diversas técnicas de 
engenharia. Com o advento de uma economia onde o mais importante será o conhecimento, os 
recursos humanos de uma empresa poderão ser a chave de sobrevivência da mesma. 
A administração ou gestão deve ser direcionada para a redução dos custos, através da 
implantação de um programa eficiente, que vise a minimizar os acidentes, sinistros ou outro fato 
negativo que interrompa ou altere um sistema de produção. 
H.W HEINRICH7, em 1931, após realizar um estudo a partir de análises de acidentes 
liquidados por uma empresa de seguro, concluiu que de 330 acidentes estudados, apenas 30 
tinham dado origem a lesões pessoais, dos quais só uma de maior gravidade e que, não seria 
razoável continuar abandonando mais de 90% de informações provenientes de acidentes sem 
lesão. Ele também se mostrou contra a idéia de buscar a prevenção dos acidentes no estudo de 
suas conseqüências. Não havia a proporcionalidade entre a gravidade das lesões pessoais 
decorrentes de acidentes e a gravidade potencial desses acidentes. 
Posteriormente, o estudioso americano FRANK E. BIRD reformulou esta teoria, 
apresentando novos valores para esta pirâmide, baseado em dados da siderurgia Luckens Steel 
Co. Mais tarde, ampliou o leque de informações e, em 1969, apresentou o estudo definitivo de 297 
empresas, abrangendo cerca de 1.750.000 trabalhadores, concluindo que para cada lesão grave, 
havia 10 acidentes.com lesões leves, 30 com danos leves à propriedade e 600 quase acidentes. 
 
Figura 1.1 – A Pirâmide de Bird . Fonte : Tavares 1996 
 
Universidade Veiga de Almeida - 2008.1 Engenharia de Produção Prof. Justino Nóbrega 
7 Engenheiro H.W. Heinrich em sua obra Industrial Accident Prevention, divulgou dados estatísticos que deram 
origem a famosa pirâmidede Heinrich 
 
Universidade Veiga de Almeida - 2008.1 Engenharia de Produção Prof. Justino Nóbrega 8 
 
Figura 1.2 – A Pirâmide de Heinrich . Fonte : Tavares 1996 
 
 
Figura 1.3 – A Pirâmide do Insurance Company of North America. Fonte : Tavares 1996 
 1.4 Legislação pertinente 
A Engenharia de Segurança possui ampla legislação pertinente, cabendo destacar: 
¾ Dispositivos constitucionais - A Constituição Federal contém diversos 
dispositivos relacionados com o direito dos trabalhadores à segurança e à saúde nos ambientes 
de trabalho. 
¾ Lei 6.514 de 22/12/1997: Essa Lei alterou o Capítulo V, Título II, da Consolidação 
das Leis do Trabalho, relativo à Segurança e Medicina do Trabalho. 
¾ Portaria 3.214 de 08/06/1978: Aprovou as Normas Regulamentadoras - NR - do 
Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do 
Trabalho. 
¾ Portaria 393 de 09/04/1996 (NR 0): A metodologia de regulamentação na área de 
segurança e saúde no trabalho, atribuição da Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho – 
SSST, terá como princípio básico a adoção do sistema tripartite paritário – Governo, 
Trabalhadores e Empregadores. 
¾ Normas Regulamentadoras do MTB (33) 
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Universidade Veiga de Almeida - 2008.1 Engenharia de Produção Prof. Justino Nóbrega 9 
¾ Lei 7.410 de 27/11/1985: Dispõe sobre a especialização de Engenheiros e 
Arquitetos em Engenharia de Segurança do Trabalho, a profissão de Técnico de Segurança do 
Trabalho e dá outras providências. 
¾ Decreto 92.530 de 09/04/1986: Regulamenta a Lei nº 7.410/85. 
¾ Resolução 359 de 31/07/1991 do CONFEA Dispõe sobre o exercício profissional, 
o registro e as atividades de Engenharia de Segurança do Trabalho e dá outras providências. 
¾ Enunciados do TST - Jurisprudência firmada pelo Tribunal Superior do Trabalho 
(TST) relativa à Segurança e à Saúde dos Trabalhadores. 
¾ Resolução 437 de 27/11/1999 do CONFEA - Dispõe sobre a Anotação de 
Responsabilidade Técnica – ART relativa às atividades dos Engenheiros e Arquitetos, especialistas 
em Engenharia de Segurança do Trabalho e dá outras providências. 
1.5 Dados estatísticos 
Antes de 1970, não existia sequer controle estatístico da quantidade de acidentes do 
trabalho que ocorriam no país. Acreditava-se que o Brasil fosse um dos campeões em quantidade 
de acidentes do trabalho. O quadro imaginado era bastante sombrio e perturbador. Quando se 
pode comprovar, através do estudo dos casos, a verdade parcial (somente os casos mais sérios, 
onde ocorriam hospitalização e morte, eram computados à estatística nacional), verificou se que o 
número de acidentados era imenso, e que algo deveria ser feito para diminuir as conseqüências e 
a quantidade de acidentes com perdas humanas. Ao longo destes últimos trinta anos, esse 
número vem sistematicamente caindo, mas mantendo-se a níveis ainda altos. São, contudo, bem 
mais confiáveis que os antigos, devido ao uso das comunicações de acidentes do Trabalho, as 
CAT’s, e sobretudo à criação de legislação específica e obrigatoriedade de criação de serviços 
especializados de segurança do trabalho. No quadro 1.1, tem-se os dados oficiais de acidentes e 
doenças do trabalho, ocorridas entre 1970 e 1999. 
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Universidade Veiga de Almeida - 2008.1 Engenharia de Produção Prof. Justino Nóbrega 10 
Quadro 1.1 - Número de acidentes ocorridos entre 1970 e 1999 Fonte : BEAT, INSS 
Acidentes 
ANO Segurados Celetistas 
Típico Trajeto 
Doenças total Óbitos % 
1970 
 
7.284.022 não divulgado 1.119.672 14.502 5.937 1.220.011 2.232 0,03%
1971 
 
7.553.472 não divulgado 1.308.335 18.138 4.050 1.330.523 2.587 0,03%
1972 
 
8.148.987 não divulgado 1.479.318 23.389 2.016 1.504.723 2.854 0,04%
1973 
 
10.956.956 não divulgado 1.603.517 28.395 1.784 1.633.696 3.173 0,03%
1974 
 
11.537.024 não divulgado 1.756.649 38.273 1.839 1.796.761 3.833 0,03%
1975 
 
12.996.796 não divulgado 1.869.689 44.307 2.191 1.916.187 4.001 0,03%
1976 
 
14.945.489 não divulgado 1.692.833 48.394 2.598 1.743.825 3.900 0,03%
1977 
 
16.589.605 não divulgado 1.562.957 48.780 3.013 1.614.750 4.445 0,03%
1978 
 
16.638.799 não divulgado 1.497.934 48.511 5.016 1.551.461 4.342 0,03%
1979 
 
17.637.127 não divulgado 1.388.525 52.279 3.823 1.444.627 4.673 0,03%
1980 
 
18.686.355 não divulgado 1.404.531 55.967 3.713 1.464.211 4.824 0,03%
1981 
 
19.188.536 não divulgado 1.215.539 51.722 3.204 1.270.465 4.808 0,03%
1982 
 
19.476.362 não divulgado 1.117.832 57.874 2.766 1.178.472 4.496 0,02%
1983 
 
19.671.128 não divulgado 943.110 56.899 3.016 1.003.025 4.214 0,02%
1984 
 
19.673.915 não divulgado 901.238 57.054 3.233 961.525 4.508 0,02%
1985 
 
20.106.390 18.923.062 1.010.340 63.515 4.006 1.077.861 4.384 0,02%
1986 
 
21.568.660 19.805.287 1.129.152 72.693 6.014 1.207.859 4.578 0,02%
1987 
 
22.320.750 20.224.585 1.065.912 64.830 6.382 1.137.124 5.738 0,03%
1988 
 
23.045.901 21.164.050 926.354 60.202 5.025 991.581 4.616 0,02%
1989 
 
23.678.607 21.847.772 825.081 58.524 4.838 888.443 4.554 0,02%
1990 
 
22.755.875 20.407.880 632.012 56.343 5.217 693.572 5.355 0,02%
1991 
 
22.792.858 19.584.604 579.362 46.679 6.281 632.322 4.527 0,02%
1992 
 
22.803.065 18.676.063 490.916 33.299 8.299 532.514 3.516 0,02%
1993 
 
22.722.008 19.026.331 374.167 22.709 15.417 412.293 3.110 0,01%
1994 
 
23.016.637 18.778.872 350.210 22.824 15.270 388.304 3.129 0,01%
1995 
 
23.614.200 18.763.518 374.700 28.791 20.646 424.137 3.967 0,02%
1996 
 
24.311.448 18.924.763 325.870 34.696 34.889 395.455 4.488 0,02%
1997 
 
23.275.605 18.862.098 347.482 37.213 36.648 421.343 3.469 0,01%
1998 Não não totalizado 347.738 36.114 30.489 414.341 4.144 
1999 não não totalizado 319.617 36.716 22.032 378.365 3.923 
 total de óbitos : 122.388 
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Quadro 1.2 - Número de acidentes ocorridos entre 1970 e 1999 Fonte : FUNDACENTRO 
ANOS NÚMERO DE SEGURADOS 
NÚMERO DE 
ACIDENTADOS PERCENTUAL 
1970 7.284.022 1.220.111 16,75% 
1971 7.553.472 1.330.523 17,61 % 
1972 8.148.987 1.504.723 18,47 % 
1973 10.956.956 1.632.696 14,90 % 
1974 11.537.024 1.796.761 15,57 % 
1975 12.996.796 1.916.187 14,74 % 
1976 14.945.489 1.743.825 11,67 % 
1977 16.589.605 1.614.750 9,73 % 
1978 16.638.799 1.551.5019,32 % 
1979 17.637.127 1.444.627 8,19 % 
1980 18.686.35518 1.464.211 7,84 % 
1981 19.188.536 1.270.465 6,62 % 
1982 19.476.362 1.178.472 6,05 % 
1983 19.671.128 1.003.115 5,10 % 
1984 19.673.915 961.575 4,89 % 
1985 20.106.390 1.077.861 5,36 % 
1986 21.568.660 1.207.859 5,60 % 
1987 22.320.750 1.137.124 5,09 % 
1988 23.045.901 992.737 4,31 % 
1989 23.678.607 888.343 3,75 % 
1990 22.755.875 693.572 3,05 % 
1991 22.792.858 629.918 2,76 % 
1992 22.803.065 532.514 2,33 % 
1993 22.722.008 412.293 1,81 % 
1994 23.016.637 388.304 1,68 % 
1995 23.614.200 424.137 1,79 % 
1996 24.311.448 395.455 1,62 % 
1997 23.275.605 369.065 1,58 % 
1998 Dados incompletos 
1999 Dados incompletos 
 
Os dados apresentados no quadro 1.1 e 1.2, são os dados oficialmente distribuídos pela 
agência governamental, o FUNDACENTRO. São dados de todas as atividades econômicas 
laborais da nação. Tem-se verificado uma tendência de queda nos ”números oficiais” na década 
de 80 e 90. Estes números retratam, os casos relatados ao FUNDACENTRO, geralmente casos 
que não podem ser ocultados devido a inquéritos policiais com mortes e hospitalizações. 
Entretanto, em recentes artigos e estudos, chegou-se a conclusão de que para cerca de 450 mil 
acidentes que ocorrem anualmente no Brasil (dados extra-oficiais de 1999), as empresas têm 
uma despesa de aproximadamente R$ 12,5 bilhões (contando os custos segurados e os não-
segurados); os familiares dos acidentados ou lesionados desembolsam mais de R$ 2,5 bilhões 
(acomodando-os, tratando-os e perdendo horas de trabalho e renda); e o Estado, juntamente com 
as famílias, gasta estimativamente R$ 5 bilhões para acudir os que se acidentam e adoecem no 
mercado informal e em nada contribuem para a formação do fundo previdenciário que garante o 
seguro aos acidentes do trabalho. 
 Em suma: teoricamente, o número se aproxima de R$ 20 bilhões por ano! Uma verba 
colossal que tornaria possível gerar em torno de uns 500 mil empregos. O mais grave ainda é o 
sofrimento das vítimas de acidentes e doenças profissionais: o país não pode desperdiçar 
recursos dessa forma e muito menos dar as costas para o drama humano que decorre do desleixo 
e da desatenção. É verdade que a solução de uma boa parte do problema depende da melhoria 
da educação dos trabalhadores e da sua conscientização. Nos dias atuais, os trabalhadores 
constituem o ativo mais precioso das empresas. À medida que a concorrência aumenta e a 
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economia se globaliza, a importância do trabalho bem-feito, da eficiência e da produtividade é 
questão de “vida ou morte” para as empresas. 
 O novo ambiente econômico exige mão-de-obra cada vez mais qualificada e um clima da 
mais absoluta parceria entre empregados e empregadores. Demitir um bom empregado é 
desumano, oneroso e contraproducente. A Construção Civil deveria refletir sobre a alta 
rotatividade de sua mão de obra, e providenciar treinamentos periódicos para aperfeiçoamento 
técnico. A empresa que for recontratar esse empregado pagará caro e despenderá tempo para 
readaptá-lo às suas condições de trabalho. Descuidar de sua saúde e proteção geral, além de ser 
inadmissível em uma sociedade dita civilizada, constitui uma das maiores irracionalidades que o 
empresariado pode cometer num momento em que a competitividade de suas empresas está 
sendo desafiada pela internacionalização da economia. 
O SINDUSCON-Rio, também preocupado com a situação atual da Construção Civil, 
realizou um estudo comparativo com empresas americanas do ramo, com dados estatísticos bem 
confiáveis, apresentando o seguinte quadro: 
 
Quadro 1.3 – quadro comparativo de dados pesquisados pelo SINDUSCON-RIO , BRASIL E EUA Fonte: 
Anuário do FUNDACENTRO 1998 
 
 
 
PESQUISA DO SINDUSCON NA C.CIVIL dados BRASIL (1) dados EUA (2) 
 Média mensal % taxa de % taxa de % taxa de 
ANO EMPRESAS 
 de empregados acidentes freqüência acidentes freqüência acidentes freqüência 
1979 10 14.393 10,01 37 8,19 34,26 3,89 19,45 
1980 15 14.460 9,86 34,73 7,84 32,71 4,29 21,45 
1981 18 19.560 8,02 28,21 6,62 27,36 3,57 16,85 
1982 9 20.935 6,25 22,75 6,05 24,37 nf nf 
1983 18 13.755 4,75 18,02 5,10 20,88 3,88 19,40 
1984 17 22.678 3,23 14,43 4,89 19,95 3,88 19,40 
1985 15 11.024 3,23 12,24 5,36 21,90 3,31 16,55 
1986 22 15.213 4,41 17,7 5,60 22,84 nf nf 
1987 22 19.965 3,31 13,98 5,09 20,85 nf nf 
1988 36 23.965 3,76 14,54 4,31 17,56 3,32 16,60 
1989 31 23.933 2,97 12,61 3,75 16,59 nf nf 
1990 32 21.662 2,25 9,82 3,05 13,26 nf nf 
1991 31 21.740 2,57 10,74 2,81 12,07 nf nf 
1992 33 30.419 2,01 7,98 2,34 10,37 nf nf 
1993 30 24.176 1,84 7,78 1,90 8,12 nf nf 
1994 27 17.543 1,11 5,15 1,68 7,52 nf nf 
1995 26 14.636 0,97 4,33 1,79 7,93 nf nf 
1996 24 11.924 1 4,25 1,63 7,03 3,08 13,42 
1997 21 7.856 0,9 3,58 1,81 nf nf nf 
1998 24 10.323 0,83 3,32 1,79 nf nf nf 
(1) Este percentual refere-se a todos os trabalhadores assegurados 
(2) Dados do National Safety Council 
(3) NF - Não fornecido 
(4) Taxa de Frequencia: TF = (número de acidentados afastados x 1.000.000) / 
(número de horas/homem expostas ao risco) 
 
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Comparando as taxas de freqüências encontradas na pesquisa realizada pelo 
SINDUSCON RIO, pode-se observar que o número de acidentes chega a ser bastante próximo. 
Entretanto, as notificações americanas podem ser consideradas bem mais realistas que as do 
país, já que o caso do número de subnotificações ou não notificações encontradas no Brasil são 
muito maiores. 
Para fins comparativos, mostrando dados referentes somente a acidentes fatais, tem-se 
que no Japão, ao longo do ano de 1998, faleceram devido à acidentes do trabalho nas mais 
diversas áreas, 1844 pessoas, ou seja, número bem inferior ao encontrado no país que foi de 
4144 pessoas no mesmo período. 
 
Quadro 1.4 – Quadro sobre acidentes fatais ocorridos no Japão em 1998 Fonte: JISHA 1999 
ACIDENTES DE TRABALHO FATAIS NO JAPÃO 
MINERAÇÃO (1,6%)
TRANS. PUBLICO (2,5%)
PORTOS (1%)
EXT.VEGETAL (3,7%)
INDUSTRIA (16,5%)
TRANS. TERRESTRE (12,2%)
CONSTRUÇÃO (39,3%)
OUTROS (23%)
 
Nos quadros 1.5 e 1.6 tem-se dados mais recentes provenientes do MPAS, obtidos e divulgados pela 
revista proteção, especializada no setor. 
 
Quadro 1.5 Motivos de acidentes década de 2000 Fonte: anuário revista proteção 
 
 ACIDENTES 
 #TRAB TÍP TRAJ DOE 
TOT OBIT 
2000 26.228.629 304.963 39.300 19.605 363.868 3.094
2001 27.189.614 282.965 38.799 18.487 340.251 2.753
2002 28.683.913 323.879 46.881 22.311 393.071 2.968
2003 29.544.927 325.577 49.642 23.858 399.077 2.674
2004 31.407576 375.171 60.335 30.194 465.700 2.839
2005 33.238.617 393.921 67.456 30.334 491.711 2.708
MED 29.382.213 334.413 50.402 24.132 408.946 2.839
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Universidade Veiga de Almeida - 2008.1 Engenharia de Produção Prof. Justino Nóbrega 14 
Quadro 1.6 Partes atingidas 2005 Fonte: Anuário proteção 2007 
 
 ACIDENTES 
 TOTAL % TÍP % TRAJ % DOE % 
MEMBROS 
INFERIORES 70.159 14,27% 53.244 13,51%16.73524,81% 200 0,66% 
CABEÇA E 
PESCOÇO 32.497 6,61% 26.009 6,60% 4.562 6,76% 1.9266,35% 
MEMBROS 
SUPERIORES 194.426 39,54% 170.28343,23%17.66426,19% 6.479 21,36% 
TORAX E 
QUADRIL 33.185 6,75% 25.883 6,57% 3.879 5,75% 3.423 11,28% 
ARTICULAÇÕES 
E TEC. CONJ. 49.717 10,11% 33.192 8,43% 8.822 13,08% 7.703 25,39% 
OUTROS 111.693 22,72% 85.302 21,65%15.78923,41%10.602 34,95% 
TOTAL 491.677 393.913 67.451 30.333 
BIBLIOGRAFIA 
BERNSTEIN, Peter L. – Desafio aos Deuses – A fascinante história do risco. 4 Ed – Ed. 
Campus – 1997 
CICCO, Francesco de. Segurança e Qualidade. Revista CIPA, 1990.e 1994 
------------------. Custo de acidentes. Fundacentro, S. Paulo , 1985. 
------------------. Prevenção e Controle de Perdas. Fundacentro, S. Paulo 1985. 
DELA COLETA, José Augusto. Acidentes do trabalho – fator humano, contribuições da 
psicologia do trabalho atividades de prevenção. Ed. Atlas – RJ, 1989. 
DE LUCCA, Sérgio R. & FAVERO, Manildo . Os acidentes do trabalho no Brasil- algumas 
implicações de ordem econômica Revista Brasileira de Saúde Ocupacional v22 num 81 
pág 9 e 10 - Fundacentro, 1994. 
HADDAD, Assed N ; CABRAL, Simone D. & MIRANDA, Vilmar A .A. - Análise de projetos de 
Segurança. Apostila do curso de Pós Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho 
– UFRJ, Rio de Janeiro, A 2000, 38p. 
PRETOSKI, H. – Engineers of Dreams : Great Bridge Builders and Spanning of America – 
Vintage Books, N. York, 1995. 
RAMAZINNI, Bernardino - “De Morbis Artificum Diatriba” – tradução da liga brasileira contra 
acidentes do trabalho – 1971 
Referências da internet 
ACGIH-American Conference of Gov. Industrial Hygienists: www.acgih.gov 
ILO / OIT – International Labor Organization / Organização Internacional do Trabalho : 
www.ilo.gov 
Revista CIPA: www.cipanet.com.br 
Universidade Veiga de Almeida - 2008.1 Engenharia de Produção Prof. Justino Nóbrega 
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas :www.abnt.org.br. 
ABPA - Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes : www.abpa.org.br 
FUNDACENTRO : www.fundacentro.gov.br 
ISO - International Organization for Standardization : Organização Internacional de 
Normalização. www.iso.ch 
 Ministério do Trabalho e Emprego : www.mte.org.br 
 Revista Proteção: www.proteção.com 
 
	 HISTÓRICO DA MEDICINA E SEGURANÇA DO TRABALHO
	1.1 Histórico da Medicina e Segurança do trabalho no mundo ocidental
	1.2 Histórico da Medicina e Segurança do trabalho no Brasil
	1.2.1 Origens da engenharia de segurança no Brasil
	1.3 Prevenção versus perdas
	 1.4 Legislação pertinente
	1.5 Dados estatísticos
	BIBLIOGRAFIA
	Referências da internet