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___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 1 11-- OORRIIGGEENNSS HHIISSTTÓÓRRIICCAASS DDOO SSIINNDDIICCAALLIISSMMOO:: 1.1- No Mundo: Deve-se considerar que o Sindicato e o movimento social que lhe é próprio, o Sindicalismo, são produtos da Sociedade Capitalista. Na Revolução Industrial com o agrupamento de homens em massa em torno da máquina é que se começou a despertar a consciência dos operários da comunhão de seus interesses, surgindo assim o movimento operário moderno do sindicalismo. Diz-se que o início do sindicalismo deu-se na Inglaterra em 1720, quando se formaram as primeiras associações de trabalhadores para reivindicar melhores condições de trabalho. E não poderia ser diferente, pois a Inglaterra é o berço do capitalismo. O direito de associação propriamente dito foi conquistado na Inglaterra em 1871 e na França em 1884, assinalando o início da liberdade sindical. ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 2 Mas os direitos de livre associação e sindicalização somente tornam-se sedimentados na cultura jurídica ocidental, a partir da criação da Organização Internacional do Trabalho, em 1.919, e efetivamente se consolida com a Declaração Universal dos Direitos do Homem, em 1948. 1.2- No Brasil: Enquanto na Europa existiam as corporações de ofício, no Brasil, com a outorga da Constituição Imperial (1824), dois anos após a independência lia-se no seu texto: “Ficam abolidas as corporações de ofício, seus juízes e mestres.” Corporações essas que nunca existiram no Brasil diante do regime de trabalho escravagista. A Constituição de 1891 reconheceu a liberdade de associação, em seu Artigo 72, § 8º, de forma genérica. A primeira Constituição Brasileira a ter normas específicas de Direito do Trabalho, foi a de 1934, como influência do constitucionalismo social, valorizando e instituindo o chamado Direito Coletivo (Sindicalismo e o Direito de Greve). ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 3 A Constituição de 1937 expressa a intervenção do Estado, com características do sistema corporativista, instituindo o Sindicato Único, vinculado ao Estado, e proibindo o Direito de Greve, visto como recurso antissocial e nocivo à economia. A Constituição de 1946 restabeleceu o direito de greve, rompendo, de certa forma, com o corporativismo da Carta de 1937. Após 20 anos de Ditadura Militar, a Constituição Federal da República de 1988 declarou o direito à liberdade de associação profissional, de forma ampla, não podendo a lei exigir autorização do Estado, para seu funcionamento, ressalvado o registro no órgão competente, bem como, acentuou a importância das Convenções e Acordos Coletivos de Trabalho (Artigos. 7º, Inciso XXVI, e 8º, Inciso VI, CF/88), e confirmou o direito de greve (Artigo 9º, da CF/88). 22-- LLIIBBEERRDDAADDEE SSIINNDDIICCAALL:: Diversos autores conceituam Liberdade Sindical, não só por ser Princípio de Direito Coletivo do Trabalho, como por ser considerado direito fundamental. O Inciso XVII, do Artigo 5º, da CF/88, preceitua que: ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 4 “Art. 5º. XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;” Luiz Alberto Matos dos Santos, em sua obra “A liberdade sindical como direito fundamental”, cita que Octavio Magano enfatiza a tradição de nosso direito, que é conceber a liberdade sindical em três dimensões: sindicalização livre, autonomia e pluralidade sindical e a define como sendo “o direito dos trabalhadores e empregadores de não sofrerem interferência nem dos poderes públicos, nem de uns em relação aos outros, no processo de se organizarem, bem como, de promoverem interesses próprios ou de grupos que pertençam.” Russomano afirma que a Liberdade Sindical é uma figura triangular, cujas partes distintas, sindicalização, autonomia sindical e pluralidade sindical, ao se tocarem nas extremidades, formam um triângulo jurídico. Normalmente os autores entendem a liberdade sobre três enfoques, Orlando Gomes e Elson Gottschalk a entendem sobre três aspectos: em relação ao indivíduo, em relação ao grupo e de ambos perante o Estado. ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 5 Liberdade Sindical em relação ao indivíduo: - Liberdade de filiar-se a um Sindicato – É considerado o aspecto positivo da liberdade de associação. A liberdade de filiar-se sem nenhuma condição, senão de cumprir os estatutos. Não pode haver despedida ou recusa de admissão em razão do indivíduo ser filiado a um Sindicato. Também não pode haver cláusula no contrato de trabalho em que o empregado se obrigue a não se filiar (este último nos Estados Unidos chamado de Yellow dog contract). - Liberdade de não se filiar a um Sindicato – É chamada de aspecto negativo da liberdade sindical. Não pode haver a exigência de filiação a um Sindicato para contratação ou manutenção do contrato. Práticas frequentes nos Estados Unidos e na Inglaterra, assim denominadas: Closed shop exigência de filiação como condição de emprego. Union shop filiação ao sindicato como condição à continuidade no emprego. O Inciso XX, do Artigo 5º, da CF/88, disciplina que: “Art. 5º. (…) XX – ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;” ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 6 O Inciso V, do Artigo 8º, da CF/88, quanto à liberdade de associação profissional ou sindical, disciplina que: “Art. 8º. É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: (…) V– ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;” Acerca desse tema, a Seção de Dissídios Coletivos do Tribunal Superior do Trabalho (TST), emitiu a Orientação Jurisprudencial n.º 20, in verbis: OJ 20 – SDC – TST. EMPREGADOS SINDICALIZADOS. ADMISSÃO PREFERENCIAL. CONDIÇÃO VIOLADORA DO ART. 8º, V, DA CF/88. (inserido dispositivo) - DEJT divulgado em 16, 17 e 18.11.2010 Viola o art. 8º, V, da CF/1988 cláusula de instrumento normativo que estabelece a preferência, na contratação de mão de obra, do trabalhador sindicalizado sobre os demais. ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 7 - Liberdade de retirar-se de um Sindicato – É o complemento lógico das duas primeiras em regime de sindicalismo livre. Conforme disposto no Artigo 5º, Inciso XX, da CF/88, ninguém pode ser obrigado a permanecer associado. 2.1- Liberdade Sindical no Brasil: A autonomia dos Sindicatos perante o Estado, conforme já dito, sempre sofreu restriçõesno Brasil. A Constituição de 1988 eliminou o controle político administrativo do Estado sobre os Sindicatos, quer quanto à sua criação, quer quanto a sua gestão, e alargou as prerrogativas de atuação dos Sindicatos. Porém manteve: Unicidade Sindical; representação por categoria profissional/econômica; financiamento genérico e compulsório de toda a sua estrutura; e poder normativo dos tribunais trabalhistas. ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 8 33-- PPLLUURRAALLIIDDAADDEE EE UUNNIICCIIDDAADDEE SSIINNDDIICCAALL:: - Pluralidade Sindical – quando é permitido e efetivamente existe mais de um Sindicato de determinada profissão, na mesma base territorial. Na Inglaterra e na França funciona o Sistema de Pluralidade Sindical. A OIT – Organização Internacional do Trabalho, na sua Convenção n.º 87, que trata da Liberdade Sindical, defende a Pluralidade Sindical como único modelo capaz de garantir a plena Liberdade Sindical. - Unidade ou Unicidade Sindical – quando a Lei permite a criação de apenas um Sindicato por profissão, para cada base territorial. No Brasil vigora o Sistema da Unicidade Sindical, nos termos do Inciso II, do Artigo 8º, da CF/88, in verbis: “Art. 8º. É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: I – a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, rreessssaallvvaaddoo oo rreeggiissttrroo nnoo óórrggããoo ccoommppeetteennttee, vedadas ao poder público a interferência e a intervenção na organização sindical; ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 9 II – é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um município;” Portanto, o Brasil não ratificou e promulgou a Convenção n.º 87, da OIT, que adota a Pluralidade Sindical, insistindo na adoção da Unicidade Sindical. No Sistema de Unicidade Sindical o Sindicato é obrigatoriamente único por categoria profissional ou diferenciada, em se tratando de trabalhadores, e por categoria econômica, em se tratando de empregadores. A base territorial mínima dos Sindicatos é um Município. Base territorial é a abrangência de representatividade dos trabalhadores ou empregadores. A personalidade sindical depende de registro junto ao MTE – Ministério do Trabalho e Emprego. Esse registro visa conferir se não existe outro Sindicato representativo da mesma categoria em certo espaço territorial (base territorial). ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 10 Entende-se que a exigência do registro por si só não fere a Liberdade Sindical, pois, não se caracteriza como autorização, mas sim, apenas como reconhecimento, para controle da regra da Unicidade Sindical. A Súmula n.º 677, do STF, disciplina que: “Súmula 677/STF. Sindicato. Princípio da unicidade. Registro de entidades sindicais. Ministério do Trabalho. CF/88, art. 8º, I e II. Até que lei venha a dispor a respeito, incumbe ao Ministério do Trabalho proceder ao registro das entidades sindicais e zelar pela observância do princípio da unicidade.” STJ - RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA RMS 31070 DF 2009/0237760-9 (STJ) Data de publicação: 23/04/2010 “Ementa: PROCESSUAL CIVIL. SINDICATO. REGISTRO NO MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. NECESSIDADE. SÚMULA 677/STF. PRINCÍPIO DA UNICIDADE SINDICAL. 1. Este mandado de segurança foi impetrado por Sindicato de servidores públicos contra ato supostamente ilegal e abusivo do Secretário de Estado e Planejamento do Distrito Federal, com o fito de suspender os efeitos da Portaria 212, de 13 de novembro de 2007, que condicionou o repasse mensal da parcela da contribuição ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 11 facultativa descontada mensalmente da folha de pagamento dos filiados do impetrante ao registro do Sindicato no Ministério do Trabalho. 2. A Corte de origem denegou a ordem por entender que "o registro no Ministério do Trabalho e Emprego (...) é ato vinculado que complementa e aperfeiçoa a existência legal de entidade sindical", sem o qual o Sindicato "não é sujeito de direito, não lhe assistindo, então, o direito de ação em juízo, dado que não detém a indispensável representatividade da categoria, o que lhe retira a legitimidade ativa". 3. O acórdão recorrido está em sintonia com a jurisprudência desta Corte, segundo a qual o registro dos sindicatos no Ministério do Trabalho é indispensável para a defesa de seus representados em juízo, pois é o meio eficaz para a preservação do princípio da unicidade sindical. 4. Precedentes da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça e de suas duas Turmas de Direito Público, bem como do Supremo Tribunal Federal. 5. "Até que lei venha a dispor a respeito, incumbe ao Ministério do Trabalho proceder ao registro das entidades sindicais e zelar pela observância do princípio da unicidade" (Súmula 677/STF). 6. O registro no Ministério do Trabalho e Emprego objetiva preservar o princípio da unicidade sindical, que não será observado se as entidades sindicais se registrarem somente nos Cartórios Cíveis de Pessoa Jurídica. Assim, enquanto o impetrante não for registrado, ainda que provisoriamente, no MTE, não faz jus ao recebimento das contribuições facultativas descontadas de seus filiados, já que não se sabe se é o único Sindicato a representar a categoria na base sindical em que atua. 7. Recurso ordinário não provido.” ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 12 44-- EESSTTRRUUTTUURRAA SSIINNDDIICCAALL BBRRAASSIILLEEIIRRAA:: A Estrutura Sindical Brasileira está estabelecida no Artigo 8º, Inciso IV, da CF/88 e Artigo 511 e seguintes da CLT, e segue o Sistema Confederativo, constituído pelos Sindicatos (Artigo 511, da CLT), pelas Federações (Artigo 534, da CLT) e pelas Confederações (Artigo 535, da CLT). NOTA: As Centrais Sindicais não integram o Sistema Confederativo da Estrutura Sindical Brasileira, e foram regulamentadas e definidas pela Lei n.° 11.648/2008 apenas como entidades associativas de direito privado, compostas por organizações sindicais de trabalhadores, portanto são apenas entidades associativas de representação geral dos trabalhadores, constituídas em âmbito nacional, com as atribuições específicas de coordenar a representação dos trabalhadores, por meio das organizações sindicais a ela filiadas; e participar de negociações em fóruns, colegiados de órgãos públicos e demais espaços de diálogo social que possuam composição tripartite, nos quais estejam em discussão assuntos de interesse geral dos trabalhadores. ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELARE COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 13 Os Artigos 1º e 2º, da Lei n.º 11.648/2008, respectivamente, disciplinam sobre as atribuições e prerrogativas das Centrais Sindicais, e sobre os requisitos para instituição e atuação, senão vejamos: “Art. 1 o A central sindical, entidade de representação geral dos trabalhadores, constituída em âmbito nacional, terá as seguintes atribuições e prerrogativas: I - coordenar a representação dos trabalhadores por meio das organizações sindicais a ela filiadas; e II - participar de negociações em fóruns, colegiados de órgãos públicos e demais espaços de diálogo social que possuam composição tripartite, nos quais estejam em discussão assuntos de interesse geral dos trabalhadores. Parágrafo único. Considera-se central sindical, para os efeitos do disposto nesta Lei, a entidade associativa de direito privado composta por organizações sindicais de trabalhadores.” ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 14 “Art. 2 o Para o exercício das atribuições e prerrogativas a que se refere o inciso II do caput do art. 1 o desta Lei, a central sindical deverá cumprir os seguintes requisitos: I - filiação de, no mínimo, 100 (cem) sindicatos distribuídos nas 5 (cinco) regiões do País; II - filiação em pelo menos 3 (três) regiões do País de, no mínimo, 20 (vinte) sindicatos em cada uma; III - filiação de sindicatos em, no mínimo, 5 (cinco) setores de atividade econômica; e IV - filiação de sindicatos que representem, no mínimo, 7% (sete por cento) do total de empregados sindicalizados em âmbito nacional.” As Centrais Sindicais não integrarem o Sistema Confederativo Sindical Brasileiro, em razão de ser órgão de representação geral apenas de trabalhadores, portanto, não existindo Central Sindical econômica (patronal), mas, mesmo assim, elas participam do rateio referente ao total de arrecadação da contribuição sindical dos órgãos sindicais de trabalhadores, na forma prevista no Artigo 589, Inciso II, da CLT: ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 15 “Art. 589 - Da importância da arrecadação da contribuição sindical serão feitos os seguintes créditos pela Caixa Econômica Federal, na forma das instruções que forem expedidas pelo Ministro do Trabalho: I - para os empregadores: a) 5% (cinco por cento) para a confederação correspondente; b) 15% (quinze por cento) para a federação; c) 60% (sessenta por cento) para o sindicato respectivo; e d) 20% (vinte por cento) para a 'Conta Especial Emprego e Salário; II - para os trabalhadores: a) 5% (cinco por cento) para a confederação correspondente; b) 10% (dez por cento) para a central sindical; c) 15% (quinze por cento) para a federação; d) 60% (sessenta por cento) para o sindicato respectivo; e e) 10% (dez por cento) para a 'Conta Especial Emprego e Salário; ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 16 4.1- Sindicatos: O Sindicato é uma associação profissional de primeiro grau (Artigo 561, da CLT), e como é uma espécie de associação, se enquadra como pessoa jurídica de direito privado (Artigo 44, do Código Civil). Os Sindicatos são Associações formadas pelos sujeitos das relações de trabalho (empregados ou empregadores) para o estudo, a defesa e a coordenação de interesses econômicos e profissionais daqueles que exerçam a mesma atividade ou profissão, nos termos do Artigo 511, da CLT. “Art. 511. É lícita a associação para fins de estudo, defesa e coordenação dos seus interesses econômicos ou profissionais de todos os que, como empregadores, empregados, agentes ou trabalhadores autônomos ou profissionais liberais exerçam, respectivamente, a mesma atividade ou profissão ou atividades ou profissões similares ou conexas.” O Sindicato forma-se a partir da inscrição dos seus atos constitutivos no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas, através da qual passa a ter personalidade jurídica de direito privado, e, em seguida, deve ser efetivado seu registro junto ao Ministério do Trabalho e Emprego, para que lhe seja conferida a chamada personalidade sindical, bem como, para fins de controle da Unicidade Sindical. ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 17 4.1.1 – Órgãos Internos que compõem o Sindicato: Possuem três órgãos, a Diretoria, o Conselho Fiscal e a Assembléia Geral. A administração dos Sindicatos é exercida pela Diretoria e o Conselho Fiscal, cujos membros são eleitos pela Assembléia Geral. A Assembléia Geral é órgão deliberativo. Responsável pela criação da própria entidade sindical e que delibera sobre as mais importantes matérias do Sindicato. Elege a Diretoria e o Conselho Fiscal. A Assembléia Geral submete-se, é claro, às previsões do Estatuto. 4.1.2 – Atribuições e Funções dos Sindicatos: O Inciso XX, do Artigo 5º, da CF/88, disciplina que: “Art. 5º. (…) XXI– as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;” ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 18 Os Sindicatos, como modalidade de associação profissional, têm legitimidade para representar seus filiados, judicial ou extrajudicialmente, nos termos do transcrito Inciso XXI, do Artigo 5º, da CF/88, e mais, essa legitimidade de representação ele também tem para representar os não filiados. Quanto à atuação do Sindicato, o Inciso III, do Artigo 8º, da CF/88, dispõe que: “Art. 8º. É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: (…) III– ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; (…) VI – é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;” ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 19 Desta forma, o Sindicato tem a atribuição de defender os direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, seja judicialmente ou extrajudicialmente, podendo ele, efetivar essa defesa de forma coletiva, beneficiando toda a categoria que ele representa, aí incluídos os filiados e não filiados, bem como, pode fazer a defesa individual de um membro da categoria, como quando disponibiliza o advogado do Sindicato, sem custo, para ajuizar uma Ação Trabalhista para um trabalhador da categoria, que pretende resolver uma lide trabalhista, junto à Justiça do Trabalho. Inclusive, o Sindicato tem legitimidade para impetrar Mandado de Segurança Coletivo, nos termos da Alínea “b”, do Inciso LXX, do Artigo 5º, da CF/88: “Art. 5º. (…) LXX – o mandado desegurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;” ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 20 A CLT, no seu Artigo 513, também estabelece as prerrogativas dos Sindicatos, senão vejamos: “Art. 513 - São prerrogativas dos Sindicatos: a) representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias, os interesses gerais da respectiva categoria ou profissão liberal ou os interesses individuais dos associados relativos à atividade ou profissão exercida; b) celebrar convenções coletivas de trabalho; c) eleger ou designar os representantes da respectiva categoria ou profissão liberal; d) colaborar com o Estado, como órgãos técnicos e consultivos, no estudo e solução dos problemas que se relacionam com a respectiva categoria ou profissão liberal; e) impor contribuições a todos aqueles que participam das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas.” ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 21 Portanto, os Sindicatos têm diversas funções: - Função de Representação – É a mais importante, pois por conta dela, falam em nome da categoria, com o propósito de defender e coordenar seus interesses. Em dois campos de atuação, o extrajudicial e o judicial. Atuam extrajudicialmente perante autoridades administrativas. E judicialmente através da representação e substituição processual. - Função Negocial – É a segunda mais relevante função sindical. Visa a produção de direitos suplementares, mais vantajosos, aos previstos em Lei. Podem por isso, celebrar Acordos e Convenções Coletivas de Trabalho. - Função Política – Os Sindicatos atuam, de certa forma, politicamente, representando os interesses da categoria, sendo certo que, a própria institucionalização das Centrais Sindicais evidencia o papel político das entidades sindicais, mas é vedado aos Sindicatos terem atuação de caráter político- partidário. ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 22 4.1.3- Estabilidade Provisória do Dirigente Sindical: De acordo com o Artigo 8º, Inciso VIII, da Constituição Federal de 1988 e o Artigo 543, § 3º, da CLT, não pode ser dispensado o empregado sindicalizado ou associado, a partir do momento do registro de sua candidatura a cargo de direção ou representação, de entidade sindical ou associação profissional, até um ano após o final do seu mandato, caso seja eleito, inclusive como suplente, salvo se cometer falta grave devidamente apurada nos termos da legislação. “Art. 8º. (…) VIII – é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.” “Art. 543. (…) § 3º - Fica vedada a dispensa do empregado sindicalizado ou associado, a partir do momento do registro de sua candidatura a cargo de direção ou representação de entidade sindical ou de associação profissional, até 1 (um) ano após o final do seu mandato, caso seja eleito, inclusive como suplente, salvo se cometer falta grave devidamente apurada nos termos desta Consolidação.” ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 23 A Súmula n.º 369, do TST, também trata da Estabilidade Provisória do Dirigente Sindical, que fica limitada ao número de 07 (sete) Dirigentes Sindicais e igual número de suplentes, senão vejamos de sua transcrição: “Súmula nº 369 do TST DIRIGENTE SINDICAL. ESTABILIDADE PROVISÓRIA (redação do item I alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 I - É assegurada a estabilidade provisória ao empregado dirigente sindical, ainda que a comunicação do registro da candidatura ou da eleição e da posse seja realizada fora do prazo previsto no art. 543, § 5º, da CLT, desde que a ciência ao empregador, por qualquer meio, ocorra na vigência do contrato de trabalho. II - O art. 522 da CLT foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Fica limitada, assim, a estabilidade a que alude o art. 543, § 3.º, da CLT a sete dirigentes sindicais e igual número de suplentes. ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 24 III - O empregado de categoria diferenciada eleito dirigente sindical só goza de estabilidade se exercer na empresa atividade pertinente à categoria profissional do sindicato para o qual foi eleito dirigente. IV - Havendo extinção da atividade empresarial no âmbito da base territorial do sindicato, não há razão para subsistir a estabilidade. V - O registro da candidatura do empregado a cargo de dirigente sindical durante o período de aviso prévio, ainda que indenizado, não lhe assegura a estabilidade, visto que inaplicável a regra do § 3º do art. 543 da Consolidação das Leis do Trabalho.” As Orientações Jurisprudenciais (OJ’s) da Subseção I Especializada em Dissídios Individuais (SBDI-I), do TST, números 365 e 369, dispõem que a Estabilidade Provisória do Dirigente Sindical só é aplicada aos membros da Diretoria Sindical, não sendo aplicada em favor de Membro do Conselho Fiscal, nem em favor de Delegado Sindical, senão vejamos: “OJ 365 – SBDI-I – TST. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. MEMBRO DE CONSELHO FISCAL DE SINDICATO. INEXISTÊNCIA (DJ 20, 21 e 23.05.2008) ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 25 Membro de conselho fiscal de sindicato não tem direito à estabilidade prevista nos arts. 543, § 3º, da CLT e 8º, VIII, da CF/1988, porquanto não representa ou atua na defesa de direitos da categoria respectiva, tendo sua competência limitada à fiscalização da gestão financeira do sindicato (art. 522, § 2º, da CLT).” “OJ 369 – SBDI-I – TST. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. DELEGADO SINDICAL. INAPLICÁVEL. (DEJT divulgado em 03, 04 e 05.12.2008) O delegado sindical não é beneficiário da estabilidade provisória prevista no art. 8º, VIII, da CF/1988, a qual é dirigida, exclusivamente, àqueles que exerçam ou ocupem cargos de direção nos sindicatos, submetidos a processo eletivo.” ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 26 4.2- Federações: As Federações são consideradas entidades sindicais de 2º Grau, cuja base territorial equivale ao de um Estado federado, em regra. Excepcionalmente,as Federações podem ser Interestaduais ou Nacionais, segundo o disposto no § 2º, do Artigo 534 da CLT, in verbis: “Art. 534 - É facultado aos Sindicatos, quando em número não inferior a 5 (cinco), desde que representem a maioria absoluta de um grupo de atividades ou profissões idênticas, similares ou conexas, organizarem-se em federação. § 2º - As federações serão constituídas por Estados, podendo o Ministro do Trabalho autorizar a constituição de Federações interestaduais ou nacionais.” É a associação de 05 (cinco) ou mais Sindicatos, nos termos do Artigo 534, da CLT, que tem como atividade maior coordenar as atividades dos Sindicatos a ela filiados. ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 27 As Federações além de coordenar as atividades os Sindicatos associados têm como atribuição celebrar negociações coletivas quando inexistir Sindicato em determinada base territorial. O reconhecimento de uma Federação na forma prevista no Artigo 537, e seus Parágrafos, da CLT: “Art. 537. O pedido de reconhecimento de uma federação será dirigido ao Ministro do Trabalho, acompanhado de um exemplar dos respectivos estatutos e das cópias autenticadas das atas da assembléia de cada sindicato ou federação que autorizar a filiação.” § 1º A organização das federações e confederações obedecerá às exigências contidas nas alíneas b e c do art. 515. § 2º A carta de reconhecimento das federações será expedida pelo Ministro do Trabalho, na qual será especificada a coordenação econômica ou profissional conferida e mencionada a base territorial outorgada.” ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 28 4.3- Confederações: As Confederações são consideradas entidades sindicais de 2º Grau, de âmbito nacional, constituídas com o mínimo de 03 (três) Federações, tendo como objetivo organizá-las, e sede na Capital da República, nos termos do Artigo 535, da CLT, in verbis: “Art. 535 - As Confederações organizar-se-ão com o mínimo de 3 (três) federações e terão sede na Capital da República.” Outro importante papel destas entidades é opinar sobre o registro de Sindicatos e Federações. Obs.: As Federações e Confederações também têm Função Negocial, com base no Princípio da Complementariedade, cuja base está disposta no § 2º, do Artigo 611 da CLT, que disciplina: ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 29 “Art. 611 - Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho. § 2º As Federações e, na falta desta, as Confederações representativas de categorias econômicas ou profissionais poderão celebrar convenções coletivas de trabalho para reger as relações das categorias a elas vinculadas, inorganizadas em Sindicatos, no âmbito de suas representações.” Assim, em face da nossa legislação, os Sindicatos são legitimados a negociar e fazer Convenções Coletivas de Trabalho (CCT’s). As Federações e Confederações só poderão fazê-las em nome das categorias "inorganizadas em Sindicatos". Isto quer dizer que, quando não há Sindicato de uma atividade ou profissão, a Federação representativa, segundo o quadro do Ministério do Trabalho, de quantas façam parte dessa atividade ou profissão, terá poderes para negociar, representando essas pessoas ou essas empresas. Caso exista Sindicato, isso não será possível. ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 30 Segue-se, diante dessa regra, que em nosso sistema jurídico não é função principal das Federações e Confederações negociar Convenções Coletivas. Aparecerão nas convenções e dissídios coletivos para suprirem lacunas sindicais, cobrindo os espaços representativos em aberto, nos quais não há Sindicato constituído. Quanto ao reconhecimento de uma Confederação, somente é efetivado por decreto do Presidente da República, nos termos do § 3º, do Artigo 537, da CLT, in verbis: “Art. 537. (…) § 3º O reconhecimento das confederações será feito por decreto do Presidente da República.” ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 31 55-- NNOORRMMAASS CCOOLLEETTIIVVAASS DDEE TTRRAABBAALLHHOO:: As Normas Coletivas de Trabalho, também conhecidas como Instrumentos Normativos, cujas espécies são os Acordos Coletivos de Trabalho e as Convenções Coletivas de Trabalho, são os instrumentos de autocomposição dos conflitos coletivos de trabalho, em que as próprias partes envolvidas, por meio de seus órgãos sindicais, tentam a resolução destes conflitos, de forma extrajudicial. O Inciso XXVI, do Artigo 7º, da CF/88, disciplina que: “Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;” A OIT – Organização Internacional do Trabalho, por meio de sua Convenção n.º 98, que trata sobre os princípios do direito de sindicalização e negociação coletiva, e de sua Convenção n.º 154, voltada para fomentar a negociação coletiva do trabalho, defende a autocomposição dos conflitos coletivos, por meio de Acordos e Convenções Coletivas de Trabalho, como o meio mais célere e eficaz de resolução destes conflitos, tendo o Brasil ratificado essas 02 (duas) Convenções da OIT. ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 32 5.1– Teoria Geral da Hierarquia Normativa: Na Teoria Geral da Hierarquia das Normas existe a chamada “Pirâmide de Hierarquia Normativa”, onde no vértice está a Constituição Federal e suas Emendas. Em seguida Leis Complementares, Ordinárias, Delegadas, Medidas Provisórias e, por fim, Decretos (regulamentos normativos). No Direito do Trabalho a hierarquia das normas tem especificidades, com duas importantes distinções nesse critério: Primeiro fala-se em hierarquia de regras jurídicas, considerando-se as normas heterônomas (advindas do Estado) e as autônomas (pactuadas pelas partes, os Acordos e Convenções Coletivas de Trabalho). Em segundo lugar a pirâmide hierárquica não é rígida e inflexível como no Direito Comum. Pois se baseia no Princípio de Direito do Trabalho de Aplicação da Norma Mais Favorável (desdobramento do Princípio do Protecionismo). A análise de aplicação da norma será realizada no caso concreto e a norma hierarquicamente superior será aquela mais favorável ao trabalhador. Logo, o vértice da pirâmide normativa é variável e mutável. No que se refere aos Instrumentos Normativos, na dúvida entre a aplicação do Acordo Coletivoou Convenção Coletiva de Trabalho, prevalece a regra do Artigo 620 da CLT (alterado pela Lei n.º 13.467/2017 – Reforma Trabalhista): ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 33 “Art. 620. As condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre prevalecerão sobre as estipuladas em convenção coletiva de trabalho.” 5.2- Aderência das Normas Coletivas ao Contrato de Trabalho: Questão bastante polêmica é se os direitos estabelecidos em norma coletiva, quando finda a sua vigência, desaparecem ou ficam incorporados ao contrato individual de trabalho, ou seja, se há ou não aderência das cláusulas normativas ao contrato individual de trabalho. Existem 03 (três) Teorias a respeito, quais sejam: 1ª) Aderência Irrestrita (Ultratividade Plena): Esta Teoria defende que os dispositivos de Acordos e Convenções Coletivas de Trabalho ingressam para sempre no Contrato de Trabalho, não podendo dele serem suprimidos, em analogia ao disposto no Artigo 468, da CLT. As normas coletivas neste entendimento funcionam como fonte de cláusulas que subsistem, mesmo depois de desaparecerem, fundamentando-se no direito adquirido e na inalterabilidade das condições individuais de trabalho. ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 34 Esta Teoria, que antigamente era a majoritária e dominante, perdeu prestígio quando da superveniência da Constituição de 1.988, a qual conferiu amplos poderes aos Sindicatos para a produção de normas jurídicas, conferindo, portanto, amplo poder normativo às partes. 2ª) Aderência Limitada Pelo Prazo (Sem Ultratividade): Grande parte da Doutrina Trabalhista entende que os dispositivos dos Acordos e Convenções Coletivas de Trabalho vigoram tão somente no prazo assinado a tais normas coletivas, já que a CLT, em seu Artigo 614, § 3°, disciplinava que: “Não será permitido estipular duração de Convenção ou Acordo superior a 2 (dois) anos.”; pelo que, essa Teoria fundamenta que o prazo estipulado como de vigência da norma coletiva é inderrogável, e os efeitos das normas coletivas no contrato individual de trabalho se limitam ao referido prazo legal de vigência dos Contratos Coletivos de Trabalho (Convenção e Acordo Coletivos de Trabalho). Desde a promulgação da Constituição Federal da República de 1.988 até 13/09/2012, essa Teoria que defende que a Aderência das Normas Coletivas de Trabalho é limitada ao prazo de vigência dessas normas coletivas, fora a Teoria majoritária e dominante, período em que valeu o entendimento de que não há que se falar em ultratividade das normas coletivas de trabalho. ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 35 Acontece que, o entendimento dessa Teoria deixou de ser o dominante, a partir da Alteração da Súmula n.º 277, do TST, ocorrida em 14/09/2012, passando a voltar a ser aplicada a regra da Ultratividade, mas limitada por revogação, ou seja, não voltou a valer a Ultratividade Plena pregada pela 1ª Teoria, mas sim, passou a valer a regra de Ultratividade Relativa, defendida pela 3ª Teoria, a seguir descrita. NOTA: Agora, com o advento da Lei n.º 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), a partir de Novembro de 2017, essa Teoria da Aderência Limitada pelo Prazo ou Sem Ultratividade, que sempre foi a MAJORITÁRIA na Doutrina, voltou também a ser a TEORIA DOMINANTE, pois o novo texto do § 3º, do Artigo 614, da CLT, disciplina que: “Art. 614. (…) § 3º Não será permitido estipular duração de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho superior a dois anos, sendo vedada a ultratividade.” 3ª) Aderência Limitada por Revogação (Ultratividade Relativa): Essa Teoria sempre defendeu uma posição intermediária, pregando que os dispositivos dos diplomas negociados vigoram até que novo diploma negocial o revogue. ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 36 O Fundamento dessa Teoria era o texto da Súmula n.º 277, do Tribunal Superior do Trabalho, aprovada pelo Pleno na 2ª Semana do TST, em 14 de Setembro de 2012, que disciplinava: “CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO OU ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. EFICÁCIA. ULTRATIVIDADE. As cláusulas normativas dos acordos coletivos ou convenções coletivas integram os contratos individuais de trabalho e somente poderão ser modificadas ou suprimidas mediante negociação coletiva de trabalho.” O Princípio da Ultratividade significa, no Direito Coletivo de Trabalho, que as normas fixadas em Acordos e Convenções Coletivas de Trabalho se incorporam aos contratos individuais de trabalho, projetando-se no tempo, sendo que, a redação da Súmula n.º 277, do TST defendia a chamada “ULTRATIVIDADE RELATIVA”, que pregava que as normas coletivas restam incorporadas aos contratos individuais de trabalho, devendo ser respeitadas e aplicadas mesmo depois do término da vigência do termo coletivo, e somente com novo Acordo ou Convenção Coletiva poderão ser modificadas ou suprimidas. ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 37 Mas, diante da Reforma Trabalhista, Lei n.º 13.467/2017, que entrou em vigência a partir de Novembro de 2017, houve a alteração do texto do § 3º, do Artigo 614, da CLT, que passou a vedar a aplicação da ultratividade, o que gerou a revogação tácita da Súmula n.º 277, do TST, e, consequentemente, essa 3ª Teoria que era a Dominante, deixou de ser a Teoria Dominante. 5.3- Convenções e Acordos Coletivos de Trabalho: Quando há conflito de interesses entre empregado e empregador, há 02 (duas) formas de resolução do conflito, uma através da intervenção do Estado Juiz, que é a chamada Heterocomposição, em que é demandada uma Ação Judicial, junta à Justiça Especializada do Trabalho, para que seja dirimido o conflito, que são os chamados Dissídios Coletivos, geralmente, de competência originária dos Tribunais Regionais do Trabalho. A outra forma é a chamada Autocomposição, que é a solução dos conflitos pelas partes, sem a intervenção de terceiros, ou seja, sem a intervenção do Estado Juiz, sendo a forma ideal de solução dos conflitos coletivos de trabalho. A solução dos conflitos coletivos por Autocomposição se dá através dos Acordos Coletivos e Convenções Coletivas de Trabalho. ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 38 Para chegar-se a solução dos conflitos pela AAuuttooccoommppoossiiççããoo é imprescindível a negociação prévia, a chamada negociação coletiva. É um procedimento pelo qual empresas ou sindicatos econômicos e sindicatos profissionais, sujeitos do conflito, mediante contemporização, alcançam como resultado uma Convenção ou Acordo Coletivo de Trabalho. A negociação coletiva tem como função gerar normas jurídicas, pacificando os conflitos coletivos de trabalho. Tem importante função política e social, fomentandoo diálogo na sociedade e harmonizando o ambiente de trabalho. E ainda, cumpre função econômica, estabelecendo normas específicas, de acordo com as características regionais. Na negociação coletiva é obrigatória a atuação sindical na representação da classe profissional. Os Sindicatos têm legitimidade privativa, sendo que, as Federações ou Confederações somente podem realizar a negociação coletiva quando inexistente Sindicato. Assim, as negociações coletivas produzem efeitos meramente locais. Essa previsão legislativa brasileira contraria a Recomendação 163 da OIT – Organização Internacional do Trabalho, que sugere a diversidade de organizações sindicais com capacidade de negociar, coletivamente. Importante frisar que, em não ocorrendo a atuação sindical representando a classe trabalhadora, não se trata de negociação coletiva, e se dessa negociação resultar algum instrumento este não terá caráter normativo e sim contratual, sujeitando-se as regras do art. 468 da CLT. ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 39 Presume-se que na negociação coletiva exista simetria entre as partes, ou seja, que não exista mais a hipossuficiência tão presente nas relações individuais. Deve haver boa-fé na negociação coletiva, que se caracteriza pela lealdade e transparência na negociação coletiva, vedando-se por isso a greve quando estiver vigendo norma coletiva. A boa-fé é um dos elementos necessários à formação de todo negócio jurídico de qualquer natureza e também é um princípio da negociação coletiva trabalhista. Como dito anteriormente as Convenções e Acordos Coletivos de Trabalho são os instrumentos que resultam da negociação coletiva, possuindo natureza jurídica contratual e normativa (contrato social normativo). Contratual por decorrer da autonomia coletiva dos particulares, e Normativa, por constituir fonte formal de direito, fixando normas a serem aplicadas nas relações de trabalho. Os Acordos e Convenções Coletivas de Trabalho estipulam cláusulas obrigacionais e normativas. As obrigacionais fixam direitos e deveres entre os próprios pactuantes. Não se referem aos contratos individuais de trabalho. As cláusulas normativas estabelecem normas jurídicas que serão aplicadas nos contratos individuais de trabalho. As Convenções Coletivas de Trabalho aplicam-se aos filiados e não filiados dos Sindicatos acordantes, ou seja, a todos os membros da categoria, quer empregados, quer empregadores, observada a delimitação da base territorial dos Sindicatos. Devem ser cumpridas as formalidades previstas no art. 612 da CLT. ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 40 Os Acordos Coletivos de Trabalho são aplicáveis a todos os empregados da empresa signatária, representados pelo Sindicato acordante, filiado ou não à ele. Outra diferença em relação aos Acordos e Convenções Coletivas de Trabalho, conforme disposto no Artigo 612, da CLT, é que à Assembléia Geral de autorização para a negociação coletiva, para negociação de Convenção Coletiva de Trabalho, participam apenas os sócios (filiados) do Sindicato. Os não filiados não têm direito de voto. Já, nas Assembléias para fins de negociação de Acordos Coletivos de Trabalho, participam os interessados, sejam filiados ou não ao Sindicato. As Normas Coletivas devem ser formalizadas por escrito, sem emendas, nem rasuras e devem ser submetidas à divulgação pública. Deve ser cumprido o depósito de uma via da Norma Coletiva (Convenção ou Acordo), para fins de Registro e Arquivo, junto aos órgãos regionais do Ministério do Trabalho (atuais Superintendências Regionais do Trabalho), dentro de 08 (oito) dias de sua assinatura. A vigência inicia 03 (três) dias após a data de efetivo Registro e Arquivo da Norma Coletiva, junto ao órgão competente do MTE. Todo este procedimento de validação da Norma Coletiva de Trabalho está disposto no Artigo 614, da CLT, in verbis: ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 41 “Art. 614 - Os Sindicatos convenentes ou as empresas acordantes promoverão, conjunta ou separadamente, dentro de 8 (oito) dias da assinatura da Convenção ou Acordo, o depósito de uma via do mesmo, para fins de registro e arquivo, no Departamento Nacional do Trabalho, em se tratando de instrumento de caráter nacional ou interestadual, ou nos órgãos regionais do Ministério do Trabalho nos demais casos. § 1º - As Convenções e os Acordos entrarão em vigor 3 (três) dias após a data da entrega dos mesmos no órgão referido neste artigo. § 2º - Cópias autênticas das Convenções e dos Acordos deverão ser afixadas de modo visível, pelos Sindicatos convenentes, nas respectivas sedes e nos estabelecimentos das empresas compreendidas no seu campo de aplicação, dentro de 5 (cinco) dias da data do depósito previsto neste artigo. § 3º - Não será permitido estipular duração de Convenção ou Acordo superior a 2 (dois) anos. ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 42 O prazo máximo de vigência das normas coletivas é de 02 (dois) anos. A jurisprudência do TST não tem admitido a celebração de Termo Aditivo, prorrogando o disposto na Norma Coletiva, por prazo indeterminado. A Orientação Jurisprudencial n.º 322, da Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, do TST, disciplina que: “OJ 322 do TST – ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. CLÁUSULA DE TERMO ADITIVO PRORROGANDO O ACORDO PARA PRAZO INDETERMINADO. INVÁLIDA. DJ 09.12.2003 Nos termos do art. 614, § 3º, da CLT, é de 2 anos o prazo máximo de vigência dos acordos e das convenções coletivas. Assim sendo, é inválida, naquilo que ultrapassa o prazo total de 2 anos, a cláusula de termo aditivo que prorroga a vigência do instrumento coletivo originário por prazo indeterminado.” ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 43 5.3.1- Definições: a) CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO: é o acordo de caráter normativo (obrigatório), pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho. (Artigo 611, “caput”, da CLT). b) ACORDO COLETIVO DE TRABALHO: é o pacto (acordo) realizado entre uma ou mais empresas com o Sindicato da categoria profissional, em que são estabelecidas condições de trabalho, aplicáveis a essas empresas (Artigo 611, § 1º, da CLT). 5.3.2- Semelhanças e Diferenças: - Semelhanças: O ponto em comum da Convenção e do Acordo Coletivo de Trabalho é que neles são estipuladas condições de trabalho que serão aplicadas aos contratos individuais dos trabalhadores, tendo, portanto, efeito normativo. Outra semelhança é que para firmar qualquer um dos dois, se faz obrigatória a presença do Sindicato Profissional, ou seja, do Sindicato do Trabalhador. Mais uma semelhança é que ambas só podem ter prazo de vigência de no máximo 02(dois) anos. ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 44 - Diferenças: 1ª) A primeira diferença entre Convenção e Acordo Coletivo de Trabalho está nos sujeitos envolvidos: O Acordo Coletivo de Trabalho é firmado entre 01 (uma) ou mais empresas e o Sindicato da categoria profissional; A Convenção Coletiva de Trabalho é firmada entre o Sindicato da categoria profissional, de um lado, e o Sindicato da categoria econômica, do outro. Esquematicamente, temos: Acordo: 01 (uma) ou mais Empresas e Sindicato Profissional. Convenção: Sindicato dos Empregados (Profissional) e Sindicado dos Empregadores (Patronal). 2ª) A segunda diferença entre Convenção e Acordo Coletivo de Trabalho é quanto à sua abrangência e aplicação, pois o Acordo somente é aplicado aos trabalhadores da categoria profissional que trabalham na Empresa ou Empresas que firmaram o Acordo Coletivo de Trabalho, enquanto que a Convenção Coletiva de Trabalho, como é firmado pelos dois Sindicatos, profissional e econômico, vale para todos os trabalhadores da categoria profissional, dentro da base territorial de representação do Sindicato. ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 45 5.3.3- Objetos Lícitos e Ilícitos quanto à estipulação, via Acordo e Convenção Coletiva de Trabalho: Com a Lei n.º 13.467/2017, Lei da Reforma Trabalhista, foram incluídos dois dispositivos na CLT, que são os Artigos 611-A e 611-B, que tratam das matérias que podem e que não podem ser dispostas em Acordo e Convenção Coletiva de Trabalho, senão vejamos a transcrição dos referidos dispositivos legais: “Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre: I - pacto quanto à jornada de trabalho, observados os limites constitucionais; II - banco de horas anual; III - intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas superiores a seis horas; IV - adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE), de que trata a Lei nº 13.189, de 19 de novembro de 2015; ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 46 V - plano de cargos, salários e funções compatíveis com a condição pessoal do empregado, bem como identificação dos cargos que se enquadram como funções de confiança; VI - regulamento empresarial; VII - representante dos trabalhadores no local de trabalho; VIII - teletrabalho, regime de sobreaviso, e trabalho intermitente; IX - remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas percebidas pelo empregado, e remuneração por desempenho individual; X - modalidade de registro de jornada de trabalho; XI - troca do dia de feriado; XII - enquadramento do grau de insalubridade; XIII - prorrogação de jornada em ambientes insalubres, sem licença prévia das autoridades competentes do Ministério do Trabalho; XIV - prêmios de incentivo em bens ou serviços, eventualmente concedidos em programas de incentivo; XV - participação nos lucros ou resultados da empresa.” ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 47 “Art. 611-B. Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho, exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes direitos: I - normas de identificação profissional, inclusive as anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social; II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; III - valor dos depósitos mensais e da indenização rescisória do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS); IV - salário mínimo; V - valor nominal do décimo terceiro salário; VI - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; VII - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; VIII - salário-família; IX - repouso semanal remunerado; X - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50% (cinquenta por cento) à do normal; ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 48 XI - número de dias de férias devidas ao empregado; XII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; XIII - licença-maternidade com a duração mínima de cento e vinte dias; XIV - licença-paternidade nos termos fixados em lei; XV - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; XVI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; XVII - normas de saúde, higiene e segurança do trabalho previstas em lei ou em normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho; XVIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas; XIX - aposentadoria; XX - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador; ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 49 XXI - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; XXII - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador com deficiência; XXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito anos e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; XXIV - medidas de proteção legal de crianças e adolescentes; XXV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso; XXVI - liberdade de associação profissional ou sindical do trabalhador, inclusive o direito de não sofrer, sem sua expressa e prévia anuência, qualquer cobrança ou desconto salarial estabelecidos em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho; ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 50 XXVII - direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender; XXVIII - definição legal sobre os serviços ou atividades essenciais e disposições legais sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade em caso de greve; XXIX - tributos e outros créditos de terceiros; XXX - as disposições previstas nos arts. 373-A, 390, 392, 392-A, 394, 394-A, 395, 396 e 400 desta Consolidação.” 5.3.4- Itens que devem constar, obrigatoriamente, nas Convenções e Acordos Coletivos de Trabalho: O Artigo 613, da CLT, dispõe sobre alguns itens que, obrigatoriamente,deverão constar das Convenções ou dos Acordos Coletivos de Trabalho, devendo os mesmos ser observados: ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 51 “Art. 613 - As Convenções e os Acordos deverão conter obrigatoriamente: I- designação dos Sindicatos convenentes ou dos Sindicatos e empresas acordantes; II- prazo de vigência; III- categorias ou classes de trabalhadores abrangidas pelos respectivos dispositivos; IV- condições ajustadas para reger as relações individuais de trabalho durante sua vigência; V - normas para a conciliação das divergências surgidas entre os convenentes por motivos da aplicação de seus dispositivos; VI- disposições sobre o processo de sua prorrogação e de revisão total ou parcial de seus dispositivos; VII- direitos e deveres dos empregados e empresas; VIII - penalidades para os Sindicatos convenentes, os empregados e as empresas em caso de violação de seus dispositivos. ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 52 Parágrafo único - As Convenções e os Acordos serão celebrados por escrito, sem emendas nem rasuras, em tantas vias quantos forem os Sindicatos convenentes ou as empresas acordantes, além de uma destinada a registro.” Acerca do Inciso VIII, do Artigo 613, da CLT, acima transcrito, que indica como item obrigatório de Acordo e Convenção Coletiva de Trabalho, a estipulação de penalidades àquele que vier a violar algum dispositivo da norma coletiva, faz-se importante considerar as regras contidas na Súmula n.º 384, do TST e na OJ n.º 54 da SBDI-I, do TST, in verbis: “Súmula nº 384 do TST MULTA CONVENCIONAL. COBRANÇA (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 150 e 239 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I - O descumprimento de qualquer cláusula constante de instrumentos normativos diversos não submete o empregado a ajuizar várias ações, pleiteando em cada uma o pagamento da multa referente ao descumprimento de obrigações previstas nas cláusulas respectivas. (ex-OJ nº 150 da SBDI-1 - inserida em 27.11.1998) ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 53 II - É aplicável multa prevista em instrumento normativo (sentença normativa, convenção ou acordo coletivo) em caso de descumprimento de obrigação prevista em lei, mesmo que a norma coletiva seja mera repetição de texto legal.” (ex-OJ nº 239 da SBDI- 1 - inserida em 20.06.2001) “OJ 54 – SBDI-I – TST. MULTA. CLÁUSULA PENAL. VALOR SUPERIOR AO PRINCIPAL (título alterado, inserido dispositivo e atualizada a legislação) - DJ 20.04.2005 O valor da multa estipulada em cláusula penal, ainda que diária, não poderá ser superior à obrigação principal corrigida, em virtude da aplicação do artigo 412 do Código Civil de 2002 (art. 920 do Código Civil de 1916).” ___________________________________________________ CURSO DE DIREITO DIREITO TUTELAR E COLETIVO DO TRABALHO (DTCT – 865X) Professor: Carlos Alessandro Ribeiro dos Santos 54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: CLT – CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO. Organizadores: Renato Saraiva, et al. 21ª Ed. São Paulo: JusPodivm, 2018. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Col. Saraiva de Legislação. 55ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2018. CASSAR, Vólia Bonfim. Direito do Trabalho de Acordo com a Reforma Trabalhista e a MP 808/2017. 15ª Ed. São Paulo: Método, 2018. ROMAR, Carla Tereza Martins. Direito do Trabalho Esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 5ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2018. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 17ª Ed. São Paulo: LTr, 2018. MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 34ª Ed. São Paulo: Atlas, 2018.
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