Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Disciplina: Profª Drª Michelle Dias Bublitz Direito coletivo do trabalho 1. NATUREZA JURÍDICA Discute-se a respeito da autonomia do direito coletivo do trabalho. Há entendimento, não majoritário, de que possui, especialmente por apresentar princípios próprios, diferentes do direito individual do trabalho. Contudo, o entendimento que prevalece é de que o Direito do Trabalho, como ramo dotado de autonomia em relação outros ramos da ciência jurídica, possui como um de seus setores o direito coletivo do trabalho, com peculiaridades próprias, mas sem se desvincular por completo do primeiro (Amauri Mascaro Nascimento, Sérgio Pinto Martins). Além disso, importante observar que não há o que se falar em autonomia legislativa, pois a matéria é tratada na própria CLT. Não se verifica autonomia jurisdicional, pois a Justiça do Trabalho decide tanto controvérsias envolvendo o direito individual como coletivo. Não existe, ainda, autonomia didática, uma vez que o direito coletivo do trabalho é normalmente ensinado nas universidades juntamente com a disciplina de Direito do Trabalho. Quanto à autonomia doutrinária, também não se faz presente, pois as obras, pesquisas, textos e trabalhos são normalmente escritos pelos doutrinadores e especialistas do Direito do Trabalho como um todo. Assim, a natureza jurídica do Direito Coletivo do Trabalho é de segmento do Direito do Trabalho. O direito coletivo do trabalho constitui, para a maioria da doutrina, subdivisão do Direito do Trabalho, e não ramo autônomo da ciência do Direito. Direito MATERIAL do Trabalho = Direito individual + Direito coletivo do trabalho Dessa forma, interessa-nos saber que o DIREITO COLETIVO DO TRABALHO regula a relação entre seres coletivos na seara trabalhista, ao passo que o DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO cuida da relação individual estabelecida entre empregado e empregador. A coletivização das questões trabalhistas teve origem na constatação, pelos trabalhadores, de que eles, sozinhos, eram muito mais fracos que o empregador. Isso porque perceberam que o empregador é um ser coletivo por natureza, ao passo que a manifestação de sua vontade tem como resultado considerável impacto social. As decisões do empregador afetam direta ou indiretamente diversas pessoas ou mesmo um grupo comunitário mais amplo (Maurício Godinho Delgado). Para ilustrar o quanto referido acima, imagine que um empregador opta por rescindir o contrato de trabalho mantido com um empregado, sem justa causa; nesse caso, não só ele, mas também sua família, que indiretamente depende daquela renda, terá sido prejudicada. Exatamente por este motivo, os trabalhadores perceberam que precisavam se associar para dar maior peso às suas reivindicações junto ao empregador. Surgiu daí a noção de SINDICATO - veremos adiante ... 2. DENOMINAÇÃO a) Direito Corporativo (esta expressão não é mais utilizada no presente, por se referir ao sistema no qual a organização sindical é controlada pelo próprio Estado) b) Direito Sindical (mais adequada, porque específica) c) Direito Coletivo do Trabalho (todo direito é coletivo) O primeiro designativo - DIREITO SINDICAL - leva em consideração uma perspectiva subjetiva da disciplina, na medida em que toma por referencial a entidade sindical e sua organização estrutural. (Amauri Mascaro Nascimento) A segunda, por sua vez - DIREITO COLETIVO DO TRABALHO - baseia-se em uma perspectiva objetiva, tendo por referencial o resultado da atuação das entidades sindicais, notadamente o estudo dos instrumentos que põem fim nos conflitos coletivos e nos efeitos deles emergentes. (Maurício Godinho Delgado, Sérgio Pinto Martins, Gustavo Filipe Barbosa Garcia) Há ainda autores que dizem ser a melhor adequada denominação: “DIREITO SINDICAL E COLETIVO DO TRABALHO”. (Luciano Martinez) 3. CONCEITO Para Luciano Martinez é o “segmento do ramo laboral que regula, mediante específicos princípios e regras, a organização, a atuação e a tutela das entidades coletivas trabalhistas - sindicatos de trabalhadores e associações patronais - com o objetivo de disciplinar suas interrelações e de, finalisticamente, empreender a melhoria nas condições de trabalho e de produção”. Ressalte-se que, mesmo nas situações em que aparentemente o instrumento coletivo negociado pelo sindicato celebre uma perda (redução coletiva de salário, por exemplo), ele, no conjunto, trará alguma vantagem que supere o aparente prejuízo (manutenção dos postos de trabalho, por exemplo). Para Gustavo Filipe Barbosa Garcia o “Direito Coletivo do Trabalho pode ser conceituado como o segmento do Direito do Trabalho que regula a organização sindical, a negociação coletiva e os instrumentos normativos (ACT / CCT) decorrentes, a representação dos trabalhadores na empresa e a greve”. Perceba-se que é destacado o protagonismo das entidades coletivas trabalhistas — sindicatos de trabalhadores e associações patronais — na construção de um direito suplementar àquele oferecido como mínimo pelo Estado. Aliás, como se verá a seguir, o direito sindical e coletivo do trabalho vive em função da edificação de padrões mais elevados do que aqueles alcançados pela norma heterônoma, ainda que muitas vezes seja difícil determinar o que seja efetivamente uma melhoria. 4. CONTEÚDO A relação coletiva de trabalho é a estrutura que fundamentalmente compõe o direito sindical e coletivo do trabalho. Dessa relação, além de específicos princípios e regras, decorre um conjunto de institutos peculiares ao ramo ora analisado, entre os quais se destacam aqueles ligados à organização sindical (como associação profissional, sindicato, federação, confederação, central sindical, contribuição sindical, contribuição confederativa, taxa assistencial etc.), às fórmulas de solução dos conflitos coletivos (negociação coletiva, conciliação, mediação, arbitragem, jurisdição coletiva, dissídio coletivo, sentença normativa etc.) e à paralisação coletiva do trabalho (greve e locaute). 4.1 Condições de Trabalho: regular as condições de trabalho de uma categoria, através das normas coletivas (ACT / CCT). 4.2 Atividade Sindical: regular a atividade sindical, por ter fins estruturais, aspecto não encontrado nas relações individuais. Quando se fala em relação coletiva, é evidente que o interesse em discussão é de natureza transindividual, ou metaindividual, na qual se incluem os individuais homogêneos, os coletivos em sentido estrito e os difusos. Buscamos a base legal no Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90): Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum. Anote-se que, além do CDC, o texto constitucional autoriza a atuação da entidade sindical, notadamente como substituto processual, no âmbito dos interesses individuais homogêneos. Afirma-se isso com base na redação constante do art. 8º, III, da CF/88, segundo o qual: III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; Apesar das dúvidas que se formaram em torno da expressão “interesses individuais da categoria”, parece existir um consenso doutrinário e jurisprudencial no sentido de que a intenção do constituinte foi, apesar da expressão inusitada, fazer menção aos interesses individuais de quem estaria unido por pertencer à mesma categoria(acontecimento jurídico de origem comum), ou seja, em outras palavras, a intenção do constituinte foi autorizar a ação sindical diante dos interesses individuais homogêneos daqueles que integram a respectiva categoria. a) direito individual homogêneo - ou também conhecido como “direitos acidentalmente coletivos” - é coletivo típico, isto é, trata-se de uma espécie de direito coletivo, em que os sujeitos são sempre mais de um e determinados. Na hipótese do direito individual homogêneo, a ação judicial é coletiva, não intervindo o titular do direito subjetivo individual. Se este quiser promover ação judicial por conta própria para a proteção de seu direito individual pode fazê-lo, não afastando em nada a ação coletiva. No direito individual homogêneo, portanto, o titular é determinado e plural e o objeto é divisível. ▪ Previsão legal: art. 81, III, CDC (Lei 8.078/90) b) interesses coletivos: são aqueles compartilhados por um grupo determinável de pessoas, mas que não podem ser quantificados e divididos entre os integrantes do grupo, que são reunidos pela mesma relação jurídica básica (como por exemplo, imagine que todos os comerciários de certa cidade tivessem sofrido uma ilegal redução salarial, sem que qualquer negociação coletiva tivesse sido promovida para tanto. Nesse caso, a redução não seria mais nem menos ilegal para qualquer dos trabalhadores do comércio, o que revelaria a indivisibilidade do bem jurídico em discussão (declaração da nulidade do ato redutor e restabelecimento dos salários antes praticados com pagamento das diferenças devidas). Note-se, ademais, que todos os trabalhadores estariam ligados pela mesma relação-jurídica-base (serem comerciários de dada base territorial). ▪ Previsão legal: art. 81, II, CDC (Lei 8.078/90) c) interesses difusos: compreendem um grupo indeterminável de pessoas, reunidas pela mesma situação de fato (como os moradores de uma região atingida pela poluição ambiental, ou os destinatários de uma propaganda enganosa divulgada pela televisão). Ou seja, são interesses difusos aqueles que tem por objeto um bem jurídico indivisível/fluido e que diz respeito a sujeitos indeterminados, unidos entre si por uma situação fática, e não por uma relação-jurídica-base. Exemplo: ações coletivas aforadas pelo Ministério Público do Trabalho para exigir a realização de concurso público pelos entes públicos ou pelas empresas estatais que estejam se valendo de mão de obra temporária em caráter permanente. Nesse caso o interesse seria difuso, porque não se sabe exatamente a quem aproveitaria. Não se sabe quem se inscreveria no concurso, tampouco quem seria nele aprovado. Ressente-se a sociedade, entretanto, de forma difusa, da necessidade de moralidade e de impessoalidade no segmento de contratações públicas. ▪ Previsão legal: art. 81, I, CDC (Lei 8.078/90) CF Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município; III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei; V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato; VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho; VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais; VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer. 5. PRINCÍPIOS: Embora inserido no âmbito mais amplo do Direito do Trabalho, observa-se a presença de princípios próprios do direito coletivo, que não se confundem com aqueles do direito individual do trabalho. Diante disso, a principiologia aplicável às relações coletivas de trabalho, como mandamento básico, enfocará o PRINCÍPIO DA LIBERDADE SINDICAL. Além dele, serão estudados os princípios decorrentes do exercício da atividade sindical, inicialmente os princípios aplicáveis às relações coletivas de trabalho e, em seguida, os princípios relacionados aos instrumentos coletivos negociados. 5.1 PRINCÍPIO DA LIBERDADE ASSOCIATIVA E SINDICAL: Segundo Luciano Martinez, “É o princípio segundo o qual os trabalhadores e os empregadores, sem qualquer distinção e sem autorização prévia, têm o direito de constituir as organizações que entendam convenientes, assim como o de afiliar-se a essas organizações, com a única condição de observar seus estatutos”. Tal princípio trata da liberdade conferida ao trabalhador de se associar, e, de forma qualificada, de se associar em sindicato. O direito de associação (e conexamente o direito de reunião) não é específico do Direito do Trabalho, constituindo direito fundamental garantido a todo cidadão pela CRFB (art. 5º, XVI e XVII). Na mesma esteira, a Constituição garante a livre criação (e extinção) de associações, desde que para fins pacíficos, independentemente de qualquer ingerência estatal (art. 5º, XVIII, XIX, XX e XXI). Por sua vez, a liberdade sindical constitui direito estreitamente vinculado ao direito obreiro, e mais especificamente ao seu segmento coletivo. A liberdade associativa e sindical possui duas facetas importantes: a) a liberdade que tem o trabalhador de se filiar ou não a sindicato; b) a liberdade que tem o trabalhador associado de se desfiliar do sindicato. Neste sentido, o art. 8º, V, da CRFB: Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: (...) V – ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato; (...) O princípio da liberdade sindical encontra-se pautado pelo pluralismo nas relações sindicais. Não mais se sustenta o modelo sindical controlado pelo Estado, impondo regras que acabam sufocando a atuação dos atores sociais nas relações coletivas de trabalho. A organização sindical, assim, passa a se pautar na liberdade de fundação, organização, filiação, administração e atuação dos entes sindicais. A liberdade sindical é regulada pela Convenção 87 da OIT, de 1948, norma internacional de grande importância, embora ainda não ratificada pelo Brasil. Ver: http://www.conjur.com.br/2016-dez-23/reflexoes-trabalhistas-validade-negociacao-coletiva- otica-constitucional http://www.conjur.com.br/2016-dez-23/reflexoes-trabalhistas-validade-negociacao-coletiva-otica-constitucional http://www.conjur.com.br/2016-dez-23/reflexoes-trabalhistas-validade-negociacao-coletiva-otica-constitucional A relação entre os sujeitos abaixo descritos gera um plexo de liberdades e limitações, assim expendido pelos Professores Orlando Gomes e Elson Gottschalk (Curso de direito do trabalho. 16. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 505-513): a) Liberdade em face do indivíduo: composta de liberdades que envolvem a opção de filiar-se ou de não se filiar a um sindicato e a liberdade de demitir-se do referido grupo intermediário. b) Liberdade em face do grupo intermediário: envolve as liberdades de fundar um sindicato; de determinar o quadro sindical na ordem profissional e territorial; de estabelecer relações entre sindicatospara formar agrupações mais amplas; de fixar as regras internas, formais e de fundo para regular a vida sindical; de regular as relações entre o sindicalizado e o grupo profissional, o sindicato de empregados e o de empregadores; de exercer o direito sindical em relação à profissão e em relação à empresa. c) Liberdade em face do Estado: diz respeito a liberdades que englobem independência dos sindicatos; a superação de conflito com a ação sindical e a integração dos sindicatos no Estado. A formulação clássica dessa acepção de liberdade foi dada por Montesquieu, segundo o qual “é o direito de fazer tudo o que as leis permitem” (MONTESQUIEU. Do espírito das leis. São Paulo: Nova Cultural, 1997, v. 1, p. 200 (Os Pensadores). Essa liberdade é ampla, irrestrita? 5.2 PRINCÍPIO DA UNICIDADE SINDICAL: Para a MESMA CATEGORIA profissional (ou, ainda, diferenciada), NÃO é possível haver MAIS DE UM SINDICATO na MESMA BASE TERRITORIAL. Art. 8º, inciso II, CF/1988: II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município; Limite mínimo: Município Limite máximo: NÃO HÁ (pode ser nacional) Em outras palavras, não pode existir, em um mesmo município, mais de um sindicato representativo da mesma categoria profissional ou econômica. Obs. É possível um Sindicato representar mais de um Município, compondo FILIAIS; quem gerenciará cada será o Delegado Sindical, que será designado/escolhido pela Diretoria, e não eleito. Não possui estabilidade (garantia de emprego, art. 482 CLT). Veremos mais adiante ... Na hipótese de serem diferentes as bases territoriais do sindicato da categoria profissional e do sindicato da categoria econômica, valerá, para fins de negociação e efeitos das normas coletivas respectivas, a base territorial do menor deles. Exemplo: imagine que exista um sindicato dos trabalhadores na indústria do vestuário com base territorial equivalente ao município de Passo Fundo/RS. Em contrapartida, imagine que o sindicato da categoria econômica, qual seja o sindicato das indústrias do vestuário, tenha base territorial mais larga, abrangendo, por exemplo, vários municípios do norte do Estado. Neste caso, o sindicato patronal deverá negociar separadamente com o sindicato dos trabalhadores de Passo Fundo, bem como com os demais de sua base territorial, originando normas coletivas distintas, aplicáveis às bases territoriais dos sindicatos de menor abrangência territorial. 5.3 PRINCÍPIO DA AUTONOMIA SINDICAL: Garante a autonomia administrativa dos sindicatos, livrando-os da ingerência do Estado e mesmo das próprias empresas. Está previsto no art. 8º, I, da CRFB: I – a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; Esclarecendo-se, o princípio garante ao sindicato ampla liberdade de auto-organização, começando por sua criação, passando pela elaboração de seu estatuto, e culminando na sua plena autonomia administrativa, seja na eleição de seus dirigentes, seja na condução das atribuições que lhe são inerentes ou da administração dos recursos financeiros. A Constituição Federal de 1988 inovou quando falamos em relações sindicais, pois garantiu a autonomia para os Sindicatos proibindo o Poder Público / Estado de intervir ou interferir nos assuntos sindicais, conforme previsto no inc. I do art. 8º antes transcrito. Questão que se coloca, a propósito, é a necessidade de registro do sindicato no Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, nos termos do dispositivo constitucional mencionado. Uma parte da doutrina se insurge contra tal exigência, sob a alegação de que constituiria ingerência estatal na atividade sindical, ferindo, portanto, o princípio da autonomia sindical. A questão não oferece maiores dificuldades no âmbito jurisprudencial, ao passo que o STF já pacificou a matéria, no sentido de que a exigência de registro junto ao MTE é plenamente constitucional, visto que necessária para fins de verificação da observância da regra da unicidade sindical. Ainda, o Sindicato somente adquire personalidade jurídica com o registro junto ao MTE (OJ 15, SDC, TST). 5.4 PRINCÍPIO DA INTERVENIÊNCIA SINDICAL NA NORMATIZAÇÃO COLETIVA: Somente é válida a negociação coletiva se dela tiver tomado parte o sindicato dos trabalhadores. Isso porque, a uma, o empregador já é um ser coletivo por natureza, conforme estudado, e a duas porque a Constituição consagrou o acordo coletivo de trabalho como instrumento da negociação coletiva e, como se sabe, o ACT é firmado entre empresa(s) e sindicato dos trabalhadores, sem a interveniência do sindicato patronal (ou da categoria econômica). Neste sentido, o art. 8º, VI, da CRFB: VI – é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho; Faltando a participação do sindicato obreiro na negociação, eventual acordo entre empregador e empregado limita-se à seara contratual, com as consequências legais daí advindas. Ver: http://www.diap.org.br/index.php/noticias/agencia-diap/25839-55-ameacas- de-direitos-em-tramitacao-no-congresso-nacional http://www.diap.org.br/index.php/noticias/agencia-diap/25839-55-ameacas-de-direitos-em-tramitacao-no-congresso-nacional http://www.diap.org.br/index.php/noticias/agencia-diap/25839-55-ameacas-de-direitos-em-tramitacao-no-congresso-nacional 6. FUNÇÕES A função do Direito, como instrumento de regulação, não é outra senão a de permitir a realização de fins sociais que não seriam atingidos a não ser mediante sua intercessão. Esses fins sociais, porém, variam na medida em que mudam o tempo, a cultura e a sociedade, mas de modo geral coincidem com a ideia de promoção do bem comum. Partindo dessas concepções básicas, é possível afirmar que o direito sindical e coletivo do trabalho tem a função essencial de empreender a melhoria da condição social da classe trabalhadora. Essa é a razão substancial do direito do trabalho e, certamente, o motivo predominante da existência do ramo sindical e coletivo. Para ser funcional, o direito ora em exame deve criar padrões mais elevados do que os mínimos garantidos por lei (art. 611, CLT). É certo que dessa função essencial decorrem outras consequências, destacando-se, pela importância, as funções de produção de fontes normativas, de pacificação de conflitos coletivos, de distribuição de riquezas e, por fim, de adequação dos sujeitos das relações de trabalho às particularidades regionais ou históricas. Especificamente quanto a função de produzir normas, dizemos que esta permissão se dá por força de outorga legal. É a própria lei quem reconhece a força normativa dos acordos ou convenções coletivas, instrumentos de caráter negocial com eficácia ultra partes. Veja-se, nesse sentido, o art. 611 da CLT, especialmente o seu caput e o seu§ 1º: Art. 611 - Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho. § 1º É facultado aos Sindicatos representativos de categorias profissionais celebrar Acordos Coletivos com uma ou mais empresas da correspondente categoria econômica, que estipulem condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das acordantes respectivas relações de trabalho. § 2º As Federações e, na falta desta, as Confederações representativas de categorias econômicas ou profissionais poderão celebrar convenções coletivas de trabalho para reger as relações das categorias a elas vinculadas, inorganizadas em Sindicatos, no âmbito de suas representações. 7. BASE LEGAL - FONTES NORMATIVAS - HIERARQUIA ▪ Constituição Federal (art. 7º ao 11) ▪ Convenções da OIT ▪ CLT (art. 511ao 625) ▪ Leis Federais ▪ Sentenças Normativas ▪ Acordos e Convenções Coletivas (Obs.:§3º art. 8º, art. 620 caput, art. 611-A caput, todos CLT) ▪ Regimentos internos CLT Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. § 1º O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência) § 2º Súmulas e outros enunciados de jurisprudência editados pelo Tribunal Superior do Trabalho e pelos Tribunais Regionais do Trabalho não poderão restringir direitos legalmente previstos nem criar obrigações que não estejam previstas em lei. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência) § 3º No exame de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, a Justiça do Trabalho analisará exclusivamente a conformidade dos elementos essenciais do negócio jurídico, respeitado o disposto no art. 104 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), e balizará sua atuação pelo princípio da intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência) CLT Art. 620. As condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre prevalecerão sobre as estipuladas em convenção coletiva de trabalho. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) Importante, ainda, observar o caput do art. 611-A CLT (inserido pela Lei 13.467/2017): Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre: (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) → Prevalência do negociado sobre o legislado. SINDICATO 1. CONCEITO O conceito legal de sindicato é extraído do caput do art. 511 da CLT. Do conceito legal é importante deduzir que não só empregados e empregadores podem se associar a sindicato, mas também trabalhadores autônomos e profissionais liberais, desde que exerçam atividades ou profissões idênticas, similares ou conexas. A justificativa para tal comando está no fato de que o objetivo do sindicato é a defesa dos interesses de profissões ou atividades, e não apenas de empregados e empregadores, nos estreitos limites da relação de trabalho stricto sensu. A doutrina conceitua o sindicato como uma associação permanente que representa trabalhadores ou empregadores e visa à defesa dos respectivos interesses coletivos. Ou seja, podem se associar em Sindicato: empregadores, empregados, trabalhadores, desde que exerçam atividades ou profissões similares ou conexas. → Importante questionar: EC 45/2004 ampliou de forma eficaz a competência da Justiça do Trabalho? Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II as ações que envolvam exercício do direito de greve; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a , e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) §1º Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros. §2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) §3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 2. NATUREZA JURÍDICA Atualmente não há qualquer controvérsia a respeito da natureza jurídica do Sindicato. Trata-se de associações de direito privado. (art. 53, CC) Esta classificação decorre da natureza de associação e, principalmente, da circunstância de estar o Sindicato, a partir da CF/88, livre de interferência estatal (princípio da autonomia sindical). Logo, não resta qualquer resquício de direito público ou de atividade delegada pelo poder público na natureza do sindicato. 3. SISTEMA SINDICAL Em relação ao sistema sindical adotado por determinado país, podemos ter, quanto à liberdade sindical, o sistema da unicidade sindical ou o sistema da pluralidade sindical. ▪ Unicidade sindical é o sistema pelo qual a lei impõe a existência de um único sindicato para um determinado grupo de trabalhadores (que pode ser, conforme definido em lei, uma categoria, uma profissão, ou ainda uma empresa). Trata-se do sistema do sindicato único, também denominado sistema monista. ▪ Pluralidade sindical, por sua vez, corresponde ao modelo de liberdade sindical preconizado pela OIT, através da Convenção nº 87. Num sistema em que vigora a pluralidade sindical há ampla liberdade para criação de mais de um sindicato representativo do mesmo grupo de trabalhadores, de forma que o agrupamento de trabalhadores se dê da maneira mais livre e democrática possível. Observe-se que, neste caso, a lei não impõe a pluralidade, mas apenas possibilita que ela ocorra, consoante a vontade dos interessados. Da pluralidade sindical pode decorrer a unidade sindical, que não se confunde com a unicidade. Unicidade pressupõe a imposição legal do sindicato único, a unidade sindical, por sua vez, significa a unificação de vários sindicatos em um só, ocorrida de forma espontânea, através do amadurecimento da sindicalização de um grupo. O sistema adotado pela Constituição Federal de 1988 é o da UNICIDADE SINDICAL. 4. ORGANIZAÇÃO SINDICAL a) Categoria profissional / empregados (art. 511, §2º, CLT): o que caracteriza uma categoria profissional para os fins de associação em sindicato é a condição semelhante dos trabalhadores em face da atividade desenvolvida pelo empregador. Se há várias atividades desenvolvidas simultaneamente, resolve-se a questão pela apuração da atividade preponderante, assim considerada aquela principal no empreendimento. Exemplo: em uma indústria metalúrgica, por exemplo, cuja atividade preponderante é, por óbvio, a metalurgia, os trabalhadores que se ativam no escritório também serão metalúrgicos, visto que esta seja a atividade preponderante do empregador. a.1. Categoria diferenciada (art. 511, §3º, CLT): regulamentada por lei / estatuto / norma própria ou porcritérios específicos para o exercício da sua atividade e profissão, por exemplo, advogados (Estatuto da OAB, Lei 8.906/94), vigilantes (Lei 7.102/83), dentre outros. Esse critério usa como base a profissão do trabalhador, e não a atividade do empregador. Súmula 374, TST. ✓ aquelas detentoras de estatuto (lei) próprio; ✓ aquelas arroladas ao final da CLT, no quadro a que se refere o art. 577. Com efeito, embora não caiba mais ao Estado intervir na atividade sindical, o que inclui o enquadramento sindical, a referida lista, remanescente da antiga Comissão de Enquadramento Sindical, outrora vinculada ao Ministério do Trabalho, continua sendo utilizada de forma exemplificativa. b) Categoria patronal / empregadores (econômica) (art. 511, §1º, CLT): categoria econômica nada mais é que a reunião de empregadores que exercem atividades idênticas, similares ou conexas, que formará um sindicato patronal. Obs. O trabalhador de categoria profissional diferenciada faz jus à norma coletiva referente à sua categoria, ainda que trabalhe em uma empresa cuja atividade preponderante seja outra, DESDE QUE a empresa tenha sido representada na negociação coletiva (Súmula 374, TST). Exemplo: Diego é motorista de um grande supermercado e trabalha fazendo entregas. Na base territorial respectiva não existe instrumento coletivo de trabalho firmado entre o sindicato dos motoristas e o sindicato patronal do comércio. Existe apenas a convenção coletiva de trabalho firmada entre o sindicato dos motoristas e o sindicato das empresas de transporte. Neste caso, tal convenção coletiva não é aplicável a Diego, pois o sindicato que representa o supermercado (sindicato do comércio) não participou da negociação que deu origem à referida norma coletiva. Desse modo, a única alternativa será a aplicação, também a Diego, da norma coletiva aplicável à categoria preponderante. De acordo com Sérgio Pinto MARTINS (Comentários à CLT. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2010, p. 571): ▪ Atividades similares são aquelas que “se assemelham, como as que numa categoria pudessem ser agrupadas por empresas que não são do mesmo ramo, mas de ramos que se parecem, como hotéis e restaurantes”. ▪ Conexas, por sua vez, são as atividades “que, não sendo semelhantes, complementam-se, como as várias atividades existentes na construção civil, por exemplo: alvenaria, hidráulica, esquadrias, pastilhas, pintura, parte elétrica etc. Aqui existem fatores que concorrem para o mesmo fim: a construção de um prédio, de uma casa”. Detém a prioridade, mas os três entes têm legitimidade de representação da negociação coletiva Categoria profissional 5. ESTRUTURA SINDICAL CONFEDERAÇÕES FEDERAÇÕES SINDICATOS Categoria patronal 5.1 CATEGORIA PROFISSIONAL CONFEDERAÇÕES (Art. 535, CLT) FEDERAÇÕES (Art. 534, CLT) SINDICATOS Âmbito Municipal Âmbito Estadual, formada por, pelo menos, 5 (cinco) Sindicatos Âmbito Nacional, com sede em Brasília, formada por, pelo menos, 3 (três) Federações CENTRAL SINDICAL Lei 11.648/08 (tão somente para categoria profissional) 5.2 CATEGORIA PATRONAL CONFEDERAÇÕES (Art. 535, CLT) FEDERAÇÕES (Art. 534, CLT) SINDICATOS Âmbito Municipal Âmbito Estadual, formada por, pelo menos, 5 (cinco) Sindicatos Âmbito Nacional, com sede em Brasília, formada por, pelo menos, 3 (três) Federações a) SINDICATO, atuando na base da pirâmide, diretamente em contato com os trabalhadores. É a entidade que detém a prioridade da negociação coletiva, e pode se auto organizar, independentemente de qualquer ingerência estatal, observada apenas a regra da unicidade e a limitação territorial mínima (o sindicato não pode ter base territorial menor que um município). b) FEDERAÇÃO, situada no meio da pirâmide estrutural do sistema sindical, é formada por pelo menos cinco sindicatos da mesma categoria profissional, diferenciada ou econômica. A federação atua em âmbito estadual. c) CONFEDERAÇÃO, constituindo a cúpula do sistema sindical, é formada por, no mínimo, três federações de uma mesma categoria. As confederações atuam em âmbito nacional e têm sede em Brasília. Obs. normalmente, estes órgãos de cúpula do sistema sindical (federações e confederações) têm apenas a função de coordenação das atividades dos sindicatos a elas filiados, mas em situações especiais podem assumir a negociação coletiva, celebrando inclusive ACT e CCT, ou mesmo instaurando dissídio coletivo. Isto ocorre nos casos em que a categoria não é organizada em sindicato, conforme dispõem os arts. 611, § 2º, e 857, parágrafo único, da CLT. Também há previsão legal de a negociação coletiva ser assumida pela federação ou, na falta dela, pela confederação, quando, existindo sindicato da categoria, este não levar adiante, de forma injustificada, a negociação pleiteada pelos empregados. É o que dispõe o art. 617 da CLT. ESTRUTURA INTERNA DO SINDICATO Diante do princípio da autonomia sindical, consagrado pela CF/88 (art. 8º, I), em tese cabe ao próprio sindicato administrar a si próprio, segundo a conveniência de seus associados, manifestada pelas deliberações da assembleia geral. Dessa forma, caberia ao sindicato definir, em estatuto, seus órgãos, o número de dirigentes, as regras relativas à eleição e ao mandato, entre outras. Não obstante, há alguns dispositivos do texto celetista que dizem respeito exatamente a estes aspectos organizacionais dos sindicatos. Como não poderia deixar de ser, a matéria é objeto de grandes controvérsias doutrinárias, ante a alegada não recepção destes dispositivos perante a ordem constitucional vigente. Assim, pode-se afirmar que os sindicatos devem ter uma estrutura mínima composta de, pelo menos, um órgão de deliberação (assembleia geral), um órgão de administração ou de comando (diretoria) e um órgão de fiscalização (conselho fiscal). Vejamos os principais aspectos ... ▪ Órgãos do sindicato: A CLT (art. 552) estabelece que o sindicato é composto por três órgãos administrativos: a) Diretoria, composta de 3 a 7 membros, com a função de administrar o sindicato; b) Conselho Fiscal, composto por 3 membros, com a função de fiscalizar a gestão financeira do sindicato; c) Assembleia Geral, composta por todos os associados, constituindo órgão máximo de deliberação do sindicato, com atribuições várias, inclusive eleição da Diretoria e do Conselho Fiscal. À Diretoria incumbe a administração, o controle e a gerência de assuntos atinentes à entidade sindical. Os órgãos “de representação”, por outro lado, são aqueles legitimados para falar em nome da própria entidade sindical ou dos integrantes da categoria. Por previsão legal expressa contida no § 3º do art. 522 da CLT, a direção e a representação sindicais estão amalgamadas num mesmo centro de poder, razão pela qual, nos limites estatutários, qualquer diretor representa a entidade sindical e, quando no exercício de suas atribuições negociais, também obriga os integrantes da categoria. Por tratarem com poder, os cargos de direção ou de representação sindical são necessariamente alcançados mediante processo eleitoral sindical, como, aliás, consta claramente do§ 4o do art. 543 da CLT. A figura do delegado sindical, por sua vez, está prevista na CLT (art. 523) e representa, na prática, uma espécie de descentralização da entidade sindical, visando aproximar o sindicato das massas de trabalhadores. Para isso, a diretoria do sindicato designa delegados para atuar em seções ou delegacias (normalmente em uma grande empresa, por exemplo), de forma a servir como elo entre os trabalhadores e a entidade sindical, de forma a melhor atender os anseios da categoria. Lembrando ... como o delegado sindical é designado (e não eleito), não faz jus à garantia de emprego. Neste sentido, a OJ 369 da SDI-1. ▪ CONCEITOS SOBRE ESTABILIDADE E GARANTIA DE EMPREGO Há diversos doutrinadores que tratam do assunto e as conceituações variam um pouco de acordo com o autor. Assim, é possível que se leia sobre o assunto em outras fontes e encontre uma conceituação levemente distinta. De toda forma,a conceituação apresentada abaixo tem como fonte o que se considera a melhor doutrina. Feito tal esclarecimento, tem-se que a garantia de emprego é um gênero que abarca as espécies de estabilidade de emprego e garantia de emprego em sentido estrito. A garantia de emprego em sentido estrito, refere-se aos mecanismos disponibilizados pelo legislador para dificultar a demissão injustificada do empregado. Pode-se citar como exemplo a fixação da multa de 40% sobre o valor do FGTS e a obrigação do cumprimento ou pagamento do aviso prévio. A estabilidade, por sua vez, se caracteriza por ser um impedimento para a demissão sem justo motivo ou de forma arbitrária do trabalhador. Se o empregado se encaixa no que está descrito na norma, o empregador não pode rescindir seu contrato de forma injustificada. Por conta da liberdade organizacional estabelecida pela Constituição de 1988, as entidades sindicais podem criar seus sistemas de administração da maneira que melhor consulte seus interesses, promovendo-os em nome de um grupo dirigente. Esses dirigentes — integrantes da diretoria — escolherão seu presidente (§ 1º do art. 522 da CLT), quando este não tenha sido definido antecipadamente na própria chapa eleitoral ou por um modo especial previsto no estatuto. Os dirigentes sindicais são vistos como estorvos, verdadeiros obstáculos humanos ao regular desenvolvimento das atividades patronais e tanto mais assim são considerados quanto mais são aguerridos. Entre as garantias oferecidas aos dirigentes sindicais encontram-se as que dizem respeito ao licenciamento para a realização da atividade sindical, ao recebimento de honorários equivalente à remuneração profissional, à inamovibilidade temporária e à estabilidade provisória. V O L T A M O S Especificamente quanto a estabilidade provisória, diz-se que é por meio dela que o empregador fica impedido de desligar o empregado, sob pena de ver-se compelido a reintegrá-lo. Não há dúvidas de que a estabilidade é a mais importante das garantias outorgadas ao dirigente sindical que, durante um período, ver-se-á protegido contra o desligamento sem justo motivo. O texto constitucional de 1988 cristalizou a estabilidade do dirigente sindical e a fez constar do seu art. 8º, VIII, nos seguintes termos: VIII — é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Por sua vez, os parágrafos correspondentes ao art. 543 da CLT: § 3º - Fica vedada a dispensa do empregado sindicalizado ou associado, a partir do momento do registro de sua candidatura a cargo de direção ou representação de entidade sindical ou de associação profissional, até 1 (um) ano após o final do seu mandato, caso seja eleito inclusive como suplente, salvo se cometer falta grave devidamente apurada nos termos desta Consolidação. § 4º - Considera-se cargo de direção ou de representação sindical aquele cujo exercício ou indicação decorre de eleição prevista em lei. § 5º - Para os fins deste artigo, a entidade sindical comunicará por escrito à empresa, dentro de 24 (vinte e quatro) horas, o dia e a hora do registro da candidatura do seu empregado e, em igual prazo, sua eleição e posse, fornecendo, outrossim, a este, comprovante no mesmo sentido. O Ministério do Trabalho e Previdência Social fará no mesmo prazo a comunicação no caso da designação referida no final do§ 4º. Perceba-se, ademais, que não se concederá estabilidade provisória a quem dispute cargos diversos daqueles funcionalmente considerados como “de direção” (de administração, chefia, controle ou gerência) ou “de representação” (legitimados para falar em nome do sindicato ou dos integrantes da categoria). Por conta dessa distinção, para o TST o membro de conselho fiscal não tem estabilidade. (OJ 365 da SDI-1 do TST) Também merece observação o fato de não se oferecer a estabilidade provisória àqueles que alcançaram cargos de direção ou de representação sem se submeter a processo eleitoral (veja-se a expressão: “e, se eleito, ainda que suplente”). A estabilidade é provisória porque ela somente se estende da data de registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, durante o mandato, até um ano após o final dele. Observe-se, também, que a estabilidade somente se estenderá por mais um ano se, e somente se, o dirigente sindical concluir o seu mandato. Se este não for concluído (se o dirigente sindical for destituído ou se ele pedir para sair da direção do sindicato antes do final do mandato), não haverá falar na garantia de extensão da estabilidade por mais um ano, uma vez que, conforme claramente inserto no texto de lei, essa extensão somente será a ele autorizada “após o final do mandato”. Segundo consta do § 5º do art. 543 da CLT, para fins de aquisição da estabilidade aqui analisada, a entidade sindical comunicará por escrito à empresa, dentro de vinte e quatro horas, o dia e a hora do registro da candidatura do seu empregado e, em igual prazo, sua eleição e posse, fornecendo, igualmente, a este comprovante no mesmo sentido. Consoante se verifica pela leitura da Súmula 369 TST, não há o que se falar em condicionamento da aquisição da estabilidade sindical a uma determinada forma de comunicação. Portanto, é válido “qualquer meio” que dê ciência ao empregador dentro do período de vigência do contrato de trabalho do empregado que pugna pela estabilidade. É bom acrescentar que a estabilidade atribuída aos dirigentes sindicais não se restringe a quem ocupa as funções de direção nos sindicatos. A Constituição da República é bem clara ao dispor no art. 8º, VIII, que “é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical”, não especificando se o cargo de direção ou representação seria em sindicato, federação ou confederação. Súmula nº 369 do TST. DIRIGENTE SINDICAL. ESTABILIDADE PROVISÓRIA (redação do item I alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 I - É assegurada a estabilidade provisória ao empregado dirigente sindical, ainda que a comunicação do registro da candidatura ou da eleição e da posse seja realizada fora do prazo previsto no art. 543,§ 5º, da CLT, desde que a ciência ao empregador, por qualquer meio, ocorra na vigência do contrato de trabalho. II - O art. 522 da CLT foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Fica limitada, assim, a estabilidade a que alude o art. 543,§ 3.º, da CLT a sete dirigentes sindicais e igual número de suplentes. III - O empregado de categoria diferenciada eleito dirigente sindical só goza de estabilidade se exercer na empresa atividade pertinente à categoria profissional do sindicato para o qual foi eleito dirigente. IV - Havendo extinção da atividade empresarial no âmbito da base territorial do sindicato, não há razão para subsistir a estabilidade. V - O registro da candidatura do empregado a cargo de dirigente sindical durante o período de aviso prévio, ainda que indenizado, não lhe assegura a estabilidade, visto que inaplicável a regra do§ 3º do art. 543 da Consolidação das Leis do Trabalho. O conselho fiscal, nos termos do § 2o do art. 522 da CLT, é o órgão responsável pela fiscalização da gestão financeira da entidade sindical. A ele cabe o controle dos atos administrativos da entidade sindical, mas não propriamente a direção desta. Por esse motivo, o TST entendeu que o membro de conselho fiscal não tem a estabilidade prevista no art. 8º, VIII, da Constituição de 1988. O posicionamento acima expendido consolidou-se com a publicação da OJ 365 da SDI-1 do TST. 6. REGISTRO Subsiste controvérsia doutrinária acerca da necessidade do registro no órgão competente - MTE, sob o argumento de que tal exigência feriria o princípio da liberdade sindical, constituindo intervenção indevida do Estado na atividade sindical.Não é esta, entretanto, a posição já pacífica no STF. Ao contrário, entende o STF que o registro no MTE não só é cabível, como também indispensável para fins de fiscalização do sistema da unicidade sindical. Assim, pode-se dizer que o sindicato somente adquire personalidade jurídica após o registro do estatuto no MTE, mesmo que já tenha sido feito o registro no Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas. Este foi, aliás, o entendimento esposado no voto do Min. Relator Sepúlveda Pertence, em sede do julgamento do MI nº 144-8-SP, em 2003: “Proibida a criação (de mais de um sindicato na mesma base territorial), o registro – dado que, atributivo da personalidade jurídica, é ato culminante do processo de constituição da entidade –, há de ser, por imperativo lógico, momento adequado à verificação desse pressuposto negativo da aquisição mesma da personalidade jurídica da entidade sindical”. Alguns autores chegam a afirmar que o sindicato adquire personalidade jurídica com o registro no Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas, mas a personalidade sindical somente nasce com o registro junto ao MT. Não deixa de ser uma tese mais guiada pela conveniência que pela cientificidade, mas que, afinal, é também válida, pois não desvirtua a ideia central da questão. 7. ATRIBUIÇÕES E PRERROGATIVAS DO SINDICATO: ao sindicato são atribuídas várias funções, todas com vistas à melhoria da condição social e econômica do trabalhador. Vejamos as principais: 7.1. Representação dos trabalhadores: cabe ao sindicato, precipuamente, representar os interesses da categoria que representa, tanto no âmbito judicial quanto administrativo. (art. 8º, III, da CF) (art. 513, ‘a’, CLT) Alice Monteiro de Barros (Curso de Direito do Trabalho. 6. ed. São Paulo: LTr, 2010, p. 1.242) esclarece que o sindicato age tanto como representante (com a devida autorização dos trabalhadores) quanto como substituto processual (em nome próprio, em favor do trabalhador, independentemente da outorga de poderes para tal). A controvérsia acerca da extensão da atribuição de substituto processual conferida ao sindicato não será aprofundada neste momento porque se trata de matéria processual, estranha ao presente módulo. Resta observar que, na qualidade de defensor dos direitos da categoria, o sindicato representa não só os associados, mas todos os trabalhadores vinculados a determinada categoria profissional. Ao contrário, quando defende interesses individuais, somente poderá fazê-lo em relação aos associados. 7.2. Negociação coletiva: cabe ao sindicato tomar parte nas negociações coletivas de trabalho e, notadamente, firmar acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de trabalho, que, como visto, têm natureza de norma jurídica. 7.3. Assistência aos integrantes da categoria: incumbe aos sindicatos prestar assistência aos trabalhadores das mais variadas formas. Em primeiro lugar, mediante a prestação de assistência jurídica e judiciária. Em segundo lugar, prestando assistência nas rescisões contratuais (homologações, observar que a reforma Trabalhista excluiu essa atribuição do Sindicato). Por fim, em vários outros aspectos, como através da manutenção de cooperativas de consumo e de crédito, manutenção de serviço médico e odontológico, assinatura de convênios com estabelecimentos comerciais ou prestadores de serviços, entre outros benefícios. 8. SISTEMA DE CUSTEIO DA ATIVIDADE SINDICAL a) Contribuição sindical obrigatória (imposto sindical): prevista na CLT (arts. 578-610), tem natureza de tributo (contribuição parafiscal) e é devida anualmente, à razão de um dia de serviço. É devida por todos os trabalhadores, profissionais liberais e empregadores, mesmo que não sejam filiados a sindicato, pelo simples fato de integrarem a categoria profissional ou econômica. Reforma Trabalhista possibilitou ao trabalhador deixar de recolher a contribuição sindical. b) Contribuição confederativa: prevista no art. 8º, IV, da CF. Tem como objetivo o financiamento do sistema confederativo. Embora haja natural resistência por parte dos sindicatos, a contribuição em referência somente é devida pelos trabalhadores sindicalizados, até mesmo porque os não sindicalizados já pagam a contribuição sindical obrigatória. No mesmo sentido, a Súmula Vinculante nº 40 do STF e o Precedente Normativo 119 da SDC do TST. Ainda, Súmula 666, STF. c) Contribuição assistencial: é definida em assembleia geral do sindicato e normalmente prevista na norma coletiva, tendo por objetivo o custeio das atividades assistenciais do sindicato. Também é devida somente pelos associados, valendo aqui as mesmas observações tecidas em relação à contribuição confederativa. Durante muito tempo, houve certa tolerância para a previsão, em norma coletiva, da possibilidade de oposição ao desconto pelo trabalhador não associado. Assim, é comum encontrarmos cláusulas em CCT e ACT no sentido de que o trabalhador não sindicalizado que não concorde com o desconto deve se opor formalmente em até 10 dias. Desde já, como forma de auxiliar na diferenciação das mencionadas fontes de custeio, sugere- se um paralelismo de conceitos entre as contribuições assumidas pelo integrante de categoria econômica e profissional e as fontes de custeio admitidas por proprietário de imóvel em sistema de condomínio. Nesse sentido, a contribuição sindical seria algo assemelhado ao IPTU, pela força tributária e pela coercividade; a contribuição confederativa seria algo assemelhado à taxa condominial, pela destinação ao custeio do conjunto, notada- mente das despesas ordinárias da coletividade; a contribuição assistencial seria algo parecido com a taxa extra, por conta da assunção de despesas extraordinárias e da necessidade de recomposição do caixa, e, por fim, a contribuição associativa ou mensalidade sindical, que, por sua especificidade de destinação, seria comparável às mensalidades de clube ou academia existentes dentro de um condomínio residencial. ▪ Análise crítica ao fim do “imposto” sindical à luz da Reforma Trabalhista Pela redação do art. 8º, IV, da Constituição Federal de 1988, podemos perceber que há dois tipos de contribuições relacionadas ao sindicato. Uma é denominada contribuição confederativa, cobrada apenas daqueles que se filiaram a essas entidades representativas. Por essa razão, não há que se falar em compulsoriedade e, consequentemente, em natureza tributária. A outra é a contribuição sindical, instituída em lei e compulsória até advento da Reforma Trabalhista, através de Lei 13.467/2017. O próprio Supremo Tribunal Federal (MS 28.465) já reconheceu a natureza tributária da exação, como sendo uma contribuição social, e amoldando-se à definição de tributo, prevista no art. 3º, do CTN. Portanto, importante destacar que o que é chamado popularmente de “imposto sindical” tem natureza tributária de contribuição especial, sendo da competência exclusiva da União instituir, possuindo previsão no art. 149 da Constituição Federal quando prescreve a contribuição do interesse das categorias profissionais ou econômicas. Como tributo que é, a contribuição retro tem natureza compulsória (obrigatória) e é independente da livre associação a um sindicato, o qual é cobrado anualmente e corresponde a um dia de trabalho para os empregados, 30% do maior valor de referência para trabalhadores autônomos e para os profissionais liberais e em uma importância proporcional ao capital social para os empregadores. (art. 580, CLT) Lembre-se de que não se pode falar de tributo facultativo; a compulsoriedade elemento intrínseco a sua configuração, como bem se encontra prescrito no art. 3º do Código Tributário: Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. , tributo é: ▪ É prestação pecuniária: Dar dinheiro. Abarca tanto moeda corrente (“em espécie”, “Real”) quanto cheque, ex ver art. 162, I, §§ 1º e 2º do CTN (garantias). Cheque é válidocomo garantia, mas não como forma de pagamento. ▪ É prestação compulsória: Obrigação, não é opcional. ▪ É instituído por meio de lei: Princípio da legalidade (ver slide sobre o assunto). Exceções: Imposto sobre Importação - II, Imposto sobre Exportação – IE, Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI e Imposto sobre Operações Financeiras – IOF (esses quatro são também chamados de Tributos Extrafiscais, ou seja, tributos que são instituídos para regular o mercado). ▪ NÃO é sanção: Pagar tributo não se caracteriza como uma penalidade. Diferente de uma multa de trânsito, por exemplo, onde você paga por ter infringido as regras impostas pelo Código de Trânsito Brasileiro. Independente de opinião pessoal, alguns pontos devem ser ventilados para que vocês – alunos – estejam aptos à opinar. Primeiramente, em face da nova redação do art. 578 e art. 579 da CLT que determina que o pagamento da contribuição precisa de prévia e expressa autorização, fica evidenciada que a natureza da contribuição sindical deixa de ser tributária para ter caráter civil, nos termos de uma doação. Art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas referidas entidades serão recolhidas, pagas e aplicadas na forma estabelecida neste Capítulo, sob a denominação de contribuição sindical, desde que prévia, voluntária, individual e expressamente autorizado pelo empregado. (Redação dada pela Medida Provisória nº 873, de 2019) Art. 579. O requerimento de pagamento da contribuição sindical está condicionado à autorização prévia e voluntária do empregado que participar de determinada categoria econômica ou profissional ou de profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão ou, na inexistência do sindicato, em conformidade o disposto no art. 591. (Redação dada pela Medida Provisória nº 873, de 2019) § 1º A autorização prévia do empregado a que se refere o caput deve ser individual, expressa e por escrito, não admitidas a autorização tácita ou a substituição dos requisitos estabelecidos neste artigo para a cobrança por requerimento de oposição. (Incluído pela Medida Provisória nº 873, de 2019) “É importante destacar que a Lei 13.467/2017 não revogou a contribuição sindical, pois os artigos referentes à sua cobrança e destinação permanecem vigentes, mas somente serão aplicados caso haja a prévia e expressa autorização dos integrantes das categorias profissionais, econômicas e de profissionais liberais. A Reforma Trabalhista retirou a natureza de tributo da contribuição e tornou, portanto, facultativa.” (CORREIA, Henrique. Julgamento do STF de 29.06.2018: Constitucionalidade da Contribuição Sindical. Revista Síntese Trabalhista e Previdenciária, São Paulo, v. 29, n. 350, p. 216, ago. 2018). De fato, a nova redação do artigo 582 da CLT é clara e afirma que os empregadores só descontarão a contribuição sindical dos empregados que tiverem prévia e expressamente autorizado o seu recolhimento. Art. 582. A contribuição dos empregados que autorizarem, prévia e expressamente, o recolhimento da contribuição sindical será feita exclusivamente por meio de boleto bancário ou equivalente eletrônico, que será encaminhado obrigatoriamente à residência do empregado ou, na hipótese de impossibilidade de recebimento, à sede da empresa. (Redação dada pela Medida Provisória nº 873, de 2019) § 1º A inobservância ao disposto neste artigo ensejará a aplicação do disposto no art. 598. (Redação dada pela Medida Provisória nº 873, de 2019) § 2º É vedado o envio de boleto ou equivalente à residência do empregado ou à sede da empresa, na hipótese de inexistência de autorização prévia e expressa do empregado. (Redação dada pela Medida Provisória nº 873, de 2019) § 3º Para fins do disposto no inciso I do caput do art. 580, considera-se um dia de trabalho o equivalente a: (Incluído pela Medida Provisória nº 873, de 2019) I - uma jornada normal de trabalho, na hipótese de o pagamento ao empregado ser feito por unidade de tempo; ou (Incluído pela Medida Provisória nº 873, de 2019) II - 1/30 (um trinta avos) da quantia percebida no mês anterior, na hipótese de a remuneração ser paga por tarefa, empreitada ou comissão. (Incluído pela Medida Provisória nº 873, de 2019) § 3º Na hipótese de pagamento do salário em utilidades, ou nos casos em que o empregado receba, habitualmente, gorjetas, a contribuição sindical corresponderá a 1/30 (um trinta avos) da importância que tiver servido de base, no mês de janeiro, para a contribuição do empregado à Previdência Social. (Incluído pela Medida Provisória nº 873, de 2019) Nas ações impetradas junto ao STF, questionando a constitucionalidade do fim da obrigatoriedade da contribuição sindical, tem-se ventilado a inconstitucionalidade por entender que a matéria deveria ser alterada por lei complementar, conforme art. 146 da Constituição Federal, ou seja, estar-se-ia diante de um vício formal. Observa-se que o regramento constitucional determina o uso da lei complementar, em matéria tributária, para explicitar normas gerais, nos quais destaca definição de tributos e suas espécies e os impostos prescritos, na própria Constituição, no que tange a seus fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes. No âmbito formal, o STF entendeu que a Lei 13.467/2017 não contempla normas gerais de direito tributário, dispensada a edição de lei complementar para tratar sobre matéria relativa a contribuições. Sob o ângulo material, o Supremo Tribunal Federal asseverou, ainda, que a Constituição assegura a livre associação profissional ou sindical, de modo que ninguém é obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato (art. 8º, V, CF). O princípio constitucional da liberdade sindical garante tanto ao trabalhador quanto ao empregador a liberdade de se associar a uma organização sindical, passando a contribuir voluntariamente com essa representação. Ainda, ressaltou que compete à União, por meio de lei ordinária, instituir, extinguir ou modificar a natureza de contribuições (art. 149, CF). Por enquanto, o que você precisa saber é que, a princípio, não há que se falar em contribuição sindical como tendo natureza tributária a partir da Lei 13.467/2017, pois a compulsoriedade não está mais presente nesta prestação pecuniária, não mais se adequando à definição de tributo. Porém, apesar de ter sido pouco comentado, a Reforma Trabalhista também tornou optativa a contribuição sindical das empresas aos sindicatos patronais. A antiga redação do artigo 578 da CLT era imperativa ao determinar que as contribuições sindicais seriam “pagas, recolhidas e aplicadas” na forma estabelecida. No entanto, a Reforma Trabalhista acrescentou ao final do artigo 578 a expressão “desde que prévia e expressamente autorizadas”. A conclusão que se pode chegar é que a contribuição sindical também não será mais obrigatória para as empresas é fortalecida pela nova redação dada pela Reforma Trabalhista ao artigo 587 da CLT? Art. 587. Os empregadores que optarem pelo recolhimento da contribuição sindical deverão fazê-lo no mês de janeiro de cada ano, ou, para os que venham a se estabelecer após o referido mês, na ocasião em que requererem às repartições o registro ou a licença para o exercício da respectiva atividade. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) Ver: https://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI297750,61044-OABSP+defende+inconstitucionalidade+de+MP+de+Bolsonaro+sobre https://www.cartacapital.com.br/opiniao/fim-da-contribuicao-sindical-e-cavalo-de-troia-para-trabalhadores/ https://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI297750,61044-OABSP+defende+inconstitucionalidade+de+MP+de+Bolsonaro+sobre https://www.cartacapital.com.br/opiniao/fim-da-contribuicao-sindical-e-cavalo-de-troia-para-trabalhadores/ Contatos: Profª Michelle Dias Bublitz email: michelle.bublitz@uniritter.edu.br Michelle Bublitz michelle.bublitz Ficou com alguma dúvida?
Compartilhar