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Aula 08 Direito Penal

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CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL 
TEORIA E EXERCÍCIOS 
PROFESSOR PEDRO IVO 
www.pontodosconcursos.com.br 1
AULA 08 – CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
Companheiros de estudo, sejam bem vindos à nossa oitava aula!!! 
Hoje começaremos a tratar sobre os crimes contra o patrimônio, assunto este 
constantemente exigido nos concursos. 
Para a correta compreensão, seguirei a mesma “linha de raciocínio” utilizada quando vimos 
os delitos contra a Administração Pública. 
Agora, ative o cérebro e vamos começar! 
Bons estudos!!! 
******************************************************************************************************* 
6.1 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 6.1.1 FURTO 
O furto é a subtração de coisa alheia móvel com o fim de assenhoramento definitivo, ou 
seja, para se apoderar do objeto definitivamente. Com esta criminalização, visa o Código 
Penal proteger dois objetos jurídicos: a posse e a propriedade. O delito encontra sua 
previsão fundamental no art. 155 do Código Penal, nos seguintes termos: 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
Ocorre, entretanto, que o furto possui outras figuras típicas além da supracitada. Desta 
forma, podemos resumir o assunto da seguinte forma: 
TIPOS PENAIS DO CRIME DE FURTO 
FURTO SIMPLES Art. 155, caput 
 
 
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FURTO PRIVILEGIADO (FURTO MÍNIMO) Art. 155, § 2º 
FURTO QUALIFICADO Art. 155, §§ 1º, 4º, 5º 
 6.1.1.1 CARACTERIZADORES DO DELITO 
• SUJEITOS DO DELITO: 
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer 
pessoa. Todavia, há uma exceção a esta regra, pois o furto não pode ser 
cometido pelo proprietário do bem. 
“Mas, professor, o fato de o proprietário do bem não poder cometer o crime 
de furto é óbvio, não é?” 
Bom, mais ou menos... Vamos exemplificar: Imagine que em um contrato de 
penhor o indivíduo, a fim de garantir uma dívida de R$30.000,00, dá ao 
credor um anel de ouro como forma de garantia. Próximo ao vencimento do 
contrato, sabendo que não poderia pagar o que devia, penetra na residência 
do credor e subtrai o anel. Neste caso, poderá o devedor responder pelo 
crime de furto? 
A resposta é NEGATIVA, pois o art. 155 fala em “coisa alheia móvel” e, 
desta forma, o fato praticado pelo devedor não se enquadra na descrição 
típica do furto. 
“Mas professor, quer dizer que ele não responderá por nenhum delito?” 
Responderá sim, mas pelo crime definido no art. 346 do Código Penal que 
agora reproduzo a título de conhecimento: 
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha 
em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção 
2. SUJEITO PASSIVO: É a pessoa física ou jurídica titular da posse, incluindo 
a detenção, ou da propriedade. 
• OBJETO MATERIAL: O objeto do furto é a coisa alheia móvel. Dito isto, vamos 
analisar alguns casos já exigidos em provas: 
 
 
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1. PESSOA VIVA Î Claramente, não pode ser objeto do furto, ou seja, 
ninguém responde pelo furto de uma pessoa viva, mas sim por seqüestro 
(art. 148), cárcere privado (art. 148) ou subtração de incapazes (art. 249). 
2. CADÁVER Î De maneira geral, também não pode ser objeto do furto, 
respondendo o agente pelo crime contra o respeito aos mortos. Todavia, 
quando o cadáver pertence a alguém, como no caso de ser utilizado por um 
centro de pesquisas médicas, pode ocorrer o furto. 
3. A RES NULLIS (COISA DE NINGUÉM) E A RES DERELICTA (COISA 
ABANDONADA) Î Não podem ser objeto do furto, pois não se trata de 
coisa ALHEIA móvel. 
4. OBJETOS DE VALOR ÍNFIMO (APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA 
INSIGNIFICÂNCIA) Î Regra geral, os objetos de valor muito pequeno, tal 
qual um alfinete ou um pequeno botão, não podem ser objeto do furto. 
Todavia, cabe ressaltar que objetos que têm valor sentimental, mesmo que 
sem valor econômico, podem ser objeto de furto. 
Exemplo: Tício tem em seu armário um cadarço de um tênis que foi utilizado 
no dia em que ele correu sua primeira Maratona. O cadarço não tem 
nenhum valor em dinheiro, mas para Tício tem um grande valor sentimental. 
Neste caso, se for furtado, poderá o agente responder pelo crime. 
Para complementar este ponto, observe abaixo os interessantes julgados do 
STJ que deixam claro que a aplicação do princípio da insignificância 
depende de outros requisitos que não só o valor econômico: 
STJ, HC 60.949/PE, DJ 17.12.2007 
O pequeno valor da res furtiva não se traduz, automaticamente, na 
aplicação do princípio da insignificância. Há que se conjugar a 
importância do objeto material para a vítima, levando-se em 
consideração a sua condição econômica, o valor sentimental do bem, 
como também as circunstâncias e o resultado do crime, tudo de modo a 
determinar, subjetivamente, se houve relevante lesão. Precedente desta 
Corte. 
STJ, HC 148.496/DF, DJ 22.02.2010 
Para a incidência do princípio da insignificância, são necessários a 
mínima ofensividade da conduta do agente, nenhuma periculosidade 
social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e 
a inexpressividade da lesão jurídica provocada. Precedente do STF 
No caso do furto, não se pode confundir bem de pequeno valor com de 
valor insignificante. Este, necessariamente, exclui o crime em face da 
ausência de ofensa ao bem jurídico tutelado, aplicando-se-lhe o princípio 
da insignificância; aquele, eventualmente, pode caracterizar o privilégio 
previsto no § 2º do art. 155 do Código Penal. 
 
 
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• ELEMENTOS: 
1. OBJETIVO: É núcleo do tipo: 
• Subtrair Î O apossamento pode ser: 
i. Direto Î Quando o agente, pessoalmente, subtrai o objeto. 
ii. Indireto Î Quando o agente utiliza algum meio para efetuar a 
subtração. Exemplo: animais adestrados. 
2. SUBJETIVO: 
1. Dolo; 
2. A expressão “para si ou para outrem” Î Para a caracterização do 
furto não é suficiente que o agente queira utilizar o bem por poucos 
instantes. É preciso que aja com intenção de apoderamento definitivo 
(animus furandi). 
OBSERVAÇÃO: 
Para a caracterização do furto, a coisa deve ser MÓVEL. Ocorre, 
entretanto, que o Código Civil define que são imóveis: 
1. AS APÓLICES DA DÍVIDA PÚBLICA ONERADAS COM CLÁUSULA 
DE INALIENABILIDADE (ART. 80, CC); 
2. OS MATERIAIS PROVISORIAMENTE SEPARADOS DE UM PRÉDIO 
PARA NELE MESMO SE EMPREGAREM (ART. 81, II, CC); 
3. OS NAVIOS E AS AERONAVES (ART. 1473, CC); 
Será, então, que se o indivíduo subtrai tijolos separados provisoriamente 
de um prédio, não poderá responder pelo furto? 
A resposta é: poderá SIM responder pelo furto, pois as regras do Código 
Civil acima descritas não são adotadas pelo ordenamento jurídico penal. 
OBSERVAÇÃO: 
Para a caracterização do dolo, faz-se necessário que o agente tenha 
vontade de subtrair coisa móvel e, além disso, que saiba se tratar de coisa 
alheia. Caso suponha que o objeto seja próprio, trata-se de erro de tipo 
capaz de excluir o dolo e, portanto, a conduta delituosa. 
 
 
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• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
1. O crime é consumado quando o objeto é retirado da posse e disponibilidade 
do sujeito passivo, ou seja, quando este não pode mais exercer as 
faculdades inerentes à posse ou propriedade do bem. 
Sendo assim, pergunto: Imagine queem uma casa a empregada pega uma 
jóia e coloca em seu bolso com o fim de levá-la para sua casa e vendê-la. 
Neste caso, o furto estará consumado somente quando a empregada sair 
da casa em que reside a dona do bem? 
A resposta é negativa, pois no momento em que a jóia é colocada no bolso, 
esta já é retirada da disponibilidade da dona e, portanto, consumado está o 
delito. 
2. É crime material e instantâneo e é admissível a tentativa. 
 6.1.1.2 FURTO DE USO
A atual legislação brasileira desconhece o furto de uso que ocorre, segundo Hungria, 
“quando alguém arbitrariamente retira coisa alheia infungível, para dela servir-se 
momentaneamente ou passageiramente, repondo-a, a seguir, íntegra, na esfera de 
atividade patrimonial do dono”. 
A doutrina majoritária e a jurisprudência (STJ, HC 94.168/MG, DJ 22.04.2008) 
entendem que o furto de uso constitui figura atípica, sendo, portanto, um indiferente 
penal. 
OBSERVAÇÃO: 
Imagine que Mévio está passeando quando Tício, sorrateiramente, coloca a 
mão em seu bolso a fim de furtar sua carteira. 
Situação 01 Î Mévio havia esquecido a carteira no trabalho Î Neste caso, 
temos hipótese de CRIME IMPOSSÍVEL. 
Situação 02 Î Tício coloca a mão no bolso esquerdo, mas a carteira está 
no direito Î Trata-se de TENTATIVA DE FURTO. 
Na primeira situação, como há inexistência do objeto, não há que se falar 
em furto devido à ausência da COISA MÓVEL. 
Diferentemente, no segundo caso, há o objeto material e o delito só não se 
consuma por uma circunstância ALHEIA à vontade do agente. 
 
 
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 6.1.1.3 FURTO NOTURNO
Encontra previsão no parágrafo 1º do art. 155 do Código Penal, nos seguintes termos: 
Art. 155 [...] 
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o 
repouso noturno. 
É importante ressaltar que a qualificadora em questão refere-se ao REPOUSO 
NOTURNO e não a TODOS os fatos ocorridos durante a noite. Sendo assim, a aplicação 
da qualificadora deve ser analisada caso a caso. 
Exemplo: Imagine que um delito é cometido às 18h20min na Cidade de São Paulo. Neste 
caso, embora no período noturno, haverá aplicação do FURTO NOTURNO? 
A resposta é negativa, pois não se considera que neste horário os moradores de São 
Paulo estão repousando (seria até bom, mas normalmente estamos no trânsito!!!). 
Para finalizar, um importante questionamento: Como se exige o repouso noturno, a 
qualificadora só pode ser aplicada a estabelecimentos residenciais? A resposta é 
negativa, cabendo a qualificadora, inclusive, para locais desabitados. Observe 
interessantes julgados: 
DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO 
Infungibilidade é o princípio que define os bens móveis que não podem ser 
substituídos por outros da mesma espécie, quantidade e qualidade. Logo, 
todo bem móvel único é infungível, assim como todo bem imóvel. 
São infungíveis as obras de arte, bens produzidos em série que foram 
personalizados, objetos raros dos quais restam um único exemplar, etc. 
STJ, REsp 704.828/RS, DJ 26.09.2005 
Aplica-se a majorante prevista no art. 155, § 1º, do Código Penal, se o delito é 
praticado durante o repouso noturno, período de maior vulnerabilidade inclusive para 
estabelecimentos comerciais 
 
 
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Para finalizar, cabe uma importante ressalva: A qualificadora do repouso noturno só 
encontra aplicação quando se trata de FURTO SIMPLES, não se estendendo ao furto 
qualificado. 
 6.1.1.4 FURTO PRIVILEGIADO OU MÍNIMO 
Encontra previsão no parágrafo 2º do art. 155 do Código Penal, nos seguintes termos: 
Art. 155. 
[...] 
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz 
pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois 
terços, ou aplicar somente a pena de multa. 
Do supracitado dispositivo legal, percebe-se a necessidade do cumprimento de dois 
requisitos para que seja possível a ocorrência da diminuição de pena, quais sejam: 
1. QUE O CRIMINOSO SEJA PRIMÁRIO, ou seja, que não seja reincidente; 
2. QUE A COISA SEJA DE PEQUENO VALOR Î A jurisprudência majoritária 
vem considerando o salário mínimo como teto para o “pequeno valor” do 
privilégio, embora tal regra não seja adotada de maneira absoluta. 
Sobre o tema, observe interessantes e elucidativos julgados: 
STJ, HC 143.699/MS, DJ 01.02.2010 
A causa especial de aumento de pena constante do § 1º do art. 155 do Código Penal 
(repouso noturno) é perfeitamente aplicável nos casos em que o furto foi cometido de 
madrugada, horário em que há maior facilidade para o cometimento de delitos em 
virtude da vulnerabilidade do patrimônio da vítima ante a deficiência na vigilância. 
STJ, REsp 207.181/DF, DJ 07.08.2000 
Para a determinação do conceito de coisa de pequeno valor para fins de caracterização 
do furto privilegiado, o salário-mínimo pode ser adotado, em princípio, como parâmetro 
de referência, não podendo, todavia, ser adotado como critério de rigor aritmético, 
impondo-se ao juiz sopesar outras circunstâncias próprias do caso 
 
 
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Para finalizar, um importante questionamento: É possível definir um valor preciso para a 
diferenciação entre o furto privilegiado e a aplicação do princípio da insignificância? 
A resposta é negativa, ou seja, cada caso deve ser analisado de acordo com suas 
particularidades. Observe como o STF se posiciona sobre o tema: 
STJ, HC 140.542/RS, DJ 14.12.2009 
A atitude do paciente revela lesividade suficiente para justificar uma condenação, 
havendo que se reconhecer a ofensividade do seu comportamento, até porque furtou 
e tentou furtar (foram dois crimes, em continuidade delitiva) peças de vestuário, 
avaliadas, no total, em R$ 230,00 (duzentos e trinta reais), valor que beira a meio 
salário-mínimo e não pode ser considerado ínfimo. 
No caso do furto, não se pode confundir bem de pequeno valor com de valor 
insignificante. Este, necessariamente, exclui o crime em face da ausência de ofensa 
ao bem jurídico tutelado, aplicando-se-lhe o princípio da insignificância; aquele, 
eventualmente, pode caracterizar o privilégio previsto no § 2º do art. 155 do Código 
Penal. 
STF, HC 84.424/SP, DJ 07.10.2005 
O princípio da insignificância, vetor interpretativo do tipo penal, é de ser aplicado 
tendo em conta a realidade brasileira, de modo a evitar que a proteção penal se 
restrinja aos bens patrimoniais mais valiosos, ordinariamente pertencentes a uma 
pequena camada da população. 
A aplicação criteriosa do postulado da insignificância contribui, por um lado, para 
impedir que a atuação estatal vá além dos limites do razoável no atendimento do 
interesse público. De outro lado, evita que condutas atentatórias a bens juridicamente 
protegidos, possivelmente toleradas pelo Estado, afetem a viabilidade da vida em 
sociedade. 
O parâmetro para aplicação do princípio da insignificância, de sorte a excluir a 
incriminação em caso de objeto material de baixo valor, não pode ser exclusivamente 
o patrimônio da vítima ou o valor do salário mínimo, pena de ensejar a ocorrência de 
situações absurdas e injustas. 
No crime de furto, há que se distinguir entre infração de ínfimo e de pequeno valor, 
para efeito de aplicação da insignificância. Não se discute a incidência do princípio no 
tocante às infrações ínfimas, devendo-se, entretanto, aplicar-se a figura do furto 
privilegiado em relação às de pequeno valorCURSO ON-LINE – DIREITO PENAL 
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 6.1.1.5 FURTO DE ENERGIA
O legislador penal fez questão de deixar claro a possibilidade do crime de furto no 
tocante à energia elétrica, ou seja, podemos afirmar que para o Direito Penal equipara-se 
à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. Observe o 
texto legal: 
Art. 155. 
[...] 
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que 
tenha valor econômico. 
Nos termos da Exposição de Motivos do CP, “toda energia economicamente utilizável e 
suscetível de incidir no poder de disposição material e exclusiva de um indivíduo pode 
ser incluída, mesmo do ponto de vista técnico, entre as coisas móveis, a cuja 
regulamentação jurídica, portanto, deve ficar sujeita”. 
 6.1.1.6 FURTO QUALIFICADO
Nos termos dos parágrafos 4º e 5º do art. 155, considera-se o furto qualificado quando 
ocorre com: 
1. Violência contra obstáculo à subtração Î A violência deve ser empregada 
antes ou durante a retirada, mas nunca depois de consumado o furto. É 
necessário que a violência seja contra obstáculo, que foi predisposta ou 
aproveitada pelo homem para a finalidade especial de evitar a subtração. 
Exemplo: rompimento do cadeado que prende uma lancha. 
2. Abuso de confiança Î Neste caso, o sujeito abusa da confiança nele depositada 
pelo ofendido a fim de cometer o delito. Assim, trata-se a qualificadora de 
elemento subjetivo do tipo, sendo necessário, então, que o agente tenha 
consciência de que está praticando o fato com abuso de confiança. Além disso, 
exige-se que a coisa esteja na esfera de disponibilidade do sujeito ativo em face 
dessa confiança. 
Observação: A mera relação empregatícia não é suficiente para que o furto seja 
qualificado. É necessário que haja um real traço subjetivo capaz de gerar 
confiança e, por isso, passível de abuso. 
Exemplo: 
 
 
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3. Fraude Î Qualifica o furto, pois se trata de um meio enganoso capaz de iludir a 
vigilância do ofendido e permitir maior liberdade na subtração do objeto material. 
Exemplo: O agente se fantasia de fiscal da prefeitura a fim de adentrar na 
residência da vítima e subtrair bens. 
4. Escalada Î É o acesso a determinado lugar por meio anormal. Atenção, caro(a) 
aluno(a), que diferentemente do que muitos pensam, não se trata simplesmente 
do uso de escadas, mas, repetindo, de qualquer acesso por meio anormal. 
Exemplo: Saltar o muro, entrar pelo telhado etc. 
5. Destreza Î Trata-se de habilidade desenvolvida pelo sujeito que age sem ser 
percebido pela vítima. É o tradicional “mão leve” ou mesmo os “batedores de 
carteira”. 
Agora pergunto: Mévia está dirigindo o carro e deixa a bolsa no banco do carona. 
Tício, renomado ladrão, quebra o vidro com destreza e pega a bolsa. Neste caso, 
futuro aprovado, em qual delito você “enquadrará” o bandido? 
(A) furto simples 
(B) furto qualificado pela destreza 
(C) roubo 
(D) Todas estão incorretas 
A resposta é a alternativa “D”, pois neste caso trata-se de furto qualificado pela 
violência. Perceba que não há violência contra a pessoa e, portanto, não há 
roubo. Trata-se de violência contra COISA (vidro do carro). Também não é caso 
de destreza, pois, obviamente, a ação de Tício foi prontamente percebida por 
Mévia. 
Para finalizar, um questionamento: No caso em que o indivíduo tenta “bater” uma 
carteira e é percebido, responderá ele pela tentativa de furto simples ou pela 
tentativa de furto qualificado? 
Para o reconhecimento da qualificadora do abuso de confiança no furto, não basta 
a simples relação de emprego existente, sendo necessária a presença de uma 
situação de especial confiança do empregador com relação ao empregado, 
podendo esta ser deduzida da própria função exercida e de outras circunstâncias 
do caso concreto. Na hipótese, o acusado era motorista da empresa lesada por 
quase dois anos, tendo livre acesso ao local onde os cheques ficavam guardados e 
foram subtraídos,o que evidencia a confiança nele depositada. Outrossim, o fato da 
gaveta ficar fechada não impede o reconhecimento da qualificadora, porque as 
chaves eram deixadas livremente na sala em que o acusado tinha acesso livre, 
tendo se aproveitado desta condição para pegá-las, abrir a gaveta e subtrair os 
cheques, o que ocorreu em vários dias distintos, sendo reconhecida a continuidade 
delitiva. (TJRJ. AC - 2007.050.03357. JULGADO EM 24/07/2007) 
 
 
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A resposta é: DEPENDE!!! Se o agente foi descoberto devido ao aviso de um 
terceiro, por exemplo, temos o caso da tentativa de furto qualificada. 
Diferentemente, se é a vítima quem percebe a atuação do agente, tem-se a 
tentativa de furto simples devido à inexistência de destreza do criminoso. 
6. Chave falsa Î É todo instrumento, com ou sem forma de chave, destinado a abrir 
fechaduras, tais como mixa, gazuas, grampos, pregos etc. 
Observação: Se a chave é encontrada na fechadura, não há furto qualificado, 
mas furto simples. 
Exemplo: 
7. Concurso de pessoas Î Exige-se, no mínimo, a concorrência de duas ou mais 
pessoas na realização do furto, sendo irrelevante que uma delas seja inimputável. 
8. Intenção de transportar veículo automotor para outro Estado ou para o 
exterior Î Às qualificadoras que vimos até agora, o Código Penal comina uma 
penalização de dois a oito anos de reclusão e multa. Diferentemente, para esta 
última que agora estamos vendo, o legislador penal achou por bem definir uma 
pena de três a oito anos de reclusão, ou seja, ampliou-se, neste caso, o mínimo 
da pena. 
Para a incidência da qualificadora, o veículo deve ser automotor, o que abrange 
automóveis, caminhões, lanças, aeronaves, motos etc. Além disso, exige-se a 
intenção de transportar o veículo para outro Estado ou para o exterior. 
 6.1.1.7 FURTO QUALIFICADO E PRIVILEGIADO
Muito se discute a respeito da possibilidade ou não da ocorrência do furto com incidência 
de circunstância privilegiadora e qualificadora. 
Recentemente, o STF reafirmou o seu entendimento no sentido da possibilidade da 
existência de tal espécie de delito. Desta forma, para a sua PROVA, adote o mesmo 
sentido e não se preocupe com divergências. 
Observe o entendimento do STF em recente julgado: 
STJ, REsp: 915.187/RS, DJ 13.04.2009 
O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de que o conceito de chave 
falsa abrange também a "mixa". Na hipótese em exame, a qualificadora restou 
bem caracterizada, na medida em que o uso da "mixa" propiciou o acesso ao 
interior do veículo. 
 
 
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 6.1.1.8 FURTO DE COISA COMUM
No crime de furto tipificado pelo artigo 155 do Código Penal, o agente subtrai coisa alheia 
móvel de qualquer pessoa, apossando-se do objeto como se dele fosse o dono. Já aqui 
no furto de coisa comum, o agente furta seu próprio sócio, co-herdeiro ou condômino. 
Nestes termos é a redação do artigo 156 do Código Penal, vejamos: 
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, 
a quem legitimamente a detém, a coisa comum: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa. 
Nesse contexto, vale observar que ao contrário do crime de furto previsto no artigo 155 
do Código Penal, para que o agente incorra no crime de furto de coisa comum previsto 
no artigo 156, a coisa móvel subtraída deve ser comum e não alheia. Diz-secomum pela 
simples razão de a coisa pertencer a mais de uma pessoa, inclusive ao próprio agente. 
Assim, é possível entender que a coisa subtraída deve ser, via de regra, infungível e 
indivisível, pelo menos no momento da ação, de modo que seja impossível o agente 
levar apenas a parte do objeto/coisa que lhe pertença. Caso seja possível esta divisão, 
assim dispõe o CP: 
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não 
excede a quota a que tem direito o agente. 
STF, HC 99.581/RS, DJ 02.02.2010 
Furto qualificado e privilegiado. Compatibilidade. Precedentes. Ordem concedida. 
Não há vedação legal ao reconhecimento concomitante do furto qualificado (art. 
155, § 4º) e privilegiado (art. 155, § 2º). 
DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO 
Condomínio Î É a propriedade em comum exercida por dois ou mais 
indivíduos simultaneamente. Chama-se também co-propriedade, e os 
proprietários são consortes, condôminos ou co-proprietários. 
 
 
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Na medida em que o artigo apenas protege determinadas categorias de pessoas 
(condômino, sócio ou co herdeiro), e levando-se em consideração que o sujeito passivo 
tem que ser, obrigatoriamente, uma delas, trata-se de crime próprio. 
Passivamente podem figurar, além dos condôminos, sócios e co herdeiros, um terceiro 
que detenha legitimamente a coisa comum. Todavia, se a detenção de qualquer dos 
mencionados for ilegítima, a ação do agente será atípica. 
Quanto ao elemento subjetivo do tipo, o delito será punível apenas se praticado 
dolosamente. Logo, nesse caso, inexiste a modalidade culposa. 
O crime se consumará na ocasião em que o agente conseguir subtrair a coisa do local 
em que esteve sob a proteção e vigilância da vítima. Observa-se, ainda, que não é 
exigível que o agente detenha a posse mansa e pacífica do objeto para que o delito se 
aperfeiçoe. 
Assim, como vimos no furto simples, ainda que não haja o deslocamento da coisa, o 
crime estará concluído quando o sujeito passivo não mais puder exercer qualquer ação 
sobre o objeto que anteriormente estava sob sua responsabilidade. 
Admite-se a tentativa. 
 6.1.2 ROUBO 
O roubo é a subtração de coisa alheia móvel mediante violência, grave ameaça ou 
qualquer meio capaz de anular a capacidade de resistência da vítima. Encontra previsão 
no Código Penal, nos seguintes termos: 
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave 
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, 
reduzido à impossibilidade de resistência: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
Ainda segundo o Código Penal, incide também no crime de roubo quem, logo depois de 
subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar 
a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. 
Da descrição típica do delito, extrai-se duas figuras, o roubo próprio e o roubo impróprio. 
No roubo próprio, a violência (violência, grave ameaça ou qualquer outro meio que 
reduz a vítima à impossibilidade de resistência) é empregada antes ou durante a 
subtração e tem como objetivo permitir que a subtração se realize. 
 
 
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No roubo impróprio, a subtração é realizada sem violência e esta será empregada 
depois da subtração, pois tem como objetivo assegurar a impunidade pelo crime ou a 
detenção da coisa. 
Podemos, em resumo, dizer que o roubo impróprio é um furto que deu errado, pois 
começa com a simples subtração, caracterizadora do furto, mas termina como roubo. 
Nota-se que a violência posterior não precisa necessariamente ser contra o proprietário 
da coisa subtraída, podendo inclusive ser contra o policial que faz a perseguição, 
devendo ser realizada com a finalidade de assegurar a impunidade do crime ou a 
detenção da coisa. 
 6.1.2.1 CARACTERIZADORES DO DELITO 
• SUJEITOS DO DELITO: 
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer 
pessoa. 
2. SUJEITO PASSIVO: Regra geral, é o titular da posse ou da propriedade. 
Excepcionalmente, podemos ter dois sujeitos passivos, situação em que um 
sofre a violência, ou grave ameaça, e o outro é o titular do direito de 
propriedade. 
• OBJETOS MATERIAIS: O roubo possui dois objetos materiais: a pessoa humana 
(sobre a qual recai a violência ou grave ameaça) e a coisa móvel (que é 
efetivamente subtraída). 
• ELEMENTOS: 
1. OBJETIVO: É núcleo do tipo: 
• Subtrair (mediante violência ou grave ameaça); 
2. SUBJETIVO: 
1. Dolo; e 
RELEMBRANDO!!! 
NO ROUBO, A VIOLÊNCIA É CONTRA PESSOA, ENQUANTO NO FURTO 
QUALIFICADO, A VIOLÊNCIA É CONTRA COISA. 
 
 
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2. A expressão “para si ou para outrem”. 
Observação: O roubo impróprio exige outro elemento subjetivo do 
tipo, previsto na expressão “a fim de assegurar a impunidade do 
crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro”. 
• QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA, CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
1. É crime material, pois apresenta em seu tipo uma conduta e um resultado. 
É delito instantâneo, pois se consuma no instante em que o objeto sai da 
esfera de disponibilidade da vítima. 
É complexo, pois é um crime integrado por diversas espécies: FURTO + 
LESÃO CORPORAL + AMEAÇA + CONSTRANGIMENTO ILEGAL. 
É delito de forma livre, pois admite qualquer meio de execução. 
É crime de dano, pois exige a lesão do bem. 
Por fim, é plurissubsistente, pois não se consuma com um único ato, ou 
seja, deve haver a violência e a subtração. 
2. A consumação ocorre, como vimos, de forma semelhante ao furto, ou seja, 
no momento em que o objeto material sai da esfera de disponibilidade da 
vítima. Cabe ressaltar que o roubo impróprio tem sua consumação quando o 
sujeito emprega a violência. 
3. É admissível a tentativa no que diz respeito ao roubo próprio. Com relação 
ao impróprio, embora haja divergências, para a sua PROVA não se admite 
tentativa, pois ou o sujeito emprega a violência e consuma-se o roubo ou 
não emprega e responde pelo furto. 
 6.1.2.2 ROUBO QUALIFICADO
Segundo o parágrafo 2º do art. 157, a pena do crime de roubo deve ser ampliada de 
um terço até a metade nas seguintes situações: 
STJ, REsp 1.025.162/SP, DJ 10.11.2008 
O crime previsto no art. 157, § 1º, do Código Penal consuma-se no 
momento em que, após o agente tornar-se possuidor da coisa, a 
violência é empregada, não se admitindo, pois, a tentativa (Precedentes 
do Pretório Excelso e desta Corte). 
 
 
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1. Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma Î Quanto a 
este ponto, cabe uma importante ressalva: quando o Código Penal refere-se ao 
emprego de arma como circunstância qualificadora, não se refere ao porte de 
arma, mas sim ao uso efetivo da arma durante o roubo. Seria o caso, por 
exemplo, do criminoso que coloca uma arma na cabeça de sua vítima. 
Cabe ressaltar que quanto a este ponto há uma grande divergência doutrinária 
e jurisprudencial em relação à incidência da qualificadora no caso de uso de 
arma de brinquedo. Para a sua PROVA, entenda pelo NÃO cabimento do 
aumento de pena. 
2. Se há o concurso de duas ou mais pessoas Î Para a incidência da 
qualificadora, exige-se, no mínimo, a concorrência de duas ou mais pessoas na 
realização do roubo, sendo irrelevante que uma delas seja inimputável. 
3.Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece 
tal circunstância; 
4. Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado 
para outro Estado ou para o exterior Î Para a incidência da qualificadora, o 
veículo deve ser automotor, o que abrange automóveis, caminhões, lanças, 
aeronaves, motos etc. Além disso, exige-se a intenção de transportar o veículo 
para outro Estado ou para o exterior. 
5. Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade Î 
O inciso V do § 2º do art. 157 do CP exige, para a sua configuração, que a 
vítima seja mantida por tempo juridicamente relevante em poder do réu, sob 
pena de que sua aplicação seja uma constante em todos os roubos (STJ, REsp 
933.584/SP, DJ 22.06.2009). 
STJ, HC 127.679/SP, DJ 15.12.2009 
Esta Corte, com o cancelamento da Súmula 174/STJ, passou a entender que 
a causa de aumento de pena prevista no art. 157, § 2o., I do CPB não incide 
nos roubos perpetrados com o uso de arma de brinquedo, orientação a ser 
seguida com a ressalva do ponto de vista do Relator. 
STJ, 87.630/SP, DJ 14.12.2009 
Com o cancelamento da Súmula n.º 174 do Superior Tribunal de Justiça, 
ficou assentado o entendimento, segundo o qual, a simples atemorização da 
vítima pelo emprego da arma (de brinquedo) não mais se mostra suficiente 
para configurar a majorante, dada a ausência de incremento no risco ao bem 
jurídico, servindo, apenas, a caracterizar a grave ameaça, já inerente ao 
crime de roubo. 
 
 
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Exemplo: 
6.1.2.3 LESÃO CORPORAL GRAVE E LATROCÍNIO – ROUBO QUALIFICADO 
PELO RESULTADO
O § 3º do art. 157 do Código Penal apresenta dois tipos de roubo qualificado: o 
primeiro qualifica-se pela lesão corporal grave, de modo que a pena em abstrato será 
de reclusão de sete a quinze anos, além de multa. O segundo qualifica-se pela morte 
e é chamado de latrocínio, de forma que a pena em abstrato será de reclusão de vinte 
a trinta anos e multa. As duas formas qualificadas se aplicam tanto ao roubo próprio 
quanto ao roubo impróprio. 
Observe: 
Art. 157. 
[...] 
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de 
sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a 
trinta anos, sem prejuízo da multa. 
Vamos agora tratar de cada uma das qualificadoras: 
• LESÕES CORPORAIS GRAVES 
A expressão lesão corporal grave indica as lesões graves em sentido amplo, descritas 
no art. 129, §§ 1º e 2º do Código Penal. Veremos este tema em nossa próxima aula, 
bastando aqui que você saiba que se o roubo for cometido com lesão corporal grave, 
incide a qualificadora. 
A título de conhecimento e já adiantando um pouco do nosso próximo tema, 
caracterizam-se como lesões corporais graves as que resultam em: 
STJ, RHC 13.529/BA, DJ 17.05.2004 
RECURSO EM HABEAS CORPUS. ROUBO QUALIFICADO 
 Mantida a vítima, mediante grave ameaça, exercida com o emprego de arma de fogo, 
sob o poder dos agentes, por cerca de oito horas, na prática do roubo e em garantia 
da sua impunidade, impõe-se afirmar que a execução do delito protraiu-se por todo 
esse tempo, tocando o audacioso agir delituoso mais de um lugar. 
 
 
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• Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; 
• Perigo de vida; 
• Debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
• Aceleração de parto; 
• Incapacidade permanente para o trabalho; 
• Enfermidade incurável; 
• Perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
• Deformidade permanente; 
• Aborto. 
“Mas, professor...E as lesões corporais leves?” 
As lesões corporais de natureza leve são absorvidas pelo crime de roubo e, portanto, 
não qualificam o crime. 
• LATROCÍNIO 
O latrocínio exige dolo na conduta antecedente, qual seja, o roubo, e dolo ou culpa na 
conduta subsequente, qual seja, a morte. É considerado crime hediondo de acordo 
com o artigo 1º, inciso II, da Lei nº 8.072/90. Assim, se da violência empregada no 
crime de roubo resulta a morte da vítima, estará configurado o crime de latrocínio, 
punido com reclusão de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. 
Vejamos agora algumas importantes situações particulares: 
1. Homicídio consumado e subtração patrimonial consumada Î Responde o 
agente por latrocínio consumado. 
2. Homicídio tentado e subtração patrimonial tentada Î Responde o agente 
por tentativa de latrocínio. 
3. Tentativa de homicídio e subtração patrimonial consumada Î Responde o 
agente por tentativa de latrocínio. Veja: 
 
 
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4. Homicídio consumado e subtração patrimonial tentada Î Responde o 
agente por latrocínio consumado. 
 6.1.3 EXTORSÃO
Extorsão é o ato de obrigar alguém a fazer ou deixar de fazer alguma coisa por meio de 
ameaça ou violência, com a intenção de obter vantagem, recompensa ou lucro. 
Exemplo: Um empresário, político ou funcionário público é descoberto em um esquema 
de corrupção por seus colegas, que passam a exigir dinheiro ou ajuda de qualquer 
natureza para que não o denunciem. Esta é a prática mais comumente conhecida e que, 
na verdade, torna o chantagista cúmplice do mesmo crime. 
A objetividade jurídica principal é a inviolabilidade do patrimônio. Trata-se de crime 
complexo que tem por objetos jurídicos a vida, a integridade física, a tranquilidade de 
espírito e a liberdade pessoal. 
É crime tipificado no art. 158 do Código Penal Brasileiro: 
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o 
intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a 
fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa. 
A extorsão é um delito bem parecido com o roubo e a jurisprudência diferencia as duas 
espécies de crime da seguinte forma: 
STJ, REsp 601.871/RS, DJ 02.08.2004 
Evidenciado o dolo de matar por parte do réu, não há como se afastar a 
ocorrência da tentativa de latrocínio. A subtração consumada, aliada ao 
homicídio tentado, caracteriza a tentativa de latrocínio. A magnitude da lesão 
corporal causada é de somenos importância para a configuração do crime de 
tentativa de latrocínio. Precedente do STF. 
STF - SÚMULA 610 
HÁ CRIME DE LATROCÍNIO, QUANDO O HOMICÍDIO SE CONSUMA, AINDA QUE 
NÃO SE REALIZE O AGENTE A SUBTRAÇÃO DE BENS DA VÍTIMA. 
 
 
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 6.1.3.1 CARACTERIZADORES DO DELITO 
• SUJEITOS DO DELITO: 
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer 
pessoa. 
2. SUJEITO PASSIVO: Assim como no roubo, é possível a existência de dois 
sujeitos passivos, situação em que um recebe a violência e outro faz, deixa 
de fazer ou tolera que se faça ou deixe de fazer alguma coisa. 
• ELEMENTOS: 
1. OBJETIVO: É núcleo do tipo: 
• Constranger (mediante violência ou grave ameaça). 
2. SUBJETIVO: 
1. Dolo; e 
2. A expressão “com o intuito de obter para si ou para outrem indevida 
vantagem econômica”. 
TJDF - APELAÇÃO CRIMINAL: ACR 20010110588270 DF – DJ 25.01.2006. 
ROUBO. Extorsão. Diferença. 
CONFORME PRECEDENTE DO COLENDO STJ, NO ROUBO E NA EXTORSÃO, O 
AGENTE EMPREGA VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA A FIM DE SUBMETER A 
VONTADE DA VÍTIMA. 
NO ROUBO, O MAL É 'IMINENTE' E O PROVEITO 'CONTEMPORÂNEO'; 
NA EXTORSÃO,O MAL PROMETIDO É 'FUTURO' E 'FUTURA' A VANTAGEM QUE SE 
VISA. 
NO ROUBO, O AGENTE TOMA A COISA OU OBRIGA A VÍTIMA (SEM OPÇÃO) A 
ENTREGÁ-LA. 
NA EXTORSÃO, A VÍTIMA PODE OPTAR ENTRE ACATAR A ORDEM OU OFERECER 
RESISTÊNCIA... (RESP. N. 90.097-PR, RELATOR MINISTRO LUIZ VICENTE 
CERNICCHIARO). LIÇÃO QUE SE ADOTA PARA RETIFICAR O TIPO LEGAL 
CONDENATÓRIO. 
 
 
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3. NORMATIVO: 
• O tipo exige um elemento normativo contido na expressão “vantagem 
indevida”. Assim, caso devida a vantagem, o fato é atípico diante da 
inexistência do elemento normativo, passando a constituir exercício 
arbitrário das próprias razões (CP, art. 345). 
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
1. Trata-se de crime formal. O crime é consumado com a ação ou omissão da 
vítima, no momento em que ela faz, deixa de fazer ou tolera que se faça 
alguma coisa. 
2. É admissível a tentativa. 
• TIPO QUALIFICADO: Responde o agente pelo crime de extorsão qualificada 
quando o crime: 
1. É cometido por duas ou mais pessoas; 
2. É cometido com emprego de arma; 
Art. 158. § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego 
de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade. 
3. É cometida com violência; 
NA EXTORSÃO, A VANTAGEM DEVE SER ECONÔMICA (BENS 
MÓVEIS E IMÓVEIS). CASO SEJA MORAL, DESCLASSIFICA-SE 
O DELITO PARA CONSTRANGIMENTO ILEGAL (CP, ART. 146). 
STJ - SÚMULA 96 
O CRIME DE EXTORSÃO CONSUMA-SE INDEPENDENTEMENTE DA OBTENÇÃO 
DA VANTAGEM INDEVIDA. 
 
 
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Art. 158. § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º 
do artigo anterior (§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de 
reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de 
vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa) 
4. É cometido mediante restrição da liberdade e ocasiona lesão corporal 
grave e a morte da vítima; 
Art. 158. § 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e 
essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de 
reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal 
grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, 
respectivamente. 
Observação: Já tratamos destas qualificadoras quando vimos o crime de roubo e, 
para elas, cabem os mesmos comentários. 
 6.1.3.2 EXTORSÃO INDIRETA
O legislador penal fez constar no art. 160 do Código Penal a seguinte previsão de 
crime: 
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação 
de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a 
vítima ou contra terceiro: 
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 
Conforme a Exposição de Motivos do Código Penal, a criminalização de tal conduta 
visa “a coibir os torpes e opressivos expedientes a que recorrem, por vezes, os 
agentes da usura, para garantir-se contra o risco do dinheiro mutuado. São bem 
conhecidos esses recursos, como, por exemplo, o de induzir o necessitado cliente a 
assinar um contrato simulado de depósito ou a forjar no título de dívida a assinatura 
de um parente abastado, de modo que, não resgatada a dívida no vencimento, ficará 
o mutuário sob a pressão da ameaça de um processo por apropriação indébita ou 
falsidade”. 
Do exposto, fica claro que é necessário para a ocorrência do delito algum documento 
que possa dar ensejo ao início de um processo penal (Exemplo: cheque sem fundos, 
 
 
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documento falso etc). Além disso, exige-se que o sujeito ativo abuse da situação 
financeira da vítima. 
Quanto à conduta de exigir, trata-se de crime formal e atinge a consumação com a 
simples exigência, independentemente de qualquer resultado. Há possibilidade de 
tentativa como no caso em que uma carta contendo a exigência é interceptada por 
autoridade policial. 
No que diz respeito ao ato de receber, trata-se de crime material que somente se 
consuma com a entrega do documento ao sujeito do delito. É possível a ocorrência 
do crime na forma tentada. 
6.1.4 EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO 
Encontra previsão no art. 159 do Código Penal, nos seguintes termos: 
Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, 
qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: 
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. 
Como se observa, consiste na conduta de privar alguém de liberdade e exigir 
determinada vantagem a fim de liberá-la. 
 6.1.4.1 CARACTERIZADORES DO DELITO 
• SUJEITOS DO DELITO: 
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer 
pessoa. 
2. SUJEITO PASSIVO: Assim como na extorsão simples, é possível a 
existência de dois sujeitos passivos, situação em que um é seqüestrado, 
enquanto a intenção de se obter a vantagem atinge outro. É a forma normal 
deste delito no qual, por exemplo, o filho é seqüestrado e a vantagem é 
exigida dos pais. 
• ELEMENTOS: 
1. OBJETIVO: É núcleo do tipo: 
 
 
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• Sequestrar; 
2. SUBJETIVO: 
1. Dolo; e 
2. A expressão “com o fim de obter para si ou para outrem”. 
Observação: Caso ausente este último elemento subjetivo, 
responderá o agente pelo delito previsto no art. 148 do Código Penal: 
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou 
cárcere privado: 
Pena - reclusão, de um a três anos. 
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
1. Trata-se de crime hediondo, permanente, complexo e formal. O crime é 
consumado com a privação de liberdade da vítima por tempo juridicamente 
relevante. 
2. É admissível a tentativa. 
• TIPO QUALIFICADO: Segundo o parágrafo 1º do art. 159 do Código Penal, 
responde o agente pelo crime qualificado se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e 
NA EXTORSÃO, A VANTAGEM DEVE SER ECONÔMICA. 
DIFERENTEMENTE, NA EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO, A 
LEI TRATA DE QUALQUER VANTAGEM. 
STJ, HC 87.764/SC, DJ 25.05.2009 
Extorsão mediante seqüestro: a consumação desse delito prescinde da 
efetiva obtenção da vantagem, pelo que, com a privação de liberdade, já 
está consumado o delito. O curto tempo de privação da liberdade não retira 
a atipicidade da conduta. 
 
 
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quatro) horas, se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) 
anos ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. 
• TIPO QUALIFICADO PELO RESULTADO: Nos termos dos parágrafos 2º e 3º do 
art. 159 do Código Penal, caso o fato resulte em lesão corporal de natureza grave, 
a pena é de reclusão de 16 a 24 anos. Caso resulte em morte, a reclusão é de 24 
a 30 anos. 
Para a sua PROVA, o importante é o conhecimento de que a lesão corporal grave 
e a morte agravam a pena prevista para o crime de extorsão mediante sequestro, 
não sendo necessário o conhecimento exato dos prazos de penalização. 
• CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA – DELAÇÃO PREMIADA: Conforme o 
parágrafo 4º do art. 159, se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o 
denunciar à autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena 
reduzida de um a dois terços. 
6.1.5 RECEPTAÇÃO 
O crime de receptação encontra-se definido no art. 180 do CódigoPenal, nos seguintes 
termos: 
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito 
próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que 
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
Do art. 180 é possível retirarmos duas formas de receptação. São elas: 
1. Receptação dolosa própria Î Consiste em receber, transportar, conduzir ou 
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime. 
2. Receptação dolosa imprópria Î Consiste em influir para que terceiro de 
boa-fé a adquira, receba ou oculte coisa proveniente de crime. 
Ocorre, entretanto, que a receptação possui outras figuras típicas além da supracitada. 
Desta forma, podemos resumir o assunto da seguinte forma: 
 
 
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TIPOS PENAIS DO CRIME DE FURTO 
RECEPTAÇÃO SIMPLES Art. 180, caput 
RECEPTAÇÃO PRIVILEGIADA Art. 155, § 5º, 2ª parte 
RECEPTAÇÃO QUALIFICADA Art. 155, § 6º 
RECEPTAÇÃO NO EXERCÍCIO DE 
ATIVIDADE COMERCIAL 
Art. 155, § 1º 
RECEPTAÇÃO CULPOSA Art. 155, § 3º 
 6.1.5.1 CARACTERIZADORES DO DELITO 
• SUJEITOS DO DELITO: 
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer 
pessoa, SALVO o autor, co-autor ou partícipe do delito antecedente. 
Observação: Perceba que o tipo penal da receptação utiliza a palavra 
“coisa” e não a expressão “coisa alheia”. Assim, nada impede que o 
proprietário do bem seja sujeito ativo do crime de receptação. 
Exemplo: Tício fornece uma obra de arte como forma de garantia de um 
contrato. Dias depois a obra é roubada e o bandido oferece a pintura à Tício 
que, por ser um profundo conhecedor de artes, prontamente identifica o 
quadro. Tício, a fim de frustrar a garantia, prontamente compra o quadro por 
um valor bem abaixo do preço. 
2. SUJEITO PASSIVO: É a vítima do crime antecedente. 
• OBJETO MATERIAL: Somente os bens móveis podem ser objeto de receptação e 
aqui surge um importante questionamento: Para a ocorrência da receptação, 
obrigatoriamente o crime anterior que obteve o bem deve ser contra o patrimônio? 
A resposta é negativa, pois podemos ter a ocorrência da receptação recaindo 
sobre um bem advindo do crime de peculato que, como você sabe, é um crime 
contra a Administração Pública. 
Observação: É cabível a receptação da receptação, situação em que um indivíduo 
adquire um bem proveniente de crime e o revende para outro indivíduo. 
 
 
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• ELEMENTOS: 
1. OBJETIVO: São núcleos do tipo: 
• Na receptação dolosa própria Î Adquirir, receber, transportar, 
conduzir ou ocultar (em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe 
ser produto de crime) 
• Na receptação dolosa imprópria Î Influir (para que terceiro de boa-
fé a adquira, receba ou oculte coisa proveniente de crime). 
2. SUBJETIVO: 
1. Dolo; e 
2. A expressão “para si ou para outrem”. 
Observação: Sem o fim especial de obter vantagem para si ou para 
outrem, ocorre a desclassificação do delito para o crime de 
favorecimento real (art. 349). 
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
1. Receptação dolosa própria Î Trata-se de crime material. Desta forma, 
consuma-se com o ato de aquisição, recebimento, transporte, condução ou 
ocultação. É admissível a tentativa. 
2. Receptação dolosa imprópria Î Trata-se de crime formal que atinge a 
consumação com a conduta de influir, não importando se o terceiro 
efetivamente adquiriu, recebeu ou ocultou o objeto material. Não é 
admissível a tentativa, uma vez que se trata de delito unissubsistente. 
Por fim, cabe ressaltar o parágrafo 4º do art. 180, que dispõe que a receptação é 
punível ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que 
proveio a coisa. 
 6.1.5.2 RECEPTAÇÃO NO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE COMERCIAL
O delito encontra previsão no art. 180 do Código Penal, nos seguintes termos: 
Art. 180 [...] 
 
 
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§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, 
desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma 
utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou 
industrial, coisa que deve saber ser produto de crime: 
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. 
Trata-se de crime próprio, pois só pode ser cometido por comerciante ou industrial. 
Cabe ressaltar, entretanto, o parágrafo 2º do art. 180, que dispõe: 
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, 
qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em 
residência. 
6.1.5.3 RECEPTAÇÃO CULPOSA 
Caro(a) aluno(a), imagine que Tício apresenta para você um relógio rolex (original), todo 
em ouro, pelo preço de R$ 200,00. Você desconfiaria da procedência do produto? 
Claro que a resposta só pode ser positiva e para estas situações absurdas responderá o 
indivíduo que comprar o objeto pelo crime de receptação culposa. Observe a previsão 
legal: 
Art. 180 
[...] 
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção 
entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-
se obtida por meio criminoso: 
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas 
Perceba que o Código Penal só apresenta como núcleo do tipo os verbos adquirir e 
receber. Isso ocorre, pois o fato de ocultar algo caracteriza dolo e não culpa. Observe 
também que o fato de influir para que terceiro realize a conduta culposa não foi tratada 
por ser considerada irrelevante pelo legislador penal. 
Finalizando este tópico, cabe ressaltar que na 1º parte do parágrafo 5º do art. 180 há 
uma hipótese de perdão judicial quando ocorre a receptação culposa: 
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em 
consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. 
 
 
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6.1.5.4 RECEPTAÇÃO QUALIFICADA 
O parágrafo 6º do art. 180 determina que, em se tratando de bens e instalações do 
patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou 
sociedade de economia mista, a pena prevista no caput do art. 180 aplica-se em dobro. 
6.1.5.4 RECEPTAÇÃO PRIVILEGIADA
A segunda parte do parágrafo 5º do art. 180 estende à receptação dolosa o privilégio do 
furto. Tal diminuição de pena não é cabível nos casos de receptação qualificada. 
 6.1.6 APROPRIAÇÃO INDÉBITA
Mais uma vez, visando proteger o patrimônio, o legislador penal definiu como crime a 
conduta de: 
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a 
detenção: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
A apropriação indébita pode ser classificada em: 
1. Apropriação indébita propriamente dita Î Significa receber a posse ou 
detenção lícita da coisa e dispor dela como se fosse sua (vendendo, 
doando etc.). 
2. Negativa de restituição Î Quando o sujeito deixa claro ao ofendido que 
não restituirá o objeto material. 
Observação: Existem casos definidos no Código Civil em que a negativa 
de restituição não constitui delito. É o caso, por exemplo, do hotel que 
retêm a bagagem do hóspede que não apresenta condições de efetuar o 
pagamento. 
O pressuposto da apropriação indébita é que inicialmente o agente recebe a posse ou 
detençãolícita da coisa, mesmo sem ter ainda o propósito de cometer um delito. 
 
 
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Posteriormente, quando ele teria que devolver a coisa, se nega a fazê-lo ou passa a agir 
em relação a ela como se dono fosse (vendendo, doando etc.). 
Seria o caso, por exemplo, do indivíduo que aluga dez filmes em uma locadora e dias 
depois, a fim de melhorar sua condição financeira, resolve vendê-las na rua 25 de março. 
Podemos dizer que se caracteriza este delito, fundamentalmente, pelo abuso de 
confiança. 
“Mas professor... Agora surgiu uma dúvida... Qual a diferença do abuso de 
confiança que constitui elementar da apropriação indébita para o abuso que 
qualifica o furto?” 
Boa pergunta! Segundo leciona Damásio, na apropriação indébita, o agente tem posse 
desvigiada do objeto material; no furto qualificado pelo abuso de confiança, o sujeito não 
tem posse do objeto material que continua na esfera de proteção, vigilância e posse do 
seu dono. Suponha-se que o sujeito, numa biblioteca pública, apanhe o livro que lhe foi 
confiado pela bibliotecária e o esconda sob o paletó, subtraindo-o. Neste caso, responde 
o agente pelo crime de furto qualificado pelo abuso de confiança. Suponha-se, agora, 
que o sujeito, da mesma biblioteca pública, tome emprestado o livro e, levando-o para 
casa, venda-o a terceiro. Neste caso, responde por apropriação indébita. 
 6.1.6.1 CARACTERIZADORES DO DELITO 
• SUJEITOS DO DELITO: 
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer 
pessoa que tenha a posse ou detenção. 
Observação: No caso de funcionário público, há delito de peculato. 
2. SUJEITO PASSIVO: É o indivíduo que, não cumprida a relação 
obrigacional, sofre prejuízo. 
• ELEMENTOS: 
1. OBJETIVO: É núcleo do tipo: 
• Apropriar-se (que significa fazer sua a coisa alheia). 
2. SUBJETIVO: 
 
 
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1. Dolo; 
Observação: Se o sujeito já recebe a coisa a título de posse ou 
detenção, com a finalidade de apropriar-se dela, responde por 
estelionato, e não por apropriação indébita. 
3. NORMATIVO: 
• Encontra-se na expressão “alheia”, referindo-se à coisa. Tratando-se 
de coisa própria, a conduta é atípica. Todavia, o fato PODE ser 
cometido pelo sócio, co-herdeiro ou co-proprietário. 
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
1. Apropriação indébita propriamente dita Î Consuma-se o delito com o 
ato de dispor a coisa como se fosse sua. É cabível a tentativa como, por 
exemplo, no caso em que o sujeito é surpreendido no momento em que vai 
vender a coisa. 
2. Negativa de restituição Î Consuma-se quando o sujeito se nega a 
devolver o objeto material. Neste caso, a tentativa não é admissível. 
 6.1.6.2 APROPRIAÇÃO INDÉBITA QUALIFICADA
Nos termos do parágrafo único do art. 168 do Código Penal, a pena é aumentada de 
um terço quando o agente recebe a coisa: 
1. Em depósito necessário Î O depósito necessário encontra-se disposto 
nos arts. 647, 648 e 649 do Código Civil (a título de conhecimento, 
reproduzo abaixo). 
Art. 647. É depósito necessário: 
I - o que se faz em desempenho de obrigação legal; 
II - o que se efetua por ocasião de alguma calamidade, como o incêndio, a inundação, o 
naufrágio ou o saque. 
Art. 648. O depósito a que se refere o inciso I do artigo antecedente, reger-se-á pela 
disposição da respectiva lei, e, no silêncio ou deficiência dela, pelas concernentes ao 
depósito voluntário. 
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se aos depósitos previstos no inciso 
II do artigo antecedente, podendo estes certificarem-se por qualquer meio de prova. 
Art. 649. Aos depósitos previstos no artigo antecedente é equiparado o das bagagens 
dos viajantes ou hóspedes nas hospedarias onde estiverem. 
Parágrafo único. Os hospedeiros responderão como depositários, assim como pelos 
furtos e roubos que perpetrarem as pessoas empregadas ou admitidas nos seus 
estabelecimentos. 
 
 
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2. Na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, 
testamenteiro ou depositário judicial; 
3. Em razão de ofício, emprego ou profissão. 
6.1.6.3 APROPRIAÇÃO INDÉBITA PRIVILEGIADA
O art. 170 do CP estende à apropriação indébita o privilégio do furto. Significa que se 
o criminoso é primário e é de pequeno valor a coisa apropriada, deve o juiz substituir 
a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços ou aplicar 
somente a pena de multa. 
6.1.6.4 OUTRAS FIGURAS DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
APROPRIAÇÃO 
INDÉBITA 
APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA – Pela 
importância, trataremos em um tópico separado. 
APROPRIAÇÃO DE COISA HAVIDA POR ERRO, CASO 
FORTUITO OU FORÇA DA NATUREZA - Apropriar-se alguém 
de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou 
força da natureza. 
APROPRIAÇÃO DE TESOURO - Achar tesouro em prédio 
alheio e se apropriar, no todo ou em parte, da quota a que tem 
direito o proprietário do prédio. 
APROPRIAÇÃO DE COISA ACHADA - Achar coisa alheia 
perdida e dela se apropriar, total ou parcialmente, deixando de 
restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à 
autoridade competente dentro no prazo de 15 (quinze) dias. 
6.1.7 APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA
 
 
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O legislador, também através da lei nº 9.983/00, inseriu o seguinte dispositivo no Código 
Penal: 
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições 
recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: (Incluído 
pela Lei nº 9.983, de 2000) 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 
9.983, de 2000) 
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Incluído pela Lei nº 9.983, 
de 2000) 
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à 
previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a 
segurados, a terceiros ou arrecadada do público; (Incluído pela Lei nº 9.983, 
de 2000) 
A CONDUTA DEFINIDA NO “CAPUT” CONFIGURA O CHAMADO CRIME DE CONDUTA 
MISTA. 
MAS, PROFESSOR... O QUE É ISSO? 
É O DELITO QUE REÚNE UMA AÇÃO E UMA OMISSÃO NO MESMO TIPO. PERCEBA 
QUE, PARA A OCORRÊNCIA DO CRIME, PRIMEIRO O AGENTE RECOLHE (AÇÃO) E 
DEPOIS DEIXA DE REPASSAR (OMISSÃO). 
ENTRETANTO, APESAR DE SER CLASSIFICADO COMO DE CONDUTA MISTA, O STJ E O 
STF CLASSIFICAM O DELITO COMO OMISSIVO PRÓPRIO E ESTE DEVE SER O 
ENTENDIMENTO QUE VOCÊ DEVE LEVAR PARA SUA PROVA!!!
PARA COMPREENDERMOS BEM O INCISO I, É NECESSÁRIO COMPARÁ-LO COM A 
ANTIGA REDAÇÃO PREVISTA NO ART. 95 DA LEI Nº 8.212/91. VEJA: 
“DEIXAR DE RECOLHER, NA ÉPOCA PRÓPRIA, CONTRIBUIÇÃO OU OUTRA 
IMPORTÂNCIA DEVIDA À SEGURIDADE SOCIAL E ARRECADADA DOS SEGURADOS OU 
DO PÚBLICO;” 
OBSERVE QUE O NOVO TIPO PENAL PASSOU A ABRANGER TAMBÉM OS 
RECOLHEDORES DE CONTRIBUIÇÕES DE TERCEIROS E SUBSTITUIU A EXPRESSÃO 
SEGURIDADE SOCIAL (PREVIDÊNCIA + ASSISTÊNCIA SOCIAL + SAÚDE) PARA INCLUIR, 
DE FORMA RESTRITIVA, SOMENTE A EXPRESSÃO PREVIDÊNCIA SOCIAL. 
 
 
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II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado 
despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação 
de serviços;(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou 
valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. 
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000). 
 6.1.7.1 CARACTERIZADORES DO DELITO
• SUJEITOS DO DELITO: 
1. SUJEITO ATIVO: É a pessoa que tem o dever de repassar valores à 
Previdência. Trata-se de crime próprio. 
2. SUJEITO PASSIVO: Primariamente, é a previdência social e, de forma 
secundária, os próprios segurados lesados pelo não repasse. 
• ELEMENTOS: 
1. OBJETIVO: É elementar do tipo da conduta principal: 
• Deixar de repassar (as contribuições recolhidas dos contribuintes, no 
prazo e forma legal ou convencional) 
2. SUBJETIVO: 
1. Dolo. 
TRATA-SE DE CRIME PRÓPRIO, ENDEREÇADO ÀQUELES QUE REALIZAM DESPESAS 
CONTÁBEIS OU CUSTOS RELATIVOS À VENDA DE PRODUTOS OU À PRESTAÇÃO DE 
SERVIÇOS. 
NORMALMENTE NÃO É EXIGIDO EM PROVA!!!
A MAIORIA DOS BENEFÍCIOS É PAGA DIRETAMENTE AO SEGURADO PELO INSS. 
OCORRE QUE, EM ALGUNS CASOS, A EMPRESA PAGA UM BENEFÍCIO E DEPOIS É 
REEMBOLSADA. VISA-SE COM ESTE DISPOSITIVO QUE A EMPRESA NÃO AGUARDE O 
REEMBOLSO PARA SÓ POSTERIORMENTE PAGAR O BENEFÍCIO.
 
 
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• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
1. É crime material. Consuma-se o delito na data do término do prazo 
convencional ou legal do repasse ou recolhimento das contribuições devidas 
ou do pagamento do benefício devido. 
2. Não é admissível a tentativa. 
• EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
O legislador achou por bem dar uma “chance” ao agente, ou seja, caso aja 
conforme o parágrafo 2º do art. 168-A, não será punido. Veja: 
Art. 168-A 
[...] 
§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, 
confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e 
presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei 
ou regulamento, antes do início da ação fiscal. 
Do exposto acima, podemos concluir que, para que ocorra a extinção de 
punibilidade, deve o agente cumprir simultaneamente os seguintes requisitos: 
1. PESSOALIDADE Î A retratação deve ser feita pelo PRÓPRIO 
agente. 
2. ESPONTANEIDADE Î Devem ser espontâneas as condutas de 
declarar e confessar. 
3. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES DEVIDAS À PREVIDÊNCIA 
SOCIAL. 
4. ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. 
5. PAGAMENTO 
• PERDÃO JUDICIAL 
O art. 168-A traz em seu parágrafo 3º uma hipótese de perdão judicial. Veja o 
disposto: 
 
 
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§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de 
multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: 
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a 
denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive 
acessórios; ou 
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou 
inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, 
como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. 
Para os dois casos, além das condições subjetivas (ser primário e bons 
antecedentes), é necessário que o valor das contribuições devidas seja igual ou 
inferior ao teto fixado pela Previdência Social e que o pagamento seja feito antes 
de oferecida a denúncia. 
Vejamos: 
Para finalizar a apropriação indébita previdenciária, observe este interessante 
julgado do STJ que resume grande parte do que vimos: 
VALOR DAS CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS, INCLUSIVE ACESSÓRIOS, IGUAL OU 
INFERIOR ÀQUELE ESTABELECIDO PELA PREVIDÊNCIA SOCIAL. 
AÇÃO 
FISCAL 
OFERECIMENTO 
DA DENÚNCIA 
 
 
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 6.1.8 ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES 
Futuro(a) aprovado(a), neste tópico trataremos do estelionato e das outras fraudes 
definidas no famoso art. 171 do Código Penal. 
Com relação ao estelionato, cabe um estudo aprofundado tal qual fizemos com relação 
aos delitos até agora apresentados. Todavia, no que diz respeito “às outras fraudes”, 
cabe apenas uma noção geral, pois o aprofundamento quanto a este ponto é 
desnecessário. Dito isto, vamos começar!!! 
O art. 171 do Código Penal define o estelionato nos seguintes termos: 
STJ, REsp 888.947/PB, DJ 23.04.2007 
1. O dolo do crime de apropriação indébita previdenciária é a consciência e a vontade de 
não repassar à Previdência, dentro do prazo e na forma da lei, as contribuições 
recolhidas, não se exigindo a demonstração de especial fim de agir ou o dolo específico 
de fraudar a Previdência Social como elemento essencial do tipo penal. 
2. Ao contrário do que ocorre na apropriação indébita comum, não se exige o elemento 
volitivo consistente no animus rem sibi habendi (dolo específico) para a configuração do 
tipo inscrito no art. 168-A do Código Penal. 
3. Sendo assim, o registro nos livros contábeis e a declaração ao Poder Público dos 
descontos não recolhidos, conquanto sejam utilizados para comprovar a inexistência da 
intenção de se apropriar dos valores arrecadados, não têm reflexo na apreciação do 
elemento subjetivo do referido delito. 
4. Trata-se de crime omissivo próprio, em que o tipo objetivo é realizado pela simples 
conduta de deixar de recolher as contribuições previdenciárias aos cofres públicos no 
prazo legal, após a retenção do desconto. 
5. A alegada impossibilidade de repasse de tais contribuições em decorrência de crise 
financeira da empresa constitui, em tese, causa supralegal de exclusão da culpabilidade -
inexigibilidade de conduta diversa -, e, para que reste configurada, é necessário que o 
julgador verifique a sua plausibilidade, de acordo com os fatos concretos revelados nos 
autos, não bastando para tal a referência a meros indícios de insolvência da sociedade. 
6. O ônus da prova, nessa hipótese, compete à defesa, e não à acusação, por força do 
art. 156 do CPP. 
 
 
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Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, 
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer 
outro meio fraudulento: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. 
Como você pode perceber a partir da análise do supra dispositivo, a característica 
fundamental do estelionato é a fraude. Mas qual a diferença entre a fraude do estelionato 
e a fraude que qualifica o furto? 
No furto, a fraude ilude a vigilância do ofendido. Desta forma, não tem o sujeito passivo a 
percepção de que o objeto está ingressando na esfera de disponibilidade do criminoso. 
Diferentemente, no estelionato, a fraude objetiva que a vítima incida em erro e, a partir 
deste erro, desfaça-se conscientemente de seus bens, ingressando estes na esfera de 
disponibilidade do autor. 
Exemplo: Tício comparece na casa de Mévio e pergunta se ele está interessado em fazer 
um empréstimo com taxas muito vantajosas. Mévio mostra-se animado, diz que quer 
R$1.000,00 a título de empréstimo para pagar em 36 meses. 
Tício entrega para Mévio um formulário e solicita vários documentos. 
Dias depois Tício liga para Mévio e diz que o dinheiro já está na conta, mas que ocorreu 
um engano e foi depositado dez mil ao invés do valor solicitado. Desta forma, solicita 
encarecidamente que Mévio transfira R$ 9.000,00 para a conta XYZ. 
Mévio verifica o depósito de R$10.000,00 e efetua a transferência solicitada.Tempo depois, Mévio descobre que Tício solicitou ao banco, em seu nome, um 
empréstimo de R$ 10.000,00 e não de R$1.000,00. Desta forma, não havia dinheiro 
depositado a mais e a conta informada por Tício não era a do banco, mas a dele mesmo 
a fim de “embolsar” o dinheiro. 
No caso em tela, Tício claramente induz Mévio ao erro e este, conscientemente, 
transfere o valor para a conta de Tício. Assim, opera-se o ESTELIONATO. 
 6.1.8.1 CARACTERIZADORES DO DELITO
• SUJEITOS DO DELITO: 
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer 
pessoa que induz ou mantém a vítima em erro, mediante artifício ardil ou 
qualquer outro meio fraudulento. 
2. SUJEITO PASSIVO: É a pessoa enganada. 
 
 
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• ELEMENTOS: 
1. OBJETIVO: É núcleo do tipo: 
• Obter (para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio). 
2. SUBJETIVO: 
1. Dolo; e 
2. A expressão “para si ou para outrem” referindo-se à vantagem 
indevida. 
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
1. Trata-se de crime material que obtém sua consumação com a obtenção da 
vantagem ilícita, em prejuízo alheio. 
2. A tentativa é admissível. 
• TIPO QUALIFICADO: A pena aumenta-se de um terço se o crime é cometido em 
detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, 
assistência social ou beneficência. 
• TIPO PRIVILEGIADO: O art. 171, parágrafo 1º do CP estende ao estelionato o 
privilégio do furto. Observe: 
Art. 171 
[...] 
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode 
aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º. 
 6.1.8.2 OUTRAS FRAUDES: 
 
 
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ESTELIONATO E 
OUTRAS 
FRAUDES 
DISPOSIÇÃO DE COISA ALHEIA COMO PRÓPRIA - vender, 
permutar, dar em pagamento, em locação ou em garantia 
coisa alheia como própria. 
ALIENAÇÃO OU ONERAÇÃO FRAUDULENTA DE COISA 
PRÓPRIA - vender, permutar, dar em pagamento ou em 
garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, 
ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante 
pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas 
circunstâncias. 
DEFRAUDAÇÃO DE PENHOR - defraudar, mediante 
alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a 
garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto 
empenhado. 
FRAUDE NA ENTREGA DE COISA - defraudar substância, 
qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém.
FRAUDE PARA RECEBIMENTO DE INDENIZAÇÃO OU 
VALOR DE SEGURO - destruir, total ou parcialmente, ou 
ocultar coisa própria, ou lesar o próprio corpo ou a saúde, ou 
agravar as conseqüências da lesão ou doença, com o intuito 
de haver indenização ou valor de seguro; 
FRAUDE NO PAGAMENTO POR MEIO DE CHEQUE - emitir 
cheque sem suficiente provisão de fundos em poder do 
sacado, ou lhe frustrar o pagamento. 
DUPLICATA SIMULADA - emitir fatura, duplicata ou nota de 
venda que não corresponda à mercadoria vendida, em 
quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. 
ABUSO DE INCAPAZES - abusar, em proveito próprio ou 
alheio, de necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou 
da alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo 
qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito 
jurídico em prejuízo próprio ou de terceiro. 
 
 
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INDUZIMENTO À ESPECULAÇÃO - abusar, em proveito 
próprio ou alheio, da inexperiência ou da simplicidade ou 
inferioridade mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo 
ou aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias, 
sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa. 
FRAUDE NO COMÉRCIO - Enganar, no exercício de atividade 
comercial, o adquirente ou consumidor: 
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria 
falsificada ou deteriorada; 
II - entregando uma mercadoria por outra: 
OUTRAS FRAUDES - Tomar refeição em restaurante, alojar-
se em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de 
recursos para efetuar o pagamento. 
FRAUDES E ABUSOS NA FUNDAÇÃO OU 
ADMINISTRAÇÃO DE SOCIEDADE POR AÇÕES - Promover 
a fundação de sociedade por ações, fazendo, em prospecto ou 
em comunicação ao público ou à assembléia, afirmação falsa 
sobre a constituição da sociedade ou ocultando 
fraudulentamente fato a ela relativo. 
FRAUDE À EXECUÇÃO - Fraudar execução, alienando, 
desviando, destruindo ou danificando bens ou simulando 
dívidas. 
 6.1.9 USURPAÇÃO
O delito de usurpação divide-se em quatro espécies: 
• Alteração de Limites; 
• Usurpação de Águas 
• Esbulho possessório; 
• Supressão ou alteração de Marca em animais. 
 
 
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Vamos analisá-las: 
USURPAÇÃO 
ALTERAÇÃO DE 
LIMITES 
(ART. 161, CAPUT) 
Conduta Î Consiste em suprimir ou deslocar tapume, marco, ou 
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, 
no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia. Atribui o CP pena de 
detenção, de um a seis meses, e multa para todas as formas de 
usurpação. 
Busca-se com a prática deste crime, portanto, “apagar as linhas 
divisórias”, com a finalidade de se apropriar, no todo ou em parte, de 
coisa alheia imóvel. 
Tapume, na lição de Nélson Hungria, é toda cerca (sebes vivas, 
cerca de arame, tela metálica, etc.) ou muro (de pedra, tijolo, 
madeira, etc.) destinado a indicar o limite entre dois ou mais 
imóveis. Marco, por sua vez, é toda coisa corpórea, natural ou 
artificial (pedras, piquetes, postes, árvores, tocos de madeira etc.), 
que serve como sinal marcatório. Qualquer outro sinal indicativo de 
limites, além destes, podem ser valas, trilhas, cursos d’água, etc. 
Sujeito Ativo Î A alteração de limites é o crime cometido entre 
vizinhos. Trata-se de crime próprio, de forma que pode ser sujeito 
ativo só o proprietário e/ou o possuidor de imóvel limítrofe. 
Sujeito Passivo Î Cuida-se do proprietário e/ou o possuidor do 
imóvel no qual são suprimidos ou deslocados os tapumes, marcos 
ou demais sinais. 
Elemento subjetivo Î Dolo. 
Elemento normativo Î Esta contido na expressão “alheia”. Assim, 
não há crime quando se trata de imóvel próprio. 
Consumação Î Trata-se de crime formal. Consuma-se o crime 
quando o agente pratica os comportamentos típicos de suprimir ou 
deslocar tapume, marco ou qualquer outro sinal indicativo de linha 
divisória, com o intuito de se apropriar de coisa alheia imóvel. 
Tentativa Î É admissível. 
USURPAÇÃO DE 
ÁGUAS 
(ART. 161, § 1º, I) 
Conduta Î Desviar ou represar, em proveito próprio ou de outrem, 
águas alheias. 
Por águas alheias, entendem-se aquelas de natureza pública ou 
privada, que não pertençam ao agente. 
Sujeito Ativo Î Trata-se de crime comum, podendo ser qualquer 
pessoa. 
Sujeito Passivo Î É o proprietário ou o possuidor, ou ainda aquele 
que detém o uso ou o gozo das águas. 
 
 
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PROFESSOR PEDRO IVO 
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Elemento subjetivo Î É o dolo, acrescido do especial fim de agir, 
isto é, da finalidade de atuar em proveito próprio ou alheio. 
Elemento normativo Î Esta contido na expressão “alheias”. 
Assim, não há crime quando se trata de águas próprias. 
Consumação Î Por se tratar de crime formal, consuma-se no 
momento em que ocorre o desvio

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