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Fernanda Castiglioni Tessari – Med Unicamp, XLIX CIRURGIA CICATRIZAÇÃO DAS FERIDAS Processo de reparação tecidual e isolamento do meio interno levando à formação de tecido fibroso, com estrutura, textura e elasticidade diferentes do tecido são a cicatriz nunca será igual ao tecido original. Processo dinâmico de: o Hemostasia Vasoconstrição a fim de evitar que haja sangramento o Combate à infecção Migração de células do próprio tecido e do sangue para o local da lesão o Redução da área cruenta Contração do tecido o Epitelização, mais tardiamente Tipos de cicatrização Cicatrização de primeira intenção: intervenção externa (junção das bordas) para fechamento de uma ferida – sutura após incisão cirúrgica. Cicatrização de segunda intenção: organismo tenta fechar a ferida sem intervenção externa – úlceras. Tipos de feridas Agudas: cicatrização em 3-4 semanas. Crônicas: ausência de cicatrização em até 4 semanas necessidade de intervenção para fechamento da ferida. CAMADAS DA PELE Epiderme Formada por estrato córneo e estrato celular, subdividido em camadas granulosa (grânulos de queratina), espinhosa e basal. A camada basal, mais profunda, é a que mais nos interessa do ponto de vista de cicatrização – local em que predomina a multiplicação celular para epitelização da cicatriz. Derme Formada por: o Estratos papilar e reticular o Fibras e terminações nervosas o Plexo vascular o Anexos cutâneos: pelos, glândulas sudoríparas e sebáceas – extensões da epiderme Na região da derme superficial, há papilas dérmicas, que promovem a aderência da derme à epiderme. Se houver formação de um edema nessa região, como em uma queimadura, por exemplo, há desprendimento da derme, com formação da bolha. Tecido subcutâneo Formado por tecido adiposo, tecido conjuntivo e vasos maiores Não há anexos cutâneos Se houver destruição da epiderme e da derme, não ocorre epitelização, devendo ser realizado enxerto. CICATRIZAÇÃO A cicatrização pode ser dividida didaticamente em 3 fases, as quais, entretanto, ocorrem sincronicamente. 1. Fase exsudativa ou inflamatória 0 ao 5º dia Inicia-se imediatamente após a lesão tecidual Ocorre degranulação e liberação de substâncias vasoativas: cininas, leucotrienos, prostaglandinas, tromboxano, histamina (causa edema), serotonina (prurido, ardor), leucotaxina, fatores de crescimento (estimulam a formação do colágeno). Liberação de substâncias vasoconstritoras a fim de evitar perda sanguínea Ativação da cascata de coagulação: o colágeno exposto no local da lesão endotelial ativa os sistemas de coagulação e o complemento, com aderência de plaquetas na parede dos vasos. o Formação de um coágulo sanguíneo, que será reabsorvido por elementos celulares periteciduais. Fernanda Castiglioni Tessari – Med Unicamp, XLIX o Protrombina é convertida em trombina, que ativa o fibrinogênio em fibrina forma-se uma rede de fibrina, que serve como alicerce para a migração de macrófagos e fibroblastos, os quais formam uma nova rede na tentativa de reparar a lesão. o A contratura tecidual que ocorre nas primeiras horas (redução da área cruenta) se dá às custas da rede de fibrina. Em seguida, há uma resposta inflamatória com vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular, migração de leucócitos polimorfonucleares, para a defesa contra agentes agressores, e extravasamento de plasma na ferida (exsudação). o Neutrófilos são os primeiros a chegarem ao local de lesão contribuem para destruição de bactérias e são substituídos por macrófagos. o Macrófagos são responsáveis pelo término do desbridamento iniciado pelos neutrófilos fazem a limpeza do local por meio da fagocitose e coordenam a migração e ação dos fibroblastos (fibroplasia e síntese de MEC) e da angiogênese através da liberação de fatores de crescimento (TNF-alga, FGF) e citocinas. 2. Fase proliferativa ou granulocítica 5º ao 21º dia Migração de células oriundas dos meios intra e extravascular (peritecidual) epitelização e fibroplasia Epitelização: ocorre por intensa atividade mitótica a principalmente das células da camada basal (se preservada). Ocorre um espessamento da epiderme a partir da camada basal – a borda da ferida apresenta uma leve elevação. Fibroplasia: crescimento e migração de fibroblastos; começa a ocorrer principalmente no 7º-8º dia rede de fibrina está sendo reabsorvida para deposição dos fibroblastos, com formação do colágeno – nesse momento, pode ser feita a remoção dos pontos. o Fibroblastos são atraídos por fatores secretados por plaquetas, leucócitos e macrófagos. o Secreção de colágeno - Colágeno é o elemento de reparação mais importante e se origina nos fibroblastos, presentes, de forma geral, no tecido conjuntivo frouxo ao redor dos vasos. - O colágeno é uma macromolécula com conformação espacial helicoidal, o que confere um aumento de sua resistência. - Para a formação do colágeno são necessários dois aminoácidos: hidroxiprolina e hidroxilisina. - Para a síntese desses aminoácidos, são necessários cofatores – substâncias facilitadoras da cicatrização: ácido ascórbico, ferro, oxigênio e alfa-cetoglutarato se houver deficiência dessas substâncias, a cicatrização será retardada. - O principal colágeno envolvido na cicatrização é o tipo I (80%); o colágeno tipo III também é importante (20%). - PDGF: fator de crescimento que ativa os fibroblastos, que produzem colágeno tipo I sob estímulo do TGF beta Angiogênese: fatores de crescimento promovem a formação de brotos vasculares a partir de arteríolas e vênulas presentes no tecido perilesional em direção à ferida migração de células endoteliais, por estímulo de TNF-alfa e outros fatores de crescimento, com formação de novos capilares. Formação do tecido de granulação: fibroblastos + matriz extracelular + brotos vasculares neoformados tecido avermelhado que se forma sobre a ferida, sendo máximo no 15º dia – importante principalmente nas regiões onde não há mais pele e necessitamos fazer enxerto, que requer um bom tecido de granulação para que haja boa “pega”. Feridas abertas: fibroblastos são transformados em miofibroblastos, os quais promovem a contração da borda da ferida contratura cicatricial. 3. Fase reparativa ou de remodelação A partir do 21º dia Ocorre aumento da síntese de colágeno até o 21º dia. A partir de então, inicia-se um processo involutivo, com reorganização da matriz extracelular e deposição de colágeno de maneira organizada equilíbrio dinâmico entre produção e destruição de matriz extracelular. o Cicatrizes hipertróficas e queloides ocorrem quando há aumento de um colágeno alterado além do 21º dia excesso de fibroblastos produzindo colágeno deficiente e em excesso. Fibra elástica não se repara – cicatriz não tem fibra elástica, ao contrário da pele sã, de modo que é mais frágil e pode se romper mais facilmente quando sob tensão. Fernanda Castiglioni Tessari – Med Unicamp, XLIX Fatores que prejudicam cicatrização Hipoalbuminemia ausência de substrato para cicatrização Infecção Fármacos, como os corticoides (freia a cascata inflamatória da cicatrização), colchicina/ D- penicilamina (são quelantes de fatores enzimáticos), quimioterápicos (inibem a proliferação celular) Radiação (compromete vascularização), obesidade, DM, HAS, hipotireoidismo Hipercicatrização Deficiência no término do processo de cicatrização. Geralmente, conforme a ferida se resolve, há apoptose das células responsáveis pela cicatrização e diminuição do estímulo para a cicatrização, de modo que esta se encerra. Quando este processo é deficiente, há depósito de colágeno em excesso sobre a ferida, formando os queloides ou cicatrizes hipertróficas. Cicatrizes hipertróficas: excesso de colágeno que não ultrapassa limites da lesão original; aparece precocemente e cresce durante cerca de 4 a 5 meses, seguido de uma fase de estabilização e depois com tendência à regressão. Na maioria das vezes, a conduta é expectante. Queloides: excesso de colágeno que ultrapassa os limites da lesão original; aparece mais tardiamente e não tem regressão; pode ser acompanhado de sintomas como dor, prurido, sensação de pinicamento; está relacionado a determinadas partes do corpo, como orelha, escápula, região pré- esternal e tem componente racial importante (negros > oriental > branco). Não há tratamento definitivo – orientação do paciente. ENXERTOS E RETALHOS Enxerto Transferência de tecido que não possui pedículo vascular sua nutrição se dá a partir da irrigação da área receptora. Classificação o Número de tecidos: simples (quando possui só um tipo de tecido) ou composto (dois ou mais tipos de tecidos) o Origem: autoenxerto (retirado de outra parte do corpo do próprio receptor) homoenxerto (retirado de outro ser da mesma espécie) heteroenxerto (retirado de espécies diferentes) o Espessura: parcial (epiderme + segmento da derme) ou total (epiderme + derme). - Enxerto de pele parcial: cicatrização da área de remoção do enxerto por segunda intenção com reepitelização, a partir das bordas e pelos anexos pode ser retirado de qualquer local. - Enxerto de pele total: enxerto é retirado de áreas em que sobra pele, já que, como todo o tecido é retirado, não há cicatrização espontânea do local, sendo necessário suturar região inguinal e supraclavicular (mais usados), pálpebras, cotovelos, punhos. Indicações o Depende principalmente da área receptora, que deve apresentar 3 condições necessárias para a sobrevivência do enxerto: - Vascularização - Imobilização - Contato garantido principalmente pelo curativo Presença de infecção ativa é contraindicação absoluta para enxerto. Integração do enxerto 1. Embebição: cerca de 72 horas; ocorre pela exsudação de plasma da área receptora (que deve ser bem vascularizada) e difusão de nutrientes e oxigênio para o enxerto, que não deve ser muito espesso para permitir sua nutrição. 2. Inoculação: a partir do 4º dia; inicia-se processo de formação de vasos em direção à área receptora e ao enxerto, estimulado pelo metabolismo anaeróbio do enxerto, mas ainda não há circulação estabelecida. 3. Neovascularização: 7º-10º dia; estabelece-se uma circulação entre os vasos da área receptora e os vasos do enxerto. Complicações do enxerto o Perda do enxerto por formação de hematoma/ abscesso embaixo dele (resulta em perda do contato) → principal causa de perda do enxerto o Enxerto em área receptora ruim (que não apresenta as 3 condições básicas para o sucesso do enxerto) Fernanda Castiglioni Tessari – Med Unicamp, XLIX o Discromia → ocorrência de hipo ou hipercromia em relação ao restante da pele o Cicatrização hipertrófica de área doadora Retalhos Transferência de tecido que possui pedículo vascular, com derme e epiderme e ramos arteriais (a partir dos quais o tecido é irrigado) é o próprio retalho que fornece sua irrigação e nutrição. É uma extensão de tecido, mantendo-se a mesma irrigação do local. Regra 3:1 o comprimento do retalho não pode ultrapassar 3 vezes a base de nutrição acima disso há risco de necrose. Classificação o Quantidade de tecidos: simples (1 único tipo de tecido) ou composto (mais de um tipo de tecido). o Topos de movimento: avanço, pivotal. o Tipos de pedículos: axiais, ao acaso, livres ou microcirúrgicos Indicações o Cobertura de estruturas nobres e cavidades. o Cobertura de material aloplástico, como próteses. o Reforço de áreas de pressão (ex: úlcera de pressão). o Reconstrução de mama após mastectomia (uso de retalho miocutâneo do músculo grande dorsal). o Tratamento de infecções (ex: osteomielite crônica). o Estética. Zetaplastia o Retalho em “Z” o Técnica usada principalmente para fazer alongamento da área frequentemente usada em áreas de queimaduras (apresentam contraturas). DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS Os distúrbios hidroeletrolíticos são frequentes em pacientes graves e podem decorrer de: o Doença de base (doenças renais, endócrinas, gastrointestinais) o Complicações e/ou o Terapêutica implantada (reposição volêmica, diuréticos, antibióticos, drogas vasoativas) Prevenção e diagnóstico precoce são fundamentais o Manifestações clínicas inespecíficas o Balanço H-E deve ser rigoroso o Monitorização eletrocardiográfica principalmente nas alterações do potássio o Dosagens séricas dos eletrólitos é a única maneira efetiva de se fazer o diagnóstico; em pacientes graves, sódio e potássio são dosados diariamente e outros eletrólitos relevantes, semanalmente. Valores plasmáticos normais Na+: 135 – 145 mEq/L Cl-: 95 – 105 mEq/L K+: 3,5 – 5,5 mEq/L Ca2+: 9 – 11mg% Mg2+: 1,5 – 2,0 mEq/L Fósforo: 3,0 – 4,5 mg% DISTÚRBIOS DA ÁGUA Os distúrbios da água envolvem mecanismos de controle homeostático da conservação ou excreção de água, resultando em alteração da osmolaridade. A regulação do metabolismo corporal da água é alcançada através do balanço entre a ingesta e a excreção renal de água, sendo que os principais mecanismos dos quais o organismo lança mão para manter a homeostase da água é a sede e a secreção de ADH. Causas As causas dos distúrbios da água estão relacionadas ao papel do ADH na regulação do metabolismo da mesma: Síndrome da secreção inadequada de ADH (SIADH) secreção de ADH aumentada Diabetes insipidus secreção reduzida de ADH (DI central) ou resistência periférica à ação do ADH (DI nefrogênicia) Fernanda Castiglioni Tessari – Med Unicamp, XLIX DISTÚRBIOS DO SÓDIO O sódio é o principal eletrólito no meio extracelular e determina a osmolaridade do mesmo – é o íon mais osmoticamente ativo desse meio. A membrana celular é permeável à água, a fim de manter a osmolaridade intracelular. Assim, alterações na tonicidade levam a alterações no volume celular: o O sódio aumentado do meio extracelular (meio hiperosmolar – hipernatremia) leva à passagem de água do meio intra para o extracelular, o que resulta em redução do volume da célula (desidratação) o Se o sódio estiver diminuído no meio extracelular (meio hiposmolar – hiponatremia), há passagem de água do meio extra para o intracelular, resultando no aumento do volume celular (edema celular). Os distúrbios do sódio são prejudiciais principalmente para o paciente neurológico. Hiponatremia Na+ < 135 mEq/L Alteração eletrolítica mais comum: 15-30% dos pacientes hospitalizados; 4,5% dos idosos; 29% dos pacientes com HSA Apresenta alta mortalidade, principalmente nos pacientes neurológicos leva a piora do quadro neurológico decorrente do aumento do volume celular secundário à passagem de água do meio extra para o intracelular. Deve-se avaliar o estado volêmico do paciente, que pode estar em hipo, hiper ou normovolemia, o que determina o tratamento. Na+ < 125 mEq/L = hiponatremia importante que requer tratamento imediato Quadro clínico Depende da etiologia, magnitude e tempo de instalação a) Hiponatremia crônica o Desenvolve-se mais lentamente, num período > 48 h o Cursa com poucos sintomas ou quase nenhum sintomas menores o Sintomas costumam ocorrer quando o sódio está abaixo de 115 mEq/L b) Hiponatremia aguda o Desenvolve-se mais rapidamente, em um período < 48 h o Cursa com sintomas maiores, mais definidos o Manifestações neurológicas – decorrentes do estado hiposmolar: - Confusão, delirium, sonolência, cefaleia, náusea, vômito - Convulsão, parada respiratória, coma, hérnia cerebralo Nos casos de Na + < 120 mEq/L há maior risco de lesão cerebral permanente (sequela) e óbito Causas – Hiponatremia hipotônica o As hiponatremias verdadeiras são chamadas de hipotônicas meio extracelular hipotônico o Podem decorrer de dois mecanismos: - Redução da excreção de água – pode ser hipo, normo ou hipervolêmica - Aumento da oferta de água – iatrogênica, solução de irrigação hipotônica (laparoscopia, ressecção transureteral da próstata), polidpsia primária, afogamento em água doce a) Hiponatremia hipovolêmica Perda de sódio (>>>) e água (>>) – há perda tanto de sódio quanto de água, com predomínio da primeira; raramente os níveis de Na + são muito baixos. o Diarreia, fístulas digestivas o Queimaduras extensas o Sequestro gastrintestinal (íleo adinâmico) o Diuréticos em doses altas o Síndrome cerebral perdedora de sal Manifestações clínicas: hipotensão, taquicardia, oligúria b) Hiponatremia normovolêmica Perda de sódio (>>>) sem perda de água – há perda apenas de sódio, de forma que a volemia mantem-se normal; é a condição em que os níveis de Na + ficam mais baixos o Uso abusivo de hormônio antidiurético o Síndrome da secreção inadequada de ADH Fernanda Castiglioni Tessari – Med Unicamp, XLIX Manifestações clínicas: cefaleia, letargia, desorientação, convulsões, coma é essencial tomar uma conduta de emergência, pois o paciente já está em situação de edema cerebral importante e pode facilmente evoluir para morte cerebral. c) Hiponatremia hipervolêmica Retenção de sódio (>>) e água (>>>) – hiponatremia dilucional – há retenção de sódio e de água, com predomínio da segunda, de modo que há uma redução relativa do sódio; raramente os níveis de Na + são muito baixos o Insuficiência renal aguda ou crônica o Estados edematosos: cirrose hepática, síndrome nefrótica, hipoproteinemia, ICC Manifestações clínicas: estados edematosos Tratamento Primeiramente deve ser feita a correção da causa de base a) Hiponatremia com hipovolemia o Reposição volêmica com soro fisiológico 0,9% b) Hiponatremia com normovolemia o Soluções salinas hipertônicas (NaCl 3%) o Restrição hídrica evitar hipervolemia e diluição do sódio c) Hiponatremia com hipervolemia o Restrição hidrossalina o Diuréticos ou diálise (quando não há resposta às outras modalidades terapêuticas) Hiponatrmia grave (Na + < 120 mEq/L) a) Aguda reposição de sódio – SF 0,9% ou NaCl 3% (dependendo da volemia) o Deve-se promover aumento do Na + de até 12 mEq/L em 24 h (0,5-1,0 mEq/L/h) o Não exceder nível de 135 mEq/L/48h risco de mielinólise contínua e piora do quadro neurológico – se os níveis de Na + forem aumentados muito rapidamente, ocorrerá grande saída de água das células, o que gera dano irreversível às células do SNC, levando a sequelas neurológicas permanentes. b) Tempo de instalação desconhecido e sintomática reposição de sódio, da mesma forma que na aguda c) Tempo de instalação desconhecido e assintomática tratar a causa, sem corrigir o sódio d) Crônica tratar causa, sem corrigir o sódio Hipernatremia Na+ > 146 mEq/L Comum em idosos e pacientes neurológicos graves, podendo decorrer de: o Prejuízo à liberação de ADH o Mecanismo de sede abolido o Manuseio e reposição inadequados de volume o Uso abusivo de diuréticos Leva à desidratação celular a nível neurológico, com consequente tração da vasculatura cerebral e piora neurológica Mortalidade chega a 60% quando o paciente permanece com Na+ sérico > 160 mEq/L por mais de 48 h Quadro clínico o Depende do grau de desidratação o Sintomas neurológicos: sonolência, agitação, confusão o Quanto maior a osmolaridade, maior a gravidade dos sintomas neurológicos Causas o Hiperalimentação por sondas o Reposição inadequada de perdas o Fluidos hipertônicos – bicarbonato de sódio, solução de diálise, NaCl3% o Coma hiperosmolar não cetótico o Necrose tubular aguda o Diabetes insípidus central e nefrogênico perda de grande volume de urina rica em água e pobre em Na + Fernanda Castiglioni Tessari – Med Unicamp, XLIX Tratamento Corrigir a causa de base a) Hipovolemia/hiperosmolaridade o Reposição volêmica com soluções hipotônicas: NaCl 0,45% (diluição do SF em água destilada na proporção de 1:1) o DDAVP: 10-40 mcg (0,1-0,4ml) intranasal/24h b) Hipervolemia/hiperosmolaridade o Restrição hidrossalina o Diuréticos de alça DISTÚRBIOS DO POTÁSSIO O potássio tem importante papel na regulação das funções celulares bioquímicas e eletrofisiológicas. Aumenta a magnitude do potencial de repouso, hiperpolarizando a membrana celular. Alterações fisiopatológicas dependem da velocidade de instalação e alterações concomitantes de outros eletrólitos, como Ca ++ , por exemplo. Hipopotassemia K+ < 3,5 mEq/L Causas a) Alterações no balanço interno tendem a puxar o potássio para dentro da célula o Alcalose o Soluções hipertônicas de glicose (para entrar na célula, a glicose carreia potássio junto) b) Alterações no balanço externo o Aporte insuficiente – desnutrição, alcoolismo há uma perda diária de potássio, que deve ser reposta por meio da dieta, caso contrário, haverá depleção do eletrólito o Excreção renal excessiva – diuréticos, antibióticos o Perda digestiva – fístula, diarreia, hiperemese Manifestações clínicas Relacionadas às esferas neuromuscular e cardíaca o Fraqueza muscular, hiporreflexia o Distensão abdominal, íleo paralítico o Paralisia muscular pode ocorrer parada respiratória se a musculatura respiratória for acometida o Rabdomiólise o Arritmias, choque, parada cardíaca (fibrilação ventricular) ECG o Achatamento ou inversão da onda T o Segmento ST retificado ou infradesnivelado o Arritmia grave – ex: fibrilação ventricular e parada cardíaca Tratamento Visa corrigir o déficit de potássio de forma lenta, evitando hiperpotassemia Deve ser feita monitorização eletrocardiográfica com monitor cardíaco, idealmente de forma semi- intensiva ou intensiva o SF (500 mL) + KCl 19,1% (20 mL – 2 ampolas) o Infundir 10 mL (1 ampola) em 1 hora o Dosar o potássio após cada ampola Hiperpotassemia K+ > 5,5 mEq/L Causas a) Alterações no balanço interno potássio tende a sair da célula e ir para o meio intravascular o Acidose o Rabdomiólise o Lise tumoral b) Alterações no balanço externo o Aporte excessivo – soluções ricas em K + o Insuficiência renal aguda ou crônica pacientes anúricos podem ir a óbito em 7-10 dias se não tratados Manifestações clínicas Outros meios para saber se estamos com hipovolemia tem o lactato sérico, uso de ultrassom a beira do leito com janela de cava ou coração. Ex : anfotericina 26-27 mEq de K+ - Como o limite é 40, uma ampola hora é suficientemente seguro 10ml e não 20 Fernanda Castiglioni Tessari – Med Unicamp, XLIX Relacionadas às funções neuromuscular e cardíaca – semelhantes às manifestações da hipopotassemia o Debilidade muscular, paralisia flácida o Distensão abdominal íleo paralítico o Arritmias, choque, parada cardíaca ECG o Onda T apiculada o Achatamento e desaparecimento de onda P o Aumento do intervalo PR e depressão do segmento ST o Alargamento progressivo do QRS o Arrtmia – ex: taquicardia ventricular K < 6: normal ou onda T apiculada K 6-8: onda T apiculada K > 8: onda P ausente, QRS alargado Tratamento o Suspender K + o Antagonizar efeitos neuromusculares com gluconato de Ca ++ 10%, 10-30 mL IV deve ser infundido em 2-3 minutos; não modifica o nível de K + , sendo uma medida emergencial para tirar o paciente do estado de arritmia e parada cardíaca,com duração de poucas horas o Redistribuir K + internamente - Inalação com beta-2 adrenérgico força a entrada de K+ na célula - Bicarbonato de sódio IV 1,0-1,5 mEq/Kg a alcalose força a entrada de K+ nas células (cuidado para não causar alcalose grave) - Glicose + insulina 1 g de glicose/Kg + 1 U de insulina/3 g de glicose é o mais efetivo – a entrada de glicose nas células requer a entrada conjunta de K + o Aumentar eliminação de K+: hemodiálise, diurético, resina de troca medidas que efetivamente reduzem a quantidade de potássio do organismo DISTÚRBIOS DO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE GASOMETRIA ARTERIAL Objetivo: quantificar o estado ácido-básico do paciente medida eletrônica direta do pH, pO2 e pCO2. Os valores do HCO3 - , BE e SatO2 são obtidos por medida indireta (monograma de Siggard-Andersen). Avaliar previamente se há distúrbio de coagulação – plequetas, coagulograma. Geralmente é realizada na artéria radial (também pode ser feita na artéria femoral, mas não é recomendado). Teste de Allen: avaliar integridade do arco palmar antes da punção. Procedimento extremamente doloroso. Sempre informar a temperatura do paciente e fração inspirada de oxigênio (influenciam no cálculo de alguns parâmetros). Conservar no gelo e realizar o exame em menos de 1 hora. Valores normais de gasometria arterial pH = 7,4 (7,35 – 7,45) o pH > 7,45: alcalemia o pH < 7,35: acidemia o pH < 6,85 e pH > 7,95 morte celular – normalmente há óbito pCO2 = 40 mmHg (35 – 45) pO2 = 90 mmHg (80 – 100) SatO2 = 98% HCO3- = 24 mEq/L (22 – 26) DB (diferença de base) ou BE (base excess) = zero mEq/L (-5 a +5) Fatores que podem influenciar os resultados da gasometria Hiperventilação na hora da coleta da gasometria, por ser um procedimento doloroso A presença de leucocitose e grande número de plaquetas pode reduzir o valor da pO2, dando falsa impressão de hipoxemia Ânion gap Balanço entre o cátion rotineiramente medido (Na+) e os ânions rotineiramente medidos (Cl- + HCO3 - ) Fernanda Castiglioni Tessari – Med Unicamp, XLIX AG = Na+ – (Cl- + HCO3 - ) Não muito utilizado na prática clínica ACIDOSE pH < 7,35 acidemia Principais causas: cetoacidose diabética, acidose lática e acidose renal Toda acidose cursa com hiperpotassemia (H + entra na célula e K + sai) Sinais e sintomas Cefaleia Sonolência, confusão mental, diminuição do nível de consciência, coma Convulsão Fraqueza muscular Diarreia Náuseas e vômitos Arritmia cardiac, taquicardia Tosse Respiração curta Acidose metabólica Principais causas o Cetoacidose diabética mais comum no paciente com DM1 descompensado – produção de corpos cetônicos devido à hiperglicemia o Acidose láctica ocorre no paciente em choque (frequentemente no choque séptico, devido à intensa liberação de citocinas inflamatórias e toxinas), ou seja, em dificuldade de utilização do O2 pelos tecidos devido à hipoperfusão tecidual, o que leva à entrada no metabolismo anaeróbio, com produção de lactato – deve ser tratada a causa básica (tratamento da infecção, drenagem de abscesso) o Acidose renal os ácidos fixos não podem ser eliminados devido à insuficiência renal – pode ocorre no paciente em choque, em que a hipoperfusão renal leva à insuficiência (nesse caso, coexistem acidose lática e acidose renal) o Diarreia aguda o Fístula pancreática Acidose respiratória Causas o Insuficiência respiratória aguda – ex: paciente vítima de TCE, inconsciente e em hipoventilação, que leva à retenção de CO2 acidose respiratória descompensada o Insuficiência respiratória crônica – ex: paciente com DPOC, em que já houve uma compensação pelo rim acidose respiratória compensada. Comumente há períodos de acidose respiratória descompensada, geralmente por infecção. ALCALOSE pH > 7,45 alcalemia Toda alcalose cursa com hipopotassemia (H + sai da célula e K + entra) Alcalose metabólica Principais causas o Iatrogênica infusão excessiva de bicarbonato de sódio o Obstrução gastrointestinal alta (ex: tumor de pâncreas) vômitos intensos o Crônica: diarreia crônica, uso de diuréticos Alcalose respiratória Principais causas o Iatrogênica: hiperventilação por ventilação mecânica aumento da FR e/ou do volume corrente o Hiperventilação histérica taquipneia A redução intensa da pCO2 causa vasoconstrição vasoconstrição cerebral pode levar a um AVC. TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS DO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE Princípios gerais Tratar sempre a causa básica Dosar gasometrias seriadas avaliar efetividade do tratamento Não confiar de forma absoluta em todos os exames laboratoriais considerar exame clínico, oximetria de pulso Fernanda Castiglioni Tessari – Med Unicamp, XLIX Não corrigir alterações muito abruptamente Acidose metabólica Reposição de bicarbonato: o Na + HCO3 - (mEq) = Peso (Kg) x 0,3 x DB o Bicarbonato de sódio (Na+HCO3-) a 8,4% (1 mEq/mL) Cuidado com a reposição excessiva de bicarbonato a solução de bicarbonato em excesso pode aumentar a osmolaridade do sangue (dificultando as trocas celulares), levar à alcalose metabólica e arritmias cardíacas. É indiscutível na hiperpotassemia decorrente da IRA (reduzir o K+) risco de parada cardíaca. Alcalose respiratória Conter a hiperventilação: o Acertar a ventilação mecânica o Tranquilizar o paciente em crise de ansiedade INTERPRETAÇÃO DA GASOMETRIA 1. Acidemia a) HCO3 - baixo acidose metabólica compensação pulmonar: hiperventilação (redução da pCO2) b) pCO2 alta acidose respiratória compensação renal: aumento do HCO3 - 2. Alcalemia a) HCO3 - alto alcalose metabólica compensação pulmonar: hipoventilação (aumento da pCO2) b) pCO2 baixa alcalose respiratória compensação renal: redução do HCO3 - AVALIAÇÃO E ATENDIMENTO INICIAIS DO TRAUMATIZADO 1. Preparação 2. Triagem vítimas múltiplas; desastres 3. Exame primário (A, B, C, D, E) 4. Reanimação 5. Medidas auxiliares: o Exame primário o Reanimação 6. Exame secundário. História 7. Medidas auxiliares: exame secundário 8. Reavaliação e monitorização 9. Cuidados definitivos PREPARAÇÃO 1. Fase pré-hospitalar o Transporte o Protocolos 2. Fase intra-hospitalar o Protocolos de atendimento o Transferência Centros de trauma o Estrutura completa e organizada que propicia atendimento inicial, tratamento definitivo e reabilitação (sequelas do trauma). o Apresenta nível elevado de complexidade em recursos humanos e materiais. A organização do sistema de trauma resulta em importante redução do número de óbitos evitáveis. As prioridades de atendimento no trauma são basicamente as mesmas, independentemente de se tratar de adulto, idoso, criança ou gestante. É importante que o pré e o intra-hospitalar estejam muito bem integrados. PROTEÇÃO DA EQUIPE A segurança da equipe é prioridade no atendimento à vítima, sendo necessário o uso de dispositivos de segurança: o Luvas o Máscara o Óculos o Avental impermeável o Vacinação Fernanda Castiglioni Tessari – Med Unicamp, XLIX EXAME PRIMÁRIO ABCDE sequência de prioridades válida tanto para adultos, quanto crianças, idosos e gestantes. A – Vias aéreas e proteção da coluna cervical desobstrução de vias aéreas com imobilização da vítima Ex: corpo estranho em via aérea; queimadura de via aérea; Glasgow rebaixado com língua obstruindo vias aéreas B – Respiração e ventilação Ex: pneumotórax hipertensivo C – Circulação e controle da hemorragia Ex: fratura de bacia (causa importante de hemorragia interna que pode ser tratadajá no atendimento inicial), fratura de extremidades D – Incapacidade: estado neurológico avaliação neurológica breve E – Exposição do doente/controle do ambiente prevenção da hipotermia Na avaliação inicial, diagnóstico e tratamento são simultâneos A – Manutenção de vias aéreas com proteção da coluna cervical Levantamento do queixo Anteriorização da mandíbula Glasgow ≤ 8 = intubação Métodos cirúrgicos cricotireoidostomia Não hiperestender o pescoço do paciente traumatizado devido ao risco de lesão cervical É essencial o uso de colar cervical e prancha rígida, além de impedir a lateralização do pescoço com o uso de coxins imobilização. Ciladas o Equipamento falho o Inabilidade de intubar para ajudar na intubação, podemos usar medicações sedativas (etomidato, midazolam) e relaxantes musculares (succinilcolina) o Material de intubação defeituoso o Lesões aéreas ocultas o Perda progressiva da via aérea o Obesidade dificultando cirurgia o Lesões da laringe B – Respiração e ventilação A respiração e ventilação adequadas exigem funcionamento adequado de: o Pulmões lesão do parênquima pulmonar pode levar ao pneumotórax hipertensivo, com compressão das veias cavas e redução do retorno venoso, simulando um choque hipovolêmico – percussão hipertimpânica, desvio da traqueia, turgência jugular, murmúrio vesicular diminuído ou abolido do lado acometido o Parede torácica ferimento soprante na parede torácica (traumatopneia) caracteriza pneumotórax aberto – tratamento com curativo de 3 pontos o Diafragma Deve ser feito: inspeção estática do tórax; palpação em busca de fratura de costelas/clavícula, enfisemas subcutâneos; percussão (som maciço sugere presença de sangue; hipertimpanismo sugere pneumotórax); ausculta pulmonar. Todo traumatizado necessita de oxigênio máscara de O2 Deve ser feito Raio-X de controle Ciladas o Intubação e ventilação de pneumotórax hipertensivo a ventilação de um pneumotórax simples pode levar à formação de um pneumotórax hipertensivo – deve-se sempre repetir o exame clínico. o Ventilar vítima inconsciente o Iatrogenia C – Circulação e controle da hemorragia Volume sanguíneo e débito cardíaco o Nível de consciência chamar a vítima logo no início do atendimento o Cor da pele paciente descorado normalmente tem uma hemorragia significativa o Pulso: frequência e características o Pode ser realizada aferição da PA, se houver pessoal suficiente Fernanda Castiglioni Tessari – Med Unicamp, XLIX Sangramento controle da hemorragia externa Perfusão tecidual normal: < 2s Deve ser realizado acesso venoso periférico curto e de grosso calibre repor rapidamente volume – 1 a 2 litros de ringer lactato (SF também pode ser utilizado) – cuidado com a reposição excessiva de volume, com consequente hemodiluição e coagulopatia o Ao fazer acesso venoso, devem ser colhidos exames tipagem sanguínea e provas cruzadas são fundamentais, pois pode haver necessidade de transfusão sanguínea. Ciladas o Idoso: PA não se relaciona com o débito cardíaco uso frequente de medicações anti-hipertensivas que interferem no DC o Criança: choque hemorrágico pouco expressivo até que a perda de sangue seja muito grande o Grávida: hipervolemia – demora para manifestar sinais de choque hipovolêmico o Atleta: possui FC basal mais baixa – FC não tão alta já pode ser a resposta de perda sanguínea o Medicações podem alterar/mascarar as respostas D – Incapacidade: avaliação neurológica A – Alerta V – Resposta a estímulos verbais D – Resposta à dor N – Não responde a estímulos Escala de coma de Glasgow – varia de 3 a 15 e avalia o nível de consciência do paciente Pupilas: tamanho e resposta E – Exposição da vítima/controle do ambiente Avaliação de todo o corpo do doente Garantir temperatura corpórea evitar hipotermia Uso de líquidos aquecidos – 37 a 40°C – para reposição de volume REANIMAÇÃO A – Vias aéreas o Temporária o Definitiva Sempre dar mascara de O2 antes de intubar – 10 a 12 L/min Oximetria de pulso já é colocada no início do atendimento B – Respiração, ventilação, oxigenação C – Circulação o Controle do sangramento – compressão, intervenção cirúrgica o Acesso venoso e restauração da volemia o Tipagem sanguínea e provas cruzadas o Hb/Ht o Coagulograma o Evitar hipotermia Fernanda Castiglioni Tessari – Med Unicamp, XLIX MEDIDAS AUXILIARES AO EXAME PRIMÁRIO E À REANIMAÇÃO Monitorização eletrocardiográfica Sonda urinária e gástrica Ciladas o Estreitamento de uretra o Lesão de uretra uretrorragia, hematoma de bolsa escrotal, próstata não palpável ao exame de toque retal, retenção urinária – pode ser sinal indireto de fratura de bacia com hematoma. Contraindica sonda urinária. o Lesão pélvica na mulher o Fratura de base de crânio sinal do guaxinim e de Battle – contraindicam sonda nasogástrica (deve ser feita sonda orogástrica) o Indução de vômitos Monitorização o Frequência ventilatória o PA o Oximetria de pulso e CO2 Exames complementares o Raio-X: coluna cervical (pode não ser feito desde que se mantenha o colar cervical), tórax e bacia auxiliam no diagnóstico do B e C o Ultrassonografia (FAST) o Lavagem peritoneal diagnóstica – pesquisa de hemorragia em casos de trauma abdominal EXAME SECUNDÁRIO Realizado após: o Término do exame primário (deve ser rapidamente refeito ao final) o Reanimação iniciada o Tendência para normalização das funções Exame completo da cabeça aos pés Tubos e drenos em todos os orifícios Completar exame neurológico Exames diagnósticos especiais Reavaliação clínica História Alergia Medicamentos habituais Passado médico/gravidez Líquidos e alimentos Ambientes e eventos entender o que aconteceu na cena no trauma Mecanismo de trauma o Trauma fechado/contuso o Trauma penetrante o Lesões por queimaduras e frio o Ambiente de risco o Hipotermia Medidas auxiliares ao exame secundário Raio-X Ultrassonografia Tomografia computadorizada Urografia Arteriografia Escopias Outros REAVALIAÇÃO Suspeitar de lesões busca ativa Deve ser contínua nas primeiras horas Avaliar necessidade de transferência o Deve ser de médico a médico Fernanda Castiglioni Tessari – Med Unicamp, XLIX o Não perder tempo o Usar o tempo para reanimação REGISTRO E CONSIDERAÇÕES LEGAIS Prontuário Consentimento para o tratamento Evidências forenses Documentação cronológica VIAS AÉREAS E VENTILAÇÃO Vias aéreas e ventilação são as primeiras prioridades no atendimento em trauma. Deve ser administrado oxigênio suplementar a todo paciente traumatizado máscara de O2 10- 12L/min Mortes imediatas evitáveis Demorada na conduta Incapacidade de procedimento Posicionamento incorreto do tubo traqueal Deslocamento dos dispositivos Falha em reconhecer a necessidade de ventilação Aspiração de conteúdo gástrico VIAS AÉREAS Reconhecimento do problema Trauma facial Trauma cervical Trauma da laringe Coma Respiração Sinais objetivos: obstrução de vias aéreas Agitação, obnubilação Diminuição do movimento de ar Retrações Respiração ruidosa Deformidade Corpo estranho Secreção no interior da boca Voz anasalada Gargarejo Estridor Rouquidão Desvio da traqueia Hematoma cervical Fratura crepitante – maxila/traqueia Além da avaliação clínica, a oximetria de pulso, que deve ser colocada já no início do atendimento, auxilia muito a avaliar a necessidade de intubação. Técnicas de manutenção das vias aéreas Elevaçãodo mento Tração da mandíbula Uso de cânula orofaríngea – cânula de Guedel apenas em indivíduos com nível de consciência rebaixado (introduz-se a cânula com a ponta voltada para o palato duro e depois gira 180°) Uso de cânula nasofaríngea A proteção das vias aéreas não precisa ser feita no paciente consciente que está falando e respirando normalmente. Deve ser feita proteção da coluna cervical e não podemos realizar hiperextensão do pescoço. VIA AÉREA DEFINITIVA E VENTILAÇÃO Via aérea definitiva tubo dentro da traqueia, de preferência com cuff insuflado o Intubação endotraqueal: orotraqueal (mais frequente) ou nasotraqueal (rara) Fernanda Castiglioni Tessari – Med Unicamp, XLIX o Cricotireoidostomia: acesso bom para emergência, quando não se consegue intubar e na presença de lesão facial compleza o Traqueostomia: eletiva – realizada em centro cirúrgico, não na sala de emergência Necessidade de via aérea definitiva Hipóxia Apneia Hipercapnia TCE Indicações Inconsciência Fraturas maxilo-faciais Aspiração: sangue, vômito Riscos de obstrução: hematoma cervical, lesão da traqueia, lesão da laringe, alergia (edema de glote) Técnica de intubação 1. Apto a procedimento cirúrgico 2. Pré-oxigenar com 02 a 100% (10-12 L/min) nos casos de apneia, deve ser feita ventilação com ambu 3. Comprimir cartilagem cricoide – manobra de Selick – para evitar entrada excessiva de ar no estômago 4. Etomidato ou midazolam (sedativos); Succinilcolina IV 1 a 2 mg/Kg (relaxante muscular) 5. Após relaxamento, proceder à intubação orotraqual 6. Insuflar balão 7. Verificar posição do tubo ausculta e CO2 8. Interromper a manobra de Selick 9. Iniciar ventilação Na intubação, um profissional deve proteger a coluna cervical do paciente (imobilização, anteriorização da mandíbula e elevação do mento) e o outro deve introduz o tubo. Tríplice manobra: 1. Fixar a cabeça 2. Elevar o ângulo da mandíbula 3. Abrir a boca do paciente Sequencia rápida de intubação: sedação, relaxamento muscular e laringoscopia Via aérea cirúrgica – Cricotireoidostomia cirúrgica Indicação: falha dos outros métodos Técnica o Pré-oxigenação com 02 a 100% (10-12 L/min) o Incisão vertical na pele – evitar lesão das jugulares anteriores o Incisão horizontal na membrana cricotireoidea o Introdução do tubo e insuflação do balão Monitorizar a oxigenação Oximetria de pulso – principalmente durante a intubação se a saturação começar a cair muito, deve-se interromper a laringoscopia e colocar máscara de O2 até a saturação subir novamente, para então reiniciar a intubação. Além disso, o tubo pode ir para o esôfago e a oximetria de pulso ajuda a reconhecer a posição inadequada. o Ideal: saturação acima de 95% 90% já é sinal de alerta Gasometria – deve ser colhida em casos mais graves Outros métodos auxiliares Gasometria arterial Raio-X de tórax auxilia no diagnóstico Ultrassom Ciladas Demora nas ações Vômito e aspiração Distensão gástrica Equipamento falho Fernanda Castiglioni Tessari – Med Unicamp, XLIX CHOQUE Choque não é sinônimo de hipotensão. Definido como uma má perfusão tecidual com alteração do metabolismo e sofrimento celular – o metabolismo torna-se anaeróbio e resulta em lesão celular. Consequentemente, há produção de ácido lático e outros ácidos, que provocam acidose metabólica – um dos pilares de morte do paciente com choque. Há alteração do débito cardíaco DC = VS x FC, sendo o volume sistólico determinado por: o Pré-carga – volemia o choque hipovolêmico está relacionado com alteração da volemia o Contratilidade miocárdica o choque cardiogênico está relacionado com redução da força de contração cardíaca o Pós-carga – RVP o choque neurogênico está associado a redução da RVP A alteração de qualquer um desses parâmetros leva à alteração do VS e, consequentemente, do DC, resultando em comprometimento da perfusão tecidual choque. FISIOPATOLOGIA DA PERDA SANGUÍNEA 1ª fase = compensatória 2ª fase = inflamatória Hemorragia leva à redução do VS (e DC), com ativação de barorreceptores e envio de estímulos aferentes para o SNC. Há, então, ativação do eixo-hipotálamo-hipofisário, com resposta neuroendócrina (mecanismos compensatórios): o Ativação do SNA simpático o Hormônios reguladores e contrarreguladores – cortisol, SRAA , etc. Em última análise, há hiperglicemia, catabolismo, retenção hídrica e vasoconstrição intensa manifestação clínica precoce, principalmente adrenégica. A resposta está relacionada com o tempo e volume de sangue perdido. Conforme o paciente melhora, esses mecanismos vão se normalizando e a diurese aumenta (bom parâmetro para avaliar a evolução do paciente). A redução da volemia, quando não pode mais ser compensada, leva à diminuição da perfusão tecidual, com lesão celular e liberação de substâncias inflamatórias: interleucinas, prostaglandinas, leucotrienos e outras resposta de fase aguda – ação sistêmica em órgãos-alvo: o Alteração da microcirculação o CIVD o Catabolismo o Aumento da pressão oncótica intersticial o SARA – pulmão de choque Tríade mortal Hipotermia Distúrbio de coagulação cuidado com a reposição excessiva de cristaloide, que pode induzir ou piorar um distúrbio de coagulação Acidose Paciente com choque hipovolêmico que entrar nessa tríade dificilmente conseguirá sobreviver. C – Circulação 1. Reconhecer o estado de choque Mecanismo de trauma Exame clínico o FR alterações mais precoces o FC o Perfusão/enchimento capilar o Palidez o Sudorese o Pele pegajosa o PA o Pressão de pulso As manifestações clínicas são frutos dos mecanismos de compensação, da injúria específica e, mais tardiamente, da resposta inflamatória sistêmica, estando relacionadas com o tempo e intensidade do sangramento. Fernanda Castiglioni Tessari – Med Unicamp, XLIX Identificação do sangramento Armadilhas no reconhecimento do choque o Extremos de idade o Atletas FC basal mais baixa – aumentos não tão importantes já podem ser respostas ao sangramento o Gestantes são hipervolêmicas – os sinais de choque podem aparecer mais tardiamente, quando há houve grande perda sanguínea o Medicações principalmente beta-bloqueadores o Hemoconcentração – Ht/Hb inicial pode não refletir o real estado do paciente no início, quando ainda não houve tempo de reduzir a Hb 2. Identificar a causa provável do choque Hemorragia é sempre uma causa considerada (até que se prove o contrário, trata-se de choque hipovolêmico). Pesquisa de focos de sangramento externos ou internos – fratura de extremidades, fratura de bacia, trauma abdominal e torácico com lesão vascular importante, etc. OBS: sangramento de caixa craniana nunca é causa de choque hipovolêmico volume pequeno para causar choque, mas suficiente para causar HIC. 3. Tratamento imediato Suporte de O2 máscara com reservatório – 10 a 12 L/min Reposição volêmica Parada de sangramento Monitorização: oxímetro, monitor cardíaco Acesso venoso periférico calibroso: o Abocath 14 ou 16 (quanto menor o número, mais largo) o Flebotomia (2ª opção) – local mais acessível: veia safena (meio cm para cima ou para o lado do maléolo medial) o Punção intraóssea (também em adultos) – como dói, geralmente é realizada em paciente inconsciente, principalmente quando as outras opções são inviáveis o Nunca utilizar acesso venoso central (Intracath) cateter muito longo e fino impede a entrada rápida de volume (lei de Pouiselle: quanto mais curto e grosso o cateter, maior o fluxo); pode levar a complicações: pneumotórax, hemotórax, quilotórax, punção de artéria, etc. Coleta de exames o Hb/Ht servem como parâmetro para avaliações futuras, não para indicar transfusão de sangue num primeiro momento o Tipagem sanguínea o Coagulograma pode estar alterado pela atividade inflamatória, hipotermia e infusão abundante de cristaloide – serve de parâmetro para saber como intervir o Gasometria arterial fator preditivo de gravidade, principalmente quando o paciente chega – avaliar o base excess, que, se estiver alterado, significa que o paciente está utilizando dos recursos de seu sistema tampão para compensar a alteração metabólica – é um medidor do nível de alteração tecidual REPOSIÇÃO VOLÊMICA Regra 3x1 para cada volume perdido, repor 3 volumes de cristaloide o Deve-se repor de 1 a 2 L de cristaloide Hipotensão permissiva deve-se manter uma pressão sistólica em torno de 80-90 mmHg (o suficiente para perfundir os tecidos nobres) presença de pulso periférico o Não se deve dar cristaloide até a PA normalizar, pois a reposição de cristaloide em excesso pode causar coagulopatia e piora da resposta inflamatória, além de que uma PA elevada pode piorar o sangramento. o A hipotensão permissiva está contraindicada nos casos de TCE, pois pode levar ao óbito por lesão cerebral secundária à hipoperfusão Hemoderivados 1x1 se o paciente permanecer hipotenso após 2 L de cristaloide, deve-se administrar hemoderivado e não usar mais cristaloide o No caso de paciente instável, com chance de sangramento mais importante, fazer hemotransfusão precoce Fernanda Castiglioni Tessari – Med Unicamp, XLIX CLASSIFICAÇÃO DO CHOQUE Grau I: perda de até 15% da volemia paciente consegue manter-se estável: ausência de sinais Grau II: 15 – 30% taquicardia, taquipneia, sudorese, mas com normotensão Grau III: 30 – 40% quadro clássico: taquicardia, taquipneia, sudorese, agitação, confusão mental, com hipotensão Grau IV: > 40% paciente não consegue mais balancear o déficit de VS: piora neurológica importante – grande deterioração do nível de consciência; redução da diurese (importante fator a ser considerado, especialmente se o paciente estiver em coma). CONTROLE DO DANO Controle do sangramento pode ser necessária cirurgia abreviada apenas para controle do sangramento (do que está levando à morte) Controle da infecção Reanimação intensiva O sucesso no tratamento depende do controle precoce da hemorragia, manutenção da normovolemia e reavaliação contínua. CHOQUE NÃO HEMORRÁGICO Choque cardiogênico Alterações da força de contratilidade cardíaca, levando à redução do volume sistólico e, portanto, do débito cardíaco. Tamponamento cardíaco gera redução da diástole e, consequentemente, da força de contração Tríade de Beck o Estase jugular o Hipotensão o Abafamento de bulhas Pneumotórax hipertensivo Ocorre geralmente por lesão do parênquima pulmonar. O ar entra na inspiração, mas não é eliminado na expiração. Provoca deslocamento e torção do mediastino, com consequente “pinçamento” das cavas, reduzindo o retorno venoso simula o choque hipovolêmico. Tratamento: toracocentese – punção no 2º espaço intercostal à linha hemiclavicular Choque neurogênico Lesão medular acima de T4 leva à perda do tônus dos vasos (vasoplegia), principalmente da microcirculação. Consequentemente, há vasodilatação e sequestro de sangue na periferia, levando à hipotensão. Clinicamente também podemos observar priaprismo e alteração da sensibilidade. Não há taquicardia reflexa devido à interrupção da inervação simpática. É o único choque em que devemos introduzir drogas vasoativas para promover vasoconstrição. Após uma semana a adrenal passa a produzir mais adrenalina para manter a PA. Choque séptico Infecção disseminada Geralmente associado a outras situações não diretamente relacionadas ao trauma. TRAUMA RAQUIMEDULAR Crianças Lesões são raras em crianças, pois as vértebras ainda não estão totalmente calcificadas 40% das crianças com menos de 7 anos apresentam psudosubluxação de C2/C3 ao raio-X (normal) 2/3 das crianças que sofreram trauma raquimedular (com lesão de tecido nervoso) apresentam Raio-X normal SCIWORA; fratura em galho verde – o fragmento fraturado volta para o lugar e a lesão não é vista ao Raio-X Suspeitar de trauma Nos TCEs com ou sem perda de consciência (mesmo no TCE leve) Trauma supraclavicular ou fratura de grandes ossos, especialmente na região torácica alta, como o esterno, que requerem grande energia para fraturarem História de alto impacto principalmente trauma de veículos automotores (principalmente carro x moto) Fernanda Castiglioni Tessari – Med Unicamp, XLIX AVALIAÇÃO História principais mecanismos de lesão: acidente de veículo automotor (principal), queda, ferimentos penetrantes – traumas de grande energia; trauma acima da clavícula (maior risco de lesão cervical); movimento de chicote; inconsciência; dor na coluna “Status” neurológico prévio (houve mudança?) alteração motora, afasia, AVC prévios, doença de Alzheimer, etc. – na dúvida, atribuir a alteração neurológica ao trauma. Mecanismo do trauma Documentar o exame com ênfase para o horário avaliar a evolução temporal das alterações neurológicas – fator preditor da evolução da lesão Atendimento O principal objetivo do atendimento inicial é prevenir maiores lesões Supor a presença de lesões e proteger a coluna do paciente até sua exclusão. Imobilização em posição neutra da cabeça, com colar cervical e prancha rígida garantir estabilidade da coluna e evitar outras lesões ou complicações da lesão inicial o Imobilização da coluna cervical em 3 eixos: colar cervical (impede apenas a flexo-extensão) e fixação lateral com coxins, fixando o queixo e a testa o Durante o atendimento, não fazer hiperextensão do pescoço para liberar as vias aéreas e facilitar a respiração nem para intubar Avaliação radiológica Tratar as lesões visíveis e suspeitar das ocultas Descrever o nível das lesões, marcando o horário em que o exame foi feito Solicitar avaliação rápida do especialista (neurocirurgia, ortopedia) Não mobilizar o pescoço Achados clínicos gerais Arreflexia flácida, diminuição de reflexos, assimetria de reflexos Respiração diafragmática Alteração motora: apenas flexão do braço Alteração sensitiva: resposta a dor apenas acima do nível da lesão Priapismo Atonia de esfíncter anal ao toque retal Achados clínicos locais Dor à palpação da vértebra (já no A, devemos fazer a palpação da coluna cervical; no E, devemos avaliar toda a coluna) Crepitação óssea Deformidades Edemas/equimoses Alterações da posição da cabeça – posição antálgica, restrição de movimento, dor intensa à mobilização (nesses casos, pode ser feita a imobilização na posição em que o paciente está) Avaliação neurológica (exame secundário) Diminuição da força motora/assimetria Distúrbios sensoriais – determinar nível da lesão o T4: altura dos mamilos o T10: altura do umbigo Mudança de reflexos Disfunção autonômica – priapismo, hipotonia do esfíncter anal ao toque retal CHOQUE NEUROGÊNICO Hipotensão associada ao trauma Bradicardia mesmo na presença de sangramento evidente alteração do sistema nervoso autônomo: o parassimpático fica sem a contraposição do simpático: o Redução do tônus vascular hipotensão o Não há taquicardia reflexa devido à interrupção do SN Simpático Tratamento: droga vasoconstritora é a única indicação de droga vasoativa no trauma PS: quando há associação com choque hipovolêmico, a prioridade é tratar este contendo o sangramento e fazendo a reposição volêmica Fernanda Castiglioni Tessari – Med Unicamp,XLIX CHOQUE ESPINHAL Não há fenômenos circulatórios (sem alteração hemodinâmica) Flacidez muscular Diminuição dos reflexos Pode ser resultado da compressão da medula, que leva a um bloqueio da condução nervosa, e com o tempo vai voltando ao normal é temporário AVALIAÇÃO RADIOLÓGICA Raio-X cervical (perfil), de tórax (AP e perfil) e de bacia (AP) Obs: não retirar o colar cervical para realização das radiografias Identificação vertebral o No raio-X cervical, devemos identificar as 7 vértebras cervicais e T1 o Manobras: - Posição do nadador: paciente eleva os braços para melhor visualização de C6 e C7 - Tração dos braços para baixo para tentar afastar os ombros o C2 = a maior vértebra o Raio-X em AP com a boca aberta boa visualização do processo odontoide Contorno e alinhamento das vértebras o Verificar o alinhamento do contorno anterior e posterior dos corpos vertebrais e do canal medular, além dos processos espinhosos o Cervical: avaliar coluna de ar à frente dos corpos vertebrais laringe o Avaliar os espaços intervertebrais e entre os processos espinhosos Identificação do canal medular Presença de fraturas Raio-X cervical em AP é feito quando há suspeita de fratura alta avaliação do processo odontoide (não é feito de rotina) Quando há dúvidas no Raio-X, devemos fazer TC e não retirar o colar cervical. Em alguns casos, nem a TC elucida a lesão, sendo necessário realizar RNM. TRATAMENTO Não retirar o colar cervical na presença de lesão ou na dúvida o ATLS: ausência de dor à palpação vertebral e à mobilização passiva e ativa do pescoço no 3 eixos permite a retirada do colar cervical antes da realização de Raio-X Tratar a via aérea lesão alta (acima de T4) muitas vezes impede a respiração espontânea, sendo necessário suporte ventilatório Tratar a hipotensão – no choque neurogênico, fazer droga vasoativa; avaliar volemia por meio de cateter urinário (melhor parâmetro), a fim de identificar possível necessidade de reposição volêmica Solicitar avaliação do especialista Critérios de transferência para especialista Suspeita de trauma Presença de fraturas ou luxações Déficit neurológico Obs: comunicar-se com o especialista, evitar demora e avaliar necessidade de suporte ventilatório TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO Causas externas correspondem à 3ª causa de morte no Brasil (140-150 mil pessoa por ano), sendo o TCE a principal. Em 10-20% dos casos de TCE há óbito no local. Quanto à gravidade (baseada na escala de coma de Glasgow), tem-se: o 80% - TCE leve o 10% - TCE moderado o 10% - TCE grave A conduta se baseia no atendimento primário ABCD evitar lesão secundária e detectar lesões cirúrgicas. ANATOMIA Couro cabeludo Formado por 5 camadas Fernanda Castiglioni Tessari – Med Unicamp, XLIX Muito irrigado lesões do couro cabeludo provocam sangramento importante, principalmente em crianças Conduta frente a lesão de couro cabeludo: deve-se fazer hemostasia com faixa compressora e posterior sutura Crânio Ossos: frontal, temporais, parietais, occipital, vômer, etmoide, esfenoide, zigomático Avaliar presença de fraturas evitar sangramentos Fraturas de base de crânio eliminação de líquor pelo nariz e/ou orelha, sinal do Guaxinim (hematoma periorbital), sinal de Battle (hematoma na região da mastoide), paralisia facial, perda de audição. Meninges Dura-máter, aracnoide e pia-máter Ficar atento para possíveis hemorragias/hematomas importante drenar rapidamente. Como o crânio é uma estrutura rígida, o hematoma não o distende, podendo causar hipertensão intracraniana, hérnia de tecido cerebral contralateral e consequentes parada cardiorrespiratória e óbito. Encéfalo Identificar lesões cirúrgicas que exijam tratamento imediato. LCR o Produzido continuamente no plexo coroide (30 mL/hora) o Sangramentos podem causar obstrução do sistema ventricular, levando ao aumento da pressão arterial na tentativa de vencer a maior resistência ao fluxo sanguíneo cerebral. Para facilitar o retorno venoso, podemos deitar o paciente com inclinação da cabeça em 30° para facilitar. o Cuidado nas lesões com efeito de massa, que podem também obstruir o sistema ventricular e levar à HIC e à herniação cerebral. Tenda do cerebelo Divide as regiões supra e infratentorial. Importante relação com nervo oculomotor sua lesão leva à anisocoria e alteração da motilidade ocular extrínseca. Herniação de uncus importante consequência da hipertensão intracraniana em lesões com efeito de massa – leva à parada cardiorrespiratória. FISIOLOGIA Pressão intracraniana Parâmetros o PIC normal = 10 mmHg (variação fisiológica: 5 a 15 mmHg) o PIC ≥ 20 mmHg francamente anormal o PIC > 40 mmHg HIC grave O aumento da pressão intracraniana gera hipertensão arterial, como tentativa de vencer a resistência ao fluxo sanguíneo aumentada no cérebro. Doutrina de Monro-Kellie: o volume intracraniano é constante e até um dado momento, o aumento da PIC é compensado pelo aumento da PA, até que atinge-se o ponto de compensação e esse mecanismo não é mais suficiente para garantir a perfusão cerebral adequada. Para facilitar a drenagem venosa, deixamos o paciente com a cabeça em posição elevada, a 30°. Pressão de perfusão cerebral PPC = PAM – PIC A PPC deve estar em torno de 80 mmHg para garantir a perfusão adequada do cérebro como a PIC normal é 10 mmHg, a PAM deve ser, no mínimo, de 90 mmHg. Paciente com TCE não pode ficar em hipotensão, especialmente nos casos de HIC, em que a resistência ao fluxo sanguíneo está aumentada, prejudicando ainda mais a perfusão cerebral devemos garantir a perfusão do encéfalo, mantendo a PPC, que é prioridade no atendimento de um paciente vítima de TCE. Quanto menor a PPC (< 70), mais rapidamente o paciente irá evoluir com morte encefálica. Paciente com TCE deve ficar com cateter para monitoramento contínuo da PIC. Fluxo sanguíneo cerebral Normal: 50 ml/100 g de cérebro < 25 EEG desaparece Fernanda Castiglioni Tessari – Med Unicamp, XLIX < 5 morte celular Há uma capacidade de autorregulação do fluxo sanguíneo cerebral para pressões sistólicas entre 50 e 160 mmHg Evacuar hematomas precocemente CLASSIFICAÇÃO Mecanismo de lesão Trauma fechado: acidentes de automóveis, quedas, agressão tipo mais comum de TCE Trauma aberto: ferimento por projétil de arma de fogo, ferimento por arma branca transfixão no sentido AP ou LL apresentam mortalidade de 90% Penetração da dura-máter Gravidade da lesão Baseada na escala de coma de Glasgow TCE leve: GCS 13-15 TCE moderado: GCS 9-12 TCE grave: GCS 3-8 Indicação de TC o Glasgow ≤ 14 indica TC o Glasgow = 15 TC é indicada quando: - Fratura de crânio - Perda de consciência - Anisocoria - Trauma de alta energia - Sintomas de alerta: cefaleia persistente, vômitos em jato, convulsão Morfologia das lesões Fraturas de crânio avaliação por radiografia/TC Lesões intracranianas o Hematomas epidurais o Hematomas subdurais o Contusões o Lesões difusas É necessário fazer TC para diagnóstico e tratamento das lesões encefálicas, após a realização do ABCDE. FRATURAS DE CRÂNIO Diagnóstico: Raio-X (triagem) e CT a presença de fratura vista ao Raio-X indica CT Em crianças, Raio-X normal não exclui fratura Pode haver lesões associadas: hematomas, pneumoencéfalo, lesão de parênquima cerebral, lesão de couro cabeludo LESÕES INTRACRANIANAS Hematomas epidurais Geralmente sangramento arterial – lesão de artéria meníngea média, na maioria dos casos frequentemente associada a fratura de ossotemporal ou parietal. Intervalo lúcido: sinais e sintomas de lesão neurológica podem demorar a aparecer – o paciente perde a consciência no momento do trauma, a recupera e depois de algum tempo deteriora (queda do Glasgow novamente). Pode causar efeito de massa desvio de linha média Diagnóstico: TC forma de lente biconvexa Tratamento cirúrgico de emergência Hematoma subdural Mais frequente Presente em 30% dos TCEs graves Sangramento venoso evolução insidiosa: manifestações demoram a ocorrer Pode haver lesão de parênquima cerebral associada Pode causar efeito de massa, com desvio de linha média Pior prognóstico Diagnóstico: TC Geralmente de tratamento cirúrgico; quando pequeno, o tratamento pode ser clínico Fernanda Castiglioni Tessari – Med Unicamp, XLIX Contusões Muito comuns Locais variados Podem causar hemorragia intraparenquimatosa, a maioria nos lobos frontais e temporais – o tratamento é conservador na maioria dos casos; deve-se repetir TC em 12 horas Associação frequente com hematomas subdurais Pode ser colocado cateter para evitar HIC Lesões difusas Concussão leve perda fugaz do nível de consciência, às vezes sem lesão anatômica à CT Concussão clássica perda de consciência, amnésia Lesão axonal difusa coma prolongado, ausência de efeito de massa, disfunção autonômica; sequelas graves. Causada por mecanismo de aceleração/desaceleração. Outras Hemorragia subaracnoide Pneumoencéfalo presença de ar o encéfalo, geralmente decorrente de fratura de crânio ou fratura de ossos da face; pode haver efeito de massa; associação com perfuração da meninge. SINAIS E SINTOMAS DE ALERTA Vômitos em jato (não precedidos de náusea) Cefaleia persistente Alteração do nível de consciência Irritação (crianças pequenas) Convulsão Sinais de alto risco Sinais de localização (déficits) Piora do nível de consciência Não atinge Glasgow 15 após 2 h Suspeita de fratura de crânio Sinais de fratura de base de crânio Idade > 65 anos Distúrbios da crase sanguínea Rino ou otoliquorreia Sinais de moderado risco Amnésia anterógrada > 30 min Mecanismo do trauma Múltiplos traumatismos 2 episódios de vômito Cefaleia persistente Alterações visuais, auditivas, anosmia CONDUTAS TCE leve Glasgow ≤ 14 TC obrigatória. Glasgow = 15 TC de acordo com as indicações: lesão penetrante no crânio, mecanismo de trauma com impacto de alta energia, perda de consciência na cena do trauma, fratura de crânio no RX, persistência dos sintomas (vômito em jato, cefaleia), convulsão focal e outros sinais de moderado e alto risco. História mais comum: paciente consciente e falando, mas que teve episódio de desorientação, amnésia ou perda transitória de consciência. 30% dos casos apresentam pioram progressiva. E 3% dos casos há piora inesperada. Manter em observação por pelo menos de 12 a 24 horas. Fazer RX em todos. TCE moderado TC de crânio em todos os pacientes. 10-20% dos casos apresentam piora progressiva. Pacientes normalmente estão confusos, sonolentos, agitados, com déficit local – às vezes é melhor colocar via aérea definitiva. Fernanda Castiglioni Tessari – Med Unicamp, XLIX Repetir TC em 12 a 24 h se a primeira TC for anormal. Fazer exame neurológico seriado. Tratamento: cirurgia, observação. Avaliação precoce do neurocirurgião. TCE grave TC de crânio em todos os pacientes. Via aérea definitiva Intubação endotraqueal em todos. Ventilação de O2 a 100% prevenir hipóxia. Reposição volêmica prevenir hipotensão. Sedação Sondagem Exame neurológico mais detalhado. Avaliação precoce do neurocirurgião. Manter internado em UTI. Estabilização cardiopulmonar imediatamente. Manitol diurético osmótico – redução da PIC Manter pCO2 levemente abaixo do normal. Busca ativa de lesões associadas existem lesões associadas em 50% dos casos. Tratamento: clínico ou cirúrgico – avaliar necessidade de cirurgia. Tratamento clínico do TCE Soluções salinas intravenosas o Usar soro fisiológico ou ringer lactato o Não usar soluções hipotônicas o Soluções hipertônicas podem melhorar o edema, mas não são mais usadas pois causam muitos distúrbios hidroeletrolíticos. o Não usar soros glicosados o Evitar hipoglicemia o Manter PAM > 90 mmHg Hiperventilação moderada o Manter pCO2 em torno de 36-40 mmHg o Cuidado para não hiperventilar demais e reduzir muito a pCO2, pois isso gera vasoconstrição e consequente redução da perfusão cerebral Manitol 20% o Diurético osmótico usado com a finalidade de reduzir a PIC aumento da perfusão cerebral o Não usar em hipotensos Furosemida o Usado em associação com manitol em casos de PIC muito elevada, já na UTI Barbitúricos o Usados para induzir coma, causando um repouso do cérebro o Reduz PIC refratária, mas não deve ser usado em fase aguda de reanimação nem em pacientes hipotensos Anticonvulsivantes – fenitoína o Usado apenas se houver convulsão o Não é indicado o uso profilático Esteroides NÃO o Esteroides não são mais utilizados no tratamento do TCE o Não alteram a PIC nem trazem benefício ao paciente, além de trazerem muitos efeitos colaterais Tratamento cirúrgico do TCE Drenagem de LCR. Descompressão cirúrgica em pacientes com edema muito grande – craniecotomia descompressiva. Avaliação neurológica: segunda prioridade, nos pacientes com PA < 100 mmHg avaliação da pupila no intra-operatório: se anisocórica, fazer trepanação; se normal, fazer TC após laparotomia. TRAUMA TORÁCICO Mortalidade geral: 10% A maioria dos traumas torácicos necessita de procedimentos simples. Fernanda Castiglioni Tessari – Med Unicamp, XLIX Necessidade de toracotomia: o 10% dos traumas contusos o 15-30% dos traumas perfurantes FISIOPATOLOGIA Hipóxia oferta de O2 inadequada aos tecidos – decorrente de trocas gasosas inadequadas Hipercarbia acúmulo de CO2 no sangue – comprometimento da ventilação/expiração decorrente de lesão do arcabouço torácico Acidose decorrente do choque, que leva à redução da perfusão tecidual e alteração do metabolismo, que torna-se anaeróbio, levando ao acúmulo de ácidos Esses mecanismos podem estar associados ou isolados. AVALIAÇÃO E ATENDIMENTO INICIAL Lesões com risco imediato de morte avaliação primária: ABCDE Lesões com potencial risco de morte avaliação secundária A – Vias aéreas Obstrução de vias aéreas – ex: acúmulo de sangue nas vias aéreas, corpo estranho Fratura de laringe Luxação esternoclavicular – o esterno desaba para o interior do tórax e obstrui as vias aéreas Trauma de laringe o Raro o Se não detectado precocemente, o paciente pode morrer rapidamente Quadro clínico Rouquidão suspeitar de lesão de laringe Enfisema subcutâneo no pescoço (principalmente), tórax e cabeça Tratamento imediato: intubação B – Ventilação Pneumotórax hipertensivo o Pneumotórax: acúmulo de ar entre as pleuras visceral e parietal (espaço pleural). o No pneumotórax hipertensivo, normalmente há saída de ar a partir de lesão de alguma estrutura broncopulmonar/do parênquima pulmoanr, o qual acumula-se entre as pleuras visceral e parietal e não é eliminado. o A ventilação passa a ocorrer com pressão positiva e, consequentemente, há um colabamento do pulmão e desvio do mediastino para o lado oposto (dificultando também a ventilação do pulmão contralateral), o que leva à compressão da traqueia e das veias cavas, comprometendo o retorno venoso e gerando redução do DC. Diagnóstico clínico Hipotensão, taquicardia Turgência jugular Hipertimpanismoà percussão do tórax Dor torácica Dispneia, desconforto, agitação (decorrente da hipóxia cerebral) ou inconsciência Expansibilidade torácica diminuída no lado acometido Desvio da traqueia Murmúrio vesicular abolido no lado afetado Cianose tardia Enfisema subcutâneo Tratamento: toracocentese Descompressão imediata Punção no 2º espaço intercostal, na linha hemiclavicular, com introdução de agulha de grosso calibre na borda superior da costela inferior, a 90° Tratamento definitivo Drenagem de tórax – introdução de dreno no 5º EI, mais comumente na linha axilar média, também na borda superior da costela inferior (evitar lesão neurovascular) É a única indicação de toracocentese no trauma. Pneumotórax aberto o Lesão de continuidade na parede torácica leva à entrada de ar no tórax pela lesão, durante a inspiração, gerando acúmulo de ar no espaço pleural. o A lesão deve ter diâmetro equivalente a pelo menos 2/3 da traqueia para que se forme o pneumotórax. Fernanda Castiglioni Tessari – Med Unicamp, XLIX o Não há desvio do mediastino. o Pode causar traumatopneia: ferimento soprante ferimento pelo qual sai ar Conduta Curativo de 3 pontas até drenagem – de preferência com a parte aberta voltada para a parte de baixo do paciente, para permitir o escoamento de secreções/sangue impede a entrada de ar na inspiração, mas permite a saída de ar na expiraçao Deve ser usado um dispositivo plástico para fazer a oclusão – não usar papel, pois irá colabar no sangue Drenagem de tórax e obstrução completa do orifício Oclusão do ferimento após drenagem Tórax instável o 5% dos casos de trauma torácico o Incomum em crianças arcabouço costal maleável – há lesões internas, sem lesões ósseas o Fratura de 2 ou mais costelas consecutivas em 2 ou mais pontos de cada costela forma-se um fragmento “solto” do restante do tórax Quadro clínico Respiração paradoxal: o fragmento lesado tem movimento contrário ao restante do tórax – na inspiração vai para dentro e na expiração, para fora. Dor intensa no local Geralmente há lesões concomitantes: contusão pulmonar (mais frequente), perfuração do pulmão (gera pneumotórax e hemotórax) Pode gerar hipoxemia Conduta Analgesia Suporte ventilatório devido às lesões concomitantes (mais frequentemente contusão pulmonar) Não é obrigatório intubação Posteriormente, é necessário fisioterapia. Hemotórax maciço o Acúmulo de sangue no espaço pleural ≥ 1500 mL (cerca de 25% do volume sanguíneo choque grau 2) resultante da ruptura de vasos sistêmicos ou pulmonares. Quadro clínico Sinais de choque hipovolêmico Ausência de murmúrio vesicular Macicez à percussão (diferencia do pneumotórax hipertensivo) Comprometimento da ventilação pode haver hipercarbia Tratamento Drenagem torácica Reposição volêmica Cirurgia C – Circulação Hemotórax maciço o Sinais de choque o Tratado já no B Tamponamento cardíaco o Sangue acumulado no saco pericárdico 30-40 mL de sangue já leva a um aumento de pressão que resultará na compressão das cavidades cardíacas o Há uma restrição ao bombeamento de sangue, com redução do DC e comprometimento do retorno venoso. o O VD é o que mais sofre, pois possui parede mais fraca deficiência de enchimento diastólico do VD comprometimento do retorno venoso redução do DC. Diagnóstico clínico – Tríade de Beck (presente em 30% dos casos) Hipotensão Turgência jugular (insuficiência aguda de VD) Abafamento de bulhas Principal diagnóstico diferencial: pneumotórax hipertensivo. Tratamento: Pericardiocentese Punção ao lado do apêndice xifoide, a 45°, em direção à escápula esquerda. Fernanda Castiglioni Tessari – Med Unicamp, XLIX Pode ser auxiliada com US. PROCEDIMENTOS Drenagem de tórax Realizada no 5º espaço intercostal, na linha axilar média Anestesia abundante: pele, subcutâneo, periósteo, pleura Deve ser feita na borda superior da costela inferior, para evitar lesão do feixe vásculo-nervoso, que passa junto à borda inferior das costelas. Introdução do dreno em direção posterior e superior. Toracotomia de reanimação Pacientes candidatos o Lesão torácica penetrante o Sem pulso o Com atividade elétrica miocárdica Acesso: toracotomia anterior esquerda Contraindicações o Trauma fechado o Paciente sem pulso nem atividade elétrica miocárdica Manobras o Evacuação do sangue (tanto do hemitórax quanto do saco pericárdico) o Controle da hemorragia o Massagem cardíaca aberta, desfibrilação o Clampeamento da aorta descendente realizada no paciente chocado – tem a finalidade de desviar o sangue para as áreas nobres (cérebro) LESÕES POTENCIALMENTE LETAIS Pneumotórax simples Tratamento o Drenagem torácica no 4º-5º EIC, na linha axilar anterior/média o O tratamento deve ser implementado se o pneumotórax corresponder a pelo menos 30% da área torácica e antes de (independente do volume): - Ventilação com pressão positiva - Transporte - Anestesia Hemotórax Causas mais comuns o Laceração pulmonar o Rotura de vasos o Fraturas/ luxações Tratamento: drenagem torácica todo hemotórax diagnosticado ao raio-X deve ser drenado o Para ser visível ao raio-X deve ter pelo menos 300 mL velamento de seio costofrênico (opacide homogênea) Contusão pulmonar Sangue no interior do interstício/parênquima pulmonar ao raio-X, tem-se uma opacidade alveolar, que não respeita lobos e segmentos; à TC, vemos um infiltrado algodonoso Lesão letal mais comum Evolução progressiva piora em 24-48 horas Pode gerar situação de hipóxia: PaO2 < 65 mmHg; SaO2 < 90% quanto mais extensa, maior a hipóxia – formação de shunt (área perfundidas, mas não ventilada) Conduta: suporte ventilatório Lesão da árvore traqueobrônquica Lesão incomum Pode ocorrer tanto em traumas fechados quanto em penetrantes Podem ser parciais ou completas Sinais e sintomas o Hemoptise o Enfisema subcutâneo extenso o Pneumotórax hipertensivo Fernanda Castiglioni Tessari – Med Unicamp, XLIX o Desvio do mediastino o Grande fuga aérea Achado radiológico que nos faz suspeitar de lesão traqueobrônquica: pneumomediastino – ar circundando o coração o Na presença de pneumomediastino, devemos descartar lesão da árvore traqueobrônquica. Uma vez descartada, devemos pesquisar lesão de esôfago. Broncoscopia confirma o diagnóstico Tratamento o Observação o Abordagem das complicações Contusão miocárdica Pode haver: o Contusão do músculo cardíaco o Tamponamento cardíaco o Rotura de câmaras cardíacas o Laceração valvular Suspeita clínica o História, fratura de esterno (normalmente associada) o Hipotensão o ECG – alteração na condução o Ecocardiograma – alteração na mobilidade o Arritmias o Pressão venosa central (PVC) alta sem explicação Tratamento o Observação o Abordagem das complicações Rotura traumática da aorta Mais comum após desaceleração súbita (pela inércia, o coração permanece em movimento, de modo que a aorta é transfixada pelo ligamento arterioso): o Colisão de automóvel o Queda de grande altura (mais de 3 vezes a própria altura) o Atropelamento o Capotamento com ejeção Triagem: Raio-X de tórax – achados: 1. Alargamento do mediastino principal suspeita – sempre descartar lesões de grandes vasos 2. Apagamento do arco aórtico 3. Apagamento da janela da artéria pulmonar 4. Desvio da traqueia para a direita 5. Desvio da sonda nasogástrica para a direita 6. Rebaixamento do brônquio fonte esquerdo 7. Alargamento paratraqueal 8. Hemotórax esquerdo 9. Hematoma extra-pleural apical 10. Fratura de 1º/2° arcos/escápula Lesão
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