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Bianca Teles – 2017.2 MATERIAIS DE MOLDAGEM ANELÁSTICO – GODIVA E PASTA ZINCO-EUGENÓLICA - Os materiais de moldagem podem ser classificados em anelásticos e elásticos. - Os elásticos têm a propriedade de viscoelasticidade, são materiais universais, podem ser usados tanto em desdentados, como em dentados, ou parcialmente dentados. Então nós vimos o alginato e os hidrocolóides - Hoje nós vamos falar sobre os materiais anelásticos, que são aqueles que não apresentam a propriedade de viscoelasticidade, ou seja, se eles não tem a propriedade de viscoelasticidade, eles são materiais excludentes, específicos, só podem ser usados para pacientes desdentados totais, porque depois que ele entra em áreas retentivas ele não sai. Esses materiais não conseguem sair de retenções, são materiais que não tem as propriedades de viscoelasticidade, são específicos para a moldagem de pacientes desdentados totais. Dentre eles, temos dois materiais que usamos bastante na odontologia: 1. Godiva – material termoplástico, muito semelhante a questão dos hidrocolóides reversíveis, ou seja, eles não têm reação química, apresentarão transição vítrea. Tanto faz ele na sua fase rígida como na fase plástica, ele terá a mesma composição. Ele tem um rearranjo molecular na presença do calor. 2. Pasta zinco-enólica (pasta de óxido de zinco e eugenol) – é um material anelástico, mas diferente da godiva ele não é termoplástico, não tem reversibilidade, ele reage através de uma reação química. - A godiva, assim como o alginato, não é um material de precisão, vai ser usado para moldagem de estudos em pacientes desdentados. - A pasta de óxido de zinco e eugenol é um material considerado de precisão, então ele é usado para moldagens funcionais ou secundárias na disciplina de prótese total e consequentemente na moldagem de pacientes edêntulos. - Nós já vimos que a godiva é um material termoplástico; os materiais termoplásticos mudam de situação física na presença da temperatura. Se aquecer ele plastifica; se tirar a fonte de calor ele enrijece. Então por ser termoplástico, ele também é um material reversível, ou seja, a godiva é muito utilizada hoje nas academias (universidades) pelo custo barato de aprendizagem pra fazer essa moldagem com ele porque no mesmo paciente mantendo a temperatura correta de plastificação e ele não tendo contato com o gesso, nos poderemos fazer 4x a moldagem com o mesmo material. Usou deu errado replastifica remodela faz de novo ate 4x. Mantendo a temperatura correta e não mantendo contato com o gesso, ele é um material que tem reversibilidade. Então a gente consegue trabalha num custo muito baixo no processo de obtenção de moldagens preliminares em prótese total, por isso que ele é muito usado nas universidades. No consultório como a gente necessita de um equipamente pra plastificar, a gente já viu que quanto mais simples for a manipulação do material, mais ele é adotado clinicamente; então por ele necessitar de um plastificador as pessoas hoje estão trocando muito a godiva por material alternativo que possa ser utilizado sem precisar de um plastificador no consultório. Um material termoplástico sofre influência de transformações físicas através da fonte de calor e que esses materiais tanto na fase rígida como na fase plástica eles apresentam a mesma composição química, por isso ele não tem reação química, eles têm transição vítrea. E todo termoplástico se caracteriza por ser um material reversível. - A godiva é classifica como material termoplástico, mas diferente dos hidrocolóides, ela é um material anelástico e então não pode ser usada em pacientes dentados. Material termoplástico: aquele que vai sofrer uma transição vítrea, modificação de arranjo molecular na presença da temperatura; no calor ele plastifica-se e no resfriamento ele vai enrijecer registrando a forma daquilo que você quer copiar. E por ele ser termoplástico, ele é um material reversível. É um material que NÃO é de precisão, sofre uma alteração dimensional em torno de 1,5%, então por conta disso não pode ser utilizado como moldagem de precisão. Para os desdentados totais ele é empregado especificamente para moldagem de estudo. Godiva – Componentes: resina orgânica; cera de abelha; plastificantes (guta-percha e ácido esteárico); cargas (carbonato de Ca e pedra pomes), que vai definir justamente na consistência e controle da plasticidade para que ele tenha uma consistência adequada para fazer moldagens de estudo na prótese total. - Vocês verão que é interessante que todo material inicial para moldar a prótese total tem uma certa consistência para que ele comprima a mucosa e registre tensão de musculatura, para que você possa estudar bem a área de suporte que a dentadura vai ser programada. Todo material para moldagem anatômica ou moldagem de estudo para prótese total deverá ter uma consistência um pouco maior que dos outros materiais, porque nessa moldagem é importante o profissional registrar o estado de tensão de musculatura periférica e o estado de compressão das mucosas de revestimento. Então eles necessitam ter uma consistência um pouco maior e quem define isso é quantidade de carga que vai ser incorporada a esse material. - Godiva – características principais: Anelástico (não pode ser usado em área retentivas, é específico para prótese total); Termoplástico (muda de forma física se transformando em plástico ou rígido na dependência da fonte de calor); A maioria dos fabricantes preconiza que esses materiais devem ser manipulados a uma temperatura entre 55° - 60°; Quando ele for levado a cavidade bucal ele enrijeca a uma temperatura bem mais alta que a temperatura da boca (que é em torno de 37°), então no máximo esse material tem que enrijecer a uma temperatura < 45°, mas normalmente ele enrijece em torno de 39° na hora que é levado a cavidade bucal; Tem uma contração em torno de 1,5% (não é um material de precisão, então só pode ser empregado para moldagem de estudo ou moldagem anatômica). OBS: Material de precisão é todo ele que sofre alteração dimensional < 1% durante a sua polimerização ou modificação de forma física e são usados para moldagem de precisão. Se ele tem uma alteração dimensional durante a sua transformação física para registro da imagem em torno de 1,5% ele não poderá ser utilizado como material de precisão; ele é utilizado para moldagens de estudo das área que a gente quer fazer prótese. Alta viscosidade (a quantidade de cargas é grande para que ele consiga registrar o estado de compressão das mucosas e o estado de tensão da musculatura, que isso vai acontecer quando o paciente estiver mastigando com a prótese total; então eu preciso nas moldagens anatômicas saber qual é o limite que eu tenho de tensão muscular e de compressão da mucosa de revestimento) Sofre influência da temperatura, tem pouca estabilidade dimensional, tem que vazar o molde o mais rápido possível após a sua obtenção. Na hora que molda, tem que vazar imediatamente o modelo após a desinfecção. Vazar o mais rápido possível porque ele tem pouca estabilidade dimensional. No alginato, no máximo, tem que remover com 1 hora que é o tempo mínimo de cristalização do gesso. A godiva não interage com o gesso, se quiser remover 20 dias depois não tem problema. Há interação da godiva com o meio ambiente antes de você vazar o gesso por conta da temperatura; mas depois que vazar o gesso não há mais interação. Por isso que o gesso tem que ser vazado imediatamente após a desinfecção; Mucocompressivo (é importante essa característica pra moldagem preliminar de próteses totais) Alta viscosidade Anelástico (após sua transformação física e registro da imagem ele fica rígido; não pode ser usado em pacientes dentados) Baixa capacidade de reprodução de detalhes (ele é denso feito uma massinha demodelar, então ele não entra em detalhes, então eu não tenho detalhes específicos pra copiar, pra fazer uma moldagem anatômica de prótese total) Baixa condutividade térmica (embora seja termoplástico, ele plastifica primeiro na superfície antes da temperatura chegar internamente. Então na hora que for trabalhar com esse material vai ter que manipular ele pra garantir que haja distribuição de forma e de temperatura e ele adquira sua plasticidade plena). Na hora que ele vai enrijecer, ele enrijece primeiro na superfície até que ele consiga enrijecer internamente. Apresentação comercial: - Forma de placas (específica para moldagens anatômicas na prótese total) - Bastão (específica para moldagem preliminar, onde você molda bordas de moldeira para prótese total) Aqui na disciplina a gente vai utilizar só na forma de placas, pq não tem sentido utilizar a forma em bastão, porque vocês vão moldar manequins desdentados totais e vão fazer moldeiras individuais. Na forma de bastão a gente iria colocar na borda da moldeira e registrar a dinâmica muscular, qual é a dinâmica muscular que a gente vai registrar em um manequim? Não existe!!! Então como vcs já sabem que ele é termoplástico e depende da temperatura para plastificação, vamos usar ele só pra fazer a moldagem preliminar na prótese total, construir modelos e utilizar materiais de precisão pra fazer essa remoldagem; mas que na realidade a técnica refinada vocês vão aprender na prótese total. A gente vai fazer simulação de técnicas que vocês vão utilizar no próximo semestre e que vocês valorizem o conhecimento do material, não é só manipular e esperar acontecer. Na forma de bastão a composição é a mesma, só que ele é específico pra ser utilizado na individualização das bordas de moldeiras individuais que são construídas para moldagem funcional da prótese total. - Forma em placas: é usada especificamente em moldeiras de estoque para desdentado total (que são moldeiras rasas, a específica pra godiva é sem retenção, moldeiras lisas; mas isso não impede que você use moldeiras que tenham retenção em forma de perfuração, pode utilizar, a diferença é que vai dar trabalho pra tirar a godiva dos buraquinhos). Vai ser usado na moldeira, é um material fundamental, ele é o principal responsável na obtenção do molde e como ele sofre uma alteração dimensional em torno de 1,5% ele não é classificado como um material de precisão, não podendo usar esse material para modelos de trabalho, ele é usado para moldagem preliminar, moldagem de estudo ou moldagem anatômica que vai registrar o estado de compressão das mucosas e tensão da musculatura periférica. - Forma de bastão: especifica para uso em moldeiras individuais (que são moldeiras construídas especificamente pra uma boca, depois de utilizada não poderá servir pra outro paciente, ela é descartada); com o bastão vai moldar toda a dinâmica muscular com a godiva em bastão na borda da moldeira. É um material complementar, para moldar bordas em moldeiras individuais. Temos que ficar muito atentos pois a temperatura de plastificação é entre 55° – 60°, se for abaixo disso não vai plastificar e se for acima na hora que for colocar na boca do paciente vai queimar ele. A temperatura até 76° a gente suporta bem, sem ter risco de queimadura. O plastificador tem um pirômetro que você coloca 60° e sabe que a temperatura não vai passar daquilo pq ele liga e desliga mantendo a temperatura constante. Na disciplina não tem plastificador, vamos aquecer água com o auxílio de um mergulhão e um termômetro. Se a temperatura da godiva for maior que 60° ela perde os componentes, perde as características de qualidade que a gente queria. A godiva, como já falamos, é um material que tem baixa condutividade térmica, quando eu aqueço ele plastifica primeiro fora e não chega dentro. Então eu tenho que deixar plastifica em torno de 1 minuto, removo e homogeneízo com a mão pra garantir que a temperatura de fora fique igual a temperatura de dentro, pq ele tem baixa condutividade térmica; por isso a gente pede a vcs um paninho branco liso (TNT branco). Ter muito cuidado com a temperatura pra não queimar e pra não perder os componentes de baixa fusão. E durante o processo a gente sabe que ele tem baixa condutividade térmica e a temperatura também interfere em manter as características. Essa reversibilidade dele (material godiva) está condicionada a ele não entrar em contato com o gesso. Se fez e vazou o modelo, mesmo que ele seja termoplástico eu não posso mais utilizar esse material pra outro paciente nem pra o mesmo paciente se nós decidirmos moldar novamente pq em contato com o gesso ele perde alguns componentes. Godiva em placa: moldagens anatômicas de estudo ou preliminares na prótese total (que é a primeira moldagem, é nela que a gente vai estudar a área de aceitamento da dentadura e conhecer o estado de tensão da musculatura periférica que vai estar em contato com a prótese, é preciso que seja um material que tenha alta viscosidade pra permitir isso aí) As moldeiras específicas pra moldar godiva são moldeiras lisas, mas ela pode ser usada nas moldeiras que tem retenção. Sequência laboratorial: - Moldeira pequena (a específica pra godiva é sem retenção, mas quem comprou retentiva não impede de utilizar) - Seleção da moldeira: tem que recobrir toda área de interesse e deixar a folga pro material de moldagem, em torno de 2-3mm. Já que não tem dentes, a referência vai ser anatômica. A referência anatômica da maxila é a tuberosidade, então ela tem que recobrir o túber e ficar a nível do sulco hamular ou pterigomaxilar. Aí faz do mesmo jeito: coloca atrás da tuberosidade e com um movimento de rotação coloca a moldeira, com isso vai recobrir toda a área deixando uma folga de 2-3mm e lateral mais ou menos da altura do rebord, até cobrir o fundo de saco. - Isolar a face interna da moldeira (não isola borda se não ela se solta) com vaselina sólida pq é um material altamente pegajoso e vai ter que isolar o manequim também. - Manipular 3 placas de godiva no plastificador (temperatura entre 55°-60°), normalmente fica 1 minuto na água aquecida e quando ela começar a ficar plástica a gente vai homogeneizar com a mão pra permitir que a temperatura externa seja levada a face interna da massa; feito isso a gente vai moldar a massa em forma de esfera e colocar no centro da moldeira, redistribuir na moldeira e quando terminar isso a superfície externa em contato o meio ambiente tá mais fria do que dentro, então a gente vai mergulhar na água quente e depois vai moldar. - Vasilinar o manequim e moldeira internamente plastificar homogeneizar dar forma de esfera distribuir na moldeira dar um mergulho no plastificador moldar Feito isso tem que esperar esfriar (se for esperar esfriar espontaneamente vai ficar na boca do paciente por uns 15 min), como ele é um material termoplástico aí coloca o sugador e seringa tríplice, jato de água e de ar, com 30 segundos tira da boca. A superfície fica fosca, vai estar contido no molde toda a estrutura anatômica que a gente quer que registre. Aí depois de todas as estruturas copiadas, a gente vai ver se teve áreas de supercompressão (apertei tanto que o material saiu e a moldeira ficou aparecendo), se a moldeira ficar aparecendo tem que repetir a moldagem. Se isso acontecer não se perde o material, replastifica, tira da moldeira, manipula de novo e coloca na boca; ou áreas de falta de compressão (ex: eu precisava que esse sulco estivesse arredondado, mas ele está angulado e plano, significa que eu não copiei o arredondamento); faltou a compressão de alguma área e não foi registrada. Como ele é um material rígido tem como saber se comprimiu mais de um lado que do outro (é o que se chama movimento de báscula), tem que fazer um movimento de gangorra e se o molde estiver instável significaque está errado, eu comprimi mais de um lado que do outro. Se ele estiver estável a compressão foi correta. Eu não posso fazer isso num material elástico pq se isso acontecer eu só vou descobrir depois. Já no anelástico não, eu levo de volta e vejo se tem báscula, se não tiver báscula está tudo correto pra fazer desinfecção e vazar o modelo. A sequencia que nós vamos usar nos modelos anatômicos (como já fizemos prática de gessos tipo 2 e 4) e com esses modelos nós vamos fazer prática de gesso tipo 3, embora pode vazar esses modelos tanto em gesso tipo 2 como em gesso tipo 3 ( o gesso tipo 3 dá mais um pouquinho de resistência pra fazer o modelo sem quebrar). Vai usar 150 g de gesso tipo 3, sendo 50 g pra primeira camada e 100 g pra segunda camada, que é a base do modelo. Eu posso fazer tudo de uma vez? Posso, a godiva é anelástico, é rígido, não vai se deformar quanto ao peso dos 150 g do gesso. Mas não devo pq na hora que estiver manipulando tá incorporando ar, vai formar bolhas. Pode manipular tudo de uma vez, mas tem um risco maior de formar bolhas. Aí manipula a primeira porção do gesso e com auxílio de pincel coloca no palato e deixa escoar e vai preencher de baixo pra cima até preencher toda área funcional, coloca as retenções mecânicas e quando perder o brilho inicial pode fazer a segunda camada. Manipula 100 g, coloca na base e aí esperamos por quanto tempo quiser pq ele não vai interagir com o gesso. Se for um molde inferior tem que fazer a língua, a base com cera utilidade. Todo modelo inferior tem que ter língua!!! Qual o tempo mínimo pra remoção da godiva? 1 hora. Qual o tempo máximo? Não tem. Na hora de remover a godiva tem que plastificar de novo, vai pegar o conjunto, hidratar 5 minutos (se for 1 h depois não precisa hidratar pq o gesso ainda vai estar úmido), aí leva na água quente de 55°-60° durante mais ou menos 30 segundos, ela amolece aí eu tiro a godiva de cima da moldeira, tiro a moldeira e aí tiro o material que tá molinho. Tira o material e avalia se o modelo está correto, se estiver correto vai fazer o recorte. Qual a forma que o modelo tem que ter pra ser apresentado como modelo na prótese? Toda base de modelo para prótese deve ser octogonal (tem 8 faces), já na ortodontia o modelo tem 6 faces. Pra recortar vai fazer no recortador de gesso. Da área funcional do modelo para trás tem que ficar de 0,5 – 1,0; na região anterior vai fazer um corte paralelo ao posterior de 0,5 – 1,0 da área nobre, preservando a área nobre. Lateralmente vamos dar dois cortes paralelos à forma do arco, o corte lateral acompanha a forma do arco. Mais 4 cortes nas 4 arestas e aí vai ficar com 8 faces. Altura de 1,0 – 1,5, se a altura estiver incorreta vai ter que adequar a altura do gesso. Se a altura tiver menos de 1,0 vai ter que fazer complemento de base, pq o modelo não vai ter resistência mecânica a fratura.
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