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UNIVERSIDADE FEEVALE INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS BACHARELADO DIREITO ARETUSA DO AMARAL RAMOS RELATÓRIO DO FILME PRECISAMOS FALAR SOBRE KEVIN NOVO HAMBURGO 2015 ARETUSA DO AMARAL RAMOS RELATÓRIO DO FILME PRECISAMOS FALAR SOBRE KEVIN Trabalho desenvolvido durante a disciplina de História do Direito e Direito Romano, como parte da avaliação referente ao semestre em questão Profesor: HENRIQUE ALEXANDER GRASSI KESKE NOVO HAMBURGO 2015 RESUMO O trabalho, que aqui é relatado irá abordar inicialmente a narrativa e por seu final as críticas do filme “Precisamos falar sobre Kevin”. Outro fator que será abordado no decorrer do trabalho é a reflexão das cenas que mostram o relacionamento entre pais e filhos, imposição de limites e também iremos trabalhar na parte da psicologia que temos no decorrer do filme. Este trabalho não teve o seu desenvolvimento somente com o filme, foi também através de pesquisas nas áreas de psicologia (psicopata, que foi o caso de Kevin ao demonstrar frieza e falta de remorso pelo seu ato) e do direito que me rendeu grande aprendizagem. CENAS DO FILME Inicialmente, o filme mostra a vida de Eva, visivelmente abatida, solitária, depressiva e socialmente marginalizada, sem deixar, no entanto, um motivo aparente. Para Eva o parto surge como um momento doloroso, extremamente difícil, um fardo repleto de sofrimento e desgosto. Ao atingir idades entre quatro a dez anos, Kevin demonstra ser uma criança cada vez mais irônica, sádica e irritante. O personagem é apresentado em três “estágios” de desenvolvimento, o que enriquece ainda mais a trama, mostrando a personalidade forte do garoto desde o nascimento. Ao longo da trama a sensação constantemente sentida é que Kevin é um ser repugnante, desprovido de empatia e carisma, que nasceu somente para causar o sofrimento da mãe. Enquanto Eva é a única que vê a crueldade do filho, o pai fecha os olhos e deixa passar todos os problemas que estão gritando por todos os cantos da casa. A família é o primeiro grupo em que a criança está inserida, e é daí que partirão os princípios e valores. PRECISAMOS FALAR SOBRE KEVIN Baseado no best seller de Lionel, Precisamos falar sobre Kevin é um suspense psicológico conduzido pelas memórias de uma mãe, Eva, sobre o nascimento, desenvolvimento e fatídico desfecho de seu primogênito (Kevin). O filme tem um curso interrompido, por vezes lembrando o andamento de um então pesadelo que, na verdade, é real. Uma mistura de acontecimentos vividos por Eva após o evento catastrófico consumado por seu filho, com memórias desde antes do nascimento de Kevin e imagens onde predominam a cor vermelha. Sem dúvidas, o filme introduz doses crescentes de muita tensão até a repleção de nossa capacidade de pensar e sentir, verificando-se com sucesso a transmissão das emoções dessa parelha mãe-filho, em seu relacionamento vazio e violento. O filme Precisamos falar sobre Kevin pode ser pensado como uma grande tentativa de entendimento e reparação de uma mãe afogada em culpa pelos atos horrendos de seu filho. O ponto de vista é o da mãe, que busca um sentido para seu passado e presente. Vinda de uma carreira bem-sucedida como escritora de livros turísticos e uma vida exclusivamente a dois (Eva e Franklin); desde antes do parto, a maternidade parece se configurar como um fardo muito difícil de ser carregado. É nítido que Eva encontra-se em uma profunda depressão pós-parto; o filme vai muito além disso, mostrando todos os desdobramentos do vultuoso encontro entre características inatas e um ambiente pouco favorável. Kevin, filho de Eva, vem ao mundo nos braços de sua mãe devastada, que não aceitava nem o fato de esta dando a luz. O filme mostra as interações crescentes de violência entre os dois ao mesmo tempo em que entrecorta as imagens com tentativas da mãe de reparar, seja raspando a tinta vermelha jogada em sua casa após a tragédia, seja na infância de Kevin, quando tentava ser amável com ele, tentando jogar bola ou ensinando Kevin a falar. O desapego e desinteresse de Kevin pelo mundo fica nítido em diversos momentos e em situações de seu desenvolvimento. Kevin cresce com diversas manifestações de crueldade, desprovido de qualquer empatia, primeiramente contra sua mãe e depois contra seus colegas de escola. Os atos de violência são predominantemente substituem quaisquer outras formas de demonstração de afeto entre os dois. Seu relacionamento não é penetrado por ninguém, seja pelo pai, seja por outras pessoas, como o pediatra que o acha totalmente normal e outra médica, que comenta ser Kevin um menino muito corajoso. A ausência do pai é constante durante toda a história e mostra-se desde na sua incapacidade de dar-se conta da agressividade de Kevin em pequenos eventos da infância, sempre amenizando como coisas que meninos fazem, até no auge de incentivá-lo desde muito cedo à perfeição da prática da fatal arte do arco-e- flecha, sabendo que a história favorita de Kevin era a do Robin Hood. Notavelmente a ausência de limites em toda a criação de Kevin, explicitada da forma mais cruel quando ambos os pais acobertam o fato de Kevin ter supostamente causado a perda de um olho de sua irmã mais nova. Eva é obrigada pelo marido a falar para Kevin não se sentir culpado, mesmo ela sabendo que seu filho tinha a capacidade de ferir a irmã por ser um menino cruel. Ao mesmo tempo em que Kevin se relaciona com toda família de forma quase exclusivamente violenta, Eva é a única que de fato o conhece, sabe verificar no olhar do filho o que o mesmo poderá ter a capacidade de fazer. Seu pai conhece apenas o lado agradável que Kevin faz questão de demonstrar em contraste com como se comporta com sua mãe. Eva é a única que percebe a maldade de seu filho, desde muito cedo, mas não consegue fazer nada para conter ou alterar seu curso. Ela relembra os inúmeros eventos perpetrados por Kevin e, de certa forma, se enxerga nele. Eva vê sua própria agressividade em seu filho e isso a imobiliza ainda mais. Mesmo quando sua maldade fica evidente, ninguém parece percebê-la. Kevin mistura crescente dissimulação, inteligência com requintes de crueldade e ao longo da história vai preparando sua mórbida obra-prima. Uma família que não consegue falar sobre Kevin, muito menos reconhecer a gravidade do comportamento dele, a não ser quando ele se torna um serial killer nacionalmente famoso por ter cometido um massacre. Sem dúvidas um filme emocionante que traz à tona inúmeras questões a serem discutidas tanto do ponto de vista do relacionamento entre pais e filhos, da imposição de limites, da repercussão da dificuldade de comunicação de afetos entre mãe e filho e da dificuldade dos pais em entrar em contato com aspectos cruéis de seus filhos. Também como a sociedade encara o fato de um psicopata homicida retornar a sua vida após cumprir alguns anos de prisão. Busquei através da ciência de estudo específica, psicologia, trabalhar de início em algumas cenas do filme, primeiramente temos a cena do parto de Eva, na qual a mesma rejeita o filho, ela é incapaz de sentir algo por ele. Uma depressão pós-parto é visível.Eva e Franklin tinham uma vida a dois maravilhosa e o nascimento de Kevin fez tudo mudar, ela gostaria de voltar atrás e muitas vezes deixou isso transparecer na criação de Kevin. A escolha que envolve a psicologia também se deu, pois Kevin tinha um perfil muito interessante, muitas vezes se mostrou dissimulado fazendo uso da autoconfiança a ponto de manipular seu pai quando mostrava que arco-flecha era apenas um hobby de uma história favorita. Considerações finais “Quando a gente acha que tem todas as respostas, vem à vida e muda todas as perguntas” (Luís Fernando Veríssimo). O filme trouxe um toque de realidade surpreendente, ainda mais para os estudantes de Direito. Deparamo-nos com fatos envolvendo psicologia e direito em vários pontos. Através do ato de desequilíbrio psicológico de Kevin tivemos a oportunidade de mensurar as lembranças e dores de Eva por não ter conseguido salvar seu filho. Talvez quando uma mãe já não tem mais recursos para tentar ajudar seu filho e já luta contra si mesmo, acaba aceitando o inaceitável. Tenho em mente como estudante e pelo rumo que tomou o final do filme que Kevin foi condenado por homicídio e preso aos 16 anos até completar 21 anos. O sistema federativo americano concede liberdade aos estados para definirem suas leis e, por isso, não há lei federal sobre maioridade penal. Mas o conceito é unificado: trata-se da idade a partir da qual um americano é automaticamente considerado um adulto para efeitos de responsabilidade legal. Atualmente, 37 estados e o DC fixam a maioridade aos 18 anos; outros 11 aos 17 anos. Apenas dois a estabelecem aos 16: Nova York e Carolina do Norte. Os critérios para a transferência do caso da Vara de Infância para uma Corte comum variam, com base nas legislações estaduais, mas têm em geral a mesma espinha dorsal: a prática de crime grave, como no caso do filme, assassinato. Por esse fato concluo o meu relatório do filme “Precisamos falar sobre Kevin” com grandes lições para minha vida pessoal e mais ainda para minha futura carreira profissional, sei que essa vai me exigir muito conhecimento. REFERENCIA 1. SANTANA, Ana Lucia. Psicopata. Publicado 17/11/2007. Disponível em: < http://www.infoescola.com/psicologia/psicopata/ > Acesso em 14 nov 2015. 2. RAMSAY, Lynne. Filme Precisamos falar sobre Kevin, 2012.
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