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Rolim de Moura - RO 2016 VIVIANI RONCEN SOARES SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR A DIDÁTICA NO ENSINO SUPERIOR: Perspectivas e Desafios Rolim de Moura – RO 2016 A DIDÁTICA NO ENSINO SUPERIOR: Perspectivas e Desafios Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de especialista em Docência do Ensino Superior. VIVIANI RONCEN SOARES SOARES, Viviani Roncen. A didática no ensino superior: perspectivas e desafios. 2016. 15. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Docência do Ensino Superior) – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Rolim de Moura - RO, 2016. RESUMO As práticas e desafios da didática moderna estão cada vez mais focadas nas necessidades e realidade enfrentadas pela sociedade em seu cotidiano de vida e uma das grandes barreiras a ser enfrentada nesta fase é acabar com a tradição de um único modelo de ensino, de modo que o aluno sinta-se motivado a estar em sala de aula em busca de novos conhecimentos, pois nas últimas décadas os avanços tecnológicos e a informatização tem gerado mudanças constantes na vida da população, inclusive no ambiente de aprendizado, fazendo com que o professor sinta a necessidade de buscar estratégias inovadoras que tornem suas aulas mais cativantes e motivadoras. O presente estudo objetivou-se por meio de uma revisão bibliográfica refletir sobre a didática de ensino superior moderna, ampliando o nível de conhecimento sobre as perspectivas e desafios enfrentados pelas instituições de ensino e professores nesta nova contemporaneidade. A metodologia trata-se de uma revisão bibliográfica em livros e artigos sobre a temática proposta, publicados entre 2000 e 2015, coletados nas bases de dados do google acadêmico, scielo e biblioteca universitária. Os resultados apontaram que o educador moderno deve proporcionar ao aluno uma diversidade de oportunidades de aprendizagem de modo flexível, inovador, comunicador e criativo, deixando de ser visto como o sujeito que ensina e adotando a postura de indivíduo orientador, incentivador e controlador do aprendizado, que além de transmitir conhecimentos, também estimula o aluno a trocar conhecimentos com outras pessoas, fazendo com que o aluno seja agente de sua própria história. Conclui-se que o professor moderno necessita ampliar suas práticas de ensino, criar situações e lançar desafios a seus acadêmicos para que eles tenham a oportunidade de construir saberes e aprendizados que vão além de seu meio social, de modo que não sintam-se presos a uma realidade que não pertence a seu cotidiano de vida. O professor moderno deve ser mediador, ajudar o aluno a aprender a aprender. Palavras-chave: Didática. Ensino Superior. Perspectivas. Desafios. Atualidade. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 04 2 DIDÁTICA .................................................................................................................. 06 2.1 ORIGEM HISTÓRICA ............................................................................................. 06 2.2 PERSPECTIVAS E DESAFIOS DA DIDÁTICA MODERNA .................................... 08 2.3 A POSTURA DO PROFESSOR MODERNO EM SALA DE AULA ......................... 11 2.4 PROFESSOR REFLEXIVO E PESQUISADOR ...................................................... 12 4 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 13 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 15 ANEXOS ....................................................................................................................... 18 ANEXO A – Didática Tradicional x Didática Contemporânea ........................................ 19 4 1 INTRODUÇÃO Desde o começo do século XX é possível observar a grande expansão que as instituições de ensino superior têm sofrido, visando ampliar as qualidades do ensino e atender as necessidades da demanda de profissionais cada vez mais qualificados para o mercado de trabalho. De acordo com o Censo da Educação Superior do Brasil (CES) entre 2001 a 2010, o número de universitários brasileiros quase dobrou, alcançando 6,5 milhões de ingressos nos cursos de graduação e 173 mil no campo de pós-graduação (MEC, 2011 apud SANTO; LUZ, 2013). As práticas e desafios da didática moderna estão cada vez mais focadas nas necessidades e realidade enfrentadas pela sociedade, a ação do educador precisa embasar-se em fins pedagógicos, porém, não deve ficar focada apenas neste contexto, limitando os conhecimentos do aluno em relação ao ambiente onde está inserido (ALMEIDA, 2015). Uma das grandes barreiras a ser ultrapassadas nesta modernidade na formação de professores é acabar com a tradição de um único modelo de ensino. Portanto, este é o momento de redefinir a profissão e compreensão desses profissionais em relação à prática da didática. Mas para esta redefinição é fundamental atentar-se as mudanças neste campo de ensino, estar aberto a novas oportunidades e conhecimentos, criar e inovar as estratégias de ensino, pois assim como o aluno, o professor também deve se pôr na posição de eterno aprendiz, buscando sempre a educação continuada (ARAÚJO; YOSHIDA, 2009). O educador deve proporcionar ao aluno uma diversidade de oportunidades de aprendizagem de modo renovado e inovador, deixando de lado a visão instrumental de uma prática tradicional para uma didática fundamental (ALMEIDA, 2015). A escolha deste tema justifica-se pelo fato de nas últimas décadas os avanços tecnológicos e a informatização estarem produzindo constantes mudanças na vida da sociedade, inclusive no ambiente de aprendizado, onde o educador passa a enfrentar novos desafios em sua metodologia de ensino, gerando a necessidade de buscar estratégias inovadoras que tornem suas aulas mais cativantes e motivadoras. Por meio desta revisão de literatura, busca-se ampliar o nível de 5 conhecimento acerca da didática no ensino superior contemporânea, levando maiores informações a nível acadêmico sobre a importância das instituições de ensino e educadores renovarem suas metodologias educacionais inserindo em suas aulas novos métodos de ensino e aprendizagem. O presente estudo objetivou-se por meio de uma revisão bibliográfica refletir sobre a didática de ensino superior moderna, ampliando o nível de conhecimento sobre as perspectivas e desafios enfrentados pelas instituições de ensino e professores nesta nova contemporaneidade. 6 2 DIDÁTICA 2.1 ORIGEM HISTÓRICA O termo didática vem do grego didaktiké que significa “a arte de ensinar” e nasceu das práticas do pensador Comenius (1592-1670) conhecido por Criador da Didática Moderna, o qual tinha como objetivo a reforma da escola e do ensino, com base na didática magna de ensinar tudo a todos, transformando o indivíduo em um homem ideal. Já a palavra didata é utilizada para definir o profissional de ensino, que atua no desenvolvimento e reflexão sobre sua prática de ensino em uma disciplina específica do conhecimento (ALMEIDA,2015; FERREIRA, 2009). O modelo tradicional de ensino foi criado no século XVIII e sua principal finalidade era de ampliar o acesso ao conhecimento e segue uma postura estabilizada e resistente a inovações. As instituições de ensino que empregam este método defendem a ideia de que a formação de estudantes críticos e criativos é resposta da bagagem de conhecimentos que ele adquire e consolida ao longo de sua vida. Vê o professor como o sujeito ativo que detém e transmite conhecimentos, conservando determinada distância do aluno em sala de aula, para que este se mantenha como passivo. O aluno é avaliado periodicamente, por meio de provas que atestem sua capacidade individual, prevalecendo o quantitativo sobre o qualitativo (ALMEIDA, 2015). A didática manteve-se no âmbito da educação até o século XIX, mas no início do século XX, outras áreas da ciência como é o caso da Psicologia e da Biologia, passaram a contribuir significativamente com a didática, estimulando vários movimentos de reforma escolar que acolhiam a falência do tradicional modelo didático e buscavam uma educação com características psicológicas relacionadas à prática de ensino e aprendizagem. Em meados do século XX, com a pedagogia tecnicista, a didática ganhou um conceito instrumental que destacava apenas a preparação de planos de ensino, definição de objetivos, escolha de métodos de ensino e conteúdos, vindo a se confundir com a metodologia de ensino (GIL, 2008). Mesmo com os avanços e inovações tecnológicas, os educadores ainda utilizam parcialmente métodos tradicionais em suas aulas e adotam posturas pouco inovadoras em sua forma de avaliar o conhecimento dos alunos, onde o aluno 7 executa abordagens que lhes são prescritas, sendo ensinado e instruído pelo professor (ALMEIDA, 2015). A postura meramente instrumental do sistema de ensino tem sido muito criticada pelos educadores, pois estes entendem a necessidade de elaborar um plano de ensino transformador, que foque a realidade da sociedade e que transmita uma proposta pedagógica que propiciem ao educando a oportunidade de agir como um cidadão causador de mudanças (GIL, 2008). Neste ponto de vista, Libâneo define que: [...] não existe o aluno em geral, mas o aluno vivendo numa sociedade determinada, que faz parte de um grupo social e cultura determinado, sendo que estas circunstâncias interferem na sua capacidade de aprender nos seus valores e atitudes, na sua linguagem e suas motivações [...] Um professor que aspira ter uma boa didática necessita aprender a cada dia como lidar com a subjetividade dos alunos, sua linguagem, sua percepções, sua prática de vida. Sem esta disposição, será incapaz de colocar problemas, desafios, perguntas relacionadas com o conteúdo, condição para se conseguir uma aprendizagem significativa. (LIBÂNEO, 2002, p. 9) Cabe ao educador, como facilitador e mediador do conhecimento, dominar o conteúdo e estabelecer uma estrutura do saber fazer, de modo organizado, claro e expressivo, vendo seus alunos por um novo ângulo, assim como trabalhar em grupo, para favorecer a ação do outro. O professor além de elaborar suas aulas também deve buscar contextualiza-las, inserindo em seu plano de aula, estratégias dinâmicas e completas que forneçam informações claras, objetivas e coerentes (RODRIGUES; MOURA; TESTA, 2011). As instituições de ensino superior brasileiro seguem as normas da Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, n° 9.394/96, que estabelece sobre o sistema de ensino básico, fundamental, médio e superior, a qual rege em seu art. 43, VI que o professor do ensino superior tem a missão de “estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, preparando-os para prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade”, para a LDB o educador deve buscar meios de estimular seus alunos de maneira que seu nível social, econômico e cultural trilhem juntos, em uma mesma direção aos problemas vivenciados no cotidiano de vida da sociedade local, regional, nacional e mundial, visando preparar o acadêmico para exercer a cidadania com consciência, responsabilidade e sustentabilidade. Autonomia esta, que segundo Mendes (2010) contribui para o alcance de uma educação mais significativa e de 8 qualidade para o aluno, frente a um espaço de inovação, estímulo e dinamismo vivenciado nos últimos anos no cenário brasileiro. 2.2 PERSPECTIVAS E DESAFIOS DA DIDÁTICA MODERNA A didática aplicada nas instituições de ensino superior enfrenta grandes desafios, inclusive quando se leva em consideração a escassez de qualificação do docente universitário quanto às questões pedagógicas e a simples contribuição que as universidades de pedagogia oferecem para esta área. Além disso, a característica de aprendizagem relacionada com o discente adulto leva a refletir sobre a própria eficácia da didática quanto arte de ensinar. Não diferente as barreiras que surgem, o professor universitário tem em seu caminho excelentes oportunidades para ir em busca de qualificação profissional reflexiva, que é a chave desta profissão na (SANTO; LUZ, 2013). Esta transformação que vem sendo apreciada pelas instituições de ensino superior na formação permanente dos estudantes, não pode ser vista somente como um modelo de conhecimento pedagógico, científico e cultural do educador, é preciso considerar como sendo uma descoberta da teoria no intuito de fundamentar, organizar, revisar e contribuir para uma nova forma de ensino para que o acadêmico em sala de aula não venha a se deparar apenas com o conteúdo programático da grade curricular de ensino referente ao seu curso (IMBERNÓN, 2000). O objetivo da educação é o de formar um homem novo; portanto, os fatores ativos da educação devem tender a fazer com que o educando haja cada vez mais por si próprio, e sempre mais por si enfrente o ambiente. É preciso então, de um lado, colocá-lo constantemente em contato com todos os fatores do ambiente; de outro, deixar-lhe a responsabilidade da escolha, seguindo uma linha evolutiva determinada pela consciência de que o aprendente deverá chegar a ser capaz de, perante qualquer situação, "agir por si" (GIUSSANI, 2000, p. 72). O aprendizado é um meio informativo que capacita o ser humano para viver em sociedade, mas, mesmo assim, este conhecimento só trará algum sentido positivo se a crítica se sobrepuser à realidade por ele vivenciada em seu cotidiano de vida. Portanto, a necessidade do aluno auto desenvolver seu conhecimento crítico, de forma que se esteja apto tanto a receber, compreender e 9 transmitir informações, onde ao mesmo tempo se torne uma pessoa crítica e um pesquisador de ideias, e o professor é a peça chave para este acontecimento (BELOTTI; FARIA, 2010). A maioria dos acadêmicos tem habilidades para receber, compreender e transmitir informações, no entanto, existem outros que possuem dificuldades em lidar com estas três competências ao mesmo tempo, o que os torna inaptos para ministrar metodologias de ensino (VASCONCELOS, 2000). No cotidiano de vida acadêmico, o educador é desafiado a desenvolver gradativamente, saberes oriundos do próprio processo de trabalho. E é justamente o desenvolvimento dessa sabedoria que requerem dele prática, tempo, experiência, entre outros. A reflexão e processo nos últimos anos tornaram-se o eixo central para a construção de saberes, conhecimento e identidade profissional (GOMES, 2015). O professor do ensino superior ao entrar em sala de aula, não deve apenas ensinar o conteúdo programático da grade de ensino, deve definir o assunto e desafiar os alunos a irem em busca de respostas,a irem além do que imaginam alcançar (MASETTO, 2003). “O conhecimento que o educando transfere representa uma resposta à situação de opressão a que se chega pelo processo de compreensão, reflexão e crítica” (LIBÂNEO, 1991, p. 54 apud BELOTTI; FARIA, 2010, p. 10). As perspectivas de um grande profissional “são descrições em que se misturam objetivos, conteúdos, recomendações morais, gerando superposições e imprecisões quanto ao perfil do egresso”, e a partir disso, o aluno deve manter-se atento aos seus direitos e deveres, inclusive ao que se refere à qualidade do ensino que a instituição lhe oferece, pois a extensão do processo de ensino-aprendizagem também muda (LIBÂNEO, 2006, p. 847). No entendimento de Candau (2001, p. 48), “o aluno na Educação Superior deve estabelecer seus objetivos, selecionar conteúdos de seu interesse, estabelecer estratégias de aprendizagem e organizar as tecnologias que poderão otimizar essa aprendizagem” e trocar informações com o educador, e caso surjam dúvidas, devem juntos, buscar soluções e respostas. Saber como agir com os estudantes em sala de aula, mantendo o equilíbrio e a harmonia no ambiente, a concentração nas disciplinas e a assimilação dos conteúdos não é tarefa fácil, o que torna um grande desafio ao professor. Fato 10 este que ocorre devido aos avanços globais e tecnológicos que acabam gerando distração do aluno em relação às atividades em sala de aula. Mas como agir diante de tais situações? (ALMEIDA, 2015). O professor moderno deve ser responsável por sua função, dinâmico, inteligente, aquele que todos desejam ter nas universidades, aquele sujeito que está sempre apto a ensinar seus alunos o caminho da biblioteca (DIAZ et al., 2008). Que desafia, estimula e ajuda os educandos sobre determinado objeto de aprendizagem, que possa atender as necessidades dos mesmos, e que os auxilie a tomar consciência e decisões em relação aos problemas enfrentados no cotidiano de vida da sociedade onde estão inseridos e preparando-os para o mercado e não apenas enchendo espaços em suas mentes (BORDENAVE, 2008). O professor moderno tem que ser flexível, inovador, comunicador, criativo, um sujeito orientador, incentivador e controlador do aprendizado, que além de transmitir conhecimentos, também incentiva o aluno trocar conhecimentos com outras pessoas. Assim, o aluno deixa de ser um sujeito passivo, e passa a ser um agente ativo de sua própria ação (RODRIGUES; MOURA; TESTA, 2011). Para fazer com que alguém preste atenção em mim preciso ser um estímulo suficientemente interessante. Para que alguém concentre sua atividade psíquica sobre mim, professor, e, ouvindo-me consiga fixar-se nas minhas palavras, nos meus gestos, consiga definir e selecionar percepções, absorver conceitos. Para que tal concentração aconteça, preciso desdobrar- me. Só assim conquistarei a atenção de meus alunos, seja essa atenção espontânea ou voluntária, despertando neles o processo intelectivo, afetivo e volitivo. (PERISSÉ, 2004, p. 45) A aula tem que ser capaz de despertar o interesse do estudante, ser atraente, cativante, de forma que ele sinta vontade de estar em sala de aula aprendendo. Caso contrário, o aluno não sentirá motivação para apreciar, mesmo sabendo da relevância que o ensino traz para a vida do ser humano. Por isto, cabe ao docente buscar ferramentas estratégicas que despertem e estimulem o aprendizado. Os instrumentos audiovisuais contribuem para auxiliar o aluno, porém, por si só não é capaz de gerar resultados suficientes. O dialogo, o planejamento e a metodologia são fundamentais nesta jornada (TIBA, 2006). Nos últimos anos, tornou-se imprescindível reconhecer a iminência de uma didática que produza uma reflexão crítica e a adaptação de conteúdos. Questão esta que se intensifica no mundo moderno, marcado por uma diversidade 11 de informações e novidades científicas, culturais, tecnológicas e educacionais, que despertam a necessidade de uma formação permanente. Nesse cenário, fazem-se presente as tecnologias, contribuindo para o processo de ensino e aprendizagem. É preciso explorar as tecnologias para trabalhar os acontecimentos cotidianos, de forma que os estudantes consigam visualizar o que está sendo falado em sala de aula. Entre estas opções, podem ser utilizados vídeos, debates, entrevistas, entre outros subsídios que ajudam o professor a introduzir o assunto abordado em sala (GOMES, 2015). 2.3 A POSTURA DO PROFESSOR MODERNO EM SALA DE AULA O professor moderno precisa adotar uma postura mais flexível, mantendo-se aberto a questionamentos, indagações, críticas e curiosidades por parte dos alunos, pois estes elementos tornam o educador um sujeito capaz de transmitir conhecimentos e saber respeitar o ponto de vista dos estudantes, pois nesta nova fase da educação, o professor não é mais visto como um ser que apenas educa, mas que do mesmo modo que transmite seus saberes também adquire, estando em constante aprendizado (FREIRE, 2006). Em sala de aula, o professor deve adotar uma postura democrática, flexível e de respeito mútuo em relação à visão de seus discentes, sabendo integrar sua mediação ao conhecimento dos alunos, de forma que este conhecimento seja ampliado e venha a somar com o que já foi adquirido pelo aluno em seu meio social. Por isso, é importante saber qual o ponto de vista que o educando tem em relação a determinado assunto, pois é a partir disto que o professor mediador poderá construir o caminho a ser percorrido de modo que o aprendizado se expanda, evitando assim ideias equivocadas (ALMEIDA, 2015). Compete ao educador a missão de formar cidadãos: [...] capazes de, com rapidez, originalidade e eficiência, adaptarem-se às necessidades de cada momento, com visão crítica do meio no qual estarão atuando e com ciência da sua própria responsabilidade, não apenas como profissionais, as também como cidadãos. (VASCONCELOS, 2000, p. 26). Por isso, não é uma idéia muito viável o professor impor-se em sala de aula como se ele fosse o único a deter de conhecimentos “o dono da razão ou do 12 saber”, pois o educador que age desta forma imperativa, sem estar disposto a ouvir seus alunos e abrir espaço para que possam dialogar, acaba influenciando a perda de interesse pela aula. Á postura imperativa e grotesca adotada por muitos professores que querem mostrar aos alunos que ele é quem manda em sala, acaba privando o educando de expandir seu aprendizado sobre determinado assunto, por causa de um ou dois minutos de atraso, sendo que na maioria das vezes ainda não foi realizada a chamada e o conteúdo não começou a ser apresentado, mesmo assim, o educador acaba barrando a entrada do aluno na sala, declarando que se ele tivesse interesse em aprender, teria chegado no horário certo (ALMEIDA, 2015). 2.4 PROFESSOR REFLEXIVO E PESQUISADOR O professor reflexivo é aquele que pensa e medita constantemente sobre a ação de seu processo pedagógico e seus conceitos didáticos (LANDIM NETO; BARBOSA, 2012). O professor nunca estará totalmente pronto (formado), seu constante aperfeiçoamento, preparação e maturação é adquirida no dia a dia, na reflexão e na mediação teórica sobre a sua prática pedagógica. Os campos de conhecimentos que lhes servem de base são modos de ver e compreender integralmente o seu objeto de ação (LUCKESI 2010). [...] os professores estão constantemente tomando decisões, o que pode acontecer antes, durante e depois da aula. A prática reflexiva, cujos principais elementos são o conhecimento geral (acadêmico) e os valores pessoais, liberta o professor do comportamento de rotina, faz com que planeje aulas mais atrativase o habilita a agir de forma determinada, melhorando a prática do ensino. (KUBATA; FRÓES; FONTANEZI, 2009, p. 9). Neste novo cenário da educação, é fundamental que o educador repense sua prática pedagógica para a construção do conhecimento e formulação de hipóteses. O professor reflexivo consegue ir muito além dos muros da escola, é pesquisador, crítico, inovador, transformador, sabe aplicar novos métodos na didática do ensino superior. Parte de sua realidade e envolve todas as pesquisas do meio social, de forma que o aluno desenvolva sua capacidade crítica e reflexiva em relação aos conteúdos aplicados em sala (LANDIM NETO; BARBOSA, 2012). O professor que reflete sobre os problemas que envolvem seu 13 ambiente de aula, é um profissional que visa o desenvolvimento dos estudantes, por isso, é importante sempre refletir sobre o comportamento de seus alunos e as dificuldades por eles encontradas, assim como, suas próprias dificuldades e suas possíveis causas. Obviamente, o educador reflexivo será diferente dos demais profissionais da área, pois deixa de ser apenas um professor que cumpre com sua rotina de aula e passa a trazer novidades, estudos, pesquisas, entre outros subsídios que enriquecem e melhoram a qualidade do ensino (KUBATA; FRÓES; FONTANEZI, 2009). 3 CONCLUSÃO O presente estudo objetivou-se por meio de uma revisão bibliográfica refletir sobre a didática de ensino superior moderna, ampliando o nível de conhecimento sobre as perspectivas e desafios enfrentados pelas instituições de ensino e professores nesta nova contemporaneidade. Diante desta pesquisa, foi possível observar que da mesma forma em que o cenário socioeconômico e cultural te sofrido mudanças, a metodologia de ensino também tem se modificado. os avanços tecnológicos e inovações tornam o mercado mais acirrado e competitivo e consequentemente a necessidade das instituições de ensino preparar profissionais cada vez mais capacitados ao mercado de trabalho e para isso, os professores precisam utilizar das mais diversas técnicas para suprir estas necessidades. Conclui-se que este trabalho alcançou o objetivo proposto, uma vez que demonstrou que nesta nova fase contemporânea, o professor tem enfrentado diversos desafios e perspectivas em relação a sua didática de ensino aplicada em sala de aula, pois não basta apenas transmitir conhecimentos previstos na grade curricular acadêmica, mais buscar um diferencial em suas aulas, que as torne mais atraentes, estimulantes e diferenciadas, de forma que o aluno sinta vontade de estar em sala de aula adquirindo conhecimentos. Este estudo contribuiu para ampliar o nível de conhecimento como acadêmica da área de didática do ensino superior, uma vez que possibilitou ter uma visão mais objetiva sobre como o professor deve agir no ambiente de sala de aula para que consiga atrair para si a atenção das aulas, aumentando a qualidade de ensino e aprendizagem e tornando-se um profissional diferenciado dos demais. Portanto, entende-se que este estudo não deve esgotar-se nesta 14 pesquisa, ficando esta temática como sugestão para estudos acadêmicos mais aprofundados onde se busque conhecer qual a postura adotada pelos professores universitários de Rolim de Moura em sua metodologia de ensino. 15 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Hélio Mangueira de. A didática no ensino superior: práticas e desafios. Estação Científica - Juiz de Fora, nº 14, julho – dezembro / 2015. Disponível em: <http://portal.estacio.br/docs%5Crevista_estacao_cientifica/07-14.pdf>. Acesso em: 26 jun. 2016. ARAÚJO, Paullyane Leal de.; YOSHIDA, Sônia Maria Pinheiro Ferro. Professor: desafios da prática pedagógica na atualidade. [Artigo de Revisão]. 2009. Disponível em: <http://www.ice.edu.br/TNX/storage/webdisco/2009/11/03/outros/608f3503025bdeb7 0200a86b2b89185a.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2016. BELOTTI, S. H. A.; FARIA, M. A. Relação Professor/Aluno. Revista Eletrônica Saberes da Educação – Volume 1 – nº 1 – 2010. 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Essas mudanças propiciaram a centralização do poder político na figura do rei, à medida que se constituíam os Estados nacionais. Junto a isso, aconteciam as rupturas na Igreja Católica das quais nasceram os movimentos protestantes. Dentre outras críticas, o Protestantismo postulava que a Bíblia deveria ser interpretada por cada indivíduo, e não por intermédio de um sacerdote. O saber, antes fechado nos mosteiros católicos, deveria estar disponível a leigos. Esses fatores contribuíram para o interesse em sistematizar o ensino, e influenciaram a forma como a didática foi pensada. Na Didática Tradicional, a escola é marcada pelo conservadorismo cultural. O Saber (conteúdo) já produzido é muito mais importante do que a experiência que o sujeito venha a possuir. A ênfase é dada à acumulação de conhecimento de todas as descobertas da humanidade. O importante é a quantidade de conhecimentos colocada e passada ao aluno, e não a qualidade dos mesmos. Isso torna central a transmissão desse conhecimento, que é determinado pelo professor e assimilado pelo aluno, tornando a prática pedagógica estática, sem que haja questionamento da realidade e das relações existentes, sem pretender qualquer transformação da sociedade. O trabalho pedagógico, neste enfoque, mostra grande desvinculação da educação com a sociedade. A educação em nada contribui para a mudança social, ao contrário, evita todo processo de mudança por enfatizar o aspecto humanístico, que se desloca da realidade. A didática tradicional é vista como “conjunto de normas e regras para ensinar a dar aula, que leva a centralização no método de ensinar (...). Os conteúdos, a prática pedagógica são neutros e completamente desvinculados de nossa realidade”. 20 O que é a Didática Contemporânea? A Didática Contemporânea entende o aluno como sujeito do processo de ensino aprendizagem e o professor deve oferecer condições propícias para estimular o interesse dos mesmos e sua interação neste processo, onde ele também ajuda na construção. Ela parte do princípio de que o aluno é o centro da escola em torno do qual se desenvolvem os programas curriculares e a atividade professor que é o orientador do processo educativo. São valorizados os princípios da liberdade, da individualidade e da construção coletiva. A avaliação é de natureza qualitativa, valorizando a participação ativa dos alunos e o seu crescimento individual dentro do processo de construção da sua aprendizagem. Fonte: Danilo Topo (2015). SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 2 DIDÁTICA 3 CONCLUSÃO REFERÊNCIAS