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Direito das Famílias Aula 2 Profª. Esp. Graziela Regina Munari Lothammer a) Noções de Direito das Famílias Um conceito moderno de família, recai sobre a entidade familiar que ultrapassa os limites da previsão jurídica (casamento, união estável e família monoparental) para abarcar todo e qualquer agrupamento de pessoas onde permeie o elemento afeto (affectio familiae), assim o ordenamento jurídico deverá sempre reconhecer como família todo e qualquer grupo no qual os seus membros enxergam uns aos outros como seu familiar. Família Monoparental A Constituição Federal em seu artigo 226, § 4º positivou o reconhecimento da família constituída por um dos pais e seus filhos, chamando-a de Família monoparental, utilizaram-se dessa terminologia para deixar explícito que é formada por apenas a mãe ou o pai e seus descendentes, ou seja, terá somente a presença de um genitor que será responsável pelo sustento, educação e criação dos filhos. Para se configurar uma família como monoparental, basta haver diferença de gerações entre um de seus membros e os demais desde que não haja relacionamento de ordem sexual entre eles. Mas não é a presença de menores de idade que permite o reconhecimento da família como monoparental. A maioridade dos descendentes não descaracteriza a monoparentalidade como família. b) Princípios do Direito de Família 1. Princípio do respeito à dignidade da pessoa humana, artigo 1º, III CF. Dignidade dos membros da família, personalidade dos filhos, igualdade entre homens e mulheres, possibilidade de dissolução conjugal, planejamento familiar, artigo 226, §§§ 1,2,3,4,5,6,7,8 CF. 2. Princípio da igualdade jurídica dos cônjuges e dos companheiros Direitos e deveres são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher, artigo 226, § 5º CF e artigo 1567, § único Código Civil. 3. Princípio da igualdade jurídica de todos os filhos Filhos havidos ou não das relações do casamento ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidos quaisquer discriminações. Igualdade entre os filhos, não há mais distinção entre os filhos legítimos e ilegítimos. Todos são apenas filhos legítimos, artigo 227, § 6º CF e artigo 1629 do Código Civil. 4.Princípio da paternidade responsável e planejamento familiar Planejamento familiar é livre decisão do casal, fundado no princípio da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável. Responsabilidade de ambos os genitores, cônjuges ou companheiros, artigo 226, § 7º da CF e artigo 1565 do Código Civil – Lei nº 9.253/96. 5.Princípio da proteção integral as crianças, adolescentes, jovens e idosos. Crianças, adolescentes e jovens: art.227 da CF/88; Idosos: art. 230 da CF/88 e Estatuto do Idoso- lei 10741/2003 6.Princípio da solidariedade familiar Solidariedade é o que cada um deve ao outro, com origem nos vínculos afetivos e no respeito que cada integrante da família deve ao outro. Art. 3º, inciso I da CF/88. CASAMENTO Na visão moderna…. c) Da família havida pelo casamento 1- Conceito de casamento: união formal entre um homem e uma mulher, livres e desempendidos, sendo vínculo formador e mantenedor de família, constituída mediante negócio jurídico solene e complexo, , em conformidade com a ordem jurídica, estabelecendo comunhão plena de vida, além de efeitos pessoais e patrimoniais entre os cônjuges, com reflexo em outras pessoas.(Teoria mista ou eclética: é insitutição quanto ao conteúdo e contrato especial quanto à formação) Nos termos do Código Civil de 2002: Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges: I - fidelidade recíproca; II - vida em comum, no domicílio conjugal; III - mútua assistência; IV - sustento, guarda e educação dos filhos; V - respeito e consideração mútuos. Fidelidade Recíproca O dever matrimonial de fidelidade está inserido no conceito de lealdade, entretanto, com ele não se pode confundir: a fidelidade diz respeito à não coabitação ou manutenção de relação intima e desrespeitosa ao outro cônjuge, exteriormente ao matrimônio, enquanto lealdade compõe qualidade de caráter, implica um comprometimento mais profundo, não apenas físico, mas também moral e espiritual entre os parceiros, na busca da preservação da verdade intersubjetiva. A fidelidade, possui dimensão restrita à exclusividade da relação afetiva e sexual. Todavia, embora distintas entre si, a lealdade e a fidelidade devem ser observadas em todas relações matrimoniais. Fonte:https://ivo333.jusbrasil.com.br/artigos/208156 218/infidelidade-virtual-ou-cybertraicao Infidelidade Virtual ou "cybertraição“ No Brasil, 99% dos usuários que utilizam a internet visitam sites de redes socais, só perdendo para os Estados Unidos que conta com um índice de 99, 7%, em relação ao Facebook, rede social mais utilizada no mundo, nosso país alcança a 12º posição de usuários – aproximadamente 13 milhões de pessoas – número que vem aumentando com a popularização da plataforma.(Facebook e usuários no Brasil. Disponível em: < http://www.techenet.com>). Observa-se assim que o brasileiro está conectado na internet, com ampla utilização de sites de relacionamento pessoal, de modo que, situações ligadas ao ambiente virtual começam a bater na porta do Poder Judiciário com maior frequência, desafiando os obreiros do direito na resolução destas questões. Se o homem (ou mulher) casado não chega propriamente à conjunção carnal extraconjugal, mas faz carícias libidinosas em pessoa diversa de seu cônjuge ou mesmo emite-lhe sinais (correspondidos ou não) de que desejaria manter relacionamento sexual extraconjugal, descumpre igualmente o dever de fidelidade, numa prática chamada de “quase adultério”. Verifica-se o descumprimento do dever conjugal, como se o adultério tivesse mesmo ocorrido. Desse modo, o chamado sexo virtual, em que os parceiros trocam mensagens eróticas via internet, é exemplo de infidelidade virtual. A infidelidade virtual acaba sendo forma de infidelidade moral, que apesar de não existir o contato físico, o companheiro acaba criando um elo erótico-afetivo com pessoa estranha a relação, revelando intimidades suas e do casal, fantasiando encontros que só tendem a levar a sua concretização. Vida em comum no domicílio conjugal Ementa: União estável. Requisitos. Coabitação. Desnecessidade. Configuração. É reconhecida como a união estável entre as partes se a prova dos autos demonstrarem convivência pública, contínua e duradoura, e estabelecida com o objetivo de constituição de família, não sendo requisito para sua configuração a coabitação sob o mesmo teto. (TJ-RO - APL: 00097138720128220002 RO 0009713-87.2012.822.0002, Relator: Desembargador Marcos Alaor Diniz Grangeia, Data de Publicação: Processo publicado no Diário Oficial em 07/04/2016.) RECURSO ESPECIAL Nº 805.265 - AL (2005/0208974- 7) RELATOR : MINISTRO VASCO DELLA GIUSTINA (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS) RECORRENTE : D T ADVOGADO : MARCOS ANTONIO CINTRA RECORRIDO : M DE V C ADVOGADO: ANTONIO LOPES RODRIGUES E OUTRO (S) DECISÃO Trata-se de recurso especial interposto por D T, com fundamento nas alíneas a e c do inciso III do art.10555 da Constituição Federal, contra acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas assim ementado: CIVIL. FAMÍLIA. ALIMENTOS. UNIÃO ESTÁVEL CARACTERIZADA. DISPENSABILIDADE DA COABITAÇÃO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO EM PARTE. DECISÃO Continuação Jurisprudência UNÂNIME. I - Para a configuração da união estável, não se exige a unidade de residência entre os companheiros, tal situação apenas auxilia na demonstração da intensidade da relação entre as partes. II - A convivênciapública pode ser concluída em razão da conduta social dos companheiros, quando ambos mantêm uma relação afetiva contínua e sólida, sem que haja motivo para a ocultação desta situação. Mútua Assistência Sustento, Guarda e Educação dos Filhos Respeito e Consideração Mútuos 2- Princípios relacionados ao casamento: P. da monogamia: 1.521, inciso VI do CC, já que não podem casar pessoas casadas, o que constitui um impedimento matrimonial que gera nulidade absoluta do casamento.(art.1548, inciso II do CC). Fonte:http://g1.globo.com/rio-de- janeiro/noticia/2016/04/primeiro-ter-uniao-estavel- com-2-mulheres-no-rio-fala-sobre-relacao.html Primeiro a ter união estável com 2 mulheres no Rio fala sobre a relação Os três vivem juntos há dois anos e meio e oficializaram a união na sexta (1º). Famílias das duas mulheres ainda não aceitam o relacionamento do trio. O ditado diz: um é pouco, dois é bom, três é demais. Mas, para o funcionário público Leandro Jonattan da Silva Sampaio, de 33 anos, sobra mesmo é o amor que o uniu oficialmente a duas mulheres na sexta-feira passada (1º), no 15º Ofício de Notas, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Trata-se do primeiro trio – formado por um homem e duas mulheres – a formalizar a união estável poliafetiva no estado, como antecipou a coluna Ancelmo Gois, do jornal "O Globo". http://blogs.oglobo.globo.com/ancelmo/post/casamento-tres- so-de-mulheres.html UNIÃO POLIAFETIVA - Casamento a três (só de mulheres) POR ANA CLÁUDIA GUIMARÃES - 11/10/2015 07:05 O 15º Ofício de Notas do Rio, na Barra, oficializou, na última terça-feira, a primeira união entre três mulheres no Brasil. As chamadas relações poliafetivas viraram um dos assuntos do momento, inspirando, inclusive, a série documental do GNT “Amores Livres”, de João Jardim, diretor de “Lixo extraordinário”, indicado ao Oscar. O relacionamento que foi reconhecido em cartório envolve uma empresária, de 32 anos, uma dentista, também de 32, e uma gerente administrativa, de 34. Elas constituíram uma união que inclui testamentos de bens e vitais (caso uma das mulheres esteja à beira da morte, ligada a aparelhos, por exemplo, apenas as outras duas podem decidir o que fazer). Adultério é crime? O adultério configurava dano social e, pelo artigo 240 do Código Penal, era considerado crime. Esse artigo foi revogado, não sendo, portanto, crime na órbita penal, uma vez que o adultério não configura dano social. Entretanto a fidelidade, como dever do casamento, continua em vigor, sendo claro que o adultério pode acarretar dano pessoal, principalmente de natureza moral, gerando angústia, constrangimento e sofrimento ao cônjuge traído. Desde março de 2005, a Lei 11.106 alterou diversos dispositivos do Código Penal Brasileiro, dentre as mudanças, houve a descriminalização do adultério, antes considerado crime com previsão de pena de 15 dias a seis meses de detenção Jurisprudências – Dano moral configurado: DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSOS ESPECIAIS INTERPOSTOS POR AMBAS AS PARTES. REPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. DESCUMPRIMENTO DOS DEVERES CONJUGAIS DE LEALDADE E SINCERIDADE RECÍPROCOS. OMISSÃO SOBRE A VERDADEIRA PATERNIDADE BIOLÓGICA. SOLIDARIEDADE. VALOR INDENIZATÓRIO.- Exige-se, para a configuração da responsabilidade civil extracontratual, a inobservância de um dever jurídico que, na hipótese, consubstancia-se na violação dos deveres conjugais de lealdade e sinceridade recíprocos, implícitos no art. 231 do CC/16 (correspondência: art. 1.566 do CC/02). Transgride o dever de sinceridade o cônjuge que, deliberadamente, omite a verdadeira paternidade biológica dos filhos gerados na constância do casamento, mantendo o consorte na ignorância. O desconhecimento do fato de não ser o pai biológico dos filhos gerados durante o casamento atinge a honra subjetiva do cônjuge, justificando a reparação pelos danos morais suportados. (STJ – 3ª T., REsp nº 742.137/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ 29.10.2007, p. 218) INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. ADULTÉRIO OU TRAIÇÃO. POSSIBILIDADE. o que se busca com a indenização dos danos morais não é apenas a valoração, em moeda, da angustia ou da dor sentida pelo cônjuge traído, mas proporcionar-lhe uma situação positiva e, em contrapartida, frear os atos ilícitos do infrator, desestimulando-o a reincidir em tal prática. (TJ/GO – 1ª C. Cív., Ap. Cív. nº 56957-0/188, Rel. Des. Vitor Barboza Lenza, DJ 23.05.2010) RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS MATERIAL E MORAL. Comprovada notícia de que a criança registrada como filho do autor é fruto de adultério da ex - esposa. Ato ilícito que gera o dever de indenizar. Inteligência dos artigos 159 e 231 inciso I do Código Civil de 1.916 e do artigo 5o incisos V e X da Constituição Federal. Prejuízos decorrentes do indevido sustento por quem não era genitor da criança. Constrangimentos evidentes. Valor da condenação por danos morais que deve ser proporcional ao dano sofrido e à posição social da ofensora. (TJ/SP – 8ª C. D. Priv. “A”, Ap. c/ Rev. nº 204.279-4/4- 00, Rel. Des. André Augusto Salvador Bezerra, julg. 22.06.2005) Jurisprudência - Dano moral não configurado: CASAMENTO. ADULTÉRIO. DANO MORAL NÃO CONFIGURAÇÃO - para que o adultério se traduza em dano moral é necessário repercussão extraordinária do fato e não, apenas, as consequências que lhes são ínsitas. Sendo a prova dos autos insuficiente tal, cabe a improcedência da pretensão. (TJ/SP – 6ª C. D. Priv. “A”, Ap. c/ Rev. nº 229 985-4/1-00, Rel. Des. MARCELO BENACCHIO, julg. 19.07.2006) P. da Liberdade de escolha como exercício da autonomia privada - art.1513 do CC Salvo os impedimentos matrimoniais, há livre escolha da pessoa do outro cônjuge, como manifestação da liberdade individual. P. da comunhão plena de vida, regido pela igualdade entre os cônjuges O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres entre marido e mulher, arts. 1511 e 1565 do CC. 3- Pressupostos de existência do casamento: - diversidade de sexos??? Res.175/2013 do CNJ, em vigor desde 16/05/2013. Em 2011, o STF já havia equiparado a união estável homoafetiva à heteroafetiva, assegurando aos casais gays direitos até então garantidos exclusivamente aos heterossexuais, como herança e pensões, por exemplo. - consentimento; - celebração por autoridade materialmente competente – obs. art.1554 do CC RES 175/2013-CNJ CONSIDERANDO que o Supremo Tribunal Federal, nos acórdãos prolatados em julgamento da ADPF 132/RJ e da ADI 4277/DF, reconheceu a inconstitucionalidade de distinção de tratamento legal às uniões estáveis constituídas por pessoas de mesmo sexo; CONSIDERANDO que as referidas decisões foram proferidas com eficácia vinculante à administração pública e aos demais órgãos do Poder Judiciário; CONSIDERANDO que o Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.183.378/RS, decidiu inexistir óbices legais à celebração de casamento entre pessoas de mesmo sexo; CONSIDERANDO a competência do Conselho Nacional de Justiça, prevista no art. 103-B, da Constituição Federal de 1988; RESOLVE: Art. 1º É vedada às autoridades competentes a recusa de habilitação, celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo. Art. 2º A recusa prevista no artigo 1º implicará a imediata comunicação ao respectivo juiz corregedor para as providências cabíveis. Art. 3º Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação. Ministro Joaquim Barbosa Presidente do CNJ- em 14/05/2013. 4- Capacidade para o casamento: Incapacidade para o casamento é geral impedindo a pessoa de casar com qualquer outra, já os impedimentos(legitimação) atingem determinadas pessoasem condições específicas. Quanto a capacidade para o casamento temos uma regra específica no art.1517, que traz a idade mínima para casar, e as gerais dos demais negócios jurídicos que estão no art.3, incisos II e III do CC. São incapazes para o casamento: - Os menores que ainda não atingiram a idade núbil, que é de 16 anos, tanto para o homem quanto para a mulher- art. 1517 do CC. - O estatuto da pessoa com deficiência retirou as causa de incapacidade do art. 3 do CC, assim, não subsistem essas quando a incapacidade para o casamento. Art. 6º da lei 13.146/2015 Segundo o qual a deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: a) casar-se e constituir união estável; b) exercer direitos sexuais e reprodutivos; c) exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar; d) conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória; e) exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; f) exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. Como fica o casamento então? O art. 1.550 do Código Civil, que trata da nulidade relativa do casamento, ganhou um novo parágrafo, preceituando que a pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbil poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou curador (§ 2º). OBS: 1-O homem e a mulher em idade núbil, com 16 anos completos, podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil.(18 anos) 2- Se os pais não quiserem dar autorização poderá ser pedido judicialmente, ficando a critério do juiz a concessão com base nos critérios do melhor interesse do menor e da proteção da família - art.1517, paragráfo único do CC. Se houver necessidade de autorização judicial o regime será o da separação obrigatória de bens - art.1641, inciso III do CC.
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