Buscar

resumo p1

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Descreva e analise a evolução da economia brasileira de 1950 a 1980, com ênfase em 1964-1980. 
Para muitos teóricos a industrialização integral é o caminho para superar a pobreza e o subdesenvolvimento no Brasil. Para alguns, é necessário que o Estado planeje o processo de industrialização, devendo orientar a expansão, captar e orientar os recursos financeiros, provendo estímulos especiais, e realizando investimentos diretos naqueles setores nos quais a iniciativa privada é insuficiente. Furtado acreditava que o sistema tenderia ao baixo crescimento devido a rendimentos decrescentes de escala resultantes de má distribuição de renda.
No Brasil, a industrialização foi retardatária e a economia brasileira operou, no período de 1950 à 1980, com oferta abundante de mão de obra, evolução dos salários que não acompanharam o aumento da produtividade e mudança para o modelo de “Growth-Led export”, ou exportações conduzidas pelo crescimento, com diversificação da pauta das exportações. 
A proporção da população economicamente ativa (PEA) no setor secundário mais do que duplicou, ampliando-se principalmente no setor urbano e no setor informal e redução da participação relativa da agricultura. O declínio da participação do PEA agrícola no PEA total não foi consequência de um processo generalizado de modernização tecnológica do setor. Verificou-se extrema dependência do desenvolvimento da economia brasileira com relação ao petróleo e o transporte era basicamente realizado com veículos automotores. 
Presença do tripé formado por empresas do Estado, do capital privado e do capital estrangeiro, com alto grau de complementariedade. Houve a penetração das empresas transnacionais no setor industrial, que operam com escalas de produção, intensidade de capital, grau de oligopolização, complexidade tecnológica e produtividade mais elevada do que as empresas nacionais. 
Entre os anos de 1951-1962, os governos armaram as bases institucionais e introduziram políticas que estimularam a expansão industrial. Em 1951, houve a criação da Comissão Mista Brasil-EUA, planejadora de grandes investimentos. Porém, a eleição de Eisenhower, representou uma clara interrupção nas expectativas de se obter um apoio decisivo dos EUA para investimentos do país. O auge do ciclo ideológico desenvolvimentista inaugural ocorreu durante o governo de Kubitschek (56-60), que combinou uma relativa estabilidade política com um forte crescimento econômico e industrial e criou o Conselho Nacional de Desenvolvimento. 
A Instrução 70 (1953) da SUMOC, disciplinava alocação de importação de forma mais racional. A criação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) em 1952, serviu para apoiar a ampliação da infraestrutura de transportes e energia. A Instrução 113 da SUMOC, de 1955, permitia às empresas estrangeiras sediadas no país importarem máquinas e equipamentos sem cobertura cambial. A instrução 70 e o aumento da carga tributária e do déficit fiscal agiram como fontes de financiamento, enquanto a Instrução 113 foi usada para atrair a curto prazo os IED. 
Houve pressões por expansão creditícia e as finanças públicas eram ainda dependentes do resultado de impostos sobre o comércio exterior, e de ganhos quase fiscais em operações financeiras como resultado das vendas de câmbio. Porém, com a inflação, estas receitas eram corroídas. Tinha-se taxa de câmbio fixa entre 1947 e 1953, que valorizava-se com a inflação, este mecanismo colaborava com a industrialização ao subsidiar, às custas do setor exportador agrícola, as importações de máquinas e equipamentos para a indústria de transformação e a infraestrutura. Em 1953, houve desvalorização cambial e foi introduzido complexo sistema de câmbio múltiplo, que também funcionou como principal mecanismo de proteção à indústria brasileira até 1957. 
Em 1954, houve movimento de atração de empresas estrangeiras à indústria brasileira. O governo Kubitschek (56-60) priorizou o crescimento sobre a estabilização, teve-se impulso do Plano de Metas, com intensa diferenciação industrial num espaço de tempo relativamente curto e articulada diretamente pelo Estado. O desempenho da agricultura no período foi considerado altamente insatisfatório, gerando pressões em favor da Reforma Agrária. 
Em 1961, houve fragilidades macroeconômicas – inflação e desequilíbrios na balança de pagamentos – e instabilidade política gerada pela renúncia de Jânio Quadros. A inflação cresceu até atingir níveis próximos à 100%, durante o governo de João Goulart em 1963, em circunstâncias recessivas da economia. Houve inédita mobilização em prol de reformas sociais, grandes dificuldades monetárias, financeiras e cambiais e, a partir de 1962, pronunciadas quedas nas taxas de expansão do produto e do emprego. 
Entre 1962 e 1967, a taxa média anual de expansão do PIB caiu mais da metade, o crescimento do produto manufaturado e o nível de atividade do setor de construção civil diminuíram. A desaceleração do crescimento estava relacionado com a conclusão do volumoso “pacote” de investimentos públicos e privados iniciado em 56/57. As políticas de estabilização do início de 1963 e de 65/67 contribuíram para aprofundar essa desaceleração, sua adoção foi motivada pelo recrudescimento da inflação. A capacidade produtiva do setor cresceu ainda mais rapidamente, o que provocou um desenvolvimento em excesso da capacidade ociosa. Era cada vez mais difícil elevar ou mesmo manter os níveis reais de gastos públicos sem uma reforma tributária de peso. 
Em 1964, ocorreu o golpe militar, e com isto, a institucionalidade em defesa do desenvolvimento com forte participação do Estado foi ampliada e reforçada. Privilegiavam intensa acumulação de capital e crescimento, com a montagem de um parque industrial complexo, integrado e moderno. O Estado desenvolvimentista foi fortalecido pelas reformas tributária e financeira, pela revisão das tarifas públicas e pelo crescimento acelerado, promotores de forte absorção do excedente econômico pelo governo. Foram criadas centenas de novas empresas estatais e as estatais pré-existentes ampliaram significativamente o número de funcionários.
O regime militar, voltava-se para uma política de corte ortodoxo, orientada fundamentalmente para a eliminação do déficit fiscal, o aperto de crédito e a compressão salarial. A partir de 76, teve-se uma natureza menos ortodoxa da experiência brasileira, e para eliminar o déficit fiscal, recorreu-se menos ao corte nos gastos públicos e mais à elevação das receitas governamentais, sem que ocorresse uma desestatização. Houve forte compressão dos salários de base e verificou-se maior concentração pessoal da renda e elevação das margens de endividamento das famílias.
A recuperação que correspondeu à primeira fase do vigoroso ciclo expansivo terminado em 1973, começou em meados de 1967, sob a influência da política fiscal e monetária mais folgada do segundo governo militar. Os setores mais dinâmico da indústria foram os bens de consumo duráveis e os de bens de capital, os bens de consumo duráveis obtiveram bom desempenho, vinculado tanto à relativa concentração de renda do período, quanto à expansão do crédito ao consumidor. Houve acentuada abertura estrutural para o exterior e o crescimento da produção agrícola se deu à um nível modesto, o aumento das exportações agrícolas, se deu em prejuízo dos alimentos para consumo interno. 
Tinham-se como condições permissivas para o crescimento a capacidade ociosa herdada do ciclo anterior, a disponibilidade abundante de divisas, proporcionada pelo crescimento das exportações, as facilidades do endividamento externo, a política de minidesvalorizações cambiais e os abundantes incentivos e subsídios de natureza fiscal e creditícia e expansão também abundante da liquidez real na economia, baseada na expansão do crédito bancário ao setor privado. 
As políticas monetária, fiscal e cambial foram direcionadas ao crescimento econômico e à geração de competitividade nos setores de bens comercializáveis com o exterior. Na política monetária houve a
generalização da correção monetária, de salários, preços, impostos e títulos. Este mecanismo de correção monetária ajudou na razoável atenuação dos efeitos desfavoráveis de combate à inflação entre 1964 e 1967. Houve abertura para uma política creditícia que só foi contracionista durante o segundo semestre de 1966 e nos primeiros meses de 67. Nestes anos, houve ainda aumento das tarifas, criação de fundos para-fiscais (FGTS e PIS-PASEP) e uma ampla reforma tributária. Na política fiscal a expansão de gastos teve efeitos favoráveis sobre o nível de atividades, porque o momento era de baixa propensão a gastar e a investir por parte do setor privado. 
Entre os anos de 1968-1980, deu-se a fase do chamado “milagre brasileiro” – perverso – com taxas de crescimento superiores a 8% ao ano e forte aceleração do investimento. A partir de 68, teve-se rápida expansão da renda e do emprego, defesa dos interesses de grandes empresas, repressão às classes trabalhadoras e arrocho salarial. A contenção dos salários reais que prosseguiu até 1974 comprometeu a disposição ou capacidade de endividamento das famílias. Simonsen afirmava que “a transição de uma fase de estagnação ou semi-estagnação para uma de crescimento acelerado costuma exigir sacrifícios que naturalmente envolvem certo aumento da concentração de renda ou nas mãos de determinados indivíduos, ou em poder do Estado”.
O Estado atuou, ao mesmo tempo, como supridor de externalidade aos investimentos e à produção das empresas industriais privadas e como fonte de demanda para as mesmas. O regime autoritário estava garantindo um clima de segurança e incentivos para os investidores. Impactando em expansão da formação bruta de capital fixa até 1973 e os investimentos das empresas estatais que expandiram-se de forma acelerada, acompanhando ou superando a velocidade dos investimentos privados. Foi o dinamismo dos investimentos no período 1974-75 que impediu o aprofundamento da desaceleração econômica pelo lado da demanda. 
O impacto da reforma financeira nestes anos foi grande, permitindo forte expansão de crédito de curto prazo, para capital de giro e para consumo. Os preços eram relativamente estáveis até meados dos anos 70, quando passou a ocorrer crescente instabilidade. O golpe inicial veio do 1º choque do petróleo, cujos efeitos foram contornados por crescente endividamento externo, viabilizado por excepcional liquidez internacional. 
A política cambial, a partir de 64, havia logrado estabilizar a taxa de câmbio em termos reais, pela via de uma sistemática desvalorização nominal. A taxa de câmbio passou a ser, na prática “indexada” aos demais preços domésticos, beneficiando as exportações. As importações porém, se expandiram ainda mais, gerando déficit comercial e crescente endividamento ao longo dos anos 70. A indexação não permitia que a utilização de instrumentos tradicionais de combate à inflação tivessem eficácia. 
Energia, combustível, transportes e agricultura representavam pontos de estrangulamento e continuavam a realimentar a inflação. A tentativa de conter as importações mediante o aumento de seus preços relativos foi um dos fatores que impulsionou a inflação e gerou reações contencionistas. Em 1976 visando atrair fundos externos houve elevação da taxa de juros doméstica. A inflação mundial, exerceu uma dupla pressão sobre os preços domésticos, via importações e exportações de matérias primas e alimentos. 
Na segunda metade dos anos 70, houve mudanças nos mecanismos de operações do mercado aberto que gradualmente tornaram a política monetária “passiva”, ao “endogeneizar” a oferta monetária. Na segunda metade dos anos 70, desenvolvimentismo prosseguiu hegemônico mas sofreu uma fragilização, por conta dos questionamentos advindos da instabilidade internacional e das dificuldades econômicas e financeiras que se seguiram ao colapso do modelo de Bretton Woods e ao 1º choque do petróleo. Em 1979, a elevação da taxa de juros internacional cumpriu um papel negativo, seja pelo aumento dos serviços da dívida externa ou pelo estreitamento do raio de manobra da política monetária doméstica. Na entrada dos anos 80, houve enfraquecimento com o 2º choque do petróleo e disparada dos juros dos EUA. 
Durante o período de 1964 à 1980, foram postos em prática 6 planos de governo: PAEG, Decenal, PED, Metas e Bases, PND I e PND II. O PAEG era um plano de estabilização monetária e gradualista, que dirigia-se a conciliar redução da inflação com a recuperação do crescimento. O Plano Decenal tinha uma perspectiva desenvolvimentista de longo prazo, com planejamento setorial. Apontava, entre estas perspectivas, a promoção de exportações, a substituição de importações, a “expansão do mercado interno” e a promoção de investimentos governamentais em infraestrutura. O PED (Programa Estratégico do Desenvolvimento) definia como estratégia a aceleração e sustentação do desenvolvimento econômico através da consolidação das indústrias básicas, a reorganização das tradicionais, o fortalecimento da infraestrutura econômica e social, o aumento da produtividade agrícola e modernização do sistema de abastecimento de 1967. O Plano de Metas e bases para a ação do governo recomendava evitar excessos redistributivistas que sacrificassem a aceleração da taxa de crescimento nacional. Incentivava investimentos voltados à agricultura, à infraestrutura e ao “desenvolvimento dos ramos industriais prioritários”. O PND I (Programa Nacional de Desenvolvimento) tinha como projeto a expansão acelerada, no “núcleo de expansão básica” (energia, transportes, comunicação, siderurgia e matérias primas). O PND II partia de uma identificação razoável dos problemas que afetaram a economia brasileira em fins de 1973, atraso no setor de bens de produção, forte dependência do petróleo e tendência a um elevado desequilíbrio externo, era voltado para a coordenação estatal do processo de investimento e crescimento acelerado, com reação frente à restrição energética provocada pela crise do petróleo e na restrição de divisas, por meio de ênfase no fortalecimento dos bens intermediários e de capital em lugar dos bens de consumo.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando