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Universidade de São Paulo Ana Carolina Braunstein Marques 9815096 Caroline Santos 9814605 Cristina Sayuri Guenkawa 9814870 Giovanne Dalio – 9815401 Imigrantes Latino Americanos na Cadeia Têxtil, no Estado de São Paulo São Paulo 2016 Imigrantes Latino Americanos na Cadeia Têxtil, no Estado de São Paulo Introdução………………………………………………………………………..4 Organização analisada……………………………………………………….…..4 O instituto InPACTO Problemática……………………………………………………………………...6 A globalização capitalista, a exploração do imigrante e seu envolvimento na sociedade brasileira. Desenvolvimento…………………………………………………………………9 Analise sistêmica……………………………………………………………..……9 A imigração e o imigrante……………………………………..…………………...9 O trabalhador, a exploração e a sociedade brasileira…………………………...….11 A cadeia têxtil…………………………………………………………………….14. O consumismo…………………………………………………………………....14 Considerações finais………………………………………………………….....17 Conclusão Anexos……………………………………………………………………….…..19 *As marcações ao longo do trabalho( ¹ ² ³) referemse a fonte do da informação citada e o número corresponde ao indicado em “Anexos” SUMÁRIO: Fundamentos de Administração: Introdução Parágrafo 1, pág.4; Parágrafo 2, pág.4; Parágrafo 3, pág.4; InPACTO Parágrafo 4, pág. 4; Parágrafo 2, pág.5; Parágrafo 3, pág. 5;Parágrafo 4 ,pág. 5; Parágrafo 2 ,pág. 6; Parágrafo 3, pág. 6; Parágrafo 4, pág. 6 Problemática Parágrafo 5 ,pág.6; Parágrafo 3 ,pág. 7; Parágrafo 2,pág. 8; Desenvolvimento Parágrafo 1,pág.9; Parágrafo 3,pág.9; Parágrafo 4,pág.9, Parágrafo3,pág.12; Parágrafo 1,pág.13;Parágrafo 1,pág.14;Parágrafo 2,pág.14;Parágrafo 2,pág.17; Parágrafo 3,pág.17; Parágrafo 2,pág.18; Fundamentos das Ciências Sociais: Introdução Parágrafo 1,pág.4; Parágrafo 2, pág.4; Parágrafo 3, pág.3; InPACTO Parágrafo 4, pág. 4;Parágrafo 3, pág. 5; Parágrafo 4 ,pág. 5; Parágrafo 3, pág. 6; Parágrafo 4, pág. 6; Parágrafo 2,pág.11; Problemática Parágrafo 3,pág. 7; Parágrafo 13,pág.6, Parágrafo 4,pág. 7; Parágrafo 3,pág.8 Parágrafo 4, pág. 8; Desenvolvimento Parágrafo 2,pág.9; Parágrafo 3,pág.9; Parágrafo1,pág.10; Parágrafo 4,pág.11; Parágrafo 2,pág.12;Parágrafo 1,pág.13;Parágrafo 2,pág.13;Parágrafo 2,pág.15; Parágrafo 4,pág.16; Parágrafo 3,pág.17; Parágrafo 3,pág.18; Fundamentos de Marketing e Comportamento do Consumidor: Introdução Parágrafo 3, pág.4; InPACTO Parágrafo 4, pág. 4;Parágrafo 3 ,pág.5 ;Parágrafo 4 ,pág. 5; Parágrafo 4, pág. 6 Problemática Parágrafo 5 ,pág.6; Parágrafo 2 ,pág. 7; Desenvolvimento Parágrafo 3,pág. 11; Parágrafo 1,pág.13; Parágrafo 3,pág.14; Parágrafo 2,pág.15;Parágrafo 3,pág.15; Parágrafo 2,pág.16; Parágrafo 3,pág.16;Parágrafo 2,pág.17; Parágrafo 1,pág.18; Parágrafo 3,pág.18; Introdução à Psicologia: Introdução Parágrafo 3, pág.4; InPACTO Parágrafo 4, pág. 4; Parágrafo 2, pág.5; Parágrafo 4, pág. 6 Problemática Parágrafo 5 ,pág.6; Parágrafo 2 ,pág 7; Parágrafo 3 ,pág. 7; Parágrafo 4,pág. 7 Parágrafo 3,pág. 8; Parágrafo 4, pág. 8; Desenvolvimento Parágrafo1,pág.10; Parágrafo 2,pág.11; Parágrafo 2,pág.12; Parágrafo 3,pág.12;Parágrafo 1,pág.13;Parágrafo 2,pág.13;Parágrafo 2,pág.15;Parágrafo 3,pág.15; Parágrafo 4,pág.15; Parágrafo 1,pág.16; Parágrafo 1,pág.18; Introdução Com a entrada do século XXI a globalização tomou força e com ela vieram inúmeras transformações na estrutura social, econômica e cultural em quase todo mundo, principalmente nas economias capitalistas neoliberais. Nesse processo as economias se integraram de maneira jamais vista anteriormente, um investidor nipônico pode facilmente investir no México com poucos cliques em seu computador. Esses investimentos não se resumem apenas em aplicações financeiras, compra e vendas nas bolsas de valores ou mesmo aquisições de imóveis no exterior, eles agora podem facilmente ser empresas inteiras e complexas usando mão de obra do país onde se faz o investimento, ou mesmo de estrangeiros. Com isso pode se concluir que uma das máximas do capitalismo (maximização de lucros e redução de custos) viu a oportunidade de se fazer presente. Para tanto um novo hábito surgiu entre as grandes empresas, e ele se baseia em uma descentralização da produção de maneira que essa seja feita em países ou regiões onde a mão de obra é mais barata. Esse barateamento da força de trabalho se dá por diferentes motivos como, por exemplo, uma ausência ou desregulamentação das leis trabalhistas ou a precariedade econômica e social vigentes na região da produção. Fica então facilitada a expansão de uma rede de exploração do trabalhador, como é o caso da cadeia têxtil em São Paulo. Com isso o trabalhador, por vezes, é submetido a condições altamente degradantes e perdendo, inclusive, sua humanidade sendo visto apenas como parte da cadeia de produção. Tentando abordar desde a imigração, a exploração da força de trabalho escravizada e suas consequências, nesse trabalho, em parceria com a InPACTO (Instituto Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo), analisaremos a complexa cadeia produtiva da indústria têxtil com mão de obra escrava de imigrantes latino americanos na cidade de São Paulo. Serão discutidas as características administrativas que dão margem para esse problema; as condições sociais que permitem esse tipo de exploração; as pressões impostas pelo contratante e as consequências psicológicas para o trabalhador e como o marketing pode atuar no processo de valorização ou desvalorização de uma empresa que utiliza essa mão de obra ou mesmo na educação dos consumidores para que eles se preocupem mais com a origem e produção dos bem que possuem. O instituto InPACTO O InPACTO (Instituto Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo) é uma iniciativa da OIT (Organização Internacional do Trabalho) que envolve grandes empresas (nacionais e multinacionais) que têm interesse em combater o trabalho escravo independentemente de têlo em sua cadeia produtiva. A iniciativa surgiu porque no momento em que o trabalho escravo no Brasil começou a ser estudado, percebeuse que a relação das empresas com o trabalho escravo poderia ocorrer de forma direta (uma fazenda que tinha trabalho escravo vendia direto para uma grande empresa) ou indireta (o produto passava por vários níveis até chegar na empresa, mas as cadeias produtivas estavam de certa forma contaminadas). O Ministério do Trabalho é o responsável pelas fiscalizações, há um departamento inteiro que atua em cima do desrespeito aos direitos trabalhistas. Geralmente a prática de trabalho escravo é descoberta por meio de denúncias. Quando é recebida uma denúncia, o ministério convoca fiscais de outrosestados que não aquele onde há trabalho escravo, a fim de não colocar tais fiscais em risco, criase um grupo móvel que envolve a polícia federal, auditores, procuradores gerais da republica, faz a constatação e o grupo posteriormente se dissipa. Em São Paulo não há necessidade de grupo móvel pois tem fiscalização o tempo todo. Ao constatar a veracidade dos fatos, iniciase os processos com os autos (se haviam 50 pessoas em cativeiro, são formados 50 autos), tudo isso avança nas instâncias dentro do ministério do trabalho até chegar em Brasília. Lá é avaliado, caso seja comprovado que há trabalho escravo, entra para lista suja. A InPACTO atua a partir da lista suja, não faz a fiscalização nem impõe alguma penalidade, a organização é um meio pelo qual as empresas podem consultar a lista suja. As empresas devem usála na política de compras, divulgála para outros fornecedores (compartilhar informação) e a instituição pede as empresas que a mantenha atualizada do que estão fazendo em relação ao combate escravo (cartaz, campanha, evento) ou a promoção de um trabalho ético para que possa ser exemplo para outras empresas. Se empresa decide fazer um simpósio com todos os compradores, a InPACTO mostrara a importância de falar sobre o tema. Atualmente são 46 empresas associadas à InPACTO e esta trabalha com as empresas que fazem tudo de forma ética. Além disso aspiram ajudar aquelas que estão na lista suja mas querem deixar de estar relacionadas ao trabalho escravo. São feitos encontros com elas e há discussões sobre fatores que podem fragilizar a cadeia, ensinando a forma correta de gerenciar a empresa. Um exemplo são a promoção de debates que são produzidos para os associados refletirem sobre as políticas que fazem. Além disso, há o estudo de cadeia produtiva que independe de ser associado, se houver suspeita de trabalho escravo a InPACTO paga um estudo de análise de cadeia para verificar com precisão se realmente ocorre. A partir do ponto que se constata o trabalho escravo a organização faz o rastreamento de toda cadeia e a investiga contaminação. O estudo de cadeia serve para isso, ligar a trajetória de construção do produto para verificar se há trabalho escravo, muitas vezes a grande empresa nem sabe que contribui de forma indireta para estimular a exploração. Proposta da InPACTO: olhar a cadeia têxtil como um todo (visão sistêmica), não só focar no trabalho escravo, para eles algumas questões são importantes: quais são os nós da cadeia? Onde ocorrem as irregularidades e por que ocorrem? Em determinada fase da produção, o que ocorre para que aconteça a exploração? É o preço, a cultura, o contrato não estar adequado? O que causa e onde se encontra esse nó? Qual a cadeia vulnerável? A articulação geral, gerencia da empresa, o governo, conscientização do consumidor, medidas discutidas e tomadas coletivamente com a união de todos os setores envolvidos fará com que haja barateamento para solucionar o problema e como exemplo que o envolvimento geral é o caminho mais correto de combate ao trabalho escravo, temos o caso do algodão. Houve a criação o Instituto Algodão Social e a utilização do trabalho infantil inseridas no processo produtivo foi efetivamente combatido, todas as empresas patrocinavam o instituto para fazer as auditorias e assim averiguar se elas estão de acordo com os objetivos planejados e/ou estabelecidas previamente. No setor têxtil há muita denuncia de trabalho escravo e é de conhecimento geral a localidade das atividades. Como veremos a questão do trabalho escravo na cadeia têxtil envolve uma complexa rede e um processo denominado “quarteirização”. Ao questionar grandes redes como Renner ou a C&A, elas sabem informar os fornecedores, porém ao chegar mais próximo das várias ramificações, é difícil saber de onde vem os produtos, esse sistema de terceirização e quarteirização é muito complexo e faz com que seja perdida a influencia de ações como as da InPACTO. A própria influência da grande empresa é limitada uma vez que a legislação brasileira não permite que a empresa que contrata determine regras na prestadora de serviços que se contrata.¹ A globalização capitalista, a exploração do imigrante e seu envolvimento na sociedade brasileira. Entre as causas do trabalho escravo está o comportamento altamente consumista da sociedade ocidental. Devido a ações de marketing veiculadas desde o início do século XX, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, a população brasileira consome muito mais do que o necessário. Esse consumo desmedido gera um aumento na demanda e com o setor têxtil não é diferente. A fim de abastecer o altíssimo consumo, foram criadas grandes e complexas cadeias produtivas envolvendo divisão de tarefas e otimização do processo buscando a produção em larga escala aos mais baixos custos, sendo a mão de obra um dos fatores a serem barateados. A mão de obra imigrante, ilegal e desqualificada se encaixa nessa lógica produtiva. Assim, o custo diminui enquanto a exploração do trabalhador no início da linha de produção aumenta. Esse processo de exploração iniciase ainda no país de origem do imigrante (no caso, será tomado como base a Bolívia), à medida em que são veiculadas propagandas em emissoras de rádio e em jornais locais que prometem uma ótima oportunidade em solo brasileiro². Estas falam em estudar, passear e conhecer o país, além de um emprego em que se trabalhe poucas horas, uma casa, comida e um salário de cerca de 200 dólares³. Muitas pessoas são seduzidas por essa proposta e terminam em oficinas clandestinas de costura paulistanas. Para chegar ao Brasil (mais especificamente à São Paulo), os imigrantes têm dois caminhos possíveis: o duro processo burocrático legal, que conta com a falta de estrutura por parte da Polícia Federal para receber esse imigrante (destaque para a cidade de Corumbá na fronteira entre Brasil e Bolívia)⁴ e o mercado de intermediadores. A segunda situação é o meio ilegal, em que o imigrante é coagido ainda em seu país, passa por uma viagem não regularizada na qual pode enfrentar situações degradantes para depois chegarà São Paulo. No mercado de intermediadores destacamse os coreanos⁵, que em contato com um dono de oficina de confecção em São Paulo, procuram a mão de obra desejada pelo microempresário. O imigrante já viaja com o emprego, porém envolvido em um mecanismo de endividamento. O trabalhador se vê moralmente obrigado a continuar trabalhando independentemente das condições a que é submetido para sanar as supostas dívidas com o empregador ou o intermediador. Sendo vantajoso ao empregador e ao intermediador que o imigrante tenha pouca informação sobre bens, direitos e deveres que possui no local de destino, seus documentos são tomados e lhe é passada a falsa informação de que viaja como clandestino. Como resultado dessa desinformação, é comum que o trabalhador tenha a oficina como seu dormitório, seja mal alimentado e submetido a tratamentos autoritários dentro de seu ambiente de trabalho. Ganham pouco e por peça, assim a maioria dos trabalhadores se submete à uma jornada exaustiva de trabalho, a fim de conseguir dinheiro para voltar para casa ou abrir a própria oficina. Passam a maior parte do dia dentro da oficina e acreditam ser ilegais, o imigrante é isolado da sociedade paulistana que rodeia a oficina. A situação descrita caracteriza um contexto de trabalho escravo e sua definição no âmbito penal está no artigo 149 do Código Penal 2 e considera fundamentalmente como condições análogas à escravidão quando o trabalhador está sujeito a: (i) trabalhos forçados; (ii) jornada exaustiva; (iii) condições degradante de trabalho; e (iv) alguma forma de cerceamento de liberdade (locomoção, servidão por dívida, retenção de documentos e isolamento geográfico). Na cadeia têxtil é comum que a rede de varejo contrate prestadoras de serviço para realizar a sua produção. As prestadoras de serviço, por sua vez, podem não possuir capacidade produtiva de atender às encomendas, assim são contratadas prestadoras de serviços menos estruturadas e com força de trabalho ainda mais barata, podendo essa última repassar parte do serviço que lhe foi encomendado e assim sucessivamente. A prática do segundo repasse em diante é ilegal e é onde são encontradas as precárias condições de trabalho. O Brasil tem uma sociedade estruturada em bases culturais como patriarcalismo, o machismo, racismo de herança escravista e uma “xenofobia seletiva”. Por exemplo, a chegada de um europeu, americano ou japonês ao Brasil não incomoda, mas a vinda de vizinhos latino americanos ou africanos é rejeitada. O imigrante já sofre com a desinformação e com barreiras culturais, o que lhe proporciona um medo de se expor à rejeição e, possivelmente, ser deportado. Por isso, é comum que denúncias de trabalho escravo sejam feitas na igreja, visto que o imigrante não quer abandonar o país.¹ O fato de existir uma grande comunidade latinoamericana vivendo como imigrante em São Paulo ainda é um “tabu”. A desinformação do imigrante e o preconceito do brasileiro fazem com que a questão da imigração seja ignorada e geram o efeito da invisibilidade do trabalhador. Atualmente já é possível ver uma segunda geração de latinoamericanos no Brasil. Descendentes de imigrantes e nascidos em solo brasileiro, a segunda geração aparece em escolas públicas, ou em áreas produtivas que não a cadeia têxtil e possui maior facilidade de contato com o brasileiro, por dominar a língua e ter conhecimento da cultura local⁵. O crescimento da população latinoamericana no Brasil tende a diminuir esse efeito de invisibilidade e abre a possibilidade de um ganho de espaço do imigrante dentro da sociedade brasileira. Todavia, a curto prazo, é improvável imaginar que o mercado ofereça as mesmas condições de trabalho de um brasileiro a um imigrante e que o conservadorismo tradicional da sociedade brasileira, principalmente de seus tomadores de decisões, permita que o imigrante ganhe espaço, permita que questões como a exploração antiética da força de trabalho seja discutida na política nacional. Está em pauta o Projeto de lei PL 432/2013⁶que pretende retirar “jornada exaustiva” e “condições degradantes de trabalho” das definições de trabalho escravo , o que completaria o obstáculo de combate ao mesmo. Análise sistêmica e resolução a longo prazo O trabalho escravo não será erradicado nos próximos anos, pois está amplamente difundido no mundo e é encontrado em muitos setores agrícolas e industriais. Entretanto, acreditamos que é possível reverter esse cenário no setor têxtil brasileiro por meio de ações realizadas a médio e longo prazo que visem o imigrante, a cadeia produtiva, as grandes varejistas que terceirizam a produção, a empresa terceirizada que “quarteiriza” a produção, as oficinas clandestinas de costura e o consumidor final. A imigração e o imigrante A razão principal que faz com que os imigrantes se submetam à condição escrava é o cenário de seu país. No caso da Bolívia, a situação econômica é muito delicada e reflete os problemas oriundos do passado como as dificuldades econômicas, corrupção, falta de democracia e somase aos problemas recentes de desemprego e instabilidade econômica. Para o combate ao trabalho escravo é de extrema importância melhorar essa situação, pois caso isso não ocorra, a vinda de imigrantes continuará acontecendo. Apesar de complicado, Cingapura deixou de ser um país em desenvolvimento, com sérios problemas estruturais — praticamente uma favela a céu aberto — e se transformou em um país desenvolvido, com altos índices econômicos e sociais e uma renda per capita muito superior à americana. Esse país exemplifica que através de liderança, reformas econômicas e investimentos em educação a mudança é possível. Durante o regime militar a Bolívia passou por uma reforma agrária em que grandes extensões de terra foram cedidas a políticos, grupos econômicos e cooperativas fantasmas⁵. Tal reforma resultou em uma agricultura predominantemente monocultural (cana e algodão), uma altíssima concentração de terras e um grande número de camponeses sem terra. Dentre as possibilidades dos camponeses sem terra estão as migrações para meios urbanos, seja internamente(La Paz, por exemplo.) ou para centros urbanos pela América do Sul. Se centros urbanos brasileiros não possuem infraestrutura, nem afetividade por parte dos receptores, para atender a própria migração interna, como o imigrante latino será inserido na sociedade brasileira? Poderíamos barrar a imigração como meio de solução para o problema? Há exemplos no mundo todo para provar o quão desumano e ineficiente é reprimir a imigração. A fronteira dos EUA com o México é o caso mais claro. Segundo o relatório do United States Goverment Accountability Office ,entre 1990 e 2009, 4310 pessoas morreram tentando cruzar a fronteira americana de forma ilegal⁷. A repressão à imigração não só causa mortes durante a cruzada da fronteira, mas aumenta o trabalho informal, e intensifica o preconceito do nativo com o imigrante(muitas vezes clandestino), estimula o surgimentos de estigmas que são seguidos de segregações sociais e até mesmo espaciais. Como resultado o imigrante é visto como invasor, inimigo, acaba excluído da sociedade e uma potencial oportunidade de crescimento econômico e contato de culturas é desperdiçada. A imigração não deve ser vista como um problema, obviamente regulada mas a chegada de imigrantes significa um aumento da mão de obra disponível e um aumento do mercado consumidor para a economia local. A imigração pode se tornar positiva desde que procure se resolver os inúmeros problemas dentro do processo imigratório. O processo burocrático ineficiente somado a propagandas que enganam o imigrante são os primeiros impasses ao qual o trabalhador é inserido. Um exemplo ocorre na base da Polícia Federal (PF) na fronteira BrasilBolívia em Corumbá, a regularização do imigrante no Brasil é extremamente trabalhosa e negligencia as necessidades das pessoas a procura de um ingresso legal no país. Na média são aprovados 140 vistos por dia, entretanto ainda ficam aproximadamente 300 pessoas na fila de espera⁴. A falta de atendentes em um local de tanta procura faz com que os bolivianos passem noites e dias seguidos, assim ao melhorar e organizar tal processo fará com que o descaso com os trabalhadores seja eliminado, deste modo não seriam tão atraídos por propagandas enganosas veiculadas em rádios e jornais anunciando a chance de mudar de vida. O boliviano que deseja ingressar no Brasil deve recorrer ao consulado brasileiro e fazer a solicitação do visto. O que mais se adéqua ao boliviano que deseja trabalhar no Brasil é o temporal II (viagem de negócios), com esse visto o imigrante pode permanecer em território brasileiro por 90 dias. Para permanecer por mais tempo o imigrante pode recorrer ao visto temporal V (profissional, por regime de contrato em serviço do Governo brasileiro). O trabalhador boliviano envolvido na rede de confecções dificilmente conseguirá o visto temporal V, visto que o Ministério do Trabalho e Emprego deve reconhecer a sua situação trabalhista como legal, com um contrato formal e a maior parte dos imigrantes envolvidos na cadeia têxtil estão ligados ao emprego informal. Consequentemente a vinda legal do imigrante sofre com mais um desestímulo e o número de imigrantes que entram ilegalmente é estimulado a crescer. A fim de estimular o ingresso legal do imigrante e, no caso dos bolivianos, a cruzada da fronteira com uma real perspectiva de trabalho formal e regulamentado no Brasil, precisa ser feita uma atuação do governo da Bolívia em seus consulados no Brasil promovendo suporte para seus emigrantes. Nesse auxílio o boliviano que possui o visto temporário II seria cadastrado em um banco de dados que faria a ponte entre o posto de serviço que mais se adéqua a ele. O consulado auxiliaria o imigrante a ingressar no mercado de trabalho. Dessa forma juntamente com o declínio do número de imigrantes ilegais no Brasil o número de imigrantes trabalhando na informalidade também declinaria. O Centro Pastoral do Migrante – entidade ligada à Igreja Católica que fornece apoio aos imigrantes no país e que é considerada uma das maiores especialistas no tema – estima que existam hoje, na capital paulista, de 600 mil a 700 mil latinoamericanos, dos quais 40% em situação irregular, especificamente para os bolivianos, a Pastoral trabalha com estimativas de 400 mil pessoas (das quais 240 mil já documentadas), sendo que 12 mil estariam em condição de escravidão. Enquanto cruza a fronteira o sujeito deve ser informado quanto aos seus direitos e deveres como imigrante. Saber a quais serviços públicos tem acesso, quais impostos deve pagar, quais são as leis trabalhistas, a quem ele deve recorrer quando algum de seus direitos for ferido. Este trabalho de informar deve ser delegado à fronteira, aos consulados (tanto do país de origem endereçado no território brasileiro quanto o consulado brasileiro no país de origem do imigrante) e aos órgãos públicos (Ministério Público, Ministério do Trabalho, etc.). Para atingir as propagandas antiéticas contra o imigrante, o governo de seu país de origem (usaremos a Bolívia como referência) poderia fiscalizar os anúncios em rádios e jornais com ofertas de uma vida melhor no Brasil. Tratamse de propagandas enganosas que visam explorar o trabalhador. Os responsáveis pelas propagandas enganosas devem ser punidos. Essa fiscalização seria feita de modo que todo e qualquer anunciante de emprego devesse cadastrarse junto ao Ministério do Trabalho e que todos os anúncios passassem por investigação prévia por parte de um órgão vinculado ao Ministério de Comunicação da Bolívia. O trabalhador, a exploração e a sociedade brasileira O conceito de materialismo histórico ainda está muito relacionado ao modelo de crescimento econômico atual, a produção e sua forma de troca criam a ordem social e a divisão entre classes. Há um certo determinismo econômico no qual os fatores monetários agem sobre a superestrutura (instituições jurídicas, políticas e ideológicas). Ao se constatar essa realidade não devemos ser apenas o objeto que sofre as ações, é essencial compreender que a história de vida pessoal está entrelaçada com a vida de outros indivíduos os quais são influenciadospor fenômenos sociais dentro de uma estrutura social. Como o homem “é um animal amarrado a teia de significados que ele mesmo teceu”, como Max Weber descreve, o indivíduo aprende suas limitações e possibilidades, assim como o que pode ser modificado por ele e o que pode ser transformado pela coletividade. Nesse sentido, aprende a fazer melhor suas escolhas e tendo consciência das limitações impostas pela sociedade tenta buscar um caminho para minimizálas. A acumulação material ainda é a forma que grande parte da sociedade vê o quão bemsucedido é e a maioria das vezes aquele que detém o meio de produção não está minimamente interessado se suas práticas estão de acordo com os direitos de seus trabalhadores, a única coisa que importa é a redução dos custos do processo de produção, manter a empresa nos níveis competitivos e o quanto poderá lucrar aumentando por exemplo, as horas trabalhadas, lembrandonos do conceito da maisvalia criado por Marx. É o que acontece com muitos imigrantes que vem para o Brasil em busca de melhores condições de vida e encontram um ambiente exploratório no qual o cerceamento de sua liberdade se dá através de coações e ameaças feita pelos patrões que mentem ao dizer que são trabalhadores ilegais e que irão ser deportados caso sejam descobertos. Os bolivianos são a comunidade mais numerosa e explorada, chegando a trabalharem 17 horas por dia em algumas confecções com ganho de aproximadamente R$ 0,40 por peça, dividem o local com um número de pessoas maior do que o ambiente é capaz de acomodar e ainda são privados do direito de ir e vir. Desde 1995 segundo dados da OIT (Organização Internacional do Trabalho) 47 mil trabalhadores foram resgatados de condições de trabalho análogas à escravidão, 72% destes não possuíam o fundamental completo (33% do total era analfabeto). Não há dados precisos quanto a reincidência de escravizados resgatados, porém a chance de que um trabalhador de baixa qualificação e de alta fragilidade informacional dentro cenário social em que o país se encontra, voltar a condições precárias de trabalho é altíssima. Costumam ser feitas ações como inscrição no bolsa família, oferecimento de passagem de volta para o país de origem (geralmente negado), destinação de propriedades rurais fiscalizadas para a reforma agrária (tendo os escravizados preferência). Todavia pouco é feito quanto ao fato de o sujeito explorado possuir baixíssima instrução e uma força de trabalho pouco qualificada. Uma ação semelhante ao Movimento Ação Integrada⁸, deveria ser ampliada. Tratase de uma parceria entre entidades públicas e privadas que visam um atendimento especial para o resgatado do trabalho escravo. Segundo Valdiney Arruda, superintendente da SRTE/MT, ”A Ação Integrada vem tentar resgatar a vítima que foi egressa do trabalho escravo, ou está em situação de vulnerabilidade, criando condições e propondo iniciativas junto a instituições público e privadas para que elas também exerçam sua capacidade de investimento voltada para esse público”. Após ser resgatado o trabalhador passa por uma abordagem socioprofissional para verificar sua qualificação e as condições de vulnerabilidade. Em seguida ele recebe um seguro desemprego especial e é submetido a um programa de qualificação que pode ser voltado tanto para a área urbana quanto para a área rural. O SENAI como um dos parceiros do Movimento Ação Integrada oferta cursos de qualificação profissional, cursos de aprendizagem e inserção do trabalhador como aprendiz no mercado de trabalho. A ACRISMAT Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso e o SESI fazem parcerias semelhantes. Durante todo o processo o trabalhador recebe acompanhamento especial. O acompanhamento psicológico do resgatado tornase essencial quando são identificadas situações como a negação da exploração, para muitos é humilhante admitir que é um escravizado. Richard Sennett afirma em “A corrosão do caráter”¹⁰que assumir um fracasso como esse, perder o emprego, sair de seu emprego sem pagar a suposta dívida, voltar ao país de origem sem acumular os ganhos que veio buscar, é um tabu para o trabalhador contemporâneo. Devese combater a discursos que justifiquem a exploração do trabalhador, o empresário afirma que o trabalhador tem sorte de estar naquela situação (poderia estar pior), devese se reafirmar que os direitos são os mesmos para todos. Ter um trabalho decente é um direito de qualquer cidadão, sem exceções. Segundo definição da OIT “O Trabalho Decente é o ponto de convergência dos quatro objetivos estratégicos da OIT: o respeito aos direitos no trabalho (em especial aqueles definidos como fundamentais pela Declaração Relativa aos Direitos e Princípios Fundamentais no Trabalho e seu seguimento adotada em 1998: (i) liberdade sindical e reconhecimento efetivo do direito de negociação coletiva; (ii)eliminação de todas as formas de trabalho forçado; (iii) abolição efetiva do trabalho infantil; (iv) eliminação de todas as formas de discriminação em matéria de emprego e ocupação), a promoção do emprego produtivo e de qualidade, a extensão da proteção social e o fortalecimento do diálogo social.”⁹ A cadeia têxtil Para detectar se há trabalho escravo na produção do grande varejista deve ser feito uma análise de toda a cadeia. A análise de cadeia consiste na fiscalização de todas as entidades envolvidas, desde a extração dos insumos até o varejo. Delegar a função aos fiscais do governo torna a solução inviável, visto que o problema do trabalho escravo já atinge níveis crônicos, não há verba estatal nem contingente de fiscais suficiente para uma fiscalização em massa por parte do Estado. O processo demanda um grande investimento e só é viável quando há um real interesse na detecção e resolução desse atraso que é o trabalho escravo por parte de todos envolvidos na cadeia. Como foi apresentado na problemática, a precarização do trabalho na cadeia têxtil é encontrada no processo de quarteirização, que consiste na prática de prestadoras de serviço repassarem o serviço que lhe foi contratado para uma prestadora com menores custos e, geralmente,uma estrutura mais precária. Um plano que envolva ações do governo municipal, das redes de varejo e do Ministério do Trabalho deveria atuar no suporte às prestadoras de serviço, comumente chamadas de terceirizadas. São elas que compõem a base e empregam a maior parte da mão de obra envolvida na cadeia, além de serem as prejudicadas pela incapacidade de atender a demanda do universo consumista brasileiro. O governo municipal poderia dar incentivos fiscais às prestadoras de serviços iniciantes no mercado. As grandes redes de varejo poderiam prestar consultorias e capacitações para suas prestadoras de serviço, otimizando o processo produtivo e qualificando a mão de obra na confecção. Tratase de um investimento das redes, o processo otimizado permitiria que as confecções se aproximassem mais de atender a demanda do mercado e seus produtos ganhassem um salto de qualidade. O investido nesse processo de apoio à prestadora seria retornado dos impostos sobre vendas, sendo assim mais um incentivo para a ação. O Ministério do Trabalho forneceria crédito facilitado e à baixos juros para a prestadora de serviço com intenções de investir em avanços tecnológicos de seu empreendimento. O mesmo ministério fiscalizaria os processos que entrassem no plano e um selo de aprovação seria dado ao produto final que tivesse a cadeia envolvida no projeto, dando valor intangível ao produto. O consumismo A ideia de consumir no Brasil ainda é muito forte. Pesquisas afirmam que quanto mais os bens materiais são valorizados, as pessoas tornamse menos preocupadas com os valores sociais, explicando por que as pessoas agem de maneira menos empática, generosa e cooperativa quando pensam em dinheiro. Diariamente há bombardeamento de propagandas publicitarias que não se mantem apenas pelas mídias ocorrendo também de forma indireta através do pagamento de atores que elogiam produtos em conversas de bares e parques públicos para estimular o consumo, sem contar o número de notícias do quão importante o ato é para o crescimento econômico do pais e isto financia a utilização de trabalho escravo. Cientistas afirmam que a insegurança é um dos fatores que promovem a compulsão e os consumidores são conduzidos pela felicidade efêmera no intuito de preencher o que acreditam estar faltando. Esse é um dos pontos que Zygmunt Bauman explora como “modernidade liquida”¹¹, há descarte de objetos e pessoas como nunca antes na história. O sociólogo afirma que “nós somos responsáveis pelo outro, estando atento a isto ou não, desejando ou não, torcendo positivamente ou indo contra, pela simples razão de que, em nosso mundo globalizado, tudo o que fazemos (ou deixamos de fazer) tem impacto na vida de todo mundo e tudo o que as pessoas fazem (ou se privam de fazer) acaba afetando nossas vidas”, assim cultivar valores e se preocupar com o outro são meios de combater a fragilidade e ajudar a nós mesmos. Constantemente consumimos produtos que provavelmente utilizaram mão de obra explorada e nunca nos perguntamos sobre o processo de formação dele, a Made in a Free World criou uma ferramenta que calcula quantos escravos trabalham para fazer o que utilizamos¹². Descobrir que há 30, 40 pessoas trabalhando em condições péssimas é no mínimo chocante mesmo que soubéssemos da probabilidade de haver este tipo de trabalho. Essa sensibilização da população aumenta o número de denúncias e estas são o meio mais comum para informar os órgãos de fiscalização. Além disso, deve haver uma reeducação sobre o conceito de escravidão. Muitas pessoas ainda interligam a palavra a exploração humana da época colonial, àqueles que viviam acorrentados. É preciso mostrar que essa percepção é antiquada e atualmente a escravidão é diferente e tem várias formas. Imaginar a cena de exploração é um ato imediato. O exercício de alteridade, a habilidade ou competência de se colocar no lugar do outro torna as pessoas mais engajadas e atualizadas sobre as invisibilidades que o cercam. Um psicopata possui a capacidade de matar, agredir qualquer pessoa, não importa quantas vezes, pois ele não possui empatia pela sua vítima, não consegue sentir o quão prejudicial as ações podem ser para aquela pessoa. Enquanto não se cria uma empatia em torno de uma situação, a sociedade tende a não se preocupar com ela. O psicólogo Daniel Goleman explicou em um evento da TED Talks¹³ que “se ajudarmos o próximo, nós automaticamente criamos empatia e nos ligamos à ele. E se essa pessoa estiver em necessidade, se ela está a sofrer, nós automaticamente estamos preparados para ajudar.” No mesmo evento citou uma experiência própria: “Outro dia eu estava a doar impostos à Seva Fundation e tive uma epifania, pensei: meu amigo Lerry Brilliant ficará muito feliz por eu doar dinheiro à Seva. Aí eu percebi que eu estava a ganhar com a doação,era uma sensação de narcisismo, me fez sentir bem comigo mesmo, saltei desse foco meio narcisista para uma alegria altruísta, sentindome bem pelas pessoas que estavam a ser ajudadas. Eu penso que isso é um fator de motivação”. Criada a empatia pela causa, o envolvimento da população é consequente. A empatia pode ser criada por meio da informação. Poderia ser feita uma campanha do governo municipal realizando propagandas voltadas à sociedade explicando o que caracteriza o trabalho escravo, lembrando o cidadão da existência desse problema no cotidiano paulistano e como denunciálo. Essas propagandas seriam vídeos explicativos veiculados na televisão, nas redes sociais e nas emissoras de rádio e cartazes que sintetizem a informação (Por exemplo: “Trabalho escravo existe próximo a você, denuncie: ligue 156”) e que apareceriam nos pontos de ônibus, nos relógios digitais e em locais públicos como muros e viadutos. De modo a conscientizar o consumidor final, o ministério da educação poderia incluir no currículo básico de ensino os males do consumismo exacerbado que financia indiretamente a exploração e a existência deste tipo de mão de obra em locais próximos a onde os alunos se encontram. A mudança na sociedade deve começar por baixo. Para reforçar a sensibilizaçãohá ferramentas como o aplicativo Moda Livre¹⁴que mostra as medidas que as principais empresas do setor adotam contra o trabalho escravo, ou a campanha que a Organização Internacional do Trabalho criou denominada 50 for freedom¹⁵que busca persuadir ao menos 50 países a ratificarem o Protocolo contra o Trabalho Forçado. Para sensibilizar o público, alguns atores contam histórias reais de pessoas obrigadas a trabalhar em situações análogas à escravidão. A ideia de divulgar e apoiar campanhas contra a utilização do trabalho escravo em redes sociais, convidar pessoas influentes a aderir o pensamento são meios de utilizar a tecnologia como forma de persuadir o maior número de pessoas, estas irão influenciar pessoas ao seu redor. Resumidamente, o Protocolo¹⁶citado anteriormente, atua em três níveis: prevenção, proteção e reabilitação. Os países precisam ratificálo para que ele entre em vigor. Uma vez ratificado, os países deverão prestar contas regularmente sobre as medidas concretas tomadas para pôr fim à escravidão moderna. Ele pede aos países que garantam a liberação, o restabelecimento e a reabilitação das vítimas da escravidão moderna, também as protege de responderem a processos por crimes que tenham sido obrigadas a cometer quando trabalhavam em situação análoga à escravidão. Os países que ratificarem o Protocolo deverão garantir que todos os trabalhadores de todos os setores sejam protegidos pela legislação. Eles deverão reforçar a fiscalização do trabalho e de outros serviços que protejam os trabalhadores da exploração, adotar medidas complementares para educar e informar a população e as comunidades sobre crimes como o tráfico de seres humanos, garante às vítimas o acesso à ações jurídicas e à indenização – mesmo que elas não residam legalmente no país onde trabalham. Os Estados também devem sancionar as práticas abusivas e fraudulentas dos recrutadores e das agências de emprego. Além disso, ele pede também aos empregadores que tenham a “devida diligência” para evitar a escravidão moderna em suas práticas comerciais ou em suas cadeias de fornecimento”. É possível engajar grandes varejistas em ações contra a exploração do trabalhador, o instituto InPACTO já realiza essa atividade entre empresas e são realizadas dentro de sua cadeia produtiva ou em forma de vídeos destinados a seus consumidores. Empresas reconhecidas como éticas e socialmente responsáveis gozam de maior confiança de seus clientes e agregam à sua imagem uma aprovação crescente, à medida que suas ações resultam em benefícios sociais efetivos. Ao estabelecer um padrão ético de atuação empresarial, as organizações influenciam seus clientes, fornecedores e concorrentes, criando novos paradigmas para o relacionamento. As iniciativas voltadas para o consumidor beneficiam a marca responsável à medida que seguem uma tendência mundial chamada Guilt Free Comsumption¹⁷. A tendência consiste em consumidores buscando marcas que não apresentem irregularidades (trabalhistas, ecológicas, sociais) em suas linhas de produção. O nome parte da ideia de o consumidor não querer se sentir culpado pelos produtos que consome. Conclusão A problemática do trabalho escravo latino americano na cadeia têxtil em São Paulo tem muitas faces e varia desde a questão psicológica do trabalhador escravizado até a estrutura social que permite a existência dessa forma de exploração. No campo da administração podese concluir que o maior problema está na pratica da “quarteirização”, pois com a finalidade de reduzir o custo de produção há a utilização de mão de obra mais barata, que explora o trabalhador. No que cabe as ciências socais destacase a estrutura líquida da sociedade e a lógica de produção capitalista que estimula o consumo e a valorização de bens materiais. Na área da psicologia podemos ressaltar o problema da ausência de empatia por parte dos consumidores que ao efetuarem uma compra não refletem sobre a cadeia produtiva do bem recém adquirido. Esses consumidores entretanto, podem ser impactados por estratégias de marketing que tem por finalidade conscientizar a população da realidade encontrada na cadeia produtiva e consequentemente há a ampliação da empatia. Uma proposta para a redução da “quarteirização” e, por conseguinte, do uso da mão de obra escravizada nessa cadeia é a de um investimento sério de grandes empresas em suas prestadoras de serviço. Caso haja investimento, as terceirizadas terão condições de expandir a sua capacidade produtiva e assim suprir toda a demanda da grande varejista e assim o grande “nó” do problema tratado neste trabalho seria desestimulado e parte do seu todo estaria encaminhada para uma resolução efetiva. Quanto ao modo de produção e a liquidez das relações humanas, tanto com seus semelhantes quanto com bens materiais, devese reconhecêlas e com isso criar maneiras de moldálas para construir um modo de consumo e produção mais humano e consciente. Para isso podemos utilizar as ferramentas do marketing e mídias sociais para divulgar informações sobre o que é o trabalho escravo no século XXI, sobre seus números como, por exemplo, a quantidade de pessoas escravizadas há na cadeia têxtil em São Paulo e a realidade vivenciada pelas vítimas do trabalho escravo. Outra informação a ser veiculada deve ser a via de contato com o órgão responsável por receber as denúncias, pois elas são necessárias e tendem a aumentar. Com a disseminação das informações anteriormente citadas, a empatia e a preocupação com o outro se fará presente. Essa ampliação no mercado consumidor fará com que o consumo sem responsabilidade social sofra um declínio e assim a demanda pela mão de obra escrava diminuirá. Foi analisada a cadeia de forma completa, os problemas que a envolvem, suas causas e consequências. O trabalho buscou discutir as questões buscar e soluções para os problemas que afetam desde o imigrante como indivíduo, a sua sociedade e sociedade que o contorna após a migração, a estrutura produtiva e do mercado têxtil. As soluções apresentadas possuem um impacto maior, e efetivo, caso sejam feitas de formaque todos envolvidos na cadeia se engajem. Fontes: 1. As informações referentes ao InPACTO e dados citados no capítulo referente à organização tem como origem a entrevista no dia 06/05/2016 com Mércia Silva, representante da entidade e nossa colaboradora no projeto. 2. ”Nas costuras do trabalho escravo”, Camila Lins Rossi.(probl. par 2) 3. Carlos Freire Silva; "Trabalho Informal e Redes de subcontratação" 4. Reportagem “Profissão Repórter” 09/04/2013 5. Paulo T.; Antonio B.; Rosana B.; "Migrações" 6. Site do Senado 7. “ILLEGAL IMMIGRATION “, United States Goverment Accountability Office 8. Movimento Ação Integrada, http://www.acaointegrada.org/ 9. http://www.inpacto.org.br/2016/05/trabalhodecenteefundamentalparareduzirap obrezaapontanovorelatoriodaoit/ 10. Richard Sennett, “A corrosão do caráter” 11. Zygmunt Bauman, “Modernindade Líquida” 12. Ação da Made in a Free World, http://slaveryfootprint.org/ 13. Daniel Goleman no TED Talks, http://www.ted.com/talks/daniel_goleman_on_compassion?language=ptbr 14. Notícia atualização do app “Moda Livre”, http://reporterbrasil.org.br/2014/08/comnovaatualizacaoappmodalivremonitora45mar casevarejistasderoupa/ 15. Campanha da 50 For Freedom, exemplo Wagner Moura, https://www.youtube.com/watch?v=95zsebeLZc http://50forfreedom.org/ 16. Protocolo trabalho forçado, http://50forfreedom.org/pt/umtratadoparamudar21milhoesdevidas/ 17. Guil Free Consumption, http://trendwatching.com/pt/trends/guiltfreeconsumption/
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