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Círculos ou circunferências O terceiro postulado de Euclides diz que é possível traçar um círculo com qualquer centro e com qualquer raio. Com os nossos axiomas, este postulado é simplesmente uma consequência. Até o momento nós estudamos apenas triângulo e quadriláteros, figuras planas definidas por pontos e retas. Começaremos nosso estudo do círculo, que é uma figura plana definida através da noção de distância entre dois pontos. Seja 𝑂 um ponto e 𝑅 um número positivo. Definição. O círculo com centro 𝑂 e raio 𝑅 é o conjunto dos pontos 𝑄 tais que 𝑂𝑄 = 𝑅. Dois ou mais círculos com o mesmo centro são ditos concêntricos. Se Q é qualquer ponto do círculo, então o segmento OQ é um raio do circulo, e Q é a extremidade do raio. Se Q e R são pontos do círculo, então QR é uma corda do círculo. Uma corda que contém o centro é denominada um diâmetro do círculo. Evidentemente, o comprimento de todo diâmetro é o número 2r. Este número é denominado o diâmetro do círculo. Observação Note que a palavra raio é usada com dois sentidos. Ela pode significar um número 𝑅 ou um segmento 𝑂𝑄. Porém, no contexto sempre será fácil identificar o significado. Quando falamos “o raio”, falamos do número 𝑅, e quando falamos de “um raio”, falamos de um segmento. Da mesma forma, para a palavra diâmetro. Tangência e ângulos no círculo Comecemos esta seção estudando uma das mais importantes noções da Geometria Euclidiana, qual seja, a de reta e círculos tangentes. Dizemos que um círculo e uma reta r são tangentes ou, ainda, que a reta r é tangente ao círculo , se r e tiverem exatamente um ponto P em comum. Nesse caso, P é denominado o ponto de tangência de r e . A proposição a seguir ensina como construir uma reta tangente a um círculo dado e passando por um ponto do mesmo. Teorema. Se uma reta é perpendicular a um raio de um círculo em sua extremidade, então a reta é tangente ao círculo. Demonstração Sejam 𝐶 um círculo com centro em 𝑂 , 𝑂𝑃 um raio e 𝑡 a perpendicular a 𝑂𝑃 em 𝑃. Se 𝑅 é qualquer outro ponto de r, então 𝑂𝑅 > 𝑂𝑃, já que o menor segmento unindo um ponto a uma reta é o segmento perpendicular. Portanto, 𝑅 está no exterior de 𝐶. Logo, 𝑡 intersecta 𝐶 somente no ponto 𝑃, o que implica que 𝑡 é tangente a 𝐶. Teorema. Toda tangente 𝑟 a um círculo C é perpendicular ao raio com extremidade no ponto de tangência 𝑄. Dados no plano um círculo e um ponto P sobre o mesmo, mostre que a reta tangente a em P é única. Proposição. Um raio é perpendicular a uma corda (que não é um diâmetro) se e somente se a divide em dois segmentos congruentes. Voltemo-nos, agora, ao estudo de certos ângulos em um círculo. Dado, no plano, um círculo de centro O, um ângulo central em é um ângulo de vértice O e tendo dois raios OA e OB por lados. Em geral, tal ângulo central será denotado por AOB e o contexto tornará claro a qual dos dois ângulos AOB estamos nos referindo. Por definição, a medida do ângulo central AOB é igual à medida do arco correspondente. O exemplo a seguir mostra que ângulos centrais iguais subentendem cordas também iguais. Suponha que AÔB = CÔD < 180 (o caso AÔB =CÔD > 180 pode ser tratado de modo análogo). Como AO = CO, BO =DO e AÔB = CÔD, os triângulos AOB e COD são congruentes por LAL, de modo que AB = CD. Outra importante classe de ângulos em um círculo é aquela formada pelos ângulos inscritos. Por definição, um ângulo inscrito num círculo é um ângulo cujo vértice é um ponto do círculo e cujos lados são duas cordas do mesmo. Outra maneira útil de generalizarmos ângulos inscritos é considerar ângulos ex-cêntricos mas, nesse caso, há dois tipos distintos, quais sejam, os interiores e os exteriores. Um ângulo ex-cêntrico interior é um ângulo formado por duas cordas de um círculo que se intersectam no interior do mesmo; Um ângulo ex-cêntrico exterior é um ângulo formado pelas retas suporte de duas cordas de um círculo que se intersectam no exterior do mesmo. (a) Basta aplicar sucessivamente o teorema do ângulo externo (Corolário 3.7, Unidade 3) e o resultado da Proposição 4: Círculos associados a um triângulo Quadriláteros Inscritíveis e Circunscritíveis Contrariamente aos triângulos, nem todo quadrilátero (convexo) admite um círculo passando por seus vértices. Para ver isso, basta tomar um triângulo ABD e um ponto C não pertencente ao círculo circunscrito a ABD. Por outro lado, dizemos que um quadrilátero é inscritível se existir um círculo passando por seus vértices. • É imediato a partir da unicidade do círculo circunscrito a um triângulo quese um quadrilátero for inscritível, então o círculo que passa por seus vértices é único e será doravante denominado o círculo circunscrito ao quadrilátero. • Podemos mostrar que um quadrilátero é inscritível se, e só se, as mediatrizes de seus lados se intersectarem em um único ponto, o circuncentro do quadrilátero. Porém, nas aplicações que temos em mente, a caracterização dos quadriláteros inscritíveis dada a seguir mostra-seem geral mais útil: No que segue, apresentamos duas aplicações importantes da proposição acima. Para a primeira delas, precisamos da seguinte nomenclatura: o triângulo órtico de um triângulo não- retângulo ABC é o triângulo formado pelos pés das alturas de ABC. Nossa segunda aplicação diz respeito à seguinte situação: dados no plano um triângulo ABC e um ponto P não situado sobre qualquer das retas suportes dos lados de ABC, marcamos os pontos D, E e F, pés das perpendiculares baixadas de P respectivamente aos lados BC, CA e AB. O triângulo DEF assim obtido é o triângulo pedal de P em relação a ABC. Por exemplo, o triângulo órtico de um triângulo é o triângulo pedal do ortocentro do triângulo. Nas notações da discussão acima, quando P estiver sobre o círculo circunscrito a ABC diremos que a reta que passa pelos pontos D, E e F é a reta de Simson-Wallace de P relativa a ABC. Voltando à discussão do parágrafo inicial desta seção, observamos agora que nem todo quadrilátero convexo possui um círculo tangente a todos os seus lados. Quando tal ocorrer, diremos que o quadrilátero é circunscritível e que o círculo tangente a seus lados é o círculo inscrito no quadrilátero. O teorema a seguir, conhecido como o teorema de Pitot, dá uma caracterização útil dos quadriláteros inscritíveis.
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