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Noções sobre Motores Convencionais SEST – Serviço Social do Transporte SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte ead.sestsenat.org.br CDU 629 86 p. :il. – (EaD) Curso on-line – Noções sobre Motores Convencionais – Brasília: SEST/SENAT, 2017. 1. Aeronave - motor convencional. 2. Engenharia aeronáutica. I. Serviço Social do Transporte. II. Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte. III. Título. 3 Sumário Apresentação 6 Unidade 1 | Motores Convencionais 7 1 Introdução 8 1.1 Ciclo Otto 8 1.2 Funcionamento 11 1.2.1 Tempo de Admissão 13 1.2.2 Tempo de Compressão 15 1.2.3 Tempo de Potência, Força e Expansão 15 1.2.4 Tempo de Exaustão 16 1.3 Aplicabilidade nas Aeronaves 16 1.3.1 Monomotores 17 1.3.2 Multimotores 18 1.3.3 Classes de Potência 19 Glossário 21 Atividades 22 Referências 23 Unidade 2 | Fases Operacionais 25 1 Introdução 26 1.1 Partida 26 1.2 Marcha Lenta (idle) e Aceleração 29 1.2.1 Aceleração 32 1.3 Fases da Decolagem 33 1.3.1 Decolagem ou Takeoff 33 1.3.2 Subida ou Climb 36 4 1.3.3 Voo de Cruzeiro 36 1.3.4 Arremetida 39 1.4 Corte 41 Glossário 42 Atividades 43 Referências 44 Unidade 3 | Tipos de motores convencionais 46 1 Introdução 47 1.1 Motores Aspirados 47 1.2 Motores Superalimentados e Turboalimentados 50 1.2.1 Superalimentadores 50 1.2.2 Turboalimentador 52 Glossário 55 Atividades 56 Referências 57 Unidade 4 | Ganhos de Potência 59 1 Introdução 60 1.1 Antecipação de Ignição 60 1.2 Alteração de Válvula 64 1.2.1 Construção das Válvulas 65 1.3 Mudança na Taxa de Compressão 66 Glossário 69 Atividades 70 Referências 71 Unidade 5 | Manutenção de Motores Convencionais 73 1 Introdução 74 5 1.1 Pré-voo 74 1.2 Troca de Óleo 77 1.3 Revisão Geral do Motor 79 Glossário 81 Atividades 82 Referências 83 Gabarito 85 6 Apresentação Prezado(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) ao curso Noções sobre Motores Convencionais! Neste curso, você encontrará conceitos, situações extraídas do cotidiano e, ao final de cada unidade, atividades para a fixação do conteúdo. No decorrer dos seus estudos, você verá ícones que têm a finalidade de orientar seus estudos, estruturar o texto e ajudar na compreensão do conteúdo. Este curso possui carga horária total de 25 horas e foi organizado em 5 unidades, conforme a tabela. Fique atento! Para concluir o curso, você precisa: a) navegar por todos os conteúdos e realizar todas as atividades previstas nas “Aulas Interativas”; b) responder à “Avaliação final” e obter nota mínima igual ou superior a 60; c) responder à “Avaliação de Reação”; e d) acessar o “Ambiente do Aluno” e emitir o seu certificado. Este curso é autoinstrucional, ou seja, sem acompanhamento de tutor. Em caso de dúvidas, entre em contato através do e-mail suporteead@sestsenat.org.br. Bons estudos! Unidades Carga Horária Unidade 1 | Motores Convencionais 7h Unidade 2 | Fases Operacionais 8h Unidade 3 | Tipos de Motores Convencionais 3h Unidade 4 | Ganhos de Potência 4h Unidade 5 | Manutenção de Motores Convencionais 3h 7 UNIDADE 1 | MOTORES CONVENCIONAIS 8 Unidade 1 | Motores Convencionais 1 Introdução São motores que operam com a gasolina própria para avião, conhecida como AVGAS. Sua função é movimentar uma hélice que produz a força de propulsão. Para que haja movimento da hélice, os pistões comprimem o ar e são impulsionados para baixo mediante a expansão dos gases, que sofreram combustão no interior do cilindro. Essa expansão, que movimenta os pistões para baixo, roda a árvore de manivelas que movimentará a hélice. Os motores convencionais sofrem grande influência da mudança da densidade do ar pela variação da temperatura e da pressão. A maior parte dos carburadores dos motores convencionais possui um dispositivo aneroide que regula a mistura do ar com o combustível e o aumento da altitude do avião. Caso contrário, a mistura tenderia a enriquecer devido à diminuição da densidade do ar em certas altitudes de voo, uma vez que o pistão necessita admitir uma quantidade determinada de volume de ar para obter uma melhor eficiência térmica no tempo de expansão. 1.1 Ciclo Otto É um ciclo termodinâmico que operacionaliza o funcionamento de motores por meio de combustão interna, ou seja, utiliza uma centelha para inflamar a mistura ar/combustível. O ciclo é considerado uma máquina térmica. Nesse caso, o motor opera por intermédio da compressão do ar efetuado por um compressor alternativo, chamado pistão, que atua alternadamente, subindo e descendo dentro do cilindro. 9 Na aeronave, o motor é a máquina motora, já que ele é o responsável por acionar ou fornecer trabalho. A hélice é a máquina geradora ou operadora, haja vista que ela é acionada ou consome trabalho. No ciclo Otto, o sistema é fechado porque a transformação de calor em trabalho no interior do cilindro ocorre com as duas válvulas fechadas. Esse procedimento se difere de uma máquina térmica de fluxo, que é o motor a reação, em que a transformação de calor em trabalho ocorre em um sistema aberto. Na máquina térmica a pistão, o motor transforma a energia térmica do combustível diretamente em trabalho por meio da expansão dos gases no interior do cilindro. Assim, o pistão é forçado a transformar seu movimento alternativo em trabalho em cima da árvore de manivelas. Para calcular a força que provoca o deslocamento do pistão, usa-se a fórmula ilustrada na Figura 1. (F) = (p) x (S) Em que: • (F) = força; • (p) = pressão; • (S) = área em que ocorre a compressão. Figura 1: Fórmula da força que provoca o deslocamento do pistão 10 No ciclo Otto, o gás formado pela mistura de ar e combustível é comprimido. A mistura pode ser preparada fora do motor por um componente chamado carburador. Ela pode também ser injetada na entrada do cilindro ou diretamente dentro do cilindro (injeção direta). Após ser comprimida, a mistura é inflamada com o auxílio de uma vela de ignição. Além do ciclo Otto, o motor a pistão também pode ser de ciclo a diesel. Nos motores a diesel, o ar é admitido no cilindro e comprimido, e o combustível é injetado na massa de ar por um circuito independente chamado de bomba injetora, ocasionando uma inflamação espontânea. O processo é possível devido às altas taxas de compressão dos motores de ciclo a diesel. O ciclo Otto pode ser representado conforme o Gráfico 1, com o pistão isolado de forma adiabática. O motor possui uma fonte quente (combustão) e uma fonte fria (escapamento dos gases). Assim, a representação fica composta com duas adiabáticas e duas isométricas. Analisando o Gráfico 1 e a Figura 2 de ciclo Otto, observa-se que ocorre no sistema uma compressão adiabática entre os ciclos 1 e 2, sem interferência da geração de calor do meio externo. Do ciclo 2 ao 3 ocorre um recebimento de calor isométrico, enquanto do ciclo 3 ao 4 há uma expansão adiabática. Neste último, tem-se a produção de trabalho, ou seja, a transformação de calor em trabalho. No ciclo 4 ao 1, ocorre a entrega de calor isométrico e o escapamento dos gases. GRÁFICO 1: Gráfico de pressão e volume do ciclo Otto 11 Figura 2: Demonstração prática do funcionamento do ciclo Otto 1.2 Funcionamento O ciclo Otto utilizado nas aeronaves é um ciclo a quatro tempos. Isso equivale dizer que os motores requerem quatro tempos para concluir uma série de eventos ou ciclos de operação para cada cilindro. Esses quatro tempos de um motor convencional são admissão, compressão, expansão e exaustão e estão representados nas Figuras 3.A, B, C e D, respectivamente. Figura 3.A: Admissão - válvula de admissão abertaFigura 3.B: Compressão - válvulas de admissão e escape fechadas 12 Para que se tenha a execução dos quatro tempos, são necessárias duas voltas completas da árvore de manivelas ou 720º (graus). Cada pistão executa o tempo de trabalho ou de potência a cada um desses ciclos. O ajuste do tempo de ignição e o tempo de abertura ou fechamento das válvulas vão variar de acordo com o projeto do motor. e Por isso, é importante consultar o manual do fabricante para verificar essas particularidades. O tempo de operação das válvulas e o de ignição sempre são especificados em graus de curso da árvore de manivelas. Um exemplo do tempo das válvulas é evidenciado na Figura 4. Figura 4: Ciclo completo de um motor a quatro tempos Figura 3.C: Expansão ou ciclo de trabalho - válvulas fechadas Figura 3.D: Exaustão - válvula de escape aberta 13 Ressalta-se a importância de não confundir o ponto motor alto ou baixo (PMA ou PMB), que é respectivamente, quando o pistão está localizado embaixo ou em cima no final do curso, com centro do ponto alto ou baixo, em inglês, top dead center (TDC) ou bottom dead center (BDC), que é o local onde a árvore de manivelas, a biela e o pistão estão alinhados. Na Figura 5, há a demonstração do TDC e do BDC. Figura 5: Demonstração do TDC e do BDC O motor a pistão requer que seus ajustes do tempo de ignição e das válvulas estejam em perfeita harmonia para um melhor aproveitamento da transformação do calor em trabalho, gerando assim, maior potência. Por essa razão o magneto, componente do sistema de ignição responsável pelo envio da centelha à vela de ignição, é ajustado pelo profissional em manutenção de aeronaves. Além disso, o cilindro do motor número 1 deve estar no correto ponto de compressão com as válvulas fechadas, ajustadas de acordo com o número em graus da árvore de manivelas. 1.2.1 Tempo de Admissão No decorrer do tempo de admissão, o pistão é tracionado para baixo dentro do cilindro pela rotação da árvore de manivelas, reduzindo assim, a pressão no interior do cilindro para um nível abaixo da pressão atmosférica. Consequentemente, a pressão do carburador também é diminuída, provocando a sucção da mistura ar/combustível pelo cilindro, pois a pressão se desloca do ponto de maior para o ponto de menor pressão. 14 O carburador afere a quantidade exata de combustível que irá se misturar com a massa de ar que passa por uma válvula de seu mecanismo interno. A quantidade ou o peso da mistura ar/combustível subordina-se à quantidade de potência solicitada pelo manete localizado na cabine de pilotagem. Abre-se a válvula de admissão antes de o pistão atingir o ponto central superior, em inglês, top dead center (TDC), no tempo de exaustão, induzindo desse modo, uma grande quantidade de mistura ar/combustível para o interior do cilindro e acarretando o aumento de potência. O tempo em que a válvula de admissão pode ficar aberta junto com a válvula de exaustão é entendido como claro ou cruzamento de válvulas, e depende do projeto do motor. e Há possibilidade de os gases residuais do ciclo anterior, presentes no cilindro, desencadearem um retorno de chama no duto de admissão. Em motores de alta performance, ambas as válvulas de admissão e exaustão estarão abertas no princípio do tempo de admissão. A válvula de admissão abre antes de o pistão atingir o TDC no tempo de exaustão (avanço de válvula). O fechamento da válvula de exaustão é atrasado consideravelmente após o pistão ter passado o TDC, dando início ao tempo de admissão (retardo da válvula). Esse cruzamento de válvula é efetuado para os seguintes propósitos: • refrigerar internamente o cilindro pela circulação da mistura gelada do ar/ combustível; • estender a quantidade da mistura ar/combustível induzido dentro do cilindro; • auxiliar na lavagem dos subprodutos que eventualmente permanecem após a combustão no cilindro. Regula-se a válvula de admissão para fechar entre 50º e 75º após a passagem pelo centro do ponto morto inferior (BDC) no tempo de compressão, a depender de determinadas especificações do motor, para conceder um maior enchimento do cilindro. 15 1.2.2 Tempo de Compressão Em sequência ao fechamento da válvula de admissão, o pistão continua seu movimento em direção ao ponto morto superior, comprimindo a mistura ar/combustível para obter a desejada queima e a expansão dos gases. A mistura é inflamada pelo uso de uma centelha elétrica da vela de ignição quando o pistão se aproxima do TDC. A ignição da mistura ar/combustível varia de 20º a 35º antes do centro do ponto morto superior. A depender das características específicas do motor, o pistão pode sofrer a expansão após ele passar levemente da posição TDC. 1.2.3 Tempo de Potência, Força e Expansão Quando o pistão passa pela posição TDC após a explosão da mistura ar/combustível, a força da expansão dos gases sobre a cabeça do pistão é transmitida por meio da biela para impulsionar a árvore de manivelas no movimento rotativo, permitindo que o motor funcione na ordem de queima projetada pelo fabricante. A força em cima da rotação da árvore de manivelas é transferida para a hélice, que deslocará o avião para frente. A força exercida pela expansão dos gases sobre a cabeça de pistão pode ser maior que 15 toneladas (30.000 psi) com potência máxima do motor. A temperatura atingida na câmara de combustão varia entre 3.000 e 4.000 ºF (ou 1.663 e 2.204 ºC). Depois da propagação dos gases, a temperatura no interior do cilindro sofre uma queda para limites seguros antes de os gases de exaustão fluírem pelo duto de escapamento. O período de abertura da válvula de exaustão é determinado pelo projeto do motor. Então, abre-se a válvula consideravelmente antes do BDC no tempo de expansão, em alguns motores entre 50º e 75º antes do BDC, enquanto ainda há alguma pressão no interior do cilindro. Esse retardo na abertura da válvula de exaustão é usado para que a pressão residual no interior do cilindro force a saída dos gases pelo duto de escapamento o mais rápido possível. Esse processo lava o cilindro de sujeiras da 16 combustão dos gases após a expansão e não permite o superaquecimento do cilindro e do pistão. A lavagem da câmara de combustão é essencial, visto que provoca a expulsão de resíduos decorrentes da exaustão, melhorando o próximo ciclo de admissão. 1.2.4 Tempo de Exaustão Quando o pistão passa pelo BDC finalizando o tempo de potência e iniciando o tempo de exaustão, ele empurra os gases queimados para o duto de escapamento. A velocidade da exaustão dos gases causa uma baixa pressão no interior do cilindro, permitindo que o fluxo de ar/combustível entre pela válvula de admissão. A válvula de admissão abre entre 8º e 55º antes do TDC no tempo de exaustão em vários motores. 1.3 Aplicabilidade nas Aeronaves A diferença básica entre um avião monomotor e um multimotor é a segurança proporcionada no caso de uma falha do motor em voo. O monomotor fica à mercê do vento em um planeio até o solo. Já a aeronave com multimotor tem dois problemas que devem ser administrados se um dos motores falharem: performance e controle. Em caso de falhas em um avião multimotor, o problema mais óbvio é a perda de 50% da força da aeronave, que reduzirá sua performance de subida entre 80 e 90%, às vezes até mais. O segundo problema a ser ministrado é o controle da aeronave, pois a força do motor em funcionamento causará uma assimetria. h A atenção a esses dois fatores é crucial para a segurança do voo em caso de falha de um dos dois motores do avião. A performance e a redundância de motores de uma aeronave com multimotor são vantagens para a segurança do voo somente se operadas por pilotos treinados eproficientes. 17 1.3.1 Monomotores A baixa complexidade e o baixo custo da aeronave monomotor são os principais atrativos dessa máquina. O resultado direto da simplicidade dos sistemas desse avião está associado a um baixo risco de acidentes. Geralmente, a hélice utilizada no conjunto do grupo motopropulsor é uma hélice de passo fixo. O trem de pouso também é fixo e sua altitude é limitada a 14.000 pés pela falta das máscaras de oxigênio a bordo da aeronave. O sistema de controle das superfícies de voo é por meio de cabos de comando e hastes. A Figura 6 representa um monomotor. Por muitas décadas, a regulação de aeronaves ao redor do mundo usava o peso do avião e a potência do motor para determinar os níveis de complexidade e performance da aeronave. No entanto, essas premissas eram baseadas em design de aviões do passado e não são mais válidas, pois cada vez mais é possível observar aeronaves simples funcionando com motores a turbina. Assim, atualmente, não se pode classificar um avião pelo seu peso e pela potência de seu motor, pois a construção das aeronaves, o design do motor e a expansão do uso de sistemas eletrônicos de controle têm de ser levados em conta. O aumento na quantidade de sistemas e a integração entre eles estão diretamente relacionados à complexidade e à necessidade de maiores análises de segurança. A tendência é utilizar os sistemas que integram uma aeronave para definir sua complexidade e performance, a fim de avaliar o nível de segurança que será exigido para sua operação. Desse modo: • baixa complexidade, baixa performance – motor de baixa potência devido à aeronave possuir trem de pouso fixo, hélice de passo fixo, não ser pressurizada, etc.; • média complexidade, média performance – motor de média potência com aeronave equipada com trem de pouso retrátil, hélice de passo variável, ser pressurizada, etc.; • alta complexidade, alta performance – motor e performance sem restrições. Figura 6: Imagem de um avião monomotor 18 e Uma aeronave complexa é definida como uma aeronave equipada com trem de pouso retrátil, flaps e hélice de passo variável. Uma aeronave de alta performance é definida como um avião com motor de mais de 200 cavalo-vapor, em inglês, horsepower (HP). 1.3.2 Multimotores As aeronaves equipadas com mais de um motor ou multimotor convencionais são de média complexidade, pois seus motores terão mais potência; suas hélices são de passo variável e possuem um sistema de sincronização de hélice para evitar vibração na aeronave. Para conseguir sua certificação perante os órgãos reguladores, os fabricantes comprovam que, em caso de falha de um motor nas diversas fases do voo (decolagem, subida, voo de cruzeiro e aproximação), o arrasto causado por esse motor não afetará a segurança do voo. Na Figura 7, são demonstrados o arrasto e a tendência de movimento da cauda da aeronave devido a um motor inoperante. Figura 7: Arrasto e tendência de movimento da cauda devido a um motor inoperante 19 1.3.3 Classes de Potência A classe de potência de um motor é definida pela performance e complexidade exigidas na aeronave, ou seja, suas características de operação e sistemas embarcados. As informações sobre classe de potência do motor e limites de operação estão disponíveis nas especificações do certificado do motor fornecido pelo fabricante. Para o motor convencional do tipo oposto, são observados os seguintes critérios: • cavalo-vapor (HP) ou torque, rotações por minuto (RPM), pressão do duto de admissão (em inglês, manifold) e o tempo em condições críticas de pressão e altitude. Para razão de potência contínua máxima e razão da potência de decolagem; • classe do combustível ou especificação; • classe do óleo ou especificação; • temperatura do cilindro e do óleo de lubrificação; • pressão do combustível no motor e do óleo; • torque requerido para acionar os acessórios; • tempo de duração dos componentes (hora limite para troca). O motor acionará os acessórios na gearbox para funcionamento dos sistemas e fornecerá o ar de sangria para o ar-condicionado, a pressurização e o sistema de antigelo. Além disso, fornecerá também a força propulsora para deslocar a aeronave durante as fases de decolagem, voo de cruzeiro, aproximação, pouso e arremetida. Por esses motivos, quanto mais complexa a aeronave, maior será a classe de potência do motor. 20 Resumindo O motor no ciclo Otto necessita de cinco eventos para transformar calor em trabalho, quais sejam: admissão, compressão, combustão, expansão e escapamento. Os eventos estão inseridos nos quatro tempos do motor ― admissão, compressão, expansão e escape. Esses tempos ocorrem em 720º ou duas voltas da árvore de manivelas, significando que cada cilindro sofrerá os quatro tempos nesse período. A potência do motor e a classe da aeronave dependem da tecnologia embarcada e do grau de complexidade de seus sistemas, pois esses fatores obrigarão o fabricante a projetar um motor de baixa, média ou alta performance para atender à demanda de tecnologia da aeronave. A performance é um termo usado para descrever a habilidade de uma aeronave em executar certas atividades que são usualmente inseridas no seu projeto. Os vários itens da performance de uma aeronave resultam da combinação das características do avião e do motor. A característica aerodinâmica do avião geralmente define a força requerida para várias condições de voo, enquanto as características do motor definem a potência disponível em várias condições de voo. A combinação da configuração aerodinâmica com a potência do motor projetado pelo fabricante fornece a máxima performance. 21 Glossário Adiabática: sistema isolado sem qualquer troca de calor com o meio externo. Aneroide: consiste em um diafragma de metal flexível alojado em uma cápsula hermeticamente fechada que varia seu volume de acordo com a mudança da altitude, em que ocorre uma variação da pressão atmosférica. Assimetria: não simétrico; diferença entre as partes. Isométrica: ou isocórica. Ao mesmo volume; volume que não se altera. Magneto: unidade composta de um ímã permanente que gera alta tensão para a centelha da vela de ignição. 22 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. No decorrer do tempo de compressão, o pistão é tracionado para baixo dentro do cilindro pela rotação da árvore de manivelas, reduzindo assim, a pressão no interior do cilindro para um nível abaixo da pressão atmosférica. Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. No ciclo Otto, o sistema é fechado porque a transformação de calor em trabalho no interior do cilindro ocorre com as duas válvulas fechadas. Verdadeiro ( ) Falso ( ) Atividades 23 Referências BRASIL. Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC. RBHA 65: despachante operacional de voo e mecânico de manutenção aeronáutica. 2001. Disponível em: <http://www2. anac.gov.br/biblioteca/rbha/rbha065.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2015. ______. Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC. RBHA 141: escolas de aviação civil. 2004a. Emenda 141-01. Disponível em: <http://www2.anac.gov.br/biblioteca/rbha/ rbha141.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2015. ______. Ministério da Defesa. Comando da Aeronáutica – COMAER. Departamento de Aviação Civil – DAC. MCA 58-14: manual do curso mecânico manutenção aeronáutica – grupo motopropulsor. Brasília: DAC, 2004b. Disponível em: <http://www2.anac.gov.br/ habilitacao/manualCursos.asp>. Acesso em: 20 jul. 2015. ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA – EUA. Department of Transportation. Federal Aviation Administration – FAA. FAA-AC-65-12A. Oklahoma City: U.S. Department of Transportation, Federal Aviation Administration, 1976. Disponívelem: <https//www. faa.gov/documentlibrary/media/advisory_circular/ac_65-12a.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2015. ______. Department of Transportation. Federal Aviation Administration – FAA. FAA-H- 8083-25A: pilot’s handbook of aeronautical knowledge - aircraft performance. Oklahoma City, OK: U.S. Department of Transportation, Federal Aviation Administration, 2008. Disponível em: <https://www.faa.gov/regulations_policies/handbooks_manuals/ aviation/ pilot_handbook/media/PHAK%20-%20Chapter%2010.pdf>. Acesso em: 24 nov. 2015. ______. Department of Transportation. Federal Aviation Administration – FAA. FAA-H-8083-32: aviation maintenance technician handbook – powerplant. Oklahoma City, OK: U.S. Department of Transportation, Federal Aviation Administration, 2012. v. 1. Disponível em: <https://www.faa.gov/regulations_policies/handbooks_manuals/ aircraft/media/FAA-H-8083-32-AMT-Powerplant-Vol-1.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2015. ______. Department of Transportation. Federal Aviation Administration – FAA. Part 23: small airplane certification process study. Oklahoma City: U.S. Department of Transportation, Federal Aviation Administration, 2009. Disponível em: <https://www. faa.gov/about/office_org/headquarters_offices/avs/offices/air/directorates_field/ small_ airplanes/media/CPS_Part_23.pdf>. Acesso em: 21 nov. 2015. 24 SOUZA, Z. de. Elementos de máquina térmica. Rio de Janeiro: Campus, 1980. TELEDYNE CONTINENTAL MOTORS. Illustrated parts catalog for 0-470 and IO-470 series aircraft engines. EUA: Teledyne continental motors, 1975. Disponível em: <http://www.7ts0.com/manuals/continental/O-I-470/Continental_O-470-IO-470_ IPC_X-30023A.pdf>. Acesso em: 1 dez. 2015. 25 UNIDADE 2 | FASES OPERACIONAIS 26 Unidade 2 | Fases Operacionais 1 Introdução As fases operacionais que um avião está sujeito incluem todos os conjuntos da aeronave, como motor, asa, trem de pouso, etc. Elas têm início com a definição do plano de voo entregue à torre de controle. Após a aprovação do plano, o piloto e o copiloto iniciam uma série de revisões técnicas conhecidas como checklist, em que se analisam dados como altitude do voo, temperatura ambiente, comprimento da pista de decolagem, peso de decolagem, peso de pouso, etc. Esses dados influenciarão o comportamento da aeronave nas diversas fases operacionais em solo: antes da partida do motor e durante seu deslocamento até a cabeceira da pista, durante a decolagem, a subida e o voo de cruzeiro e, finalmente, em voo. 1.1 Partida Antes da partida, realiza-se o checklist, procedimento em que verificam se todos os sistemas necessários estão ligados e operando. Os sistemas verificados são: • voltagem da bateria; • condições dos disjuntores, em inglês, circuit breaker; • quantidade de combustível abastecido; • luz anticolisão acionada; • manete de combustível desligada; • bomba auxiliar de combustível acionada; 27 • freio de estacionamento aplicado; • área livre. Antes de ligar o motor de partida em dias frios, é necessário acionar a alavanca de prime duas ou três vezes para vaporizar o combustível diretamente dentro dos cilindros, com o objetivo de facilitar a partida. Durante o tempo frio, o motor fica com dificuldades para ser acionado e, por isso, tem a ajuda do prime, visto que no frio não há bastante calor disponível para vaporizar o combustível. Essa alavanca deve ser travada quando não estiver em uso. Caso contrário, se o botão de trava ficar livre, a alavanca pode se mover durante o voo devido à vibração e alterar a mistura ar/ combustível para excessivamente rica, conforme o demonstrado nas Figuras 8.A e 8.B. Figura 8.A: Bico injetor do prime em um sistema de alimentação de combustível para o motor por gravidade Figura 8.B: Bico injetor do prime em um sistema de alimentação de combustível do motor por pressão Em dias com temperatura ambiente normal ou muito quente, não há a necessidade do acionamento do prime, pois o combustível estará mais volátil. Após acioná-lo e com o manete de combustível posicionado para além de marcha lenta, em inglês, idle, a 28 chave de partida do motor deve ser girada para start e liberada depois do acionamento do motor. Assim, ela retornará para a posição ambos, em inglês, both, indicando que ambos os magnetos estão fornecendo eletricidade para a centelha das velas de ignição. Nesse momento, o motor de partida é removido do circuito por meio de uma embreagem que o desacopla do acionamento da gearbox, pois o motor da aeronave já estará autossustentável em seu funcionamento. A maioria das aeronaves pequenas utiliza o sistema de partida elétrico com engrazamento direto para acionamento do motor. Esse sistema possui uma fonte elétrica, fiação, chaves elétricas, em inglês, switches, e solenoides, bem como um motor de partida. A força elétrica para a partida é fornecida por uma bateria a bordo da aeronave ou por uma fonte externa. Independentemente da origem da eletricidade, a corrente é removida da barra principal e a partida do motor só acontece quando o solenoide é energizado pelo acionamento de sua chave para a posição start. Na Figura 9, há um esquema do sistema de partida de uma aeronave. Figura 9: Sistema de partida de uma aeronave 29 e No acionamento de um motor, as regras de segurança devem ser rigorosamente observadas. Uma das mais importantes é certificar-se de que não há ninguém perto da hélice. Ademais, as rodas dos trens de pouso devem estar calçadas e o freio de estacionamento aplicado, com o objetivo de se evitar um acidente em decorrência de um movimento repentino da aeronave. 1.2 Marcha Lenta (idle) e Aceleração Depois da partida e do funcionamento do motor em marcha lenta (velocidade mínima de rotação em que os acessórios da gearbox operam para manter o funcionamento do motor), o gerador elétrico fornece eletricidade para os instrumentos e demais sistemas que requerem energia. A operação da marcha lenta é verificada por intermédio do instrumento de leitura de rotação por minuto (RPM). Esse instrumento, chamado de tacômetro, é utilizado em aeronaves de pequeno porte que usam a hélice de passo fixo e serve para indicar a potência do motor. Assim, o tacômetro é calibrado em RPM multiplicado por 100 e dá uma indicação direta das rotações do motor e da hélice. As cores no instrumento servem como código para leitura da operação satisfatória do motor, sendo o arco verde a indicação de sua RPM de operação máxima contínua. Alguns tacômetros têm uma marca adicional para mostrar a limitação do motor ou da hélice. As recomendações do manual do fabricante devem ser usadas como referência para esclarecer qualquer dúvida acerca das marcas de indicação no instrumento. Pode- se visualizar o tacômetro na Figura 10. 30 Figura 10: Tacômetro de leitura das potências do motor e da hélice (RPM) Algumas aeronaves utilizam hélice de velocidade constante. Nelas, são as hélices que controlam a velocidade de rotação por meio de um governador de hélice e têm como indicação de potência do motor um instrumento denominado pressão do duto de distribuição, em inglês, manifold press. O instrumento mede a pressão absoluta da mistura ar/combustível dentro do duto de distribuição, em inglês, manifold absolute pressure (MAP). Em condições de RPM e altitude constantes, a indicação da potência do motor se relaciona diretamente ao fluxo de ar/combustível sendo liberado para a câmara de combustão. Quando a potência do motor é aumentada, mais combustível e ar fluem para o motor e a pressão absoluta do duto de distribuição (MAP) também sofre um aumento. Quando o motor não está operando, o instrumento indica a pressão ambiente, que equivale a 29,92” Hg (polegadas de mercúrio) ao nível do mar. Quando édada a partida no motor, a indicação da pressão do duto diminuirá para um valor menor que a pressão ambiente (idle ao nível do mar 12”Hg). A perda de potência ou falha no motor é indicada no instrumento com o aumento na pressão do duto de distribuição para um valor correspondente à pressão ambiente da altitude do avião na qual ocorreu a falha. Na Figura 11, há a ilustração do indicador de pressão do duto, em inglês, manifold pressure. 31 Figura 11: Indicador de potência do motor (manifold pressure) O instrumento de pressão do duto de distribuição, em inglês, manifold pressure gauge, é colorido, indicando os limites operacionais do motor. A face do instrumento contém um arco verde para mostrar a faixa normal de operação; a linha radial vermelha indica o limite máximo de pressão do duto de distribuição. Os controles do motor, ocorridos em motores de alta performance que utilizam hélice do tipo velocidade constante, são efetuados por três manetes, potência, mudança do passo da hélice que controla sua RPM e uma de abertura do combustível. Na Figura 12, é ilustrado o pedestal de manetes. Figura 12: Manetes de controle de um motor convencional de alta performance Um limite operacional de pressão do duto de distribuição é estipulado para cada rotação por minuto (RPM) da hélice. Excedido esse limite, o interior do cilindro poderá sofrer estresse. Caso o excesso de pressão ocorra com frequência, o estresse pode enfraquecer os componentes do cilindro e eventualmente causar a falha do motor. 32 Como regra geral, a pressão do duto de distribuição (em polegadas) deverá ser menor que a RPM da hélice. O piloto pode evitar a condição de estresse do cilindro observando constantemente a rotação da hélice, especialmente quando aumentar a pressão do duto de distribuição para elevar a potência do motor. Conforme recomendação do fabricante, o piloto deve manter a relação correta entre pressão do duto de distribuição e RPM da hélice. Caso haja necessidade de alterar alguma das duas variáveis, o estresse do cilindro pode ser evitado com a realização dos seguintes procedimentos: • quando a potência do motor precisar ser reduzida, diminuir primeiramente a pressão do duto de distribuição (manifold pressure) antes de reduzir a rotação (RPM) da hélice. Do contrário, a pressão aumentará automaticamente, possibilitando que ocorra excesso do limite operacional especificado pelo fabricante; • quando a potência do motor precisar ser aumentada, reverte-se a ordem descrita no item anterior. Assim, eleva-se a RPM da hélice primeiro e, em seguida, a pressão do duto de distribuição (manifold pressure). h Ressalta-se a importância de se seguir rigorosamente as recomendações do manual de manutenção para prevenir desgastes, fadigas e danos em motores opostos de alta performance. 1.2.1 Aceleração Na aceleração, inicialmente, realiza-se uma revisão com o intuito de certificar-se que o motor atinja a potência necessária com todos os parâmetros dentro dos limites especificados pelo manual de manutenção. Após esse procedimento, a equipe de manutenção efetua um teste de aceleração do motor. O teste é efetuado com o manete de hélice em passo mínimo (low pitch) e o manete de potência do motor na posição de máxima força (full power). O checklist solicita que o manete de hélice esteja posicionado em passo mínimo, pois, se o motor for acelerado para máxima potência com a hélice na posição de passo máximo (ângulo bandeira), 33 a pressão do duto de distribuição, em inglês, manifold absolute pressure (MAP), será extremamente alta, podendo acarretar danos aos cilindros do motor. Por essa razão, antes de acelerar o motor, a configuração da hélice ocorre em passo mínimo. Da mesma forma, se o motor estiver acelerado para máxima potência e for necessária a sua desaceleração, deve-se primeiramente reduzir a potência do motor e, em seguida diminuir a RPM da hélice. Isso evitará uma excessiva pressão (MAP) no motor. No teste de manutenção, a aeronave deve ser posicionada preferencialmente contra o vento para otimizar a refrigeração do motor e prover melhor admissão do ar de impacto. 1.3 Fases da Decolagem Com a aeronave alinhada à marcação central na cabeceira da pista, o motor é acelerado iniciando a corrida para a decolagem. Ao atingir a velocidade necessária para a saída do solo, se inicia a subida, que se projeta até a aeronave atingir o voo reto e nivelado, denominado voo de cruzeiro. Todas essas etapas se resumem em fases de decolagem, que serão explicadas a seguir. 1.3.1 Decolagem ou Takeoff Uma decolagem normal é aquela efetuada contra o vento ou com o vento fraco. Além disso, ela também é realizada em uma pista de decolagem com superfície firme, sem obstáculos e com comprimento adequado para permitir ao avião acelerar gradualmente até sair do solo. 34 e Há duas razões para se efetuar a decolagem contra o vento, quando possível. Primeiramente, a velocidade de decolagem do avião fica menor do que se fosse feita a favor do vento, reduzindo o uso e estresse no trem de pouso. Em segundo lugar, a decolagem se processa em menor comprimento de pista. Ela sempre é executada com o motor em potência de decolagem e com a hélice em passo mínimo, caso a hélice tenha a configuração de velocidade constante. Durante essa fase operacional, o comandante deve verificar a tabela de altitude do campo, ou seja, a altitude do aeroporto em relação ao nível do mar no que se refere à temperatura ambiente. Os dados fornecidos pela tabela indicarão a potência que o motor deve desenvolver para que a aeronave atinja a velocidade necessária à decolagem. Embora a decolagem e a subida sejam uma manobra contínua, serão divididas em três partes para efeitos de explicação. Na Figura 13, observa-se a ilustração dessas etapas. Figura 13: Fases da decolagem a) Corrida para decolagem (take-off roll) – é a parte da decolagem durante a qual o avião é acelerado a partir da inércia para uma velocidade suficiente que permita seu levantamento do solo. b) Levantamento do solo ou rotação (rotation) – é a parte da decolagem em que se realiza a ação de voar, com as asas criando a sustentação do avião ou o piloto atuando o profundor para nose-up. 35 c) Subida inicial (initial climb) – essa etapa se inicia quando o avião deixa o solo. É estabelecida uma inclinação de subida até a aeronave deixar a fase de decolagem. Normalmente, a decolagem é considerada completa quando atinge uma altitude de manobra segura. Decolagens e subidas em pistas curtas ou com área para decolagem restrita requerem que o piloto opere o avião na capacidade máxima de sua performance de decolagem. Isso fará com que a aeronave saia mais rápido da fase crítica da decolagem e alcance uma área de subida mais segura. O piloto deve exercer controle positivo e preciso sobre a atitude e a velocidade para que a performance de decolagem e de subida resulte em uma curta corrida na pista com um ângulo de ataque mais efetivo. O resultado obtido deve estar de acordo com a seção de performance do manual aprovado para o avião: o manual de voo da aeronave (airplane flight manual — AFM) ou o manual de operação do piloto em inglês pilot’s operating handbook — (POH). Em todos os casos, a potência requerida, o ajuste do flap, a velocidade adequada e os procedimentos descritos pelo fabricante do avião devem ser rigorosamente seguidos. Para executar uma decolagem segura com máxima performance, o piloto deve ter conhecimento acerca da melhor velocidade para o ângulo de subida, conhecido como (Vx), e da melhor velocidade da razão de subida, conhecido com (Vy), para a marca e modelo específicos do avião pilotado. A velocidade (Vx) é aquela que resultaráno maior ganho em altitude para uma determinada distância sobre o solo. Ela é geralmente um pouco menor que a (Vy), que fornece o melhor ganho em altitude por unidade de tempo (razão de subida). A Figura 14 demonstra as variáveis (Vx) e (Vy) para decolagem em pistas curtas. 36 Figura 14: Variáveis (Vx) e (Vy) para decolagem em pistas curtas 1.3.2 Subida ou Climb A subida ocorre quando a aeronave deixa a zona de decolagem até atingir o nível de voo solicitado para a torre de controle. É recomendado que a potência de decolagem seja mantida até a aeronave atingir, no mínimo, 500 pés acima do solo ou de eventuais obstáculos. A combinação de (Vy) e potência de decolagem garantem o máximo ganho de altitude em um tempo mínimo, permitindo ao piloto mais altitude para manobras em caso de falha de um motor da aeronave ou qualquer outra emergência. 1.3.3 Voo de Cruzeiro O voo de cruzeiro vem após a subida (climb) e oferece menos arrasto ao deslocamento da aeronave, pois a densidade do ar diminui. Nos motores convencionais, a variação da densidade tem um grande efeito em sua operação, uma vez que o motor é um compressor alternativo a pistão e necessita de ar para compressão, garantindo uma queima proporcional de ar e combustível. 37 A variação da densidade do ar com a mudança de temperatura impacta os motores que não possuem controle automático de altitude no carburador. Assim, à medida que o avião ganha altitude, sua mistura ar/combustível tende a se tornar mais rica. Geralmente, o voo de cruzeiro ocorre em altitudes de 8.000 pés (2.438,4 m) para aeronaves com motores convencionais aspirados ou a 25.000 pés (7.620 m) para motores convencionais com superalimentadores. Embora o ar seja leve, ele tem massa e é afetado pela atração da gravidade. Como qualquer outra substância, o ar tem peso e, portanto, força. Como ele é uma substância que flui, essa força é exercida igualmente em todas as direções e seu efeito sobre o corpo é chamado de pressão. Sob condições padrões ao nível do mar, a pressão média exercida pelo peso da atmosfera é de aproximadamente 14,7 psi (pounds square inch ou libras por polegada). A densidade do ar tem efeito significante na performance das aeronaves. Como o ar se torna menos denso, ele reduz as seguintes variáveis: • potência – o motor tem menos ar; • potência de empuxo – a hélice é menos eficiente com densidade menor; • subidas – a camada de ar menos densa exerce menos força sobre os aerofólios. A pressão da atmosfera varia com o clima e a altitude. Devido às mudanças na pressão atmosférica, um padrão de referência foi desenvolvido. O padrão da pressão atmosférica ao nível do mar a 15 ºC (ou 59 ºF) é de 29,92 polegadas de mercúrio (Hg) ou 1.013 milibars (mb), conforme a Figura 15. Figura 15: Pressão padrão ao nível do mar 38 e O motor convencional está sujeito à variação da massa de ar, principalmente em voo de cruzeiro. Dessa forma, é de extrema importância que o mecânico de aeronaves esteja familiarizado com os efeitos da pressão, temperatura e umidade sobre a densidade do ar. a) Efeito da pressão na densidade do ar O ar é um gás e, portanto, ele pode ser comprimido ou expandido. Quando comprimido, uma maior quantidade de ar ocupa certo volume. Inversamente, quando a pressão de um volume de ar é diminuída, o ar expande e ocupa um espaço maior. Se uma baixa pressão atua sobre uma coluna de ar, a densidade da massa de ar será pequena, pois a densidade é proporcional à pressão. Se a pressão é dobrada, a densidade também será dobrada. Se a pressão é baixa, a densidade será baixa. Essa condição somente é verdadeira a uma temperatura constante. b) Efeito da temperatura na densidade do ar O aumento da temperatura de uma substância diminui sua densidade. Seguindo a mesma lógica, a redução da temperatura eleva a densidade. Assim, a densidade do ar varia inversamente à temperatura. Essa condição somente é verdadeira a uma pressão constante. Na atmosfera, tanto a pressão quanto a temperatura diminuem com a redução da altitude, impactando na densidade. c) Efeito da umidade na densidade do ar Para melhor compreensão do impacto da umidade na densidade do ar, suponha-se a condição de ar seco perfeito. Na realidade, sabe-se que o ar nunca é completamente seco. Uma pequena quantidade de vapor de água suspensa na atmosfera pode ser desconsiderada sob certas condições, mas em outras a umidade pode se tornar um importante fator na performance de uma aeronave. O vapor de água é mais leve que o ar e, consequentemente, a umidade é mais leve que o ar seco. Assim, com o aumento do teor de água no ar, ele se torna menos denso, diminuindo a performance da aeronave. A umidade ou umidade relativa refere-se à quantidade de vapor de água contida na atmosfera. Ela é expressa como uma porcentagem do máximo teor de vapor de água que uma molécula de ar pode conter. Esse teor varia com a temperatura. O ar quente pode conter mais vapor de água (umidade) que o ar frio. O ar completamente seco, que 39 não contém vapor de água, tem uma umidade relativa de 0%. Enquanto o ar saturado, ou seja, que não pode mais conter vapor de água por estar cheio, tem uma umidade relativa de 100%. Geralmente, a umidade sozinha não é considerada um fator essencial no cálculo da variação da densidade com a altitude e na performance do avião. Comparando duas massas de ar, pode-se observar o impacto da temperatura e do teor de vapor d’água na densidade do ar. Considerando-se a primeira massa quente e úmida (ambas as qualidades deixam o ar mais leve) e a segunda fria e seca (ambas as qualidades deixam o ar mais pesado), observa-se que a primeira será mais leve que a segunda e, portanto, será menos densa. e Pressão, temperatura e umidade têm uma grande influência na performance da aeronave, porque seus efeitos alteram a densidade. Não há regras para computar os efeitos da umidade sobre a variação da densidade com a altitude, mas esse fator deverá ser considerado. Condições de umidade alta podem diminuir a performance. 1.3.4 Arremetida A arremetida é a fase operacional que ocorre na aproximação para pouso ou quando a aeronave já tocou o solo. É comumente usada na aproximação para pouso quando a torre informa que a pista não está segura. Nesse caso, o motor é acelerado novamente como se estivesse em uma subida (climb) e a aeronave ganha altitude para proceder em uma nova aproximação. Vale ressaltar que, ao contrário de uma decolagem ou subida, feitas com os motores em potência máxima, na aproximação para pouso, a potência do motor está em marcha lenta alta e a hélice se encontra em passo mínimo (low pitch). A potência do motor é aumentada e diminuída para que o avião toque o ponto da pista destinado ao início do pouso. 40 Em uma arremetida, o ângulo de ataque deve ser mantido em uma faixa de segurança para evitar um estol decorrente do excessivo ângulo, pois nesse caso, a asa perde a camada de ar limite que flui por cima uniformemente. Perdendo o fluxo de ar por cima da asa, a aeronave perde a sustentação e cai rumo ao solo. Como a arremetida se procede na aproximação para pouso, um estol é extremamente perigoso nessa fase do voo. A Figura 16 apresenta uma arremetida bem-sucedida, enquanto a Figura 17 mostra uma arremetida malsucedida. Figura 16: Arremetida satisfatória Figura 17: Arremetida insatisfatória 41 1.4 Corte O corte do motor é feito por meio da interrupção do fornecimento do combustível para os cilindros. Uma vez que não há combustível para se proceder à explosão dentro do cilindro do motor, ele cessa sua operação. O sistema de combustível do motor é responsável pela injeção, pelo fluxo do combustível,controle de RPM em todas as fases operacionais do motor, controle da temperatura dos gases de escapamento e pela parada do motor. Antes do corte do motor, é importante operá-lo por alguns minutos em marcha lenta para permitir que os vários componentes metálicos que o compõem alcancem uma temperatura satisfatória após a dilatação sofrida pelo excesso de calor. Esse procedimento evita que uma peça do motor feita com um tipo de material se contraia mais rapidamente do que outra, causando danos a ele. Resumindo Nesta unidade, viu-se que, igual a qualquer máquina térmica, o motor tem suas fases operacionais distintas ― partida, marcha lenta, aceleração e corte. Por estar instalado em uma aeronave, ele sofre com a variação da altitude, pois necessita da compressão de uma quantidade de ar para ser misturado ao combustível para inflamar, explodir e, assim funcionar. Como a densidade sofre influência da pressão e da temperatura, sua operação é limitada até certa altitude. O piloto ou mecânico de aeronaves deve conhecer o comportamento do motor em cada uma de suas etapas exigidas pela aeronave, a saber, decolagem, subida e voo de cruzeiro. O limite que o motor suporta em cada fase é conhecido como performance. Assim, uma aeronave de alta performance aceitará maiores esforços do que outras que não foram projetadas para tal. Toda aeronave deve ser operada seguindo o manual de manutenção, no caso do mecânico, ou seguindo o manual de voo da aeronave (AFM) e o manual de operação do piloto (POH) em se tratando de voo. O conjunto de manuais ditará qual a melhor performance da aeronave nas diversas etapas do voo. 42 Glossário Alavanca de prime: manete localizado na cabine de comando, utilizado em dias frios para injeção de combustível nos cilindros, antes da partida do motor. Ângulo de ataque: inclinação do avião que resulta em um ângulo maior entre a corda da asa e a incidência do vento relativo. A corda da asa é uma linha imaginária que vai do bordo de ataque até o bordo de fuga, dividindo, assim, a asa em duas câmaras, parte superior e parte inferior. Engrazamento: concatenar (os elos de uma cadeia); enganchar; ligar; engrenar. Estol: ângulo de ataque excessivo da asa, causando interrupção da camada laminar de ar sobre ela. Faz a aeronave perder a sustentação. Nível de voo: quando a aeronave pode voar de forma reta e nivelada em uma aerovia. 43 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. Antes de ligar o motor de partida em dias frios, é necessário acionar a alavanca de prime duas ou três vezes para vaporizar o combustível diretamente dentro dos cilindros, com o objetivo de facilitar a partida. Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. Corrida para decolagem (take- off roll) é a parte da decolagem em que se realiza a ação de voar, com as asas criando a sustentação do avião ou o piloto atuando o profundor para nose-up. Verdadeiro ( ) Falso ( ) Atividades 44 Referências BRASIL. Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC. RBHA 65: despachante operacional de voo e mecânico de manutenção aeronáutica. 2001. Disponível em: <http://www2. anac.gov.br/biblioteca/rbha/rbha065.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2015. ______. Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC. RBHA 141: escolas de aviação civil. 2004a. Emenda 141-01. Disponível em: <http://www2.anac.gov.br/biblioteca/rbha/ rbha141.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2015. ______. Ministério da Defesa. Comando da Aeronáutica – COMAER. Departamento de Aviação Civil – DAC. MCA 58-14: manual do curso mecânico manutenção aeronáutica – grupo motopropulsor. Brasília: DAC, 2004b. Disponível em: <http://www2.anac.gov.br/ habilitacao/manualCursos.asp>. Acesso em: 20 jul. 2015. ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA – EUA. Department of Transportation. Federal Aviation Administration – FAA. FAA-AC-65-12A. Oklahoma City: U.S. Department of Transportation, Federal Aviation Administration, 1976. Disponível em: <https//www. faa.gov/documentlibrary/media/advisory_circular/ac_65-12a.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2015. ______. Department of Transportation. Federal Aviation Administration – FAA. FAA-H- 8083-25A: pilot’s handbook of aeronautical knowledge - aircraft performance. Oklahoma City, OK: U.S. Department of Transportation, Federal Aviation Administration, 2008. Disponível em: <https://www.faa.gov/regulations_policies/handbooks_manuals/ aviation/ pilot_handbook/media/PHAK%20-%20Chapter%2010.pdf>. Acesso em: 24 nov. 2015. ______. Department of Transportation. Federal Aviation Administration – FAA. FAA-H-8083-32: aviation maintenance technician handbook – powerplant. Oklahoma City, OK: U.S. Department of Transportation, Federal Aviation Administration, 2012. v. 1. Disponível em: <https://www.faa.gov/regulations_policies/handbooks_manuals/ aircraft/media/FAA-H-8083-32-AMT-Powerplant-Vol-1.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2015. ______. Department of Transportation. Federal Aviation Administration – FAA. Part 23: small airplane certification process study. Oklahoma City: U.S. Department of Transportation, Federal Aviation Administration, 2009. Disponível em: <https://www. faa.gov/about/office_org/headquarters_offices/avs/offices/air/directorates_field/ small_ airplanes/media/CPS_Part_23.pdf>. Acesso em: 21 nov. 2015. 45 SOUZA, Z. de. Elementos de máquina térmica. Rio de Janeiro: Campus, 1980. TELEDYNE CONTINENTAL MOTORS. Illustrated parts catalog for 0-470 and IO-470 series aircraft engines. EUA: Teledyne continental motors, 1975. Disponível em: <http://www.7ts0.com/manuals/continental/O-I-470/Continental_O-470-IO-470_ IPC_X-30023A.pdf>. Acesso em: 1 dez. 2015. 46 UNIDADE 3 | TIPOS DE MOTORES CONVENCIONAIS 47 Unidade 3 | Tipos de Motores Convencionais 1 Introdução Os motores convencionais operam com gasolina especial chamada AVGAS (gasolina de aviação), com alto teor de octanagem. Esses motores são similares aos dos automóveis, diferenciando-se apenas em alguns aspectos, como a quantidade de duas velas por cilindro e refrigeração na grande maioria por ar de impacto. Todo motor que opera por intermédio do movimento alternado de pistão para compressão da mistura ar e combustível e necessita de uma vela de ignição para inflamá-la e transformar calor em trabalho é um motor convencional, exceção do motor a diesel, que para explosão da mistura, não necessita de uma centelha lançada por uma vela de ignição, mas opera com a compressão do ar mediante pistões. 1.1 Motores Aspirados Os motores podem ser classificados quanto à disposição de seus cilindros em radial, em linha, tipo em V ou opostos. O motor radial foi largamente utilizado durante a 2ª Guerra Mundial, e muitos operam até hoje. Nesses motores, conforme o demonstrado na Figura 18, a(s) fileira(s) de cilindros é(são) posicionada(s) em um padrão circular ao redor da árvore de manivelas. A principal vantagem do motor radial é sua razão de potência favorável em relação ao peso. Figura 18: Motor radial 48 Os motores em linha, por sua vez, têm uma pequena área frontal e a razão de sua potência em relação ao peso é relativamente baixa. Além disso, os cilindros traseiros recebem pouca refrigeração do ar de impacto e, portanto, são limitados a quatro ou a seis cilindros. Enquanto os motores tipo em V fornecem mais cavalo de força que os em linha e ainda possuem uma pequena área frontal. Os motores mais populares são os opostos. Esse motor sempre tem um número par de cilindros por causa de sua disposição horizontal. Assim, para cada cilindro de um lado da árvore de manivelas existirá outro do lado oposto. Nas Figuras 19.A e 19.B, há a ilustração do motor oposto, com vista frontal e superior, respectivamente. Figura 19.A: Vista frontal do motor opostoFigura 19.B: Vista superior do motor oposto O motor com cilindros opostos tem uma alta razão de potência em relação ao peso, sobretudo devido à sua árvore de manivelas ser pequena e leve se comparada a outros motores. Ademais, ele possui uma compacta montagem dos cilindros, reduzindo a área frontal, e sua forma aerodinâmica permite uma instalação que minimiza o arrasto aerodinâmico. 49 Os motores convencionais podem ou não possuir um componente que aumentará sua performance em altitudes mais elevadas. Esses tipos de motor que não possuem tal dispositivo são chamados motores aspirados. Enquanto isso, os que o tem ou a um turboalimentador são chamados motores superalimentados ou turboalimentados, dependendo da unidade instalada no motor. Os motores aspirados são os que não possuem dispositivos extras para efetuarem uma admissão de ar mais eficiente em grandes altitudes, deixando o motor dependente da densidade do ar. A densidade varia com a pressão, a temperatura e a umidade, os dois primeiros variam com a altitude da aeronave. Dessa forma, o motor aspirado encontra dificuldade para admitir uma quantidade de ar suficiente para o seu funcionamento, já que o pistão necessita comprimir um volume adequado de ar no interior do cilindro (razão de compressão) para que a eficiência térmica da explosão seja satisfatória para o deslocamento da árvore de manivelas. A carga de ar/combustível a ser comprimida no cilindro pode ser comparada a uma mola, ou seja, quanto mais comprimida, mais energia ela é capaz de liberar. O Gráfico 2 apresenta um comparativo entre o motor aspirado e o motor superalimentado com relação à variação densidade/altitude. GRÁFICO 2: Comparativo entre o motor aspirado e o motor superalimentado com relação à variação densidade/altitude Observa-se, à medida que a aeronave com motor aspirado se afasta do nível do mar, isto é, ganha altitude e a densidade do ar é reduzida, que sua potência ao freio, em inglês, brake horsepower (BHP), vai diminuindo. Tal situação é contornada pelo motor com superalimentador, pois a admissão e a compressão de ar nos seus cilindros a elevadas altitudes são mais eficientes devido ao maior volume de ar no interior do motor. 50 1.2 Motores Superalimentados e Turboalimentados Para aumentar a potência ao freio do motor (BHP), o fabricante tem desenvolvido um sistema de indução com admissão forçada de ar, chamado sistema superalimentador e turboalimentador. Ambos comprimem o ar de admissão para aumentar sua densidade. Um superalimentador é um compressor girado por meio de uma correia pelo movimento da polia do motor. Enquanto um turboalimentador gera sua força a partir da exaustão dos gases queimados na combustão dentro do cilindro que, antes de serem lançados na atmosfera, giram uma turbina, que por sua vez, gira um compressor. As aeronaves que operam com esses sistemas possuem um instrumento de indicação da pressão do duto de distribuição, que mostra a MAP da entrada do duto de admissão. Em um dia com temperatura padrão ao nível do mar e com o motor desligado, o instrumento de pressão do duto de distribuição indicará a pressão absoluta de 29.92 Hg. Como a pressão atmosférica diminui aproximadamente 1 Hg a cada 1.000 pés de aumento da altitude, o mesmo instrumento indicará 24.92 Hg em um aeroporto que está a 5.000 pés acima do nível do mar em um dia com condições normais de temperatura. Quando um motor aspirado atinge seu teto operacional, significa que ele atingiu uma altitude em que o MAP é insuficiente para produzir mais força, afetando diretamente a performance do motor. Se a admissão do ar na entrada do sistema de indução do motor sofre uma compressão por um superalimentador ou turboalimentador, a aeronave voará mais alto, aumentando assim, seu teto operacional. 1.2.1 Superalimentadores Um superalimentador é um compressor girado por uma correia que está acoplada ao motor, com o intuito de comprimir ar para prover-lhe força adicional. Esse componente aumenta a pressão do duto de distribuição e empurra a mistura ar/combustível para dentro dos cilindros. A alta pressão do duto eleva a densidade da mistura. Assim, a sua queima fornece mais força ao motor nas fases de voo a altas altitudes. 51 Um superalimentador é capaz de produzir uma pressão no duto de distribuição acima de 30 Hg. Por exemplo, a 8.000 pés um motor aspirado pode ser capaz de produzir 75% de força que ele produz ao nível do mar, pois o ar é menos denso a altas altitudes. O compressor do superalimentador comprime o ar, deixando-o com maior densidade. Isso permite ao motor produzir, a elevadas altitudes, a mesma quantidade de pressão do duto de distribuição que ele produz ao nível do mar. Dessa forma, um motor superalimentado pode produzir a 8.000 pés uma pressão no duto de distribuição de 25 Hg, enquanto um motor aspirado somente 22 Hg. Motores com superalimentadores são importantes em altas altitudes (tais como 18.000 pés), onde a densidade do ar é 50% do valor em relação ao nível do mar. Os componentes de um sistema de indução de um motor superalimentado são semelhantes aos do aspirado. A diferença reside na introdução de um superalimentador entre o dispositivo medidor de combustível, em inglês, fuel control and unit (FCU) e o duto de admissão do ar. O superalimentador é acoplado ao motor por meio de um trem de engrenagem de uma ou duas velocidades ou de velocidade variável. Ele pode ter um ou mais estágios, a cada estágio aumenta-se a pressão. O superalimentador pode ser classificado como simples (ou estágio único), dois estágios ou multiestágios, dependendo do número de vezes em que ocorre a compressão do ar. Nas Figuras 20.A, B e C, observa-se o superalimentador em diferentes perspectivas. Figura 20.A: Superalimentador com polia de ligação da correia ao motor 52 Figura 20.B: Superalimentador sem a tampa da polia para visualização dos trens de engrenagens Figura 20.C: Conjunto do superalimentador montado 1.2.2 Turboalimentador O mais eficiente método de aumentar a potência do motor é o uso de um turboalimentador. Ele se utiliza dos gases de exaustão para girar uma turbina que movimenta um compressor, aumentando, assim, a pressão do ar que vai para o carburador ou para o sistema de injeção. Esse procedimento eleva a potência da aeronave a altas altitudes. O turboalimentador apresenta vantagens em relação ao superalimentador, pois este último emprega uma grande quantidade de força do motor para girar o seu conjunto, causando uma perda de força de atrito. Esse fenômeno é evitado com o turboalimentador, já que a força para a rotação de seu conjunto provém dos gases de exaustão. 53 A segunda vantagem do turboalimentador é a habilidade de manter o controle da potência nominal do motor, desde o nível do mar até a altitude crítica de seu funcionamento. A altitude crítica é a altitude máxima que um motor turboalimentado pode produzir sua razão de potência. Acima da altitude crítica, a entrega de potência do motor começa a diminuir da mesma forma que acontece normalmente com um motor aspirado. O turboalimentador aumenta a pressão do ar induzido para admissão do motor, permitindo a elevadas altitudes, um desenvolvimento de potência igual ou superior à potência desenvolvida ao nível do mar. Um turboalimentador é composto de dois elementos: um compressor e uma turbina. A seção do compressor aloja um impulsor centrífugo que gira em alta rotação (RPM). O ar admitido passa pelas pás do impulsor, que acelera um grande volume de ar e, posteriormente o comprime. Esse evento causa uma alta pressão e densidade desse ar, que será liberado para admissão do motor. O impulsor do compressor centrífugo é girado pela turbina quese movimenta pela ação dos gases de escapamento sobre suas pás. Uma válvula do tipo borboleta, instalada no sistema de exaustão, é usada para variar a massa de gases queimados fluindo para a turbina. Quando fechada, a válvula permite que mais fluxo de gases de exaustão do motor seja direcionado para girar a turbina do turboalimentador. Quando aberta, os gases de exaustão são desviados e fluem para a atmosfera sem acionar a turbina. O funcionamento do turboalimentador gera um aumento na temperatura dos gases de admissão devido à compressão. Para reduzir essa temperatura e eliminar o risco de detonação, muitos motores turboalimentados usam um intercooler. Esse componente é um pequeno trocador de calor que usa o ar ambiente para refrigerar o ar comprimido pelo compressor do turboalimentador. Ele realiza essa refrigeração antes de o ar entrar no sistema da mistura de ar/combustível da unidade de controle de combustível. A Figura 21 demonstra a instalação de um turboalimentador no motor, bem como seus componentes, a saber: • turboalimentador - incorpora uma turbina que é girada pelos gases de escapamento e um compressor que pressuriza o ar de admissão; • unidade reguladora - regula o fluxo de ar para o motor; • duto de distribuição - direciona o ar comprimido pelo compressor para os cilindros; 54 • duto de escapamento; • unidade reguladora dos gases de exaustão - controla a quantidade dos gases de exaustão que aciona a turbina; além disso, é atuada pela pressão de óleo do motor; • entrada de admissão do ar - admite o ar que vai ser comprimido pelo compressor; • duto de coleta dos gases de exaustão - coleta os gases da exaustão dos cilindros para girar a turbina que gira o compressor. Figura 21: Instalação de um turboalimentador e seus componentes 55 Resumindo Os motores são classificados quanto à disposição dos cilindros em quatro tipos: em linha, em V, radiais e opostos. O motor com cilindros opostos é o mais utilizado atualmente por ter a vantagem da disposição horizontal dos cilindros, além de oferecer pouca resistência do ar e ter alta potência para um baixo peso. O motor que não possui um dispositivo superalimentador ou turboalimentador é conhecido como motor aspirado. Devido à dificuldade de admissão de ar para compressão em altitudes acima do nível do mar, onde a densidade diminui, ele fica restrito a um nível de voo não muito alto, geralmente a 8.000 pés. Enquanto isso, os motores dotados de superalimentadores ou turboalimentadores alcançam maior performance de altitude em razão da compressão do ar de admissão antes de seu envio aos cilindros. Isso possibilita maior volume de ar para a queima, simulando, dessa forma, a quantidade de ar disponível ao nível do mar. Glossário FCU: fuel control unit - unidade de controle de combustível. Dosa o combustível que será injetado na câmara de combustão do motor. Octanagem: propriedade de a gasolina resistir à compressão sem entrar em autoignição. Teto operacional: máxima altitude em que certa aeronave foi projetada para voar. 56 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. Os motores aspirados podem ser classificados quanto à disposição de seus cilindros em radial, em linha, tipo em V ou opostos. Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. A principal vantagem do motor radial é que tem uma pequena área frontal e a razão de sua potência em relação ao peso é relativamente baixa. Verdadeiro ( ) Falso ( ) Atividades 57 Referências BRASIL. Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC. RBHA 65: despachante operacional de voo e mecânico de manutenção aeronáutica. 2001. Disponível em: <http://www2. anac.gov.br/biblioteca/rbha/rbha065.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2015. ______. Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC. RBHA 141: escolas de aviação civil. 2004a. Emenda 141-01. Disponível em: <http://www2.anac.gov.br/biblioteca/rbha/ rbha141.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2015. ______. Ministério da Defesa. Comando da Aeronáutica – COMAER. Departamento de Aviação Civil – DAC. MCA 58-14: manual do curso mecânico manutenção aeronáutica – grupo motopropulsor. Brasília: DAC, 2004b. Disponível em: <http://www2.anac.gov.br/ habilitacao/manualCursos.asp>. Acesso em: 20 jul. 2015. ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA – EUA. Department of Transportation. Federal Aviation Administration – FAA. FAA-AC-65-12A. Oklahoma City: U.S. Department of Transportation, Federal Aviation Administration, 1976. Disponível em: <https//www. faa.gov/documentlibrary/media/advisory_circular/ac_65-12a.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2015. ______. Department of Transportation. Federal Aviation Administration – FAA. FAA-H- 8083-25A: pilot’s handbook of aeronautical knowledge - aircraft performance. Oklahoma City, OK: U.S. Department of Transportation, Federal Aviation Administration, 2008. Disponível em: <https://www.faa.gov/regulations_policies/handbooks_manuals/ aviation/ pilot_handbook/media/PHAK%20-%20Chapter%2010.pdf>. Acesso em: 24 nov. 2015. ______. Department of Transportation. Federal Aviation Administration – FAA. FAA-H-8083-32: aviation maintenance technician handbook – powerplant. Oklahoma City, OK: U.S. Department of Transportation, Federal Aviation Administration, 2012. v. 1. Disponível em: <https://www.faa.gov/regulations_policies/handbooks_manuals/ aircraft/media/FAA-H-8083-32-AMT-Powerplant-Vol-1.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2015. ______. Department of Transportation. Federal Aviation Administration – FAA. Part 23: small airplane certification process study. Oklahoma City: U.S. Department of Transportation, Federal Aviation Administration, 2009. Disponível em: <https://www. faa.gov/about/office_org/headquarters_offices/avs/offices/air/directorates_field/ small_ airplanes/media/CPS_Part_23.pdf>. Acesso em: 21 nov. 2015. 58 SOUZA, Z. de. Elementos de máquina térmica. Rio de Janeiro: Campus, 1980. TELEDYNE CONTINENTAL MOTORS. Illustrated parts catalog for 0-470 and IO-470 series aircraft engines. EUA: Teledyne continental motors, 1975. Disponível em: <http://www.7ts0.com/manuals/continental/O-I-470/Continental_O-470-IO-470_ IPC_X-30023A.pdf>. Acesso em: 1 dez. 2015. 59 UNIDADE 4 | GANHOS DE POTÊNCIA 60 Unidade 4 | Ganhos de Potência 1 Introdução Todo motor deve operar com sua maior performance nos vários regimes do voo provendo força para deslocar a aeronave sobre as diversas mudanças da massa de ar. Para que isso ocorra, os fabricantes projetam os motores com materiais mais resistentes, como ligas de alumínio e materiais compostos de carbono e aramide. Isso tem uma melhora sensível no ganho de potência, pois possibilita melhor eficiência ou performance com baixo peso do motor. Outro fator que oportuniza o ganho de potência do motor é a melhora nas curvas de ignição, nas perdas da admissão do ar e na injeção do sistema de combustível. Um maior ganho de potência pode ser obtido com alterações feitas nos componentes internos do motor, no melhor aproveitamento da duração do tempo de ignição, no tempo de abertura e no fechamento de válvulas. Como exemplo do ganho de potência, há a modificação do tamanho do cilindro, que afeta a taxa de compressão. Em alguns motores, houve um aumento da taxa de 8.5:1 para 10:1. h Um simples polimento da entrada de ar dos cilindros aumenta a eficiência aerodinâmica e, consequentemente, eleva o ganho de potência do motor. 1.1 Antecipação de Ignição Na fase de expansão, o ideal do pico de pressão da combustão é logo após o pistão passar do centro do ponto morto superior, em inglês, after top dead center (ATDC). Esse ponto fornece uma melhor força de pressão sobre a árvore de manivelas em um ângulo adequado e aumenta a duração do tempo de potência. Quando o motoratinge 61 o pico de pressão da combustão no grau correto da árvore de manivelas, produz-se um máximo de potência ao freio, em inglês, brake horse power (BHP). Mudanças nesse ponto de pico ocasionam uma menor eficiência da queima da mistura ar/combustível e uma menor potência ao freio (BHP). O tempo de queima da mistura ar/combustível é controlado pela composição química e pela temperatura do combustível, bem como pela forma com que ele se mistura ao oxigênio e pela eficiência da ignição sobre a mistura. Quando a rotação (RPM) do motor aumenta, a ignição deve ser avançada dezenas de graus da árvore de manivelas para que o pico de pressão da combustão ocorra no ponto certo, ou seja, após o centro do ponto morto superior, em inglês, after top center (ATC). Assim, quando o motor opera em marcha lenta, o pico de pressão da combustão da ignição é dado em graus após o ATC, como ocorre normalmente. No entanto, devido à baixa rotação do motor, a queima é mais lenta. Esse evento reduz o valor em graus do ponto de ignição. À medida que a RPM (rotação) do motor aumenta, a ignição deve ser avançada para que o pico de pressão da combustão ocorra no número em graus estipulado pelo fabricante. Dessa forma, todo motor possui uma curva do avanço da ignição baseado na rotação do motor. O Gráfico 3 demonstra a curva do tempo de ignição. GRÁFICO 3: Curva do tempo de ignição com relação à RPM do motor Esse gráfico mostra que, em marcha lenta (baixa RPM), o tempo de ignição é de 10º da árvore de manivelas. À medida que a rotação do motor aumenta, a ignição avança o valor de graus da árvore de manivelas até atingir o limite de 30º. Não confundir o início da queima da mistura ar/combustível, que ocorre no deslocamento do pistão para o 62 ponto morto superior (BTC), com o pico de pressão da combustão, isto é, a queima completa da mistura ou a expansão completa dos gases que ocorre após o pistão passar pelo centro do ponto motor superior (ATDC). A curva de avanço da ignição dos motores é baseada na rotação do motor e na eficiência volumétrica do cilindro. Assim, o tempo de ignição que o motor requer a 3.000 RPM com o manete de combustível 10% aberto é diferente do tempo de ignição para a mesma RPM com o manete totalmente aberto. A diferença ocorre porque a pressão do cilindro é muito maior com o manete totalmente aberto do que com ele parcialmente aberto. Neste último, a pressão no cilindro é baixa e requer mais tempo para completar o processo de combustão. As Figuras 22.A e 22.B mostram a comparação do avanço de ignição. Quando a RPM do motor aumenta, o tempo de ignição avança. Figura 22.A: Ignição em marcha do motor Figura 22.B: Avanço da ignição do motor com o aumento da RPM Alguns fatores afetam a velocidade da queima da mistura do ar/combustível. Esses fatores serão explicados a seguir. 63 a) Razão da queima da mistura ar/combustível - a razão da mistura afeta a velocidade da queima. Os valores das razões da mistura apresentadas para essa explicação são genéricos. Dessa forma, deve-se sempre consultar o manual de manutenção para o valor específico da mistura do motor. A mistura com razão inferior a 11:1 tem pouca possibilidade de queima (mistura muita rica), assim como uma mistura maior que 20:1 (muito pobre). A proporção da mistura ideal é de 12,5:1, pois apresentará melhor eficiência térmica. b) Densidade - alta densidade do ar faz a mistura ar/combustível queimar mais rápido. A densidade varia com a temperatura e a pressão. Quando a densidade aumenta, a razão da queima também aumenta. Esse fato ocorre porque a proporção da razão do ar e combustível é medida proporcionalmente em peso. Quanto maior a quantidade de ar, maior será a quantidade de combustível (a compressão de 200 lbs queimará mais rápido que a compressão de 150 lbs). c) Homogeneidade - a homogeneidade se refere à distribuição uniforme das moléculas de ar e combustível na mistura. A homogeneidade da mistura introduz outra questão em relação à falha da ignição. Se a localização da vela de ignição não queimar a mistura de forma homogênea, a tendência é deixar a queima muito rica ou muito pobre. Assim, a vela de ignição falha para inflamar a mistura e o tempo de expansão dos gases é perdido. d) Sistema de ignição com duas velas - as velas duplas usadas nos motores das aeronaves ajudam na queima da mistura de forma homogênea. Caso a queima da mistura com uma vela de ignição deixe a mistura pobre, a outra vela aumenta a eficiência queimando a porção homogênea. Como as velas estão instaladas em locais separados no motor, quando as velas inflamam a mistura, o tempo total da queima diminui porque ambas criam um poder de queima maior. Ocasionalmente, os motores das aeronaves têm um diâmetro largo do cilindro, o qual garante uma menor incidência de pouca homogeneidade da mistura dentro da câmara de combustão. O sistema de ignição com velas duplas asseguram uma probabilidade aceitável da queima homogênea da mistura. e) Elevação da temperatura do combustível devido à compressão - o excesso de aquecimento é um fator essencial para a detonação espontânea. A compressão da mistura ar/combustível gera calor para inflamar essa mistura. Para evitar a 64 detonação, aumenta-se na gasolina a proporção de octana. Assim, eleva-se o valor da temperatura requerida para ocasionar uma detonação espontânea da mistura. 1.2 Alteração de Válvula A abertura das válvulas é controlada pelo eixo comando de válvulas, que gira a metade da velocidade da árvore de manivelas. Durante os quatro tempos do motor, a árvore de manivelas completa duas voltas, em que cada pistão executa dois ciclos. No entanto, o eixo comando de válvulas gira apenas uma vez, causando um ciclo para cada válvula. Pela válvula de admissão passa a mistura ar/combustível, enquanto pela válvula de escape passam os gases da queima. A Figura 23 demonstra a relação entre a velocidade da árvore de manivelas e o eixo comando de válvulas por meio do tamanho das engrenagens. Figura 23: Relação entre a velocidade da árvore de manivelas e o eixo comando de válvulas por meio do tamanho das engrenagens e Em uma análise mais técnica, a operação do motor depende do ar de admissão que tem as válvulas como porta de entrada e de saída. Há duas grandes diferenças entre essas válvulas, pois na saída dos gases pela válvula de exaustão o calor é intenso, enquanto na admissão a mistura ar/combustível é fria. Tais características alteram o material de construção das válvulas. A segunda diferença reside no diâmetro das válvulas de admissão e de escape. 65 1.2.1 Construção das Válvulas As válvulas dos cilindros do motor de uma aeronave estão sujeitas a altas temperaturas e corrosão, além de operarem com alta concentração de estresse. Assim, a liga de metal de construção das válvulas deve ser resistente. As válvulas de admissão operam a baixas temperaturas e, portanto, são feitas de aço cromo-níquel. As válvulas de escape, por seu turno, sujeitas a altas temperaturas, são construídas com nicromo, nome dado a diversas ligas baseadas em Ni (níquel) e Cr (cromo); silcromo, que tem um aspecto aluminizado; ou aço cromo-cobalto. Algumas válvulas de admissão e exaustão têm seu corpo preenchido parcialmente com sódio metálico, pois este é um excelente condutor de calor e, assim, dissipa mais facilmente o calor das válvulas. As válvulas de admissão e de exaustão não são intercambiáveis apesar de operarem de forma semelhante, já que suas funções no motor, suas construções e diâmetros são diferentes. A válvula de admissão, dependendo do projeto do motor, pode ter seu diâmetro maior que a válvula de exaustão. A distância do levantamento de abertura com