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Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto de Física Física Experimental I – Angelo Gomes Relatório 5: Sistema de partícula – Colisão elástica e inelástica INTRODUÇÃO: No experimento realizado tratamos das colisões unidimensionais. São dois tipos de colisão: a colisão elástica e a colisão inelástica. A colisão elástica é caracterizada pela conservação da quantidade de movimento (ΔP = 0) e pela conservação da energia cinética do sistema (ΔK = 0). Nesse tipo de colisão os corpos envolvidos seguem separados (velocidades diferentes) após o choque. No experimento consideramos dois casos para colisão elástica: dois corpos com massas iguais e dois corpos com massas diferentes. Em ambos os casos um corpo estará inicialmente em repouso. Sendo assim, temos as seguintes equações para a colisão elástica entre dois corpos A e B do experimento: i. ΔP = 0 → mAvAinicial = mAvAfinal + mBvBfinal, considerando o corpo B inicialmente em repouso. ii. ΔK = 0 → , considerando o corpo B inicialmente em repouso. A colisão inelástica também conserva a quantidade de movimento (ΔP = 0), mas não há conservação da energia cinética do sistema (ΔK ≠ 0). Nesse tipo de colisão os corpos envolvidos seguem juntos (mesma velocidade) após o choque. No experimento consideramos o caso de dois corpos com massas iguais. Além disso, observamos o caso de colisão inelástica no centro de massa. Se observarmos a colisão no centro de massa, haverá conservação de energia cinética do sistema, mesmo que seja uma colisão inelástica. O objetivo do experimento realizado é exatamente observar que essas conservações acontecem: ΔP = 0 e ΔK = 0 na colisão elástica e ΔP = 0 e ΔK ≠ 0 na colisão inelástica. DESCRIÇÃO DO EXPERIMENTO: Colisão Elástica com massas iguais: Nesse caso utilizamos dois carrinhos (A e B) e um trilho de ar. O carrinho B ficou inicialmente em repouso (foi necessário segurá-lo parado até o momento da colisão) e o carrinho A colidiu com este. Após a colisão, o carrinho B começou a se deslocar sobre o trilho no mesmo sentido que o carrinho A estava se deslocando. O carrinho A, por sua vez, ficou em repouso durante um curto período de tempo até que voltou a se movimentar lentamente por conta do trilho de ar. Com a ajuda de uma câmera de vídeo e os softwares Qtiplot e ImageJ podemos realizar a análise dos dados, que virá em seguida. TABELA 1 Carrinho Massa (gramas) A (189,8 ± 0,2) B (189,6 ± 0,2) A incerteza de 0,2 gramas significa que foi necessário alterar 0,2 gramas na balança para que sua marcação mudasse. Note que podemos concluir que as massas eram iguais porque a diferença de massa que existe (189,8 – 189,6 = 0,2 g) está dentro do valor da incerteza. Colisão Elástica com massas diferentes: Nesse caso consideramos o carrinho A 100 gramas mais pesado que o carrinho B. Sendo assim, o carrinho A ficou inicialmente em repouso no trilho de ar e o carrinho B colidiu com o mesmo. Após a colisão, o carrinho B começou a se movimentar em sentido oposto ao movimento inicial. Mais uma vez foi utilizada a câmera de vídeo e os softwares Qtiplot e ImageJ para fazer a análise de dados. TABELA 2 Carrinho Massa (gramas) A (289,4 ± 0,2) B (189,6 ± 0,2) Mais uma vez nota-se que, dentro da incerteza obtida, a massa do carrinho A é de fato a massa do carrinho B mais 100 gramas. Colisão Inelástica com massas iguais: Agora utilizamos os carrinhos com mesma massa, assim como no primeiro caso. O carrinho B ficou inicialmente em repouso. O carrinho A se movimentou em direção ao carrinho B e, após o choque, os dois carrinhos ficaram “acoplados”, formando um sistema e se movimentando no mesmo sentido que o carrinho A se movimentava. Com a ajuda de uma câmera de vídeo e os softwares Qtiplot e ImageJ podemos realizar a análise dos dados. Depois fazemos uma análise do que ocorre no centro de massa do sistema. Espera-se que não haja perda de energia cinética após a colisão. TABELA 3 Carrinho Massa (gramas) A (189,2 ± 0,2) B (189,4 ± 0,2) Assim como nos outros dois casos, os carrinhos possuem massas iguais dentro da incerteza encontrada. Observação: A constante de calibração da imagem usada em todos os três casos foi k = (3,584 ± 0,007) mm. ANÁLISE DE DADOS: Antes de começarmos a análise dos dados, vale ressaltar um erro sistemático que foi cometido. Ao coletar a posição dos carrinhos em pixel, consideramos como referência os cantos inferiores direito de ambos os carrinhos. Esse método acarreta em alguns erros. Por exemplo, nota-se que no momento da colisão os carrinhos não se encontram na mesma posição por conta desse método utilizado. Consequentemente esse erro vai se propagando, alterando o valor final. Colisão Elástica com massas iguais: Segue abaixo a tabela dos pontos experimentais utilizados (em vermelho estão o tempo e a posição dos carrinhos no momento da colisão). Ao fim do relatório temos o gráfico X x t dos carrinhos. m1 = m2: Constante de Calibração: k = (3,584 ± 0,007) mm TABELA 4 t (s) (P1 ± δP1) (P2 ± δP2) (X1 ± δX1) mm (X2 ± δX2) mm 0 (68 ± 1) (356 ± 1) (244 ± 4) (1.276 ± 4) 0,2 (100 ± 1) (356 ± 1) (358 ± 4) (1.276 ± 4) 0,4 (133 ± 1) (356 ± 1) (477 ± 4) (1.276 ± 4) 0,6 (167 ± 1) (356 ± 1) (599 ± 4) (1.276 ± 4) 0,8 (199 ± 1) (356 ± 1) (713 ± 4) (1.276 ± 4) 1,0 (232 ± 1) (356 ± 1) (831 ± 4) (1.276 ± 4) 1,2 (262 ± 1) (356 ± 1) (939 ± 4) (1.276 ± 4) 1,4 (294 ± 1) (356 ± 1) (1.054 ± 4) (1.276 ± 4) 1,6 (302 ± 1) (382 ± 1) (1.082 ± 4) (1.369 ± 4) 1,8 (302 ± 1) (418 ± 1) (1.082 ± 4) (1.498 ± 4) 2,0 (303 ± 1) (450 ± 1) (1.086 ± 4) (1.613 ± 4) 2,2 (304 ± 1) (483 ± 1) (1.090 ± 4) (1.731 ± 4) 2,4 (305 ± 1) (516 ± 1) (1.093 ± 4) (1.849 ± 4) 2,6 (306 ± 1) (548 ± 1) (1.097 ± 4) (1.964 ± 4) Com a ajuda do software Qtiplot (FIT linear) calculamos as velocidades iniciais (antes da colisão) e finais (após a colisão) dos carrinhos A e B baseado na tabela acima. TABELA 5 Carrinho Velocidade Inicial (mm/s) Velocidade Final (mm/s) A (580 ± 3) (28 ± 4) B 0,0 (582 ± 4) Com esses dados podemos calcular o momento linear e a energia cinética dos carrinhos antes e depois da colisão (as contas seguem no Apêndice A): TABELA 6 Carrinho Qinicial (g*mm/s) Qfinal (g*mm/s) Kinicial (J) Kfinal (J) A (1101 ± 6) x 10² (53 ± 8) x 10² (319 ± 3) x 10^5 (7 ± 2) x 10^4 B 0,0 (1103 ± 8) x 10² 0,0 (321 ± 4) x 10^5 Agora podemos analisar o sistema como um todo: TABELA 7 Qinicial (g*mm/s) Qfinal (g*mm/s) Kinicial (J) Kfinal (J) ΔQ ΔK SISTEMA (1101 ± 8) x 10² (116 ± 1) x 10³ (319 ± 3) x 10^5 (322 ± 4) x 10^5 (6 ± 1) x 10³ (3 ± 5) x 10^5 Note que não obtivemos nem ΔQ = 0 nem ΔK = 0. Isso acontece porque o carrinho A volta a entrar em movimento depois de um período parado após a colisão. O valor de ΔQ encontrado representa aproximadamente essa retomada de movimento do carrinho A. O mesmo raciocínio vale para o valor de ΔK encontrado. De acordo com os dados, o sistema teve um aumento de 0,9% de energia cinética após a colisão. É uma discrepância bem pequena. Colisão Elástica com massas diferentes: Segue abaixo a tabela dos pontos experimentais utilizados (em vermelho estão o tempo e a posição dos carrinhos no momento da colisão). Ao fim do relatório temos o gráfico X x t dos carrinhos. m1 = m2 + 100 g Constante de Calibração: k = (3,584 ± 0,007) mm TABELA 8 t (s) (P1 ± δP1) (P2 ± δP2) (X1 ± δX1) mm (X2 ± δX2) mm 0 (371 ± 1) (68 ± 1) (1.330 ± 4) (244 ± 4) 0,2 (371 ± 1) (103 ± 1) (1.330 ± 4) (369 ± 4) 0,4 (371 ± 1) (139 ± 1) (1.330 ± 4) (498 ± 4) 0,6 (371 ± 1) (174 ± 1) (1.330 ± 4) (624 ± 4) 0,8 (371 ± 1) (210 ± 1) (1.330 ± 4) (753 ± 4) 1,0 (371 ± 1) (246 ± 1) (1.330 ± 4) (882 ± 4) 1,2 (371 ± 1) (282 ± 1) (1.330 ± 4) (1.011 ± 4) 1,4 (371 ± 1) (302 ± 1) (1.330 ± 4) (1.082 ± 4) 1,6 (399 ± 1) (299 ± 1) (1.430 ± 4) (1.072 ± 4) 1,8 (429 ± 1)(295 ± 1) (1.538 ± 4) (1.057 ± 4) 2,0 (458 ± 1) (290 ± 1) (1.641 ± 4) (1.039 ± 4) 2,2 (484 ± 1) (287 ± 1) (1.735 ± 4) (1.029 ± 4) 2,4 (508 ± 1) (285 ± 1) (1.821 ± 4) (1.021 ± 4) 2,6 (536 ± 1) (283 ± 1) (1.921 ± 4) (1.014 ± 4) Com a ajuda do software Qtiplot (FIT linear) calculamos as velocidades iniciais (antes da colisão) e finais (após a colisão) dos carrinhos A e B baseado na tabela acima. TABELA 9 Carrinho Velocidade Inicial (mm/s) Velocidade Final (mm/s) A 0,0 (491 ± 4) B (616 ± 3) (-60 ± 4) Com esses dados podemos calcular o momento linear e a energia cinética dos carrinhos antes e depois da colisão (as contas seguem no Apêndice A): TABELA 10 Carrinho Qinicial (g*mm/s) Qfinal (g*mm/s) Kinicial (J) Kfinal (J) A 0,0 (142 ± 1) x 10³ 0,0 (349 ± 6) x 10^5 B (1168 ± 6) x 10² (-114 ± 8) x 10² (360 ± 3) x 10^5 (34 ± 4) x 10^4 Agora podemos analisar o sistema como um todo: TABELA 11 Qinicial (g*mm/s) Qfinal (g*mm/s) Kinicial (J) Kfinal (J) ΔQ ΔK SISTEMA (1168 ± 6) x 10² (131 ± 1) x 10³ (360 ± 3) x 10^5 (352 ± 6) x 10^5 (14 ± 1) x 10³ (-8 ± 7) x 10^5 Mais uma vez não obtivemos ΔQ = 0 nem ΔK = 0. Esse fato está ligado aos erros sistemáticos que cometemos na realização do experimento como o erro citado anteriormente. Repare que apesar de ser um valor absoluto muito grande (ΔQ = 14000), esse valor se torna “pequeno” comparado com os valores de Q encontrados antes e depois da colisão. Houve um aumento de momento linear de aproximadamente 12%. É discrepância razoável dado os erros sistemáticos realizados no experimento. Já com relação a Energia Cinética do sistema, houve uma perda de aproximadamente 2%. Colisão inelástica com massas iguais: Segue abaixo a tabela dos pontos experimentais utilizados (em vermelho estão o tempo e a posição dos carrinhos no momento da colisão). Ao fim do relatório temos o gráfico X x t dos carrinhos e os cálculos usados para o centro de massa (Apêndice B). m1 = m2 Constante de Calibração: k = (3,584 ± 0,007) mm TABELA 12 t (s) (P1 ± δP1) (P2 ± δP2) (X1 ± δX1) mm (X2 ± δX2) mm (XCM ± δXCM) 0 (70 ± 1) (390 ± 1) (251 ± 4) (1.398 ± 4) (825 ± 3) 0,2 (101 ± 1) (390 ± 1) (362 ± 4) (1.398 ± 4) (880 ± 3) 0,4 (135 ± 1) (390 ± 1) (484 ± 4) (1.398 ± 4) (941 ± 3) 0,6 (172 ± 1) (390 ± 1) (616 ± 4) (1.398 ± 4) (1.007 ± 3) 0,8 (210 ± 1) (390 ± 1) (753 ± 4) (1.398 ± 4) (1.076 ± 3) 1,0 (247 ± 1) (390 ± 1) (885 ± 4) (1.398 ± 4) (1.142 ± 3) 1,2 (284 ± 1) (390 ± 1) (1.018 ± 4) (1.398 ± 4) (1.208 ± 3) 1,4 (321 ± 1) (390 ± 1) (1.150 ± 4) (1.398 ± 4) (1.274 ± 3) 1,5 (334 ± 1) (390 ± 1) (1.197 ± 4) (1.398 ± 4) (1.297 ± 3) 1,6 (345 ± 1) (403 ± 1) (1.236 ± 4) (1.444 ± 4) (1.340 ± 3) 1,8 (364 ± 1) (420 ± 1) (1.305 ± 4) (1.505 ± 4) (1.405 ± 3) 2,0 (381 ± 1) (440 ± 1) (1.366 ± 4) (1.577 ± 4) (1.472 ± 3) 2,2 (400 ± 1) (457 ± 1) (1.434 ± 4) (1.638 ± 4) (1.536 ± 3) 2,4 (417 ± 1) (477 ± 1) (1.495 ± 4) (1.710 ± 4) (1.603 ± 3) 2,6 (437 ± 1) (494 ± 1) (1.566 ± 4) (1.770 ± 4) (1.668 ± 3) 2,8 (455 ± 1) (512 ± 1) (1.631 ± 4) (1.835 ± 4) (1.733 ± 3) 3,0 (471 ± 1) (528 ± 1) (1.688 ± 4) (1.892 ± 4) (1.790 ± 3) Com a ajuda do software Qtiplot (FIT linear) calculamos as velocidades iniciais (antes da colisão) e finais (após a colisão) dos carrinhos A e B baseado na tabela acima. TABELA 13 Carrinho Velocidade Inicial (mm/s) Velocidade Final (mm/s) A (646 ± 3) (327 ± 3) B 0,0 (328 ± 3) Centro de Massa (323 ± 1) (327 ± 2) Com esses dados podemos calcular o momento linear e a energia cinética dos carrinhos antes e depois da colisão (as contas seguem no Apêndice A): TABELA 14 Carrinho Qinicial (g*mm/s) Qfinal (g*mm/s) Kinicial (J) Kfinal (J) A (1222 ± 6) x 10² (621 ± 6) x 10² (395 ± 4) x 10^5 (101 ± 2) x 10^5 B 0,0 (619 ± 4) x 10² 0,0 (102 ± 1) x 10^5 C.M. (611 ± 2) x 10² (619 ± 4) x 10² (987 ± 6) x 10^4 (101 ± 1) x 10^5 Agora podemos analisar o sistema como um todo: TABELA 15 Qinicial (g*mm/s) Qfinal (g*mm/s) Kinicial (J) Kfinal (J) ΔQ ΔK SISTEMA (1222 ± 6) x 10² (1240 ± 7) x 10² (395 ± 4) x 10^5 (203 ± 2) x 10^5 (18 ± 9) x 10 (-192 ± 2) x 10^5 C.M. (611 ± 2) x 10² (619 ± 4) x 10² (987 ± 6) x 10^4 (101 ± 1) x 10^5 (8 ± 4) x 10² (2 ± 1) x 10^5 Novamente não obtivemos ΔQ = 0 por conta de erros sistemáticos já comentados anteriormente. Mas dessa vez conseguimos obter ΔK < 0, que era previsto pelo modelo teórico. Com relação ao centro de massa, também não conseguimos obter ΔQ = 0 e nem ΔK = 0. Mais uma vez chamamos a atenção dos valores encontrados para as variações de momento linear e energia. Os valores absolutos são grandes, mas comparados aos valores medidos antes e depois da colisão, são valores “pequenos” e razoáveis. Por exemplo, encontramos uma variação de aproximadamente 180 g*mm/s no momento linear do sistema, mas estávamos lidando com números muito maiores, como 122200 g*mm/s antes da colisão. Para o sistema, encontramos uma discrepância de 0,14% e para o centro de massa uma discrepância de 1,3%. Vale ressaltar que as incertezas também são grandes como valor absoluto, mas também são valores pequenos e razoáveis se comparar com as medições feitas. CONCLUSÕES: Com base nos dados, não conseguimos atingir exatamente o objetivo. Por outro lado, é muito difícil encontrar exatamente ΔQ = 0 e ΔK = 0 quando se trata de um experimento. Estamos lidando com muitas flutuações e incertezas no experimento. Se levarmos em consideração os erros sistemáticos e experimentais que foram e que podem ter sido cometidos, os resultados encontrados foram bem razoáveis e próximos dos resultados previstos pelo modelo teórico.
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