Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
383 PERMEABILIDADE AO GÁS DE UM SOLO COMPACTADO NÃO SATURADO J. F. T. Jucá Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de Pernambuco F. J. Maciel Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de Pernambuco RESUMO: Em aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos a impermeabilização da camada de cobertura é feita com objetivo de se evitar o fluxo de águas pluviais e de gases gerados no processo de decomposição da matéria orgânica do lixo. A liberação de gases através da camada de cobertura gera graves problemas ambientais devido a presença do metano e dióxido de carbono. O presente trabalho apresenta um estudo sobre a permeabilidade ao gás de solos compactados, não saturados, utilizado na cobertura de um aterro de resíduos sólidos urbanos. Estes estudos foram realizados visando o monitoramento ambiental do Aterro de Aguazinha, em Olinda –PE. O programa de ensaios utilizou uma metodologia acessível a vários laboratórios, além de um sistema bastante simples, desenvolvido para ensaios de campo. Os resultados obtidos em laboratório mostram uma redução de 100 vezes no coeficiente de permeabilidade ao gás para um aumento do grau de saturação de 5 para 90%. Os ensaios de campo mostram a importância do equipamento e da metodologia desenvolvida para estudos desta natureza. 1. INTRODUÇÃO O processo de decomposição anaeróbia de materiais putrescíveis em Aterros de Resíduos Sólidos acarreta a produção do LFG (landfill Gas), gás que além do caráter inflamável, causa uma gama de problemas ambientais devido à presença do metano e dióxido de carbono, entre outros gases. Por conseguinte, faz-se necessário, uma perfeita impermeabilização das células ao referido gás, para que tais problemas sejam mitigados. O estudo do dimensionamento das camadas de cobertura de argila é parte integrante do projeto de recuperação ambiental do Aterro de Aguazinha. Sendo este, o segundo maior em operação na Região Metropolitana do Recife- PE, recebendo cerca de 370 toneladas de resíduos domésticos, industriais e hospitalares diariamente. Neste local foram projetadas 4 células, as quais são destinadas ao processo de tratamento dos resíduos, denominado “bio- remediação”. Duas destas células foram tomadas como experimentais, afim de serem obtidos resultados para uma melhor operação das demais. Dentro deste propósito, este trabalho tem como objetivo o estudo da permeabilidade ao gás do solo de cobertura das referidas células, sendo os ensaios executados em campo e laboratório. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Landfill Gas (LFG) A produção do gás em aterros sanitário, ocorre da seguinte forma: Inicialmente estabelece-se o processo de decomposição aeróbia durante a depositação do lixo, que prolonga-se até não haver mais oxigênio livre para sustentá-lo, ou seja, após o recobrimento definitivo da cobertura da célula. Inicia-se então, a fase de decomposição anaeróbia. 384 Durante a primeira fase de decomposição anaeróbia, a presença indesejada de ácidos orgânicos reduz o pH para 4 ou 5, tornando-o tóxico para as bactérias de produção do metano (CH4), portanto, pouco metano será produzido durante este período. Com o tempo, estas bactérias tornam-se mais predominantes (segunda fase anaeróbia) agindo assim na transformação dos ácidos voláteis em metano e dióxido de carbono numa proporção de (50- 50%); como resultado, tem-se um aumento no pH para valores mais neutros 7-8. Após esta fase de longa duração, a produção de metano irá decrescer e maiores condições aeróbias irão se estabelecer pela percolação de água oxigenada através das camadas de cobertura para a massa do lixo. O LFG é uma mistura de diferentes gases e suas propriedades podem variar com a sua composição. Os valores achados para esta composição dependem da natureza do lixo, idade de cobertura e localização da amostragem. Alguns valores típicos são encontrados na literatura.: CH4 (40-65%), CO2 (25-40%), N2 (13-30%), O2 (1-4%), H2 (0,05%), CO (0,001%) entre outros. Como visto, os principais constituintes do LFG são o metano e o dióxido de carbono que são chamados “Gases Greenhouse”, considerados responsáveis pelo aquecimento terrestre. Além disto, o LFG apresenta outras características bastantes perigosas que precisam ser perfeitamente esclarecidas: o metano é inflamável em atmosfera aberta e explosivo em atmosfera fechada, além de ser um gás asfixiante sozinho ou quando misturado com o ar. Alguns dos componentes do gás podem apresentar risco tóxico, principalmente em aterros de resíduos industriais. O gás também pode ser um perigo para a vegetação das redondezas, impedindo a chegada de oxigênio as raízes. Portanto, tais propriedades danosas precisam ser minimizadas e uma das formas de se evitar maiores problemas consiste na transformação e utilização do LFG como combustível. Este caráter de combustão decorre especialmente da presença do metano que apresenta um poder calorífico entre 15 e 21MJ/m3, aproximadamente metade do gás natural. Tabela1. Fatores que afetam a geração de LFG Dimensão física do aterro Processos anaérobios dominam, normalmente, em massa de lixo com profundidade maior que 5m. Tipo de lixoA composição do lixo afeta a percentagem, qualidade e quantidade de gás gerado. Operações no aterro Redução do volume do lixo por compactação e utilização de pequenas áreas para um rápido fechamento das células, irão encurtar o processo aeróbio Densidade do lixo Quanto maior a densidade do lixo, mais acentuada é a produção do gás por unidade de volume de espaços vazios. Teor de umidade Aumento de umidade por recirculação de líquido nas células, acelerarão a produção do gás pH nas células Produção de metano será favorecida em ambientes com pH neutro (6,5 à 8,5) Temperatura do lixo Temperatura de maximização de produção do gás está entre 35 e 45ºC. Ingresso de oxigênio nas células Presença indesejada de oxigênio durante a fase anaeróbia retardará a geração do gás. 2.2. Permeabilidade do solo ao ar: A permeabilidade de um meio poroso em relação ao fluxo de ar é uma função de sua permeabilidade intrínseca e de seu grau de saturação. Vale ressaltar, que a permeabilidade ao ar deve ser claramente diferenciada da permeabilidade intrínseca de um meio, que por sua vez depende exclusivamente das propriedades do solo e não das características ou quantidade do fluido percolante (Stylianou e DeVantier, 1995). Portanto, a permeabilidade intrínseca da camada de cobertura em relação ao gás dependerá do tipo de solo utilizado na sua execução e das condições na qual se encontra o solo, tais como: umidade, volume e distribuição de vazios, grau de saturação ao LFG (relação entre o volume do gás e o ar) decresça e o coef. de permeabilidade a água (w) cresça com o aumento do grau saturação do solo, os valores de ar se mantém significativamente maiores que os valores de w para todos os teores de umidade. Uma das razões para este fato está na diferença de valores da viscosidade absoluta da água e do ar ( w> ar), sendo a viscosidade absoluta do fluido um parâmetro de proporcionalidade inversa a permeabilidade do solo (Fredlund e Rahardjo, 1993). De acordo com Corey (1986) e Matyas (1967) para um solo não saturado, o fluxo de ar geralmente se torna contínuo quando o grau de saturação se reduz para menos de 85% e, para valores acima deste o coeficiente ar é aproximadamente igual a zero, com a passagem de ar se reduzindo apenas ao processo de difusão. Em relação a solos compactados, o coeficiente de permeabilidade ao gás se comporta como uma função inversa ao peso específico seco da curva de compactação Proctor, atingindo um valor mínimo para solos compactados ligeiramente acima da umidade ótima, ou seja, próximo ao peso específico seco máximo do solo (Ignatius et al., 1997). Portanto, para um projeto de dimensionamentodas camadas de cobertura nos aterros sanitários, se faz necessário também um conhecimento prévio do coeficiente de permeabilidade do solo ao gás em função da energia e da umidade de compactação a serem utilizadas na execução das mesmas. 3. SOLO ESTUDADO O solo em estudo foi obtido da jazida que forneceu o material utilizado na cobertura das células do aterro mencionado. A composição granulométrica deste solo é de 30% de argila, 8% de silte e 59% de areia (37% de areia fina). Sendo este, segundo a USC, classificado como um SC, ou seja, uma areia argilosa. Os limites de Atteberg são: LL=45% e IP=15%. No ensaio de compactação Proctor Normal foram obtidos umidade ótima de 14% para um peso específico seco máximo de 17,95kN/m3. Também foram realizados ensaios de sucção em membranas de pressão para determinação da curva característica da relação sucção x umidade do solo (Figura 1). A permeabilidade à água foi determinada em condição saturada em permeâmetro de parede flexível de carga constante, com o valor de w encontrado de 1,8x10-8m/s. Figura1. Curva característica do solo 4. ENSAIOS DE LABORATÓRIO 4.1 Metodologia 4.1.1 Equipamento Os ensaios estão sendo realizados através do equipamento mostrado na Figura 2, que consiste num sistema hidropeneumático (Tri- flex 2 - Soil Test - ELE) o qual permite a aplicação de pressões confinantes, no topo e na base, possibilitando a injeção do gás através de corpos de prova compactados com a energia do Proctor Normal. Figura 2. Esquema Laboratórial 386 O presente trabalho, tendo em vista as dificuldades técnicas decorrentes de se trabalhar com um gás explosivo e tóxico, está sendo efetuado em laboratório com os ensaios de permeabilidade tomando o ar como o fluido percolante. Faz-se necessário a passagem do gás através de um pré-saturador feito em vidro para a posterior percolação pelo corpo de prova. O pré-saturador fica parcialmente preenchido com água deionizada e funciona para garantir que o gás percolante esteja totalmente saturado, evitando assim que este possa retirar com facilidade a água do solo na forma de vapor. O medidor de fluxo é feito de vidro e graduado para o volume de 20 ml. É utilizado detergente comum para a formação de bolhas. Para a medição do fluxo é preciso que as paredes internas do fluxímetro estejam previamente limpas e molhadas com detergente para evitar que as bolhas "quebrem". É utilizado também, um cronômetro, para medir o tempo necessário para que uma bolha passe por duas marcas indicadoras que corresponde exatamente ao volume de 20 ml. A câmara de ensaio e os tubos utilizados, são os mesmos utilizados no ensaio de permeabilidade do equipamento Tri-flex Permeameter. As interligações entre os tubos, o pré-saturador e o medidor de bolhas foram feitas com tubos de silicone. Para uma melhor garantia nas interligações solicitadas a grandes pressões foi adicionada uma abraçadeira para evitar vazamentos ou até mesmo o desligamento dos tubos. 4.1.2 Procedimento do ensaio O corpo de prova utilizado nos ensaios foi compactado à energia de Proctor Normal próximo a densidade máxima e umidade ótima com dimensões de 10cm de diâmetro e 5cm de altura. Para a execução dos ensaios, inicialmente o corpo de prova deve ser envolvido com uma fina camada de borracha de silicone e em seguida com membranas de borracha (três). Faz-se necessário o uso da borracha de silicone para que o gás não percole pela lateral da amostra prejudicando a determinação do coeficiente de permeabilidade (k ar). A seguir, o corpo de prova é pesado e colocado em câmaras de ensaio, entre pedras porosas secas e papel-filtro. A pressão confinante (s 3) aplicada foi suficiente apenas para garantir boa adesão das membranas ao corpo de prova, visto que um aumento da pressão de confinamento reflete num rearranjamento dos vazios do solo, e consequentemente, na diminuição do k ar, além da mudança na umidade causada pela expulsão d’água do solo. A execução do ensaio deve acontecer imediatamente após a sua montagem, caso contrário, estaremos determinando o coeficiente de permeabilidade para um valor de umidade diferente que o tomado inicialmente. A aplicação de pressão de ar no topo da amostra variou entre 2 e 300kPa, em relação à atmosférica, dependendo do grau de saturação em que a mesma se encontrava, enquanto que a pressão de confinamento ficou mantida sempre com um acréscimo de 10kPa em relação à de entrada. A pressão de ar na saída foi deixada livre à pressão atmosférica para a posterior passagem pelo fluxímetro. Determina-se então, o fluxo através de 15 leituras sucessivas a partir das quais se obtém o tempo médio. 4.1.3 Avaliação A metodologia, descrita anteriormente, foi modificada a partir de modelos desenvolvidos por Ignatius (1998), Stylianou e DeVantier, (1995) e Springer et al., (1998) e como se trata de uma experiência que vem sendo desenvolvida há pouco tempo e tendo em vista que todo o sistema foi adaptado aos nossos equipamentos laboratoriais, foram constatados alguns problemas instrumentais no decorrer dos ensaios, mas que rapidamente foram sendo solucionados. A partir de pressões da ordem de 250kPa foram constatadas anomalias no ensaio, tais como: o lixiviamento de partículas do solo através da água percolada e o desprendimento do tubo de silicone na entrada do pré-saturador com utilização de pressões de topo nesta ordem; as membranas de borracha não suportaram o acréscimo de pressão confinante 387 aplicado, rompendo e prejudicando todo ensaio pela inundação do corpo de prova. Por conseguinte, aconselha-se a realização dos ensaio com pressões de ar relativamente baixas (até 150kPa) para que tais problemas sejam mitigados. 4.2 Resultados A primeira seqüência de ensaios foi realizada tendo em vista a obtenção do coeficiente de permeabilidade e de parâmetros de compressibilidade do gás utilizando a amostra com grau de saturação previamente determinado de 67%. Para tal propósito, fez-se necessário a aplicação de diferentes gradientes de pressões de topo. Os coeficientes de permeabilidade intrínsecos efetivos foram calculados a partir dos dados obtidos nos ensaios de percolação de ar, utilizando as equações abaixo: P xq Kia D D´´ = m (1) ( )22 2 PsPetA VsPsL Ka -´´ ´´´´ = m (2) Onde, a Equação (1) foi utilizada para determinação de coeficientes de permeabilidade para o gás considerado incompressível, ou seja, aplicados a pressões não superiores a 10kPa. E para pressões superiores ao valor mencionado, fez-se necessário o uso da equação de Ka , gás considerado compressível (Ignatus, 1998). Dividindo-se Eq.2 por Eq.1, e lembrando que Pe = Ps +DP, temos: PPs Ps Kia Ka D+ = 2 2 (3) onde, Ps = Patm =101,32kPa Por meio desta equação é possível verificar a influência da consideração ou não da compressibilidade do gás na determinação dos coeficientes de permeabilidade (Ignatius, (1998) citando Langfelder et al., (1968)).Os resultados dos ensaios estão mostrados na Tabela 2, de onde também obteve-se a Figura 3. y = 8E-06x - 5E-05 R2 = 0,9952 1,0E-05 1,1E-04 2,1E-04 3,1E-04 4,1E-04 5,1E-04 6,1E-04 7,1E-04 8,1E-04 9,1E-04 0 20 40 60 80 100 120 140 Gradiente de Pressão (kPa) V e lo ci d a d e A p a re n te d o F lu x o ( m /s ) Figura 3. Velocidade aparente do fluxo x Gradiente de pressão A sequencia seguinte foi realizada em um corpo-de-prova apresentando graus de saturação variando de 5% a cerca de 90%. As pressões de topo aplicadas foram da ordem de 5 à 15kPa dependendo das condições de saturação do solo. Para amostras secas foram necessárias pressões de topo menores (5kPa), enquanto que asde maior grau de saturação, pressões mais elevadas. Aplicando-se as Eq.1 ou 2 foram determinados os coeficientes de permeabilidade do solo para cada grau de saturação pré-determinado. A Figura 4 mostra a curva de permeabilidade do solo como função do grau de saturação. Tabela2. Resultados da primeira sequência de ensaios Gradiente (DP) (kPa) Veloc. Aparente do fluxo (m/s) k ar / 10 -9 (m/s) Ka / 10 -15 (m2) K ia / 10 -15 (m2) Ka / K ia (Eq.3) Ka / K ia (exp.) 10 0,5x10-4 2,9 4,68 4,91 0,953 0,953 20 1,2x10-4 3,0 4,84 5,32 0,910 0,909 40 2,5x10-4 3,0 4,78 5,74 0,835 0,833 80 5,6x10-4 2,9 4,60 6,44 0,717 0,714 120 9,4x10-4 2,8 4,48 7,16 0,628 0,626 388 1,0E-10 1,0E-09 1,0E-08 1,0E-07 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Saturação (%) C o ef . d e P er m ea b ili d ad e (m /s ) Figura 4. Curva do coeficiente de permeabilidade ao ar como função do grau de saturação 5. ENSAIO DE CAMPO 5.1 Metodologia 5.1.1 Equipamento Os ensaios de campo têm como objetivo principal a medição da estimativa de fluxo do gás (LFG) pela camada de cobertura utilizada nas células. A obtenção destes dados só foi possível mediante a utilização e desenvolvimento do dispositivo indicado na Figura 5. Cortina de argila Produção LFG Conector de saída Figura 5. Esquema Placa de Fluxo Tal equipamento tem a forma de uma campânula plana confeccionada em chapas metálicas nas laterais e uma placa de acrílico cristal na parte superior, onde está colocada a conexão de saída do gás. Acopla-se a esta conexão um tubo fino de polietileno que conduz o gás até um fluxímetro. Também é utilizado o equipamento da Dräger - Multiwarn II que estabelece, por meio de sensores, a composição percentual do metano, dióxido de carbono e oxigênio do gás confinado no interior da placa. 5.1.2 Procedimento do ensaio O procedimento de realização do ensaio consta, inicialmente, de uma observação prévia do local para a verificação das condições de saturação da camada de cobertura, tendo em vista que o fluxo do gás poderá ser bastante baixo ou até mesmo nulo para valores elevados do grau de saturação. Portanto, aconselha-se a realização do ensaio em condições opostas as acima mencionadas, para que o ensaio não se torne cansativo e demorado. Em seguida escolhe-se a área especifica de realização do ensaio. É recomendável que esta esteja o mais afastado dos taludes da célula, para que não sofra nenhuma influência dos ventos lateralmente incidentes e que não esteja muito próxima a drenos de gás, pois o fluxo dificilmente se dará pela camada de cobertura. Também recomenda-se que o local escolhido seja plano e não apresente fissuras na área coberta pela placa, pois ao contrário, a estimativa do ensaio será prejudicada devido a não uniformidade do meio. Na hipótese de haver fissuras estudos específicos deverão ser realizados tipo: mapeamento, dimensões em superfície e profundidade, etc. 389 A cravação da placa no terreno é executada de modo que não altere as características naturais da área confinada sob a placa. Durante este processo, a placa já deve estar conectada ao tubo de saída do gás, para que não haja nenhum acumulo de gás em seu interior, prejudicando assim o ensaio. A passagem do gás se dará, então, pelo fluxímetro que permitirá leituras sucessivas até um certo instante em que o fluxo se torne constante, determinando-se assim, o fluxo do gás pela camada de solo (Figura 6). Prossegue-se então o ensaio, acoplando no mesmo conector de saída de gás, o medidor de concentração percentual de metano, dióxido de carbono e oxigênio. Este equipamento, permitirá avaliar que tipo (mistura) de gás encontra-se internamente confinado na placa. Figura 6: Placa de Fluxo de Gás 5.1.3 Avaliação Com a realização dos ensaios de campo, foi possível constatar que as fichas laterais da placa, que penetram 10cm no solo, devem ser prolongadas para se evitar fluxos laterais ocasionados pelos ventos incidentes nos taludes da célula. De uma forma geral, a placa de medição de fluxo de gases apresentou resultados satisfatórios, sendo de grande valia para medições in situ, que são fundamentais neste contexto de aplicações. 5.2 Resultados Os resultados preliminares encontrados para a velocidade aparente de fluxo na camada de cobertura foram da ordem de 10-6m/s, ou uma vazão de 10-6m3/s ,quando a mesma apresentava-se com grau de saturação da ordem de 73%. Estes valores representam uma liberação de gás de 86,4litros/dia/m2 para a atmosfera. Por outro lado este sistema permite também avaliar a variação de concentração dos gases com o tempo, que também é função do fluxo do solo. Neste caso, pode ser avaliado tanto a variação de concentração com o tempo do CH4, como do CO2. Como exemplo, foi constatado uma variação na concentração de CH4 de 5 para 13% após a primeira hora de ensaio. 6. CONCLUSÕES Os ensaios realizados permitiram mostrar que a velocidade aparente do fluido é direta e linearmente dependente da carga hidráulica aplicada ao mesmo, confirmando assim, a validade da Lei de Darcy para o fluido gasoso utilizado nos experimentos. Estes resultados permitiram também concluir que o coeficiente de permeabilidade do solo ao ar se reduz significativamente com o aumento do grau de saturação, principalmente a partir de 70%. Os valores da permeabilidade intrínseca são da ordem de 10-14 m2 (k ar =10 -8 m/s) para o solo com grau de saturação de 5% e de menos de 10-16 m2 (k ar =10 -10 m/s) para o solo com cerca de 90% de grau de saturação. 7. REFERENCIAS Corey, A.. T. (1986). Methods of soil analysis, Part 1. Phisical and mineralogical methods – Agronomy Monograph nº.9 (2nd Edition). Ignatius, S. G., Kessler, T., Vicenzetto, F. (1997). Ensaios de permebilidade ao ar – Estimativa da vazão de gás bioquímico – 6º Congresso Nacional de Geotecnia – Lisboa. Ignatius, S. G. (1998). Fluxo unidirecional de gás através de um solo compactado – Determinação laboratorial dos parâmetros. Exame de qualificação para doutorado. Fredlund, D. G., Rahardjo, H. (1993). Soil mechanics for unsaturated soils. John Wiley & Sons, pp.117-143. Matyas, E. L. (1967). Air and water permeability of compacted soils, 120c m 120c m 390 Permeability and capilarity of soils, ASTM -STP 417, Am. Soc. Testing Mats, pp.160. Springer, D. S., Loaiciga, H. A., Cullen, S. J., Everett, L. G. (1998). Air permeability of porous materials under controlled laboratory conditions.. Vol.36, No.4 – Ground Water – July-August. Stylianou, C., DeVantier, B. A. (1995). Relativy air permeability as function of saturation in soil venting. Vol.121, No.4 – Journal of Environment Engineering. Waste Management Paper No.27 (1989). The control of Landfill Gas. Her Majesty`s Inspectorate of Pollution. London. 8. NOTAÇÃO Os símbolos seguintes foram usados na resolução das equações experimentais: A = área secção transv. do corpo-prova (m2). L = Dx = altura do corpo de prova (m). Vs / t = fluxo de ar medido (m 3/s). q = velocidade aparente do fluxo (m/s). DP = gradiente de pressão na amostra (kPa). m = viscosidade dinâmica do ar (Pa.s). Pe = pressão efetiva de entrada (kPa) Ps = pressão efetiva de saída do sistema (kPa) Ka = coef. de permeabilidade intrínseca para um gás compressível (m2). Kia = coef. de permeabilidade intrínseca para um gás considerado imcompressível (m2). k ar = coef. de permeabilidade ao ar (m/s). k w = coef. de permeabilidade à água (m/s)
Compartilhar