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Fatores de Virulência Prof. Ma. Francine Maery Dias Ferreira-Romanichen Fatores de Virulência • Estruturas, produtos ou estratégias que contribuem para a bactérias aumentar sua capacidade em causar uma infecção; • Envolvidos com a colonização e lesões do organismo; • Para causar infecção os patógenos deve obter acesso ao hospedeiro portas de entrada. Portas de Entrada • Membranas mucosas; • Pele; • Via parenteral. Membranas mucosas • Revestem os tratos respiratório, gastrintestinal, geniturinário e a conjuntiva; • Trato respiratório: – Porta de entrada mais fácil e mais utilizada; – Microrganismos são inalados para dentro da cavidade nasal ou boca em gotículas de umidade ou partículas de pó; – Resfriado, gripe, pneumonia, tuberculose, sarampo e varíola. Membranas mucosas • Trato gastrintestinal: – Através da água, alimentos ou dedos contaminados; – Maioria é destruído pelo ácido clorídrico e pelas enzimas presentes no estômago, ou pela bile e enzimas no intestino delgado; – Poliomielite, hepatite A, febre tifoide, disenteria amebiana, giardíase, shigelose (disenteria bacteriana) e cólera; – São eliminados nas fezes e podem ser transmitidos a outros hospedeiros. Membranas mucosas • Trato geniturinário: – Porta de entrada de patógenos que são sexualmente transmitidos; – Podem entrar no organismo através de membranas mucosas íntegras, outros requerem a presença de cortes ou abrasões de algum tipo; – DSTs: HIV, verrugas genitais, clamídia, herpes, sífilis e gonorreia. Pele • Importante barreira defensiva contra doenças; • Pele íntegra é impenetrável; • Microrganismos folículos pilosos e ductos sudoríparos; • Larvas de ancilóstomo perfuram pele intacta; • Fungos podem crescer na queratina da pele ou infectar a pele em si. Via parenteral • Depositados diretamente nos tecidos sob a pele ou nas membranas mucosas, quando essas barreiras são penetradas ou danificadas via parenteral; • Perfurações, injeções, mordidas, cortes, ferimentos, cirurgias e rompimento da pele ou das membranas mucosas por inchaço. Fatores de Virulência • Aderência ou adesão; • Cápsulas; • Componentes da Parede Celular; • Enzimas; • Invasão; • Sideróforos; • Toxinas; • Evasinas; Aderência • Estratégias que as bactérias usam para se fixar nas células e nos tecidos do organismo; • Capacidade de aderir de maneira firme mediada por estruturas da superfície da célula bacteriana adesinas; • Adesinas interagem com receptores existentes no organismo, que estão localizados na superfície da célula ou são proteínas da matriz extracelular. Aderência • Adesinas de bactérias Gram-negativas: – Cepas enteropatogênicas de Escherichia coli adesinas ou fímbrias se aderem apenas a tipos específicos de células em certas regiões do intestino delgado; – Shigella spp. e E. coli após aderência induzem a endocitose como veículo para penetração e multiplicação; – Treponema pallidum extremidade afilada como um gancho; – Listeria monocytogenes adesina para receptor específico; – Neisseria gonorrhoeae fímbrias contendo adesinas, que permitem sua adesão a células que possuem receptores apropriados no trato geniturinário, olhos e faringe. Aderência • Adesinas de bactérias Gram-positivas: – Staphylococcus spp., Streptococcus spp. e Enterococcus spp. proteínas de superfície que interagem com proteínas da matriz extracelular, principalmente a fibronectina; – Expressão de certas fímbrias induzida pelo contato da bactéria com a célula; – Algumas proteínas somente são secretadas depois que a bactérias adere às células do organismo; – Biofilmes agregados bacterianos têm a forma de pilares oe são atravessados por canais que permitem a difusão dos nutrientes necessários ao crescimento bacteriano proteção contra defesas do organismos e ação dos antibióticos. Aderência – Resposta das células do hospedeiro varia de acordo com o tipo de célula e de bactéria: • Produzem citocinas; • Incorporam a bactérias por fagocitose; • Espécies de estreptococos da microbiota normal da boca e uma espécie de Bacteroides (habitante normal dos intestinos) induz as células a produzirem um antibiótico ativo contra Gram-positivos e Gram-negativos manutenção do equilíbrio ecológico da microbiota intestinal. Cápsulas • Ao redor da parede celular aumenta a virulência da espécie; • Resiste às defesas do hospedeiro impede a fagocitose natureza química impede que a célula fagocítica se ligue à bactéria; • Corpo humano produz anticorpos contra a cápsula bactérias encapsuladas são facilmente destruídas por fagocitose. Componentes da Parede Celular • Streptococcus pyogenes produz proteína resistente ao calor e à acidez proteína M; • Proteína M: – Aderência da bactéria às células epiteliais do hospedeiro; – Resistência bacteriana à fagocitose pelos glóbulos brancos. • Mycobacterium tuberculosis: – Ácido micólico: – Resiste à digestão por fagócitos, permitindo que a bactéria possa até mesmo se multiplicar dentro desses fagócitos. Enzimas • Enzimas extracelulares podem digerir o material entre as células e induzir a formação ou degradação de coágulos sanguíneos; • Coagulases: – Coagulam o fibrinogênio no sangue formam coágulos de fibrina que protege a bactéria da fagocitose e outras defesas do hospedeiro; – Gênero Staphylococcus spp. Enzimas • Quinases bacterianas: – Degradam a fibrina e digerem os coágulos formados pelo organismo para isolar a infecção; – Injetada na corrente sanguínea a estreptoquinase remove alguns tipos de coágulos sanguíneos em casos de infartos causados pela obstrução das artérias coronárias. • Hialuronidase: – Streptococcus spp.; – Hidrolisa ácido hialurônico, polissacarídeo que une certas células do corpo necrose de ferimentos infectados; – Auxilia na dispersão do microrganismos do seu sítio inicial de infecção. Enzimas • Colagenase: – Clostridium spp. – Quebra a proteína de colágeno, que forma os tecidos conectivos de músculos e outros órgãos e tecidos. • Proteases IgA: – Neisseria gonorrhoeae e N. meningitidis; – Destroem anticorpos IgA. Invasão • Citoplasma de células eucarióticas citoesqueleto; • Citoesqueleto microfilamentos, filamentos intermediários e microtúbulos; • Principais componente do citoesqueleto proteína actina usados por microrganismo para entrar na célula hospedeira e se mover entre diferentes células; Invasão • Salmonella spp. e Escherichia coli produzem proteínas de superfície (Invasinas) que quando entram em contato com a membrana plasmática do hospedeiro rearranjo dos filamentos de actina do citoesqueleto; • Salmonella typhimurium invasinas fazem com que a aparência da membrana plasmática se assemelhe a uma gota que se espalha ao atingir uma superfície sólida (enrugamento da membrana); • Shigella spp. e Listeria spp. quando dentro das células utilizam a actina para propelir-se através do citoplasma da célula e de uma célula hospedeira para outra. Sideróforos • Ferro necessário para o crescimento da maioria das bactérias; • Concentração de ferro livre muito pequena; • Para obterem ferro livre, alguns patógenos secretam proteínas denominadas sideróforos; • Sideróforos são liberados no meio onde removem o ferro das proteínas transportadoras se ligando de forma ainda mais intensa aos átomos de ferro complexo sideróforo- ferro é formado e se liga a receptores de sideróforos na superfície da bactéria sendo absorvido por ela. Toxinas • Substâncias venenosas produzidas pelos microrganismos; • Toxigenicidade capacidade do microrganismo produzir toxinas;• São transportadas pelo sangue ou pela linfa; • Febre, distúrbios cardiovasculares, diarreia e choque; • Inibem síntese proteica, destruem células e vasos sanguíneos e danificam o SNC; • São de dois tipos principais: – Exotoxinas e endotoxinas. Exotoxinas • Produzidas no interior de algumas bactérias, como parte de seu crescimento e metabolismo e então secretadas no meio circulante ou liberadas após lise celular; • São proteínas e enzimas mesmo em pequenas quantidades são bastante perigosas; • Gram-positivas ou Gram-negativas; • Genes carreados por plasmídeos bacterianos e fagos; • Solúveis em fluidos corporais se difundem facilmente no sangue, sendo rapidamente transportada por todo o corpo. Exotoxinas • Destruem partes das células do hospedeiro ou inibem funções metabólicas altamente específicas; • Doenças causadas por quantidades mínimas dessa substância e não pela bactéria em si; • Antitoxinas promovem imunidade contra as exotoxinas; • Inativadas por calor ou pelo uso de formaldeído, iodo ou outra substância química não causam mais doença e ainda são capazes de estimular o sistema imune a produzir antitoxina toxoides; • Toxoides injetados no corpo vacina (difteria e o tétano). Exotoxinas • Tipo de célula hospedeira afetada: – Neurotoxinas (afetam células nervosas); – Cardiotoxinas (células cardíacas); – Leucotoxinas (leucócitos); – Enterotoxinas (células que revestem o trato gastrintestinal); – Citotoxinas (afetam ampla variedade de células). • A partir da doença à qual estão associadas: – Toxina diftérica (difteria) e Toxina tetânica (tétano). • A partir do patógeno específico que as produz: – Toxina botulínica (Clostridium botulinum); – Enterotoxina colérica (Vibrio cholerae). Exotoxinas • Exotoxinas são divididas em três tipos principais, com base em sua estrutura e função: – Toxinas A-B; – Toxinas danificadoras de membrana; – Superantígenos. Toxinas A-B • Maioria das exotoxinas; • São divididas em duas partes: parte A é o componente ativo (enzima) e parte B o componente de ligação; • Ex: toxina diftérica. Toxinas danificadoras de membrana • Causam a lise da célula hospedeira pela degradação de sua membrana plasmática; • Algumas toxinas agem através: – Formação de canais proteicos na membrana plasmática (exotoxina do Staphylococcus aureus); – Degradação da porção fosfolipídica da membrana (toxina de Clostridium perfringens). • Causam morte de células do hospedeiro, especialmente fagócitos; • Auxiliam bactérias escapar de vesículas no interior de fagócitos (fagossomos) para o citoplasma da célula. Toxinas danificadoras de membrana • Leucocidinas toxinas danificadoras de membrana que matam os leucócitos fagocíticos (glóbulos brancos): – Agem pela formação de canais proteicos; – São ativas contra os macrófagos; – Staphylococcus spp. e Streptococcus spp. • Hemolisinas destroem os eritrócitos (glóbulos vermelhos): – Formação de canais proteicos; – Staphylococcus spp. e Streptococcus spp. (estreptolisinas). • Estreptolisina O (SLO) e Estreptolisina S (SLS). Superantígenos • Antígenos que provocam uma resposta imunológica muito intensa; • Proteínas bacterianas; • Estimulam a proliferação de células imunológicas denominadas células T leucócitos (linfócitos) que agem contra organismos e tecidos estranhos, e regulam a ativação e a proliferação de outras células do sistema imune; • Células T são estimuladas enormes quantidades de substâncias químicas denominadas citocinas; Superantígenos • Citocinas regulam as respostas imunológicas e medeiam a comunicação célula-célula; • Níveis excessivamente altos de citocinas febre, náusea, vômito, diarreia, às vezes choque e até mesmo a morte; • Incluem as toxinas estafilocócias que causam a intoxicação alimentar e a síndrome do choque tóxico. Exotoxinas • Toxina diftérica: – Corynebacterium diphtheriae; – Toxina A-B; – Produz a toxina somente quando é infectada por um fago lisogênico que carreia o gene Tox; – Inibe síntese proteica em células eucarióticas. • Toxinas eritrogênicas: – Streptococcus pyogenes; – Superantígenos; – Danificam a membrana citoplasmática de células dos capilares sanguíneos sob a pele, gerando exantema caracterizado pela cor avermelhada. Exotoxinas • Toxina botulínica: – Clostridium botulinum; – Neurotoxina A-B; – Age nas junções neuromusculares (junções entre os nervos e as células musculares) e impede a transmissão de impulso dos neurônios para o músculo; – Se liga às células nervosas e inibindo a liberação de um neurotransmissor acetilcolina paralisia flácida (músculo perde o tônus). Exotoxinas • Toxina tetânica: – Clostridium tetani; – Toxina A-B; – Atinge o SNC e se liga aos neurônios que controlam a contração de vários músculos esqueléticos essas células nervosas normalmente enviam impulsos inibitórios que impedem as contrações aleatórias e finalizam as contrações completas; – Ligação da neurotoxina tetânica bloqueia via de relaxamento muscular contrações musculares descontroladas, gerando os sintomas convulsivos (contrações espasmódicas) típicos do tétano. Exotoxinas • Enterotoxina colérica: – Vibrio cholerae; – Toxina A-B; – Subunidade B da toxina se liga às células epiteliais e a subunidade A faz com que células secretem grandes quantidades de fluidos e eletrólitos (íons); – Contrações musculares normais são prejudicadas diarreia intensa e vômito. • Enterotoxina estafilocócica: – Staphylococcus aureus; – Superantígeno; – Afeta os intestinos de maneira similar à enterotoxina colérica. Endotoxinas Endotoxinas • Liberadas quando as bactérias Gram-negativas morrem e suas células sofrem lise leva a uma piora imediata dos sintomas; • Condição do paciente melhora à medida que as endotoxinas vão sendo degradadas; • Endotoxinas estímula macrófagos a liberarem citocinas em concentrações bastante elevadas; • Produzem os mesmos sinais e sintomas, independente da espécie de microrganismos intensidade diferentes; Endotoxinas • Sintomas: calafrios, febre, fraqueza, dores generalizada e alguns casos, choque e até mesmo morte, podendo induzir aborto também. • Ativa proteínas envolvidas na coagulação sanguínea, causando a formação de pequenos coágulos obstruem os vasoscapilares decréscimo no suprimento de sangue resultante morte tecidual Coagulação intravascular disseminada (CID). Febre Febre Endotoxinas • Choque qualquer decréscimo da pressão sanguínea com risco à vida; • Choque séptico chaque causado pela presença de bactérias; • Choque produzido pelas endotoxinas está relacionado à secreção de citocinas pelos macrófagos; • Fagocitose de bactérias Gram-negativas fagócitos secretam o fator de necrose tumoral (TNF) dano aos capilares sanguíneos permeabilidade é aumentada r perda de grandes quantidades de fluidos queda na pressão sanguínea choque; Endotoxinas • Não promovem a formação de antitoxinas efetivas contra seu componente carboidrato; • Anticorpos são produzidos para controlar os efeitos intensificam seu efeito; • Microrganismos que produzem endotoxinas: – Salmonella typhi (febre tifoide); – Proteus spp. (infecções urinárias); – Neisseria meningitidis (meningite meningocócica). Evasina • Fatores de virulência e estratégias usadas pelas bactérias para contornar ou vencer as defesas inata e adquirida do organismo; • Defesas são representadas pela: – Fagocitose; – Complemento; – Citocinas; – Linfócitos citotóxicos; – Anticorpos. Fagocitose • Evitar o contato se instalam em regiões inacessíveisa estas células ou impedem a quimiotaxia; • Mascarar a superfície com substâncias próprias do organismo, como fibrina (estafilococos) e fibronectina (Treponema pallidum); • Provocar morte do fagócito; • Impedir sua digestão; • Inibir a fusão do fagossomo com o lisossomo; • Escapar do fagossoma; • Resistir ao conteúdo do fagolisossoma. Complemento • C5-C9: – Interferência direta; – Forma um complexo de ataque do complemento MAC; – Se insere na membrana citoplasmática provocando a lise e morte da bactéria. • C3b: – Interferência indireta; – Funciona como uma opsonina contribui para fagocitose. Complemento • C3a e C5a: – Interferência indireta; – Elementos chave da resposta inflamatória. • Para as bactérias se livrarem do complemento: – Evitar sua ativação impedindo o contato de MAC com a membrana plasmática, ou destruí-lo; – Manter o LPS e o peptideoglicano encobertos pela cápsula; – Haemophilus influenzae e Neisseria meningitidis modificam o LPS adicionando à superfície resíduos de ácido siálico substância incapaz de ativar o complemento; – Produzir substâncias capazes de destruir componentes do complemento (elastase de Pseudomonas aeruginosa). Citocinas • Síntese de citocinas controladas pelo fator de transcrição NF-ĸβ dentro do núcleo induz a expressão do gene de IL-1, TNF, IL-8, GM-CSF e peptídeos glicanos; • Ativação do NF- ĸβ controlada pelas proteínas Iĸ, que quando acopladas a ele impede sua translocação pela membrana nuclear translocação da membrana nuclear só ocorre quando Ikβ fosforilada é degradada; • Várias espécies bacteriana interferem na fosforilação de Iĸβ e controla a síntese de citocinas. Anticorpos e Linfócitos Tóxicos • Anticorpos: – Neutralizam toxinas; – Bloqueiam adesão; – Colaboram com a fagocitose; • Linfócitos citotóxicos: – Destroem células infectadas com bactérias intracelulares. Referências • PELCZAR, M. J.; CHAN, E. C. S.; KRIEG, N. R. Microbiologia: Conceitos e Aplicações, 2ª ed., vol. 1, 1997. • TRABULSI, L. R.; ALTERTHUM, F. Microbiologia, 5ª ed. 2008. • TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 10ed. 2012.
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