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ENG 01156 – Aula 01 Prof. Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 1 1 INTRODUÇÃO 1.1 GENERALIDADES Conceito. Mecânica é a ciência física que descreve e prediz as condições de repouso ou movimento de corpos sob a ação de forças. Aplicações. Cálculo Estrutural, Projeto de Máquinas, Escoamento de Fluídos, Instrumentação Elétrica. Áreas do conhecimento que têm como base a Mecânica. Mecânica dos Corpos Rígidos M e c â n i c a d o s C o r p o s Deformáveis Mecânica dos Fluídos Estática Dinâmica Fluídos Incompressíveis Fluídos Compressíveis Elasticidade Plasticidade Viscoelasticidade A divisão da Mecânica dos Corpos Rígidos em Estática e Dinâmica existe por razões práticas e históricas, já que a Estática é um caso particular da Dinâmica. Histórico. � Aristóteles (384 a 322 AC) : Maioria dos Princípios da Estática; � Arquimedes (287 a 212 AC) : Equilíbrio de Alavancas; � Galileu Galilei (1564 a 1642) : Pêndulos e corpos em queda livre, medidas precisas do tempo; � Isaac Newton (1642 a 1727) : Formulação satisfatória para os princípios da Estática, Leis fundamentais do movimento, Lei Universal da Atração Gravitacional; � D’Alembert, Lagrange, Euler, Hamilton; � Einstein (1905) : Teoria da Relatividade – Mecânica Relativista Apesar das limitações da Mecânica Newtoniana terem sido reconhecidas, ela continua como base da Engenharia nos dias de hoje. Conceitos úteis. � Espaço: Região geométrica ocupada por corpos cujas posições são descritas por medidas lineares e angulares em relação a um sistema de coordenadas. Um ponto é definido no espaço por 3 coordenadas (x, y, z). � Tempo: Medida da sucessão de eventos. Além da posição no espaço, o instante em que ocorre cada evento deve ser conhecido. � Massa: Medida da inércia de um corpo. � Força: Representa a ação de um corpo sobre o outro. Esta ação pode ser por contato ou a distância (forças gravitacionais, forças eletromagnéticas). A força é uma grandeza vetorial sendo, então, representada por seu módulo, direção e sentido. ENG 01156 – Aula 01 Prof. Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 2 P1 P2 R � Partícula (ponto material): Porção da matéria que pode ser considerada como ocupando um único ponto no espaço (a sua forma e dimensão não são consideradas). � Corpo Rígido: É uma combinação de um grande número de partículas que ocupam posições fixas relativamente umas às outras. O corpo se desloca como um todo, não há movimento relativo entre as partículas, portanto não há deformação. 1.2 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA MECÂNICA Lei do paralelogramo para a adição de forças. Duas forças atuantes sobre uma partícula podem ser substituídas por uma única força resultante obtida pela diagonal do paralelogramo conforme ilustrado na Fig. 1.1. Este princípio não pode ser demonstrado matematicamente, mas é verificado experimentalmente. 21 PPR += Figura 1.1 – Regra do paralelogramo. Princípio da transmissibilidade. A condição de repouso ou movimento de um corpo rígido não se altera, caso se modifique o ponto de aplicação da força sobre a mesma linha de ação. A Fig. 1.2 ilustra este princípio, num primeiro momento tem-se a força aplicada no ponto A da reta s e num segundo momento a força está aplicada no ponto B pertencente a mesma reta. F A B r = F A B r Figura 1.2 – Princípio da transmissibilidade. Este princípio se aplica sem restrições na Mecânica dos Corpos Rígidos, mas o mesmo não ocorre com os corpos deformáveis, como por exemplo, o caso de um cabo submetido à tração, que está ilustrado na Fig. 1.3. No caso A tem-se tração no cabo e no caso B tem-se compressão no cabo. Figura 1.3 – Exemplo de falha do princípio da transmissibilidade. - F F F - FA B ENG 01156 – Aula 01 Prof. Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 3 Primeira Lei de Newton. Se a força resultante que atua sobre uma partícula em repouso é nula, então ela permanecerá em repouso. Se a força resultante que atua sobre uma partícula em movimento retilíneo uniforme (MRU) é nula, então ela permanecerá em MRU. Segunda Lei de Newton. Se a força resultante que atua sobre um ponto material não é nula, este terá uma aceleração proporcional à intensidade da resultante e na mesma direção e sentido desta. Logo pode-se escrever: aF ⋅= m (1.1) Na realidade, a segunda Lei de Newton é escrita de modo mais completo como sendo a derivada da quantidade de movimento L conforme equação (1.2). Nota-se que, neste caso, o lado direito da expressão é composto por 2 termos. O termo que tem a derivada da massa dm/dt tem sentido em sistemas que tenham variação contínua de massa, tais como, veículos lançadores de satélites. Para os demais sistemas, que são a maioria, este termo é nulo. Por este motivo a segunda Lei de Newton é normalmente apresentada sob a forma da (1.1). Na (1.2) o termo dv/dt representa a aceleração. ( ) dt dm dt dmm dt d vvvLF +=== � (1.2) Terceira Lei de Newton. As forças de ação e reação entre corpos em contato têm o mesmo módulo, direção e sentidos opostos. Lei da atração gravitacional de Newton. Duas partículas de massa m1 e m2 são mutuamente atraídas por forças iguais e opostas de módulo F, dadas pela equação (1.3), em que G é Constante Universal de Gravitação (G = 6,673x10-11 m3/kg s2) e r é a distância entre os centros das partículas. F G m m r = 1 2 2 (1.3) Um caso particular do emprego desta lei se dá na determinação da força exercida pela Terra sobre uma partícula localizada em sua superfície. Esta força, que é definida como Peso da partícula, é calculada fazendo-se m1 representar a massa da Terra (aproximadamente 5,983x1024 kg) e m2 a massa da partícula. Além disso, considera-se r como sendo o raio médio da Terra (6,38x106 m). Com estes valores defini-se a aceleração da gravidade g pela expressão (1.4), e o peso da partícula pela expressão (1.5). O valor de g varia com a posição da partícula sobre a superfície da Terra. O seu valor usual é de 9,806 m/s2. g Gm r = 1 2 (1.4) P m g= 2 (1.5) 1.3 SISTEMA DE UNIDADES A aplicação das unidades é uma fonte de erro comum em problemas. Neste sentido, devemos sempre indicar qual a unidade de um certo valor ao longo da solução de um problema, já que um número sem unidade pode ser interpretado de qualquer forma. Deve-se tomar cuidado de se trabalhar com sistemas de unidades coerentes. Finalmente ao se obter uma resposta procure ser crítico com relação a ela. Muitas vezes o uso correto das unidades pode nos revelar algum erro de cálculo durante a solução do problema. ENG 01156 – Aula 01 Prof. Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 4 Sistemas de unidades coerentes são os sistemas que têm a constante g0, também chamada de constante de proporcionalidade, empregada na equação (1.6), igual a 1. 0g maF = (1.6) Os sistemas de unidades coerentes de uso mais comum são � Sistema cgs: a força de 1 dina acelera a massa de 1 g de 1 cm/s2; � Sistema mks: a força de 1 newton acelera a massa de 1 kg de 1 m/s2; � Sistema pé-libra-segundo: a força de 1 libra-força acelera a massa de 1 slug de 1 ft/s2. No entanto, quando se aplica a mesma palavra para indicar a unidade de massa e de força, num mesmo sistema, o valor de g0 não é mais unitário. As definições de força que caem neste caso são: � 1 libra-força é a força que acelera 1 libra-massa de 32,174 ft/s2; � 1 quilograma-força é a força que acelera 1 quilograma-massa de 9,806 m/s2. Para estes sistemas a constante g0 vale 2 174,32 slbf ftlb e 2 ,8069 skgf mkg . Na solução de problemas procure sempre aplicar o Sistema Internacional, SI, cujas grandezas fundamentais são comprimento em metros [m], tempo em segundos [s], massa em quilograma [kg] e força em Newton [N]. Múltiplos � k : 103 (ex: 2 kN = 2000 N) � M: 106 (ex: 1 MN = 1000000 N) 1.4 CLASSIFICAÇÃO DAS FORÇAS Forças Externas. São as forças que atuam num corpo devido àação de outros corpos sobre este. Estas forças podem ser divididas em Ativas e Reativas. As forças Ativas causam uma tendência de movimento no corpo, enquanto as forças Reativas tendem a evitar o movimento do corpo. Forças Internas. São as forças responsáveis por manter unidas as partículas que formam o corpo rígido. Forças Concentradas. São forças que atuam num único ponto. Estas forças são uma idealização da realidade, que tem a função de facilitar os processos de cálculo. Não existe constatação prática da sua existência. Forças Distribuídas. São forças que atuam numa determinada região do corpo. Por exemplo pressão atuando sobre uma superfície. Forças Estáticas. São forças que podem ser consideradas constantes no tempo. Estas forças são aplicadas de modo bastante lento. Forças Dinâmicas. São forças variáveis no tempo. ENG 01156 – Aula 01 Prof. Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 5 A b C B a c B D CA 60o α 3 m 6 m P T 800 N R α θ θ600 N 1.5 OPERAÇÕES COM VETORES Vetor Oposto. O vetor oposto a P é definido como um vetor que tem a mesma intensidade, direção e sentido contrário ao de P, tal que P + (-P) = 0. Subtração. P – Q = P + (- Q). Soma de mais de dois vetores. A soma de vetores admite a propriedade associativa ou seja P + Q + S = (P + Q) + S, conforme ilustrado na Fig. 1.4. Figura 1.4 – Esquema para a soma de mais de dois vetores. Exemplo 1.1 Combine as duas forças P e T, que atuam no ponto B da estrutura fixa ilustrada na Fig. 1.5, numa só força. Considere P = 800 N e T = 600 N. Solução: Para a solução deste problema deve-se aplicar a lei dos senos e a lei dos cossenos. Lei dos senos c C b B a A sensensen == Lei dos cossenos cABBAC cos222 −+= Figura 1.5 - Ilustração do exemplo 1. Inicialmente representa-se um diagrama de corpo livre das forças que estão atuando no ponto B. Para se determinar o ângulo α faz-se m 2,560sen6 =⋅=BD m 6ADm 360cos6 =→=⋅=CD 9,40 6 2,5tan =→== αα AD BD Com α conhecido obtém-se facilmente N 5249,40cos6008002800600 22 ≈⋅⋅⋅−+=R 6,48 sen 600 9,40sen 524 =→= θ θ Obs - Diagrama de corpo livre. Representação num esquema separado de todas as forças que atuam no problema. P P+Q S Q R ENG 01156 – Aula 01 Prof. Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 6 X Y F Fx Fy θx θy i j 8 m 6 m A B 1.6 COMPONENTES CARTESIANAS DE UMA FORÇA NO PLANO O procedimento utilizado para resolver o problema anterior, embora seja válido, fica cada vez mais difícil de ser aplicado a medida que o número de forças envolvidas vai aumentando. Além disso, este procedimento é mais difícil de ser programado. Na grande maioria dos problemas de Engenharia trabalha-se com as forças representadas por suas componentes como ilustrado na Fig. 1.6. Representando a força F por suas componentes pode- se escrever yx FFF += em que Fx e Fy são as componentes vetoriais da força F. Expressão semelhante pode ser escrita em função dos vetores unitários i e j, ou seja jiF yx FF += em que Fx e Fy são as componentes escalares da força F. Figura 1.6 – Representação da força F por suas componentes. Como a força F é um vetor são válidas as seguintes propriedades: xx FF θcos⋅= , yy FF θcos⋅= e 22 yFFF x += em que θx e θy são os ângulos diretores da força F em relação aos eixos X e Y. Em alguns problemas pode ser mais interessante empregar o sistema de referência inclinado como na Fig. 1.7. Figura (1.7) Representação da força F por componentes definidas em relação a um sistema de referência inclinado. Exemplo 1.2 Aplica-se uma força de 300 N na corda AB conforme Fig. 1.8. Quais são as componentes horizontal e vertical da força exercida pela corda no ponto A? Solução: m 1068 22 =+=AB N 240 10 8300cos =⋅== αFFx N 180 10 6300cos =⋅== θFFy As formas de representar o vetor força neste caso são N )180;240( ouN 180240 −=−= FjiF ou N )6,0;8,0(300 −=F Figura 1.8 – Ilustração do exemplo 1.2. X Y F F x F y θ x θ y i j ENG 01156 – Aula 01 Prof. Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 7 75 kg FAB FAC B A C 30o50 o 736 N 50 30 FAB FAC 736 N 50 30 FAB FAC x y 1.7 EQUILÍBRIO DE UMA PARTÍCULA Objetos considerados como partículas somente podem ser submetidos a sistemas de forças concorrentes, ou seja todas as forças passam pelo ponto em que está a partícula. A condição de equilíbrio de uma partícula está relacionada com a primeira Lei de Newton: Quando a resultante de todas as forças que atuam sobre uma partícula é nula, esta partícula está em repouso ou em movimento retilíneo uniforme. Logo a condição necessária para que uma partícula esteja em equilíbrio no plano é ( ) jiji0F 00 +=+→= ∑∑ yx FF que resulta em 0,0 == ∑∑ yx FF . Exemplo 1.3 Calcular as forças que atuam nos cabos AB e AC, ver Fig. 1.9, considerando-se que o objeto sustentado pelos cabos está em equilíbrio. Solução: Empregando-se o triângulo de forças deve-se inicialmente fazer um esquema do mesmo. Figura (1.9) – Ilustração do exemplo 1.3. Com base neste esquema pode-se escrever N 647 40sen60sen80sen 736 =→== AB ACAB F FF e N 480 =ACF Trabalhando-se com as componentes cartesianas das forças, deve-se fazer um diagrama de corpo livre do ponto A. A partir deste diagrama pode-se escrever as equações de equilíbrio (1) e (2). ABACABACx FFFFF 742,0050cos30cos0 =→=−→=∑ (1) 073650sen30sen0 =−+→=∑ ABACy FFF (2) Substituindo-se (1) em (2) obtém-se N 480 eN 647 == ACAB FF ENG 01156 – Aula 01 Prof. Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 8 45o α A B C 30o P 1.8 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 1) Um bloco de 3 kN é suportado por dois cabos AC e BC conforme ilustrado na Fig 1.10. Para que valor de α a força no cabo AC é mínima? Quais os valores correspondentes das forças nos cabos AC e BC? Figura 1.10 – Ilustração do exercício 1. Solução: A solução deste problema parte da escrita das equações de equilíbrio para o ponto C. 60cos cos0cos60cos0 αα ACCBACCBx FFFFF =→=−→=∑ (1) 03sen60sen0 =−+→=∑ αACCBy FFF (2) Substituindo-se (1) em (2) obtém-se ( ) ( )60tancossen 3360tancossen αα αα + =→=+ ACAC FF (3) Como o objetivo da questão é minimizar a força FAC vamos calcular a derivada da expressão (3) e igualar ela a zero. ( ) ( ) 0cos 60tansen1060tansencos0 60tancossen 60tansencos3 2 =−→=−→=+ −− α α αα αα αα kN 6,2 ekN 5,130 60tan 1tan ==→=→= CBAC FFαα 2) A força P está aplicada sobre uma pequena polia que rola sobre o cabo ACB conforme ilustrado na figura 1.11. Sabendo que a força em ambas as partes do cabo é de 750 N, determine a força P. Solução: Para se resolver este problema deve-se escrever as equações de equilíbrio para o ponto C. Figura 1.11 – Ilustração do exercício 2. 19,119sen0sen30cos45cos0 =→=+−→=∑ αα PPFFF CACBx (1) 33,905cos0cos30sen45sen0 =→=−+→=∑ αα PPFFF CACBy (2) 3 kN 60oα A B C ENG 01156 – Aula 01 Prof. Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 9 A B20 o 50 o C F β Figura (1) 135o 60o 2 kgf Figura (2) C A B Substituindo-se (2) em (1) obtém-se N 1,913 e 5,71316,0tan19,119sen cos 33,905 ==→=→= Pααα α 1.9 EXERCÍCIOS PROPOSTOS 1) Duas cordas estão amarradas em C, conforme figura (1). Se a tração máxima permissível em cada corda é de 2.5 kN, qual é a máxima força F que pode ser aplicada? Em que direção deve atuar esta força máxima? Resposta: kN 87,2105 =→= Fβ 2) Uma luminária pesando 2 kgf, figura (2), está suspensa pelos cabos AC e BC. Determine os valores das forças nos cabos para que o ponto C esteja em equilíbrio. Resposta: kgf 03,1=CAF e kgf 46,1=CBF 3) Considerando que o ponto B está em equilíbrio,figura (3) determine o valor da força no cabo AB e o valor da carga P. 45o 60o P 10 kgf A B C Figura (3) ENG 01156 – Mecânica - Aula 02 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 10 X Y Z A O C B Fx F Fz Fy Fh θy φ θX θZ FFF k j i N(x2,y2,z2) M(x1,y1,z1) F λλλλ 2. ESTÁTICA DOS PONTOS MATERIAIS NO ESPAÇO 2.1 COMPONENTES CARTESIANAS DE UMA FORÇA NO ESPAÇO A Fig (2.1) representa a decomposição de uma força F no espaço. Esta força é representada por suas componentes vetoriais Fx, Fy e Fz, que são orientadas nas direções dos eixos X, Y e Z. Logo pode-se escrever zyx FFFF ++= ou kjiF zyx FFF ++= utilizando-se os vetores unitários. Neste caso, Fx, Fy e Fz são as componentes escalares de F. As projeções F nos eixos de referência são dadas por yy FF θcos⋅= yh FF θsen⋅= φθφ sensensen ⋅=⋅= yhz FFF φθφ cossencos ⋅=⋅= yhx FFF O módulo do vetor F é obtido fazendo-se 222 zyx FFFF ++= Os ângulos θx, θy e θz representados na Fig 2.1 são os ângulos diretores da força F. Figura 2.1 – Decomposição de uma força no espaço. Para os cossenos diretores é válida a relação 1coscoscos 222 =++ zyx θθθ . Emprega-se o conceito dos cossenos diretores para se escrever a força F como( )zyxF θθθ cos,cos,cos=F , em que ( )zyx θθθ cos,cos,cos é o vetor unitário que indica a direção e sentido de F. No caso da reta de ação da força F ser definida por dois pontos M e N, Fig. 2.2, deve-se definir o vetor unitário λλλλ como ( ) d ddd MN zyx ,, = MN em que dx = (x2 – x1), dy = (y2 – y1) e dz = (z2 – z1) e d é a distância entre os pontos M e N. Figura 2.2 – Representação da reta suporte de uma força por dois pontos. ENG 01156 – Mecânica - Aula 02 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 11 Y Z X F 80 30 (m) 40 A B Exemplo 2.1 O cabo de sustentação de uma torre está ancorado por meio de um parafuso fixo no ponto A conforme ilustrado na Fig. 2.3. Sabendo que a força no cabo é de 2500 N, determine as componentes da força que atua sobre o parafuso, bem como os ângulos diretores da força. (B-A) = (-40, 80, 30) ( ) m 3,94308040 222 =++−=AB ( ) ( )318,0;848,0;424,0 3,94 30,80,40 −= − =λ ( ) N 318,0;848,0;424,02500 −== λF F A partir desta expressão obtém-se facilmente as componentes da força e seus ângulos diretores fazendo-se °≈=−= 1151,115)424,0arccos(xθ N 10602500424,0 −=⋅−=xF °== 32)848,0arccos(yθ N 21202500848,0 =⋅=yF °≈== 715,71)318,0arccos(zθ N 7952500318,0 =⋅=zF Figura 2.3 - Este problema pode ser facilmente resolvido com o uso da calculadora HP 48G ou modelo superior. Para isto basta indicar que (-40, 80 , 30) é um vetor, o que é feito pressionando-se as teclas e [x] (o símbolo [] indica uma tecla). Com isto deve aparecer na parte inferior da pilha dois colchetes: []. Depois basta digitar os números com os correspondentes sinais. Entre cada número deve-se pressionar a tecla [SPC] para deixar um espaço entre eles (-40 [SPC] 80 [SPC] 30). Fornecidos os três números pressiona-se [Enter] para que o vetor ocupe a primeira posição da pilha. Depois pressiona-se [Enter] novamente para copiar o vetor para a segunda posição da pilha. A seguir pressiona-se a tecla [MTH] e depois a tecla [A] que seleciona o modo de operação com vetores (VECTR). Esta operação fica mais clara quando se observa a parte inferior da tela. Seleciona-se a operação ABS através da tecla [A]. Imediatamente o módulo do vetor passa a ocupar a primeira posição da planilha. Depois basta dividir o vetor pelo módulo pressionando-se a tecla de divisão. Para obter as projeções da força basta multiplicar o vetor resultante por 2500. Para maiores detalhes sobre a operação da calculadora sugere-se uma consulta ao manual desta. 2.2 EQUILÍBRIO DE UMA PARTÍCULA NO ESPAÇO A condição de equilíbrio de uma partícula no espaço também vem da Primeira Lei de Newton ou seja ( ) kjikji0F 000 ++=++→= ∑∑ zyx FFF , o que resulta em : 0,0,0 === ∑∑∑ zyx FFF . ENG 01156 – Mecânica - Aula 02 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 12 2.3 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 1) O tripé ABCD, figura (1), e o tambor E estão instalados para elevar uma carga de 3 tf ( kgf 1000 tf1 = ) de um poço de uma mina. Determinar os esforços nos pés do tripé durante o levantamento uniforme da carga, considerando que o triângulo ABC é equilátero e os ângulos formados pelos pés e o cabo DE com o plano horizontal são iguais a 60°. Solução: Para se resolver este problema deve-se notar que as 3 barras, que formam o tripé, bem como o cabo, que sustenta o peso P, concorrem ao ponto D ou seja temos um problema no qual todas as forças concorrem ao mesmo ponto. Logo este exercício pode ser resolvido aplicando apenas a condição de equilíbrio de uma partícula. Portanto as equações que empregaremos são: 0 , 0 , 0 === ∑∑∑ zyx FFF Segundo o texto, todas as barras do tripé fazem um ângulo de 60° com a horizontal. O mesmo vale para o cabo ED. Logo a equação 0 =∑ zF nos permite escrever F F FBD AD CDsen sen sen sen60 60 60 3 60 3 0 � � � �+ + − − = ou F F FBD AD CD+ + = 6 46, (1) Pode-se notar na expressão acima que não basta considerarmos apenas o peso de 3 tf. Temos que levar em conta também a tensão no cabo. Neste sentido é importante salientar que a tensão no cabo é igual ao peso porque se considera a polia como perfeita ou seja sem atrito. Continuando a solução, vamos fazer um diagrama de corpo livre no plano horizontal das forças que atuam em D. Pelo diagrama podemos escrever as duas equações de equilíbrio restantes. F F Fx BD AD∑ = → − + =0 60 60 60 60 0 cos sen cos sen� � � � ou F FAD BD= (2) Este resultado representa a simetria do tripé em relação ao eixo y. F F F Fy CD BD AD∑ = → − − + + =0 3 60 60 60 60 60 60 0 cos cos cos cos cos cos� � � � � � (3) Empregando-se em (3) o resultado (2) e operando-se fica 3 ou 060cos23 −==+−− BDCDBDCD FFFF � (4) Substituindo-se (4) em (1) obtém-se 2 3 6 46 315 015F F F FBD BD BD CD+ − = = =, , , logo tf , tf y x A C B D E y P z D E A C Figura (1) D FCD cos60 �3 60cos � FBD cos60 � FAD cos60 � x y ENG 01156 – Mecânica - Aula 02 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 13 A C D B P 4620 N X Y Z 0,6 0,7 (m) 1, 12 5 0,65 0,4 5 2) Uma caixa está suspensa por 3 cabos como ilustrado na figura (2). Determine o peso da caixa sabendo que a força no cabo AD é de 4620 N. Solução: O primeiro passo é obter as coordenadas dos pontos de interesse. A( 0; -1,125; 0), B( 0,7; 0; 0), C( 0; 0; -0,6) e D( -0,65; 0; 0,45). Depois deve-se definir os vetores com as direções dos cabos e com os sentidos das forças: (D – A) = (-0,65; 1,125; 0,45) (C – A) = (0; 1,125; -0,6) (B – A) = (0,7; 1,125; 0) Para cada um dos 3 vetores acima definidos deve-se calcular o correspondente versor, o que pode ser feito facilmente aplicando-se a calculadora HP. Como resultado desta operação obtém-se ( )327,0;818,0;473,0λAD −= , ( )471,0;882,0;0 −=ACλ e ( )0;849,0;528,0=ABλ Escrevendo-se todas as forças envolvidas no problema em notação vetorial obtém-se ( ) ( )N 1512,3780,2184327,0;818,0;473,04620 −=−⋅=ADF ( )471,0;882,0;0 −= ACAC FF ( )0;849,0;528,0ABAB F=F jP P−= Escrevendo-se agora as equações de equilíbrio pode-se resolver o problema. N 4,41360528,021840 =→=+−→=∑ ABABX FFF N 2,32100471,015120 =→=−→=∑ ACACZ FFF N 101230849,0882,037800 =→=−++→=∑ PPFFF ABACY 2.4 EXERCÍCIO PROPOSTO 1) O cabo de sustentação de uma torre, figura (1), está ancorado por meio de um parafuso em A. A tração no cabo é de 3000 N. Determine as componentes da força F que atua sobre o parafuso e os ângulos que definem a direção da força. A B Z Y X 30 m 40 m35o Figura (1) ENG 01156 – Mecânica - Aula 02 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 14 ENG 1156 – MECÂNICA – TRABALHO 1 Os trabalhos devem ser desenvolvidos em folha A4 branca a caneta e sem rasuras, ou podem ser desenvolvidos em editor de texto. Neste caso, o trabalho pode ser entregue em arquivo (formato .rtf, pdf ou .doc) ou impresso em folha A4 branca. Trabalhos fora destas condições não serão avaliados. 1) A grua BAC, figura (1), levanta uma carga de 2,5 kN por meio de uma corrente que passa pelas polias A e D. Determine as forças que atuam nas barras BA e AC. 2) Um recipiente pende de um cabo único que passa através de um anel, sem atrito, e é atado aos pontos fixos B e C. Duas forças, H = Hi e Q = Qk, são aplicadas ao anel a fim de que o recipiente permaneça na posição ilustrada. Sabendo que o peso do recipiente é de 376 N, determine os módulos de H e Q. A C B 376 N X Y Z 240 150 (mm) 40 0 130 16 0 B P A C D 30° 30° 60° ENG 01156 – Mecânica - Aula 02 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 15 3) Uma carga de 1000 kgf está suspendida no ponto D conforme figura (3). As uniões das barras nos pontos A, B, C e D são articuladas. Determinar as reações dos apoios A, B e C. Z Y X C A B 15 30 45 45 1000 Kgf D Figura (7) ENG 01156 – Mecânica - Aula 03 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 16 π Q P V=PxQ θ 3. MOMENTO DE UMA FORÇA Os problemas que foram abordados até aqui consideram que todas as forças são concorrentes num ponto. Entretanto, esta condição não é muito comum nos problemas reais. 3.1 PRODUTO VETORIAL A Fig. (3.1) ilustra o produto vetorial que tem como principais características: • A linha de ação de V é perpendicular ao plano π, que é definido pelos vetores P e Q; • O módulo de P e Q vezes o seno do menor ângulo formado entre os dois vetores fornece o módulo de V ( o180≤θ ); • O sentido de V é dado pela regra da mão direita. Figura 3.1 – Ilustração do produto vetorial. Propriedades de interesse. • ( ) 2121 QPQPQQP ×+×=+× ; • ( ) ( )SQPSQP ××≠×× ; • 0kk0jj0ii =×=×=× , , ; • jik ikj kji =×=×=× , , ; • ( ) ( ) ( )kji kji QPV xyyxzxxzyzzy zyx zyx QPQPQPQPQPQP QQQ PPP −+−+−= =×= O produto vetorial pode ser facilmente calculado pela HP. Para tal basta fornecer dois vetores conforme procedimento apresentado no exemplo 2.1. Depois basta pressionar as teclas [MTH]+[A]+[C]. A tecla [C] corresponde a escolha da operação CROSS que está indicada na parte inferior da tela. Em algumas situações é útil fazer o produto vetorial em função dos vetores unitários, para tal faz-se PP uP ⋅= e QQ uQ ⋅= , e escreve-se o produto vetorial como QPQP uuQPV ×⋅⋅=×= ENG 01156 – Mecânica - Aula 03 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 17 3.2 MOMENTO DE UMA FORÇA EM RELAÇÃO A UM PONTO O momento de uma força em relação a um ponto é definido como o produto vetorial entre o vetor posição r, que localiza o ponto de aplicação da força, e o vetor força F. A figura (3.2) ilustra o cálculo deste momento. Figura 3.2 – Cálculo do momento de uma força. Na figura acima r é o vetor posição, θ é o menor ângulo entre os vetores r e F, Mo é o vetor momento e d é a distância ortogonal entre a reta suporte da força F (reta s) e o ponto em relação ao qual se deseja calcular o momento (ponto O). A distância d é normalmente chamada de braço de alavanca. Características do momento de uma força: • FrM ×=o , momento é uma grandeza vetorial; • Módulo: dFFrMo ⋅=⋅⋅= θsen ; • Direção: Ortogonal ao plano definido pelos vetores r e F; • Sentido: Regra da mão direita; • Ponto de aplicação: Ponto O; • Unidade: força x distância ( Nm, Nmm, kgfcm); • Para existir momento deve existir uma força e um braço de alavanca. O momento Mo (também pode ser representado como oM � ) mede a tendência de a força F fazer o corpo rígido girar em torno de um eixo fixo dirigido segundo a direção de oM � . Deve-se observar que o momento de uma força em relação a um ponto, embora dependa do módulo, da linha de ação e do sentido da força, não depende da posição real do ponto de aplicação desta ao longo de sua linha de ação. sFr d θ Mo O ENG 01156 – Mecânica - Aula 03 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 18 Em problemas que envolvam sistemas de forças coplanares, Mo é representado por uma seta que indica o sentido de rotação induzida por F. Momentos saindo do plano da página são positivos e momentos entrando no plano da página são negativos. O momento no plano sempre terá a direção k ou seja kM oo M= . A Fig. (3.3) ilustra os três casos possíveis quanto ao cálculo do momento no plano. Convenção: Figura 3.3 – Três situações possíveis quanto ao cálculo do momento no plano. Componentes cartesianas de um momento. Como o momento é um vetor, pode-se expressá-lo em função das suas componentes ou seja kjiM ozoyoxo MMM ++= . O cálculo do momento através do produto vetorial é feito pela equação (3.1). ( ) ( ) ( )kji kji FrM xyyxzxxzyzzy zyx zyxo FrFrFrFrFrFr FFF rrr −+−+−= =×= (3.1) Como calcular o momento no espaço. Para se calcular o momento que uma força aplicada num ponto B causa num ponto A, ver Fig. (3.4), pode-se proceder de dois modos: cálculo através de determinante ou cálculo direto. + - d O F Mo Mo = - F.d d O F Mo Mo = F.d O F Mo = 0 X Y Z A rx rz ry BFx Fy Fz Figura 3.4 – Cálculo do momento em 3D. ENG 01156 – Mecânica - Aula 03 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 19 No caso do cálculo por determinante, o vetor posição é definido como a diferença entre o ponto de aplicação da força e o ponto em relação ao qual se deseja obter o momento ou seja ( ) ( )zzyyxx ABABABAB −−−=−= ;;r . Para completar o cálculo basta substituir este vetor na equação (3.1). Para o cálculo direto devem ser observadas as seguintes regras: • Calcular os momentos separadamente para cada um dos eixos (Mox, Moy, Moz); • Forças paralelas ao eixo em relação ao qual se deseja calcular o momento, não causam momento neste eixo; • Forças concorrentes com um certo eixo, não provocam momento neste eixo. Tomando-se como exemplo a força Fx, verifica-se que esta é paralela a X e portanto não causa momento Mx. Por outro lado, Fx gera momento na direção Y, que vale zx rF ⋅ (este momento é positivo porque a tendência de giro está na direção positiva do eixo Y), e momento na direção Z, que vale yx rF ⋅− . 3.3 TEOREMA DE VARIGNON (MATEMÁTICO FRANCÊS 1654 – 1722) A soma dos momentos de todas as forças de um sistema de forças concorrentes em relação a um dado ponto, é igual ao momento criado pela resultante do sistema em relação ao mesmo ponto. Vale a pena mencionar que este teorema foi proposto muito antes do conhecimento da álgebra vetorial. A Fig. (3.5) e a equação (3.2) ilustram este teorema. Figura 3.5 – Representação do teorema de Varignon. 2211 dFdFdR ⋅+⋅=⋅ (3.2) Obs. Considerando-se que força é uma grandeza vetorial, este teorema é obtido diretamente pela propriedade distributiva da álgebra vetorial. Exemplo 3.1. Calcular o momento da força de 600 N em torno do ponto O na base do poste ilustrado na Fig. (3.6). N 38640sen600,N 46040cos600 −=⋅−==⋅= yx FF O sinal negativo indica que a força Fy está orientada para baixo na direção vertical. Este sinal é opcional já que pelo desenho está indicado o sentido da força. Logo, este sinal não tem influência no sinal do momento que é obtido pela regra da mão direita. Nm 2612ouNm 261238624604 kM −=−=⋅−⋅−= ooM F2 F1 R d d2 d1 P O ENG 01156 – Mecânica - Aula 03 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 20 Figura 3.6 – Ilustração doexemplo 3.1. Exemplo 3.2. Calcular o momento no ponto A, causado pela força de 160 kN, conforme ilustrado na Fig. (3.7). Figura 3.7 – Ilustração do exemplo 3.2. m 1330cos15,m 5,730sen15 =⋅==⋅= xy N 6,13830cos160,N 8030sen160 −=⋅−==⋅= yx FF ( ) ( ) kNm 6,24842136,1385,75,480 −=−⋅−+⋅−=AM 3.4 MOMENTO DE UMA FORÇA EM RELAÇÃO A UM EIXO DADO Em algumas situações pode ser necessário o calculo do momento de uma força em relação a um eixo inclinado (que não seja os eixos X, Y e Z). Tomando-se como exemplo a Fig. (3.8), deseja-se calcular o momento da força F em relação ao eixo OL. O primeiro passo é calcular o momento de F em relação ao ponto O. Depois deve-se projetar o momento resultante na direção do eixo OL, para tal deve-se definir um vetor unitário λ , que tem a mesma direção do eixo OL, e fazer o produto escalar entre os vetores λ e oM . Esta operação resulta na equação (3.3). ( ) =ו=•= zyx zyx zyx oOL FFF rrrM λλλ λ FrMλ (3.3) A O 4m 2m 600 N 40o 4, 5 m 2m 4m 30o 160 kN A 15 m ENG 01156 – Mecânica - Aula 03 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 21 ua O A O' r F r' Mo Ma Figura 3.8 – Cálculo do momento de uma força em relação a um eixo. Na equação (3.3), λx, λy, e λz são os cossenos diretores do eixo OL e MOL é a projeção do momento Mo sobre o eixo OL. A operação representada por esta equação é chamada de produto misto. O momento MOL mede a tendência da força F transmitir ao corpo um movimento de rotação em relação ao eixo OL. O momento MOL é facilmente escrito na notação vetorial fazendo-se λM ⋅= OLOL M . A operação indicada em (3.3) pode ser executada na HP em duas etapas: primeiro faz- se o produto vetorial entre r e F, e depois faz-se o produto escalar entre λλλλ e o vetor resultante do produto vetorial. O produto escalar entre dois vetores é feito através das seguintes teclas: [MTH]+[A]+[B]. A tecla [B] corresponde à opção DOT que está apresentada na parte inferior da tela da calculadora. Pode-se demonstrar que o vetor r pode ser traçado a partir de um ponto qualquer do eixo OL até o ponto de aplicação da força. Considerando-se a Fig. (3.9) tem-se Figura 3.9 – Ilustração da independência do ponto de escolha para o cálculo do momento em relação a um eixo. L F r A O λλλλ Mo MOL ENG 01156 – Mecânica - Aula 03 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 22 Z X Y A B C E D 840 N 3m 2m 3m 3m 2m 5m 6m X Y Z A C 4m 1m 3m 3m 2m B 60 N ( )Fru ו= aaM e ( )Fru ו= '' aaM em que ( ) rr +−= '' OO . Com estas considerações pode-se escrever ( )[ ] ( ) ( ) aaaaa MOOM =ו=ו+×−•= FruFruFu '' O termo ( )[ ]Fu ×−• 'OOa se anula porque o produto vetorial gera um vetor que é ortogonal ao vetor ( )'OO − , e como este vetor é paralelo a ua , esta expressão termina se anulando. 3.5 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 3.1) O poste AB é sustentado por 3 cabos. Determine o momento em relação a C da força exercida pelo cabo BE no ponto B, sabendo que a força no cabo BE é de 840 N. Solução: ( ) FFrM ×−=×= CBC ( ) ( )3,4,3 −=−CB λBEBE F=F ( ) 7 2,6,3λ −== BE BE ( ) ( ) N 240,720,3602,6,3 7 840 −=−=BEF − −= 240720360 343 kji MC ( ) Nm 3600,1800,1200 −−−=CM ou ( ) Nm 86,0,43,0,29,04200 −−−−=CM 3.2) A barra Ab é submetida a uma força de 60 N orientada de C para B. Determine o momento criado por F em relação a A. Solução: FrFrM ×=×= CBA ( ) ( )0,4,3,2,3,1 == CB rr ( ) CB CBFBCBC − − =→= λF λ ( ) ( )2,1,2 −−=−CB ( ) N 40,20,40 −−=BCF −− =×= 402040 231 kji FrM BA ( ) Nm 100,120,160 −=AM ou ( ) Nm 45,0,54,0,72,06,223 −=AM ENG 01156 – Mecânica - Aula 03 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 23 Z X Y A CB 30o 400 N 2m 2, 5 m Fazendo-se FrM ×= CA deve-se obter a mesma resposta. 3.3) Determine o momento de F em relação ao eixo BC. Solução: Uma solução possível é trabalhar apenas com a notação vetorial. Inicialmente vamos definir o vetor unitário que indica a direção do eixo BC. ( ) ( ) ju =− − = BC BC BC Pode-se observar pela ilustração que o vetor unitário uBC é o próprio vetor j. As componentes de F são obtidas fazendo-se N 20030sen400,N 41,34630cos400 =⋅==⋅= yx FF ( ) Nm 866 020041,346 5,200 010 −= −=×= • FruM BABCBC Nm 866 juM −=⋅= BCBCBC M Uma outra solução possível é fazer Nm 8665,230cos400 −=⋅⋅−=BCM O sinal negativo é obtido aplicando-se a regra da mão direita. 3.6 EXERCÍCIOS PROPOSTOS 3.1) Determine o momento da força de 100 N, aplicada em A, em relação ao eixo que passa por OC. Resposta: ( )Nm 30300 ;;=OCM� ou MOC = 42,43 Nm Z X Y A C B 1 1O 100 N 3 4 5 ENG 01156 – Mecânica - Aula 04 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 24 4. REDUÇÃO DE SISTEMAS DE FORÇAS 4.1 DEFINIÇÕES GERAIS Binário. Representa um conjunto formado por duas forças opostas de mesmo módulo, mesma direção e não colineares. A Fig. (4.1) ilustra um binário. Quando se troca uma roda de carro com uma chave estrela aplica-se um binário para apertar ou afrouxar um parafuso. O efeito prático de um binário sobre um corpo é provocar a rotação deste em torno de um eixo. Figura 4.1 – Ilustração de um binário. Conjugado. O momento produzido por um binário é conhecido por conjugado, na prática pode-se substituir um binário por um conjugado e vice-versa. Pode-se demonstrar que o conjugado é um vetor livre. Para tal, considera-se a Fig (4.2) na qual deseja-se calcular o momento no ponto O. Logo pode-se escrever Figura 4.2 – Ilustração de um conjugado. ( ) ( ) FrFrrFrFr ×=×−=−×+× BABA (4.1) Como o vetor r não depende da posição da origem O, diz-se que o conjugado Mo é um vetor livre. Na realidade, pode-se representar este momento simplesmente por M. O módulo do conjugado é calculado fazendo-se dFFrMO ⋅=⋅⋅= θsen (4.2) No plano esta demonstração também pode ser feita conforme indicado na figura (4.3). X Z Y d F -F rA rB MO r A B O θ F -F ENG 01156 – Mecânica - Aula 04 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 25 F -F O a d ( ) dFaFdaFM ⋅=⋅−+= Figura 4.3 – Representação de um conjugado no plano. Conjugados Equivalentes. Diz-se que dois conjugados são equivalentes quando 2211 dFdF ⋅=⋅ Conjugado Resultante. Representa a soma dos conjugados existentes no sistema de forças ou seja ∑= MMR . 4.2 TRANSPORTE DE FORÇA ENTRE DUAS RETAS PARALELAS Deseja-se transportar uma força F que desliza sobre uma reta r para outra reta s que é paralela à primeira, conforme ilustrado na Fig. (4.4). Figura 4.4 – Transporte de forças (etapa 1). Aplica-se no ponto desejado (ponto B da reta s) um par de forças F, de mesmo módulo e direção, mas de sentidos contrários, conforme ilustrado na Fig. (4.5). Deste modo o equilíbrio não é alterado. Figura 4.5 - Transporte de forças (etapa 2). F B A s r F B A s r F -F ENG 01156 – Mecânica - Aula 04 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 26 A força F, que atua na reta r, e –F formam um binário, que pode ser substituído por um conjugado, conforme ilustrado na Fig. (4.6). Com este procedimento a configuração das forças foi modificado sem alterar a condição do equilíbrio do sistema. Figura 4.6 - Transporte de forças (etapa 3). Em resumo, qualquer força F que atua sobre um corpo rígido pode ser deslocada para um ponto arbitrário desde que seja adicionado um conjugado de valor igual ao momento de F em relação a este ponto. Como o conjugadoé um vetor livre, ele pode ser aplicado em qualquer ponto. Entretanto, por conveniência, ele é aplicado no ponto para o qual vamos deslocar F. É importante salientar que o sinal do conjugado é obtido aplicando-se a regra da mão direita, considerando-se a força na sua posição original (ponto A da reta r). Este mesmo raciocínio pode ser empregado de modo inverso, para substituir um sistema força-conjugado por uma força aplicada num ponto conveniente. Exemplo 4.1. Dois binários atuam em um bloco conforme ilustrado na Fig. (4.7). Deseja-se substituir estes dois binários por um conjugado equivalente. Figura 4.7 – Ilustração do exemplo 4.1. Solução: Substitui-se cada um dos binários pelo seu conjugado correspondente. O resultado desta operação está representado no esquema acima. Depois deve-se adicionar os dois conjugados de modo a se obter um conjugado resultante (esta operação é uma simples soma vetorial). oo 1202602360o =→+⋅= ββ logo Nm 86,5120cos75,33275,33 22 =⋅⋅⋅−+=M o x o y y 4,566,33 86,5 120sen 75,3 sen =→=→= φφφ B A s r F M M = F. d A B D C 25 N 25 N 30 N 30 N 150 mm 100 mm 60o 60o 3 Nm 3,75Nm 60o β 3 Nm 3,75Nm φx φy ENG 01156 – Mecânica - Aula 04 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 27 4.3 SIMPLIFICAÇÃO DE UM SISTEMA DE FORÇAS E MOMENTOS Pode-se reduzir um sistema de forças e momentos que atua sobre um corpo rígido em uma única força resultante, que atua num ponto arbitrário O, e um único conjugado resultante. O procedimento consiste em transladar todas as forças para um ponto O como ilustrado na Fig. (4.8). Como as forças tornam-se, então, concorrentes em O, elas podem ser somadas vetorialmente, valendo o mesmo para os momentos. Logo, pode-se escrever ∑∑ == MMFR O, (4.3) Figura 4.8 – Simplificação de um sistema de forças. É importante resaltar que esta simplificação de um sistema de forças sempre é possível seja o problema plano ou espacial. Os resultados possíveis aplicando-se a (4.3) são: 1) R = 0 e Mo = 0 : Sistema de forças em equilíbrio; 2) 0R ≠ e Mo = 0 : Sistema de forças equivalente a uma resultante única; 3) R = 0 e 0M ≠o : Sistema de forças equivalente a um momento; 4) 0R ≠ e 0M ≠o : Este caso admite duas situações particulares. a) oo MRMR ⊥→=• 0 : Sistema equivalente a uma resultante única; b) 0≠• oMR : Sistema equivalente a um torsor. Dos quatro casos possíveis, o de maior interesse prático é o primeiro porque ele fornece a condição de equilíbrio de um corpo rígido, a qual será intensamente aplicada posteriormente. O caso 4) será analisado em detalhe porque ele permite algumas considerações extras. O item a) corresponde ao caso da resultante R e o momento resultante Mo serem ortogonais. Esta situação ocorre quando se tem um problema com forças coplanares (problema 2D) porque neste caso as forças são do tipo ( )0,, yx FF=F e os momentos são do tipo ( )zo M,0,0=M . Em problemas com forças paralelas este caso também se verifica (por exemplo um problema 3D com todas as forças na direção Z). Quando se verifica a condição 0=• oMR é possível uma redução extra, que é feita deslocando-se a resultante R para uma posição tal, que gere um momento –MO que elimine o momento MO. A Fig. (4.9) ilustra esta operação. = F1 F4 F3 F2O M3 M2 M4 M1 F1 r1 F4 F3 F2 r4 r3 r2O R Mo O = ENG 01156 – Mecânica - Aula 04 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 28 Figura 4.9 – Redução a uma resultante única. O resultado desta operação é que se reduz o sistema de forças a uma resultante única R que deve ser aplicada num ponto distante d do ponto de redução. Como o momento gerado deve eliminar Mo , a distância d é facilmente calculada fazendo-se RMd o= e a posição do ponto B é obtida de modo que o sinal do momento gerado pelo transporte da resultante seja contrário ao do momento Mo . Quando a condição 0=• oMR não se verifica há um ângulo θ entre a resultante R e o momento resultante Mo. Neste caso o sistema pode ser reduzido a um torsor equivalente, que é formado pela combinação colinear de uma força e um momento. Para tal o primeiro passo é definir um plano π tal que π ⊥ R e seguir os passos ilustrados na figura (4.10). θ R Mo O d π θ F Mo O π M2 M1 R O π M2 M1 -M2 B P r r R O π M1 B P r r (a) (b) (c) (d) Figura 4.10 – Redução num torsor equivalente. O plano π é definido pelo vetor Ru em que R R=u R . A seguir deve-se decompor o momento Mo no plano π (componente M2) e na direção de R (componente M1) conforme ilustrado na Fig. (4.10.b). O próximo passo é eliminar a componente M2 transportando-se a O R Mo O R Mo = d - Mo = O R d BB ENG 01156 – Mecânica - Aula 04 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 29 A 600 N 100 N 400 N100 Nm 0,4 0,4 0, 3 45,0° A 500 N 100 N 200 N B C D E 2 1,5 1 1,5 (m) 0, 5 60o resultante R para um ponto B conveniente (B π∈ ), tal que seja gerado um momento - M2 conforme ilustrado na Fig. (4.10c). O resultado deste processo, Fig. (4.10d), é uma resultante R e um momento M1 que atuam na mesma reta suporte. O efeito de um torsor sobre um corpo é o de provocar translação e rotação em torno do mesmo eixo, por este motivo o torsor também costuma ser chamado de efeito parafuso. O procedimento ilustrado na Fig. (4.10) é realizado matematicamente seguindo os passos abaixo • 1 o RM = M ui e RM uM ⋅= 11 (se solicitado o o MR ⋅ •= MRarccosθ ); • 12 MMM −= o • 2× =r R M em que ( ) ( ; ; )o o oP O x x y y z z= − = − − −r . Resulta na equação da reta r. 4.4 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 1) Reduzir o sistema de forças aplicado ao corpo rígido da figura ao ponto A. Solução: Inicialmente deve-se calcular as componentes da força resultante R. N 84,38245cos400100 −=⋅−−==∑ XX FR N 84,88245sen400600 −=⋅−−==∑ YY FR ( ) N 84,882;84,382 −−=R Outro modo de indicar a resultante é ( ) ( ) N 3,96284,88284,382 22 =−+−=R o x y R R 6,66 84,382 84,882arctan =→== θθ ou ( ) N 917,0;398,03,962 −−=RK Nm 1,4513,045cos4008,045sen4004,0600100 −=⋅⋅−⋅⋅−⋅−==∑ AA MM ou em notação vetorial Nm 1,451 kM −=A 2) Determine o módulo, sentido e a posição na viga da resultante única equivalente ao sistema de forças dado. Solução: Este exercício tem um grau de dificuldade um pouco superior ao anterior porque não é especificado um ponto para fazer a redução do sistema de forças. Neste caso qualquer um dos pontos ilustrados na figura poderia ser escolhido. No entanto, com objetivo de simplificar a solução elimina-se a possibilidade de escolha do ponto D. Inicia-se o processo calculando-se a resultante R que independe do ponto de escolha para a redução do sistema de forças. N 35060cos500100 =⋅+==∑ XX FR e N 23360sen500200 −=⋅−==∑ YY FR Utilizando-se outra notação pode-se escrever a resultante como N 5,420=R com o7,33=θ Escolhendo-se para redução o ponto A tem-se ENG 01156 – Mecânica - Aula 04 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 30 Nm 2165,01005,32002060sen500 −=⋅−⋅+⋅⋅−==∑ AA MM Com esta operação se reduziu o sistema de forças a uma resultante e um momento resultante em A. A figura abaixo ilustra este resultado. O próximo passo é deslocar a resultante de modo a gerar um momento contrário a MA. Para tal faz-se m 93,0 233 216 ==d a direita de A. É importante ressaltar que aplicou-se apenas o módulo da componente vertical da força porque a componente horizontal não gera momento quando se desloca sobre a viga. Um erro comum neste tipo de problema é dividir o valor do momento pelo módulo da resultante.3) Quatro rebocadores são usados para trazer um transatlântico ao caís. Cada rebocador exerce uma força de 25 kN nas direções e sentidos ilustrados. Determinar o sistema força- binário equivalente no mastro dianteiro, o ponto no casco onde um só rebocador mais poderoso deverá empurrar para produzir o mesmo efeito que os quatro rebocadores originais Solução: N 2,4545cos25 53cos2560cos25 =⋅+⋅+⋅==∑ XX FR N 9,482553sen2560sen2545sen25 −=−⋅−⋅−⋅== ∑ YY FR 90252145cos256045sen252153cos252760sen251560cos25 ⋅−⋅⋅+⋅⋅+⋅⋅−⋅⋅+⋅⋅−==∑ OO MM kNm 99,736−=OM Como o texto diz que um rebocador deverá empurrar a única solução possível está apresentada na figura a seguir. m 34,499,7369,48212,45 −=→=⋅+⋅ xx 420,5 N 216 Nm 33,7A 420,5 N 33,7A 0,93 3060 3027 60° 53° 45° 25 kN 25 kN 25 kN 25 kN 15 2 1 O (m) ENG 01156 – Mecânica - Aula 04 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 31 Z X Y 500 N 400 N 100 N 600 N 8 2 5 5 A B C O (m) Z X Y 1400 N O x y X Y Z 300 N1000 Nm 200 N 4 m 3 m 5 m 30° A B C O 4) A placa ilustrada na figura é submetida a quatro forças paralelas. Determine o módulo e sentido da resultante única equivalente ao sistema de forças dado e localize o seu ponto de aplicação na placa. Solução: Inicialmente deve-se calcular a resultante. N 1400400500600100 −=−−−==∑ ZZ FR ( ) N 1400,0,0 −=R Para localizar o ponto de aplicação da força resultante, considera-se que esta atua num ponto P de coordenadas (x, y). Aplicando-se o Teorema de Varignon, o momento causado pela resultante em relação ao ponto O deve ser igual a soma dos momentos das forças que atuam no sistema em relação ao mesmo ponto. A figura ao lado ilustra esta solução. Aplicando-se uma solução escalar pode-se escrever ∑= xOx MM m 5,25100104001400 =→⋅+⋅−=⋅− yy ∑= MyMOy m 3610086001400 =→⋅−⋅=⋅ xx Portanto o resultado é uma força de –1400 k N aplicada num ponto P (3 ; 2,5) m. 5) Reduzir o sistema ilustrado na figura ao ponto O. Encontrar o torsor equivalente a este sistema. Solução: Inicialmente deve-se calcular a força resultante. N 12053200 =⋅== ∑ XX FR N 16054200 −=⋅−==∑ YY FR N 300==∑ ZZ FR ( ) N 300,160,120 −=R Outra forma de escrever a força resultante que é mais conveniente a este problema é x 45,2 kNO 48,9 kN ENG 01156 – Mecânica - Aula 04 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 32 ( ) N 832,0;444,0;333,056,360 −⋅=R ou seja o produto do módulo da resultante pelo seu vetor unitário correspondente. Esta operação é facilmente realizada usando-se a calculadora HP conforme já anteriormente. O próximo passo é calcular o momento em O. Para tal deve-se decompor o momento aplicado no ponto C nas direções Z e Y de modo a se obter ( )866,500,0 − Nm. Depois deve-se calcular os momentos das forças aplicadas em A e B em relação ao ponto O. O momento resultante é então obtido pela expressão ( ) ( ) Nm 386,100,2000 0160120 503 30000 540866,500,0 = ⎟⎟ ⎟ ⎠ ⎞ ⎜⎜ ⎜ ⎝ ⎛ − + ⎟⎟ ⎟ ⎠ ⎞ ⎜⎜ ⎜ ⎝ ⎛ +−==∑ kjikji M OO M Aplicando-se a mesma notação da força resultante pode-se escrever ( ) Nm 189,0;049,0;981,036,2039 ⋅=OM Até este ponto foi concluída a primeira etapa da questão. Para se obter o torsor equivalente deve-se inicialmente decompor o momento resultante na direção da força resultante e na direção ortogonal a ela. Como os vetores unitários que definem as direções da resultante e do momento resultante são conhecidos pode-se calcular o ângulo θ entre os dois vetores fazendo-se ( ) 47,62462,0arccosarccos =→=•= θθ MoR uu Nm 52,94247,62cos36,20391 =⋅=M e ( ) Nm 832,0;444,0;333,052,9421 −⋅=M ( ) ( ) ( ) Nm 18,398;47,518;14,1686832,0;444,0;333,052,942386,100,200012 −=−⋅−=−= MMM O ( ) Nm 22,0;287,0;932,043,18082 −⋅=M A distância que deve-se deslocar a resultante para eliminar o momento M2 é obtida fazendo-se m 5 56,360 43,1808 ==d medidos numa direção ortogonal a reta suporte da força resultante. A reta suporte do torsor é encontrada fazendo-se 2MRr =× em que r é o vetor posição do eixo do torsor. Executando-se esta operação obtém-se ( )18,398;47,518;14,1686 300160120 −= ⎟⎟ ⎟ ⎠ ⎞ ⎜⎜ ⎜ ⎝ ⎛ − zyx kji zyzy 533,062,514,1686160300 −=→=+ (1) zxzx 4,0728,147,518120300 +−=→=+− (2) 18,398120160 −=−− yx (3) Substituindo-se (1) e (2) em (3) deve-se encontrar 0 = 0 salvo erros de arredondamento. As equações (1) e (2) do modo como estão apresentadas são as equações da reta suporte do torsor. Fazendo-se z = 0 nestas equações obtém-se a interseção do eixo do torsor com o plano XY, que é (-1,768 ; 5,62 ; 0). Portanto a resposta da segunda etapa da questão pode ser escrita da seguinte forma: ( ) N 832,0;444,0;333,056,360 −⋅=R , ( ) Nm 832,0;444,0;333,052,9421 −⋅=M aplicados na reta definida pelas equações zy 533,062,5 −= e zx 4,0728,1 +−= ou aplicando-se o princípio da transmissibilidade ( ) N 832,0;444,0;333,056,360 −⋅=R , ( ) Nm 832,0;444,0;333,052,9421 −⋅=M aplicados no ponto (-1,768 ; 5,62 ; 0). ENG 01156 – Mecânica - Aula 04 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 33 ENG 1156 – MECÂNICA – TRABALHO 2 Os trabalhos devem ser desenvolvidos em folha A4 branca a caneta e sem rasuras, ou podem ser desenvolvidos em editor de texto. Neste caso, o trabalho pode ser entregue em arquivo (formato .rtf, pdf ou .doc) ou impresso em folha A4 branca. Trabalhos fora destas condições não serão avaliados. 1) Uma força F de módulo, direção e sentido desconhecidos está aplicada no ponto C do cano ABCD conforme figura (1). Determine o momento My de F em relação ao eixo Y sabendo que Mx = 150 Nm e Mz = 90 Nm. Y X Z 0 B C D 600 400 450 A (mm) Figura (1) 2) Determine o valor da força F2, figura (2), que é ortogonal à reta AO, para que o somatório dos momentos em O seja igual a zero. 400 N F 30o 45o 80 150 16020 A O ENG 01156 – Mecânica - Aula 04 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 34 3) Reduza o sistema de forças apresentado na figura (5) para um sistema força - momento no ponto O. Substitua o sistema resultante por um torsor equivalente. X Y Z 200 N 100 N 1 m 2 m 1 m O 50 N 50 N 100 N ENG 01156 – Mecânica - Aula 05 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 35 5. EQUILÍBRIO DOS CORPOS RÍGIDOS Este material deve ser complementado com a leitura do capítulo 5 (HIBBELER) e do capítulo 4 (BEER & JOHNSTON). 5.1 CONDIÇÃO DE EQUILÍBRIO DE UM CORPO RÍGIDO Um corpo rígido está em equilíbrio quando as forças externas que atuam sobre ele possam ser reduzidas a um sistema equivalente com força resultante nula e momento resultante nulo. É importante ressaltar que o ponto em relação ao qual é feita a redução pode ser qualquer ponto pertencente ao corpo ou não. Esta condição está representada na Fig. (5.1) e na equação (5.1). Figura 5.1 – Condição de equilíbrio de um corpo rígido. ∑∑ ==== 0MM0FR oRo , (5.1) A demonstração deste resultado é apresentada de forma completa na 3a área da disciplina considerando-se o problema dinâmico. É importante ressaltar que a condição representada pela equação (5.1) é válida para um corpo em equilíbrio ou para um corpo em movimento retilíneo uniforme. A equação (5.1) escrita em forma escalar é representada pelo conjunto de equações (5.2), que são as Equações de Equilíbrio da Estática. 0,0,0 0,0,0 === === ∑∑∑ ∑∑∑ zyx zyx MMM FFF (5.2) No caso plano, as forças estão definidas apenas no plano XY e os momentosestão definidos no eixo Z. Logo, as equações de equilíbrio indicadas em (5.2) ficam reduzidas a três equações conforme indicado em (5.3). Estas três equações permitem resolver problemas com no máximo 3 incógnitas. 0 0 0 = = = ∑ ∑ ∑ z y x M F F (5.3) = F1 r1 F4 F3 F2 r4 r3 r2O R= 0 Mo = 0 O ENG 01156 – Mecânica - Aula 05 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 36 5.2 VÍNCULOS E REAÇÕES A função dos vínculos é a de restringir um ou mais movimentos de corpo rígido de um corpo. Para cada movimento restrito irá corresponder uma reação. Movimento de corpo rígido. São os movimentos que um corpo pode realizar sem alterar as suas dimensões próprias ou seja sem que este sofra deformações. Grau de liberdade. Representa uma possibilidade de movimento de corpo rígido de um corpo. No espaço um corpo rígido tem seis graus de liberdade que são três translações; ux, uy e uz; e três rotações; Rx, Ry e Rz . Já no plano um corpo rígido tem três graus de liberdade que são duas translações; ux e uy; e a rotação Rz . A Fig. (5.2) ilustra os graus de liberdade no plano e no espaço. Figura 5.2 – Representação dos graus de liberdade no plano e no espaço. Para que um sólido esteja em equilíbrio é necessário que a sua vinculação elimine todas as possibilidades de movimento de corpo rígido. Do ponto de vista teórico os vínculos são sempre completos ou seja se um vínculo impede o movimento, por exemplo, na direção vertical, então este movimento deve ser impedido nos dois sentidos ou seja para baixo e para cima. Considerando o caso de uma cadeira comum, sabe-se que as patas dela impedem o movimento vertical para baixo. Para que as patas fossem realmente um vínculo completo, a cadeira deveria ser aparafusada no chão de modo a impedir o movimento vertical para cima e para baixo. Neste sentido, deve-se tomar o cuidado de projetar os vínculos com as características que se verificam necessárias durante o cálculo. Do ponto de vista teórico os vínculos são perfeitos ou seja ou o vínculo impede totalmente o movimento numa dada direção ou este movimento é livre. Não há vinculação parcial. 5.3 TIPOS DE VÍNCULOS PARA O CASO PLANO Vínculos de 1ª classe. A reação deste tipo de vínculo é equivalente a uma força com linha de ação conhecida. Neste caso, há apenas uma incógnita. Os tipos de ligações que ficam nesta categoria são: cabo, haste curta (sem peso), rolete, rolete ou pino confinado em guia sem atrito, balancim, superfície de contato sem atrito. A seguir apresenta-se um esquema de cada um destes tipos de ligação. X Y Z ux uZ uY RY RX RZ X Y ux uY Z RZ ENG 01156 – Mecânica - Aula 05 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 37 θ θ F θ F θ θ θ θF Cabo A reação é uma força de tração que tem a direção do cabo no sentido de puxar o elemento ao qual ele está ligado. Haste curta (sem peso) A reação é uma força que tem a direção da haste. Rolete (apoio simples) A reação é uma força que atua perpendicularmente à superfície no ponto de contato. Rolete confinado numa guia sem atrito. A reação é uma força que atua perpendicu- larmente à guia. Balancim A reação é uma força que atua perpendicularmente à superfície no ponto de contato. θ θF θF θF ou ENG 01156 – Mecânica - Aula 05 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 38 θ θ θ Superfície de contato sem atrito. A reação é uma força que atua perpendicularmente à superfície no ponto de contato. Elemento rotulado conectado a um colar deslizante sobre uma barra sem atrito A reação é uma força que atua perpendicular- mente à barra. O vínculo de primeira classe de uso mais comum é o apoio simples, que corresponde ao caso do rolete, e a sua representação mais usual é dada pelo esquema abaixo. É importante salientar que a direção da reação é indicada pelo triângulo. Vínculos de 2ª Classe. A reação deste tipo de vínculo é equivalente a uma força com linha de ação desconhecida, o que é equivalente a uma força representada por duas componentes. Os casos mais comuns deste tipo de vínculo são o apoio duplo (também chamado rótula ou articulação), superfície de contato com atrito e elemento solidário a um colar deslizante sobre uma barra sem atrito. A seguir apresenta-se um esquema de cada um destes tipos de ligação. Apoio duplo (pino sem atrito) As reações são duas componentes de forças ou o módulo e a direção φ da resultante das θF θ F θ Fx Fy θF φ F F ou ENG 01156 – Mecânica - Aula 05 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 39 θ forças. Os ângulos φ e θ não são necessariamente iguais a menos que a barra seja bi- articulada. A representação simplificada deste tipo de vínculo está apresentada no esquema abaixo. FxFy Superfície de contato com atrito. A reação é composta por uma força N que atua perpendicularmente à superfície no ponto de contato (força normal) e por uma força de atrito que atua paralelamente à superfície no ponto de contato e com sentido definido de modo a impedir o deslizamento da barra. Elemento solidário a um colar deslizante sobre uma barra sem atrito. As reações são equivalentes a uma força e um momento que atuam perpendicularmente à barra. Vínculo de 3ª classe. A reação deste tipo de vínculo é equivalente a duas componentes de força e um momento. O exemplo típico deste tipo de vínculo é o engaste. Fx Fy M F M θN F ENG 01156 – Mecânica - Aula 05 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 40 5.4 UMA CLASSIFICAÇÃO SIMPLIFICADA DE ESTRUTURAS As estruturas podem ser classificadas em função do número de reações externas. Estruturas cujas reações podem ser calculadas com as equações de equilíbrio são ditas Isostáticas. A Fig. (5.3) apresenta um exemplo deste tipo de estrutura. Figura 5.3 – Estrutura Isostática. Estruturas cujas reações não podem ser calculadas apenas com as equações de equilíbrio são ditas Hiperestáticas. A Fig.(5.4) ilustra uma estrutura hiperestática. Neste tipo de problema o número de incógnitas é maior que o número de equações. Nota-se que as reações VA e VB são obtidas aplicando-se as equações 0=∑ yF e 0=∑ AM . A terceira equação, 0=∑ xF , resulta em BA HH = . As reações HA e HB são ditas reações estaticamente indeterminadas. Para obtermos mais uma equação, para resolver o problema, faz-se necessário considerar a forma como a estrutura se deforma, o que é assunto para as próximas disciplinas. Figura 5.4 – Estrutura Hiperestática. Estruturas cujo número de reações for inferior ao número de equações são ditas Hipoestáticas. Na realidade, pode-se ter um número de reações superior ao número de equações, desde que os vínculos estejam dispostos de modo não eficaz. A estrutura ilustrada na Fig. (5.5) tem duas reações e 3 equações. Figura 5.5 – Estrutura Hipoestática. A BHA VA VB P3P2P1 AHA VA P3P2P1 B HB VB B VB P3P2P1 A VA 3 incógnitas: HA, VA e VB 3 equações: 0=∑ xF , 0=∑ yF 0=∑ AM ENG 01156 – Mecânica - Aula 05 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 41 A BHA VA VB P a b Nesta estrutura o movimento de corpo rígido na direção X é livre. É interessante observar que a colocação de mais apoios simples, como os do ponto A ou B, não muda a condição de hipoestaticidade do problema, embora aumente o número de reações. Este seria um exemplo típico de vínculos aplicados de modo não eficaz. Do ponto de vista estrutural a hipoestacidade não é desejável, no entanto em corpos que funcionam como mecanismo a hipoestacidade é necessária. A Fig. (5.6) ilustra o mecanismo básico de uma balança mecânica. Neste caso, o giro livre em torno do ponto A é necessário para o funcionamento da balança. Quando a balança está equilibrada (estrutura auto-equilibrada), o peso padrão é igual ao peso do objetoque se deseja pesar. Figura 5.6 – Balança mecânica. A Fig. (5.7) ilustra um mecanismo formado por duas rodas e umas correia. Para que estas rodas possam transmitir movimento de uma para a outra é necessário que a rotação de ambas as rodas com em relação ao centro, de cada uma delas, esteja livre. Figura 5.7 – Mecanismo formado por duas rodas e correia. Exemplo 1. Calcule as reações dos vínculos A e B. Solução: Aplica-se diretamente as equações de equilíbrio. 00 =→=∑ AX HF (1) PVVF BAY =+→=∑ 0 (2) ( ) 00 =−+→=∑ PabaVM BA ba PaVB += (3) Substituindo-se (2) em (3) obtém-se A Ay Ax P1 P2 ENG 01156 – Mecânica - Aula 05 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 42 A BHA VA VB M a b 400 N 200 N 300 N A B C 2m 1m 1m 1m HA VA MA ba PbVA += Caso a carga P fosse aplicada no centro da viga ou seja a = b, as reações VA e VB seriam iguais a P/2. Este resultado pode ser obtido diretamente através da simetria do problema. Caso a carga P fosse aplicada sobre um dos apoios verifica-se que esta carga é totalmente absorvida por este apoio ou seja se a carga é aplicada no apoio A tem-se VA = P e VB = 0. Exemplo 2. Calcule as reações dos vínculos A e B. Solução: Aplica-se diretamente as equações de equilíbrio. 00 =→=∑ AX HF (1) BAY VVF =→=∑ 0 (2) ( ) 00 =++−→=∑ MbaVM BA ba MVB += (3) Substituindo-se (2) em (3) obtém-se ba MVA += 5.5 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 1) Determinar as reações no vínculo A da estrutura. Solução: O vínculo representado no ponto A é um engaste ou seja impede 3 movimentos: duas translações e uma rotação. Logo, este vínculo deve ser representado por 3 reações: duas forças e um momento. A figura ao lado já representa estas reações. Para resolver o problema basta aplicar as equações de equilíbrio. N 3000 =→=∑ AX HF (1) N 6002004000 =+=→=∑ AY VF (2) 02002400130030 =⋅−⋅−⋅−→=∑ AA MM Nm 1700=AM 2) Determinar as reações dos apoios da viga desprezando o peso próprio da mesma. Solução: Substituir os vínculos por suas reações correspondentes e aplicar as equações de equilíbrio. 45cos6000 ⋅+→=∑ AX HF (1) N 3,424−=AH ENG 01156 – Mecânica - Aula 05 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 43 A BHA VA VB 100 N600 N 2m 3m 2m 45° VA HA RA θ A B HA VA VB 100 N 200 N 300 N 0,8m 0,8m 1m 1, 5m C 45sen6001000 ⋅+=+→=∑ BAY VVF N 7,331N 6,1920100545sen600270 =→=→=⋅−⋅⋅−⋅→=∑ ABBA VVVM O sinal negativo de HA indica que o sentido arbitrado para esta reação está errado. O sentido correto é o contrário do arbitrado. Pode-se notar que o erro no sentido da força não afetou a solução do problema. Quando se tem esta situação pode-se trabalhar de duas formas: manter o sinal negativo sabendo que ele indica o sentido contrário ou trocar o sinal e o sentido arbitrado para a força. Em algumas aplicações as reações do apoio duplo A devem ser representadas por uma única força. Neste caso a solução fica N 6,5387,3313,424 22 =+=AR o01,38 3,424 7,331tan =→= θθ Principalmente em concursos pode ser útil a confirmação da resposta obtida. Para tal basta fazermos o somatório de momentos em relação a um outro ponto, diferente de A, igual a zero. Escolhendo-se o ponto B e substituindo-se o valor correspondente a reação VA obtém-se 057,00100245sen60057,33170 ≈−→=⋅+⋅⋅+⋅−→=∑ BM Quando a solução do problema é correta deve-se obter 0 = 0 ou uma situação próxima, como neste exemplo, a isto em função de erros de arredondamento. 3) Determinar as reações dos vínculos da treliça. Solução: Aplicar as equações de equilíbrio. N 1000 =→=∑ AX HF N 5000 =+→=∑ BAY VVF AB VV −= 500 ENG 01156 – Mecânica - Aula 05 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 44 N 84,303N 15,19606,21005,130012008,10 =→=→=⋅−⋅−⋅+⋅→=∑ BAAB VVVM Conforme mencionado no exercício anterior pode-se confirmar a solução do problema fazendo-se o somatório dos momentos em relação a um outro ponto qualquer. Escolhendo-se o ponto C obtém-se 001,001005,130012008,115,1966,20 =→=⋅−⋅+⋅+⋅−→=∑ CM Pelo resultado obtido verifica-se que a solução está correta. 5.6 EQUAÇÕES DE EQUILÍBRIO ALTERNATIVAS Vimos que o equilíbrio de um corpo rígido no plano pode sempre ser representado pelas equações de equilíbrio apresentadas em (5.4). 0 0 0 = = = ∑ ∑ ∑ O y x M F F (5.4) No entanto este conjunto de equações pode levar, em alguns casos, a um sistema de equações que deve ser resolvido. Logo, pode ser vantajoso adotarmos um conjunto de equações de equilíbrio alternativo. O primeiro conjunto de equações de equilíbrio alternativas está representado na equação (5.5). A Fig. (5.8) ilustra o funcionamento destas equações de equilíbrio. 0 0 0 = = = ∑ ∑ ∑ B A a M M F (5.5) Figura 5.8 – Ilustração do primeiro conjunto de equações de equilíbrio. A equação 0=∑ AM indica que o sistema de forças deve ser reduzido ao ponto A, e que o momento resultante em A, MRA, é nulo. A equação 0=∑ aF indica que a componente da resultante paralela ao eixo a-a é nula. A Fig. (5.8b) indica a redução do sistema de forças para F1 F4 F3 F2 A R MRA = A a a R R = A a a R B a) b) c) ENG 01156 – Mecânica - Aula 05 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 45 o ponto A, e a Fig. (5.8c) ilustra o resultado das duas primeiras equações de equilíbrio, que é a componente da resultante ortogonal ao eixo a-a. Para anular-se esta componente iguala-se a zero o somatório de momentos em relação a um ponto B, que deve ser escolhido de modo que a reta AB não seja paralela a direção da componente da resultante que se deseja eliminar. Porque o conjunto de equações (5.5) representa o equilíbrio de um corpo rígido? Demonstração: A equação 0=∑ BM pode ser escrita como aaB ABR R ABAB kji ⋅−= ⎟⎟ ⎟ ⎠ ⎞ ⎜⎜ ⎜ ⎝ ⎛ = ⊥ ⊥ ⊥ 00 0M (5.6) em que ⊥AB é a distância entre os pontos A e B medida na direção ortogonal ao eixo a-a e aAB é a distância entre os pontos A e B medida na direção paralela ao eixo a-a. Pela equação (5.6) observa-se que para MB = 0 tem-se que 0=⊥R , desde que se garanta 0≠aAB . Portanto, para que o conjunto de equações (5.5) represente as condições de equilíbrio de um corpo rígido é necessário que a reta AB não seja ortogonal ao eixo a-a. O segundo conjunto de equações de equilíbrio alternativas está representado na equação (5.7). A Fig. (5.9) ilustra o funcionamento destas equações. 0 0 0 = = = ∑ ∑ ∑ C B A M M M (5.7) Figura 5.9 – Ilustração do segundo conjunto de equações de equilíbrio. F1 F4 F3 F2 A R MRA = A = A a) b) c) R R A B d) R C ENG 01156 – Mecânica - Aula 05 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 46 A equação 0=∑ AM indica que o sistema de forças deve ser reduzido ao ponto A, e que o momento resultante em A, MRA, é nulo. Este processo esta ilustrado nas figuras (5.9a) a (5.9c). A equação 0=∑ BM exige para ser satisfeita que o ponto B pertença a reta suporte da resultante R. Já a equação 0=∑ CM exige que a resultante seja nula, desde que o ponto C não seja colinear com os pontos A e B. Exemplo 3. Calcular as reações nos apoios para viga bi-apoiada ilustrada na figura abaixo. (a) (b) Figura 5.10 – Ilustração do exemplo 1. Solução: Aplicando-se as equações tradicionais obtém-se kN 3 2 3 11010 kN 3 101130 00 =−=→=−+→= =→=⋅−⋅→= =→= ∑ ∑ ∑ yyyy yyA xx ABAF BBM BF Aplicando-se as equações de equilíbrio alternativas obtém-se kN 3 202130 kN 3 101130 00 =→=⋅+⋅−→= =→=⋅−⋅→= =→= ∑ ∑ ∑ yyB yyA xx AAM BBM BF O sistema de equações alternativasfunciona porque a reta AB não é ortogonal ao eixo a-a (eixo X). 1m 2m A B 1 kN 1m 2m A B 1 kN By Bx Ay ENG 01156 – Mecânica - Aula 05 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 47 Exemplo 4. Para a estrutura representada na figura abaixo calcular as reações nos vínculos. Solução: Aplicando-se as equações de equilíbrio usuais tem-se 100866,0030cos60cos2002000 −⋅=→=⋅−⋅−+→=∑ FAFAX RHRHF FAFAY RVRVF ⋅−=→=⋅+⋅−−→=∑ 5,0205,673030sen60sen2005000 ( ) ( ) ( ) ( ) 030sen2430cos30cos2230sen 30cos1260sen20030sen1460cos200150042000 =⋅−⋅⋅+⋅+⋅⋅+ ⋅+⋅⋅−⋅−⋅⋅+⋅−⋅−→=∑ FF A RR M N 324=FR , N 58,180=AH e N 2,511=AV Aplicando-se um conjunto alternativo de equações a solução fica 100866,00 −⋅=→=∑ FAX RHF (1) 1502012001500420 +⋅=→=⋅−⋅+⋅⋅+⋅−→=∑ AAAAD HVHVM (2) ( ) ( ) ( ) 0120030cos2150030sen220030sen2430cos220 =⋅+⋅+⋅+⋅⋅−⋅−⋅+⋅+⋅−→=∑ AAF HVM 025,13663732,3 −=⋅+⋅− AA HV (3) Substituindo-se (2) em (3) obtém-se N 6,180025,136638,559464,7 =→−=⋅+−⋅− AAA HHH , N 2,511=AV e N 324=FR Quando se trabalha com um conjunto alternativo de equações de equilíbrio deve-se ter em mente que estas equações funcionam desde que se atendam algumas condições. Apresenta-se a seguir um conjunto de equações de equilíbrio que não conduz a resposta do problema. A 500 N HA VA RF 200 N 200 NB C D E F 4m 1m 1m 1m 1m 30° ENG 01156 – Mecânica - Aula 05 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 48 FAFAY RVRVF ⋅−=→=⋅+⋅−−→=∑ 5,0205,673030sen60sen2005000 (1) 15020 +⋅=→=∑ AAD HVM (2) ( ) 0230sen30sen160cos20030cos1260sen200150040 =⋅⋅+⋅⋅⋅−⋅+⋅⋅−⋅−⋅→=∑ FAB RHM 4 41,1046 F A RH −= (3) Substituindo-se (1) e (3) em (2) obtém-se 205,673205,673150 2 41,10465,0205,673 =→+−=⋅− FF RR o que indica que o conjunto de equações empregado é linearmente dependente. Isto ocorre porque a reta que une os pontos B e D é horizontal sendo paralela a resultante RX. ENG 01156 – Mecânica - Aula 06 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 49 θ F 6. EQUILÍBRIO DOS CORPOS RÍGIDOS 6.1 TIPOS DE VÍNCULOS PARA PROBLEMAS TRIDIMENSIONAIS Os tipos de vínculos aplicados em problemas tridimensionais podem ser bastante variados tais como juntas esféricas, mancais de rolamento, mancais de escora, dobradiças. Apresenta-se a seguir alguns tipos de vínculos de uso mais freqüente nos problemas. Cabo A reação é uma força que tem a direção do cabo e no sentido de tracionar este. Apoio sobre superfície lisa A reação é uma força que atua perpendicularmente à superfície no ponto de contato. Junta esférica A reação é representada pelas três componentes de uma força. Mancal A reação é representada por duas componentes de força e duas componentes de momento que atuam perpendicularmente ao eixo. Dobradiça As reações são três componentes de força e duas componentes de momento. θ F Fx Fy Fz Fx Fz Mz Mx Fz Mz Fx Mx Fy ENG 01156 – Mecânica - Aula 06 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 50 Não há grandes diferenças entre o procedimento para solução de problemas bidimensionais e problemas tridimensionais. No caso tridimensional deve-se empregar seis equações de equilíbrio apresentadas em (6.1). É importante ressaltar que com estas equações pode-se resolver problemas com até seis incógnitas. Em alguns problemas pode ser vantajosa a solução com notação vetorial principalmente se forem utilizadas calculadoras programáveis. 6.2 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 1) Uma barra de aço com massa de 200 kg é suportada por uma rótula em A e por uma esfera apoiada em B. Calcule as forças exercidas pelas paredes e pelo piso sobre as extremidades da barra. Solução: Em primeiro lugar deve-se substituir os vínculos por suas reações correspondentes. Depois deve-se aplicar as equações de equilíbrio em notação escalar ou vetorial. m 3627 222 =→−−= hh N 196281,9200 =⋅== mgP Coordenadas dos pontos de interesse A (2, 6, 0); B (0, 0, 3); G (1; 3 1,5) xxX BAF =→=∑ 0 (1) yyY BAF =→=∑ 0 (2) N 19620 =→=∑ zZ AF (3) As equações de equilíbrio referentes aos momentos podem ser escritas vetorialmente ou escalarmente. Adotando-se a solução vetorial, e fazendo-se o somatório dos momentos em relação ao ponto A obtém-se ( ) ( ) 0rr0M =−×+×→=∑ 1962,0,00,, GAyxBAA BB em que ( )3,6,2 −−=−= ABBAr e ( )5,1;3;1 −−=−= AGGAr . B A 7 m 6 m 2 m BXBY h X Y Z P 6 m 2 m 3,5 m 3,5 m G AX AY AZ ENG 01156 – Mecânica - Aula 06 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 51 0 kjikji = − −−+ −− 196200 5,131 0 362 yx BB do qual se obtém =+ =→=− =→=+− 062B- N 654019623 N 1962058863 y x xx yy B BB BB N 654=xA e N 1962=yA . Em alguns casos pode ser útil escrever a resposta do seguinte modo ( ) N 688,0;688,0;229,07,2850N 7,2850222 ⋅=→=++= Azyx AAAA ( ) N 0;949,0;316,07,2850N 13,206822 ⋅=→=+= Byx BBB 2) Considerando que o peso de 100 kgf é levantado de modo uniforme pelo mecanismo representado na figura (3), determine a força P aplicada na manivela e as reações nos mancais C e E. A corda sai do tambor por uma tangente inclinada de 60° com o eixo X. Solução: Como o peso é levantado de modo uniforme (velocidade constante), as equações de equilíbrio da Estática são válidas. Os vínculos C e E são mancais que permitem o giro em torno de Y bem como o deslocamento neste eixo. Como não se falou nada sobre atrito na polia deve-se considerar a mesma como perfeita. Logo, a força que atua na corda, tangente ao tambor, é igual a 100 kgf. 50060cos1000 =+→=+−−→=∑ xx o xxx ECECF (1) PECPECF zz o zzz −=+→=−+−−→=∑ 6,86060sen1000 (2) kgfPPM y 5,1201005400 =→=⋅+−→=∑ (3) kgfEEM zz o Cx 4,38010060sen100405,12300 =→=−⋅+⋅→=∑ (4) kgfEEM xx o Cz 20010060cos100400 =→=+⋅−→=∑ (5) P A B C D E 100 kgf z x y r 60 90 90o o o Cx Ex Cz Ez AB = 40 cm BC = 30 cm CD = 40 cm DE = 60 cm r = 5 cm ENG 01156 – Mecânica - Aula 06 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 52 A B C D E F G y z x (m) 1,8 0,6 1, 5 1,3 2,4 0,9 0,5 Ay Az Ax Substituindo-se kgfCC xx 302050)1()5( =→−=→→ ( ) ( ) kgfCz 7,354,385,126,8623 e )2()4( =−−=→→→ 3) Uma placa de anúncio de 1200 N de peso, figura (3), está apoiada por uma junta esférica em A (reações Ax, Ay e Az) e por dois cabos (EF e BG). Determine as reações em A e forças nos cabos. Solução: Admite-se que as reações em A estão orientadas segundo o sentido positivo dos eixos xyz. A solução deste problema fica mais simples se trabalharmos com a notação vetorial. Logo, em primeiro lugar devemos obter as cotas dos pontos de interesse. B( 2,4; 0 ; 0) G( 0; 1,3; -2,4) E( 1,8; 0; 0) F( 0; 0,9; 0,5) ( ) ( ) ( )222 4,23,14,2 4,2;3,1;4,2 −++− −− = − − = BG BG BGλ � ( ) BBBGB FFF 66,0;358,0;66,0 −−== λ�� ( ) ( ) 222 5,09,08,1 5,0;9,0;8,1 ++− − = − − = EF EF EFλ � ( ) EEEFE FFF 241,0;434,0;868,0−== λ�� Com isto as equações de equilíbrio em força podem ser escritas diretamente como: 0868,066,00 =−−→=∑ EBxx FFAF (1) 01200434,0358,00 =−++→=∑ EByy FFAF (2) 0241,066,00 =+−→=∑ EBzz FFAF (3) Para se escrever as equações de equilíbrio em momento considera-se que a força peso de 1200 N atua no centro de gravidade da placa ou seja no ponto P(1,2; 0,75; 0). Continuando a solução, é melhor escrevermos as equações de momento em forma vetorial. jrFrFrM PEEBBA 12000 −×+×+×→=∑ � � � � � �� 0 012000 075,02,1 241,0434,0868,0 008,1 66,0358,066,0 004,2 � = − −+ − + −− kji