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Raízes do Brasil homem cordial

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“Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda, está entre os clássicos da interpretação sobre o que faz do Brasil ser o Brasil. Não há como falarmos da sociologia brasileira sem mencionarmos o que foi a geração de 30, que foi um grupo de pensadores, sociólogos, historiadores que na década de 30 do século XX vão repensar o Brasil e começar a desenvolver o pensamento sociológico brasileiro, tendo por intenção apontar, desvendar ou criar interpretações sobre o que é ser brasileiro? Ou o que nos faz brasileiro?
Então, Sérgio Buarque em sua obra debate as influências e os aspectos da colonização portuguesa no ser brasileiro, e para isso ele vai fazer uma distinção entre o que ele chama de trabalho e aventura e para isso ele recorre ao tipo de colonização que houve aqui no Brasil e compara isso com a América do Norte. No qual, nas colônias do norte (Canadá, México e EUA) houve desde o princípio um projeto das nações colonizadoras de ali formarem novas nações. Logo, havia um pensamento a longo prazo e toda uma questão cultural e religiosa muito forte da construção de novos países ao passo que as colônias de exploração que ocorreram na América Latina principalmente no Brasil, o que houve aqui foi aventura, pois os portugueses que aqui chegaram não tinham a intenção de formar aqui uma nova nação, a ideia era extrair riquezas, pau-brasil, o ouro e retornar a Portugal. Foi somente, com a vinda da família real em 1808, com o sucesso da cana-de-açúcar, o ouro das Minas Gerais que se começou a ideia de os portugueses habitarem o Brasil e formar aqui um novo país. Essa ideia da colonização feita com base na contingência, ou seja, na última hora, teria dado como consequência a nossa cultura, o jeitinho brasileiro, e ao que o autor chama de “Homem cordial”, são os principais aspectos do pensamento de Sérgio Buarque.
Contudo, o que difere o Brasil de outros países? Qual é a raiz daquilo que nós normalmente chamamos de “jeitinho brasileiro”? Para o autor a raiz disso é a força da família na nossa história, a família tem uma força tão intensa na nossa história que em todas as nossas relações sociais nós buscamos criar intimidade, familiaridade, proximidade, um exemplo clássico é que na nossa língua portuguesa falada no Brasil, temos o diminutivo o “inho”, quando falamos o “inho” criamos proximidade, afetividade, sendo assim, em todas as nossas relações nós buscamos criar intimidade e temos uma certa repulsa por aquilo que é muito impessoal, burocrático e assim buscamos sempre estar criando esta intimidade. 
Podemos pensar que o “Patrimonialismo” cujo conceito tem por objetivo compreender um modo específico de dominação, ou de poder, que atinge as esferas econômica e sociopolítica, é muito forte aqui, e um exemplo disso são casos de corrupção quando um vereador, deputado, ou ministro usa do seu cargo público para conseguir viajar, ou mesmo conseguir meios para dar emprego para parentes, amigos, ou seja, isso é apropriar-se do público como se fosse privado. Mais um exemplo disso é quando alguém toma uma parte da praia, ou avenida por ter muito dinheiro se apropria dela como se fosse privado e a pertencesse e se apropria do espaço público quando na verdade é de todos.
Esta nossa característica de querer transformar todas as relações em relações familiares, faz a gente segundo Sérgio Buarque, sermos todos homens cordiais, na visão dele cordial, significa generosidade, afável, de bom grado, como ele próprio traz em a expressão “lhaneza no trato”, onde o brasileiro age muito pelo coração e às vezes valoriza mais o emocional do que o racional, e segundo Buarque para o Brasil se desenvolver, crescer, aperfeiçoar nós temos que saber usar mais a razão, agir de forma racional, uma ação social mais racional e menos afetiva, menos cordial.

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