Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
GABARITO DA 2a PROVA DE FUNDAMENTOS DE MECAˆNICA - 26/04/2014- 08:00–09:50 Dados: dtn dt = ntn−1 ; ∫ tndt = tn+1 n+ 1 (para n 6= −1). Parte A - Questo˜es (sugesta˜o de valor: 40 pontos; 10 pontos por questa˜o Nota: seu professor pode atribuir outros valores, diferentes dos sugeridos!): Diante de cada questa˜o, afirme se e´ verdadeira ou falsa, justificando suas respostas em todas elas, se poss´ıvel com equac¸o˜es explicando seu racioc´ınio. Q1. Duas pedras sa˜o lanc¸adas juntas, com vetores velocidade de mesmo mo´dulo, do alto de um pre´dio. Uma das pedras e´ atirada com velocidade inicial ~vi1, formando um aˆngulo θ acima da horizontal e a outra e´ atirada com velocidade inicial ~vi2 horizontal. Desprezando a resisteˆncia do ar, as pedras batem no cha˜o em instantes diferentes, mas com velocidades de mesmo mo´dulo. A afirmativa esta´ CORRETA. Ao se desprezar a resisteˆncia do ar, a u´nica forc¸a que atua mas pedras enquanto elas caem e´ o peso de cada uma, e o peso e´ uma forc¸a conservativa. Como na˜o existem outras forc¸as, a energia mecaˆnica das pedras deve ficar constante. Ao serem lanc¸adas da mesma altura e com velocidades de mesmo mo´dulo, sua energia mecaˆnica (cine´tica mais potencial gravitacional) inicial e´ a mesma. Ao chegarem ao solo, novamente sua energia potencial gravitacional sera´ igual e, como a energia mecnica tem que ser igual, a sua energia cine´tica sera´ igual, implicando em velocidades de mesmo mo´dulo. No entanto, as componentes verticais de suas velocidades iniciais sera˜o diferentes, pois foram lanc¸adas fazendo aˆngulos diferentes com a horizontal. Como a sua acelerac¸a˜o vertical sera´ a mesma (a da gravidade) e as posic¸o˜es verticais inicial e final sa˜o as mesmas, o tempo gasto por cada pedra para chegar ao solo sera´ diferente, pelo fato de suas velocidades verticais iniciais terem sido diferentes. Q2. Uma part´ıcula esta´ sujeita a um potencial da forma U(x)=ax2+ bx, onde a=2,0 J/m 2 e b=1,0 J/m. O vetor forc¸a que atua sobre a part´ıcula, quando esta se encontra em x = 0m, e´ ~F=−1, 0Nıˆ. A relac¸a˜o entre a energia potencial e a forc¸a a ela associada e´ dada por ~F = −(dU/dx)ˆı. Derivando a energia potencial dada temos que F (x) = −(2ax + b) na direc¸a˜o do eixo x. Em x = 0 vemos que a forc¸a vale −bıˆ = −(1, 0 J/m)ˆı. A unidade Joule e´ igual a Nm (Newton vezes metro) e, portanto, 1,0(Nm/m)=1,0N e a afirmativa esta´ CORRETA. Q3. Em uma colisa˜o ela´stica entre duas part´ıculas de massa iguais, uma das part´ıculas sempre para (fica em repouso) apo´s o choque. A afirmativa esta´ INCORRETA. O que acontece em coliso˜es ela´sticas de duas massas iguais depende dos aˆngulos que as duas fazem com as direc¸o˜es iniciais do movimento. Se a colisa˜o e´ frontal e as duas part´ıculas so´ podem se movimentar em uma direc¸a˜o, as equac¸o˜es mostram que numa colisa˜o ela´stica elas simplesmente trocam de velocidades. Nesse tipo de colisa˜o uma das part´ıculas so´ parara´ apo´s a colisa˜o se a outra estiver parada antes da colisa˜o. Se a colisa˜o for bidimensional e uma delas estava parada antes da colisa˜o, pode-se demonstrar que o aˆngulo que fazem com a direc¸a˜o inicial da bola de se movimentava fazem, somados, 90◦. Nessa colisa˜o bidimensional nenhuma pode ficar parada apo´s a colisa˜o. Portanto, na˜o e´ sempre que a afirmativa se verifica. Q4. Em um sistema formado por 6 part´ıculas de massas iguais posicionadas nos ve´rtices de um hexa´gono, a posic¸a˜o do centro de massa e´ o centro do hexa´gono. Se duas part´ıculas em 2 ve´rtices opostos sa˜o substitu´ıdas por outras duas, cada uma com o dobro da massa inicial, o centro de massa do sistema e´ deslocado. A afirmativa esta´ INCORRETA. Veja a figura. O hexa´gono com as massas iguais em seus ve´rtices e´ uma figura sime´trica em relac¸a˜o ao eixo que passa pelo seu centro perpendicular ao seu plano. Se substituirmos duas part´ıculas em ve´rtices opostos por outras de massas diferentes das originais, mas ainda iguais entre si, a simetria do hexa´gono muda, mas o eixo perpendicular a seu plano e que passa pelo seu centro ainda e´ um eixo de simetria. Pelas propriedades do centro de massa com relac¸a˜o a simetria, o centro de massa desse novo hexa´gono continua no mesmo lugar. Parte B - Problemas (valor sugerido 60 pontos, 20 pontos por problema) P1– (20 pontos, 08:00–09:50) Um bloco de massa m esta´ em repouso e comprimindo uma mola de constante k com uma compressa˜o x em relac¸a˜o ao seu comprimento natural, como na figura abaixo. Quando o bloco e´ solto, ele e´ empurrado pela mola, livra-se dela quando esta chega ao seu comprimento natural, e desliza por uma superf´ıcie plana horizontal e sem atrito ate´ atingir um plano inclinado que forma um aˆngulo θ em relac¸a˜o a` horizontal. O bloco, enta˜o, sobe o plano inclinado sofrendo um atrito cine´tico (de coeficiente µc) ate´ atingir uma altura h, quando para momentaneamente. Determine a altura h em func¸a˜o de m, g, k, x, θ e µc mm tre cho co m a trito cin étic o θk m mola de constante k, inicialmente comprimida de x mola no equilíbrio e desenho esquemático: despreze as dimensões do bloco bloco com velocidade v parado bloco trecho sem atrito h se comparadas com as distâncias do problema v A C B Soluc¸a˜o Nesse problema existem 3 instantes importantes, marcados na figura: o instante inicial, marcado com a letraA em azul, quando a mola esta´ comprimida de x e o bloco parado; o instante marcado com a letraB em vermelho, quando o bloco esta´ se movendo ainda sobre a parte horizontal sem atrito e a mola, ja´ sem encostar no bloco, esta´ em sua posic¸a˜o de equil´ıbrio; e o instante quando o bloco esta´ momentaneamente parado sobre o plano inclinado, marcado com a letra C em verde. O peso do bloco, vertical, para baixo e exercido pela Terra, atua no bloco de A ate´ C, e e´ uma forc¸a conservativa. A mola produz outra forc¸a conservativa, que atua no bloco em A e logo desaparece, quando se desencosta dele. A superf´ıcie faz uma forc¸a normal no bloco de A ate´ C, tendo a caracter´ıstica de ser sempre perpendicular ao movimento do bloco, que se processa paralelamente a` superf´ıcie. Pelo fato de a parte horizontal da superf´ıcie na˜o possuir atrito, a forc¸a de atrito existe somente na parte inclinada, e e´ uma forc¸a na˜o-conservativa. Como o bloco esta´ em movimento, trata-se de atrito cine´tico. Existem va´rias formas de se resolver esse problema, mas a mais simples e direta e´ se utilizando ou (a) o teorema que diz que o trabalho total sobre um corpo em um determinado processo e´ a variac¸a˜o da energia cine´tica desse corpo no processo, ou (b) que o trabalho das forc¸as na˜o conservativas sobre um corpo num processo e´ igual a` variac¸a˜o da energia mecaˆnica no processo. Resolvendo pelo racioc´ınio (a), a trabalho total de A ate´ C sobre o corpo foi a soma dos trabalhos das forc¸as da (1) mola, (2) do peso, (3) da normal e (4) do atrito. A mola exerce um trabalho positivo cujo valor e´ Wmola= 1 2 kx2. O peso na˜o exerce trabalho de A ate´ B, mas de B ate´ C seu trabalho foi Wpeso=−mgh. A normal na˜o exerce trabalho em nenhuma parte do trajeto, pois e´ sempre perpendicular a` trajeto´ria. O atrito exerce um trabalho negativo, cujo valor e´ watrito=−FatD, onde Fat e´ o mo´dulo da forc¸a de atrito, e D a distaˆncia que o bloco percorre sobre a parte inclinada da superf´ıcie. Claramente na figura veˆ-se que h=D sen θ, e que D= h sen θ . Como o atrito e´ cine´tico, seu mo´dulo sera´ Fat=µcN=µcmg cos θ, onde o valor da normal foi calculado aplicando-se a segunda lei de Newton ao corpo na parte inclinada, e levando em conta que o bloco na˜o se movimenta perpendicularmente a` superf´ıcie. Portanto o trabalho do atrito e´ watrito=−µc(mg cos θ) ( h sen θ ) =−µcmgh cotg θ. A soma de todos os trabalhos realizados sobre o bloco de A ate´ C tem que ser igual a`variac¸a˜o de energia cine´tica no mesmo intervalo, que foi nula, pois o bloco estava parado tanto na situac¸a˜o inicial como na final. Portanto, de A ate´ C Wtotal = ( 1 2 kx2 ) + (−mgh) + 0 + (−µcmgh cotg θ) = ∆Ecin = 0 (1) ou h = 1 2 kx2 mg(1 + µc cotg θ) . (2) Pelo racioc´ınio (b), o trabalho do atrito, calculado acima, e´ igual a` variac¸a˜o de energia mecaˆnica entre os instantes A e C. Como nesses instantes o bloco estava parado (energia cine´tica nula), temos que nos preocupar somente com as energias potenciais, a ela´stica e a gravitacional. Em A a energia potencial e´ somente a da mola, se considerarmos nosso n´ıvel de energia potencial gravitacional a´ı como sendo nulo. Em C teremos, por sua vez, somente energia potencial gravitacional, uma vez que a mola esta´ no equil´ıbrio. Portanto, watrito = −µcmgh cotg θ = ∆Emec = mgh+ 0 + 0− ( 0 + 1 2 kx2 + 0 ) , (3) que, resolvendo h, da´ o mesmo resultado da Eq. (2) P2– (20 pontos, 08:00–09:50) Tarzan, de massa M , solta-se de uma a´rvore, com velocidade inicial nula, segurando um cipo´ de compri- mento L que faz um aˆngulo θ com a vertical. O cipo´ e´ inextens´ıvel e de massa desprez´ıvel. Na parte mais baixa de sua trajeto´ria, Tarzan encontra Jane, de massa m, a pega em seus brac¸os e os dois continuam juntos balanc¸ando no cipo´ e descrevendo uma trajeto´ria circular de raio L. Desprezando a resisteˆncia do ar e outras perdas de energia, obtenha a altura ma´xima atingida por Tarzan e Jane juntos, em relac¸a˜o ao ponto onde pegou Jane e em func¸a˜o de g, M , m, L e θ. Soluc¸a˜o Veja a figura ao lado, que mostra esquematica- mente a situac¸a˜o do problema. Enquanto Tarzan desce no arco de c´ırculo, atuam nele seu peso (forc¸a conservativa) e a tensa˜o do cipo´, que e´ sempre, nesse caso, perpendicular a` trajeto´ria do Tarzan. Por- tanto, a tensa˜o na˜o consegue realizar trabalho e, como na˜o existe atrito, podemos encontrar a velocidade de Tarzan no ponto mais baixo da trajeto´ria por con- servac¸a˜o de energia mecaˆnica. Acontece que Tarzan se encontra com Jane, que estava parada, e a pega rapidamente, num processo que pode ser considera- do como uma colisa˜o inela´stica. Nesse processo, na˜o ha´ conservac¸a˜o de energia, mas ha´ de quantidade de movimento linear, pelo fato de ser colisa˜o. Portanto, podemos calcular a velocidade dos dois logo apo´s o encontro, aplicando a conservac¸a˜o de quantidade de movimento linear. Apo´s o encontro, atuam nos dois somente os pesos (forc¸as conservativas) e a tensa˜o (que na˜o consegue realizar trabalho). MhM M m m θL L L H=L−Lcosθ Aplicando o racioc´ınio, a velocidade de Tarzan qiuando este encontra Jane e´ (conservac¸a˜o de energia mecaˆnica) MgH + 0 =MgL(1− cos θ) = 1 2 MV 2 + 0 ou V = √ 2gL(1− cos θ). (4) A velocidade dos dois logo apo´s o encontro pode ser calculada por conservac¸a˜o de quantidade de movi- mento linear MV + 0 = (M +m)Vconj ou Vconj = M M +m V = M M +m √ 2gL(1− cos θ). (5) Agora aplicamos novamente a condic¸a˜o de conservac¸a˜o de energia mecaˆnica, para calcular a altura h a que os dois chegam, no ma´ximo, apo´s o encontro, que sera´ quando toda a energia cine´tica dos dois se anular 1 2 (M +m)V 2conj + 0 = 1 2 (M +m) ( M M +m √ 2gL(1− cos θ) )2 = 0 + (M +m)gh, (6) ou h = ( M M +m )2 L(1− cos θ). (7) P3– (20 pontos, 08:00–09:50) Uma menina de massaM=5m desloca-se sobre um skate de massam, o conjunto com velocidade constante V0 em relac¸a˜o ao solo. Ela carrega consigo um peso de massa 2m. Em um certo momento, ela arremessa o peso com velocidade Vpm em relac¸a˜o a ela pro´pria, mas em direc¸a˜o oposta ao seu deslocamento, ou seja, em direc¸a˜o oposta a` velocidade do conjunto no momento do arremesso, sem sair de cima do skate. Desconsidere o atrito entre o skate e o cha˜o. P3.1– Descreva o movimento do conjunto menina–skate apo´s o arremesso do peso. Justifique a sua resposta. P3.2– Obtenha a velocidade final do conjunto menina–skate, em relac¸a˜o ao solo e em termos de m, V0 e de Vpm. Soluc¸a˜o P3.1– Se considerarmos a menina, o peso em suas ma˜os e o skate como um sistema, as forc¸as externas que atuam nesse sistema sa˜o os pesos, todos verticais e para baixo, e a normal do piso sobre o skate, vertical e para cima, pois o piso e´ horizontal e o enunciado informa para desprezar o atrito entre o skate e o cha˜o. Essa seria, se existisse, a u´nica forc¸a externa no sistema na horizontal. Todas as demais forc¸as (entre a menina e o skate e entre a menina e o peso) sa˜o internas ao sistema. Pela definic¸a˜o da posic¸a˜o do centro de massas de um sistema, as forc¸as internas na˜o conseguem acelerar essa posic¸a˜o. Como na˜o existem forc¸as externas na direc¸a˜o horizontal, a acelerac¸a˜o horizontal do centro de massa sera´ nula e, consequentemente, a velocidade do centro de massa sera´ constante, enquanto essa condic¸a˜o (de na˜o haver forc¸as externas na direc¸a˜o horizontal) for verdadeira. Portanto, ao lanc¸ar o peso para ”tra´s“, o conjunto menina–skate deve ser impulsionado para frente, para que a velocidade do centro de massa fique constante. P3.2– A definic¸a˜o de velocidade do centro de massa de um sistema constitu´ıdo de N part´ıculas e´ ~VCM = N∑ i=0 mi~Vi N∑ i=0 mi , (8) de forma que, considerando o nosso sistema (menina+peso+skate), a velocidade horizontal do centro de massa desse sistema em relac¸a˜o ao solo antes de a menina lanc¸ar o peso e´ igual a V0 (pois todos esta˜o juntos) e, logo apo´s o lanc¸amento sera´ igual a VCM,hor,antes = V0 = VCM,hor,depois = 5mVms,depois + 2mVp,s,depois +mVss,depois 5m+ 2m+m , (9) onde as massas ja´ foram substu´ıdas pelos dados do problema, Vms,depois e´ a velocidade da menina em relac¸a˜o ao solo, Vp,s,depois a velocidade do peso em relac¸a˜o ao solo, e Vss,depois a do skate em relac¸a˜o ao solo, todas depois do lanc¸amento. Como a menina ainda esta´ junto ao skate (em cima dele) suas velocidades sa˜o iguais e a Eq. (9) fica V0 = (5m+m)Vms,depois + 2mVp,s,depois 8m = 6Vms,depois + 2Vps,depois 8 . (10) Na˜o conhecemos nem a velocidade do conjunto skate–menina e nem a do peso, em relac¸a˜o ao solo, depois do lanc¸amento. Mas o enunciado nos da´ a velocidade relativa do peso em relac¸a˜o a´ menina e temos que Vps,depois = Vpm,depois + Vms,depois = −Vpm + Vms,depois, (11) onde considerei positivo a direc¸a˜o inicial do movimento e que a velocidade do peso em relac¸a˜o a` menina estava na outra direc¸a˜o (era negativa). Substituindo a Eq. (11), na Eq. (10), ficamos com uma equac¸a˜o com uma u´nica inco´gnita: 8V0 = 6Vms,depois + 2(−Vpm + Vms,depois). ou Vms,depois = V0 + Vpm 4 , (12) ou seja, a velocidade do conjunto menina–skate aumenta apo´s o lanc¸amento.
Compartilhar