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RESUMO
INCLUSÃO E TDAH: OS ENTRAVES NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS COM TDAH 
NA ESCOLA REGULAR NA VISÃO DOS EDUCADORES
A presente pesquisa tem como objetivo identificar as dificuldades existentes 
no processo de aprendizagem de crianças portadoras de TDAH (Transtorno de 
Déficit de Atenção e Hiperatividade) em escolas públicas regulares. Os professores 
das escolas públicas estão preparados para o processo de inclusão?
Os alunos com esse transtorno obtém um aprendizado satisfatório a partir dos 
métodos didáticos oferecidos??
Nesse sentido, optamos pelo método de pesquisa de coleta de dados, com 
profissionais educadores que possuam alunos com essa característica. Formulamos 
um questionário contendo quinze questões a fim de obter uma visão abrangente 
sobre o processo de inclusão dessas crianças, desde sua chegada a sala de aula, 
interação com os demais alunos e com o professor, até o alcance dos objetivos de 
aprendizagem.
Para a construção dessa pesquisa, nos embasamos em teorias já 
existentes. Da literatura, utilizamos a teoria de Lev Vygotsky, a qual já tivemos 
contato em dado momento do curso, que em seus estudos sobre o desenvolvimento 
humano, se dedicou também a estudar o desenvolvimento da criança portadora de 
deficiência. 
Nas descrições sobre o TDAH, características do transtorno, evolução 
histórica de sua classificação, as dificuldades de diagnóstico e de reconhecimento 
para o processo de inclusão, nos aprofundamos em artigos científicos disponíveis 
para pesquisa, que constam em nossas referências bibliográficas.
Palavras-chaves: Inclusão, TDAH, Escola Pública.
 
SUMÁRIO:
1. Introdução.................................................................................................................4
1.1 Levantamento Bibliográfico.........................................................................4
1.2 Objetivos: Geral e Específico.......................................................................7
1.3 Hipóteses.....................................................................................................7
1.4 Justificativa..................................................................................................8
2. Métodos....................................................................................................................9
2.1 Sujeitos........................................................................................................9
2.2 Instrumentos................................................................................................9
2.3 Procedimentos para Coleta de Dados.........................................................9
2.4 Ressalvas Éticas..........................................................................................9
3. Resultados..............................................................................................................11
4. Discussão...............................................................................................................15
5. Considerações Finais.............................................................................................18
6. Referências Bibliográficas......................................................................................20
7. Anexos....................................................................................................................23
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1. INTRODUÇÃO
1.1 Levantamento Bibliográfico 
O interesse em relação ao tema abordado para a construção dessa pesquisa, 
surgiu a partir das aulas de Educação Inclusiva, ministradas durante quinto período 
do curso de Psicologia (2017), o qual nos fez refletir sobre as propostas para a 
inclusão, e as divergências das mesmas na prática.
Observamos durante nossas pesquisas sobre o tema, que a dificuldade 
escolar é uma queixa frequente de pais e professores de crianças com TDAH 
(Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade). É por este motivo que iremos 
discorrer com uma explicação sobre o transtorno apresentado, e as barreiras 
encontradas no dia a dia para proporcionar um aprendizado satisfatório a essas 
crianças, apoiados em artigos científicos e literatura que abordam o assunto.
Segundo a Associação Brasileira de Déficit de Atenção, a ABDA, O 
Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno 
neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente 
acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de 
desatenção, inquietude e impulsividade. 
As dificuldades apresentadas por essas crianças eram comumente tratadas 
como falta de interesse, de disciplina ou até mesmo de educação, pois os seus 
sintomas estão diretamente relacionados a alterações comportamentais, e não de 
cognição. 
Por isso existe uma preocupação em relação ao diagnóstico desse transtorno, 
alguns aspectos que devem ser observados:
 A frequência e a intensidade que os sintomas aparecem, a duração dos mesmos e a 
interferência que eles causam na vida, ou seja, se acarreta ou não prejuízo no 
funcionamento da pessoa.
 Se os sintomas existem desde a infância ou início da adolescência.
 Se os sintomas não estão sendo provocados por nenhum outro transtorno conhecido
De acordo com os sintomas apresentados, o TDAH pode ser especificado em 
quatro tipos:
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• Tipo Desatento: não enxerga detalhes, faz erros por falta de cuidado, apresenta 
dificuldade em manter a atenção, parece não ouvir, tem dificuldade em seguir 
instruções, desorganização, evita/não gosta de tarefas que exigem um esforço 
mental prolongado, distrai-se com facilidade, esquece atividades diárias;
• Tipo Hiperativo/ Impulsivo: inquietação, mexer as mãos e os pés, remexer-se na 
cadeira, dificuldade em permanecer sentada, corre sem destino, sobe nos móveis ou 
muros, dificuldade em engajar-se numa atividade silenciosamente, fala 
excessivamente, responde perguntas antes delas serem formuladas, interrompem 
assuntos que estão sendo discutidos e se intrometem nas conversas;
• Tipo Combinado: quando o indivíduo apresenta os dois conjuntos de critérios 
desatento e hiperativo/impulsivo;
• Tipo Não Específico: quando as características apresentadas são insuficientes 
para se chegar a um diagnóstico completo, apesar dos sintomas desequilibrarem a 
rotina diária.
As crianças com TDAH apresentam maior dificuldade para aprendizagem, o 
que não está relacionado à falta de capacidade, mas a um déficit de desempenho.
Segundo a Fonoaudióloga e Psicopedagoga, Marília Piazzi Seno (Rev. 
psicopedag. vol.27 no.84 São Paulo 2010):
O TDAH vem sendo considerado pelos educadores como um fator 
preocupante, principalmente na fase escolar. Num período onde a criança 
inicia seu contato com a leitura e escrita, é necessário que mantenha sua 
atenção e concentração sustentados, a fim de que os objetivos pedagógicos 
propostos possam ser alcançados. Na idade escolar, crianças com TDAH 
apresentam maior probabilidade de repetência, evasão, baixo rendimento 
acadêmico e dificuldade emocionais e de relacionamento social.
A Constituição Federal de 1988 em seu artigo 208, inciso lll garante o 
atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, 
preferencialmente na rede regular de ensino. Assim como outros documentos que 
asseguram a transformação das escolas públicas em espaços inclusivos e de 
qualidade, valorizando as diferenças sociais, culturais, físicas e emocionais, 
fundamentando a atenção a diversidade e propondo uma gestão diferenciada e com 
métodos pedagógicos apropriados, como o Documento Subsidiário á Política de 
Inclusão (Secretaria de Educação Especial – Brasília 2005) sugere.
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Mas na prática, sabemos que o processo de inclusão é gradual, e luta 
diariamente com uma cultura de preconceitos, com barreiras burocráticas, ausência 
de preparo, infraestrutura e subsídios para se desenvolver.
Vygotsky,em seus estudos já observava: 
Quando surge diante de nós uma criança que se afasta do tipo humano 
normal, com o agravante de uma deficiência na organização 
psicofisiológica, imediatamente, mesmo aos olhos de um observador leigo, 
a convergência dá lugar a uma profunda divergência, uma discrepância, 
uma disparidade entre as linhas natural e cultural do desenvolvimento da 
criança.” (VIGOTSKI, Lev Semionovitch. A defectologia e o estudo do 
desenvolvimento e da educação da criança anormal)
Percebemos então que a mesma lei que inclui também exclui, na medida em 
que não prepara o ambiente escolar e nem os seus profissionais, promovendo 
apenas uma inserção física dos alunos com necessidades especiais.
Vale ressaltar ainda que portadores de síndromes e transtornos como o 
TDAH, o Autismo, Dislexia, não estão incluídos na lei de inclusão, o que dificulta 
ainda mais a entrada dessas crianças na escola regular, fazendo-se valer por vezes 
de ações jurídicas para garantia do seu ingresso e participação em escolas públicas.
É necessária a construção de projetos educativos que incorporem a 
diversidade, em uma ação conjunta com toda a comunidade escolar formulando 
estratégias que os ajudem a enfrentar esse desafio, estabelecendo uma rede de 
apoio aos educadores com novas propostas como uma forma de avaliação flexível 
para essas crianças, proposta de forma contínua.
A educação inclusiva incita um novo olhar da sociedade, traz a necessidade 
de ambientes menos restritivos, uma educação que seja realmente para todos. 
Nesse contexto cabe ao educador, refere-se ao conjunto escolar, utilizar a 
diversidade com um canal para troca de habilidades e conhecimentos, despertando 
valores, o reconhecimento das diferenças e das diferentes formas de aprendizagem, 
contribuindo para uma construção social nova e tolerante.
Vygostky (1991) afirma que, “corretamente organizada, a aprendizagem 
escolar oferece algo completamente novo para o desenvolvimento da criança, pois 
ativa e desencadeia processos internos.” 
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Para um melhor desempenho intelectual acadêmico, Vygotsky preferia a 
formação de grupos heterogêneos, pois as trocas psicossociais é que contribuem 
para o crescimento de cada grupo.
Educação Inclusiva é um trabalho que visa não só a oportunidade de 
integração das crianças portadoras de necessidades especiais, mas uma mudança 
de postura de uma comunidade em relação à convivência e aceitação das 
diferenças, preparando essas crianças para uma vida social produtiva e plena.
Escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os 
meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-se 
comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e 
alcançando educação para todos; além disso, tais escolas provêem uma 
educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em 
última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional. 
(Declaração de Salamanca -1994)
É necessário que o educador se perceba, mais do que nunca, como agente 
facilitador dos processos de aprendizagem, que possua conhecimento teórico sobre 
o TDAH, uma adaptação curricular, novos métodos de avaliação, que as escolas 
contemplem estrutura adequada, e que ainda possam atuar em conjunto, de forma 
multidisciplinar nesse contexto, como apoio de uma diretoria atuante, assistência 
social, psicólogos e educadores, todos em prol de uma sociedade esclarecida e 
atuante.
1.2 Objetivos: Geral e Específico
Os objetivos da pesquisa apresentada, são verificar se na prática é possível 
garantir que a criança com TDAH consiga, incluída em escola pública de ensino 
regular, adquirir os conhecimentos de acordo com a sua faixa etária e interagir com 
o meio social onde está inserida, esclarecendo como é a rotina em sala de aula, e se 
os objetivos didáticos propostos são alcançados.
1.3 Hipóteses
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 A escola pública regular não está preparada para atender a demanda 
de crianças portadoras de TDAH.
 Deve-se instituir uma cooperação multidisciplinar nas escolas, para que 
os profissionais atuem em conjunto nos processos de Inclusão 
revisando conceitos e aperfeiçoando técnicas.
 Educação Inclusiva deve ser uma proposta bilateral, onde se estimula 
a integralidade de ambos os lados. 
1.4 Justificativa
Inicialmente é necessário um acompanhamento efetivo das crianças que 
apresentem sintomas de alteração de comportamento, para que haja um diagnóstico 
que comprove a sua situação. Evitando assim que elas sejam rotuladas e 
estigmatizadas por suas dificuldades ou limitações.
O TDAH ( Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) é um transtorno 
de comportamento, característico pela impulsividade, desatenção e hiperatividade, o 
que causa dificuldades de aprendizagem e de interação com o meio social.
É necessário uma interação dos educadores sobre o tema, para que o 
processo de aprendizagem seja de fato produtivo e os objetivos estabelecidos sejam 
alcançados.
A inclusão deve ser vista como uma relação de troca de habilidades e 
aprendizados, onde se prepara os portadores de necessidades especiais para a vida 
e as relações sociais, mas de forma inversa a sociedade também é parada para 
eles, em uma relação de aceitação mútua e respeito crescente.
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2. MÉTODOS
2.1 Sujeitos
Três profissionais educadores de escola pública de ensino regular, com 
alunos previamente diagnosticados com TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e 
Hiperatividade), matriculados regularmente.
2.2 Instrumentos
 Questionário a ser apresentado aos educadores, contendo 15 questões.
 Carta de Apresentação
 Termo de Consentimento
 Computador
 Impressora
 Papel
 Caneta
2.3 Procedimentos para Coleta de Dados
A partir de um levantamento bibliográfico sobre o tema escolhido, pontuamos 
as questões a serem abordadas e formulamos um questionário para coleta de 
dados. Será feito o agendamento diretamente com os sujeitos, para realização de 
uma entrevista e aplicação desse questionário.
2.4 Procedimentos para Análise de Dados
Com o questionário respondido pelos educadores entrevistados, teremos uma 
análise qualitativa a respeito dos entraves educacionais em relação às crianças 
portadoras de TDAH, e as providencias que devem ser tomadas acerca da 
educação inclusiva.
2.5 Ressalvas Éticas
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Fica resguardado o anonimato dos sujeitos da pesquisa, assim como a 
possibilidade de desistência a qualquer momento durante o processo.
Para a construção dessa pesquisa não será cobrado, aceito ou pago nenhum 
valor monetário, ou qualquer espécie de contribuição.
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3. RESULTADOS
Aplicamos um questionário contendo quinze questões a três professores que 
ministram aulas em escolas públicas no Estado de São Paulo, e possuem alunos 
diagnosticados com TDAH em suas turmas regulares, apresentaremos os dados 
coletados. 
Quadro 1: Características dos alunos
Nome Professor Idade do aluno Ano Escolar
Professor 1 14 anos 8° ano
Professor 2 18 anos 1° ano - EM
Professor 3 8 anos 2° ano
Fonte: Dados coletados pela pesquisadora.
No quadro 1 destacamos os dados como nome fictício do professor, idade do 
respectivo aluno e ano escolar que o aluno se encontra.
Quadro 2: Características do entrevistado.
Professor Sexo Formação Acadêmica Pós Graduação Tempo na Função
Professor 
1 Feminino
Pedagogia e Artes 
Plásticas Neuropsicopedagogia 25 anos
Professor 
2 Feminino
Letras (Português/ 
Inglês)
Educação inclusiva e 
libras 15 anos 
Professor 
3 Feminino Magistério - 20 anos
Fonte: Dados coletados pela pesquisadora.
O quadro 2 apresenta dados referentes a sexo, formação acadêmica, pós 
graduação e tempo que exerce a função de professor. Com esses dados é possível 
verificar que os entrevistados são do sexo feminino e que todas possuem uma vasta 
experiência na área da educação e a que apenas1 entrevistados não possui 
formação em curso superior e pós graduação.
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Após a coleta de dados, categorizamos as informações adquiridas a fim de 
trazer maior visibilidade das características observadas.
Categoria 1: Manifestações do comportamento.
Comportamento Descrição Frequência 
Disperso
Separação (de pessoas ou coisas) para 
diferentes partes. 100%
Agressividade Que tem tendência para atacar ou provocar. 100%
Hiperatividade Excesso de atividade 66,66%
Facilidade com a 
oralidade Exposição oral 33%
Fonte: Dados coletados pela pesquisadora. Para a descrição foi utilizada como 
fonte o dicionário Aurélio. 
De acordo com o quadro acima é possível verificar que existe mais 
características de comportamento do que o número de entrevistados, isso ocorre 
pois todos os professores entrevistados relatam mais do que uma característica de 
comportamento presente no aluno que possui o transtorno TDAH.
Os comportamentos de dispersão e agressividade aparecem no discurso de 
todos os professores entrevistados. Logo após aparece a hiperatividade com 66% e 
facilidade com a oralidade aparece com 33% , em apenas uma entrevista.
Houve uma unanimidade entre as entrevistadas, relatando que esse 
comportamento influencia o desenvolvimento do aluno em relação ao conteúdo 
oferecido.
Categoria 2: Convivência Social
Professor Relação Aluno X Turma Relação Turma X Aluno
Professor 1 Satisfatório Satisfatório
Professor 2 Satisfatório Satisfatório
Professor 3 Satisfatório Satisfatório
Fonte: Dados coletados pela pesquisadora.
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O quadro acima revela que a relação Aluno X Turma e Turma X Aluno é 
favorável. Segundo Viaro (2008), proporcionar um ambiente acolhedor, favorecer 
oportunidades sociais, trabalho de aprendizagem em grupo favorece para o 
desenvolvimento e atenção da criança com TDHA em sala de aula.
Categoria 3: Inserção do aluno em ensino regular
Professor Ensino Regular
Educação 
Especial
Professor 1 Sim Não
Professor 2 Sim Não
Professor 3 Sim Não
Fonte: Dados coletados pela pesquisadora.
O quadro acima destaca que todos os alunos mencionados na pesquisa 
frequentam turmas regulares. Com os dados obtidos é possível compreender que a 
inclusão dos alunos com TDAH em turmas regulares é a melhor opção e que os 
professores precisam estar preparados para lidar com os alunos com TDAH, adaptar 
sua metodologia possibilitando assim que o aluno tenha as suas necessidades 
atendidas.
Categoria 4: Orientação específica ao educador em relação ao TDAH
Professor Em Curso Superior Fornecida Pelo Estado
Professor 1 Não Não
Professor 2 Não Não
Professor 3 Não Não
Fonte: Dados coletados pela pesquisadora.
No quadro acima podemos observar que não há nenhum tipo de treinamento 
ou orientação específica que facilite a tratativa com esses alunos, que precisam de 
uma atenção especial em sala de aula. Podemos ver também a dificuldade que o 
professor tem em oferecer um ensino de qualidade, mesmo tendo anos de profissão, 
ele necessita de um apoio que o estado não tem disponibilizado.
Houve uma concordância em relação a não ter um auxílio para profissionais
qualificados em sala de aula para facilitar o desempenho do aluno. 
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Categoria 5: Participação da família no processo de inclusão
Professor Satisfatório
Professor 1 Não
Professor 2 Não
Professor 3 Não
Fonte: Dados coletados pela pesquisadora.
O quadro acima nos traz um cenário preocupante no processo de inclusão 
desses alunos. Todas as entrevistadas concordam que não há uma participação 
efetiva da família nesse processe. Quando questionada sobre o modo de avaliação, 
e se há algum tipo de acompanhamento ao aluno, professora 3 relata que “Existe 
uma psicóloga da prefeitura que ajuda no diagnóstico, mas não passa disso. Muito 
raramente o acompanhamento é algo que se consiga. Seja pela prefeitura não 
disponibilizar o atendimento, ou quando se consegue, os pais são negligentes com a 
criança”.
Uma das entrevistadas quando questionada em relação ao desenvolvimento 
desse aluno, no sentido de conseguir acompanhar o programa didático oferecido diz 
que “Não, pois os pais muitas vezes só querem eles na escola como forma de 
descanso, e as escolas por sua vez não tem estrutura física nem comportamental 
dos funcionários ou corpo docente”.
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4. DISCUSSÃO
O questionário foi respondido por três professoras de escolas públicas de 
ensino regular. A utilização dos questionários foi utilizada com o objetivo de entender 
o comportamento e desenvolvimento de crianças com TDAH no contexto atual de 
ensino, na visão desses profissionais.
Pudemos verificar com os dados coletados que a forma como a criança é 
direcionada a série da qual fará parte, é de acordo com o ano corresponde a sua 
idade, e não com uma avaliação que indique a sua real situação e necessidade de 
aprendizado. E, na maioria dos casos, não há atenção necessária durante esse 
processo de inclusão.
Essa falta de estrutura e auxílio adequados a criança, faz com que ela não 
acompanhe o ritmo do conteúdo proposto, sua evolução, se contrapondo aos 
demais alunos, acontece de forma mais lenta e progressiva, o que pode acarretar 
em inúmeros problemas, como ansiedades e frustrações. 
Uma área de grande dificuldade para crianças com TDAH está nas 
realizações acadêmicas (a produtividade do trabalho na sala de aula e no 
desempenho acadêmico o nível de dificuldade daquilo que as crianças já 
aprenderam e dominaram). Quase todas as crianças com TDAH em 
tratamento clínico vão mal na escola. Geralmente, apresentam desempenho 
fraco em relação aos próprios níveis conhecidos de habilidades, 
determinados por teste de inteligência e desempenho acadêmico. (Barkley, 
2008a, p. 137).
O comportamento dessas crianças também foi apontado pelos professores 
como uma dificuldade a mais em seu desenvolvimento. Uma das entrevistadas 
relata que “Sua oralidade é muito autêntica, reproduz facilmente o aprendizado, 
embora sendo muito disperso. Sua escrita requer acompanhamento e reforço, seu 
atitudinal muitas vezes é abaixo do básico.”. 
Em outro caso a entrevistada diz: “Quer executar múltiplas tarefas 
simultaneamente, sem conseguir concluir qualquer uma delas. Falta de atenção 
constante, sempre atento ao que os colegas estão fazendo, hiperativo, as vezes age 
de forma violenta, mas sem ter a real noção da gravidade dos seus atos.”
Sabemos que ainda existe uma dificuldade para diagnosticar corretamente o 
TDAH, e que algumas crianças antes de obterem esse diagnóstico, são rotuladas 
como indisciplinadas, pestinhas e até sem educação, e sofrem com esse prévio 
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julgamento. Há que se destituírem os rótulos, desvincular-se do preconceito 
existente para que assim possa se desenvolver um ambiente que acolha, aceite e 
estimule o pleno desenvolvimento da criança com TDAH.
O TDAH não é um transtorno que afeta apenas o comportamento da 
criança. Na medida em que afeta também a capacidade para a 
aprendizagem, a escola precisa assumir o importante papel de organizar os 
processos de ensino de forma a favorecer ao máximo a aprendizagem. Para 
tal, é necessário que direção, coordenações, equipe técnica e professores 
se unam para planejar e implementar as técnicas e estratégias de ensino 
que melhor atendam ás necessidades dos alunos que se encontram sob 
sua responsabilidade. (POIS, 2009, p.26)
Ainda existem barreiras a serem transpostas, como a falta de informação 
adequada aos profissionais educadores em relação a esse transtorno e um 
comprometimento efetivo dos pais nessa jornada. A inclusão não deve ser vista 
apenas como a inserção física da criança no âmbito escolar, mas como um processo 
que mobilize todos que participam do contexto onde essa criança está inserida, um 
processo com engajamento social, que vise mais do que o aprendizado didático e 
prepare essa criança para o convívio social, dandoa ela condições de autonomia e 
confiança, para uma vida adulta preparada e plena.
Para VIGOTSKY, o aprendizado se dá através da interação com mediadores 
simbólicos e por instrumentos, sendo o sujeito ativo e interativo na construção da 
cultura. A internalização que ocorre a partir das interações com mediadores 
externos permite ao sujeito formar e amadurecer seus mediadores internos: 
pensamentos, linguagem e afeto. Conforme KOHL (2010, p. 35).
Quando trabalhamos com os processos superiores que caracterizam o 
funcionamento psicológico tipicamente humano, as representações mentais 
da realidade exterior são, na verdade, os principais mediadores a serem 
considerados na relação do homem com o mundo.
Uma informação que constatamos durante nossas pesquisas, e que dificulta 
ainda mais o dia a dia das pessoas incluídas nesse aprocesso, é que síndromes e 
transtornos como o TDAH, autismo, dislexia, não são consideradas deficiências e 
por isso não fazem parte da Lei de Inclusão. A partir daí, os pais dessas crianças 
passam a contar com a “boa vontade” das escolas públicas em aceitar essas 
crianças como nesse sistema, o que algumas vezes não acontece, e é necessário 
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que os pais entrem com processos judiciais para conseguirem uma liminar que 
determine aquela escola aceitar a criança em sistema de inclusão.
A Declaração de Salamanca discorre como questão central, sobre a inclusão 
de crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais dentro do 
sistema regular de ensino.
Pode-se dizer que o conjunto de recomendações e propostas da Declaração de 
Salamanca, é guiado pelos seguintes princípios:
 Independente das diferenças individuais, a educação é direito de todos;
 Toda criança que possui dificuldade de aprendizagem pode ser considerada com 
necessidades educativas especiais;
 A escola deve adaptar–se às especificidades dos alunos, e não os alunos as 
especificidades da escola;
 O ensino deve ser diversificado e realizado num espaço comum a todas as crianças.
Nesse sentido, nos parece fundamental uma melhoria na metodologia e nos 
recursos oferecidos, que permitam um desempenho mais adequado no atendimento 
ao aluno com TDAH, que sejam desenvolvidas atividades que atendam as 
necessidades desses alunos, e oferecidos cursos que visem a qualificação dos 
professores.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho teve como objetivo estudar, a partir da ótica dos docentes, se é 
possível a escola pública atender a demanda de crianças portadoras de TDAH. Para 
obter respostas buscamos, através de entrevistas com profissionais da área, 
compreender o quadro atual de ensino e compara-las com a literatura.
Com a pesquisa constatamos que os professores tem conhecimento sobre o 
transtorno, porem não tem suporte do Governo para atender corretamente a 
demanda.
Constatou-se a falta de apoio psicológico nas escolas, pois, em sua maioria, 
os alunos acabam por ser encaminhados para psicólogos da prefeitura, que são 
esporádicos e apenas alguns conseguem passar em avaliação.
A partir dos dados obtidos vemos explicitamente que a cooperação 
multidisciplinar é a chave para inclusão. Isso é essencial para todas as crianças 
inseridas na rede de ensino, não sendo, portanto, algo restrito a crianças com 
transtorno ou alguma deficiência.
Quando olhamos pontualmente para crianças com TDAH a necessidade de 
cooperação multidisciplinar é gritante. Uma vez que é de difícil reconhecimento e 
credibilidade, pois ainda há quem acredite que o transtorno trata-se apenas de uma 
questão disciplinar.
Os profissionais concordam que a interação multidisciplinar facilita o 
acompanhamento e o desenvolvimento desses alunos, mas não apenas isso, 
afirmam ser necessário e imprescindível o acompanhamento psicológico e a 
conscientização dos pais pois, muitas vezes, estes não tem a orientação correta 
sobre o transtorno do filho.
Percebemos também que incluir as crianças com TDAH de forma bilateral é 
um dos grandes desafios hoje na educação. Constatamos que os profissionais não 
tem o amparo que necessitam para realizar seu trabalho. 
A falta de amparo não é novidade no cenário da educação no Brasil. O 
problema é que o subsídio do Governo é imprescindível para a promoção adequado 
do ensino, e quando a criança necessita de cuidados específicos os obstáculos são 
intensificados.
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Como Vygostky afirmou, é necessária uma estrutura corretamente organizada 
para que haja o aprendizado. Porém, no contexto atual do país, torna-se cada vez 
mais difícil sua efetivação.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARTIGOS
ABDA - Associação Brasileira Do Déficit De Atenção. O QUE É TDAH
Disponível em: http://tdah.org.br/sobre-tdah/o-que-e-tdah/
Acesso em: 22 set. 2017.
AMPID - Associação Nacional dos Membros do Ministério Público de Defesa dos 
Direitos dos Idosos e Pessoas com Deficiência - Convenções e Declarações da ONU 
sobre a Pessoa com Deficiência. Normas Sobre Equiparação De Oportunidades, 
Organização das Nações Unidas – ONU Resolução nº48/96, de 20/12/93.
Disponível em
http://www.ampid.org.br/ampid/Docs_PD/Convencoes_ONU_PD.php#normas1
Acessado em: 24 set. 2017.
Documento Subsidiário À Política De Inclusão. Ministério da Educação, Secretaria 
de Educação Especial, Brasília 2005.
Disponível em: 
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/docsubsidiariopoliticadeinclusao.pdf
Acesso em: 24 set. 2017.
GHIGIARELLI, Denise Ferreira. Tdah e o Processo De Aprendizagem.
ABDA - Associação Brasileira Do Déficit De Atenção
Disponível em: http://tdah.org.br/tdah-e-o-processo-de-aprendizagem/
Acesso em: 22 set. 2017.
LEITE, Hilusca Alves; TULESKI, Silvana Calvo. Psicologia Histórico-Cultural e 
desenvolvimento da atenção voluntária: novo entendimento para o TDAH - Psicol. 
Esc. Educ. (Impr.) vol.15 no.1 Maringá Jan./June 2011.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
85572011000100012
Acesso em: 22 set. 2017.

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