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RESUMO INCLUSÃO E TDAH: OS ENTRAVES NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS COM TDAH NA ESCOLA REGULAR NA VISÃO DOS EDUCADORES A presente pesquisa tem como objetivo identificar as dificuldades existentes no processo de aprendizagem de crianças portadoras de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) em escolas públicas regulares. Os professores das escolas públicas estão preparados para o processo de inclusão? Os alunos com esse transtorno obtém um aprendizado satisfatório a partir dos métodos didáticos oferecidos?? Nesse sentido, optamos pelo método de pesquisa de coleta de dados, com profissionais educadores que possuam alunos com essa característica. Formulamos um questionário contendo quinze questões a fim de obter uma visão abrangente sobre o processo de inclusão dessas crianças, desde sua chegada a sala de aula, interação com os demais alunos e com o professor, até o alcance dos objetivos de aprendizagem. Para a construção dessa pesquisa, nos embasamos em teorias já existentes. Da literatura, utilizamos a teoria de Lev Vygotsky, a qual já tivemos contato em dado momento do curso, que em seus estudos sobre o desenvolvimento humano, se dedicou também a estudar o desenvolvimento da criança portadora de deficiência. Nas descrições sobre o TDAH, características do transtorno, evolução histórica de sua classificação, as dificuldades de diagnóstico e de reconhecimento para o processo de inclusão, nos aprofundamos em artigos científicos disponíveis para pesquisa, que constam em nossas referências bibliográficas. Palavras-chaves: Inclusão, TDAH, Escola Pública. SUMÁRIO: 1. Introdução.................................................................................................................4 1.1 Levantamento Bibliográfico.........................................................................4 1.2 Objetivos: Geral e Específico.......................................................................7 1.3 Hipóteses.....................................................................................................7 1.4 Justificativa..................................................................................................8 2. Métodos....................................................................................................................9 2.1 Sujeitos........................................................................................................9 2.2 Instrumentos................................................................................................9 2.3 Procedimentos para Coleta de Dados.........................................................9 2.4 Ressalvas Éticas..........................................................................................9 3. Resultados..............................................................................................................11 4. Discussão...............................................................................................................15 5. Considerações Finais.............................................................................................18 6. Referências Bibliográficas......................................................................................20 7. Anexos....................................................................................................................23 5 1. INTRODUÇÃO 1.1 Levantamento Bibliográfico O interesse em relação ao tema abordado para a construção dessa pesquisa, surgiu a partir das aulas de Educação Inclusiva, ministradas durante quinto período do curso de Psicologia (2017), o qual nos fez refletir sobre as propostas para a inclusão, e as divergências das mesmas na prática. Observamos durante nossas pesquisas sobre o tema, que a dificuldade escolar é uma queixa frequente de pais e professores de crianças com TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade). É por este motivo que iremos discorrer com uma explicação sobre o transtorno apresentado, e as barreiras encontradas no dia a dia para proporcionar um aprendizado satisfatório a essas crianças, apoiados em artigos científicos e literatura que abordam o assunto. Segundo a Associação Brasileira de Déficit de Atenção, a ABDA, O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. As dificuldades apresentadas por essas crianças eram comumente tratadas como falta de interesse, de disciplina ou até mesmo de educação, pois os seus sintomas estão diretamente relacionados a alterações comportamentais, e não de cognição. Por isso existe uma preocupação em relação ao diagnóstico desse transtorno, alguns aspectos que devem ser observados: A frequência e a intensidade que os sintomas aparecem, a duração dos mesmos e a interferência que eles causam na vida, ou seja, se acarreta ou não prejuízo no funcionamento da pessoa. Se os sintomas existem desde a infância ou início da adolescência. Se os sintomas não estão sendo provocados por nenhum outro transtorno conhecido De acordo com os sintomas apresentados, o TDAH pode ser especificado em quatro tipos: 6 • Tipo Desatento: não enxerga detalhes, faz erros por falta de cuidado, apresenta dificuldade em manter a atenção, parece não ouvir, tem dificuldade em seguir instruções, desorganização, evita/não gosta de tarefas que exigem um esforço mental prolongado, distrai-se com facilidade, esquece atividades diárias; • Tipo Hiperativo/ Impulsivo: inquietação, mexer as mãos e os pés, remexer-se na cadeira, dificuldade em permanecer sentada, corre sem destino, sobe nos móveis ou muros, dificuldade em engajar-se numa atividade silenciosamente, fala excessivamente, responde perguntas antes delas serem formuladas, interrompem assuntos que estão sendo discutidos e se intrometem nas conversas; • Tipo Combinado: quando o indivíduo apresenta os dois conjuntos de critérios desatento e hiperativo/impulsivo; • Tipo Não Específico: quando as características apresentadas são insuficientes para se chegar a um diagnóstico completo, apesar dos sintomas desequilibrarem a rotina diária. As crianças com TDAH apresentam maior dificuldade para aprendizagem, o que não está relacionado à falta de capacidade, mas a um déficit de desempenho. Segundo a Fonoaudióloga e Psicopedagoga, Marília Piazzi Seno (Rev. psicopedag. vol.27 no.84 São Paulo 2010): O TDAH vem sendo considerado pelos educadores como um fator preocupante, principalmente na fase escolar. Num período onde a criança inicia seu contato com a leitura e escrita, é necessário que mantenha sua atenção e concentração sustentados, a fim de que os objetivos pedagógicos propostos possam ser alcançados. Na idade escolar, crianças com TDAH apresentam maior probabilidade de repetência, evasão, baixo rendimento acadêmico e dificuldade emocionais e de relacionamento social. A Constituição Federal de 1988 em seu artigo 208, inciso lll garante o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. Assim como outros documentos que asseguram a transformação das escolas públicas em espaços inclusivos e de qualidade, valorizando as diferenças sociais, culturais, físicas e emocionais, fundamentando a atenção a diversidade e propondo uma gestão diferenciada e com métodos pedagógicos apropriados, como o Documento Subsidiário á Política de Inclusão (Secretaria de Educação Especial – Brasília 2005) sugere. 7 Mas na prática, sabemos que o processo de inclusão é gradual, e luta diariamente com uma cultura de preconceitos, com barreiras burocráticas, ausência de preparo, infraestrutura e subsídios para se desenvolver. Vygotsky,em seus estudos já observava: Quando surge diante de nós uma criança que se afasta do tipo humano normal, com o agravante de uma deficiência na organização psicofisiológica, imediatamente, mesmo aos olhos de um observador leigo, a convergência dá lugar a uma profunda divergência, uma discrepância, uma disparidade entre as linhas natural e cultural do desenvolvimento da criança.” (VIGOTSKI, Lev Semionovitch. A defectologia e o estudo do desenvolvimento e da educação da criança anormal) Percebemos então que a mesma lei que inclui também exclui, na medida em que não prepara o ambiente escolar e nem os seus profissionais, promovendo apenas uma inserção física dos alunos com necessidades especiais. Vale ressaltar ainda que portadores de síndromes e transtornos como o TDAH, o Autismo, Dislexia, não estão incluídos na lei de inclusão, o que dificulta ainda mais a entrada dessas crianças na escola regular, fazendo-se valer por vezes de ações jurídicas para garantia do seu ingresso e participação em escolas públicas. É necessária a construção de projetos educativos que incorporem a diversidade, em uma ação conjunta com toda a comunidade escolar formulando estratégias que os ajudem a enfrentar esse desafio, estabelecendo uma rede de apoio aos educadores com novas propostas como uma forma de avaliação flexível para essas crianças, proposta de forma contínua. A educação inclusiva incita um novo olhar da sociedade, traz a necessidade de ambientes menos restritivos, uma educação que seja realmente para todos. Nesse contexto cabe ao educador, refere-se ao conjunto escolar, utilizar a diversidade com um canal para troca de habilidades e conhecimentos, despertando valores, o reconhecimento das diferenças e das diferentes formas de aprendizagem, contribuindo para uma construção social nova e tolerante. Vygostky (1991) afirma que, “corretamente organizada, a aprendizagem escolar oferece algo completamente novo para o desenvolvimento da criança, pois ativa e desencadeia processos internos.” 8 Para um melhor desempenho intelectual acadêmico, Vygotsky preferia a formação de grupos heterogêneos, pois as trocas psicossociais é que contribuem para o crescimento de cada grupo. Educação Inclusiva é um trabalho que visa não só a oportunidade de integração das crianças portadoras de necessidades especiais, mas uma mudança de postura de uma comunidade em relação à convivência e aceitação das diferenças, preparando essas crianças para uma vida social produtiva e plena. Escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso, tais escolas provêem uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional. (Declaração de Salamanca -1994) É necessário que o educador se perceba, mais do que nunca, como agente facilitador dos processos de aprendizagem, que possua conhecimento teórico sobre o TDAH, uma adaptação curricular, novos métodos de avaliação, que as escolas contemplem estrutura adequada, e que ainda possam atuar em conjunto, de forma multidisciplinar nesse contexto, como apoio de uma diretoria atuante, assistência social, psicólogos e educadores, todos em prol de uma sociedade esclarecida e atuante. 1.2 Objetivos: Geral e Específico Os objetivos da pesquisa apresentada, são verificar se na prática é possível garantir que a criança com TDAH consiga, incluída em escola pública de ensino regular, adquirir os conhecimentos de acordo com a sua faixa etária e interagir com o meio social onde está inserida, esclarecendo como é a rotina em sala de aula, e se os objetivos didáticos propostos são alcançados. 1.3 Hipóteses 9 A escola pública regular não está preparada para atender a demanda de crianças portadoras de TDAH. Deve-se instituir uma cooperação multidisciplinar nas escolas, para que os profissionais atuem em conjunto nos processos de Inclusão revisando conceitos e aperfeiçoando técnicas. Educação Inclusiva deve ser uma proposta bilateral, onde se estimula a integralidade de ambos os lados. 1.4 Justificativa Inicialmente é necessário um acompanhamento efetivo das crianças que apresentem sintomas de alteração de comportamento, para que haja um diagnóstico que comprove a sua situação. Evitando assim que elas sejam rotuladas e estigmatizadas por suas dificuldades ou limitações. O TDAH ( Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) é um transtorno de comportamento, característico pela impulsividade, desatenção e hiperatividade, o que causa dificuldades de aprendizagem e de interação com o meio social. É necessário uma interação dos educadores sobre o tema, para que o processo de aprendizagem seja de fato produtivo e os objetivos estabelecidos sejam alcançados. A inclusão deve ser vista como uma relação de troca de habilidades e aprendizados, onde se prepara os portadores de necessidades especiais para a vida e as relações sociais, mas de forma inversa a sociedade também é parada para eles, em uma relação de aceitação mútua e respeito crescente. 10 2. MÉTODOS 2.1 Sujeitos Três profissionais educadores de escola pública de ensino regular, com alunos previamente diagnosticados com TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), matriculados regularmente. 2.2 Instrumentos Questionário a ser apresentado aos educadores, contendo 15 questões. Carta de Apresentação Termo de Consentimento Computador Impressora Papel Caneta 2.3 Procedimentos para Coleta de Dados A partir de um levantamento bibliográfico sobre o tema escolhido, pontuamos as questões a serem abordadas e formulamos um questionário para coleta de dados. Será feito o agendamento diretamente com os sujeitos, para realização de uma entrevista e aplicação desse questionário. 2.4 Procedimentos para Análise de Dados Com o questionário respondido pelos educadores entrevistados, teremos uma análise qualitativa a respeito dos entraves educacionais em relação às crianças portadoras de TDAH, e as providencias que devem ser tomadas acerca da educação inclusiva. 2.5 Ressalvas Éticas 11 Fica resguardado o anonimato dos sujeitos da pesquisa, assim como a possibilidade de desistência a qualquer momento durante o processo. Para a construção dessa pesquisa não será cobrado, aceito ou pago nenhum valor monetário, ou qualquer espécie de contribuição. 12 3. RESULTADOS Aplicamos um questionário contendo quinze questões a três professores que ministram aulas em escolas públicas no Estado de São Paulo, e possuem alunos diagnosticados com TDAH em suas turmas regulares, apresentaremos os dados coletados. Quadro 1: Características dos alunos Nome Professor Idade do aluno Ano Escolar Professor 1 14 anos 8° ano Professor 2 18 anos 1° ano - EM Professor 3 8 anos 2° ano Fonte: Dados coletados pela pesquisadora. No quadro 1 destacamos os dados como nome fictício do professor, idade do respectivo aluno e ano escolar que o aluno se encontra. Quadro 2: Características do entrevistado. Professor Sexo Formação Acadêmica Pós Graduação Tempo na Função Professor 1 Feminino Pedagogia e Artes Plásticas Neuropsicopedagogia 25 anos Professor 2 Feminino Letras (Português/ Inglês) Educação inclusiva e libras 15 anos Professor 3 Feminino Magistério - 20 anos Fonte: Dados coletados pela pesquisadora. O quadro 2 apresenta dados referentes a sexo, formação acadêmica, pós graduação e tempo que exerce a função de professor. Com esses dados é possível verificar que os entrevistados são do sexo feminino e que todas possuem uma vasta experiência na área da educação e a que apenas1 entrevistados não possui formação em curso superior e pós graduação. 13 Após a coleta de dados, categorizamos as informações adquiridas a fim de trazer maior visibilidade das características observadas. Categoria 1: Manifestações do comportamento. Comportamento Descrição Frequência Disperso Separação (de pessoas ou coisas) para diferentes partes. 100% Agressividade Que tem tendência para atacar ou provocar. 100% Hiperatividade Excesso de atividade 66,66% Facilidade com a oralidade Exposição oral 33% Fonte: Dados coletados pela pesquisadora. Para a descrição foi utilizada como fonte o dicionário Aurélio. De acordo com o quadro acima é possível verificar que existe mais características de comportamento do que o número de entrevistados, isso ocorre pois todos os professores entrevistados relatam mais do que uma característica de comportamento presente no aluno que possui o transtorno TDAH. Os comportamentos de dispersão e agressividade aparecem no discurso de todos os professores entrevistados. Logo após aparece a hiperatividade com 66% e facilidade com a oralidade aparece com 33% , em apenas uma entrevista. Houve uma unanimidade entre as entrevistadas, relatando que esse comportamento influencia o desenvolvimento do aluno em relação ao conteúdo oferecido. Categoria 2: Convivência Social Professor Relação Aluno X Turma Relação Turma X Aluno Professor 1 Satisfatório Satisfatório Professor 2 Satisfatório Satisfatório Professor 3 Satisfatório Satisfatório Fonte: Dados coletados pela pesquisadora. 14 O quadro acima revela que a relação Aluno X Turma e Turma X Aluno é favorável. Segundo Viaro (2008), proporcionar um ambiente acolhedor, favorecer oportunidades sociais, trabalho de aprendizagem em grupo favorece para o desenvolvimento e atenção da criança com TDHA em sala de aula. Categoria 3: Inserção do aluno em ensino regular Professor Ensino Regular Educação Especial Professor 1 Sim Não Professor 2 Sim Não Professor 3 Sim Não Fonte: Dados coletados pela pesquisadora. O quadro acima destaca que todos os alunos mencionados na pesquisa frequentam turmas regulares. Com os dados obtidos é possível compreender que a inclusão dos alunos com TDAH em turmas regulares é a melhor opção e que os professores precisam estar preparados para lidar com os alunos com TDAH, adaptar sua metodologia possibilitando assim que o aluno tenha as suas necessidades atendidas. Categoria 4: Orientação específica ao educador em relação ao TDAH Professor Em Curso Superior Fornecida Pelo Estado Professor 1 Não Não Professor 2 Não Não Professor 3 Não Não Fonte: Dados coletados pela pesquisadora. No quadro acima podemos observar que não há nenhum tipo de treinamento ou orientação específica que facilite a tratativa com esses alunos, que precisam de uma atenção especial em sala de aula. Podemos ver também a dificuldade que o professor tem em oferecer um ensino de qualidade, mesmo tendo anos de profissão, ele necessita de um apoio que o estado não tem disponibilizado. Houve uma concordância em relação a não ter um auxílio para profissionais qualificados em sala de aula para facilitar o desempenho do aluno. 15 Categoria 5: Participação da família no processo de inclusão Professor Satisfatório Professor 1 Não Professor 2 Não Professor 3 Não Fonte: Dados coletados pela pesquisadora. O quadro acima nos traz um cenário preocupante no processo de inclusão desses alunos. Todas as entrevistadas concordam que não há uma participação efetiva da família nesse processe. Quando questionada sobre o modo de avaliação, e se há algum tipo de acompanhamento ao aluno, professora 3 relata que “Existe uma psicóloga da prefeitura que ajuda no diagnóstico, mas não passa disso. Muito raramente o acompanhamento é algo que se consiga. Seja pela prefeitura não disponibilizar o atendimento, ou quando se consegue, os pais são negligentes com a criança”. Uma das entrevistadas quando questionada em relação ao desenvolvimento desse aluno, no sentido de conseguir acompanhar o programa didático oferecido diz que “Não, pois os pais muitas vezes só querem eles na escola como forma de descanso, e as escolas por sua vez não tem estrutura física nem comportamental dos funcionários ou corpo docente”. 16 4. DISCUSSÃO O questionário foi respondido por três professoras de escolas públicas de ensino regular. A utilização dos questionários foi utilizada com o objetivo de entender o comportamento e desenvolvimento de crianças com TDAH no contexto atual de ensino, na visão desses profissionais. Pudemos verificar com os dados coletados que a forma como a criança é direcionada a série da qual fará parte, é de acordo com o ano corresponde a sua idade, e não com uma avaliação que indique a sua real situação e necessidade de aprendizado. E, na maioria dos casos, não há atenção necessária durante esse processo de inclusão. Essa falta de estrutura e auxílio adequados a criança, faz com que ela não acompanhe o ritmo do conteúdo proposto, sua evolução, se contrapondo aos demais alunos, acontece de forma mais lenta e progressiva, o que pode acarretar em inúmeros problemas, como ansiedades e frustrações. Uma área de grande dificuldade para crianças com TDAH está nas realizações acadêmicas (a produtividade do trabalho na sala de aula e no desempenho acadêmico o nível de dificuldade daquilo que as crianças já aprenderam e dominaram). Quase todas as crianças com TDAH em tratamento clínico vão mal na escola. Geralmente, apresentam desempenho fraco em relação aos próprios níveis conhecidos de habilidades, determinados por teste de inteligência e desempenho acadêmico. (Barkley, 2008a, p. 137). O comportamento dessas crianças também foi apontado pelos professores como uma dificuldade a mais em seu desenvolvimento. Uma das entrevistadas relata que “Sua oralidade é muito autêntica, reproduz facilmente o aprendizado, embora sendo muito disperso. Sua escrita requer acompanhamento e reforço, seu atitudinal muitas vezes é abaixo do básico.”. Em outro caso a entrevistada diz: “Quer executar múltiplas tarefas simultaneamente, sem conseguir concluir qualquer uma delas. Falta de atenção constante, sempre atento ao que os colegas estão fazendo, hiperativo, as vezes age de forma violenta, mas sem ter a real noção da gravidade dos seus atos.” Sabemos que ainda existe uma dificuldade para diagnosticar corretamente o TDAH, e que algumas crianças antes de obterem esse diagnóstico, são rotuladas como indisciplinadas, pestinhas e até sem educação, e sofrem com esse prévio 17 julgamento. Há que se destituírem os rótulos, desvincular-se do preconceito existente para que assim possa se desenvolver um ambiente que acolha, aceite e estimule o pleno desenvolvimento da criança com TDAH. O TDAH não é um transtorno que afeta apenas o comportamento da criança. Na medida em que afeta também a capacidade para a aprendizagem, a escola precisa assumir o importante papel de organizar os processos de ensino de forma a favorecer ao máximo a aprendizagem. Para tal, é necessário que direção, coordenações, equipe técnica e professores se unam para planejar e implementar as técnicas e estratégias de ensino que melhor atendam ás necessidades dos alunos que se encontram sob sua responsabilidade. (POIS, 2009, p.26) Ainda existem barreiras a serem transpostas, como a falta de informação adequada aos profissionais educadores em relação a esse transtorno e um comprometimento efetivo dos pais nessa jornada. A inclusão não deve ser vista apenas como a inserção física da criança no âmbito escolar, mas como um processo que mobilize todos que participam do contexto onde essa criança está inserida, um processo com engajamento social, que vise mais do que o aprendizado didático e prepare essa criança para o convívio social, dandoa ela condições de autonomia e confiança, para uma vida adulta preparada e plena. Para VIGOTSKY, o aprendizado se dá através da interação com mediadores simbólicos e por instrumentos, sendo o sujeito ativo e interativo na construção da cultura. A internalização que ocorre a partir das interações com mediadores externos permite ao sujeito formar e amadurecer seus mediadores internos: pensamentos, linguagem e afeto. Conforme KOHL (2010, p. 35). Quando trabalhamos com os processos superiores que caracterizam o funcionamento psicológico tipicamente humano, as representações mentais da realidade exterior são, na verdade, os principais mediadores a serem considerados na relação do homem com o mundo. Uma informação que constatamos durante nossas pesquisas, e que dificulta ainda mais o dia a dia das pessoas incluídas nesse aprocesso, é que síndromes e transtornos como o TDAH, autismo, dislexia, não são consideradas deficiências e por isso não fazem parte da Lei de Inclusão. A partir daí, os pais dessas crianças passam a contar com a “boa vontade” das escolas públicas em aceitar essas crianças como nesse sistema, o que algumas vezes não acontece, e é necessário 18 que os pais entrem com processos judiciais para conseguirem uma liminar que determine aquela escola aceitar a criança em sistema de inclusão. A Declaração de Salamanca discorre como questão central, sobre a inclusão de crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino. Pode-se dizer que o conjunto de recomendações e propostas da Declaração de Salamanca, é guiado pelos seguintes princípios: Independente das diferenças individuais, a educação é direito de todos; Toda criança que possui dificuldade de aprendizagem pode ser considerada com necessidades educativas especiais; A escola deve adaptar–se às especificidades dos alunos, e não os alunos as especificidades da escola; O ensino deve ser diversificado e realizado num espaço comum a todas as crianças. Nesse sentido, nos parece fundamental uma melhoria na metodologia e nos recursos oferecidos, que permitam um desempenho mais adequado no atendimento ao aluno com TDAH, que sejam desenvolvidas atividades que atendam as necessidades desses alunos, e oferecidos cursos que visem a qualificação dos professores. 19 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O trabalho teve como objetivo estudar, a partir da ótica dos docentes, se é possível a escola pública atender a demanda de crianças portadoras de TDAH. Para obter respostas buscamos, através de entrevistas com profissionais da área, compreender o quadro atual de ensino e compara-las com a literatura. Com a pesquisa constatamos que os professores tem conhecimento sobre o transtorno, porem não tem suporte do Governo para atender corretamente a demanda. Constatou-se a falta de apoio psicológico nas escolas, pois, em sua maioria, os alunos acabam por ser encaminhados para psicólogos da prefeitura, que são esporádicos e apenas alguns conseguem passar em avaliação. A partir dos dados obtidos vemos explicitamente que a cooperação multidisciplinar é a chave para inclusão. Isso é essencial para todas as crianças inseridas na rede de ensino, não sendo, portanto, algo restrito a crianças com transtorno ou alguma deficiência. Quando olhamos pontualmente para crianças com TDAH a necessidade de cooperação multidisciplinar é gritante. Uma vez que é de difícil reconhecimento e credibilidade, pois ainda há quem acredite que o transtorno trata-se apenas de uma questão disciplinar. Os profissionais concordam que a interação multidisciplinar facilita o acompanhamento e o desenvolvimento desses alunos, mas não apenas isso, afirmam ser necessário e imprescindível o acompanhamento psicológico e a conscientização dos pais pois, muitas vezes, estes não tem a orientação correta sobre o transtorno do filho. Percebemos também que incluir as crianças com TDAH de forma bilateral é um dos grandes desafios hoje na educação. Constatamos que os profissionais não tem o amparo que necessitam para realizar seu trabalho. A falta de amparo não é novidade no cenário da educação no Brasil. O problema é que o subsídio do Governo é imprescindível para a promoção adequado do ensino, e quando a criança necessita de cuidados específicos os obstáculos são intensificados. 20 Como Vygostky afirmou, é necessária uma estrutura corretamente organizada para que haja o aprendizado. Porém, no contexto atual do país, torna-se cada vez mais difícil sua efetivação. 21 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARTIGOS ABDA - Associação Brasileira Do Déficit De Atenção. O QUE É TDAH Disponível em: http://tdah.org.br/sobre-tdah/o-que-e-tdah/ Acesso em: 22 set. 2017. AMPID - Associação Nacional dos Membros do Ministério Público de Defesa dos Direitos dos Idosos e Pessoas com Deficiência - Convenções e Declarações da ONU sobre a Pessoa com Deficiência. Normas Sobre Equiparação De Oportunidades, Organização das Nações Unidas – ONU Resolução nº48/96, de 20/12/93. Disponível em http://www.ampid.org.br/ampid/Docs_PD/Convencoes_ONU_PD.php#normas1 Acessado em: 24 set. 2017. Documento Subsidiário À Política De Inclusão. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, Brasília 2005. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/docsubsidiariopoliticadeinclusao.pdf Acesso em: 24 set. 2017. GHIGIARELLI, Denise Ferreira. Tdah e o Processo De Aprendizagem. ABDA - Associação Brasileira Do Déficit De Atenção Disponível em: http://tdah.org.br/tdah-e-o-processo-de-aprendizagem/ Acesso em: 22 set. 2017. LEITE, Hilusca Alves; TULESKI, Silvana Calvo. Psicologia Histórico-Cultural e desenvolvimento da atenção voluntária: novo entendimento para o TDAH - Psicol. Esc. Educ. (Impr.) vol.15 no.1 Maringá Jan./June 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 85572011000100012 Acesso em: 22 set. 2017.