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OTITE MÉDIA AGUDA versão 2008 Cassio Caldini Crespo CONSIDERAÇÕES GERAIS Orelha Média: Constitui-se de uma fenda no osso temporal, entre o orelha externa e interna. Vai da Membrana Timpânica (MT) até o promontório. Contém: - ossículos (Martelo, Bigorna, Estribo,) - músculos (M. Tensor tímpano, M. Estapedio) - ligamentos - abertura da tuba auditiva ou de Eustáquio - comunicação atical com antro e células da mastóide. - janelas oval e redonda Membrana Timpânica: - forma cônica, a ela conferida por sua aderência ao cabo do martelo. - duas porções: pars tensa, com 80% da área, compreendida abaixo dos ligamentos maleolares anterior e posterior, e pars flácida (shrapnell), acima dos ligamentos referidos. - divide por seus limites superior e inferior a cavidade timpânica em três: EPITÍMPANO: onde se alojam o corpo do martelo e bigorna. MESOTÍMPANO: área visualizada na otoscopia. HIPOTÍMPANO: em relação com o golfo da jugular. Tuba Auditiva: canal ósseo-cartilaginoso que une a parede ântero-superior do mesotímpano ao cavum. Ao seu nível cartilaginoso tem uma luz virtual, abrindo-se com a contração dos mm. estaficilinos (pilares) na deglutição. Função: ventilação e equilíbrio pressórico do O.Médio. OTITES MÉDIAS AGUDAS Os processos inflamatórios agudos da mucosa da orelha média são em sua quase totalidade decorrentes de infecções virais e bacterianas das fossas nasais, seios da face e rinofaringe. Também a alergia é causa ou fator coadjuvante freqüente. A via de contaminação é a tuba auditiva; relacionam-se sempre, em maior ou menor grau, com circunstâncias que desembocam no quadro de disfunção tubária. Fatores Desencadeantes: a) Extrínsecos: variações climáticas (maior incidência nos meses frios do ano), natação (aumentando as rinossinusites por entrada de água pelo nariz), poluição ambiental, mamar com a cabeça baixa, deitar em seguida à mamada, convivência em creches (maior incidência de rinossinusites), etc.. b) Intrínsecos: 1- Idade: crianças pequenas são mais acometidas, geralmente até a idade de 3 ou 4 anos, quanto usualmente as crises se abrandam. Esta incidência maior nesta faixa etária se explica pelos seguintes fatores: - maior número de infecções de vias aéreas superiores - tuba horizontal e mais curta que no adulto, facilitando a entrada de germes a partir da rinofaringe, ou mesmo de leite durante as mamadas. - tecido linfóide abundante no cavum (adenóide), quer por edema ou hipertrofia, e que frequentemente leva ao bloqueio funcional da tuba, desencadeando a otite. 2- Alergias respiratórias: por gerar edema e obstrução tubária, e pela depressão imunológica que geralmente se associa, aumenta a incidência de rinossinusites. 3- Fenda Palatina, que mesmo em graus leve ou inaparente (fenda submucosa), está acompanhada de alteração da fisiologia e tonus muscular da faringe, com prejuízo do mecanismo de abertura da tuba na deglutição e também refluxo alimentar para a nasofaringe/cavidade nasal . 4- Refluxo gastro-esofágico: é um fator que deve ser pesquisado principalmente em lactentes. 1- Otite Média Aguda Viral - Geralmente aparece no curso do resfriado comum ou gripe. - Pode ocorrer como quadro isolado, sem sintomas nasais ou faríngeos. - Etiologia: * Adenovirus * Vírus SR * Mixovirus * Paramixovirus * Rinovirus - Quadro Clinico: * Sensação de oclusão/pressão nos ouvidos * Autofonia * Ruídos (estalos, zumbidos) * Dor moderada * Febre baixa * Perda auditiva variável * Sintomas nasais/faríngeos. - Exame Otoscópico: * Hiperemia moderada da M.T. geralmente restrita ao cabo do martelo * Espessamento da M.T. * Presença de derrame liquido seroso com nível liquido ou bolhas de ar (pode estar ausente) - Tratamento: * descongestionantes tópicos nasais por curto período/sistêmicos * anti-inflamatórios não hormonais * anti-histamínicos (discutível) - Evolução: 5 a 10 dias, com curva total. - Complicações: * Otite média serosa sub aguda. * O.M.A. bacteriana * Labirintite toxêmica * Labirintite viral aguda. VARIANTE: Miringite Bolhosa: acometimento agudo da M.T., com ou sem derrame liquido na orelha mádia.. O folheto externo da M.T. separa-se do médio, com formação de vesículas com liquido claro no seu interior. O quadro é de aparecimento súbito, com dor lancinante, hipoacusia de leve a moderada, com eventual otorréia. Evolução: 10 a 15 dias. 2- Otite Média Aguda Bacteriana Incidência: alta nos primeiros anos de vida. Pode ser uni ou bilateral. Fatores desencadeantes: * Infecções vias aéreas superiores. * Adenóides/hipertrofia adenoidiana.. * O.M.aguda viral * O.M. serosa crônica * Alergias vias respiratórias. Etiologia: Os germes mais frequentes são :Streptococo, Pneumococo, Stafilococo, Branhamella catarralis. Em crianças até 2 anos, encontra-se grande incidência de Pneumococos e Haemofilus Influenza. Tratamento: Consiste em antibioticoterapia, por um período de tempo de 10 a 15 dias. As droga de eleição é a amoxicilina, podendo ser usadas penicilina e outros antibióticos de largo espectro. Para os germes produtores de beta-lactamase usar cefalosporinas e a associação de amoxicilina com ácido clavulâmico (quando não houver melhora clínica depois de alguns dias de tratamento). Devem ser associadas medidas sintomáticas de alivio da dor e da febre, como calor local e analgésicos/antitérmicos. Nos casos de recorrência ou dificuldade de resolução, está indicada a realização de miringotomia ou paracentese para alivio da dor, drenagem da secreção e arejamento do ouvido médio. O uso de gotas auriculares traz pouco ou nenhum benefício no tratamento, e via de regra não devem ser prescritas, salvo na fase de supuração, quando exista solução de continuidade entre o ouvido externo e médio. Evolução clínica: pode ser divida nas seguintes fases: a) Fase de Inflamação: Caracteriza-se por congestão e edema do muco-periósteo da orelha média e mastóide, com derrame liquido no inicio sero-fibrinoso, em seguida muco-purulento. Sintomas e sinais: * Sensação de pressão/obstrução no ouvido * Dor progressiva * Febre e toxemia * Hipoacusia progressiva e proporcional ao derrame * Ruídos. * M.T. hiperemiada/espessada/abaulada b) Fase de Supuração: Se a miringotomia não for instituída, o abaulamento da MT. poderá culminar em rotura espontânea e otorreia. A mucosa está muito edemaciada, podendo ocorrer bloqueio do ádito e mastoidite. Sintomas e Sinais: * Perfuração de Membrana timpânica e Otorreia * Alivio da dor * Lise da febre * Aumento da hipoacusia. c) Fase de complicação: Se não ocorrer a drenagem, a pressão na O.M. e a agressividade do agente causam danos em estruturas e compartimentos, por descalcificação e reabsorção osteoclástica, levando a: * Abcesso subperióstico * Abcesso extra-dural * Meningite * Tromboflebite seio lateral * Abcesso cerebral * Labirintite supurada * Paralisia facial d) Fase de Resolução: Pode se interpor em qualquer das fases anteriores A resolução devemonitorizada pela avaliação clinica e impedanciométrica Sequelas: * Neotímpano * Timpanoesclerose * Calcificações 3- Otite Média Necrótica Aguda Caracteriza-se por curso rápido, com amplas zonas de destruição de tecido, levando a perfurações timpânicas. Incidência: * Criança debilitadas * Em doenças exantemáticas (sarampo) Etiologia: Com frequência Streptococo Beta Hemolítico. Tratamento: * Igual a O.M.A. bacteriana. * Reconstrução cirúrgica, no caso de sequelas 4- Otite Media Latente do Lactente (otoantrite) Cursa com Quadro Polimorfo, insidioso e de difícil diagnostico. A criança apresenta febre alta, diarréia aquosa e rebelde, vômitos, perda de peso, eventual meningismo, e ausência de sintomatologia objetiva A otoscopia é normal ou apresenta opacificação discreta, e por este motivo o diagnóstico é retardado. Diante da suspeita clinica, a confirmação da presença da patologia é obtida pela Imitanciometria ou mais frequentemente pela Paracentese de prova. Além da confirmação diagnóstica a paracentese proporciona rápida melhora do quadro geral. 5- Barotrauma Inflamação traumática produzida na M.T. e ouvido médio, por elevação abrupta da pressão atmosférica, na presença de disfunção. tubária. Ex.: paraquedismo, pousos rápidos, mergulhos em profundidade. Sintomas e sinais: * Dor * Zumbidos * Hipoacusia * Derrame seroso * Pontos hemorrágicos Tratamento: analgésicos e anti-inflamatórios GALERIA DE FOTOS Membrana timpânica normal Otite média aguda em fase inicial Otite média aguda estabelecida Otite média aguda drenando secreção
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