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DIREITO CIVIL I Profa. Ma. Caroline Vargas Barbosa profcarol.vargas@gmail.com Depois de relembrar os conceitos e diretrizes trazidos pela LINDB, vamos definir o objeto de estudo do Direito Civil e seus princípios. 1. CONCEITO DE DIREITO CIVIL O direito civil regula as relações privadas entre pessoas (físicas e jurídicas). Ele determina todas os regramentos que deverão ser respeitados desde que a pessoa é gerada, nasce, constrói relações, adquire propriedades, estabelece família e quando ela morre. Mas antes, é primordial que seja atentado a diferença entre Direito Público e Privado. O Direito Público destina- se as relações da coletividade e o Estado, enquanto o Direito Privado disciplina as relações entre os particulares. “...conceituamos o Direito Civil como o ramo do Direito que disciplina todas as relações jurídicas da pessoa, seja uma com as outras (físicas e jurídicas), envolvendo relações familiares e obrigacionais, seja com as coisas (propriedade e posse).” (STOLZE, PAMPLONA, 2013) “Direito Civil é o direito comum, o que rege as relações entre os particulares. Disciplina a vida das pessoas desde a concepção – e mesmo antes dela, quando permite que se contemple a prole eventual (CC, art. 1.799, I) e confere relevância ao embrião excedentário (CC, art. 1.597, IV) – até a morte, e ainda depois dela, reconhecendo a eficácia post mortem [após a morte] do testamento (CC, art. 1.857) e exigindo respeito à memória dos mortos (CC, art. 12, parágrafo único).” (GONÇALVES, 2013) “ (...) um dos ramos do direito privado, ‘destinado a regulamentar as relações de família e as relações patrimoniais que se formam entre os indivíduos encarados como tal, isto é, tanto quanto membros da sociedade” (SERPA LOPES, 2013) DIREITO CIVIL I Profa. Ma. Caroline Vargas Barbosa profcarol.vargas@gmail.com É interessante também trabalharmos os conceitos de direito objetivo e direito subjetivo, conforme propõe Carlos Roberto Gonçalves (2013): Direito objetivo é o conjunto de normas impostas pelo Estado, de caráter geral, a cuja inobservância os indivíduos podem ser compelidos mediante coerção. Esse conjunto de regras jurídicas comportamentais (norma agendi) gera para os indivíduos a faculdade de satisfazer determinadas pretensões e de praticar os atos destinados a alcançar tais objetivos (facultas agendi). Encarado sob esse aspecto, denomina-se direito subjetivo, que nada mais é do que a faculdade individual de agir de acordo com o direito objetivo, de invocar a sua proteção. 2. PRINCÍPIOS DO DIREITO CIVIL Os princípios são normas abertas que determinam o dever-ser de uma sociedade. Vamos lembrar da pirâmide de Kelsen? DIREITO CIVIL I Profa. Ma. Caroline Vargas Barbosa profcarol.vargas@gmail.com Maria Helena Diniz compreende acertadamente que os princípios estão acima da Constituição Federal 1988 e devem ser analisados sempre para a aplicabilidade das normas. Vejamos os principais princípios do Direito Civil: a) Princípio da socialidade: b) Princípio da eticidade: c) Princípio da operabilidade: Ainda teremos especificamente a análise de princípios constitucionais e outros determinantes a cada assunto do Direito Civil, que sempre oportunamente serão explicados. Exemplos: a) Princípio da Autonomia da Vontade: b) Princípio da Afetividade: c) Princípio da Dignidade Humana d) Princípio do Pact Sunt Servanda 3. FONTES: “As chamadas ‘fontes do direito’ nada mais são, portanto, do que os meios pelos quais se formam ou se estabelecem as normas jurídicas.” Assim, fontes do direito formam ou estabelecem o direito objetivo. Seguindo o raciocínio a primeira fonte que podemos imaginar é a lei. Afinal, estamos falando exatamente de normas jurídicas. Se pensarmos dessa forma, realmente estaremos certos. A DIREITO CIVIL I Profa. Ma. Caroline Vargas Barbosa profcarol.vargas@gmail.com lei, é a fonte “primordial do direito brasileiro”. Porém, conforme o art. 4º da Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro, não é a única: “Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”. Em harmonia com a disposição acima, temos também a previsão do art. 126 do CPC: “Art. 126. O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito” Assim, temos: Fontes Formais, Diretas ou Imediatas • Fonte Primária: Lei (Lembrado dos quesitos de imperatividade1, permanência, competência e autorizante) . • Fontes Secundárias: (art. 4º, LINDB) α) Analogia2 (podendo ser legis/legal ou juris/jurídica); β) Costumes3 (Secundum legem [ou segundo a lei], Praeter legem [ou na falta da lei], Contra legem [ou contra a lei]); χ) Princípios gerais do direito. Fontes não Formais, Indiretas ou Mediatas a) Doutrina; b) Jurisprudência; c) Equidade 1 Podem ser: Impositivas ou cogentes; Dispositivas 2 “Há uma hierarquia na utilização desses mecanismos, figurando a analogia em primeiro lugar. Somente podem ser utilizados os demais se a analogia não puder ser aplicada. Isso porque o direito brasileiro consagra a supremacia da lei escrita. Quando o juiz utiliza-se da analogia para solucionar determinado caso concreto, não está apartando-se da lei, mas aplicando à hipótese não prevista em lei um dispositivo legal relativo a caso semelhante” (GONÇALVES, 2013). 3 “O costume é composto de dois elementos: o uso ou prática reiterada de um comportamento (elemento externo ou material) e a convicção de sua obrigatoriedade (elemento interno ou psicológico). Em consequência é conceituado como sendo a prática uniforme, constante, pública e geral de determinado ato, com a convicção de sua necessidade.” (GONÇALVES, 2013)
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