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GT 6 e Sem 3 Antibióticos

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Bárbara Gonçalves – Turma XXIV 
GT 6 
 
Princípios para o uso racional de antimicrobianos 
 
- Fundamental para diminuir a pressão seletiva que leva à emergência de resistência, bem como para 
obtenção de resultado clínico satisfatório e diminuição do custo do tratamento. 
 
- Microrganismo mais provável causador da infecção: 
• Considerar características epidemiológicas: infecção adquirida na comunidade ou em hospital, uso 
prévio de antimicrobianos, culturas prévias. 
• Considerar achados locais (geniturinários, pulmonares, pele, trato biliar), idade e gravidade da 
doença. 
 
- Vias de administração. Considerar: 
• Gravidade da doença 
• Foco da infecção (local, sistêmico) 
• Perfil do paciente (ex: via endovenosa não é adequada para pacientes diabéticos) 
• Objetivo (ex: via endovenosa é indicada quando se deseja atingir altos níveis plasmáticos de 
antibiótico, em situações como sepse, meningite). 
 
- Dose apropriada: 
• 2x a concentração inibitória mínima 
• Menor dose eficaz: previne efeitos colaterais, superinfecção, custos. 
 
- Escolha do melhor antimicrobiano de acordo com o paciente: 
• Considerar aspectos como gravidez/lactação, função renal, função hepática, imunidade, próteses, 
fatores genéticos. 
 
- Tempo de tratamento adequado: 
• Em geral 10 dias; 
• Osteomielite e endocardite 4 semanas 
• Peritonite 10-14 dias 
• ITU não complicada 3 dias. 
 
- Critérios de urgência para início de antibioticoterapia empírica: 
• Infecção localizada (ITU, pneumonia, infecção biliar) 
• Sinais de sepse (febre alta, hipotensão) 
• Paciente leucopênico febril 
• Possibilidade de endocardite aguda, meningite bacteriana, celulite necrotizante aguda. 
Obs: nesses casos, obter amostra para cultura antes de iniciar a antibioticoterapia. realizar culturas para 
aeróbios e aneróbios. 
 
- Após resultado da cultura, deve-se substituir o antibiótico por aquele de menor espectro de acordo com o 
antibiograma. Se culturas negativas, considerar outros diagnósticos. 
 
- Situações em que a associação de antimicrobianos é adequada: 
• Quando há probabilidade de infecção mista, com o objetivo de ampliar o espectro de ação 
• Quando o microrganismo é resistente a um composto sozinho, mas não quando este composto é 
associado a outro. (previne a resistência) 
 
- Uma boa associação de antimicrobianos é caracterizada por: 
• Aumento da eficácia (sinergismo) 
• Capaz de atuar sobre um número maior de microorganismos 
Bárbara Gonçalves – Turma XXIV 
Classe Mecanismo de Ação Exemplo Mecanismo de Resistência 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Beta-lactâmicos 
Bactericida 
- Ligam-se às PBP (proteína 
ligadora de penicilina) – sítio 
de ação dos beta-lactâmicos 
– interferindo na síntese de 
peptideoglicano. 
- Este, por sua vez, é essencial 
na formação da parede 
celular da bactéria. 
- Com isso, a parede celular 
não é sintetizada 
corretamente, torna-se frágil, 
o que acarreta lise osmótica 
da bactéria. 
Penicilinas: 
Naturais: 
- G: é inativada pelo ácido gástrico. Utilizada pela via endovenosa. Pode ser: 
cristalina, procaína ou benzatina 
- V: resistente ao ácido gástrico. Usada por via oral. 
Semissintéticas: 
 - Ampicilina: Age contra infecções hospitalares 
- Amoxicilina: pode ser usado em gestantes. Útil para infecção do trato 
respiratório (Gram +) 
Anti-estafilocócicas: Oxacilina e meticilina 
Antipseudomonas: Ticarcilina, Piperacilina/ tazobactan. 
As penicilinas são drogas muito boas para tratar bactérias gram positivas 
(estreptococo, estafilococo e enterococo). 
- Alteração do sítio de ação 
(PBP) (perde a ação de toda a 
classe) 
- Alteração da permeabilidade 
(Ex: nas bactérias gram 
negativas, o ATB entra na 
bactéria pelos canais de porina. 
Se esse canal é alterado, o ATB 
não consegue penetrar e agir.) 
- Enzimas inativadoras (ex: 
beta-lactamases). Obs: Para 
impedir esse mecanismo de 
resistência, drogas inibidoras 
da beta-lactamase são usadas 
em associação ao 
antimicrobiano (amoxicilina + 
clavulanato, ampicilina + 
sulbactan). Esses inibidores se 
ligam irreversivelmente à beta-
lactamases impedindo a 
degradação do antibiótico. 
 
Cefalosporinas: maior espectro antibacteriano que penicilina. Gerações: 
- 1ª (estreito espectro): age contra Gram + (S. aureus). Pode ser utilizado 
em gestantes. Ex: cefalexina, cefalotina, cefapirina 
- 2ª (espectro expandido): age contra Gram + e bactérias anaeróbicas. Ex: 
cefaclor, cefamandol, cefoxitina 
- 3ª (amplo espectro): possui boa penetração no SNC (trata meningite). Ex: 
ceftriaxona, cefixima 
- 4ª (espectro estendido): agre contra Gram + e Gram -. Ex: cefepima, 
cefpiroma 
 
 
 
 
Macrolídeos 
Bacteriostático (não se utiliza 
em imunossuprimidos, 
neutropênicos) 
- Ligam-se à subunidade 50S 
do ribossomo (reversível) da 
bactéria, o que impede a 
transferência dos 
aminoácidos trazidos pelo 
RNA-t para a cadeia proteica 
em formação. Com isso, ele 
inibe a síntese proteica. 
- Ação principal é contra gram + (estrepto e estafilo) e microrganismos 
atípicos como micoplasma e clamídia. 
- São alternativas quando não se pode usar penicilina. 
Exemplos: eritromicina, azitromicina, claritromicina, espiramicina. 
 
- Alteração sítio de ação (50S) 
- Bomba de efluxo 
- Alteração da permeabilidade 
Bárbara Gonçalves – Turma XXIV 
 
 
 
 
Aminoglicosídeos 
Bactericida e bacteriostático 
- Liga-se à subunidade 30S do 
ribossomo, inibindo a síntese 
proteica (bacteriostático) ou 
determinando a formação de 
proteínas defeituosas, que ao 
comporem a parede celular 
da bactéria, acarretam lise da 
mesma (bactericida). 
 
- Ação sobre bactérias Gram Negativas (Enterobactérias e Pseudomonas 
aeruginosa), G+ atua como sinergismo, Micobacterias (Tuberculose). 
- São utilizados para tratar infecções graves causadas por Gram – 
- Podem ser associados com antibióticos que cobrem Gram + (sinergismo) 
- Sua penetração através da membrana é um processo aeróbio (bactérias 
anaeróbicas são resistentes à droga) 
- Boa penetração no trato urinário e não penetra no pulmão 
- Exemplos: Gentamicina, Amicacina, Estreptomicina. 
 
- Alteração do sítio de ação 
(muda conformação do 30S) 
- Enzimas inativadoras 
- Diminuição da penetração na 
célula (entrada depende de 
transporte ativo – depende de 
oxigênio), 
 
 
 
 
Quinolonas: 
Bactericida 
Inibe a DNA-girase – enzima 
que abre a fita de DNA 
permitindo sua leitura e, 
consequentemente, a síntese 
de proteínas. Ao inibir essa 
enzima, o DNA não consegue 
ser lido e as proteínas não são 
produzidas. Isso acarreta 
morte da bactéria. 
- São drogas de amplo espectro. Atuam sobre gram positiva e gram 
negativa. 
- Exemplos: ácido nalidíxico, fluoroquinolonas (cipro, norflox e flox), 
 quinolonas respiratórias (Levo e Moxi) (apresenta ação contra 
estreptococos – frequente em infecções respiratórias). 
 
- Alteração do sítio de ação 
(modificação da DNA girase) 
- Alteração da permeabilidade 
(modificação canal de porina) 
- Bomba de efluxo 
 
 
 
 
Tetraciclina 
Bacteriostático 
Inibem a síntese de proteína, 
ao se ligar reversivelmente à 
subunidade 30S dos 
ribossomos. 
Gram + 
Muitos efeitos colaterais 
Ex: tetraciclina, doxiciclina 
- Alteração da permeabilidade à 
droga 
- Aumento da síntese do 
transportador de efluxo 
- Produção de enzimas que 
inativam o fármaco 
- Alteração do sítio de ação da 
droga 
 
 
Sulfonamidas 
Bacteriostático 
Bloqueia a síntese de ácido 
fólico, ao inibir a enzima que 
participa da primeira etapa 
da reação (sintetase). Sem o 
ácido fólico, a síntese de 
 
Ação sobre: Staphylococcus, Enterobactérias – (G-), Stenotrofomonas, 
Nocardia, Toxoplasma e Pneumocystis. (fungos) 
- Modificacãodo sítio de ação 
(sistema enzimático) 
- Síntese de purinas por via 
alternativa 
- Hiperprodução de enzimas 
(sintetases) 
 
Bárbara Gonçalves – Turma XXIV 
ácidos nucleicos (timidina) 
fica prejudicada. 
Exemplos: Sulfametoxazol, Sulfadiazina, Sulfasalazina. 
Não devem ser utilizados em grávidas 
 
Trimetropim 
Bacteriostático 
Bloqueia a síntese de ácido 
fólico, ao inibir a enzima que 
participa da segunda etapa 
da reação (redutase). 
- Geralmente é associada às Sulfonamidas para ampliar a eficácia. 
- A associação é eficaz no tratamento de ITU. 
- Não devem ser utilizados em grávidas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bárbara Gonçalves – Turma XXIV 
Seminário 3 – Resistência aos Antimicrobianos 
 
RESISTÊNCIA BACTERIANA 
 - Conceito: Capacidade de um microrganismo de crescer in vitro em presença de um antibiótico em 
concentração inibitória mínima (CIM) no sangue. 
- Tipos de resistência: 
• Natural ou intrínseca: faz parte do material genético da bactéria a resistência a tal antibiótico. 
- Como essa resistência é previsível, não se utiliza o antibiótico na possibilidade de infecção por essa 
bactéria. 
- Todas as bactérias da espécie são resistentes a tal antimicrobiano, não existindo um grupo que não 
seja resistente. 
Exemplo: na infecção por Escherichia coli não se usa penicilina, pois ela é resistente à classe. 
• Adquirida: surge em bactérias originalmente sensíveis. É imprevisível se bactéria será resistente ao 
antibiótico. 
- Há linhagens resistentes e sensíveis na mesma espécie de bactéria para determinado 
antimicrobiano. 
Exemplo: Escherichia coli não é resistente a cefaloxacina, mas em algum momento o tratamento para 
infecção de E. coli com cefaloxicina parou de funcionar. 
- Causas de resistência adquirida: 
❖ Mutações cromossômicas 
❖ Transferível (uma bactéria resistente passa um gene para uma bactéria sensível, que então 
se torna resistente). Essa transferência é feita por meio dos plasmídeos (codificam 
mecanismos de resistência e têm fatores de virulência). O plasmídeo pode ser transmitido 
entre espécies diferentes ou entre a mesma espécie, conferindo a bactéria resistência a 
determinado antimicrobiano. 
• Induzida – só ocorre diante da presença de outros antibióticos. Aparentemente, a bactéria se mostra 
sensível ao antibiótico, mas após iniciar o tratamento ela se apresenta resistente. 
 
MECANISMOS DE RESISTÊNCIA 
▪ Inativação enzimática: bactéria produz enzima que inativa o ATB -  Ex: enzima beta-lactamase que 
vai inativa os antibióticos da classe beta-lactâmicos. 
▪ Alteração da permeabilidade às drogas: alterações na membrana que impedem que o antibiótico 
entre na célula (ex: espessamento da membrana da bactéria). 
▪ Alteração do sistema de transporte na célula: algumas drogas necessitam de transporte ativo para 
entrar nas células, portanto, se a bactéria alterar a forma de transporte, o antibiótico não entra na 
célula. Ex: transporte de aminoglicosídeos é feito pelos canais de porina. Se a bactéria muda a 
conformação desses canais, o antibiótico não consegue entrar na célula. 
▪ Retirada ativa da droga (bomba de efluxo): o antibiótico entra, mas a bactéria faz uso de 
mecanismos que promovem a saída do ATB de dentro da célula 
▪ Alteração do receptor da droga: cada ATB tem um sítio de ação dentro da bactéria, portanto, se a 
bactéria mudar este sitio de ação, o ATB não consegue atuar na célula. Geralmente, essa resistência 
é adquirida por mutação cromossômica. Ex: Estreptococo muda a conformação da proteína ligadora 
de penicilina adquirindo resistência à penicilina, pois essa proteína é o sítio de ação dessa antibiótico. 
▪ Modificação do sistema metabólico ativo para a droga: a droga age em uma cadeia de eventos, na 
transformação de um metabólito em outro. Se há uma mudança do sistema metabólico da bactéria, 
o ATB deixa de agir. Ex: sulfas (bactrim) 
 
 MECANISMO DE AÇÃO DOS ANTIMICROBIANOS 
o Bactericida – Causam morte da bactéria: atrapalham as funções vitais ou interferem na formação da 
membrana/parede celular, o que irá causar lise da bactéria. 
o Bacteriostático - não causam a morte da bactéria. Fazem interrupção do crescimento e reprodução, 
enfraquecendo a bactéria e impedindo a expansão da infecção. Nesses casos, espera-se que o 
sistema imune termine o trabalho, erradicando a infecção. 
Bárbara Gonçalves – Turma XXIV 
Obs: Não devem ser utilizados em pacientes imunossuprimidos, porque, seu sistema imune não é 
capaz de destruir a bactéria. Por esse motivo, nesse caso, opta-se por um ATB bactericida 
 
Agem por meio de: 
▪ Interferência na síntese da parede celular (alterações na síntese de parede celular ou alterações na 
permeabilidade)  tornam a parede mais frágil, causando lise e consequentemente morte da 
bactéria – bactericida 
▪ Alterações da permeabilidade da membrana citoplasmática  causa lise e consequentemente 
morte da bactéria – bactericida 
▪ Interferência na replicação do cromossomo  bactéria não replica adequadamente – 
bacteriostático 
▪ Alteração da síntese proteica  bactéria não replica adequadamente – bacteriostático 
▪ Inibição da síntese de ácidos nucleicos  alteração na produção de DNA – bacteriostático 
▪ Interferência em processos metabólicos – especialmente de ácido fólico que é importante na 
produção de ácido nucleicos –bacteriostático

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