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Psicofarmacologia da Crianca

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PSICOFARMACOLOGIA DA CRIANÇA 
E DO ADOLESCENTE 
FÁBIO BARBIRATO 
GABRIELA DIAS 
■ INTRODUÇÃO 
A psicofarmacologia pediátrica dedica-se ao estudo do uso de agentes psicotrópicos nos transtornos 
mentais identificados em crianças e adolescentes. Os avanços das pesquisas em neurociências e os 
estudos longitudinais mais apurados em psiquiatria levaram a uma necessária reformulação do 
entendimento sobre o adoecer mental nas faixas etárias mais precoces, fazendo da psiquiatria da infância 
e adolescência um dos campos de estudo mais novos da medicina como um todo, e sua psicofarmacologia 
específica, uma área em recente e permanente expansão. 
■ OBJETIVOS 
Ao final do artigo, o leitor poderá: 
 
 ■ conhecer o tratamento farmacológico dos principais transtornos psiquiátricos que acometem a 
infância e a adolescência; 
 ■ identificar as principais características dos medicamentos mais utilizados no tratamento 
farmacológico dos principais transtornos psiquiátricos que acometem a infância e a 
adolescência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
■ ESQUEMA CONCEITUAL 
 
 
 
 
■ ASPECTOS GERAIS DA PSICOFARMACOLOGIA EM 
CRIANÇAS E ADOLESCENTES 
O início do estudo da psicofarmacologia em crianças e adolescentes se deu no final da década de 1930, a 
partir da publicação de Charles Bradley1 sobre os efeitos da administração de sulfato de anfetamina 
racêmica (benzedrina) em 30 crianças, com idades entre 5 e 14 anos, que apresentavam distúrbios de 
comportamento variados. 
Até meados da década de 1980, poucos estudos foram realizados na área da psicofarmacologia pediátrica, 
com exceção do tratamento com estimulantes para o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade 
(TDAH). Os psiquiatras da infância e adolescência eram obrigados a recorrer aos estudos realizados em 
adultos. O tratamento com psicotrópicos era problemático, devido à falta de dados sobre dose, segurança 
e eficácia dessas substâncias.2 
A partir desse período, os estudos tornaram-se mais frequentes, não só visando o tratamento do TDAH, 
como também dos transtornos do espectro autista (TEA), dos transtornos depressivos (TD s), do transtorno 
do humor bipolar (THB), dos transtornos ansiosos, da esquizofrenia e do transtorno de conduta. No entanto, 
até hoje, o número de ensaios clínicos realizados com crianças e adolescentes é reduzido, principalmente 
quando comparado à população adulta. 
 
Os riscos potenciais de não tratar as doenças psiquiátricas em crianças e adolescentes são 
comprovadamente maiores do que os riscos associados às medicações psicotrópicas. 
Um bom exemplo é o estudo publicado pela Associação Americana de Pediatria (American Academy of 
Pediatrics – AAP), que evidencia maior ocorrência de transtorno por uso de substâncias (TUS) em 
adolescentes diagnosticados com TDAH não tratados em relação aos devidamente medicados.3 
 
O objetivo da farmacoterapia é a prevenção, a cura ou o controle de vários estados doentios.4 
 
O tratamento medicamentoso visa diminuir comportamentos mal adaptados e prejuízos a curto e longo 
prazos, assim como promover comportamentos adaptativos em áreas importantes para essas faixas 
etárias, tais como no desempenho escolar.5 
O bom tratamento de crianças e adolescentes com transtornos psiquiátricos é necessariamente multimodal 
e interdisciplinar, com saberes complementares baseados nas evidências científicas e nos resultados 
apresentados. 
Sendo assim, diante de um diagnóstico psiquiátrico em crianças e adolescentes, algumas opções 
terapêuticas podem e devem ser propostas, dentre elas a psicofarmacoterapia. No entanto, alguns pontos 
devem ser levados em consideração antes do início do tratamento medicamentoso, dentre eles:2 
 
 ■ diferenças do metabolismo do medicamento em crianças e adolescentes; 
 ■ distinção na eficácia e tolerabilidade do psicotrópico entre a população pediátrica e a 
população adulta; 
 ■ limitações da nosologia psiquiátrica atual para o diagnóstico dos transtornos mentais em 
jovens; 
 ■ escassez de pesquisa em psicofarmacologia na infância e adolescência; 
 ■ envolvimento de terceiros no tratamento (exemplo: pais, outros familiares, professores, 
terapeutas, pediatras); 
 ■ natureza multidisciplinar da maioria dos tratamentos psiquiátricos na infância e adolescência; 
 ■ natureza crônica da maioria dos transtornos psiquiátricos. 
A decisão do tratamento medicamentoso deve ser baseada em uma avaliação completa do paciente. 
Segundo Assumpção e Kuczynski,4 algumas estratégias devem ser observadas: 
 
 ■ identificação dos sintomas-alvos, visando-se à minimização dos mesmos e a um melhor 
aproveitamento de outros modelos de intervenção; 
 ■ escolha do melhor medicamento, considerando-se não só o sintoma em questão, mas também 
os prováveis efeitos colaterais, formas de administração e custo familiar; 
 ■ explicar aos pais e, quando possível, à criança, as razões do uso da medicação; isso não só 
em função da questão ética, que sugere que a criança, desde que tenha idade passível de 
compreensão, deve saber o que vai lhe ser feito para que possa opinar e participar do próprio 
tratamento, mas também porque tais explicações minimizam o medo da utilização de 
medicamentos e aumentam a aderência ao tratamento, que, no caso da criança, depende 
basicamente de seus pais; 
 ■ informar os possíveis efeitos colaterais para que, na eventualidade de sua presença, não se 
constituam em fatos de abandono do tratamento; 
 ■ informar que a dosagem inicial é baixa e que deve ser aumentada gradativamente para que 
não se corra o risco de doses subterapêuticas, que dificultam a aderência do paciente ao projeto 
terapêutico; 
 ■ seguimento a intervalos breves, para maior segurança do próprio médico e do paciente, bem 
como para melhor monitoramento do medicamento utilizado; 
 ■ não iniciar outros tratamentos simultâneos com a ideia de que, a partir da utilização da menor 
variedade possível de medicamentos, seus efeitos benéficos e colaterais podem ser mais bem 
monitorados. 
Assumpção e Kuczynski4 ressaltam ainda que inúmeros fatores interferem na absorção dos medicamentos 
utilizados em crianças e adolescentes, como: 
 
 ■ meio estomacal menos ácido na criança, o que ocasiona uma absorção mais lenta de 
anfetaminas, anticonvulsivantes e antidepressivos; 
 ■ flora intestinal menos diferenciada e em menor quantidade, o que justifica menor absorção das 
fenotiazinas; 
 ■ menor proporção de gordura corporal que no adulto, o que ocasiona menor presença de 
fármacos lipofílicos no plasma; 
 ■ maior proporção de água extracelular na criança que no adulto, o que proporciona baixas 
concentrações plasmáticas de fármacos distribuídos por intermédio da água corporal, como, por 
exemplo, o lítio. 
Será discutido, a seguir, o tratamento farmacológico dos principais distúrbios psiquiátricos da infância e 
adolescência. Maior ênfase será dada às substâncias aprovadas pelas agências reguladoras (Food and 
Drug Administration [FDA] e Agência Nacional de Vigilância Sanitária [Anvisa]) para uso nessa faixa. 
 
 
1. O que visa o tratamento medicamentoso das doenças psiquiátricas em crianças e adolescentes? 
 
2. Analise as afirmativas a seguir. 
I - Os riscos potenciais de não tratar as doenças psiquiátricas em crianças e adolescentes são 
comprovadamente maiores do que os riscos associados às medicações psicotrópicas. 
II - O objetivo da farmacoterapia é apenas a cura de vários estados doentios. 
III - O bom tratamento de crianças e adolescentes com transtornos psiquiátricos é necessariamente 
multimodal e interdisciplinar, com saberes complementares baseados nas evidências científicas 
e nos resultados apresentados. 
Quais afirmativas estão corretas? 
 
A) Apenas a I e a II. 
B) Apenas a I e a III. 
C) Apenas a II e a III.D) A I, a II e a III. 
Confira aqui a resposta 
 
3. Cite pelo menos quatro pontos que devem ser levados em consideração antes do início do 
tratamento medicamentoso das doenças psiquiátricas em crianças e adolescentes. 
 
4. Que estratégias devem ser observadas na decisão do tratamento medicamentoso das doenças 
psiquiátricas em crianças e adolescentes? 
 
■ TRANSTORNO DO DEFICIT DE ATENÇÃO COM 
HIPERATIVIDADE 
O TDAH, caracterizado pela tríade sintomatológica – desatenção, hiperatividade e impulsividade –, afeta 
aproximadamente 5% das crianças e adolescentes. É um dos transtornos mais comuns e mais estudados, 
e os psicoestimulantes correspondem à classe medicamentosa mais pesquisada na população pediátrica. 
O uso de estimulantes no TDAH acontece há mais de 70 anos. Inúmeros estudos demonstram sua 
eficácia, o que os tornam o medicamento de primeira escolha no tratamento. Aproximadamente 70% dos 
pacientes com TDAH toleram bem e respondem adequadamente aos estimulantes, com redução em mais 
de 30% dos sintomas básicos do transtorno. 
 
A eficácia do uso de estimulantes no TDAH vai além dos sintomas associados ao transtorno. Há melhora 
também na autoestima e no funcionamento cognitivo, social e familiar. 
Os primeiros estimulantes comercializados foram os de liberação imediata, que exigiam mais de uma dose 
ao longo do dia. Para minimizar a dificuldade de se administrar múltiplas doses, foram desenvolvidos 
medicamentos de longa ação, que apresentam meia-vida maior e possibilidade de dose única diária. 
Atualmente, estão disponíveis no Brasil dois psicoestimulantes: o metilfenidato (curta e longa duração) e 
a lisdexanfetamina. Em diversos ensaios clínicos randomizados, as duas substâncias demonstraram ser 
bem toleradas e superiores ao placebo. Não há grandes diferenças na eficácia e tolerabilidade nos vários 
estudos comparando os dois. Até o momento, não foi identificado o perfil de paciente que responde melhor 
a um ou a outro medicamento. 
METILFENIDATO 
O metilfenidato é a medicação estimulante mais avaliada para TDAH em estudos controlados. Seu 
mecanismo de ação se baseia no aumento de liberação de noradrenalina e dopamina por bloqueio de 
recaptação dessas catecolaminas nos terminais nervosos pré-sinápticos. 
Metilfenidato de curta ação 
O metilfenidato de curta ação é comercializado com o nome Ritalina®, em apresentação única de 10mg. A 
absorção por via oral é rápida, mas a velocidade pode ser alterada pela ingesta alimentar. O pico plasmático 
acontece entre 1 e 2 horas após a ingesta, e a meia-vida sérica é de cerca de 3 horas. A dose terapêutica 
se situa entre 20 e 60mg/dia, sendo doses entre 0,3 e 1mg/kg/dia frequentemente preconizadas. 
 
O metilfenidato de curta ação deve ser ministrado 2 ou 3 vezes por dia, visto que sua meia-vida é curta. 
Metilfenidato de longa ação 
Duas preparações de metilfenidato de liberação prolongada estão disponíveis no mercado brasileiro: o 
metilfenidato SODASTM e o OROSTM. 
O metilfenidato SODASTM encontra-se disponível no mercado brasileiro com o nome Ritalina LA®, na 
apresentação de 10, 20, 30 e 40mg. Seu efeito dura aproximadamente oito horas e a liberação de 
metilfenidato ocorre em dois pulsos (2 e 4 horas após a administração). 
O OROSTM utiliza um mecanismo de bomba osmótica para criar um perfil ascendente de metilfenidato no 
sangue, e sua duração é de cerca de 12 horas. No período inicial, 22% do produto são liberados, e o 
restante é emitido por um processo osmótico ao longo de 10 horas aproximadamente. É vendido com o 
nome comercial Concerta®, em cápsulas de 18, 36 e 54mg. 
Os efeitos colaterais do metilfenidato, na sua maioria, são leves, doses-dependentes e transitórios. A curto 
prazo, é comum que haja anorexia, insônia, ansiedade, irritabilidade e labilidade emocional, cefaleia, dores 
abdominais, tiques, pesadelos e isolamento social. A longo prazo, pode aparecer perda de peso (resultado 
da queda acentuada no apetite) e desaceleração da curva de crescimento e alterações cardiovasculares. 
 
Apesar da existência de estudos com a população pré-escolar, a recomendação é que o uso do 
metilfenidato se dê a partir dos 6 anos de idade. 
 
 
LISDEXANFETAMINA 
A lisdexanfetamina foi lançada no Brasil, em 2011, com o nome comercial Venvanse®, em apresentações 
de 30, 50 e 70mg. É considerada uma pró-droga, pois é desprovida de efeitos farmacológicos iniciais. Sua 
ação acontece somente após um processo de hidrólise (realizado inicialmente no intestino, mas na sua 
maior parte na corrente sanguínea) em que ocorre a separação entre a lisina (um aminoácido essencial 
reaproveitado pelo organismo) e a dexanfetamina. 
 
A dexanfetamina é a substância ativa com comprovada ação sobre o TDAH. 
O início da ação surge aproximadamente duas horas após a ingestão, e o medicamento pode ser tomado 
com ou sem alimentos. Essa modalidade de liberação do medicamento ativo impede o seu uso como droga 
de abuso, pois sabe-se que nesses casos o indivíduo busca um efeito imediato, com altos picos de efeito, 
o que não é possível com a lisdexanfetamina. 
■ TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR 
O transtorno do humor tem sido cada vez mais reconhecido na população infantojuvenil. No entanto, seu 
diagnóstico é um desafio para os clínicos. Diferentemente do adulto, a criança e o adolescente encontram-
se em pleno processo de desenvolvimento, e inúmeras atitudes e comportamentos (sendo muitos do rol da 
normalidade) podem gerar dificuldades no diagnóstico diferencial.6 
Irritabilidade, retraimento social e queda no rendimento acadêmico são características comuns da 
depressão na população pediátrica. 
 
A identificação precoce e o tratamento correto podem reduzir o impacto causado pelo transtorno no 
desenvolvimento e no funcionamento social da criança. 
 
Jovens com depressão estão em maior risco para gravidez precoce, problemas com a justiça, uso de 
substâncias e suicídio.7,8 
Os antidepressivos têm sido amplamente utilizados na infância e adolescência, tanto para o tratamento de 
transtornos depressivos quanto para os casos de transtornos ansiosos. São comumente divididos em 
quatro grupos: 
 
 ■ antidepressivos tricíclicos (ADT s); 
 ■ inibidores seletivos da recaptação da serotonina ( ISRS); 
 ■ inibidores da monoaminoxidase (IMAO); 
 ■ antidepressivos atípicos (como a bupropiona e a venlafaxina). 
 
Os ADT s e os ISRS são os mais utilizados na infância e adolescência. 
Os antidepressivos são indicados em casos moderados ou graves de depressão infantojuvenil. Nos casos 
leves, a indicação é que o tratamento inicial seja realizado com técnicas psicoterápicas. Não havendo 
melhora, associa-se o tratamento medicamentoso.5 
ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS 
Os ADT s se dividem em aminas secundárias (desipramina, nortriptilina e protriptilina) e aminas terciárias 
(amitriptilina, imipramina, doxepina, clomipramina e trimipramina). Esses fármacos bloqueiam os sítios de 
transporte da serotonina e noradrenalina, diminuindo a recaptura dessas aminas no neurônio pré-sináptico. 
As aminas terciárias possuem uma grande afinidade pelos transportadores de serotonina e as aminas 
secundárias, primariamente, bloqueiam a recaptura de noradrenalina. 
 
Evidências sugerem que os ADT s não têm utilidade clínica no tratamento da depressão em crianças. 
Vários estudos não demonstraram eficácia superior dessas substâncias ao placebo. Além disso, os ADT s 
estão associados a efeitos colaterais significativos e alto risco de letalidade em caso de overdose.9 Desse 
grupo de medicamentos, apenas a imipramina é liberada para o tratamento da depressão a partir dos 10 
anos de idade. 
Os efeitos colaterais mais comumente relatados são efeitos anticolinérgicos, como boca seca, visão turva 
e constipação. Uma preocupação com o uso dessas substâncias é o seu potencialcardiotóxico. Antes de 
iniciar o tratamento com os ADT s, sugere-se a realização de eletrocardiograma (ECG) para afastar 
problemas na condução cardíaca, além da realização periódica de ECG durante o tratamento.5 Sintomas 
gastrintestinais e vômitos são frequentes quando a administração é interrompida de forma abrupta. Por 
isso, quando utilizados, a retirada deve ocorrer de forma lenta e progressiva. 
INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA 
Os ISRS incluem a fluoxetina, paroxetina, sertralina, citalopram, fluvoxamina e escitalopram. São 
substâncias com alto grau de seletividade no bloqueio da captação neuronal de serotonina, e por isso 
podem ser considerados agentes serotoninérgicos. 
 
Os ISRS são considerados medicações de primeira linha para o tratamento dos TD s de moderados a 
graves em crianças e adolescentes. Para o tratamento da depressão, já estão aprovados a fluoxetina e o 
escitalopram. 
A fluoxetina é muitas vezes a primeira escolha de tratamento, tanto em crianças quanto adolescentes. 
Três estudos randomizados controlados10,11 demonstraram sua eficácia na depressão em jovens. A dose 
recomendada é de 10 a 20mg/dia. Os efeitos colaterais comuns são cefaleia, sintomas gastrointestinais, 
sedação e insônia. Embora a fluoxetina seja a primeira escolha, existem situações na qual a escolha de 
outro ISRS é necessária, como, por exemplo, falta de resposta, interação medicamentosa, história familiar 
de resposta terapêutica a outro antidepressivo ou resistência da família. 
O escitalopram é outra opção de antidepressivo com aprovação para o tratamento da depressão em 
adolescentes. Dois estudos randomizados controlados12,13 demonstraram sua eficácia nessa população. A 
dose do escitalopram deve ser entre 10 e 20mg/dia. 
Estudos com sertralina e o citalopram também demostraram alguma eficácia no tratamento da depressão 
em jovens e podem ser uma alternativa à fluoxetina e ao escitalopram.7 Tanto a sertralina quanto o 
citalopram não são aprovados para o uso em depressão na infância e adolescência. A eficácia da 
paroxetina foi avaliada em três estudos randomizados controlados14-16 e, em todos, o resultado foi negativo. 
 
Há evidências de que uma considerável parcela das crianças e dos adolescentes diagnosticados 
apresentará (dentro de cinco anos) recaída após um primeiro episódio depressivo, além de que mais da 
metade dos casos de início na infância deve persistir na vida adulta. 
 
Ainda não há dados suficientes para se estabelecer um consenso na condução de um tratamento de 
manutenção nessa população específica.6 
A literatura sugere que a intervenção precoce na depressão em crianças pode melhorar os resultados a 
longo prazo. A duração do tratamento varia de acordo com o número de episódios depressivos:17 
 
 ■ no primeiro episódio, recomenda-se, no mínimo, 6 meses de tratamento; ao final, a medicação 
deve ser retirada lentamente entre 6 e 8 semanas; 
 ■ no segundo episódio depressivo, um ano de tratamento é recomendado; 
 ■ em crianças e adolescentes com mais de três episódios, deve-se considerar o uso de 
medicação por tempo indefinido, principalmente quando os episódios são graves, há sintomas 
psicóticos ou ideação suicida. 
 
 
5. Como é caracterizado o TDAH? 
 
6. O que evidencia a eficácia dos estimulantes de TDAH? 
 
7. Analise as afirmativas a seguir. 
I - O metilfenidato de curta ação deve ser ministrado 3 ou 4 vezes por dia, visto que sua meia-vida 
é curta. 
II - Apesar da existência de estudos com a população pré-escolar, recomenda-se que o uso do 
metilfenidato se dê a partir dos 6 anos de idade. 
III - A dexanfetamina é a substância ativa, com comprovada ação sobre o TDAH. 
Quais estão corretas? 
 
A) Apenas a I e a II. 
B) Apenas a I e a III. 
C) Apenas a II e a III. 
D) A I, a II e a III. 
Confira aqui a resposta 
 
8. Por que o diagnóstico do transtorno do humor na população infantojuvenil é um desafio para os 
clínicos? 
 
9. Em relação aos ADT s, assinale a alternativa correta. 
A) Evidências sugerem que os ADT s não têm utilidade clínica no tratamento da depressão em 
crianças. 
B) Vários estudos demonstraram eficácia superior dos ADT s em relação ao placebo. 
C) Os ADT s não estão associados a efeitos colaterais significativos e alto risco de letalidade 
em caso de overdose. 
D) Dos ADT s, apenas a imipramina é liberada para o tratamento da depressão a partir dos 5 
anos de idade. 
Confira aqui a resposta 
 
10. Quais os medicamentos já aprovados para o tratamento da depressão em crianças e 
adolescentes? 
 
11. Como varia a duração do tratamento da depressão em crianças? 
 
 
■ TRANSTORNO DO HUMOR BIPOLAR 
Até alguns anos atrás, o THB era considerado relativamente raro na infância e adolescência. No entanto, 
estudos mais recentes demonstram que o distúrbio é frequente e deve ser diagnosticado e tratado nessa 
população. 
 
O THB é um distúrbio crônico que causa grave prejuízo ao desenvolvimento e crescimento emocional da 
criança e está associado a taxas alarmantes de suicídio, problemas escolares, engajamento em 
comportamento de alto risco (promiscuidade sexual e/ou abuso de drogas), apresentando altas taxas de 
recorrência e baixas taxas de recuperação.18 Por isso, o tratamento eficaz é fundamental para os jovens 
portadores do transtorno. 
Os estabilizadores de humor são medicamentos utilizados para o tratamento dos transtornos do humor, 
principalmente em casos de THB . São medicamentos com efeito antidepressivo e antimaníaco e que não 
conferem risco de ciclagem. Podem ser divididos em dois grupos: os “tradicionais” (lítio, valproato e 
carbamazepina) e os “novos” (lamotrigina, oxcarbazepina, topiramato e gabapentina). Todos esses 
medicamentos são utilizados para tratar epilepsia, com exceção do lítio, e migraram da neuropediatria para 
a psiquiatria da infância, por apresentarem efeitos no comportamento. Apenas o lítio é aprovado 
pelo FDA para o uso em crianças e adolescentes na fase aguda de mania e na fase mista. 
Outra opção no tratamento do THB pediátrico são os antipsicóticos, que, cada vez mais, são usados em 
crianças e adolescentes. Estudos indicam que eles são mais eficazes que o placebo no tratamento 
do THB , da esquizofrenia e na irritabilidade e agressividade associadas ao espectro autista.2 
Os antipsicóticos podem ser divididos em duas classes: típicos e atípicos. Os antipsicóticos atípicos têm 
eficácia comprovada e cada vez mais estudada nos distúrbios psiquiátricos da infância e 
adolescência.5Esses fármacos, além de bloqueadores dos receptores para dopamina (D2 ), são 
bloqueadores significativos dos receptores para serotonina (S2). Estão disponíveis no Brasil as seguintes 
medicações: 
 
 ■ risperidona; 
 ■ olanzapina; 
 ■ quetiapina; 
 ■ ziprasidona; 
 ■ aripiprazol; 
 ■ clozapina. 
Dessas, apenas o aripiprazol, a olanzapina, a quetiapina e a risperidona são aprovadas para o uso na 
população pediátrica. A risperidona é o mais estudado em crianças e adolescente, e, portanto, o que 
apresenta mais dados comprovando sua eficácia e segurança. 
CARBONATO DE LÍTIO 
O lítio é o único estabilizador do humor por definição. Foi uma das primeiras medicações utilizadas no 
tratamento do THB em adultos. 
 
O lítio é o mais estudado estabilizador do humor para crianças e adolescentes, e o único aprovado 
pelo FDA para o tratamento agudo ou profilático do THB em crianças maiores de 12 anos de idade. 
Nas últimas décadas, o carbonato de lítio também vem sendo estudado para o tratamento de outros 
transtornos na infância e adolescência, especialmente em crianças com intensa agressividade. 
 
Além disso, há uma grande associação entre a redução do risco de suicídio e o uso de lítio, tanto na 
população infantojuvenil quanto na adulta.O lítio é prontamente absorvido pelo trato gastrintestinal. As concentrações plasmáticas máximas ocorrem 
em 2 a 4 horas, e a absorção total se dá em aproximadamente 8 horas. A meia-vida sérica é de 
aproximadamente 20 a 24 horas. Níveis séricos de lítio em estado de equilíbrio estável ocorrem tipicamente 
dentro de 5 a 8 dias da administração de doses diárias idênticas repetidas.19 
O nível sérico para a fase aguda de mania deve estar entre 0,8 e 1,2mEq/L, e na fase de manutenção, 
entre 0,6 e 0,8mEq/L. A dose indicada é de 30mg/kg/dia. 
Os efeitos colaterais do uso do lítio tendem a ser mais intensos na infância e incluem: 
 
 ■ ganho de peso; 
 ■ redução da atividade psicomotora; 
 ■ sedação; 
 ■ irritabilidade; 
 ■ tremores; 
 ■ tontura; 
 ■ ataxia; 
 ■ confusão mental; 
 ■ dor abdominal; 
 ■ náuseas; 
 ■ vômitos; 
 ■ diarreia; 
 ■ poliúria. 
 
Atenção especial deve ser dada aos efeitos tóxicos do lítio, que acontecem quando os níveis séricos de 
lítio ultrapassam os níveis terapêuticos. 
 
Os sintomas da toxicidade são: diarreia, vômitos, ataxia leve, um tremor grosseiro, fraqueza e fasciculações 
musculares, sedação, fala pastosa e incoordenação. Nesses casos, o medicamento deve ser suspenso 
imediatamente. 
ANTICONVULSIVANTES 
O divalproato de sódio, a carbamazepina, a oxcarbazepina e o topiramato são os anticonvulsivantes mais 
estudados para o tratamento do THB . No entanto, nenhum anticonvulsivante é aprovado peloFDA para o 
tratamento de crianças e adolescentes com esse diagnóstico. 
Divalproato de sódio 
Em crianças e adolescentes, o divalproato de sódio pode ser eficaz no tratamento de episódios maníacos, 
na agressividade e em casos de enxaqueca. Os efeitos colaterais mais comuns são náusea, aumento do 
apetite, ganho de peso, sedação, trombocitopenia, queda de cabelo (transitória), tremor e vômito. 
Carbamazepina 
A carbamazepina está aprovada para o tratamento de crianças com epilepsia desde 1987. Sua indicação 
psiquiátrica mais frequente nessa população é no tratamento do THB . Em estudos com placebo em 
adultos, a carbamazepina se mostrou eficaz tanto nas fases maníacas quanto na depressão.20 
Oxcarbazepina 
Um estudo randomizado, controlado, realizado em jovens com diagnóstico de THB , não 
encontrou diferença estatisticamente significativa na eficácia entre oxcarbazepina e placebo.21 
Topiramato 
Estudos demonstram que o topiramato não é eficaz em monoterapia para o THB , não sendo indicado nem 
no episódio agudo nem na fase de manutenção. Entretanto, em associação, é bastante eficaz e seguro na 
melhora clínica e na prevenção de recaídas.22 
Os principais efeitos colaterais observados são: sedação excessiva, piora do padrão cognitivo e perda do 
apetite. 
 
A dose inicial deve ser de 25mg à noite, com aumento até 125 a 250mg/dia. 
ANTIPSICÓTICOS 
Risperidona 
A risperidona é aprovada pelo FDA para tratamento: 
 
 ■ da esquizofrenia em adolescentes (a partir de 13 anos de idade); 
 ■ da mania ou episódios mistos do THB tipo 1 (a partir de 10 anos); 
 ■ da irritabilidades associada a quadros de autismo (a partir dos 5 anos). 
 
A risperidona é a medicação que possui melhor indicação para quadros inespecíficos e para o tratamento 
de sintomas que surgem em todos os transtornos psiquiátricos na infância e adolescência, como 
agressividade, irritação, impulsividade, hiperatividade e agitação.22 
Olanzapina 
A olanzapina é aprovada pelo FDA para o tratamento da esquizofrenia e do THB tipo 1 em adolescentes 
a partir dos 13 anos de idade. O tratamento com a olanzapina deve ser iniciado com 2,5mg/dia à noite. O 
aumento deve ser gradual, sendo a dose usual 10mg/dia. 
Intolerância à glicose, cefaleia, sedação e ganho de peso são possíveis efeitos colaterais. Os responsáveis 
pela criança/adolescente devem ser informados e orientados quanto à necessidade de controle da 
alimentação. Se necessário, o paciente deverá ser encaminhado para atendimento com nutricionista. 
Quetiapina 
A quetiapina é aprovada pelo FDA : 
 
 ■ para o tratamento de esquizofrenia na adolescência (a partir dos 13 anos de idade); 
 ■ para o tratamento do THB tipo 1 em crianças e adolescentes, a partir dos 10 anos de idade. 
Aripiprazol 
O aripiprazol é considerado um antipsicótico de terceira geração, tendo como principal mecanismo de ação 
o antagonismo parcial dos receptores dopaminérgicos e serotoninérgicos.23 Está aprovado para uso: 
 
 ■ na esquizofrenia na adolescência (a partir dos 13 anos); 
 ■ nos episódios maníacos e mistos do THB tipo 1 (a partir dos 10 anos); 
 ■ na irritabilidade do espectro autista (a partir dos 6 anos). 
Um estudo duplo-cego randomizado e placebo controlado, com 296 pacientes, entre 10 e 17 anos de idade 
com diagnóstico de THB tipo 1, demonstrou que o aripiprazol, nas doses entre 10 e 30mg, foi superior ao 
placebo no tratamento agudo do quadro de mania e dos episódios mistos.8 
Por ter uma meia-vida longa, o aripiprazol geralmente é prescrito em dose única. A dose inicial deve ser de 
5mg à noite, e não deve exceder 30mg/dia. Os efeitos colaterais mais comuns são sedação, agitação 
psicomotora, náusea e vômitos. 
Ziprasidona e clozapina 
Ainda não são aprovadas para o uso em crianças e adolescente, embora alguns poucos estudos 
demonstrem eficácia das duas substâncias. 
A Tabela 1 apresenta os psicofármacos aprovados para o uso de crianças e adolescentes com THB . 
Tabela 1 
PSICOFÁRMACOS APROVADOS PARA O USO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM THB 
Substância Dose utilizada Principais efeitos adversos 
Lítio 10 a 30mg/kg (litemia: 
0,6 a 1,2mEq/L) 
Poliúria, polidipsia, tremor, ataxia, náusea, diarreia, ganho de peso, tontura, acne. A 
longo prazo é possível o desenvolvimento de alterações na função renal e/ou 
tireoidiana. 
Risperidona 0,5 a 6mg/dia Aumento de apetite e de peso, efeitos extrapiramidais, sonolência, aumento de 
prolactina. Maior risco de síndrome neuroléptica maligna entre os antipsicóticos 
atípicos. 
Olanzapina 2,5 a 5mg/dia Considerável ganho de peso e aumento de apetite, dislipidemia, boca seca, sedação 
e crise convulsiva. 
Quetiapina 400 a 600mg/dia Sonolência significativa, fadiga, aumento de apetite e de peso (menos significativo 
que no uso da olanzapina e risperidona). 
Aripiprazol 10 a 30mg/dia Sonolência, acatisia, efeitos extrapiramidais, sialorreia, visão borrada. 
Fonte: Adaptado de Fu-I L, Boarati MA, Maia AP e colaboradores.23 
 
 
12. Por que o tratamento eficaz é fundamental para os jovens portadores do THB ? 
 
13. Analise as afirmativas a seguir. 
I - O lítio é o mais estudado estabilizador do humor em crianças e adolescentes e o único aprovado, 
pelo FDA , para o tratamento agudo ou profilático do THB em crianças maiores de 12 anos de 
idade. 
II - Nenhum anticonvulsivante é aprovado pelo FDA para o tratamento de crianças e adolescentes 
com diagnóstico de THB . 
III - Dos antipsicóticos, apenas o aripiprazol, a olanzapina, a quetiapina e a risperidona são 
aprovadas para o uso na população pediátrica. 
Quais estão corretas? 
 
A) Apenas a I e a II. 
B) Apenas a I e a III. 
C) Apenas a II e a III. 
D) A I, a II e a III. 
Confira aqui a resposta 
 
14. Correlacione os psicofármacos aprovados para o uso de crianças e adolescentes com THB da 
coluna da esquerda com os efeitos adversos da coluna da direita. 
(1) Lítio 
(2) Risperidona 
(3) Olanzapina 
(4) Quetiapina 
(5) Aripiprazol 
( ) Considerável ganho de peso e aumento de apetite, 
dislipidemia, boca seca, sedação e crise convulsiva. 
( ) Sonolência significativa, fadiga, aumento de apetite e de 
peso (menos significativo que no uso da olanzapina e 
risperidona). 
( ) Sonolência, acatisia, efeitos extrapiramidais, sialorreia, 
visão borrada.( ) Aumento de apetite e de peso, efeitos extrapiramidais, 
sonolência, aumento de prolactina. Maior risco de 
síndrome neuroléptica maligna entre os antipsicóticos 
atípicos. 
( ) Poliúria, polidipsia, tremor, ataxia, náusea, diarreia, ganho 
de peso, tontura, acne. A longo prazo é possível o 
desenvolvimento de alterações na função renal e/ou 
tireoidiana. 
Assinale a alternativa que contém a sequência correta. 
 
A) 4 – 1 – 2 – 5 – 3 
B) 2 – 5 – 4 – 1 – 3 
C) 3 – 4 – 5 – 2 – 1 
D) 5 – 2 – 1 – 4 – 2 
Confira aqui a resposta 
 
15. Quais os antipsicóticos aprovados para tratamento da esquizofrenia na adolescência (a partir 
dos 13 anos)? 
A) Risperidona, olanzapina, zipresidona e clozapina. 
B) Quetiapina, ziprasidona e aripiprazol. 
C) Risperidona, olanzapina, aripiprazol e quetiapina. 
D) Risperidona, olanzapina, aripiprazol, clozapina e quetiapina. 
Confira aqui a resposta 
 
 
 
■ TRANSTORNOS ANSIOSOS 
Os transtornos ansiosos encontram-se entre as doenças psiquiátricas mais comuns em crianças e 
adolescentes. Estudos epidemiológicos indicam que aproximadamente 10% de todas as crianças têm pelo 
menos um transtorno de ansiedade. Os quadros mais frequentes são: 
 
 ■ transtorno de ansiedade de separação (TAS); 
 ■ transtorno de ansiedade generalizada (TAG); 
 ■ quadros de fobias específicas; 
 ■ transtorno obsessivo compulsivo (TOC); 
 ■ fobia social; 
 ■ transtorno de pânico (TP). 
 
A identificação precoce pode evitar repercussões negativas na vida da criança, tais como faltas constantes 
à escola, consultas frequentes ao pediatra por queixas somáticas e, possivelmente, a ocorrência de 
problemas psiquiátricos na vida adulta. Se não tratados, os transtornos ansiosos na infância e adolescência 
apresentam um curso crônico, embora flutuante ou episódico.4 
 
As intervenções psicossociais devem ser tentadas antes do início de qualquer tratamento medicamentoso, 
visto que intervenções não farmacológicas são eficazes para muitas crianças ansiosas. 
A farmacoterapia deve ser considerada quando há presença de sintomas graves que causam 
comprometimento à vida do jovem, ineficácia da intervenção psicossocial ou presença de comorbidades, 
como depressão maior.23 
Várias classes de medicações podem ser utilizadas no tratamento dos transtornos ansiosos. 
Antidepressivos, ansiolíticos e antipsicóticos são algumas das opções. O foco será restringido às 
medicações mais comumente estudadas e utilizadas: os antidepressivos (já discutidos anteriormente) e os 
ansiolíticos. 
ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS 
Os estudos sobre o uso de ADT s nos quadros ansiosos na infância e adolescência são escassos. A 
maioria envolve o uso da imipramina. No caso do TOC, a clomipramina é o único tricíclico aprovado 
peloFDA para o uso na população pediátrica. 
ANTIDEPRESSIVOS INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE 
SEROTONINA 
A literatura tem demonstrado que os ISRS são eficazes e seguros para o tratamento agudo da ansiedade 
na infância e adolescência, sugerindo que eles sejam os medicamentos de primeira escolha nessa 
situação.24 
O tratamento deve ser iniciado com doses baixas. O aumento da dose deve ser gradual, conforme tolerado 
pelo paciente, caso não haja resposta terapêutica. 
No caso do TOC, três substâncias têm indicação: sertralina (a partir dos 6 anos de idade), fluoxetina (a 
partir dos 7 anos) e fluvoxamina (a partir dos 8 anos). 
BENZODIAZEPÍNICOS 
Apesar de o FDA liberar a maioria dos benzodiazepínicos (BZD s) para o uso nos transtornos ansiosos, 
muitos estudos ainda precisam ser realizados para comprovar sua eficácia e tolerabilidade, principalmente 
na infância e adolescência. 
Os efeitos colaterais mais comuns dos BZD s são: 
 
 ■ sedação excessiva; 
 ■ fadiga; 
 ■ sonolência; 
 ■ ataxia; 
 ■ confusão mental. 
Reações paradoxais e episódios de acentuado descontrole e desinibição foram relatados em crianças e 
adolescentes. Os sintomas incluíram excitação aguda, ansiedade ampliada, agressividade e hostilidade 
aumentadas, reações de raiva, perda de todo e qualquer controle, alucinações, insônia e pesadelos.24 
 
Devido ao seu perfil de efeitos colaterais, evidência limitada de eficácia e potencial de abuso e dependência, 
os BZD s só devem ser prescritos em casos de extrema necessidade, com doses baixas e pelo menor 
tempo possível, em associação com um ISRS ou ADT , até o antidepressivo começar a fazer efeito.24 
A Tabela 2 apresenta os psicofármacos utilizados nos transtornos ansiosos da infância e adolescência. 
Tabela 2 
PSICOFÁRMACOS UTILIZADOS NOS TRANSTORNOS ANSIOSOS DA INFÂNCIA E 
ADOLESCÊNCIA. 
Medicamento Dose/Dia Mecanismo de ação Efeitos colaterais 
Fluvoxamina 50 - 
300mg 
Bloqueio pré-sináptico da recaptação 
de serotonina. 
Irritabilidade, acatisia, ativação comportamental, insônia, 
sonolência, cansaço, redução do apetite, sintomas 
gastrintestinais, cefaleia, tontura. 
Sertralina 25 - 
200mg 
Fluoxetina 10 - 
60mg 
Paroxetina 10 - 
50mg 
Citalopram 10 - 
40mg 
Imipramina 2 - 
5mg/kg 
Bloqueio pré-sináptico da recaptação 
de noradrenalina, serotonina e 
dopamina. Efeitos pós-sinápticos 
anticolinérgicos e anti-histamínicos. 
Boca seca, sonolência, tontura, cansaço, tremores, 
cefaleia, constipação, visão turva, ganho de peso, 
sudorese, desconforto estomacal, efeitos 
cardiovasculares (redução da pressão arterial, 
prolongamento do intervalo QT no EEG) 
Clomipramina 2 - 
5mg/kg 
Venlafaxina 75 - 
225mg 
Bloqueio pré-sináptico da recaptação 
de serotonina e noradrenalina. 
Cansaço, tontura, dor abdominal, redução do apetite, 
sonolência, insônia. 
Clonazepam 0,5 - 2mg Reforço da transmissão GABAérgica, 
por ligação em receptor específico 
dentro do receptor ácido gama-
aminoburítico (GABA). 
Sonolência, desinibição, agitação, confusão, 
abstinência. Risco de dependência. 
Alprazolam 0,5 - 4mg 
Fonte: Adaptado de Asbahr FR e cols.24 
■ TRANSTORNOS DO ESPECTRO AUTISTA 
Os TEAs são caracterizados por um comprometimento global nas várias áreas do funcionamento. Esses 
déficits geralmente tornam-se evidentes no terceiro ano de vida e normalmente estão acompanhados por 
algum grau de retardo mental. 
O diagnóstico requer a presença de distúrbio em três domínios25 
 
 ■ Interação social: falta de interesse espontâneo em partilhar alegria, incapacidade de utilizar 
meios não verbais de comunicação (linguagem corporal, gestos, expressão facial, contato 
visual) e incapacidade de desenvolver relacionamentos com os pares apropriados à idade e ao 
nível de desenvolvimento. 
 ■ Comunicação: falta de linguagem verbal ou linguagem atrasada ou desviada. Pode ocorrer 
uso estereotipado, repetitivo ou idiossincrático da linguagem, sem intenção comunicativa. Se 
existe capacidade de linguagem adequada, há falta de interesse em iniciar ou manter uma 
conversação. O brincar está comprometido. Brincadeiras imaginativas espontâneas e 
brincadeiras sociais imitativas apropriadas para o nível de desenvolvimento estão ausentes ou 
substancialmente retardadas. 
 ■ Interesses restritos e padrões estereotipados do comportamento: preocupação geral com um 
ou vários tópicos, que podem ser anormais no foco, na intensidade ou em ambos (por exemplo: 
horários de trens, números primos, detergentes de roupas etc.). Uma adesão incapacitante a 
rotinas não funcionais também é comum. Movimentos estereotipados e maneirismos, tais como 
agitar as mãos, balançar o corpo ou encarar as pessoas, estão presentes. 
 
Os TEA são uma das causas principais de incapacitação do desenvolvimento. A condição possui graves 
consequências socioeconômicas, pois começa na infância, é crônica e a incapacitação pode ser intensa. 
 
Para os TEA não existem tratamentos definitivos estabelecidos. 
Geralmente, os tratamentosde primeira linha para crianças com autismo incluem tratamentos psicossociais 
e intervenções educacionais, com o objetivo de maximizar a aquisição da linguagem, melhorar as 
habilidades sociais e comunicativas e acabar com os comportamentos maladaptativos. As intervenções 
farmacológicas geralmente têm como alvo sintomas acessórios, ou seja, sintomas que acompanham os 
sintomas nucleares e que incapacitam gravemente o funcionamento do indivíduo.19 
São considerados sintomas acessórios:7 
 
 ■ déficit de atenção e concentração (60%); 
 ■ hiperatividade (40%); 
 ■ preocupações mórbidas não habituais (43 - 88%); 
 ■ fenômenos obsessivos (37%); 
 ■ compulsões e rituais (16 - 86%); 
 ■ linguagem estereotipada (50 - 89%); 
 ■ maneirismo estereotipado (70%); 
 ■ fobias/ansiedade (17 - 74%); 
 ■ humor depressivo, irritabilidade, agitação e afeto inapropriado (9 - 44%); 
 ■ distúrbios de sono (11%); 
 ■ automutilação (24 - 43%); 
 ■ tiques (8%). 
Assim, essa é a sintomatologia que será foco da psicofarmacologia. 
A pesquisa atual na área de tratamentos psicofarmacológicos para o autismo utiliza tratamentos para 
condições psiquiátricas em sintomas que poderiam ser relevantes para o autismo. Os psicotrópicos mais 
recentes, particularmente os antipsicóticos atípicos e os ISRS, possuem perfis mais benignos de efeitos 
colaterais do que seus correspondentes mais antigos. No entanto, há urgente necessidade de 
desenvolvimento de novos agentes, específicos para o autismo, e que possivelmente ataquem os sintomas 
nucleares da enfermidade. 
 
Risperidona: aprovada pelo FDA para o tratamento da irritabilidade em crianças autistas entre 5 e 16 anos. 
 
Aripiprazol: aprovado pelo FDA para o tratamento da irritabilidade em crianças autistas entre 6 e 17 anos. 
 
 
16. Quais são os quadros mais frequentes nos transtornos ansiosos? 
 
17. Quando a farmacoterapia deve ser considerada no tratamento de transtornos ansiosos? 
 
18. Sobre o tratamento de crianças e adolescentes portadores de transtornos ansiosos, assinale a 
alternativa INCORRETA. 
A) Os BZD s nunca devem ser o medicamento de primeira escolha em tratamento dos 
transtornos ansiosos em crianças e adolescentes. 
B) A venlafaxina é a medicação de primeira escolha em casos de ansiedade na infância. 
C) Os estudos mostram que em casos leves e moderados dos transtornos ansiosos na infância 
a terapia cognitiva comportamental (TCC) tem pontos positivos sem qualquer contraindicação 
no tratamento dos transtornos ansiosos. 
D) Os ISRS são as medicações de primeira escolha nos transtornos ansiosos da infância e já 
há alguns desse grupo liberados pela FDA para o tratamento. 
Confira aqui a resposta 
 
19. O que requer o diagnóstico de TEA? 
■ AVALIAÇÕES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
■ CONCLUSÃO 
Nos últimos anos, progressos significativos têm sido observados tanto na maior compreensão dos 
transtornos psiquiátricos que acometem crianças e adolescentes quanto no tratamento psicofarmacológico 
dessas condições. O surgimento de novos medicamentos, mais eficazes e com melhor perfil de efeitos 
colaterais, tem contribuído muito para esse avanço. No entanto, a prática clínica ainda é limitada pela 
escassez de estudos clínicos controlados nessa população. 
■ RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS 
Atividade 2 
Resposta: B 
Atividade 7 
Resposta: C 
Comentário: O metilfenidato dever ser ministrado 2 ou 3 vezes por dia. 
Atividade 9 
Resposta: A 
Atividade 13 
Resposta: D 
Atividade 14 
Resposta: C 
Atividade 15 
Resposta: C 
Atividade 18 
Resposta: B 
Comentário: As medicações aprovadas e indicadas para transtornos ansiosos na infância são 
os ISRS (sertralina, fluoxetina, fluvoxamina e excitalopran).

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