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Doença de Legg-Calvé-Phertes “Enquanto navegas pela vida, Não evite tempestades e águas bravias. Mares calmos não fazem bons marinheiros.” Doença de Legg-Calvé-Perthes Obscura afecção da articulação do quadril ( Legg,1910 - EUA ) Pseudo coxalgia (Calvé,1910 Franca) Artrite deformante do quadril (Perthes,1910, 1913 Alemanha) Doença de Legg-Calvé-Perthes INTRODUÇÃO : Doença caracterizada por necrose avascular da epífise femoral em crescimento, especificamente do seu núcleo secundário de ossificação. Múltiplos episódios de infarto levariam ao quadro patológico. Perda inicial do aporte sanguíneo que chega a epífise da cabeça femoral – Causa desconhecida Doença de Legg-Calvé-Perthes Doença de Legg-Calvé-Perthes Doença de Legg-Calvé-Perthes ETIOLOGIA Trueta, 1968 - Até 2 anos há anastomoses vasculares livres entre cabeça e colo - Após 2 anos a fise torna-se uma barreira. A epífise recebe seu suprimento dos vasos epifisários laterais - Após a puberdade a cabeça recebe seu suprimento dos vasos epifisários, metafisários e do ligamento redondo Doença de Legg-Calvé-Perthes ETIOLOGIA - Tachidjian,1968 - Pressão hidrostática intra-articular elevada – interrupção do suprimento sangüíneo por tamponamento dos vasos retinaculares (trauma, sinovite transitória) - Wynie-Davies,1978 - Parece não haver evidências de fatores genéticos associados - Kleinman e Bleck,1981 - Aumento da viscosidade sangüínea pode ser um fator desencadeante da necrose - Green e Griffin,1982 - Aumento da pressão venosa intra-óssea Doença de Legg-Calvé-Perthes FATORES RELACIONADOS Anormalidades de coagulação- Trombose, decorrente de fibrinólise; aumento da viscosidade sanguínea. Alteração do fluxo sanguíneo arterial. Obstrução da drenagem venosa. Trauma Hiperreatividade Desenvolvimento – criança pequena para a idade cronológica, níveis reduzidos de somatomedina. Fatores nutricionais Dislipidemias Doença de Legg-Calvé-Perthes INCIDÊNCIA Variável, de 1:1200 ate 1:12500 Faixa etária 2-16 anos; 80% entre 3-9 Sexo- masculino 4:1 Bilateralidade 10-15% Mais comum à esquerda Doença de Legg-Calvé-Perthes Necrose -- Reabsorção óssea - Deposição de osso - reparação Maturidade <--- Remodelação -A cartilagem articular está espessada, a fise mostra alguma irregularidade -Osteócitos com núcleos picnóticos ou ausentes -Não há evidência de regeneração -A cabeça femoral mantém a sua forma ( Estágio I) - Tecido conjuntivo vascularizado invade o osso morto - Há substituição de osso morto por osso imaturo -Há colapso das trabéculas e perda de altura da epífise -( Estágio II) - Há achatamento da epífise - Não há necrose ou regeneração ativa - Há osso trabecular e medula óssea normal - (Estágio III) Doença de Legg-Calvé-Perthes Necrose ---------------------- Reparação Fragmentação e diferenciação / De osso neo-formado / / Amolecimento / tecidual / Residual Reossificação Fragmentação Doença de Legg-Calvé-Perthes Quadro clínico Dor – No quadril e na região antero-medial do joelho, território sensitivo do Nervo Obturatório. Claudicação – Marcha com balanço de tronco e inclinação do corpo sobre o membro, que fica em adução e joelho em valgo. Limitação da abdução , limitação da rotação interna e encurtamento do membro Doenca de Legg-Calvé-Perthes EXAMES COMPLEMENTARES Radiografias – A.P. e Lowenstein ( pata de rã) - Estadiamento de Jonsater: - Período inicial ou de necrose – necrose avascular da epífise que se mostra adensada - Período de fragmentação – reabsorção dos tecidos e a reposição de osso imaturos - Período de reossificação – Conclusão do processo de reparação - Período definitivo – maturidade esquelética U.S.G. – Efusão do quadril Espessamento e aumento da cartilagem articular Cabeça do Fêmur descoberta Irregularidade e deformidade da epífise óssea R.N.M. Mostra isquemia total da cabeça antes que haja a fratura subcondral Sinal do crescente Doença de Legg-Calvé-Perthes Doenca de Legg-Calvé-Perthes EXAMES COMPLEMENTARES: Cintilografia com Tc99m Estagio 1 Todo núcleo avascular, captação diminuida ou inexistente. Estagio 2 Quando a revascularização ocorre por recanalização observa-se a formação de uma coluna lateral. Estagio 3 A porção antero-lateral vai sendo gradativamente preenchida. Estagio 4 Cintilografia normal com a cicatrização. O diagnóstico pode ser feito 2-3 meses antes dos sinais de risco no Rx Ressonância Magnética Tomografia Computadorizada Doença de Legg-Calvé-Perthes Radiografia simples Waldenström dividiu a história natural da doença de Perthes em quatro estágios, baseado em manifestações clínicas e radiográficas - Incipiente - Necrose - Fragmentação - Residual Doença de Legg-Calvé-Perthes Estágio inicial -Parada do núcleo de ossificação da cabeça -Diminuição do tamanho -Aumento da cartilagem articular - Aumento do espaço articular Doença de Legg-Calvé-Perthes Aumento do espaço articular Doença de Legg-Calvé-Perthes Diminuição do tamanho do núcleo Doença de Legg-Calvé-Perthes Segundo estágio Fratura subcondral (sinal de Caffey) - linha radioluscente que começa na porção anterior da cabeça e se estende para posterior delimitando a área de necrose - Opacidade da cabeça: calcificação medular, fratura e colapso -Fise desalinhada e irregular Doença de Legg-Calvé-Perthes Fratura subcondral Doença de Legg-Calvé-Perthes Terceiro estágio - Fragmentação – o processo de reparação e revascularização (substituição rastejante) origina áreas densas rodeadas por áreas radiolucentes - Calcificação lateral – ilhas de osso novo provenientes da placa subcondral viva que posteriormente se fundem com a epífise - Cistos Metafisários – irregularidades da fise e da epífise que permitem que faixas decartilagem não ossificada penetrem a metáfise Doença de Legg-Calvé-Perthes Fragmentação e sinal de Gage Doença de Legg-Calvé-Perthes Quarto estágio Reossificação – o novo tecido ósseo substitui o tecido necrótico. - A última área reossificada é a porção ântero- lateral da cabeça Doença de Legg-Calvé-Perthes Reossificação Doenca de Legg-Calvé-Perthes Resumindo: Sinais radiográficos Estagio inicial Aumento gradativo entre o núcleo de ossificação e o espaço em lagrima do acetábulo. Sinal de Caffey Representa a fratura subcondral, uma linha crescente na cabeça do Fêmur. Observada no inicio da doença desaparecendo com 2- 6m Aumento da opacidade da cabeça femoral por calcificação da medula necrótica e formação apositiva de novo osso. Desalinhamento e irregularidade da fise Fragmentação do osso denso por áreas manchadas devido a reabsorção de trabéculas ósseas soltas e substituição por fibrocartilagem, após a fratura do osso infartado. Ilhas de novo osso , para o interior da cartilagem articular Fase de reparação com reossificação Doenca de Legg-Calvé-Perthes FATORES PROGNÓSTICOS Idade Quanto menor melhor o prognóstico. Obesidade Extensão do comprometimento epifisário e da fratura subcondral Período entre o aparecimento e a resolução Sexo homem evolui melhor que a mulher pois esta tem forma mais extensiva da doença Distúrbios do crescimento da fise Grau de protrusão da cabeça para fora do acetábulo se > 20% tem mau prognostico. Doenca de Legg-Calvé-PerthesDIAGNOSTICO DIFERENCIAL SINOVITE TRANSITORIA DO QUADRIL ARTRITE PIOGÊNICA ARTRITES REUMÁTICAS FEBRE REUMÁTICA ARTRITE TUBERCULOSA TUMORES ÓSSEOS GRANULOMA EOSINOFÍLICO, OSTEOMA OSTEÓIDE, OSTEOBLASTOMA E LINFOMAS. DISPLASIAS EPIFISÁRIAS Doenca de Legg-Calvé-Perthes CLASSIFICAÇÃO Quanto ao (a): - Estágio da doença: Waldenström - Biologia da doença: Conway - Extensão da necrose - Só têm valor prognóstico as classificações que levam em conta a extensão da necrose e a evolução da doença - Catterall ,1971 - Salter- Thompson,1984 - Hering, 1992 Doenca de Legg-Calvé-Perthes CLASSIFICAÇÃO Caterral, 1971 Graus do envolvimento do núcleo epifisário. Com conotação prognóstica. Grupo 1 comprometimento mínimo da epífise, até 25% da cabeça femoral em seu segmento anterior, sem seqüestro, sem fratura subcondral . Grupo 2 envolve ate 50% da cabeça femoral; apresenta seqüestro central, margem lateral intacta. Grupo 3 afeta até 75% do núcleo ósseo (epífise), com presença de cistos metafisários. O segmento póstero-medial está poupado Grupo 4 possui epífise totalmente acometida. Classificação de Catterral, 1971 Doenca de Legg-Calvé-Perthes CLASSIFICAÇÃO Salter e Thompson, 1984 Baseia-se na extensão da fratura subcondral. Observada nos estágios iniciais antes de reabsorção da cabeça. Classe A Extensão < 50% da cabeça femoral Classe B Extensão > 50% da cabeça Doenca de Legg-CalvéPerthes CLASSIFICAÇÃO Salter e Thompson, 1984 Doenca de Legg-Calvé-Perthes CLASSIFICAÇÃO Hering Pilar lateral, representado pelos 15-30% da epífise lateral da cabeça do fêmur, no RX em A.P. Importante para prognóstico e tratamento. Tem mais importância após a fase de reossificaçao. Grupo A Não há perda do pilar lateral, tem bom prognóstico. Grupo B > 50% do pilar esta acometido, prognóstico moderado. Grupo C A preservação lateral < 50%, prognóstico reservado. Classificação de Hering, 1992 Doenca de Legg-Calvé-Perthes CLASSIFICAÇÃO Cintilografica de Conway Está baseada no processo de cicatrização que pode ser dividida em: Trato A - Caracterizado pela formação prematura de uma coluna lateral. 1-A -- Toda a cabeça, de 0-2 m 2-A -- Toda coluna lateral, 3 m 3-A -- Extrusão anterior, 6 m 4-A -- mais de 1 ano Trato B – Não há formação da coluna, o trato cicatriza por recanalização. Mostra os sinais de cabeça de risco. 1-B -- Toda cabeça, 0-1 ano. 2-B -- Preenchimento da base, maior que 1 ano. 3-B -- Cogumelo , 1-2 anos 4-B-- Cicatrização, 1-4 anos Perthes, estadio 1B, projeção anterior. Perthes, estadio 2A. Perthes, estadio 2B, projeção anterior Doenca de Legg-Calvé-Perthes Sinais de cabeça de risco - Obesidade da criança - Precocidade do diagnóstico - Idade do paciente no diagnóstico - Perda persistente da ADM Sinais radiográficos de cabeça de risco Calcificação lateral a epífise Subluxação lateral da cabeça - + IMPORTANTE Cistos metafisários – Geoides Lise meta epifisária - sinal de Gage ou da unha Horizontalizarão da placa de crescimento Doenca de Legg-Calvé-Perthes Sinais radiográficos de cabeça de risco Doenca de Legg-Calvé-Perthes Classificação quanto a possibilidade de artrose futura Stulberg Quadril tipo 1 – forma da cabeça basicamente normal. Quadril tipo 2 – contorno da cabeça femoral dentro de 2 mm dos círculos concêntricos. Quadril tipo 3 – cabeça femoral elíptica, acetábulo acompanha o formato Quadril tipo 4 – cabeça femoral achatada mais de 1 cm, contorno acetabular acompanha. Quadril tipo 5 – colapso da cabeça, acetábulo não se altera. Doenca de Legg-Calvé-Perthes Tratamento Objetivos Fases do tto - Cabeça esférica - Quadril funcional - Quadril móvel - Quadril sem dor -Restauração da ADM do quadril -Contenção da cabeça femoral - Tratamento das seqüelas - AINE para controle da sinovite - Tração - Fisioterapia - retirar carga - Conservador - Cirúrgico Doenca de Legg-Calvé-Perthes Tratamento Conservador: Órteses com função de contenção concêntrica da cabeça femoral. Pode ser de Scottish-Rite, Atlanta brace ( de abdução), aparelho de Tachdjain e de Thomas. Aparelhos gessados tipo Broomstick ou Petrie Tração cutânea tipo Russel Gesso em abdução e rotação interna Órtese de Scosh - Rite Doenca de Legg-Calvé-Perthes Doenca de Legg-Calvé-Perthes Tratamento Cirúrgico Proximais ou supra-acetabulares Cirurgia de Chiari indicada para casos onde a cabeça femoral reossificada continua lateralizada, incongruente e dolorida. Osteotomia para expansão do teto, tipo shelf, nos primeiros 6 meses da doença em casos de subluxação com insuficiente cobertura ou aplanamento e magnificação da cabeça. Doenca de Legg-Calvé-Perthes Tratamento Cirúrgia de Chiari Doenca de Legg-Calvé-Perthes Tratamento Cirurgia de Salter Osteotomia do osso inominado, faz-se uma reorientação do acetábulo sobre a cabeça femoral. INDICAÇOES - Crianças maiores de 6 anos - Grau moderado a grave - B de Salter e Thompson - B e C de Hering - Crianças mais novas com colapso da cabeça femoral e quebra da linha de Shenton. PRÉ REQUISITOS - Amplitude satisfatória da articulação do quadril -Ausência de irregularidades grosseiras ou achatamento da superfície femoral. VANTAGENS - Fornece cobertura antero- lateral adequada, sem necessidade de encurtar o Fêmur - Melhora a propulsão do glúteo médio - Facilidade para remoçao do material - Ausência de riscos de fratura pela presença de parafusos no Fêmur. COMPLICAÇOES - Quadril em dobradiça se persistir a subluxação - Rigidez articular por aumento da pressão Figura 1. Adequada orientação de material de osteosíntese para sínfise púbica. Figura 2. Inadequada orientação de material de osteosíntese para o teto acetabular. Doenca de Legg-Calvé-Perthes Figura 3. Colapso parcial da osteotomía, sem precisar de revisão do procedimento Figura 4. Colapso completo da osteotomía, indicação de revisão do procedimento Doenca de Legg-Calvé-Perthes Doenca de Legg-Calvé-Perthes Tratamento cirúrgico Distais – osteotomias subtrocantéricas VARIZANTES – Visa obter a contensão mediante a redução do ângulo cérvico diafisário INDICAÇÕES- PRE REQUISITOS VANTAGENS DESVANTAGENS - Encurtamento do membro - Aumento da coxa vara funcional - Agrava a marcha de Trendelemburg - Remoção difícil do material - Risco de fraturas por fadiga pelos orifícios do parafuso - Idade de aparecimento maior que 6 anos - Prognóstico ruim baseado nos sinais de risco -Boa amplitude de movimento * deve ser realizada antes reossificação. -Tecnicamente mais simples - A rigidez pós-operatória não é problema Doenca de Legg-Calvé-Perthes Doenca de Legg-Calvé-Perthes Tratamento Osteotomia Valgizante INDICAÇÃO: Quadril em dobradiça para evitar impacto da gibosidade lateral da cabeça contra o acetábulo na abdução. VANTAGENS - Melhora do braço de alavanca abdutor. - Aumenta o comprimento do membro. - Muda o centro de rotação da cabeça - Aumenta o espaço articular - Melhora a abdução e a marcha Doenca de Legg-Calvé-Perthes Tratamento Osteotomia combinada Pelve e Femur Indicada para crianças mais velhas com grave envolvimento. Fornece cobertura adequada a cabeça sem criar deformidade no Fêmur proximal. Apofisiodese do Trocanter Maior Quando houver sintomatologia dolorosa e cansaço, além do sinal de Trendelemburgsensibilizado. Doenca de Legg-Calvé-Perthes Deformidades Residuais Desigualdade de comprimento dos membros inferiores. Hipercrescimento relativo Trocanter maior e colo femoral curto Extrusão e falta de cobertura Abdução em dobradiça – Hinge do quadril Labrum acetabular lacerado – artrografia Osteocondrite dissecante – ocorre entre 7 e 10 anos após a cicatrização, em geral no sexo masculino apresentando dor a restrição progressiva da mobilidade, resulta de um fragmento necrótico não cicatrizado Doenca de Legg-Calvé-Perthes PROGNÓSTICO - Hall em 1981 relatou 71% de resultados satisfatórios após 35 anos de início dos sintomas -Perpich em 1983 relatou que 76% dos pacientes que apresentavam uma cabeça ruim pelos critérios de Mose tinham bons resultados clínicos após 30 anos de início dos sintomas -Após 40 anos, os quadris começam a deteriorar funcional e radiologicamente, sendo que metades dos pacientes podem apresentar dor e incapacidade - A taxa de artroplastias realizadas e possíveis chega a aproximadamente 15 a 20% - Após 50 a 60 anos do início dos sintomas, 70% dos paciente já apresentam artrite degenerativa severa
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