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HORLEAN DEUZIMAR

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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO FEDERAL DO TRABALHO DA ___ª VARA DA JUSTIÇA REGIONAL - 16ª REGIÃO DO TRABALHO SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO LUÍS – MARANHÃO
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA
HORLEAN PINTO, brasileiro, solteiro, (auxiliar de entrega), filho de Maria do Socorro Pinto e nascido no dia 08/09/1979, portador da Cédula de Identidade RG/SSP/MA n° 000048819295-1 e do CPF/MF n° 767.879.663-34 (Doc. 02), do PIS n° 126.01948.42-8 (Doc. 03) e da Carteira de Trabalho e Previdência Social n° 90736 - Série 00009-MA (Docs. 04 e 05), residente e domiciliado na Avenida Oeste Externa, n° 24-A, Residencial São Luís, bairro, Cidade Operária, CEP 08040-210, nesta Capital, por seu advogado e procurador legalmente constituído, conforme instrumento de mandato anexo (Doc. 05), com escritório profissional e endereço eletrônico (email), constante no rodapé, local onde recebe as intimações, notificações e informações dos atos processuais, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência para propor a presente
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
 Rito Ordinário
em face da DISTRIBUIDORA NASCENTE PRODUTOS DE LIMPEZA E CONSERVAÇÃO EIRELI, pessoa jurídica de direito privado cadastrada no CNPJ/MF sob o n° 07.344.186/0001-45, a ser intimada à Avenida Engenheiro Emiliano Macieira, BR-135, n.º 03, Modulo-A1, Quadra-B, Lote 02, Distrito Industrial-MARACANÃ, São Luís/MA, CEP 65.099-090, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor:
I- JUSTIÇA GRATUITA
O reclamante encontra-se desempregado, destacando nos termos da legislação vigente, que não possui condições financeiras suficientes para demandar sem prejuízo do próprio sustento, sendo, por isso, merecedor dos benefícios da Justiça Gratuita e de eventual isenção de custas processuais, de acordo com os preceitos fixados na Lei n° 1.060/50 e no parágrafo 1° do art. 14 da Lei 5.584 de 1970 (Doc. 06).
II– DO CONTRATO DE TRABALHO
O Reclamante trabalhou na empresa acima Reclamada, no período de 01/07/2006, a 22/01/2017, quando foi despedido sem justa causa.
Ressalta-se, que o reclamante foi contratado em 01/07/2005 e conforme registro na CTPS, a mesma foi assinada somente em 01/07/2006, um ano depois da sua contratação para o cargo de SERVIÇOS GERAIS, onde exercia a função de (Auxiliar de Entrega) de PRODUTOS DE LIMPEZA EM GERAL, percebendo na época da contratação o salário mensalmente no valor de R$ 374,71 (trezentos e setenta e quatro reais e setenta e um centavos), conforme (doc. 05/06), inclusos.
Aduz o Reclamante que sua atividade laboral era realizada nos Municípios e Cidades do interior do Estado do Maranhão, onde o autor deixava sua residência às 05h30min da Manhã, pegava ônibus que o levava até a Empresa Reclamada, local onde se juntava ao motorista de viagem e pegavam o transporte – (UM CAMINHÃO BAÚ) fornecido pela empresa contendo OS PRODUTOS DE LIMPEZA E HIGIENE, com saída às 07hsmin da manhã, retornando para São Luís/MA, após a última entrega, conforme cópia de NOTA FISCAL (doc.06), inclusa.
Afirma o Reclamante que durante todos esses (10) dez anos em que trabalhou para a reclamada, o Reclamante executava sozinho suas atividades laborais, ou seja, entregas dos produtos acima, por todo o interior do Estado, onde não recebia os adicionais com as devidas verbas, tais como: HORAS EXTRAS, TICKET ALIMENTAÇÃO, AJUDA DE CUSTO DE VIAGENS, ADICIONAIS NOTURNO, ADCIONAIS DE INSALUBRIDADE devidamente reajustadas.
Aduz mais ainda, o reclamante, que entregando todos os Produtos de Limpeza e Higiene para os comerciantes locais dessas citadas cidades, sendo que desempenhava funções que ultrapassavam em muito a simples descrita na CTPS, função descrita no quadro de atividades administrativas, sem obter, contudo, a paga correta em consequência do labor prestado, segundo comprovam as cópias dos Demonstrativos de Pagamentos anexos (Docs. 10/16).
Após essa árdua jornada de trabalho, o Reclamante retornava para sua residência na maioria das vezes sempre as 20:hsmin, sendo que extrapolada estava toda sua jornada de trabalho por parte da empresa reclamada que não reconhecia os ultrapasse para diminuir ou então lhe pagar principalmente os adicionais de horas extras, bem como todos os outros adicionais aos quais o reclamante faz jus.
Contudo, registre-se que a Reclamada deliberadamente sabendo das condições laborativas do reclamante não efetuava o pagamento das verbas as quais fazia jus, todas as citadas acima, principalmente os adicionais de HORAS EXTRAS que extrapolava em média o total de 42 por semana já que em suas viagens o mesmo ficava a disposição da empresa.
Ademais, não é demais ressaltar que o Reclamante laborava na função de forma irregular porque, como empregado da reclamada desde 01/07/2005, eis que a reclamada só assinou sua carteira um ano depois de sua contratação, sendo que as verbas rescisórias não lhe foram pagas de modo completo, conforme passamos a demonstrar.
III – DO EUXARIMENTO DA VIA ADMINISTRATIVA
Muito embora não seja necessário o esgotamento da via administrativa para o ingresso na via judicial, uma vez que nos termos do art. 5º, XXXV da Carta Magna vigora o livre acesso ao Judiciário, é importante informar que o Reclamante tentou resolver a situação ora posta pela via administrativa, porém, não obteve êxito.
No caso em testilha, o reclamante prestou serviços para a Reclamada pelo período de 10 (dez) anos, entre 01/07/2006 a 22/01/2017 data em que foi despedido sem receber as verbas rescisórias a que faz jus. Destarte, é o presente postulando mecanismo hábil para formalizar a busca da satisfação do crédito ora aventado em proveito do reclamante. 
IV- OBJETO DESTA RECLAMATÓRIA
Obter ordem judiciária determinando à Empregadora/Reclamada o pagamento e incorporação do ADICIONAL DE INSALUBRIDADE que não foram pagas desde o instante em que passou o reclamante a operar em atividade completamente insalubre, bem como verbas relativas às HORAS EXTRAS, REFLEXOS, ETC, que deveriam ter sido paga a partir do momento do vínculo ininterrupto e efetivo do direito conquistado do Reclamante.
Também vale realçar que desde 01/07/2006 exercia sua função laboral viajando para o interior do estado transportando esses produtos de limpeza, sem estar devidamente regularizada sua jornada de trabalho, em virtude do horário terminal dessas entregas no Caminhão Baú aos municípios dos quais, era comum ficar viajando até nos finais de semana, ou seja, nos sábados, domingos e feriados, sem o devido descanso semanal, onde o reclamante prestava seus serviços, como prever a CLT tem direito as verbas extras e adicionais de viagem, e exatamente por remanescerem direitos a receber é que se socorre da Justiça do Trabalho para obtê-los.
V- DA INSALUBRIDADE
O acometimento por trabalhadores que laboram suas atividades no transporte de produtos que através de reagentes químicos são prejudiciais a saúde por estarem expostos ao manuseio, podendo pegar infecções e doenças transmissíveis vem se constituindo como um importante problema enfrentado pelas empresas empregadoras. Pois em virtude de suas atividades ocupacionais encontram-se expostos tanto a diferentes agentes patogênicos como a diversos produtos químicos, sem esquecer ainda os contatos diretos com esses reagentes sem a devida utilização de proteção tais como luvas, máscaras, botas e macacão.
Dessa forma, qualquer outro instrumento de proteção para que não haja o contato direito com esses reagentes químicos, não foram observados pela empresa/Reclamada. Portanto, nesse Caso Concreto o Reclamante não tinha essa proteção para evitar o contato direito com esses produtos de limpeza que contem reagentes Químicos. 
Dessa sorte, a expressiva vulnerabilidade do reclamante trabalhador que atuava com esses produtos era de 100% (cem por cento), pois, sua exposição com esses produtos era direta, onde pode ser facilmente explicada não só em razão das viagens no transporte dentro do BAÚ do CAMINHÂO, mas porque era o reclamante que descarregava o caminhão usando apenas bermuda e camisa sem ministrarcuidados que, em sua maioria, envolvem o contato direto com o produto de limpeza.
Prima facie, fazendo parte de um grupo social que enfrenta desgastes dos mais variados em decorrência de própria condição de trabalho, haja vista que normalmente têm dificuldades em aderir às medidas de segurança que busquem a proteção ao risco de exposição, subestimando muitas vezes o próprio risco.
No caso presente, importa relatar que o Reclamante, ao contrário do previsto no concurso de empregados que realizou essa atividade laboral, sempre manteve contato direto. Além disso, merece realce também que a atividade efetivamente praticada pelo Autor envolve intervenção direta com esses produtos de limpeza, na condição de Auxiliar de Serviços Gerais, em total "desvio de função", porque praticava atos exclusivos no transporte dos serviços prestados para empresa reclamada sem direito ao descanso semanal. 
Aliás, também vale ressaltar que os demais funcionários exercentes da mesma função e por ativarem nas mesmas condições de trabalho do Reclamante, ou seja, AUXILIAR DE ENTREGA, (Carregador/Descarregador) de produtos de limpeza, não tem o "adicional de insalubridade em grau de 20% (vinte por cento)". Não podendo ser diferente em relação com o reclamante.
Lógico que o Reclamante teve o direito de postular o recebimento desse Procedimento Administrativo para verificar a procedência do seu pleito, que infelizmente lhe foi negado sob a dedução de que a atividade exercida no ambiente laboral encontra-se "ISENTA DE INSALUBRIDADE", o que deve ser considerado um verdadeiro disparate em face da atividade que realmente é praticada pelo demandante facilmente comprovado por testemunhas.
Em assim sendo, considerando ser o ADICIONAL DE INSALUBRIDADE uma regra de proteção ao empregado que tem suas funções num ambiente hostil para sua saúde e está dia a dia exposto a agentes insalubres, e tomando-se como fundamento os regramentos regentes da atividade efetivamente desempenhada pelo Reclamante, não pode restar margem para dúvida de que faz ele jus ao recebimento dessa verba adicional na ordem de "20% (vinte por cento)".
VI- DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
Analisando o exposto acima, depara-se com direitos líquidos e certos conquistados pelo Reclamante em razão do vínculo empregatício com a Empresa-ré que não foram, infelizmente, concedidos na forma legal.
Nessa questão, no que tange ao ADICIONAL DE INSALUBRIDADE, o inciso XXIII do art. 7° da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 enuncia o pagamento do adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas aos trabalhadores que exercem suas atividades laborais expostos aos respectivos agentes que condicionam a diferenciação de tais atividades, conforme se pode averiguar:
Art. 7º segs. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
Complementarmente, o conceito jurídico de atividades e operações insalubres encontra-se expresso no art. 189 e o percentual a ser pago restou preceituado no artigo 192, ambos da CLT, in verbis:
Art. 189. Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.
Art. 192. O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário mínimo, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo. (Redação dada ao artigo pela Lei n° 6.514, de 22.12.1977, DOU 23.12.1977).
Ocorre, Excelência, que esse direito, constitucionalmente previsto, tem sido vilipendiado em relação ao Reclamante, vez que nunca foram pagos, mesmo operando ele em ambiente de trabalho e em atividade laboral cujas condições são induvidosamente insalubres.
VII- DA JORNADA DE TRABALHO – HORAS EXTRAS
A jornada de trabalho do Reclamante era de 07h às 17h, com 02hmins de intervalo para repouso e alimentação, de segunda a sexta-feira, que infelizmente nunca, jamais isso foi possível, porque o reclamante ficava dentro do CAMINHÃO BAÚ, até o dia amanhecer, isto é a disposição da RECLAMADA.
Aos sábados, domingos e feriados, era pior, pois o mesmo ficava em Posto de Gasolina, até cessar o feriado ou então o domingo para fazer suas entregas, portanto, era uma condição de escravidão da Reclamada. 
Desde a sua admissão, o Reclamante sempre prestou serviço em horários extraordinários, visto que estava à disposição da Reclamada de segunda à sexta-feira das 07h às 15horas com 02h de intervalo para repouso e alimentação, tendo que trabalhar aos sábados, domingos e feriados, desde que estivesse viajando a serviço da reclamada.
Como já citado acima, materializou-se um acúmulo de serviços substancial, porém sem correspondência remuneratória, contrariando, assim, a característica básica do CLT, qual seja, direitos e obrigações que guardem a devida proporcionalidade e nos limites do contrato de trabalho, haja vista ter a Ré imposto ao Autor uma carga de trabalho muito grande.
Com ausência da contrapartida, no tocante as verbas requerendo-se que Vossa Excelência arbitre um valor consentâneo com o plus de atribuições havido a contar de 42 horas semanais sobre o percentual, estimado em 50% de sua hora normal de trabalho, bem como seus ticket alimentação que o mesmo nunca recebeu, mas sempre foi descontado do seu salário conforme se comprova
 Esclarecemos que o Reclamante auferia, quando de seu desligamento, salário equivalente a R$ 968,00 (novecentos e sessenta e oito reais), para desempenhar acúmulo de função, a ser atribuição do Autor em verdadeiro acréscimo de atividade laboral. Assim decidem nossos tribunais:
"Os limites do jus variandi as alterações funcionais que mudam fundamentalmente a índole da prestação laboral. No caso vertente, o reclamante foi contratado como agente comercial e exercia cumulativamente a função de repórter, devendo o empregador arcar com as diferenças salariais advindas do acúmulo de função.(TRT - 23ª R - TP - as alterações funcionais que mudam fundamentalmente a índole da prestação laboral. No caso vertente, o reclamante foi contratado como agente comercial e exercia cumulativamente a função de repórter, devendo o empregador arcar com as diferenças salariais advindas do acúmulo de função.
(TRT - 23ª R - TP - Ac. N.º 1951/95 - Rel. Juiz José Simioni - DJMT 04.10.95 - pág. 13)"
III- DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO
A Constituição Federal, em seu artigo 114, inciso I, institui a competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar as ações decorrentes da relação de trabalho entre empregados públicos e os respectivos entes estatais regidos pelo regime celetista, tal como se pode verificar:
I – SÍNTESE DA DEMANDA
O Reclamante foi contratado pela Reclamada na função de (Serviços Gerais), em 01/07/2006, o qual exercia a função de (auxiliar de entrega), tendo sido demitido em 22/11/2016, recebendo como último salário mensal o valor de R$ 968,00 (novecentos e sessenta e oito reais).
Ocorre que até o presente momento, sempre trabalhou duas horas extras por dia de segunda a sábado, que não foi pago pela empresa reclamada, infringindo os termos previstos na CLT.
II) Do Direito:
II. I.) Do Direito aos Benefícios da Assistência Judiciária Gratuita.
Preliminarmente, a reclamante requer que sejam deferidos os benefícios da justiça gratuita, nos moldes do arts. 4º e 12, da Lei 1.060/50, tendo em vista que é pobre na acepção legal, não tendo condições de pagar as custas e despesas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do sustento próprio, conforme declaração de hipossuficiênciaem anexo.
II. II.) Do Mérito.
II. II. I.) Do Direito às Horas Extras.
A reclamante tem direito de receber horas extras, nos termos da CLT, de segunda a sábado desde janeiro de 2010 até a presente data, observado o prazo de prescrição quinquenal.
O reclamante não está mais trabalhando na empresa reclamada. Diante de tais fatos e circunstâncias, requer-se que seja reconhecida a rescisão indireta do contrato de trabalho com fulcro no art. 483, b, e, da CLT, bem como a condenação no pagamento das seguintes verbas rescisórias: aviso-prévio; férias vencidas + 1/3 constitucional; férias simples e proporcionais + 1/3 constitucional; 13º salário integral e/ou proporcional; depósitos de FGTS de 8% sobre o salário, multa de 40% sobre os depósitos do FGTS; entrega das guias para levantamento do FGTS; entrega da guia de seguro desemprego ou indenização substitutiva nos termos da súmula 389, TST e multa do art. 477, da CLT.
III) Do Pedido:
Ante, o exposto, requer a reclamante que:
- Seja julgada totalmente procedente os pedidos da presente reclamação trabalhista, reconhecendo a ocorrência de duas horas extras diárias de segunda a sábado desde 15 de janeiro de 2015, com consequente condenação da reclamada no pagamento de que serão apurados na fase de liquidação da sentença:
a) saldo de salário;
b) aviso-prévio;
c) férias vencidas + 1/3 constitucional;
d) férias proporcionais + 1/3 constitucional;
e) 13º salário proporcional;
f) multa de 40% do FGTS;
- Requer a notificação da reclamada no endereço supramencionado, para que, querendo apresente resposta no prazo legal, sob pena de revelia.
Requer, ainda, provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, notadamente a prova testemunhal, depoimento pessoal das partes e prova pericial.
Dá-se o valor da causa: (valor da causa acima de 40 salários mínimos).
Nesses termos,
Pede e espera deferimento.
Local e data.
________________________________
Adv.OAB/MA n.º

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