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Centro Universitário de Brasília Instituto CEUB de Pesquisa e Desenvolvimento - ICPD GILBERTO FERNANDES MARTINS REPERCUSSÃO GERAL DAS QUESTÕES CONSTITUCIONAIS NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Brasília 2007 8 GILBERTO FERNANDES MARTINS REPERCUSSÃO GERAL DAS QUESTÕES CONSTITUCIONAIS NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Trabalho apresentado ao Centro Universitário de Brasília (UniCEUB/ICPD) como pré- requisito para obtenção de Certificado de Conclusão de Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Processo Civil Orientador: Prof. Dr. Hugo Gueiros Bernardes Filho Brasília 2007 8 GILBERTO FERNANDES MARTINS REPERCUSSÃO GERAL DAS QUESTÕES CONSTITUCIONAIS NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Trabalho apresentado ao Centro Universitário de Brasília (UniCEUB/ICPD) como pré- requisito para obtenção de Certificado de Conclusão de Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Processo Civil Orientador: Prof. Dr. Hugo Gueiros Bernardes Filho Brasília, 12 de dezembro de 2007 Banca Examinadora Prof. Dr. Hugo Gueiros Bernardes Filho Prof. Dra. Tânia Cristina Cruz Prof. Dr. José Augusto Lira Aos meus pais, VICENTE PAULO MARTINS E JÚLIA FERNANDES MARTINS. AGRADECIMENTO Agradeço ao professor Hugo Gueiros pela orientação do presente trabalho. Ao meu filho Guilherme Almeida Fernandes Martins pela paciência e compreensão. À amiga e companheira Silvana Luíza Almeida à qual dedico meu carinho e amor. Ao Ministro Francisco Peçanha Martins e a equipe de seu gabinete, da qual tenho a honra de participar. Agradeço em especialmente Nelson Nascimento da Rocha pela ajudar na correção do texto. Aos meus irmãos Geraldo, Gilmar, Marli e Sueli que me orgulho de dizer que são meus irmãos de sangue e de coração. RESUMO O tema que abordaremos – repercussão geral da questão constitucional – foi inserido pela Emenda Constitucional 45/2005 à Carta Política, acrescentando o § 3º ao artigo 102. É uma espécie de mecanismo de seleção de recurso extraordinário em que escolherá um ou mais processos de matéria de controvérsia idêntica (legislação ordinária contestada), bem como não será conhecido o recurso extraordinário em que o interesse em jogo esteja restrito às partes do processo. No primeiro capítulo deste trabalho abordaremos os aspectos históricos do recurso extraordinário, seu nascimento junto com o Supremo Tribunal Federal em 1890, o aumento excessivo dos recursos, bem como os mecanismos processuais de contenção ou retenção desses recursos até o surgimento da repercussão geral, o confronto entre a repercussão geral e outros institutos que se aproximam ou se assemelham, a regulamentação e as novidades processuais. No segundo capítulo conceituaremos o instituto. E, por fim, conheceremos as principais regras processuais e os requisitos de admissibilidade ou conhecimento da repercussão geral, ou seja, as questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos da causa, além de mostrarmos que ela não é a única no nosso sistema jurídico. Palavras-chave: recurso extraordinário; pressuposto de conhecimento; repercussão geral da questão constitucional; transcendência no direito do trabalho; a intervenção de terceiros (amicus curiae); a petition for writ of certiorari norte-americano. ABSTRACT The theme we will broach – general repercussion of the constitutional matter – was inserted by the Constitutional Amendment 45 of 2005 to the Brazilian Federal Constitution, adding Paragraph 3 to its article 102. It is a sort of extraordinary appeal selection mechanism that will select one or more lawsuits of identical controversial matter (contested ordinary legislation), as well as guarantee that the merit of the extraordinary appeal in which the interest at stake is restricted to the parties is not analyzed. In the first chapter of this work we will deal with the historical aspects of the extraordinary appeal, its birth along with the Supremo Tribunal Federal (Supreme Federal Court) in 1890, the excessive increase of appeals, as well as the procedure mechanisms of contention or retention of these appeals until the creation of the general repercussion institute, the comparison between general repercussion and other institutes that come close to it or resemble it, its regulation and the new proceedings. In the second chapter we will conceptualize the institute. And, finally, we will get to know the main procedural rules and the admission requisites of the general repercussion institute, that is, the relevant questions from an economic, political, social or legal point of view that exceed the subjective interests of the case, besides showing that it is not the only one in the brazilian legal system. Key-words: extraordinary appeal; procedural requirement; general repercussion of the constitutional matter; labor law transcendence; third party intervention (amicus curiae); the petition for writ of certiorari of the United States of America SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 8 1-EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO ........................................ 10 1.1 Repercussão Geral e sua previsão legal e constitucional. .............................................. 13 2 CONCEITO DA REPERCUSSÃO GERAL.......................................................................... 17 2.1 Repercussão Geral e seu Aspecto Econômico, Social, Político e Jurídico. ................... 18 2.2 Da Rejeição da Repercussão Geral por Dois Terços dos Membros do STF. ............... 20 2.3 Do Quorum para o Reconhecimento da Repercussão Geral.......................................... 21 2.4 Da Irrecorribilidade da Decisão que não Conhece da Repercussão Geral. ................ 21 2.4.1 Embargos de declaração. ......................................................................................................22 2.5 Semelhança entre a Repercussão Geral e a petition for writ of certiorari. .................... 22 2.6 A Distinção entre a Argüição de Relevância e a Repercussão Geral. ........................... 23 2.7 Breve Comentário à Regra da Transcendência no Recurso de Revista. ...................... 25 3 LIMITE DA REPERCUSSÃO GERAL ................................................................................ 28 3.1 Limites objetivos. ............................................................................................................... 28 3.2 Questões Processuais da Repercussão Geral................................................................... 28 3.2.1 Termo inicial da exigência da repercussão geral no recurso extraordinário (Q.O no AI 664567-2/RS do STF)....................................................................................................................28 3.1.2 Sobrestamento dos recursos extraordinários no tribunal a quo. ...........................................29 3.1.3 Do sobrestamento indevido do recurso extraordinário pelo tribunal “a quo”. .....................31 3.1.4 Intervenção de terceiros (amicus curiae)..............................................................................32 3.2 Limites Subjetivos da Eficácia da Decisão Proferida na Repercussão Geral. ............. 33 3.2.1 O Juízo de Admissibilidadepelo Tribunal de Origem. ........................................................34 3.2.2 Admissibilidade da repercussão geral perante o Supremo Tribunal Federal. ......................35 3.2.3 Aplicação da repercussão geral prevista no CPC aos recursos extraordinários em geral. ...36 3.3 Aspecto Positivo da Repercussão Geral........................................................................... 37 3.4 Aspecto Negativo da Repercussão Geral. ........................................................................ 38 CONCLUSÃO............................................................................................................................... 39 REFERÊNCIAS: ......................................................................................................................... 41 8 INTRODUÇÃO Garantir a justiça nas decisões judiciais é fundamental. O Supremo Tribunal Federal estava na contingência de apreciar todas as questões dirigidas ao Poder Judiciário, pois o nosso ordenamento jurídico priorizava, pela extensão da Constituição, quase todas as matérias do nosso ordenamento jurídico ali descrito. Para delimitar a função da Suprema Corte do Brasil, o Congresso Nacional promulgou a Emenda Constitucional 45/2005, inserindo no art. 102 da Constituição Federal o § 3º que trata da repercussão geral da questão constitucional, tendo como finalidade precípua a redução da quantidade de processos remetidos para aquela Corte. Em vista disso, escrever sobre o novo instituto de admissibilidade do recurso extraordinário é um desafio por ser um tema recente e polêmico. Nasce para o direito processual constitucional um mecanismo de seleção e/ou de retenção de recurso extraordinário à disposição do Supremo Tribunal Federal para que sejam apreciadas as matérias de relevância social, política, jurídica e econômica. O tema – repercussão geral – ainda está em natural processo de ebulição exegética. Porém, a ninguém é dado ignorar o objetivo fundamental do instituto é de um lado, criar mecanismos de limitação da tutela do STF, e possivelmente talvez inúmeros direitos individuais e, por outro, proteger direito difuso e metaindividual. O objetivo secundário é trazer à baila a importância de se estabelecer um sistema processual justo, célere e definitivo para alcance da paz social. É direito fundamental inalienável e inviolável do homem. O Estado, por sua organização judiciária, deve proteger esse direito fundamental até as últimas conseqüências. Quando violado, ou simplesmente 9 ameaçado, deve ser imediatamente recomposto, sob pena de o vício contaminar o tecido social. Assim, espero que o resultado do presente trabalho seja positivo no sentido de informar e levantar curiosidades, dúvidas e críticas, contribuindo, dessa forma, para dar um norte e uma solução ao problema atinente ao novo instituto processual previsto na Constituição Federal, regulamentado pela Lei 11.418/2006, que por sua vez sofreu regulamentação pela Emenda Regimental n.º 21/2007 do STF. O instituto ora estudado tem como finalidade proteger o Supremo Tribunal Federal do aumento excessivo de recursos extraordinários distribuídos, em que serão escolhidas as matérias de relevância do ponto de vista econômico, político, social e jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos da causa. Por fim, o instituto é o reflexo do que acontece com as cortes constitucionais do mundo, onde são feitas tais limitações, pois não há um número suficiente de órgãos julgadores para julgar todas e quaisquer controvérsias que ali chegam. E não seria diferente no Brasil, já que a extensão das normas constitucionais faz com que a Constituição discipline quase todo o direito brasileiro. Assim, é uma conveniência do sistema jurídico brasileiro por ser necessário em função do número elevado de recursos extraordinários a ser analisados. Assim, no primeiro capítulo deste trabalho vamos abordar os aspectos históricos da origem deste instituto, bem como vamos analisar outros institutos que se aproximam ou se assemelham à repercussão geral, suas regulamentações e suas novidades processuais No segundo capítulo vamos conceituar a repercussão geral. E por fim, capitulo terceiro vamos conhecer as principais regras processuais da repercussão geral e que ela não é a única no nosso sistema jurídico. 10 1-EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Pelo Decreto n.º 848, de 11 de outubro de 1.890, foi instituído o Supremo Tribunal Federal como a mais alta Corte de justiça brasileira, tendo como um dos seus pilares a análise de decisões de última instância dos tribunais estaduais por intermédio de recurso. Esse recurso, na época, inominado estava também previsto na Constituição Federal de 1.891, no seu art. 59, inciso III, § 1º, bem como no art. 58, II, § 1º, do Decreto n.º 510, de 22 de junho de 1890. De origem do direito norte-americano – Judiciary Act de 1789 - o nosso recurso foi cópia do writ of error, no qual o recorrente ao interpor sustentava error in procedendo ou error in iudicando para a anulação do julgado pela Suprema Corte norte-americana. O Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal (1.891), em seu art. 102 adjetivou o então recurso inominado (dado pela Constituição de 1.891) em recurso extraordinário. Por fim, o art. 24 da Lei n.º 221/1894 trouxe para a legislação da época a mesma denominação: recurso extraordinário. Muito tempo se passou desde o primeiro recurso extraordinário que deu entrada no STF nos idos de 1.891. No ano de 1904, a média anual de recursos passou para 26; em 11 1933 cresceu para 55, já em 1960 foram julgados 5.946 recursos extraordinários, quantidade excessiva para os juízes daquele tempo1. Assim, com a edição da Emenda Constitucional n.º 1 de 1.969, surge no direito brasileiro o primeiro filtro para conter o excesso de processos que chegava ao Supremo Tribunal Federal, denominado de argüição de relevância de questão federal. A argüição de relevância prevista no art. 119, parágrafo único, da Constituição de 1.969, estabelecia limites às causas sujeitas a recurso extraordinário, tais como a natureza, a espécie e o valor, quando fosse interposto com base nas alíneas “a” e “d” do inciso III do mencionado dispositivo constitucional, quando houvesse contrariedade a dispositivo da Constituição ou negasse vigência a tratado ou a lei federal, ou ambos, ou quando desse à lei federal interpretação divergente de outro tribunal ou do próprio Supremo Tribunal Federal. Dessa forma, o STF, pelo seu regimental interno, criava e aplicava um mecanismo para obstar a entrada de recurso extraordinário, já que a Emenda Constitucional de 1.969 dava tal autorização. Ocorre que, ao longo da vigência da Emenda Constitucional de 1969, prevaleceu a limitação dos recursos extraordinários através do poder regimental e que, a partir de 1977, com uma nova alteração - Emenda Constitucional n.º 7 - foi mantida a delegação ao Supremo Tribunal Federal, aglomerado também ao rol de filtragem a relevância da questão federal. A partir da Emenda Regimental n.º 2, de 4 de dezembro de 1985, com alterações profundas na matéria de argüição de relevância, arrolou, na época, hipóteses de cabimento de 1 MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Recurso extraordinário e recurso especial, 6ª ed., São Paulo, Revista dos Tribunais, 2000, p. 54. 12 recurso extraordinário, incluindo, no art. 325 do RISTF, em numerus clausus, nas quais o recurso era admissível: Art. 325 - Nas hipóteses das alíneas a e d do inciso III do artigo 119 da Constituição Federal,cabe recurso extraordinário: I – nos casos de ofensa à Constituição Federal; II – nos casos de divergência com a Súmula do Supremo Tribunal Federal; III – nos processos por crime a que seja cominada pena de reclusão; IV – nas revisões criminais dos processos de que trata o inciso anterior; V – nas ações relativas à nacionalidade e aos direitos políticos; VI – nos mandados de segurança julgados originalmente por Tribunal Federal ou Estadual, em matéria de mérito; VII – nas ações populares; VIII – nas ações relativas ao exercício de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, bem como às garantias da magistratura; IX – nas ações relativas ao estado das pessoas, em matéria de mérito; X – nas ações rescisórias, quando julgadas procedentes em questão de direito material; XI – em todos os demais feitos, quando reconhecida a relevância da questão federal. Com a nova Carta Política de 1988, surge, naquele momento, o segundo mecanismo de filtragem do recurso extraordinário, ou seja, o desmembramento do Supremo Tribunal Federal, que qual julgaria exclusivamente recursos em que houvesse violação a dispositivos constitucionais. Quanto à violação à lei federal (matérias legais ou infraconstitucionais) foi instituído o Superior Tribunal de Justiça, que teria a competência funcional de analisar tal tema. Apesar da criação desse novo tribunal, após dezessete anos, tanto o STJ como o STF estão abarrotados de processos, chegando a números assustadores. Ovídio Batista da Silva2 transcreve entrevista dada por Carlos Velloso, ministro do STF, ao jornal da OAB sobre o aumento dos processos naquela Casa, concluindo que: ...informar que os recursos encaminhados à Suprema Corte cresceram 1.856% nos 46 anos a que esses dados se referem, significa dizer que o mesmo número de 2 A função dos tribunais superiores, Anuário do Programa de Pós-graduação em Direito, Centro de Ciências Jurídicas, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo: 1999, p. 215-216. 13 magistrados – 11 ministros – receberam, em 1940, 1.807 recursos, número que ascendeu à soma de 33.345 em 1997, crescendo para 41.662 nos dez primeiros meses de 1998, calculando-se, no momento da entrevista, que o total de processos deveria atingir, nos doze meses desse ano, a quantidade astronômica de 47.319, uma +vez mantida, nos dois meses restantes, a proporção de crescimento verificada de janeiro a outubro. Em 2004, a Emenda Constitucional n.º 45, que cuidou parcialmente da reforma do Poder Judiciário, trouxe um novo instituto processual constitucional de seleção de recurso extraordinário - a repercussão geral da questão constitucional. 1.1 Repercussão Geral e sua previsão legal e constitucional. A Emenda Constitucional n.º 45, de 8 de dezembro de 2004, introduziu no art. 102 da Constituição Federal o § 3º, com o seguinte texto: No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros. A aplicação do referido parágrafo não foi imediata, remeteu para lei ordinária a sua regulamentação. Sendo editada, em 19 de dezembro de 2006, sob o n.º 11.418: Art. 1o Esta Lei acrescenta os arts. 543-A e 543-B à Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, a fim de regulamentar o § 3 da Constituição Federal. Art. 2o A Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 543-A e 543-B: ‘Art. 543-A. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário, quando a questão constitucional nele versada não oferecer repercussão geral, nos termos deste artigo. § 1o Para efeito da repercussão geral, será considerada a existência, ou não, de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, que ultrapassem os interesses subjetivos da causa. § 2o O recorrente deverá demonstrar, em preliminar do recurso, para apreciação exclusiva do Supremo Tribunal Federal, a existência da repercussão geral. 14 § 3o Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar decisão contrária a súmula ou jurisprudência dominante do Tribunal. § 4o Se a Turma decidir pela existência da repercussão geral por, no mínimo, 4 (quatro) votos, ficará dispensada a remessa do recurso ao Plenário. § 5o Negada a existência da repercussão geral, a decisão valerá para todos os recursos sobre matéria idêntica, que serão indeferidos liminarmente, salvo revisão da tese, tudo nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. § 6o O Relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação de terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. § 7o A Súmula da decisão sobre a repercussão geral constará de ata, que será publicada no Diário Oficial e valerá como acórdão. Art. 543-B. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica controvérsia, a análise da repercussão geral será processada nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, observado o disposto neste artigo. § 1o Caberá ao Tribunal de origem selecionar um ou mais recursos representativos da controvérsia e encaminhá-los ao Supremo Tribunal Federal, sobrestando os demais até o pronunciamento definitivo da Corte. § 2o Negada a existência de repercussão geral, os recursos sobrestados considerar-se-ão automaticamente não admitidos. § 3o Julgado o mérito do recurso extraordinário, os recursos sobrestados serão apreciados pelos Tribunais, Turmas de Uniformização ou Turmas Recursais, que poderão declará-los prejudicados ou retratar-se. § 4o Mantida a decisão e admitido o recurso, poderá o Supremo Tribunal Federal, nos termos do Regimento Interno, cassar ou reformar, liminarmente, o acórdão contrário à orientação firmada. § 5o O Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal disporá sobre as atribuições dos Ministros, das Turmas e de outros órgãos, na análise da repercussão geral.’ Art. 3o Caberá ao Supremo Tribunal Federal, em seu Regimento Interno, estabelecer as normas necessárias à execução desta Lei. Art. 4o Aplica-se esta Lei aos recursos interpostos a partir do primeiro dia de sua vigência. Art. 5o Esta Lei entra em vigor 60 (sessenta) dias após a data de sua publicação. A Lei 11.418/2006 determinou que o Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal fixasse a sua execução. No dia 30 de março de 2007, o STF editou a Emenda Regimental nº 21, regulamentando-a: Altera a redação dos artigos 13, inciso V, alínea c, 21, parágrafo 1º, 322, 323, 324, 325, 326, 327, 328 e 329, e revoga o disposto no parágrafo 5º do art. 321, todos do Regimento interno. O Presidente do Supremo Tribunal Federal faz editar a Emenda Regimental aprovada pelos Senhores Membros da Corte em sessão administrativa realizada no dia de março de 2007, nos termos do art. 361, inciso I, alínea a, do Regimento Interno. Art. 1º Os dispositivos do Regimento Interno a seguir enumerados passam avigorar com a seguinte redação: ‘Art. 13. São atribuições do Presidente: V – Despachar: c) como Relator, nos termos dos arts. 544, § 3º, e 557 do Código de Processo Civil, até eventual distribuição, os agravos de instrumento e petições ineptos ou doutro 15 modo manifestamente inadmissíveis, bem como os recursos que não apresentem preliminar formal e fundamentada de repercussão geral, ou cuja matéria seja destituída de repercussão geral, conforme jurisprudência do Tribunal Art. 21. São atribuições do relator: § 1º Poderá o Relator negar seguimento a pedido ou recurso manifestamenteinadmissível, improcedente ou contrário a jurisprudência dominante ou a súmula do Tribunal, deles não conhecer em caso de incompetência manifesta, encaminhando os autos ao órgão que repute competente, bem como cassar ou reformar, liminarmente, acórdão contrário à orientação firmada nos termos do art. 543-B do Código de Processo Civil Art. 322. O Tribunal recusará recurso extraordinário cuja questão constitucional não oferecer repercussão geral, nos termos deste capítulo. Parágrafo único. Para efeito da repercussão geral, será considerada a existência, ou não, de questões que, relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, ultrapassem os interesses subjetivos das partes. Art. 323. Quando não for caso de inadmissibilidade do recurso por outra razão, o Relator submeterá, por meio eletrônico, aos demais ministros, cópia de sua manifestação sobre a existência, ou não, de repercussão geral. § 1º Tal procedimento não terá lugar, quando o recurso versar questão cuja repercussão já houver sido reconhecida pelo Tribunal, ou quando impugnar decisão contrária a súmula ou a jurisprudência dominante, casos em que se presume a existência de repercussão geral. § 2º Mediante decisão irrecorrível, poderá o Relator admitir de ofício ou a requerimento, em prazo que fixar, a manifestação de terceiros, subscrita por procurador habilitado, sobre a questão da repercussão geral. Art. 324. Recebida a manifestação do Relator, os demais ministros encaminhar-lhe- ão, também por meio eletrônico, no prazo comum de 20 (vinte) dias, manifestação sobre a questão da repercussão geral. Parágrafo único. Decorrido o prazo sem manifestações suficientes para recusa do recurso, reputar-se-á existente a repercussão geral. Art. 325. O Relator juntará cópia das manifestações aos autos, quando não se tratar de processo informatizado, e, uma vez definida a existência da repercussão geral, julgará o recurso ou pedirá dia para seu julgamento, após vista ao Procurador-Geral, se necessária; negada a existência, formalizará e subscreverá decisão de recusa do recurso. Parágrafo único. O teor da decisão preliminar sobre a existência da repercussão geral, que deve integrar a decisão monocrática ou o acórdão, constará sempre das publicações dos julgamentos no Diário Oficial, com menção clara à matéria do recurso. Art. 326. Toda decisão de inexistência de repercussão geral é irrecorrível e, valendo para todos os recursos sobre questão idêntica, deve ser comunicada, pelo Relator, ao Presidente do Tribunal, para os fins do artigo subseqüente e do artigo 329. Art. 327. O Presidente do Tribunal recusará recursos que não apresentem preliminar formal e fundamentada de repercussão geral, bem como aqueles cuja matéria carecer de repercussão geral, segundo precedente do Tribunal, salvo se a tese tiver sido revista ou estiver em procedimento de revisão. § 1º Igual competência exercerá o relator sorteado, quando o recurso não tiver sido liminarmente recusado pelo Presidente. § 2º Da decisão que recusar recurso, nos termos deste artigo, caberá agravo. Art. 328. Protocolado ou distribuído recurso cuja questão for suscetível de reproduzir-se em múltiplos feitos, o Presidente do Tribunal ou o Relator, de ofício ou a requerimento da parte interessada, comunicará o fato aos tribunais ou turmas de juizado especial, a fim de que observem o disposto no art. 543-B do Código de Processo Civil, podendo pedir-lhes informações, que deverão ser prestadas em 5 (cinco) dias, e sobrestar todas as demais causas com questão idêntica. Parágrafo único. Quando se verificar subida ou distribuição de múltiplos recursos com fundamento em idêntica controvérsia, o Presidente do Tribunal ou o Relator selecionará um ou mais representativos da questão e determinará a devolução dos demais aos tribunais ou turmas de juizado especial de origem, para aplicação dos parágrafos do art. 543-B do Código de Processo Civil. 16 Art. 329. O Presidente do Tribunal promoverá ampla e específica divulgação do teor das decisões sobre repercussão geral, bem como formação e atualização de banco eletrônico de dados a respeito. ‘Art. 2º. Fica revogado o disposto no parágrafo 5º do artigo 321. Art. 3º Esta Emenda Regimental entrará em vigor na data de sua publicação. 17 2 CONCEITO DA REPERCUSSÃO GERAL. Antes de entrar no provável conceito da repercussão geral é necessário que conheçamos o mecanismo que estamos estudando, pois o referido instituto já é aplicado por diversos países. Trata-se de uma espécie de filtro recursal amplamente adotada por outras Cortes Supremas, entre elas: A Suprema Corte Norte-Americana e o seu writ of certiorari e a da Argentina o seu “Requisito de Transcendência”. O instituto - repercussão geral - foi introduzido no direito brasileiro pela Emenda Constitucional n.º 45/2004, que acrescentou um novo parágrafo ao art. 102 da Constituição, no qual prevê: No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros A regulamentação do dispositivo constitucional foi efetuada pela Lei n.º 11.418, de 19 de dezembro de 2006, acrescentando no Código de Processo Civil os arts. 543-A e 543- B. O parágrafo primeiro do art. 543-A traz para o mundo jurídico os requisitos de conhecimento da repercussão geral, ou seja, será considerada existência, ou não, de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos da causa. Assim, esse novo pressuposto de conhecimento previsto na Constituição Federal, bem como no Código de Processo Civil, visa a evitar a sobrecarga de recursos extraordinários no Supremo Tribunal Federal retirando os recursos de matérias sumuladas e consolidadas pela 18 jurisprudência, bem como retira as causas de natureza idêntica (planos econômicos, expurgos inflacionários e outros) que emperram as pautas de julgamento, permitindo, dessa forma, que os feitos que repercutem (grau de relevância) e de interesse coletivo possam ser analisados e decididos pela Suprema Corte. Dessa forma, se a questão jurídica em debate estiver restrita às partes do processo e aos seus interesses, não terá espaço para o extraordinário. Para que se torne viável é necessária que a questão em conflito, o objeto da lide, seja também preocupação da coletividade, ou seja, saia do conflito entre partes e envolva a comunidade ou parte dela. 2.1 Repercussão Geral e seu Aspecto Econômico, Social, Político e Jurídico. 2.1.1 Repercussão geral sobre os aspectos econômicos. São os que levam em conta as atividades com relevância coletiva, cito com exemplos: os transportes coletivos, o sistema financeiro de habitação, a privatização dos serviços públicos, a assinatura básica de telefonia, este último aspecto foi questão já dirimida pela Suprema Corte em que foi determinado o sobrestamento de todos os processos (RE. 561577/PR). 2.1.2 Repercussão geral sobre os aspectos sociais. 19 São relativos aos direitos coletivos ou difusos, protegidos pela Constituição Federal, tais como: a escola, a moradia, a saúde, a educação, a seguridade social, a família, etc. A repercussão geral sobre aspecto social – as ações de indenizações movidas por familiares das vítimas da crise que envolve a saúde pública no Município do Rio de Janeiro e os descasos das autoridades públicas, na hipótese do crescimento da epidemia de dengue 2.1.3 Repercussão geral sobre os aspectos políticos. São relativos aos conflitos entre os Estados estrangeiros ou organismosinternacionais, política interna do Estado (planos econômicos), conflitos de atribuição ou competência dos entes públicos, ações que versam sobre improbidade de agente público, etc. 2.1.4 Repercussão geral sobre os aspectos jurídicos. Quando houver dúvida sobre a definição de algum instituto jurídico, como por exemplo: A coisa julgada, o direito adquirido, a liberdade de locomoção do indivíduo, etc. Aqui é necessário que se afaste conceito vago, duvidoso que gerará precedentes duvidosos à jurisprudência dos tribunais, logicamente quando o conceito tiver preceitos constitucionais. Nessa espia, conceituar a repercussão geral é um desafio, neste momento, uma vez que o instituto é novo em nosso ordenamento jurídico, e o legislador criou conceitos vagos com relação à relevância econômica, política, social e jurídica, os quais ficarão a cargo dos 20 Ministros do Supremo Tribunal Federal em estipular os limites subjetivos dos elementos ali relevantes. Todavia, após a leitura de vários artigos publicados sobre o tema, não se pode fugir dessa missão, assim sendo, a repercussão geral é um requisito de conhecimento do recurso extraordinário que, em caso de multiplicidade de questões idênticas, o tribunal de origem selecionará um ou mais recursos representativos da controvérsia e os encaminhará à Suprema Corte, sendo que será considerada a existência de interesse público, no qual, obrigatoriamente, haverá as questões de relevância do ponto de vista econômico, político, social e jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos da causa. 2.2 Da Rejeição da Repercussão Geral por Dois Terços dos Membros do STF. O juízo negativo de admissibilidade, ou seja, a rejeição da repercussão geral necessita do voto de dois terços dos membros da Corte Suprema. Logo, compete a oito dos onze ministros a recusa do pleito, assim somente o Plenário do STF poderá rejeitar a matéria, cabendo-lhe decidir pelo conhecimento do recurso extraordinário por falta de repercussão geral da questão constitucional nele ventilada. Posicionamento diverso a este entendimento, Sérgio Bermudes3, preleciona que: Em virtude dessa presunção, o juízo de admissibilidade de que cuida o parágrafo dependerá da manifestação de dois terços dos membros do Tribunal. Entenda-se por tribunal, não o plenário da Corte, mas o órgão competente para o julgamento do recurso (no STF, uma das duas turmas, onde o terço, por aproximação, será três ministros, ressalvados os casos de remessa de recurso ao plenário). Se este é o órgão competente para julgar o recurso, será dele a competência para o juízo de 3 A reforma judiciária pela Emenda Constitucional n.º 45; observações aos artigos da Constituição Federal alterados pela Emenda Constitucional n.º 45, de 08 de dezembro de 2004, Rio de Janeiro: Forense, 2005, capítulo VIII, p. 57. 21 admissibilidade. Note-se que o § 3º não usou da linguagem do art. 97, onde a referência ao órgão especial leva à conclusão de que a declaração de inconstitucionalidade dependerá do voto da maioria dos membros da Corte, se nela não houver órgão especial. 2.3 Do Quorum para o Reconhecimento da Repercussão Geral. O reconhecimento da repercussão geral caberá apenas a quatro dos membros da Turma, como preceitua o § 4º do art. 543-A - Se a Turma decidir pela existência da repercussão geral por, no mínimo, 4 (quatro) votos, ficará dispensada a remessa do recurso ao Plenário. Assim, se quatro ministros têm posição favorável à repercussão, desnecessário será o encaminhamento ao plenário. 2.4 Da Irrecorribilidade da Decisão que não Conhece da Repercussão Geral. Da decisão que não conhece da repercussão geral descabe qualquer recurso, ela será irrecorrível diante do que determina o art. 543-A do Código de Processo Civil (acréscimo dado pela Lei 11.418/2006): O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário, quando a questão constitucional nele versada não oferecer repercussão geral, nos termos deste artigo. 22 2.4.1 Embargos de declaração. Sérgio Ricardo de Arruda Fernandes4 sustenta que se deve afastar da incidência da norma o cabimento de embargos de declaração. Dada a sua finalidade de integração do ato decisório, suprindo-lhe alguma deficiência da decisão embargada. Alerta, ainda, o autor que não consegue visualizar qual o alvo da limitação, pois a decisão de não-conhecimento do recurso extraordinário, sendo emanada do Pleno do Supremo Tribunal Federal, não comportaria mesmo qualquer outro recurso. Os embargos declaratórios são cabíveis, pois corrigem erro, omissão, contradição e contrariedade da decisão embargada, também faz parte integrante do julgado. Apesar da lei expressa o termo irrecorrível, creio que decisão quando equivocada a Suprema Corte criará meios para a sua anulação. 2.5 Semelhança entre a Repercussão Geral e a petition for writ of certiorari. Em 1891, com o crescimento da indústria norte-americana, tornava-se inviável a pauta de julgamento de apelações obrigatórias para a Suprema Corte, por estar lotada de processos. Então o Congresso daquele país, sensível ao excesso de processos na eg. Corte, alterou a Lei Orgânica do Judiciário Federal, introduzindo o instituto do writ of certiorari de origem common law. Esse critério de aceitação ou de conhecimento da petition for writ of 4 FERNANDES, Sérgio Ricardo de Arruda. A Lei 11.418, de 19/12/2006, e o novo requisito de admissibilidade do recurso extraordinário: repercussão. In revista da EMERJ, v. 10, n.º 38, 2007, p. 55 23 certiorari ocorreria se tivesse o aval de quatro dos nove juízes da Corte, acrescido do requisito em que a causa ou controvérsia fosse julgada em última instância pelos tribunais estaduais ou federais e se apresentasse substancialmente relevante para todo país. Em 1988, houve uma nova alteração da lei americana que praticamente fez com que acabassem com as apelações obrigatórias (mandatory appeals), adotando, naquela época, novos requisitos, entre eles, o acesso recursal por intermédio da petition for writ of certiorari, extinguindo as apelações obrigatórias, cuja admissão ficava sujeita aos critérios objetivos do Regimento Interno da Suprema Corte norte-americana e ao critério subjetivo da relevância que consiste em avaliação discricionária. A inclusão da petition for writ of certiorari na pauta de julgamento da Corte só ocorreria se pelo menos quatro dos nove juízes concluíssem que a questão discutida nos autos era relevante para o país e para a sociedade de um modo geral. Caso não figurasse na lista de julgamento da petition for writ of certiorari era dada como não conhecida. A semelhança do instituto writ of certiorari com o nosso está na subjetividade de cada um dos ministros do STF em interpretar o capítulo da repercussão geral do recurso extraordinário no que tange à existência da relevância social, política, econômica e jurídica que ultrapassem os interesses subjetivos da causa. 2.6 A Distinção entre a Argüição de Relevância e a Repercussão Geral. A argüição de relevância tal como a repercussão geral são mecanismos de filtragem ou de seleção de recurso extraordinário. Ocorre que há uma particularidade de muito 24 interesse, a argüição de relevância era requisito aplicável às questões federais, ficando fora desse mecanismo as alegações de violação a texto da Constituição Federal que era automaticamente admitido o recurso extraordinário. Quanto à Repercussão Geral a relevância está na questão constitucionalalegada pelo recorrente, ou seja, a matéria deve tratar de dispositivo constitucional violado. Na verdade, a argüição era apresentada em autos apartados e apreciada pelo STF em sessão secreta. Das mais de 30.000 argüições apresentadas, aproximadamente 5% (cinco por cento) eram acolhidas, sendo que 20% (vinte por cento) não eram conhecidas por deficiência do instrumento de argüição e os 75% (setenta e cinco por cento) eram rejeitados, sem que houvesse nenhuma fundamentação, esse requisito de uso obrigatório no instituto da repercussão geral. Demais disso, o § 1º do art. 327 do Regimento Interno do STF, naquela época, definia questão federal relevante como aquela que, pelos reflexos na ordem jurídica, e considerados os aspectos morais, econômicos, políticos ou sociais do litígio, exigiria a apreciação do recurso extraordinário pelo STF. Todavia, há diferenças. A argüição de relevância (art. 119, § 1º) existia num sistema em que a regra do jogo seria a não-apreciação pela Suprema Corte dos casos das alíneas “a” e “d”. Já a repercussão geral é um pré-requisito – demonstração da repercussão geral das questões constitucionais. Na repercussão geral a recusa deve ser fundamentada, motivada, art. 93, XI, da CF, enquanto que na argüição de relevância a decisão do STF não precisava de motivação e ainda era colhida em segredo ou sigilo. 25 Luiz Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero5 alertam para a diferença dos institutos: Nada obstante tenham a mesma função de ‘filtragem recursal’, a argüição de relevância de outrora e a repercussão geral não se confundem. A começar pelo desiderato: enquanto a argüição de relevância funcionava como um instituto que visava a possibilitar o conhecimento deste ou daquele recurso extraordinário a priori incabível, funcionando como um instituto com característica central inclusiva, a repercussão geral visa a excluir do conhecimento do Supremo Tribunal Federal controvérsias que assim não se caracterizam.Os próprios conceitos de repercussão geral e argüição de relevância não se confundem. Enquanto este está focado fundamentalmente no conceito de ‘relevância’, aquele exige, para além da relevância da controvérsia constitucional, a transcendência da questão debatida. Quanto ao formalismo processual, os institutos também não guardam maiores semelhanças: a argüição de relevância era apreciada em sessão secreta, dispensando fundamentação: a análise da repercussão geral, ao contrário, tem evidentemente de ser examinada em sessão pública, com julgamento motivado (art. 93, IX, da CF).Tudo aconselha, pois, que se evite qualquer assimilação entre esses dois institutos para análise de nossa repercussão geral. 2.7 Breve Comentário à Regra da Transcendência no Recurso de Revista. Introduzido pela Medida Provisória n.º 2.226, de 4 de setembro de 2001, a transcendência - art. 896-A da CLT - é mais um requisito de admissibilidade ao recurso de revista para o Tribunal Superior do Trabalho, como se observa da referida medida provisória. Art. 1o A Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, passa a vigorar acrescida do seguinte dispositivo: Art.896-A -O Tribunal Superior do Trabalho, no recurso de revista, examinará previamente se a causa oferece transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica." (NR) Art.2o O Tribunal Superior do Trabalho regulamentará, em seu regimento interno, o processamento da transcendência do recurso de revista, assegurada a apreciação da transcendência em sessão pública, com direito a sustentação oral e fundamentação da decisão. Art.3o O art. 6º da Lei nº 9.469, de 10 de julho de 1997, passa a vigorar acrescido do seguinte parágrafo, renumerando-se o atual parágrafo único para § 1o: "§ 2o O acordo ou a transação celebrada diretamente pela parte ou por intermédio de procurador para extinguir ou encerrar processo judicial, inclusive nos casos de 5Repercussão Geral no Recurso Extraordinário, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, março de 2007, p. 30 e 31 26 extensão administrativa de pagamentos postulados em juízo, implicará sempre a responsabilidade de cada uma das partes pelo pagamento dos honorários de seus respectivos advogados, mesmo que tenham sido objeto de condenação transitada em julgado. Art. 4o Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação. A transcendência, de origem do direito português, art. 280 do Código de Processo, visa demonstrar os reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica. Antes de ser editada por medida provisória, a transcendência foi base do Projeto de Lei n.º 3.267/2000 que considerava os reflexos jurídicos, políticos, sociais ou econômicos como sendo: a) os reflexos jurídicos, seria o desrespeito patente aos direitos humanos fundamentais ou aos interesses coletivos indisponíveis, com comprometimento da segurança e estabilidade das relações jurídicas; b) os políticos, seria o desrespeito notório ao princípio federativo ou à harmonia dos Poderes constituídos; c) os sociais, a existência de situação extraordinária de discriminação, de comprometimento do mercado de trabalho ou de perturbação notável à harmonia entre capital e trabalho; d) os econômicos, seria a ressonância de vulto da causa em relação à entidade de direito público ou economia mista, ou à grave repercussão da questão na política econômica nacional, no segmento produtivo ou no desenvolvimento regular da atividade empresarial. Numa análise perfunctória, percebe-se que a transcendência tem os mesmos requisitos da repercussão geral. Ocorre que esta é prevista para o recurso extraordinário, enquanto aquela para o recurso de revista. No tocante à constitucionalidade da transcendência, em 14.09.2001, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil ajuizou ação direta de inconstitucionalidade contra a Medida Provisória n.º 2.226/2001, instituidora da regra da transcendência no recurso de revista, a qual foi registrada naquela Corte sob o n.º 2527 e distribuída à Ministra Ellen Gracie. Acontece que, na assentada do dia 16.08.2007, o Pleno do STF afastou a plausibilidade jurídica da tese de inconstitucionalidade relativa aos artigos 1º e 2º da medida 27 provisória. Assim, resta clara a constitucionalidade da regra em debate. Transcrevo parte da ementa publicada em 23.11.2007: A medida provisória impugnada foi editada antes da publicação da Emenda Constitucional 32, de 11.09.2001, circunstância que afasta a vedação prevista no art. 62, § 1º, I, b, da Constituição, conforme ressalva expressa contida no art. 2º da própria EC 32/2001. 2. Esta Suprema Corte somente admite o exame jurisdicional do mérito dos requisitos de relevância e urgência na edição de medida provisória em casos excepcionalíssimos, em que a ausência desses pressupostos seja evidente. No presente caso, a sobrecarga causada pelos inúmeros recursos repetitivos em tramitação no TST e a imperiosa necessidade de uma célere e qualificada prestação jurisdicional aguardada por milhares de trabalhadores parecem afastar a plausibilidade da alegação de ofensa ao art. 62 da Constituição. 3. Diversamente do que sucede com outros Tribunais, o órgão de cúpula da Justiça do Trabalho não tem sua competência detalhadamente fixada pela norma constitucional. A definição dos respectivos contornos e dimensão é remetida à lei, na forma do art. 111, § 3º, da Constituição Federal. As normas em questão, portanto, não alteram a competência constitucionalmente fixada para o Tribunal Superior do Trabalho. 4. Da mesma forma, parece não incidir, nesse exame inicial, a vedação imposta pelo art. 246 daConstituição, pois, as alterações introduzidas no art. 111 da Carta Magna pela EC 24/99 trataram, única e exclusivamente, sobre o tema da representação classista na Justiça do Trabalho. 5. A introdução, no art. 6º da Lei nº 9.469/97, de dispositivo que afasta, no caso de transação ou acordo, a possibilidade do pagamento dos honorários devidos ao advogado da parte contrária, ainda que fruto de condenação transitada em julgado, choca-se, aparentemente, com a garantia insculpida no art. 5º, XXXVI, da Constituição, por desconsiderar a coisa julgada, além de afrontar a garantia de isonomia da parte obrigada a negociar despida de uma parcela significativa de seu poder de barganha, correspondente à verba honorária. 6. Pedido de medida liminar parcialmente deferido. ADI-MC 2527-DF, Min. ELLEN GRACIE 28 3 LIMITE DA REPERCUSSÃO GERAL 3.1 Limites objetivos. O recurso extraordinário, a partir da edição da Lei 11.418 - de 19 de dezembro de 2006 -, com a vacatio legis de sessenta dias, fixou no corpo das razões do referido recurso uma obrigatoriedade, o capítulo da “repercussão geral” que, a partir da regulamentação da lei pelo Regimento Interno do STF, tornou-se um requisito de sobrevivência e existência do recurso extraordinário, a falta do capítulo o Supremo Tribunal Federal não conhecerá do recurso. Os limites objetivos da repercussão estão inseridos tanto na Constituição Federal, art. 102, § 3º, bem como no art. 543-A, § 2º, do Código de Processo Civil: “O recorrente deverá demonstrar, em preliminar do recurso, para apreciação exclusiva do Supremo Tribunal Federal, a existência da repercussão geral”. 3.2 Questões Processuais da Repercussão Geral. 3.2.1 Termo inicial da exigência da repercussão geral no recurso extraordinário (Q.O no AI 664567-2/RS do STF). Nos termos da Lei 11.418/2006, a exigência da repercussão geral seria após a vacatio legis de sessenta dias da publicação da referida Lei (19.12.2006). Ocorre que o eg. Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária do dia 18.6.2007, no julgamento da Questão de Ordem no Agravo de Instrumento 664567-2/RS, decidiu que o marco temporal para exigência de repercussão geral no recurso extraordinário de questões constitucionais seria a 29 partir do dia 3 de maio de 2007, data em que entrou em vigor a Emenda Regimental n.º 21. Justifica o Ministro Sepúlveda Pertence no seu voto: O equívoco da decisão agravada está, isto sim, em exigir, antes das normas regimentais implementadas pelo Supremo Tribunal Federal, que o recorrente buscasse demonstrar, na petição do RE, a repercussão geral da questão. É que a determinação expressa de aplicação da L. 11.418/06 (art. 4º ¹³) aos recursos interpostos a partir do primeiro dia de sua vigência não significa a sua plena eficácia. Tanto é assim que ficou a cargo do Supremo Tribunal Federal a tarefa de estabelecer, em seu Regimento Interno, as normas necessárias à execução da L. 11.418/06, seria ilógico exigir que os recursos interpostos antes da vigência daquela contenham uma preliminar em que o recorrente demonstre a existência da repercussão geral (Art. 543-A, § 2º, introduzido pelo art. 2º da L. 11418/06. É que, ainda que houvesse a referida preliminar, não se poderia dar o imediato e integral cumprimento da L. 11.418/06. Portanto, a partir do dia 3 de maio de 2007 ficou estabelecida a exigência da repercussão geral no recurso extraordinário. 3.1.2 Sobrestamento dos recursos extraordinários no tribunal a quo. Os recursos extraordinários que tenham matérias idênticas serão sobrestados no tribunal de origem (STJ, TSE, STM, TST, Tribunais de Justiças, Tribunais regionais federais e juizados de pequenas causas) que remeterão ao STF um ou mais recursos representativos da controvérsia e aguardarão o pronunciamento definitivo daquela Corte sobre o recurso. Esse tema está previsto tanto no art. 543-B do Código de Processo Civil, quanto no art. 328 do RISTF, que assim prescrevem: Art. 543-B. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica controvérsia, a análise da repercussão geral será processada nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, observado o disposto neste artigo. § 1o Caberá ao Tribunal de origem selecionar um ou mais recursos representativos da controvérsia e encaminhá-los ao Supremo Tribunal Federal, sobrestando os demais até o pronunciamento definitivo da Corte. 30 § 2o Negada a existência de repercussão geral, os recursos sobrestados considerar-se-ão automaticamente não admitidos. § 3o Julgado o mérito do recurso extraordinário, os recursos sobrestados serão apreciados pelos Tribunais, Turmas de Uniformização ou Turmas Recursais, que poderão declará-los prejudicados ou retratar-se. § 4o Mantida a decisão e admitido o recurso, poderá o Supremo Tribunal Federal, nos termos do Regimento Interno, cassar ou reformar, liminarmente, o acórdão contrário à orientação firmada. § 5o O Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal disporá sobre as atribuições dos Ministros, das Turmas e de outros órgãos, na análise da repercussão geral.’ Art. 328. Protocolado ou distribuído recurso cuja questão for suscetível de reproduzir-se em múltiplos feitos, o Presidente do Tribunal ou o Relator, de ofício ou a requerimento da parte interessada, comunicará o fato aos tribunais ou turmas de juizado especial, a fim de que observem o disposto no art. 543-B do Código de Processo Civil, podendo pedir-lhes informações, que deverão ser prestadas em 5 (cinco) dias, e sobrestar todas as demais causas com questão idêntica. Parágrafo único. Quando se verificar subida ou distribuição de múltiplos recursos com fundamento em idêntica controvérsia, o Presidente do Tribunal ou o Relator selecionará um ou mais representativos da questão e determinará a devolução dos demais aos tribunais ou turmas de juizado especial de origem, para aplicação dos parágrafos do art. 543-B do Código de Processo Civil. Recentemente, após Questão de Ordem suscitada pelo Ministro Gilmar Mendes, no âmbito dos Recursos Extraordinários n.ºs 556.664-1/RS, 559.882-9/RS e 560.626-1/RS, o Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal, na assentada do dia 12.09.2007, determinou o sobrestamento dos recursos extraordinários de questão idêntica à matéria que versa sobre a constitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei 8.212/91 em face do art. 146, III, B, da Constituição Federal e o art. 5º, parágrafo único, do Decreto-Lei n.º 1.569/77 em face do art. 18, § 1º, da Constituição Federal de 1967, com redação dada pela Emenda nº 01/69. Deste modo, a eg. Corte aplicou pela primeira vez o parágrafo único e caput do art. 328 do RISTF. Determinando, por fim, a devolução aos Tribunais de origem dos recursos extraordinários e agravos de instrumento que ainda aguardam distribuição. Aliás, o sobrestamento dos recursos extraordinários já é conhecido no STF desde do ano de 2003, após a Emenda Regimental n.º 12, em que ficou estabelecido no art. 321, § 5º, incisos I a VII, do RISTF que os extraordinários interpostos no âmbito dos Juizados Especiais Federais (Lei n.º 10.259, de 12 de julho de 2001), aplicariam as seguintes regras: 31 I – verificada a plausibilidade do direito invocado e havendo fundado receio da ocorrência de dano de difícil reparação, em especial quando a decisão recorrida contrariar súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, poderá o relator conceder, de ofício ou a requerimento do interessado, ad referendum do Plenário medida liminar para determinar o sobrestamento, na origem, dos processos nos quais a controvérsia esteja estabelecida, até o pronunciamento desta Corte sobre a matéria; II – o relator, se entender necessário, solicitará informaçõesao Presidente da Turma Recursal ou ao Coordenador da Turma de Uniformização, que serão prestadas no prazo de 05 (cinco)dias; III - eventuais interessados, ainda que não sejam partes no processo, poderão manifestar-se no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da publicação da decisão concessiva da medida cautelar prevista no inciso I deste § 5º; IV - o relator abrirá vista dos autos ao Ministério Público Federal, que deverá pronunciar-se no prazo de 05 (cinco) dias; V - recebido o parecer do Ministério Público Federal, o relator lançará relatório, colocando-o à disposição dos demais Ministros, e incluirá o processo em pauta para julgamento, com preferência sobre todos os demais feitos, à exceção dos processos com réus presos, habeas-corpus e mandado de segurança; VI – eventuais recursos extraordinários que versem idêntica controvérsia constitucional, recebidos subseqüentemente em quaisquer Turmas Recursais ou de Uniformização, ficarão sobrestados, aguardando-se o pronunciamento do Supremo Tribunal Federal; VII- publicado o acórdão respectivo, em lugar especificamente destacado no Diário da Justiça da União, os recursos referidos no inciso anterior serão apreciados pelas Turmas Recursais ou de Uniformização, que poderão exercer o juízo de retratação ou declará-los prejudicados, se cuidarem de tese não acolhida pelo Supremo Tribunal Federal; VIII – o acórdão que julgar o recurso extraordinário conterá, se for o caso, súmula sobre a questão constitucional controvertida, e dele será enviada cópia ao Superior Tribunal de Justiça e aos Tribunais Regionais Federais, para comunicação a todos os Juizados Especiais Federais e às Turmas Recursais e de Uniformização. 3.1.3 Do sobrestamento indevido do recurso extraordinário pelo tribunal “a quo”. Há possibilidade de que o tribunal “a quo”, erroneamente, faça o sobrestamento indevido do extraordinário, isto é, incluir um recurso que não tenha a mesma matéria de controvérsia idêntica na vala comum daqueles que possua. Ocorrendo tal prejuízo, é necessário que o recorrente intervenha para alertar o tribunal do erro. Dessa intervenção não há previsão legal, a lei silenciou e não previu qualquer recurso para o referido erro, mas qual seria o mecanismo para alterar o despacho de sobrestamento? 32 Caso análogo, o recurso especial e extraordinário retidos (art. 542 § 3º, do CPC), a legislação também silenciou, apesar de a jurisprudência ter admitido interposição de agravo de instrumento, reclamação e até medida cautelar. Assim, para destravar o sobrestamento do recurso extraordinário devemos analogicamente usar dos mesmos expedientes (agravo de instrumento, reclamação e medida cautelar). 3.1.4 Intervenção de terceiros (amicus curiae) A intervenção de amicus curiae no debate sobre repercussão geral da questão constitucional no recurso extraordinário está prevista tanto no art. 543-A, § 6º, do CPC, quanto no art. 323, § 2º, do RISTF, o qual complementa a norma. Prevê que o relator poderá admitir, de ofício ou mediante requerimento, a intervenção do “amigo do rei”, fixando-lhe prazo para manifestação, devendo a petição ser subscrita por procurador habilitado. Vale referir que a intervenção não é automática, devendo o relator verificar a pertinência e a relevância da intervenção e do interessado. Como preceituam os referidos artigos: Art. 543-A. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário, quando a questão constitucional nele versada não oferecer repercussão geral, nos termos deste artigo. § 6o O Relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação de terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. Art. 323. Quando não for caso de inadmissibilidade do recurso por outra razão, o Relator submeterá, por meio eletrônico, aos demais ministros, cópia de sua manifestação sobre a existência, ou não, de repercussão geral. § 2º Mediante decisão irrecorrível, poderá o Relator admitir de ofício ou a requerimento, em prazo que fixar a manifestação de terceiros, subscrita por procurador habilitado, sobre a questão da repercussão geral. 33 Também prevista na Lei nº 9.868/99, art. 7º, § 2º - controle concentrado de constitucionalidade – O amicus curiae desempenha um papel institucional, atuando como colaborador da Suprema Corte para interpretar as regras constitucionais envolvidas nas ações constitucionais (na ADIN, na ADC e na ADPF). Assim, acredito que ocorrerá com o amicus curiae previsto na lei da repercussão geral, tendo o mesmo papel, uma vez que estará em jogo o seu recurso extraordinário sobrestado no tribunal de origem 3.2 Limites Subjetivos da Eficácia da Decisão Proferida na Repercussão Geral. O Supremo Tribunal Federal ao rejeitar a repercussão geral torna a decisão irrecorrível, não cabendo nenhum recurso, como prevê o art. 543-A, caput, § 5º e o art. 326 do RISTF, que estabelece que “toda decisão de inexistência de repercussão geral é irrecorrível e vale para todos os recursos sobre questão idêntica”, devendo ser comunicada pelo relator à presidência do Tribunal para fins de ampla publicidade e para sua aplicação em outros recursos que tenham a mesma matéria jurídica idêntica – em casos recentes, o STF mandou sobrestar os extraordinários que versam sobre a cobrança de assinatura básica mensal dos usuários do serviço de telefonia, base de cálculo da contribuição para o PIS/Cofins e a constitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei 8.212/91 (reconhecimento da prescrição intercorrente). Assim, a recusa da repercussão geral faz com que aqueles recursos extraordinários sobrestados nos tribunais “a quo” sejam julgados não conhecidos ou inadmitidos (art. 543-A, § 5º e art. 543-B, § 2º), dependendo do conteúdo decisório da Suprema Corte. 34 Reconhecida a repercussão geral da questão debatida e julgado o mérito do recurso extraordinário, os recursos sobrestados poderão ser apreciados imediatamente pelo Tribunal de origem. Poderão retratar-se de suas decisões, adequando–se à orientação firmada pela Suprema Corte (art. 543-B, § 3º). Podendo, igualmente, julgá-lo prejudicado, pois estaria em confronto com a orientação do próprio Supremo. 3.2.1 O Juízo de Admissibilidade pelo Tribunal de Origem. O recurso extraordinário é interposto perante o tribunal recorrido, cabendo a análise dos pressupostos extrínsecos dos recursos consoante determinam as alíneas “a” e “d” do permissivo constitucional. A falta de um dos seus requisitos acarretará a não-admissão do recurso extraordinário, sendo cabível o agravo de instrumento para o STF, nos dizeres do art. 544, § 1º, do CPC. Ao tribunal de origem não é permitida a aferição da repercussão geral, pois é de exclusividade do STF, como estatuído no art. 543-A, § 2º: O recorrente deverá demonstrar, em preliminar do recurso, para apreciação exclusiva do Supremo Tribunal Federal, a existência da repercussão geral. Assim, não se admite a análise da repercussão por outros tribunais. Da existência de ingerência indevida por órgão incompetente surge o direito da parte prejudicada à reclamação ao STF (art. 102, inciso I, alínea “l”, da CF), a fim de que se mantenha a integridade de sua competência. 35 Entretanto, cabe ao requerente de forma obrigatória a demonstração de que a questão constitucional nele aventada oferece repercussão que ultrapassa os interesses subjetivos da causa. A falta do capítulo torna inepta a petição recursal. Cabendo, nesse caso, ao presidente do tribunal de origem inadmitir o extraordinário pela ausência objetiva de um dos requisitos indispensáveis da petição. 3.2.2Admissibilidade da repercussão geral perante o Supremo Tribunal Federal. A princípio, presume-se, em caráter absoluto, a existência da repercussão geral quando o recurso extraordinário impugnar decisão contrária à súmula ou jurisprudência dominante do STF (art. 543-A, § 3º), ou seja, a presunção absoluta da repercussão geral: § 3o Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar decisão contrária a súmula ou jurisprudência dominante do Tribunal. Há a presunção absoluta da repercussão geral quando a Turma decidir pela existência da repercussão geral por, no mínimo, quatro (04) votos dos ministros, ficando dispensada a remessa do recurso ao Plenário, pois serão necessários oito (08) votos dos ministros para rejeitá-la, cuja composição completa são de onze (11) ministros, 11-4 = 7 ministros, número inferior a 2/3 do Plenário. Art. 543-A. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário, quando a questão constitucional nele versada não oferecer repercussão geral, nos termos deste artigo. § 4º Se a Turma decidir pela existência da repercussão geral por, no mínimo, 4 (quatro) votos, ficará dispensada a remessa do recurso ao Plenário. 36 Alegada a repercussão geral da questão constitucional no STF, a matéria será submetida a todos os ministros do STF por meio eletrônico, conforme previsão dos arts. 323- 326 do RISTF: Art. 323. Quando não for caso de inadmissibilidade do recurso por outra razão, o Relator submeterá, por meio eletrônico, aos demais ministros, cópia de sua manifestação sobre a existência, ou não, de repercussão geral. § 1º Tal procedimento não terá lugar, quando o recurso versar questão cuja repercussão já houver sido reconhecida pelo Tribunal, ou quando impugnar decisão contrária a súmula ou a jurisprudência dominante, casos em que se presume a existência de repercussão geral. § 2º Mediante decisão irrecorrível, poderá o Relator admitir de ofício ou a requerimento, em prazo que fixar a manifestação de terceiros, subscrita por procurador habilitado, sobre a questão da repercussão geral. Art. 324. Recebida a manifestação do Relator, os demais ministros encaminhar-lhe- ão, também por meio eletrônico, no prazo comum de 20 (vinte) dias, a manifestação sobre a questão da repercussão geral. Parágrafo único. Decorrido o prazo sem manifestações suficientes para recusa do recurso, reputar-se-á existente a repercussão geral. Art. 325. O Relator juntará cópia das manifestações aos autos, quando não se tratar de processo informatizado, e, uma vez definida a existência da repercussão geral, julgará o recurso ou pedirá dia para seu julgamento, após vista ao Procurador-Geral, se necessária; negada a existência, formalizará e subscreverá decisão de recusa do recurso. Parágrafo único. O teor da decisão preliminar sobre a existência da repercussão geral, que deve integrar a decisão monocrática ou o acórdão, constará sempre das publicações dos julgamentos no Diário Oficial, com menção clara à matéria do recurso. Art. 326. Toda decisão de inexistência de repercussão geral é irrecorrível e, valendo para todos os recursos sobre questão idêntica, deve ser comunicada, pelo Relator, ao Presidente do Tribunal, para os fins do artigo subseqüente e do artigo 329. Examinando o STF a ocorrência ou não da repercussão geral de determinada questão levada ao seu conhecimento, será editada súmula do julgamento onde constará na ata, que será publicada no Diário Oficial, servindo essa publicação como acórdão. O julgado publicado funciona como condição de eficácia da decisão. 3.2.3 Aplicação da repercussão geral prevista no CPC aos recursos extraordinários em geral. 37 Após o julgamento da Questão de Ordem no Agravo de Instrumento n.º 664.567, na sessão de 18 de junho de 2007, relator Sepúlveda Pertence, a Corte Suprema fixou orientação de que a exigência de alegação e demonstração de repercussão geral abrange todos os recursos, qualquer que seja a sua natureza (cível, criminal, trabalhista ou eleitoral). Assim, transcrevo parte do voto que menciona a exigência da repercussão a todas as matérias: A partir da EC 45, de 30 de dezembro de 2004 – que incluiu o § 3ª no art. 102 da Constituição -, passou a integrar o núcleo comum da disciplina constitucional do recurso extraordinário a exigência da repercussão geral da questão constitucional, verbis: § 3º. No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros. A regulamentação desse dispositivo sobreveio com a L. 11.418/06 que, inadvertidamente, se limitou a alterar o texto do Código de Processo Civil. Estou convencido, contudo, que apesar de alteração formalmente ter atingido apenas o Código de Processo Civil, a regulação de aplica plenamente ao recurso extraordinário criminal, seja porque – repita-se – a repercussão geral passou a integrar a disciplina constitucional de todos os recursos extraordinários, seja porque parece inequívoca a finalidade da L. 11.418/06 de regulamentar o instituto nessa mesma extensão. Assim, não empresto maior relevo à circunstância de ter sido alterado apenas texto do Código de Processo Civil, tendo em vista o caráter geral das normas nele inseridas pela L. 11.418/06. De qualquer modo, não haveria nenhum óbice à sua aplicação subsidiária ou por analogia. Portanto, conclui-se que a repercussão geral é um pressuposto constitucional do recurso extraordinário devendo ser aplicado ao direito brasileiro. 3.3 Aspecto Positivo da Repercussão Geral. A repercussão geral tem como aspecto positivo a implantação de um filtro para diminuir o afluxo de recursos repetitivos ao STF. Assim, basta que um dos recursos extraordinários seja analisado e decidido para que os outros recursos idênticos sejam 38 inadmitidos, sem que haja o processamento e a subida para o Supremo Tribunal Federal, hipótese prevista no art. 543-B e seus parágrafos. Cumpre-me, ainda, destacar que sempre haverá a presunção da existência da repercussão geral em favor do recorrente, uma vez que para declarar a inexistência da repercussão necessitará de oito votos dos ministros que integram o Supremo Tribunal Federal, ou seja, dois terços dos membros do Tribunal. 3.4 Aspecto Negativo da Repercussão Geral. Nesse caso, a garantia a uma prestação jurisdicional, art. 5º, XXXV, da Constituição Federal, poderá ter abalos, já que a Suprema Corte, ao decidir que não há repercussão geral na questão constitucional, levará uma questão, a princípio eivada de inconstitucionalidade, ao manto da coisa julgada material. 39 CONCLUSÃO A repercussão geral, nascida a partir da Emenda Constitucional 45/2004, tem como meta a valorização da autoridade do STF na interpretação e tutela da Constituição Federal. É um instituto novo no ordenamento jurídico, denominado com filtro recursal, que reduzirá substancialmente o volume de processos no STF, pois tem o objetivo de análise, no âmbito do recurso extraordinário, questão de interesse coletivo. Apesar de vários doutrinadores escreverem bem do referido instituto, parece que não será fácil a sua aplicação junto ao STF, já que sua espinha dorsal está repleta de conceitos obscuros e indefinidos para sua verdadeira utilidade. Contudo, a finalidade deste instituto é firmar o papel do Supremo Tribunal Federal como Corte Constitucional e não como instância recursal. Entendemos que a Lei 11.418/2006, na parte em que instituiu o parágrafo 1º do art. 543-A no Código de Processo Civil, é inconstitucional,uma vez que há uma restrição ao direito da parte, quando a própria Constituição Federal não o faz, ou seja, inserido o termo “que ultrapassem os interesses subjetivos da causa”. Neste estudo, constata-se, ainda, que existirá questão esdrúxula no nosso direito a ser resolvida quando o STF decidir que não há repercussão geral da questão constitucional, e a Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis não derem a perfeita interpretação do comando constitucional, não terá recurso cabível para o exame da constitucionalidade, já que a Suprema Corte não considerou relevante o tema. 40 Por fim, entendo que a função institucional do Superior Tribunal de Justiça deveria ser ampliada, aceitando, no âmbito do recurso especial, o exame de questão constitucional, o que ocorre com o Tribunal Superior do Trabalho e o Superior Tribunal Eleitoral. O efeito ao nosso sistema é que não existiriam recursos extraordinários dos Tribunais de segundo grau. Existiria uma redução de 27 tribunais estaduais e 5 tribunais regionais federais para interposição do apelo extremo. Dessa forma, haveria uma canalização de todos os recursos da esfera comum para o STJ e deste para o STF. 41 REFERÊNCIAS: AKACHI, Diogo Telles. Comentários à reforma do poder judiciário: emenda constitucional n.º 45/2004 – 1ª ed. São Paulo: Editora Letras Jurídicas, 2006. BAPTISTA DA SILVA, Ovídio. A função dos tribunais superiores, Anuário do Programa de Pós-graduação em Direito, Centro de Ciências Jurídicas, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo: 1999, p. 215-216. BERMUDES, Sérgio. A reforma judiciária pela Emenda Constitucional n.º 45; observações aos artigos da Constituição Federal alterados pela Emenda Constitucional n.º 45, de 08 de dezembro de 2004, Rio de Janeiro: Forense, 2005, capítulo VIII, p. 54-55. BONFANTI DE LEMOS, Alexandre. Propostas para um sistema de permeabilidade do recurso extraordinário, In: Reforma do Poder Judiciário – uma abordagem sobre a Emenda Constitucional n.º 45/2004, Campinas, SP, Millennium Editora, 2006, p. 159-176. 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GILBERTO FERNANDES MARTINS RESUMO SUMÁRIO INTRODUÇÃO 1-EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.1 Repercussão Geral e sua previsão legal e constitucional. 2 CONCEITO DA REPERCUSSÃO GERAL. 2.1 Repercussão Geral e seu Aspecto Econômico, Social, Político e Jurídico. 2.2 Da Rejeição da Repercussão Geral por Dois Terços dos Membros do STF. 2.3 Do Quorum para o Reconhecimento da Repercussão Geral. 2.4 Da Irrecorribilidade da Decisão que não Conhece da Repercussão Geral. 2.5 Semelhança entre a Repercussão Geral e a petition for writ of certiorari. 2.6 A Distinção entre a Argüição