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Resumo A lingua de Eulalia

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No texto de Marcos Bagno, capitulo “E agora, com vocês, a assimilação!” o autor apresenta o conceito de transformação de algumas terminações como, ND em N e MB em M. Esse processo se dá através da Assimilação.
Como destacado no decorrer do capítulo:
É comum ouvir as pessoas dizerem faluno, comeno, cantano, em vez de falando, comendo, cantando. 
A explicação é simples. Os fonemas /n/ e /d/ pertencem a uma família de consoantes que são chamadas dentais. São palavras que para serem produzidas precisam que a ponta da língua ou a porção dianteira da língua entre em contato com os alvéolos dos dentes incisivos superiores, por exemplo, quando pronunciamos nenê e dado. A língua toca levemente a parte do céu da boca onde se encaixam os dentes de cima, por isso que são chamadas de dentais.
Por serem palavras produzidas na mesma zona de articulação essas consoantes sofrem o processo de assimilação.
Assimilação entende-se como a modificação de um som por influência do som vizinho que passa a partilhar traços articulatórios e é considerado como uma mudança sintagmática, ou seja, pode ocorrer entre sons articulados sucessivamente na pronuncia das palavras. 
Exemplo: Falando se torna falando pois ocorre a assimilação do D pelo N. 
Assimilação do ND > NN > N não são de exclusividade da língua portuguesa, também é presente em região de Portugal, e em outras línguas como em alguns dialetos italianos, e também no catalão onde, por exemplo, o latim mandare em catalão se transformou em manar.
Existe outros tipos de assimilação, por exemplo, quando o também é pronunciado como tamém, bocado como mucado, isso ocorre com consoantes de outra família, chamados de bilabiais, onde o M e o B para serem pronunciados é preciso movimentar os dois lábios, exemplo: Memê e bebê, por terem a mesma zona de articulação resulta a passagem de MB para MM e por fim para M simples.
Esse processo de assimilação também ocorre em espanhol, como por exemplo, nas palavras lumbu que resulta em lomo e lambere que resulta em lamer.
Conclui-se que assimilação foi uma força muito ativa na história da formação da língua portuguesa.
Alguns fenômenos linguísticos dão a língua portuguesa uma variedade sonora que só ela tem. A redução de E e O na silaba átonos pretônicos tem característica presente em todo domínio da língua português e é um fenômeno natural. E é o que podemos ver que o capítulo, “Música, Maestro”
Átonos: são todas as sílabas, menos a sílaba tônica;
Silaba tônica: Silaba acentuada ou enfatizada na fala;
Sílaba pretônica: sílaba que vem antes da sílaba tônica;
Sílaba postônica: sílaba que vem depois da sílaba tônica.
Para melhor definir, a professora Irene dá como exemplo a palavra CAVALO, onde:
CA é a silaba pretônica; VA é a silaba tônica e LO é a silaba postônica.
Na língua portuguesa, quando as vogais E e O são postônicas sofrem o que a gente chama de redução: elas são pronunciadas de maneira mais fraca e soam como um I e um u. Por isso a palavra ovo é pronunciada ôvu, a frase ELE BEBE é pronunciada êli bébi.
A presença de um I e um U na silaba tônica faz com que as vogais átonas pretônicas escritas com vogais E e O se reduzam e sejam pronunciadas com I e U, exemplo:
Percebe-se que as as vogais átonas pretônicas E e O são seguidas por uma sílaba em que a vogal tônica é I, e em outras, as palavras têm uma vogal U na sílaba tônica.
Essa redução se dá por um fenômeno chamado harmonização vocálica, que é um fenômeno fonológico que explica o processo de redução das vogais.
Ao observar o quadro abaixo, vemos que as vogais I e U são as mais altas, as mais fechadas. E quando as mesmas estão presentes na silaba tônica ela puxam para cima as vogais pretônicas E e O, e cria-se um som único. 
Em resumo:
e— I > I — I (bebida > bibida)
o— I > u — I (formiga > furmiga)
e—u > I — u (segundo > sigundo)
o—u > u — u (coruja > curuja)
Existe um outro grupo de palavras que têm um o átono pretônico pronunciado u, sem que elas apresentem nenhum I ou U na sílaba tônica. Palavras com inicais B e M sem a vogal tonica I e U sofrem alterações, como por exemplo, boato > buato; moeda > mueda. Porque as consoantes B e M são bilabiais, são pronunciadas com um movimento de fechamento-abertura dos dois lábios. A vogal O, para ser pronunciada precisa de um arredondamento (aberta) demais. E para não terem de passar um fechamento muito grande para o arredondamento muito grande, os lábios “espremem” um pouco o O e abrem-se menos, já que produzem um U, que é, mais fechado que o O.
A hipótese apresentada mostra que em São Paulo essa redução não acontece com muita intensidade comparado a outras regiões devido a hipótese da colonização por italianos. Essas reduções acontecem por conta que a língua italiana não apresenta reduções de E em I e de O em U.
Características do falar Paulistanos como chamar as pessoas de “belo, bela” e reduzir os nomes próprios são expressões de afetividade caracteristicamente italianas.
Além disso, o falar paulistano se caracteriza também por desnasalizar as vogais seguidas de M ou N mais vogal, ao contrário do que acontece no resto do Brasil. Por exemplo, fÓme (Paulista) x fÕme (outras regiões).
O italiano é uma língua que não apresenta as reduções de E em I e de O em U que caracterizam o português. Em italiano, o que se escreve E é sempre pronunciado E, o mesmo acontecendo com o O.
O autor explica a variedade paulistana por conta dos imigrantes recém-chegados que tiveram que aprender o português e nessa aprendizagem, eles transferiram para a sua nova língua algumas características do italiano.
A região do Paraná, também não sofre redução, como por exemplo, leite, gente. E isso se explica pelo fato da imigração não só dos italianos como dos europeus.
Todo mundo fala de um modo que tem explicações na história da língua ou na história de quem fala esta língua. E falar “diferente”, não quer dizer falar “errado”.
Falar do jeito que se escreve não significa falar mais certo. Existe uma tendência muito forte nas escolas de querer obrigar os alunos a falar do jeito que escreve. O aluno pode falar bunito, mas só poderá escrever bonito, porque é preciso uma ortografia única para toda língua, para que todos possam ler e compreender o que está escrito.
A língua escrita é um conjunto de símbolos que podem ser interpretados de maneira variada de acordo com uma série de fatores.
Como acontece por exemplo com a letra E que representa o som de ê, o som de é e o som de i, e pode acontecer que em uma palavra exista esses três sons sem que haja alteração na sua forma gráfica, exemplo, merece.
O mesmo acontece com os símbolos matemáticos, sinais de trânsitos, notação musical e outros. Ou seja, aprendemos a ler, mas na hora de produzir na fala o que lemos, deixamos nossa marca pessoal na leitura.

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