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1 POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO – ESTUDO DIRIGIDO Referência: Desenvolvimento local e regional - 1ª. edição 2012. Editora InterSaberes. Autores: Clovis Ultramari e Fábio Duarte Observem que este material “Estudo Dirigido” é de autoria de nossa Instituição e destinado ao estudo dos alunos a ela vinculados, portanto sua reprodução, divulgação ou uso indevido poderá ser objeto de aplicação dos procedimentos e penas relativas à Lei dos Direitos Autorais. Neste breve resumo, destacamos a importância para seus estudos de alguns temas diretamente relacionados ao contexto trabalhado nesta disciplina. Os temas sugeridos abrangem o conteúdo programático da sua disciplina nesta fase e lhe proporcionarão maior fixação de tais assuntos, consequentemente, melhor preparo para o sistema avaliativo adotado pelo Grupo Uninter. Esse é apenas um material complementar, que juntamente com os livros, vídeos e os slides das aulas compõem o referencial teórico que irá embasar o seu aprendizado. Utilize-os da melhor maneira possível. Bons estudos! 2 SURGIMENTO DA PREOCUPAÇÃO COM O DESENVOLVIMENTO LOCAL Sabe-se que imediatamente após a Segunda Guerra Mundial, tanto do lado capitalista quanto do lado socialista, imaginou-se a possibilidade de crescimento e desenvolvimento para todos os países. O modelo desse desenvolvimento seria aquele utilizado pelas nações com altos índices de produção industrial. Os indicadores utilizados para medir esse tipo de desenvolvimento eram igualmente de caráter industrial, ou mais genericamente, de caráter econômico, em grandes números e não abrangiam as questões que iriam interessar nas décadas seguintes. A Cepal é considerada por muitos uma escola de pensamento, sobretudo nas décadas que se seguiram à sua criação (pós- Segunda Guerra Mundial), contraria, pois, a visão bastante difundida de que a história econômica norte- americana é o modelo ideal a ser seguido. A Cepal defendeu aquilo que poderia ser considerado como as bases de um desenvolvimento econômico local sustentável, priorizando potencialidades, limitações e especificidades de cada um dos países na sua busca por melhores condições sociais e econômicas. De acordo com Santos (1993), por trás de tudo está o valor da terra, que diferencia municípios periféricos dos seus polos e uma urbanização aliada a uma generalização da pobreza, que ele chama de involução urbana da qualidade de vida. NEOLIBERALISMO Neoliberalismo é um conceito que agrega questões como redução do papel do Estado perante a valorização do setor privado; valorização da competitividade individual, por meio do empreendedorismo; abertura de mercados em nível internacional; flexibilização da movimentação de capital, 3 também em nível internacional. Defende a descentralização e, ao tomar essa posição, defende também a importância do mercado, a redução do papel do Estado como provedor de demandas sociais e a competitividade entre os locais. DEFINIÇÃO BANCOS DO POVO Sabe-se que, a despeito da discussão teórica a respeito das reais capacidades do nível local mudar a realidade, na prática, tem-se assistido a iniciativas diversas, concretas, singulares e com resultados comprovados. Há exemplos significativos de prefeituras que implantaram programas voltados às áreas de geração de renda, com a valorização do produtor rural, como também, ao crescimento do turismo, entre outras. Porém, alguns governos se mostraram mais ousados em seus projetos de desenvolvimento local, entre estes pode- se citar os chamados bancos do povo que são bancos que concedem empréstimos sem necessidade de comprovação de rendimento ou qualquer outra formalidade. CONSÓRCIOS INTERMUNICIPAIS Os consórcios intermunicipais surgiram como forma de superar a atomização de municípios e recobrar escalas produtiva e financeira adequadas. Destacam-se os consórcios intermunicipais em ações de saneamento, instalação de infraestrutura de energia elétrica, construção de estradas e atividades relacionadas à promoção de saúde pública. Os objetivos dos consórcios intermunicipais são otimização de recursos e esforços. DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS Os domínios morfoclimáticos representam a combinação de um conjunto de elementos da natureza – relevo, clima, vegetação – que se inter-relacionam e interagem, formando uma unidade paisagística. Conforme o geógrafo Aziz 4 Nacib Ab’Saber a regionalização brasileira pode ser caracterizada segundo fatores ambientais, também chamados de Cinco domínios morfoclimáticos que são definidos por características climáticas, botânicas, pedológicas, hidrológicas e fitogeográficas. Domínio amazônico: região norte do Brasil, com terras baixas, clima e floresta equatorial. Domínio dos cerrados: região central do Brasil, também conhecida como savana brasileira, caracterizada por solos pouco férteis e profundos, e que atrai atividades como pecuária extensiva, produção de carvão vegetal e exploração madeireira. Domínio dos mares de morros: (cadeia de montanhas): com clima diversificado, é localizado na região leste (litoral brasileiro) onde se encontra a floresta atlântica. Domínio das caatingas: região nordeste do Brasil, formadora do chamado polígono das secas, de formações cristalinas, área depressiva (intermontanhas) e de clima semiárido. Domínio das araucárias: região sul brasileira, área do habitat do pinheiro brasileiro (araucária), região de planalto e de clima subtropical. Domínio das pradarias: região sudeste gaúcho, local de coxilhas subtropicais (relevo de planalto, pouco acidentado e com ondulações suaves) ORGANIZAÇÃO SOCIAL No estudo das questões regionais, destaca-se a importância da hierarquia que os centros urbanos constroem em suas relações diversas com outros centros e nas decorrentes áreas de influência que se formam a partir dessas mesmas relações. No final do século XVII, Richard Cantillon, um dos principais teóricos da ciência econômica, apresentou uma forma de um modelo que explica a chamada organização espacial da sociedade. Para Cantillon a 5 organização social se subordina à posse, ou não, em maior ou menor escala, de terra produtiva. A proximidade do trabalhador rural com a terra é relevante em uma organização menos complexa e fundamentada na produção rural. Assim, a dimensão demográfica das aldeias deve variar de acordo com o potencial das terras cultiváveis. Em um nível imediatamente superior estaria o centro dessas aldeias (os burgos) que aglutinam em torno de si a população consumidora de sua produção, que adquiriu um caráter urbano. TEORIA DOS LUGARES CENTRAIS A teoria dos lugares centrais é uma teoria desenvolvida por Walter Christäller para explicar a forma como os diferentes lugares se distribuem no espaço. Segundo essa teoria, um lugar central (um centro urbano) fornece um conjunto de bens e serviços a uma determinada área envolvente (área de influência ou região complementar). Cada um desses lugares centrais pode ser classificado, hierarquicamente, em função da quantidade e diversidade de bens e serviços que fornecem a sua área de influência. Segundo a teoria dos lugares centrais e partindo do princípio de que as pessoas procuram o lugar central mais próximo para se abastecerem e que os fornecedores seguem o princípio econômico de maximização do lucro, os lugares centrais e as respectivas áreas de influência tendem a dispor-se no espaço segundo uma malha hexagonal. CLASSIFICAÇÃO DAS CIDADES DE REDE URBANA DO BRASIL A configuração atual da rede urbana brasileira pode ser definida a partir do tamanho de seus centrosurbanos, da característica principal de suas economias, da dependência funcional na hierarquia nacional de cidades e da forma como estas ocupam seus espaços. O estudo chamado Caracterização e Tendências da Rede Urbana do Brasil (IPEA, 2002) classifica as cidades 6 da rede urbana do Brasil em: metrópoles globais, centros nacionais e regionais. CARACTERÍSTICAS DO ADENSAMENTO Agregando-se os sistemas urbanos regionais, citados em três diferentes grupos, têm-se as chamadas grandes estruturas urbanas: a Centro-Sul, a Nordeste e a Centro-Norte. Essas grandes estruturas organizam a rede urbana brasileira e se diferenciam segundo quatro principais características espaciais uma delas é o Adensamento que é um fenômeno associado ao crescimento populacional das cidades, que resulta no uso intensivo do espaço urbano. O adensamento que se observa da sua rede de cidades, ou seja, o volume de centros urbanos que a estrutura urbana contém. PLANEJAMENTO TURÍSTICO Planejamento Turístico é o processo pelo qual se analisa a atividade turística de um país ou de uma Região, diagnosticando seu desenvolvimento e fixando um modelo de atuação por etapas, mediante estabelecimento de planos e de programas com objetivos, metas e instrumentos definidos, com os quais se pretende impulsioná-la, coordená-la e integrá-la ao conjunto macroeconômico em que se encontra inserida. De acordo com Oliveira (2000), o desenvolvimento do turismo se divide em três níveis: O 1º explora os recursos naturais e culturais e o 2º apresenta uma consciência mais ampla dos benefícios da exploração turística. No 3º nível ocorre o estabelecimento de um programa amplo, de nível regional ou nacional, com intuito de incentivar a atividade turística em regiões mais, ou menos, desenvolvidas, de modo coordenado com diretrizes gerais e intenções claras no longo prazo. O principal conflito do desenvolvimento turístico é prover oportunidade e acesso às experiências recreacionais ou de qualquer outra motivação ao 7 maior número de pessoas possível e evitar a descaracterização dos locais privilegiados pela natureza, bem como proteger o patrimônio cultural das comunidades. TURISMO INDUZIDO Uma das possibilidades de desenvolvimento de uma região turística é o turismo induzido, pois é aquele que não se apoia diretamente na exploração de recursos naturais ou culturais pré-existentes (mesmo que os utilize), e sim nos esforços de uma cidade ou região em se tornar polo atraente de uma demanda turística latente. O mercado de turismo de evento é o melhor exemplo de turismo induzido, que se dá a partir da identificação de uma demanda latente ou atividade específica, que ainda não é plenamente atendida pelas regiões turísticas consolidadas. TURISMO SUSTENTÁVEL Turismo sustentável é aquele que atende às necessidades dos turistas de hoje e das regiões receptoras, ao mesmo tempo em que protege e amplia as oportunidades para o futuro. É visto como um condutor ao gerenciamento de todos os recursos, de tal forma que as necessidades econômicas, sociais e estéticas possam ser satisfeitas sem desprezar a manutenção da integridade, cultural, dos processos ecológicos essenciais, da diversidade biológica e dos sistemas que garantem a vida. A relação entre educação ambiental e visão empresarial para o sucesso do desenvolvimento do turismo sustentável é que a educação ambiental atua na conscientização dos cidadãos de que a preservação do meio ambiente natural é condição para que a atividade econômica ligada ao turismo continue. 8 MINISTÉRIO DO TURISMO – TRÊS PRINCIPAIS EIXOS A exploração turística de uma região passa por autorizações políticas locais, desde a abertura de pontos comerciais à criação das leis de parcelamento do solo para loteamentos e edificações. Segundo Ultramari e Duarte, “por uma mazela na cultura política brasileira, muitas vezes as decisões e os gerenciamentos são acordados de maneira pouca clara, típica do patrimonialismo: tratar do bem público como se fosse particular. ” Para garantir que o desenvolvimento turístico de uma região traga benefícios a toda população, o Ministério do Turismo propõe que sejam fortalecidos três eixos importantes: O humano: o primeiro, no que tange ao desenvolvimento do turismo sustentável, tem como ações a capacitação e a educação formal da população local. O físico: já o segundo propõe o fortalecimento da infraestrutura pública e privada, do mercado imobiliário e de créditos financeiros. O social: o terceiro pretende fortalecer a participação da população local em todas as etapas do desenvolvimento turístico, criar instrumentos para crédito social e consolidar a gestão pública participativa. O Ministério do Turismo considera o turismo importante para o desenvolvimento socioeconômico, porque ele pode abranger atividades de diferentes classes sociais. Como a atividade econômica é local, os investimentos tendem a promover o desenvolvimento de onde ele ocorre. CLUSTERS Clusters são concentrações geográficas de empresas e indústrias concorrentes, complementares ou interdependentes que realizam negócios entre si e/ou possuem necessidades comuns de tecnologia, pessoas, e infraestrutura. 9 ARANJO PRODUTIVO LOCAL O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas / SEBRAE assinala que o sucesso de um Arranjo Produtivo Local está baseado em três pilares: ações, atitudes e metas. As ações que concretas e específicas, executadas pelos participantes diretos ou indiretos do programa, em ordem crescente de complexidade. Os serviços internos representados pela capacitação são os serviços de treinamento para novas técnicas industriais, comerciais e gerenciais. CARACTERÍSTICAS DE UMA PARQUE TECNOLÓGICO As três principais características de um parque tecnológico são: 1) As ligações formais com universidades e demais institutos de pesquisa; 2) Crescimento de empresas com bases tecnológicas distintas implantadas na região; 3) Coordenação por entidade com funções gerenciais, com objetivo de estimular algumas ações ligadas à capacidade das empresas, tanto as inseridas no polo quanto outras instaladas na região. ALTERAÇÕES DO MEIO URBANO E SEUS IMPACTOS SOCIO ECONÔMICOS De acordo com Motta e Ajara (2001) “Os efeitos da reestruturação produtiva, aliados à queda na oferta de novos postos formais de trabalho para trabalhadores sem qualificação, amplia as disparidades sociais e eleva o desemprego, expondo novas questões urbanas ligadas à marginalidade e à falta de segurança. Estas ampliam a agenda dos problemas urbanos, em relação ao passado recente, na medida em que as tradicionais demandas 10 ligadas à luta por moradia, transportes, infraestrutura urbana e equipamentos sociais se acrescem a essa nova demanda por emprego e segurança”. REGIÕES BRASILEIRAS O IBGE regionaliza o Brasil a partir de parâmetros mais abrangentes, incluindo não apenas os ambientais, mas, sobretudo, os que demonstram a forma como a sociedade os utiliza. Assim, temos cinco grandes regiões. Você deve notar, portanto, que essas definições alteraram-se durante o tempo, devido, especialmente, às mudanças nos parâmetros adotados para as delimitações regionais e na confirmação de uma complexidade crescente. As cinco regiões brasileiras são: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, pertencem a Região Nordeste. Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia, Roraima, Pará, Tocantins, pertencem a Região Norte. Em 1987, o IBGE realizou um trabalho nomeado Regiãode Influência das Cidades (Regic), no qual a centralidade urbana era dividida em oito níveis: o nível um representava o muito fraco e o nível oito, o máximo. Por meio de estudos dos fluxos de origem e destino das pessoas e dos bens e serviços que elas buscam, foi possível definir o nível de subordinação entre as cidades e os centros. TEORIA DO DETERMINISMO AMBIENTAL O determinismo ambiental foi o primeiro grande paradigma para definição de uma região. Esse paradigma defende que as condições naturais condicionam o homem, ou seja, determinam o seu comportamento socioeconômico. Entre outros aspectos, segundo a visão determinista, até mesmo as características mais pessoais do homem resultam de imposições advindas da natureza. Segundo a teoria do determinismo ambiental, a região 11 natural é um ecossistema onde seus elementos estão integrados e são interagentes, sendo, então, classificada pela influência dos elementos da natureza, sobretudo clima, vegetação e relevo. BARREIRAS NATURAIS Os critérios adotados para definir os limites de uma região variam de acordo com os objetivos do planejamento adotado. Esses critérios podem ser de homogeneidade, isolamento, interdependência ou relativos. Sendo assim, com a definição dos limites das regiões, com relação aos seus critérios, o segundo define região como um espaço que se distingue de seus vizinhos mais imediatos, isolando-se destes por barreiras naturais chamadas de Físicas, artificiais ou, ainda, de fronteiras. APLS APLs são formas de organização econômica e espacial, na qual empresas com objetivos comerciais comuns se agrupam em uma mesma região para incrementar seus negócios. Isso pode ser feito por meio do compartilhamento de informações, linhas de crédito, mão de obra especializada e facilidades comerciais. Transformados em estratégia de desenvolvimento regional pelo governo federal, os APLs abrangem diferentes setores da economia, como o turismo, o artesanato e o desenvolvimento tecnológico. O Sebrae estruturou sua metodologia em três eixos: Dinâmica de distrito. Desenvolvimento empresarial e organização da produção. Informação e acesso a mercados. É muito importante se ter a presença de uma universidade em um APL pois a universidade pode ser geradora de pesquisa básica, pesquisa aplicada, geração de inovação tecnológica e formação de mão de obra. 12 As empresas que fabricam os mesmos produtos e competem pelo mesmo mercado podem se beneficiar na formação de um APL pois agrega-se vantagens de compartilhamento de informações quanto à mão de obra, técnicas, insumos e mercados. PROCESSO DE URBANIZAÇÃO NO BRASIL Perceber que o processo de urbanização no Brasil, principalmente nas últimas décadas do século XX, teve um papel importante na redefinição das grandes regiões brasileiras, sobretudo em seu caráter político administrativo. Destacamos também as polarizações que, muitas vezes, sobrepassam as delimitações político-administrativas dos estados e regiões, como é o caso das metrópoles de escala global, nacional e regional e suas diferentes escalas de influência. Vimos ainda que, se levarmos em consideração as diversidades internas e entre as regiões, veremos que o governo federal tem políticas específicas, como a PNDR. Devido à sua importância para a questão regional brasileira, o Decreto nº 6.047/2007 o qual institui legalmente a PNDR e dá outras providências. Tal decreto evidencia dois aspectos: a importância de se trabalhar regionalmente na busca de equidade social e econômica nacional e a imediata priorização pelas regiões há muito reconhecidas como as mais carentes. (ULTRAMARI, Clovis; DUARTE, Fábio. Desenvolvimento Local e Regional. Curitiba: Intersaberes, 1ª Ed. 2012) Em termos programáticos das políticas públicas nacionais para o desenvolvimento regional, o decreto citado define uma tipologia, construída em nível de microrregiões, para estabelecer prioridades. Essa tipologia adotada para confirmar prioridades está baseada em duas variáveis: Rendimento médio mensal por habitante, englobando todas as fontes declaradas (salários, benefícios, pensões etc.). Taxa geométrica de variação dos produtos internos brutos municipais por habitante.