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Civil IV - Contratos

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CURSO ON-LINE - DIREITO CIVIL - TRT 20a REGIÃO 
ANALISTA (ÁREA JUDICIÁRIA E EXECUÇÃO DE MANDADOS) 
AULA 8 
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS 
Introdução 
Um contrato é um vínculo jurídico entre dois ou mais sujeitos de 
direito correspondido pela vontade, da responsabilidade do ato firmado, 
resguardado pela segurança jurídica em seu equilíbrio social, ou seja, é 
um negócio jurídico bilateral ou plurilateral. É o acordo de vontades, capaz 
de criar, modificar ou extinguir direitos. 
As cláusulas contratuais criam lei entre as partes, porém são 
subordinados ao Direito Positivo. As cláusulas contratuais não podem 
estar em desconformidade com o Direito Positivo, sob pena de serem 
nulas. 
No Brasil, cláusulas consideradas abusivas ou fraudulentas podem 
ser invalidadas pelo juiz, sem que o contrato inteiro seja invalidado. 
Trata-se da cláusula geral rebus sic stantibus (ou revisão judicial dos 
contratos), que objetiva flexibilizar o princípio da pacta sunt servanda 
(força obrigatória dos contratos), preponderando, assim, a vontade 
contratual atendendo à Teoria da Vontade. 
Princípios Contratuais 
1) PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DE VONTADE: representa a liberdade 
das partes estipulando o que lhes convier. Ou seja, as partes possuem a 
liberdade de escolher o tipo de contrato, de escolher a pessoa com quem 
se irá contratar, de celebrar ou não o contrato e de escolher o conteúdo 
do contrato, sem haver interferência estatal. Entretanto, veremos que tal 
princípio é limitado. Um exemplo de limite está no art. 426 do CC ao 
proibir a herança de pessoa viva como objeto de contrato. 
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. 
2) PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DA ORDEM PÚBLICA: significa que a 
autonomia de vontade é relativa, pois está sujeita à lei e aos princípios da 
moral e da ordem pública, ou seja, representa um limite à liberdade de 
contratar. Atualmente a intervenção do Estado na vida contratual é tão 
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intensa que pode ser facilmente notada em vários setores (ex: 
telecomunicações, consórcios, seguros, sistema financeiro, etc.) que se 
configura um dirigismo contratual. Ou seja, apesar das pessoas terem 
liberdade para contratar, devem observar as normas (ex: Código de 
Defesa do Consumidor, Lei do Inquilinato, Lei da Usura, etc.) imperativas 
(que ordenam algum ato) e proibitivas (que vedam algum ato) impostas 
pelo Estado. 
3) PRINCÍPIO DO CONSENSUALISMO: tal conceito decorre da 
moderna concepção de que o contrato resulta do consenso, do acordo de 
vontades, independentemente da entrega da coisa. Os contratos são em 
regra consensuais, porém, são admitidas duas exceções: 
- nos contratos solenes ou formais, enquanto o ajuste não for reduzido a 
escrito, não haverá uma formação válida; 
- nos contratos reais, que só se formam com a entrega da coisa, também 
não basta um simples consenso entre os contratantes. 
4) PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS CONTRATOS: baseia-se na 
idéia de que os efeitos do contrato atingem apenas as partes 
contratantes, ou seja, aqueles que manifestaram a vontade em celebrá-lo. 
Entretanto, o referido princípio encontra exceções expressamente 
consignadas em lei, tal como ocorre na estipulação em favor de terceiro 
(será estudada no decorrer desta aula) e na convenção coletiva de 
trabalho (o acordo feito pelo sindicato beneficia toda uma categoria). 
5) PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DOS CONTRATOS (art. 427 do 
CC): representa a força vinculante das convenções feitas pelas partes 
contratantes. Já sabemos que ninguém é obrigado à contratar, mas se o 
fizer deverá cumprí-lo. Tal princípio tem dois fundamentos: 
- necessidade de segurança nos negócios; 
- intangibilidade ou imutabilidade do conteúdo do contrato decorrente da 
convicção de que o acordo faz lei entre as partes (pacta sunt servanda). 
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário 
não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das 
circunstâncias do caso. 
Estudaremos no tópico "formação dos contratos" as situações 
detalhadas onde a proposta perde a sua força vinculante e deixa de ser 
obrigatória. 
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6) PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DOS CONTRATOS (art. 421 do 
CC): o contrato por ser um veículo de circulação de riqueza, centro da 
vida dos negócios e propulsor da expansão capitalista possui uma função 
social que é promover a realização de uma justiça comutativa, reduzindo 
as desigualdades substanciais entre os contratantes. 
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites 
da função social do contrato. 
Podemos afirmar que o princípio da função social do contrato 
consiste na prevalência do interesse coletivo sobre os interesses 
individuais dos contratantes. 
7) PRINCÍPIO DA BOA-FÉ (art. 422 do CC): este conceito exigem que 
as partes se comportem de forma correta não só durante as tratativas, 
como também durante a formação e o cumprimento do contrato. Pode ser 
dividido em duas partes: boa-fé subjetiva (concepção psicológica) e boa-
fé objetiva (concepção ética). O quadro a seguir faz uma diferenciação 
entre essas duas partes. 
BOA-FÉ SUJETIVA BOA-FÉ OBJETIVA 
Trata-se de um estado psicológico 
de inocência. É a boa-fé do: "eu 
não sabia", ou seja, o indivíduo 
ignora um possível vício. Exemplo: 
posse de boa-fé. 
É uma cláusula geral implícita em 
todos os contratos, ela tem status 
principiológico, e que se traduz em 
uma regra de conteúdo ético e 
exigibilidade jurídica. 
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão 
do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-
fé. 
No dispositivo legal citado, o Código Civil consagra a boa-fé 
objetiva fundando-se em uma regra de conteúdo ético. 
Classificação dos Contratos 
1) CONTRATOS UNILATERAIS, BILATERAIS (sinalagmáticos) E 
PLURILATERAIS 
Nos contratos unilaterais, existe obrigação para apenas uma das 
partes. Pode ser exemplificado pela doação pura, pelo depósito e pelo 
comodato. 
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Nos contratos bilaterais ou sinalagmáticos, os dois contratantes 
possuem responsabilidades recíprocas, ou seja, um com o outro, sendo 
esses reciprocamente devedores e credores. Nesta espécie de contrato 
não pode um dos lados antes de cumprir suas obrigações, exigir o 
cumprimento do outro. O nome provém do grego antigo synallagma, que 
significa "acordo mútuo". 
Exemplo: na compra de um produto, o contratante (consumidor) e o 
contratado (vendedor) combinam de acertar a quantia em dinheiro 
somente no término do serviço do contratado (entrega do produto); o 
contratado só pode cobrar após entregar o produto e o contratante só o 
paga ao receber o objeto negociado. 
Os contratos plurilaterais são aqueles que apresentam mais de 
duas partes, como nos contratos de consórcio e de sociedade. 
2) CONTRATOS ONEROSOS E GRATUITOS 
Os contratos onerosos, são aqueles que as duas partes auferem 
vantagens - sendo estes bilaterais - como exemplo, a locação de um 
imóvel; o locatário paga ao locador para poder usar o bem, e o locador 
entrega o que lhe pertence para receber o pagamento. 
Nos contratos gratuitos, somente uma das partes obtém proveito, 
como na doação pura. 
Em regra os contratos gratuitos também são unilaterais e os 
contratos onerosos também são bilaterais. 
3) CONTRATOS COMUTATIVOS E ALEATÓRIOS 
O contrato comutativo é o que, uma das partes, além de receber 
prestaçãoequivalente a sua, pode apreciar imediatamente essa 
equivalência, como ocorre na compra e venda. Ou seja, há prestação e 
contraprestação certas. 
Nos contratos aleatórios, as partes se arriscam a uma prestação 
inexistente ou desproporcional, como exemplos, seguros, empréstimos. 
Simplificando, é o contrato de decisões futuras onde há uma incerteza na 
contraprestação. 
Os arts. 458 a 461 do Código Civil tratam do assunto: 
Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou 
fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes 
assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi 
prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, 
ainda que nada do avençado venha a existir. 
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O art. 458 do CC corresponde à compra de uma "esperança", 
quando o comprador assume o risco da existência da coisa (ex: 
comprar a ninhada de uma cadela).Trata-se de um contrato do tipo 
emptio spei. É um tipo de contrato aleatório em que um dos 
contratantes, na alienação de coisa futura, toma a si o risco existente da 
coisa, ajustando um preço, que será devido integralmente, mesmo que 
nada se produza sem que haja dolo ou culpa do alienante. 
Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, 
tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer 
quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde 
que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a 
existir em quantidade inferior à esperada. 
Parágrafo único. Mas, se da .coisa nada vier a existir, alienação não 
haverá, e o alienante restituirá o preço recebido. 
O art. 459 do CC se assemelha ao dispositivo anterior, entretanto é 
assumido um risco na quantidade da coisa e não na existência. Trata-
se de contrato do tipo emptio rei speratae onde se não vier nada, ou se 
nada for produzido, o preço não será devido. Desta forma, se a cadela não 
der cria, o preço pago deve ser devolvido. Por outro lado, se for esperado 
que a cria tenha 4 filhotes e tivermos apenas 2, nada poderá ser 
reclamado. 
Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, 
mas expostas a risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente 
direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já não existisse, 
em parte, ou de todo, no dia do contrato. 
Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente 
poderá ser anulada como dolosa pelo prejudicado, se provar que o 
outro contratante não ignorava a consumação do risco, a que no 
contrato se considerava exposta a coisa. 
Os arts. 460 e 461 do CC tratam do risco da coisa já existentes, mas 
sujeitas a perecimento ou depreciação. Como exemplo temos o risco 
assumido quando se compra um produto com data de validade a vencer 
em breve dependendo do fim da greve da Receita Federal. A incerteza 
decorre da possibilidade do produto vencer e ainda não ter passado pelo 
desembaraço aduaneiro. 
4) CONTRATOS CONSENSUAIS OU REAIS 
Contratos consensuais são os que se consideram formados pela 
simples proposta e aceitação. Já os contratos reais, são os que se 
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formam com a entrega efetiva do produto, a entrega deste não é decidida 
no contrato, mas somente as causas do que irá acontecer depois dessa 
entrega. 
Para exemplificar, estudaremos na próxima aula que a compra e 
venda é consensual, por outro lado o depósito e o mútuo são reais. 
5) CONTRATOS NOMINADOS (TÍPICOS) E INOMINADOS 
(ATÍPICOS) 
Contratos nominados ou típicos são os regulamentados por lei. 
Alguns dos regidos pelo Código Civil são: compra e venda, troca, doação, 
locação, empréstimo, depósito, mandato, gestão, edição, representação 
dramática, sociedade, parceria rural, constituição de renda, seguro, jogo e 
aposta, e fiança. Os contratos inominados ou atípicos (art. são 
contrários aos nominados, não necessitando de uma ação legal, pois estes 
não estão definidas em lei, precisando apenas do conceito básico inerente 
aos contratos (ex: que as partes sejam livres, que os produtos sejam 
lícitos, etc.). 
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as 
normas gerais fixadas neste Código. 
6) CONTRATOS SOLENES (formais) E NÃO SOLENES 
Contratos solenes são os que necessitam de formalidades nas 
execuções após ser concordado por ambas as partes, dando a elas 
segurança e algumas formalidades da lei, como na compra de um imóvel, 
sendo necessário um registro em cartório para que este seja válido. Os 
contratos não solenes são aqueles que não precisam dessas 
formalidades, necessitando apenas da aceitação de ambas as partes. 
7) CONTRATOS PRINCIPAIS E ACESSÓRIOS 
Os contratos principais são os que existem por si só, sendo 
independente de outros. Os contratos acessórios são emendas do 
contrato principal, sendo que estes necessitam do outro para existirem. 
Como exemplo temos o contrato de locação como principal e o contrato de 
fiança como acessório. 
8) CONTRATOS PARITÁRIOS OU POR ADESÃO 
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Os contratos paritários, são os que realmente são negociados 
pelas partes, discutindo e montando-o dentro das formalidades da lei. Ou 
seja, há possibilidade de se negociar as cláusulas contratuais. 
Já os contratos de adesão, se caracterizam por serem prontos por um a 
das partes e aceitos pelas outras, sendo um pouco inflexíveis por excluir o 
debate ou discussão de seus termos. Um exemplo comum é o contrato 
que você assina quando contrata uma operadora de telefone móvel. VIVO, 
OI, TIM, CLARO, dentre outras, entregam ao cliente um contrato pré-
escrito. 
Os artigos 423 e 424 do CC tratam do contrato de adesão. 
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas 
ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais 
favorável ao aderente. 
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que 
estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante 
da natureza do negócio. 
Creio ser interessante um exemplo para aplicação do art. 424 do CC. 
Imagine uma pessoa que vai ser fiador celebrando um contrato de 
fiança, Sabemos que a fiança é um contrato acessório que garante um 
contrato principal. Caso o devedor do contrato principal não pague a 
dívida, então o fiador poderá ser responsabilizado por ela. Porém, na 
fiança existe um benefício de ordem, ou seja, a dívida deve ser cobrada 
primeiro do devedor principal para, caso a obrigação não seja paga, ser 
cobrada do fiador. 
Nos moldes desta situação, imagine que o contrato de fiança seja de 
adesão (sem possibilidade de discutir as cláusulas) e uma das cláusulas 
estipule que o fiador renuncia ao benefício de ordem e, por isso, a dívida 
possa ser cobrada diretamente dele. 
Através do art. 424 do CC conclui-se que a cláusula ora mencionada 
é nula, pois está estipulando uma renúncia antecipada a um direito 
resultante do contrato de fiança. 
9) CONTRATOS DE EXECUÇÃO INSTANTÂNEA, DIFERIDA E 
CONTINUADA 
Tal classificação leva em consideração o momento em que os 
contratos devem ser cumpridos. 
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São contratos de execução instantânea ou imediata aqueles 
que se consumam em um só ato, sendo cumpridos imediatamente após a 
sua celebração (ex: compra e venda à vista). 
Os contratos de execução diferida tambémdevem ser cumpridos 
em um só ato, mas em um momento futuro (ex: entrega em determinada 
data). 
Já os contratos de trato sucessivo ou de execução continuada 
são os que se cumprem por meio de atos reiterados (ex: prestação de 
serviços). 
O esquema gráfico a seguir permite uma visualização da 
classificação em pauta: 
• 
CONTRATO DE EXECUÇÃO INSTANTÂNEA 
celebração 
do contrato 
execução 
imediata 
CONTRATO DE EXECUÇÃO DIFERIDA 
celebração 
do contrato 
execução 
diferida 
CONTRATO DE EXECUÇÃO CONTINUADA 
celebração 
do contrato 
execução continuada 
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10) CONTRATOS PRELIMINARES E DEFINITIVOS 
O contrato preliminar (pactumm de contrahendo) é o que tem por 
objeto a celebração de um contrato definitivo. Ou seja, por meio de um 
contrato preliminar, as partes se comprometem a celebrar, no futuro, um 
contrato definitivo. Pode-se dizer que o contrato definitivo é o objeto do 
contrato preliminar. 
Os arts. 462 a 466 disciplinam o contrato preliminar. 
Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter 
todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. 
Pelo art. 462 do CC é possível concluir que ao celebrar um 
compromisso de compra e venda de bem de bem imóvel de alto valor, por 
ser um contrato preliminar, pode ser utilizado um instrumento particular 
como forma, apesar da compra e venda definitiva de bem imóvel de alto 
valor necessitar de uma escritura pública como forma (vide art. 108 do 
CC). 
Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto 
no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de 
arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a 
celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive. 
Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro 
competente. 
De acordo com o art. 463 do CC, o contrato preliminar dá aos 
contratantes o direito de exigir o contrato definitivo. 
Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, 
suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo 
ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da 
obrigação. 
Através do art. 464 do CC, é possível que um contrato preliminar adquira, 
através de sentença judicial, força de contrato definitivo. 
Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, 
poderá a outra parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos. 
A inexecução do contrato preliminar pode acarretar indenização por 
perdas e danos. 
Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena 
de ficar a mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela 
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previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado 
pelo devedor. 
O contrato preliminar unilateral ou de opção é aquele onde apenas 
uma das partes é obrigada a celebrar o contrato definitivo, ao passo que a 
outra o celebra se quiser. Dessa forma, a parte obrigada deve manifestar 
prazo para a outra parte se manifestar. Decorrido esse prazo o bem 
poderá ser alienado a terceiros. 
Formação e lugar dos Contratos 
Os contratos são a convergência de duas vontades contrapostas: a 
parte que faz a proposta (uma declaração receptícia - que precisa ser 
aceita) é a parte proponente ou policitante e a parte que aceita é 
chamada de aceitante ou oblato. 
Os contratos reais formam-se com a entrega da coisa e os contratos 
formais, com a realização da solenidade ou do instrumento próprio. 
Tratam-se das exceções ao princípio do consensualismo. 
São fases da formação dos contratos: 
1. negociações preliminares: são conversações anteriores à proposta 
que visam preparar as bases do futuro contrato; 
2. proposta ou policitação ou oferta: é a declaração de vontade 
dirigida a alguém com quem se quer contratar, contendo todas as 
cláusulas essenciais do negócio. Pode ser de dois tipos: entre presentes e 
entre ausentes; 
- PROPOSTA ENTRE PRESENTES: é aquela em que há possibilidade de 
aceitação imediata, ou seja, há um contrato com declaração consecutiva, 
independente dos contratantes estarem em um mesmo espaço físico. Como 
exemplo temos duas pessoas contratando pelo telefone, uma em Porto Alegre-RS e 
outra em Belém-PA. 
- PROPOSTA ENTRE AUSENTES: é aquela em que não há possibilidade de 
aceitação imediata, ou seja, há um contrato com declarações intervaladas. Como 
exemplo temos aquele que envia a proposta através de uma carta e a aceitação 
também é enviada através de uma carta. 
PROPONENTE 
OU 
POLICITANTE 
ACEITANTE 
OU 
OBLATO 
CONTRATO 
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O contrato celebrado pela internet é entre presentes ou entre 
ausentes? 
A pergunta não é simples, pois a doutrina diverge a respeito da 
resposta. Entretanto, para efeitos de concurso público, sugiro pensar que 
as duas formas são possíveis. Ou seja, na proposta feita pelo skype e pelo 
msn há possibilidade de aceitação imediata, portanto, trata-se de uma 
proposta entre presentes. Por outro lado, a proposta feita por e-mail 
costuma ser considerada entre ausentes. 
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: 
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente 
aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por 
telefone ou por meio de comunicação semelhante; 
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo 
suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; 
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta 
dentro do prazo dado; 
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da 
outra parte a retratação do proponente. 
Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os 
requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das 
circunstâncias ou dos usos. 
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua 
divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada. 
Os arts. 428 e 429 do CC configuram exceções ao princípio da 
irrevogabilidade da proposta, ou seja, são situações onde a proposta deixa 
de ser obrigatória. 
3. aceitação: é a adesão total à proposta, ou seja, uma resposta 
afirmativa a uma proposta de contrato. 
Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao 
conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao 
aceitante, sob pena de responder por perdas e danos. 
Em se tratando de contrato entre ausentes, se a resposta chegar ao 
proponente, imprevisivelmente, de forma tardia e o objeto já tiver sido 
negociado, então o proponente deverá avisar ao aceitante sobre a não 
conclusão do contrato, pois é possível que este imagine que o contrato 
está celebrado e comece a realizar despesas necessárias ao cumprimento. 
Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou 
modificações, importará nova proposta. 
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Para exemplificar a aplicação do art. 431 do CC, imagine uma 
proposta de venda de um carro por R$ 10.000,00 e que o destinatário da 
proposta faça uma contra-proposta de compra por R$ 9.000,00. Pelo fato 
de haver uma modificação, a contra-proposta representa uma nova 
proposta de compra. 
Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a 
aceitação expressa, ouo proponente a tiver dispensado, reputar-se-á 
concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa. 
Pelo art. 432 do CC, o silêncio (falta de resposta), em regra, não 
configura uma aceitação tácita, ou seja, a aceitação deve ser expressa; 
entretanto, temos duas exceções: 
- quando se tratar de negócios em q"ue não se costuma exigir a aceitação 
expressa (ex: um fornecedor costuma enviar os seus produtos a um 
determinado comerciante que lhe paga em época oportuna, sem confirmar 
os pedidos e acarretando uma praxe comercial. Caso o comerciante queira 
interromper este ciclo, deverá avisar ao fornecedor a recusa); e 
- quando o proponente a tiver dispensado. 
Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com 
ela chegar ao proponente a retratação do aceitante. 
Da mesma forma que o proponente (art. 428, IV do CC), o aceitante 
também pode se retratar da aceitação quando o contrato for celebrado 
entre ausentes, desde que a retratação chegue antes ou junto com a 
aceitação. 
Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que 
a aceitação é expedida, exceto: 
I - no caso do artigo antecedente; 
II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; 
III - se ela não chegar no prazo convencionado. 
O art. 434 do CC levanta uma polêmica dentro da formação dos 
contratos. Tal polêmica decorre da seguinte pergunta: 
Quando que se considera formado o contrato entre ausentes, 
no momento em que a aceitação é expedida, ou quando a 
aceitação chega ao conhecimento do proponente? 
Fundamentalmente, a doutrina criou duas teorias explicativas a 
respeito da formação do contrato entre ausentes. 
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1) TEORIA DA COGNIÇÃO: para os adeptos dessa linha de 
pensamento, o contrato entre ausentes somente se consideraria formado, 
quando a resposta do aceitante chegasse ao conhecimento do 
proponente. 
2) TEORIA DA AGNIÇÃO: dispensa-se que a resposta chegue ao 
conhecimento do proponente. Subdivide-se em: 
2.1) SUB-TEORIA DA DECLARAÇÃO: o contrato se formaria no 
momento em que o aceitante ou oblato redige ou datilografa a sua 
resposta. Peca por ser extremamente insegura, dada a dificuldade em se 
precisar o instante da resposta. 
2.2) SUB-TEORIA DA EXPEDIÇÃO: considera formado o contrato, no 
momento em que a resposta é expedida. 
2.3) SUB-TEORIA DA RECEPÇÃO: reputa celebrado o negócio no 
instante em que o proponente recebe a resposta. Dispensa, como 
vimos, que leia a mesma. Trata-se de uma sub-teoria mais segura do que 
as demais, pois a sua comprovação é menos dificultosa, podendo ser 
provada, por exemplo, por meio do A.R. (aviso de recebimento), nas 
correspondências. 
Mas, afinal, qual seria a teoria adotada pelo nosso direito 
positivo? 
No Direito brasileiro, a grande parte da doutrina entende que se 
deve aplicar a SUB-TEORIA DA EXPEDIÇÃO e uma parte pequena sustenta 
que se deve aplicar a sub-teoria da recepção. 
Para efeitos de concurso público, sugiro adotar a SUB-TEORIA DA 
EXPEDIÇÃO, pois é a que está consagrada no art. 434, caput, do CC. 
Em todas as fases citadas (negociações preliminares, proposta e 
aceitação) deve ser observado o princípio da boa-fé objetiva. 
Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi 
proposto. 
Para finalizar este tópico, o art. 435 do CC estabelece o local da 
celebração do contrato. 
ALGUMAS QUESTÕES COMENTADAS PARA FIXAR 
Vamos ver se você realmente aprendeu !!!! 
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1. (FGV - FISCAL DE RENDAS - MS - 2006) É ato jurídico bilateral 
e sinalagmático: 
(A) doação. 
(B) promessa de recompensa. 
(C) permuta. 
(D) comodato. 
(E) depósito gratuito. 
Conforme comentado na classificação dos contratos tipo I, o 
sinalagma se caracteriza pela reciprocidade de direitos e obrigações. 
Desta forma, segue a análise das alternativas: 
(A) ERRADA. A Doação é o contrato em que uma pessoa. por liberalidade, 
transfere do seu patrimônio, bens ou vantagens para o de outra, que os 
aceita. Na doação não há obrigações para o donatário (que recebe) e não 
há direitos para o doador (que doa). 
(B) ERRADA. Promessa de recompensa é a declaração de vontade, feita 
mediante anúncio público, pela qual alguém se obriga a gratificar quem se 
encontrar em certa situação ou praticar determinado ato, 
independentemente do consentimento do eventual credor; obriga quem 
emite a declaração de vontade desde o instante em que ela se torna 
pública, independentemente de qualquer aceitação, visto que se dirige a 
pessoa ausente ou indeterminada, que se determinará no momento em 
que se preencherem as condições de exigibilidade da prestação. Na 
promessa de recompensa só há obrigações para a parte que promete. 
(C) CERTA. A permuta ou troca é o contrato pelo qual as partes se 
obrigam a dar uma coisa por outra que não seja dinheiro. Trata-se de um 
contrato bilateral, oneroso, comutativo, gerando, para cada contratante, a 
obrigação de transferir para o outro o domínio da coisa objeto de sua 
prestação. Por ter como característica a reciprocidade de direitos e 
obrigações, então a permuta é um ato jurídico bilateral e sinalagmático. 
(D) ERRADA. O comodato se define como o empréstimo gratuito de um 
bem que deve ser restituído a seu dono após o uso. Por ser gratuito, gera 
obrigações para apenas uma parte. 
(E) ERRADA. O depósito gratuito é o contrato pelo qual um dos 
contraentes (depositário) recebe de outro (depositante) um bem móvel, 
obrigando-se a guardá-lo, temporária e gratuitamente, para restituí-lo 
quando lhe for exigido. Por ser gratuito, gera obrigações para apenas uma 
parte. 
T 
Gabarito: C 
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2. (FGV - FISCAL DE RENDAS - RJ - 2008) Paulo emite proposta 
de venda de seu carro a José. Pouco depois Paulo vem a falecer. 
Essa proposta: 
(A) é válida e eficaz. 
(B) é anulável e ineficaz. 
(C) perdeu validade com a morte do proponente. 
(D) perdeu eficácia com a morte do proponente. 
(E) torna-se inexistente, ante a morte do proponente. 
Como assevera MARIA HELENA DINIZ, "a proposta, oferta ou policitação 
é uma declaração receptícia de vontade dirigida por uma pessoa a outra 
(com quem pretende celebrar o contrato), por força da qual a primeira 
manifesta a sua intenção de se considerar vinculada se a outra parte 
aceitar." Tal instituto é bem definido no art. 427 do CC. 
Art. 427 do CC - A proposta de contrato obriga o proponente, se o 
contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das 
circunstâncias do caso. 
Depreende-se do dispositivo acima a força vinculante da oferta, ou 
seja, o proponente responderá por perdas e danos se injustificadamente 
retirar a proposta. Dessa forma, a obrigatoriedade da proposta consiste no 
ônus, imposto ao proponente, de não a revogar por certo tempo a partir 
de sua existência, assegurando-se assim a estabilidade das relações 
sociais. 
Entretanto, a lei abre várias exceções sobre a essa regra, conforme 
o art. 428 do CC. 
Art. 428 do CC - Deixa de ser obrigatória a proposta: 
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente 
aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por 
telefone ou por meio de comunicação semelhante; 
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo 
suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; 
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta 
dentro do prazo dado; 
IV - se, antes dela, ou simultaneamente,chegar ao conhecimento da 
outra parte a retratação do proponente. 
Percebe-se então, que a morte ou a interdição do policitante (aquele 
que fez a proposta) não elimina a força obrigatória da proposta. Ou seja, 
mesmo com a morte de Paulo, a proposta continua válida e eficaz, não 
perdendo a sua obrigatoriedade. 
Gabarito: A 
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3. (NCE - ADVOGADO - CIA DOCAS DE SANTANA - 2007) Para 
efeito de formação dos contratos, pode-se afirmar que a proposta: 
(A) não gera qualquer obrigação ao proponente; 
(B) somente gera obrigações para o proponente se feita a pessoa 
ausente; 
(C) somente gera obrigações para o proponente se feita a pessoa 
presente; 
(D) obriga, via de regra, o proponente; 
(E) equivale às negociações preliminares ou tratativas. 
Conforme os comentários da questão anterior, sabemos que a 
proposta possui força vinculante e, nos termos do art. 427 do CC, obriga o 
proponente, apesar de existirem algumas exceções. 
Gabarito: D 
Estipulação em favor de terceiro 
Por meio da estipulação em favor de terceiro uma parte contratante 
convenciona com o devedor que o a vantagem resultante do contrato 
beneficiará um terceiro, alheio à relação jurídica-base. Tal instituto 
constitui uma exceção ao princípio da relatividade dos contratos. 
Como exemplo temos o seguro de vida onde o estipulante 
(segurado) convenciona com um promitente (seguradora) uma vantagem 
em favor de terceiro (beneficiário). 
Os arts. 436 a 438 do CC tratam do assunto. 
Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o 
cumprimento da obrigação. 
Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a 
obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às 
condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o 
inovar nos termos do art. 438. 
Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar 
o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante 
exonerar o devedor. 
Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o 
terceiro designado no contrato, independentemente da sua anuência e 
da do outro contratante. 
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Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou 
por disposição de última vontade. 
Promessa de fato de terceiro 
È possível que uma pessoa se comprometa para que terceiro 
pratique um determinado ato. É o que ocorre com um empresário de um 
artista famoso que se compromete em nome do renomado artista na 
realização de um show. 
Se o show não se realizar, desde que não haja caso fortuito ou força 
maior, responde o empresário por perdas e danos. 
O assunto é tratado nos arts. 439 e 440 do CC. 
Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por 
perdas e danos, quando este o não executar. 
Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o 
cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser 
praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de 
algum modo, venha a recair sobre os seus bens. 
Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por 
outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação. 
Pelo art. 440 do CC, conclui-se que se o artista famoso 
pessoalmente se comprometer a realizar o show, a responsabilidade 
desloca-se do empresário para ele. 
Vícios redibitórios 
São denominados vícios redibitórios os defeitos ocultos e de certa 
gravidade de uma coisa que a tornem imprópria ao uso a que é destinada 
ou lhe diminuam o valor, como, por exemplo, os defeitos de uma máquina 
ou a doença de um cavalo, que o comprador normalmente não poderia ter 
percebido no momento da compra. 
Os arts. 441 a 446 do CC tratam de disciplinar o assunto. 
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser 
enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso 
a que é destinada, ou lhe diminuam o valor. 
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações 
onerosas. 
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Através do art. 441 do CC, percebe-se que só pode haver vício 
redibitório quando se tratar de contrato comutativo ou doações onerosas. 
Ou seja, é necessária a contraprestação, não se configurando o vício 
redibitório em contrato gratuito. Aqui vale o ditado que "cavalo dado não 
se olha os dentes". 
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), 
pode o adquirente reclamar abatimento no preço. 
Percebe-se que duas situações podem ocorrer quando se configurar 
um vício redibitório: 
1) Rescisão contratual: através da ação redibitória o prejudicado 
pode rescindir o contrato e exigir a devolução da importância paga. 
2) Abatimento no preço: através de uma ação estimatória (quanti 
minoris) pode apenas pedir um abatimento no preço. 
Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá 
o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente 
restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato. 
Conforme foi estudado na aula de obrigações, quando há culpa do 
devedor, surge a possibilidade de indenização por perdas e danos. Em se 
tratando de vício redibitório, é a má-fé em omitir o vício ou defeito oculto 
que acarreta a indenização por perdas e danos. 
Veja a tabela a seguir: 
ALIENANTE CONHECIA 
O VÍCIO OU DEFEITO 
OCULTO 
o prejudicado pode exigir a devolução da 
importância paga acrescida de perdas e 
danos 
ALIENANTE NÃO 
CONHECIA O VÍCIO OU 
DEFEITO OCULTO 
o prejudicado pode exigir apenas a 
importância paga. 
Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa 
pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já 
existente ao tempo da tradição. 
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Aplicando o exemplo do cavalo com doença ao art. 444 do CC, 
caberá ao adquirente provar que o vírus da doença que vitimou o animal 
já se encontrava encubado no momento da entrega do animal. 
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou 
abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de 
um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na 
posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade. 
§ 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais 
tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até 
o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens 
móveis; e de um ano, para os imóveis. 
§ 2- Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios 
ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos 
usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não 
houver regras disciplinando a matéria. 
O art. 445 do CC estabelece prazos decadenciais para a propositura 
da redibição ou do abatimento no preço. São prazos decadenciais: 
BEM 
MÓVEL 30 DIAS Contado da 
entrega 
efetiva 
SE JÁ 
ESTAVA NA 
POSSE 
15 DIAS 
BEM 
IMÓVEL 01 ANO 
Contado da 
entrega 
efetiva 
SE JÁ 
ESTAVA NA 
POSSE 6 MESES 
O legislador entende que se o adquirente já estava na posse, já 
conhecia a coisa, então deve ter um prazo menor para ingressar com ação 
contra o alienante. Como exemplo, temos a pessoa que mora em um 
imóvel por comodato, sendo que o comodatário decide adquirir o imóvel,será aplicado um prazo menor. 
No caso de animais, estabelece o art. 445, § 2° do CC que os prazos 
decadenciais deverão ser regulados por lei especial ou, na falta desta, 
pelos usos locais. 
Evicção 
Consiste na perda, pelo adquirente (evicto), da posse ou 
propriedade da coisa transferida, por força de uma sentença judicial ou 
ato administrativo que reconheceu o direito anterior de terceiro, 
denominado evictor. 
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A seguir temos um gráfico esquemático ilustrando a evicção. 
Imagine que A venda uma casa para B, sendo que o objeto da venda 
esteja sendo alvo de uma ação de usucapião por parte de C. 
Os arts. 447 a 457 do CC tratam do assunto: 
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. 
Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em 
hasta pública. 
A evicção só pode ocorrer em contratos onerosos, não sendo 
admitida em contrato gratuito. Dessa forma, não há que se falar em 
evicção nos contratos de doação simples e comodato (empréstimo 
gratuito de bens infungíveis). 
Analisando o final do art. 447 do CC, percebemos que a 
responsabilidade pela evicção subsiste ainda que a aquisição se tenha 
realizado em hasta pública. Dessa forma, se uma pessoa arrematar um 
determinado bem móvel em um leilão, ou bem imóvel em uma praça, e, 
após a arrematação e expedição da carta (comprobatória de seu direito) 
vier a ser demandada numa ação reivindicatória e sucumbir, então poderá 
exercer o seu direito de regresso contra o devedor, de cujo patrimônio se 
originou o bem levado à hasta. 
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou 
excluir a responsabilidade pela evicção. 
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Desta forma, se uma pessoa, agindo de boa-fé, adquirir um bem e 
depois o perder para o real proprietário, então, via de regra, poderá 
cobrar indenização do alienante. Entretanto, essa responsabilidade do 
alienante pela evicção poderá ser reforçada (ex: indenização de 150% do 
valor pago), diminuída (ex: indenização de apenas 50% do valor pago) ou 
excluída (isenta a responsabilidade do alienante), nos termos do art. 448 
do CC. 
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a 
evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que 
pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele 
informado, não o assumiu. 
Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que 
a coisa era alheia ou litigiosa. 
Entretanto, quando houver cláusula expressa de exclusão da 
responsabilidade do alienante, também deve ser analisado se o adquirente 
tinha ciência do risco da evicção. Dessa forma, temos as seguintes 
"sentenças matemáticas": 
a) cláusula expressa de exclusão da garantia + ciência específica do 
risco pelo adquirente = isenção do alienante de toda 
responsabilidade (art. 457 do CC). 
b) cláusula expressa de exclusão da garantia - ciência do risco pelo 
adquirente ou ter assumido o risco = responsabilidade do alienante 
apenas pelo preço pago pela coisa evicta (art. 449 do CC). 
Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além 
da restituição integral do preço ou das quantias que pagou: 
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; 
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que 
diretamente resultarem da evicção; 
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele 
constituído. 
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do 
valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao 
desfalque sofrido, no caso de evicção parcial. 
O dispositivo cuida da evicção total sofrida pelo adquirente, que teve 
a perda ou o desapossamento da coisa de forma absoluta e estabelece os 
direitos do evicto. 
Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa 
alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente. 
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A deterioração da coisa evicta, em poder do adquirente, não 
afasta a responsabilidade do alienante, respondendo por evicção total, 
exceto se houver ação dolosa do adquirente (deterioração intencional do 
bem). Não poderá, assim, o alienante invocar a desvalorização da coisa 
evicta, para reduzir o preço a restituir e/ou a indenização por perdas e 
danos. 
Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e 
não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será 
deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante. 
Caso o evicto já tenha sido compensado pelas deteriorações, então 
o alienante poderá deduzir o valor dessas vantagens da quantia que teria 
de restituir-lhe. 
Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que 
sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante. 
Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem 
sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na 
restituição devida. 
As benfeitorias são obras realizadas pelo homem na estrutura da 
coisa principal com a intenção de conservação, melhoramento ou 
embelezamento. Estudamos que elas podem ser necessárias, úteis ou 
voluptuárias na aula 2, entretanto os arts. 453 e 454 do CC tratam apenas 
das necessárias e úteis. 
Desta forma, imagine no exemplo gráfico dado que antes de B sofrer 
a evicção ele tivesse realizado benfeitorias necessárias ou úteis na casa. 
Neste caso, se C (evictor) não indenizar B (evicto) pelas benfeitorias, 
então a responsabilidade recai sobre A (alienante). 
Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto 
optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço 
correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá 
somente direito a indenização. 
A evicção pode ser de dois tipos: total (perda de todo o bem) ou 
parcial (perda de parte do bem). 
Em caso de evicção parcial (ex: reivindicação de parte de um 
terreno adquirido) temos duas possibilidades: a evicção parcial ser 
considerável ou não considerável,, nos termos do art. 455 do CC. 
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A tabela a seguir ilustra as conseqüências da evicção parcial: 
Direitos do evicto: 
EVICÇÃO 
CONSIDERÁVEL 
1. rescisão do contrato; ou 
2. restituição de parte do preço 
PARCIAL correspondente ao desfalque sofrido. 
NÃO Direito do evicto: 
CONSIDERÁVEL 1. indenização. 
Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o 
adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos 
anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo. 
Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e 
sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar 
de oferecer contestação, ou usar de recursos. 
No art. 456 do CC foi abordado um aspecto processual do instituto 
da evicção. 
Contrato com pessoa a declarar 
Pode alguém firmar um contrato, estipulando porém que outra 
pessoas, a ser indicada, assumirá os direitos e obrigações decorrentes, em 
cinco dias ou no prazo acordado. È o que se conclui analisando os arts. 
467 e 468 do CC. 
Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes 
reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os 
direitos e assumir as obrigações dele decorrentes. 
Art.468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo 
de cinco dias da conclusão do contrato, se outro não tiver sido 
estipulado. 
Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se 
não se revestir da mesma forma que as partes usaram para o 
contrato. 
Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos 
antecedentes, adquire os direitos e assume as obrigações decorrentes 
do contrato, a partir do momento em que este foi celebrado. 
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É o que acontece quando A e B concluem entre si um contrato, 
estipulando porém que C poderá substituir A, por indicação deste, dentro 
de certo prazo, no mesmo contrato. 
CONTRATO 
Art. 470. O contrato será eficaz somente entre os contratantes 
originários: . 
I - se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a 
aceitá-la; 
II - se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o 
desconhecia no momento da indicação. 
Art. 471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento 
da nomeação, o contrato produzirá seus efeitos entre os contratantes 
originários. 
Conclui-se que o contrato valerá apenas entre os contratantes 
originários se não for feita a indicação de C, se C não aceitar o combinado 
ou se C for incapaz/insolvente. 
MAIS ALGUMAS QUESTÕES COMENTADAS PARA FIXAR 
4. (FGV - AUDITOR - TCM-PA - 2008) Analise as afirmativas a 
seguir: 
I. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem 
por essência o princípio da boa-fé subjetiva. 
II. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem 
por essência o princípio da função social dos contratos. 
III. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem 
por essência o princípio da autonomia da vontade. 
IV. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem 
por essência o princípio da boa-fé objetiva. 
Assinale: 
(A) se todas as afirmativas estiverem corretas. 
(B) se apenas uma afirmativa estiver correta. 
(C) se nenhuma afirmativa estiver correta. 
(D) se apenas duas afirmativas estiverem corretas. 
(E) se apenas três afirmativas estiverem corretas. 
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A máxima do Direito Romano ainda vigente no Direito Brasileiro 
"nemo potest venire contra factum proprium" significa que ninguém 
pode se opor a fato a que ele próprio deu causa. 
Um dos grandes efeitos do princípio da boa-fé objetiva se traduz 
na proibição de que uma parte se comporte de forma contraditória aos 
seus próprios atos anteriores. Ou seja, não é lícito uma pessoa fazer valer 
um direito se contrapondo a uma conduta anterior interpretada 
objetivamente segundo a lei, segundo os bons costumes e a boa-fé. 
Para exemplificar, temos o contrato de prestações periódicas com o 
pagamento sendo feito, reiteradamente, em outro lugar, conforme o art. 
330 do CC. 
Art. 330 do CC - O pagamento reiteradamente feito em outro local faz 
presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato. 
Imagine que um credor concorde, durante um contrato de 
prestações periódicas, com o pagamento em lugar diverso do 
convencionado. Posteriormente, ele não poderá surpreender o devedor 
com a exigência literal do contrato. 
O assunto foi alvo de discussão na IV Jornada de Direito Civil do CJF 
e deu origem ao Enunciado 362 que menciona o art. 422 do CC e dispõe 
que: 
Enunciado 362 - Art. 422. A vedação do comportamento contraditório 
(venire contra factum proprium) funda-se na proteção da confiança, tal 
como se extrai dos arts. 187 e 422 do Código Civil. 
Art. 422 do CC - Os contratantes são obrigados a guardar, assim na 
conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de 
probidade e boa-fé. 
Diante do que já foi explicado, percebe-se que apenas a afirmativa 
IV está correta. 
Gabarito: B 
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5. (FGV - FISCAL DE RENDAS - RJ - 2009) A respeito dos 
contratos, analise as afirmativas a seguir: 
I. No caso de redibição de contrato comutativo, sempre será 
devida reparação por perdas e danos. 
II. A responsabilidade por evicção é cláusula essencial aos 
contratos onerosos e não pode, portanto, ser excluída pelas 
partes, ainda que expressamente. 
III. A aceitação de proposta de contrato fora do prazo ou com 
modificações configura nova proposta. 
Assinale: 
(A) se somente a afirmativa II estiver correta. 
(B) se somente a afirmativa III estiver correta. 
(C) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. 
(D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. 
(E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. 
Análise das afirmativas: 
I. ERRADA. A afirmativa trata dos vícios redibitórios (defeitos ocultos 
existentes em uma coisa alienada). A base legal para a solução é o art. 
443 do CC. 
Art. 443 do CC - Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, 
restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-
somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato. 
Ou seja, conclui-se que só haverá perdas e danos se houver má-fé 
por parte do vendedor que conhecia o dano e se omitiu a respeito. 
II. ERRADA. A evicção é a perda da coisa, por força de decisão judicial, 
fundada em motivo jurídico anterior, que a confere a outrem, seu 
verdadeiro dono, com o reconhecimento em juízo da existência de ônus 
sobre a mesma coisa, não denunciado oportunamente no contrato, 
conforme o art. 447 do CC. 
Art. 447 do CC - Nos contratos onerosos, o alienante responde pela 
evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha 
realizado em hasta pública. 
Desta forma, se uma pessoa, agindo de boa-fé, adquirir um bem e 
depois o perder para o real proprietário, então, via de regra, poderá 
cobrar indenização do alienante. Entretanto, essa responsabilidade do 
alienante pela evicção poderá ser reforçada, diminuída ou excluída, nos 
termos do art. 448 do CC. 
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Art. 448 do CC - Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, 
diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção. 
III. CERTA. Já comentamos sobre a proposta nas questões 2 e 3. A 
afirmativa reflete o art. 431 do CC. 
Art. 431 do CC - A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou 
modificações, importará nova proposta. 
A aceitação da proposta deve ser oportuna e conter adesão integral 
à oferta. Caso ocorra manifestação fora do tempo, estará configurada uma 
nova proposta. 
Gabarito: B 
6. (NCE - PROCURADOR - PREF. DE VARZEA PAULISTA - 2006) O 
contrato bilateral requer que as duas prestações sejam cumpridas 
simultaneamente, de forma que nenhum dos contratantes poderá, 
antes de cumprir sua obrigação, exigir o implemento do outro, 
devido a: 
(A) Emptio spei; 
(B) Emptio rei speratae; 
(C) Obrigação propter rem; 
(D) Exceptio adimpleti contractus; 
(E) Exceptio non adimplenti contractus. 
Análise das alternativas: 
(A) ERRADA. Emptio spei é um tipo de contrato aleatório em que um dos 
contratantes, na alienação de coisa futura, toma a si o risco existente da 
coisa, ajustando um preço, que será devido integralmente, mesmo que 
nada se produza sem que haja dolo ou culpa do alienante. Este instituto 
está previsto no art. 458 do CC. 
Art. 458 do CC - Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas 
ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes 
assuma, terá o outro direitode receber integralmente o que lhe foi 
prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, 
ainda que nada do avençado venha a existir. 
Corresponde à compra de uma "esperança", quando o comprador 
assume o risco da existência da coisa (ex: comprar a ninhada de uma 
cadela). 
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(B) ERRADA. O conceito de emptio rei speratae se assemelha ao da 
alternativa anterior, entretanto, aqui o risco é na quantidade, então se 
não vier nada, ou se nada for produzido, o preço não será devido. O 
instituto é tratado no art. 459 do CC: 
Art. 459 do CC - Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, 
tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer 
quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que 
de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a 
existir em quantidade inferior à esperada. 
Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não 
haverá, e o alienante restituirá o preço recebido. 
(C) ERRADA. A obrigação propter rem é aquela em que o devedor, por 
ser titular de direito sobre a coisa, fica sujeito a uma prestação que não é 
proveniente de manifestação expressa ou tácita de sua vontade. E o que 
ocorre com aquele que compra um imóvel e assume a obrigação sobre 
todos os IPTUs atrasados do imóvel, pois a obrigação de pagar o IPTU fica 
vinculada ao imóvel. 
(D) ERRADA. A exceptio adimplenti contractus, exceção do contrato 
cumprido, prevê que mesmo ocorrendo o cumprimento das cláusulas 
estipuladas no contrato, o aspecto oneroso será mantido. 
(E) CERTA. A exceptio non adimplenti contractus está prevista no art. 
476 do CC, trata-se da exceção de contrato não cumprido. 
Art. 476 do CC - Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, 
antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do 
outro. 
Ou seja, em decorrência dos contratos bilaterais ou sinalagmáticos 
gerarem reciprocamente direitos e obrigações para ambas as partes, 
então uma das partes não pode exigir da outra o cumprimento de cumprir 
com a sua obrigação. E, linguagem simples, eu não posso cobrar o bem se 
eu não paguei. 
Gabarito: E 
7. (FGV - FISCAL DE RENDAS - RJ - 2008) Quanto ao contrato de 
execução contínua, é correto afirmar que: 
(A) as prestações vencidas e não pagas produzem efeitos ex tunc. 
(B) a prescrição atinge por igual todas as parcelas do contrato. 
(C) não há liberação de uma das partes, se a outra não pode 
cumprir o contrato. 
(D) pode ser exigido o cumprimento das prestações de forma 
simultânea. 
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(E) a nulidade do contrato de prestação contínua não afeta seus 
efeitos já produzidos. 
O contrato de execução continuada ou de trato sucessivo é aquele 
satisfeito mediante prestações reiteradas, nos termos do que foi 
convencionado. São exemplo deste tipo de contratos os de locação, os de 
fornecimento de água, gás, eletricidade, etc. 
Análise das alternativas: 
(A) ERRADA. As prestações vencidas e não pagas produzem efeitos ex 
nunc, ou seja, não retroage e, conseqüentemente, não afeta os efeitos 
que já foram produzidos. Vamos pensar em um caso prático usando o 
"bom senso": imagine um contrato de fornecimento de energia elétrica, 
se, após 1 ano de contrato, o consumidor deixar de pagar a conta, a 
cobrança não pode incidir sobre as prestações que foram pagas. 
(B) ERRADA. Ainda pensando no fornecimento de energia elétrica, as 
parcelas possuem data de vencimento diferente, mês a mês, ou seja, a 
prescrição das parcelas ocorrerá em datas diferentes. 
(C) ERRADA. A alternativa tem como tema a exceção do contrato não 
cumprido tratada no art. 477 do CC. 
Art. 477 do CC - Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma 
das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de 
comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, 
pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que 
aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de 
satisfazê-la. 
Dessa forma, se uma das partes não puder cumprir o contrato, a 
outra está liberada da sua prestação. 
(D) ERRADA. A característica do contrato de trato sucessivo é a 
periodicidade das prestações, e não a simultaneidade. 
(E) CERTA. Conforme os comentários da alternativa (A). 
Gabarito: E 
Extinção e rescisão contratual 
O contrato extingue-se através de duas formas: a forma normal 
ocorre com o seu cumprimento; já a forma anormal ocorre sem que as 
obrigações tenham sido cumpridas. 
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Sobre as causas de extinção anormal, podemos separá-las em 
anteriores ou contemporâneas ao contrato (ex: nulidades e anulabilidades 
estudadas na aula 3) e em supervenientes (destroem os efeitos do 
contrato após ele ter se formado). 
A tabela a seguir enumera e sintetiza as causas anormais de 
extinção dos contratos. 
CAUSAS ANORMAIS DE EXTINÇÃO DO CONTRATO 
ANTERIORES OU CONTEMPORÂNEAS SUPERVENIENTES 
NULIDADES (arts. 166 e 167 do CC); 
ANULABILIDADES (art. 171 do CC); 
REDIBIÇÃO (vícios redibitórios). 
RESCISÃO; 
RESOLUÇÃO; 
RESILIÇÃO; 
MORTE DO CONTRATANTE, nos 
contratos personalíssimos. 
Sobre as causas anteriores ou contemporâneas, estudamos os vícios 
que são capazes de invalidar os negócios jurídicos. Pelo fato do contrato 
também ser um negócio jurídico, tais vícios também podem extinguir um 
contrato invalidando-o totalmente (nulidade) ou parcialmente 
(anulabilidade). 
Nos arts. 472 a 480 do CC (reproduzidos após a tabela a seguir) 
temos disposições legais relativas às causas supervenientes anormais de 
extinção do contrato. 
Inicialmente faz-se necessário distinguirmos as diferenças entre os 
termos rescisão, resilição e resolução. A tabela a seguir mostra que a 
rescisão (que é o gênero) possui as seguintes espécies: resolução 
(extinção do contrato por descumprimento do devedor, podendo ser com 
culpa ou sem culpa) e resilição (dissolução por vontade bilateral -
também chamada de distrato - ou unilateral, quando admissível por lei, de 
forma expressa ou implícita, pelo reconhecimento de um direito 
potestativo). 
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RESCISÃO 
RESILIÇÃO RESOLUÇÃO 
Ocorre quando há o desfazimento 
de um contrato por simples 
manifestação de vontade de uma 
ou de ambas as partes. 
Ocorre quando houver um 
inadimplemento, ou seja, quando 
uma das partes não cumprir o 
contrato. 
Não interessa mais o vínculo 
contratual. 
Interessa o vínculo contratual. 
A resilição pode ser de dois tipos: 
- BILATERAL: é o DISTRATO (art. 
472 do CC), que deve ser 
celebrado através da mesma forma 
do contrato original. 
- UNILATERAL (art. 473 do CC): é 
a DENÚNCIA que deve ser 
notificada para a outra parte. 
Aplica-se, especialmente, a 
contratos de atividades ou serviços 
por tempo indeterminado. 
A resolução pode decorrer de uma 
cláusula expressa ou tácita (art. 
474 do CC). 
- CLÁUSULA EXPRESSA: 
normalmente, os contratos trazem 
uma cláusula resolutiva expressa 
dizendo que se não for cumprido 
algo determinado o contrato se 
resolve.Ou seja, o 
descumprimento provocará uma 
resolução imediata. 
- TÁCITA: sem a cláusula 
resolutiva, o inadimplemento 
demanda uma notificação para a 
resolução. 
Ex: terminar um contrato de linha 
de celular ou de canal por 
assinatura.Ex: alugar um apartamento e não 
pagar as parcelas de aluguel. 
Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato. 
Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou 
implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra 
parte. 
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das 
partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a 
denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo 
compatível com a natureza e o vulto dos investimentos. 
Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita 
depende de interpelação judicial. 
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Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução 
do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em 
qualquer dos casos, indenização por perdas e danos. 
Outro assunto muito cobrado em prova de concurso é a exceção do 
contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contractus) que é um 
meio de defesa pelo qual a parte demandada pela execução de um 
contrato pode argüir que deixou de cumprí-lo pelo fato da outra ainda não 
ter satisfeito a prestação correspondente. Vide arts. 476 e 477 do CC. 
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de 
cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro. 
Diante disso, imagine que você contrate um pintor para pintar a sua 
casa e que fique convencionado o pagamento da metade no início do 
serviço e a outra metade ao final do serviço. Se o pintor pedir a metade 
restante no meio da pintura, sem ter cumprido com a sua parte, você em 
sua defesa, para não pagar a 2a metade, alega a exceção do contrato não 
cumprido. 
Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das 
partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de 
comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, 
pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela 
satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la. 
Caso o contrato seja celebrado, mas haja fundado receio de seu 
futuro descumprimento, por força da diminuição posterior do patrimônio 
da parte contrária, é preciso que se faça algo para resguardar o interesse 
dos contratantes. 
Ou seja, o art. 477 do CC representa uma forma de proteção aos 
interesses daquele que, por força da relação obrigacional, deve cumprir a 
prestação antes da parte contrária que teve o patrimônio diminuído. 
O tema do quadro a seguir costuma ser abordado em provas de 
concursos: 
CLÁUSULA SOLVE ET REPETE ^ decorre do princípio da autonomia 
de vontade e significa uma cláusula inserida no contrato que obriga o 
contratante a cumprir a sua obrigação, mesmo diante do 
descumprimento da do outro, para que possa questionar o 
descumprimento e exigir perdas e danos. Ou seja, trata-se de uma 
renúncia ao direito de opor a exceção do contrato não cumprido. 
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Para finalizar a parte teórica de hoje vamos abordar a TEORIA DA 
IMPREVISÃO, consagrada nos art. 478 a 480 do CC. 
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a 
prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com 
extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos 
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do 
contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da 
citação. 
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a 
modificar eqüitativamente as condições do contrato. 
Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das 
partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou 
alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade 
excessiva. 
Tal teoria consiste no reconhecimento de que a ocorrência de um 
acontecimento novo e imprevisível, com impacto na base econômica do 
contrato, justificaria a sua revisão ou resolução. Entretanto, para que tal 
acontecimento influencie as bases do contrato, o contrato deve ser de 
execução continuada ou de trato sucessivo, ou seja, de médio ou 
longo prazo, uma vez que se mostraria inútil nos de consumação 
instantânea. 
Conclui-se que está implícito na teoria da imprevisão a cláusula 
REBUS SIC STANTIBUS ("enquanto as coisas ficarem como estão") que 
defende a permanência do equilíbrio contratual durante todo o período em 
que for celebrado. 
Um exemplo seria o caso do empreiteiro com dificuldades de 
concluir a obra contratada, em razão de uma alta exagerada e 
imprevisível do custo dos materiais. 
Nos termos do art. 479 do CC, depreende-se o princípio da 
conservação do negócio jurídico desde que se reestabeleça o equilíbrio 
contratual perdido com o acontecimento extraordinário e imprevisível. 
Por fim temos a possibilidade de revisão do contrato no art. 480 do 
CC. 
A seguir temos duas questões muito interessante: 
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8. (FGV - JUIZ SUBSTITUTO - TJ-MS - 2008) Celebrado contrato 
de promessa de compra e venda de imóvel, e estando o devedor 
em dificuldades financeiras e objetivando não mais prosseguir na 
respectiva execução, poderá no tocante à avença postular: 
(A) rescisão. 
(B) resolução. 
(C) resilição. 
(D) revisão. 
(E)revogação. 
A questão apresenta nas suas alternativas conceitos que são 
bastante confusos e discutidos na doutrina sobre a extinção ou alteração 
de contratos. 
Já estudamos no decorrer da aula a diferença entre a rescisão, a 
resolução e a resilição. 
Sobre a questão, a jurisprudência do STJ considera ser possível a 
resilição unilateral do compromisso de compra e venda por iniciativa do 
promitente comprador se ele não reúne mais as condições econômicas de 
suportar o pagamento das prestações, o que enseja retenções pelo 
promitente vendedor de parte das parcelas pagas para compensá-lo pelos 
custos operacionais da contratação. 
Entretanto é interessante comentarmos o instituto abaixo: 
- revogação: consiste em uma modalidade de desfazimento de 
determinado negócio jurídico, por iniciativa de uma das partes 
isoladamente. É o exemplo da resilição unilateral aplicável a algumas 
modalidades contratuais, tal como o mandato e a doação. 
Gabarito: C 
9. (CESGRANRIO - ADVOGADO - Secretaria Municipal de Saúde -
SEMSA - Prefeitura de Manaus-AM - 2005) A extinção de um 
contrato de compra e venda que tem por objeto bem móvel, 
celebrado por instrumento público: 
(A) se dá automaticamente, pois é nulo de pleno direito em função 
da forma de celebração. 
(B) tem de ocorrer por distrato celebrado por instrumento público. 
(C) pode ser requerida por qualquer das partes, pois é anulável em 
função da forma de celebração. 
(D) pode se dar por distrato celebrado por instrumento particular. 
(E) só pode se dar por distrato celebrado por instrumento 
particular se houver a concordância do comprador, pois, em caso 
contrário, será o distrato celebrado por instrumento público. 
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A questão tem como base legal os arts. 108 e 472 do CC. 
Art. 108 do CC - Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é 
essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, 
transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis 
de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País. 
Art. 472do CC - O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o 
contrato. 
Os negócios jurídicos (art. 108 do CC) que envolvam bens imóveis 
cujo valor não seja maior que 30 salários mínimos e bens móveis de 
qualquer valor, em regra, não necessitam de escritura pública por serem 
não solenes. 
Dessa forma, nos termos do art. 472 do CC, para ocorrer a extinção 
de um contrato de compra e venda de bem móvel também não será 
exigível a escritura pública, bastando apenas o instrumento particular. 
Entretanto, nada impede que o distrato ocorra através de escritura 
pública. 
Gabarito: D 
OUTRAS QUESTÕES COMENTADAS PARA FIXAR 
10. (FGV/ISS-Angra dos Reis-RJ/Auditor-Fiscal/2010) Em relação 
aos contratos, é correto afirmar que 
(A) há limitações legais ao princípio da liberdade de contratar em 
razão do princípio da moralidade. Como exemplo, temos a 
nulidade da compra, por servidores públicos, em geral, de bens e 
direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que estejam sob sua 
administração direta ou indireta, mesmo que a alienação ocorra 
em hasta pública. 
(B) nos casos de onerosidade excessiva superveniente, à parte 
prejudicada cabe a possibilidade de resolver o contrato 
judicialmente, mas não de pleitear a sua revisão. 
(C) na evicção, em contrato paritário, as partes podem acordar, 
expressamente, a exclusão da responsabilidade pela evicção. A 
consequência desta cláusula é a assunção integral do risco da 
evicção pelo evicto, que abre mão do direito de receber o preço 
que pagou pela coisa evicta. 
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(D) na ambiguidade ou contradição das cláusulas de contrato de 
adesão, a interpretação adotada será favorável ao aderente, 
exceto se este apôs qualquer cláusula no contrato em questão. 
(E) nos contratos de consumo, o produtor responde objetivamente 
pelos produtos postos em circulação, mas o fornecedor de serviços 
responde sempre que verificada a existência da sua culpa. 
Análise das alternativas: 
(A) CERTA. A nulidade da compra referida na alternativa está prevista no 
art. 497, II do CC. 
Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que 
em hasta pública: 
[...]. 
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa 
jurídica a que servirem, ou que estejam sob sua administração direta 
ou indireta; 
A restrição legal imposta decorre de preceitos éticos nas relações 
jurídicas, por razões de ofício ou de profissão e, ainda, em face do 
princípio constitucional da moralidade na Administração Pública e, uma 
vez transgredidas, tomam o ato nulo pleno jure. 
(B) ERRADA. É possível também a revisão judicial do contrato para 
restabelecer o seu equilíbrio, conforme preconiza o art. 479 do CC. 
(C) ERRADA. A característica principal da evicção é a sua ocorrência em 
contratos onerosos e não em contratos paritários, conforme o art. 477 do 
CC. 
(D) ERRADA. Se o contrato é de adesão, não há como o aderente 
apor cláusulas, o que acontece somente nos contratos paritários. 
(E) ERRADA. A alternativa trata da responsabilidade civil nas relações de 
consumo. Estudamos o assunto na aula 3 (3a parte) e percebemos que a 
responsabilidade tanto do fornecedor como do produtor é do tipo objetiva 
(independe de culpa), entretanto, em se tratando de profissionais liberais, 
vige a responsabilidade subjetiva (depende da comprovação de culpa por 
parte do profissional). 
Gabarito: A 
11. (FGV/OAB/Exame da Ordem/2010.2) Durante dez anos, 
empregados de uma fabricante de extrato de tomate distribuíram, 
gratuitamente, sementes de tomate entre agricultores de uma 
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certa região. A cada ano, os empregados da fabricante procuravam 
os agricultores, na época da colheita, para adquirir a safra 
produzida. 
No ano de 2009, a fabricante distribuiu as sementes, como sempre 
fazia, mas não retornou para adquirir a safra. Procurada pelos 
agricultores, a fabricante recusou-se a efetuar a compra. O 
tribunal competente entendeu que havia responsabilidade pré-
contratual da fabricante. A responsabilidade pré-contratual é 
aquela que: 
(A) deriva da violação à boa-fé objetiva na fase das negociações 
preliminares à formação do contrato. 
(B) deriva da ruptura de um pré-contrato, também chamado 
contrato preliminar. 
(C) surgiu, como instituto jurídico, em momento histórico anterior 
à responsabilidade contratual. 
(D) segue o destino da responsabilidade contratual, como o 
acessório segue o principal. 
A situação narrada no enunciado da questão está violando o princípio da 
boa-fé objetiva, pois o fabricante vinha tendo um determinado 
comportamento e, sem nenhum aviso, passou a ter um comportamento 
contraditório. 
Trata-se do já estudado brocado nemo potest venire contra factum 
proprium (proibição ao comportamento contraditório). 
Gabarito: A 
12. (FGV/OAB/Exame da Ordem/2010.2) Por meio de uma 
promessa de compra e venda, celebrada por instrumento 
particular registrada no cartório de Registro de Imóveis e na qual 
não se pactuou arrependimento, Juvenal foi residir no imóvel 
objeto do contrato e, quando quitou o pagamento, deparou-se com 
a recusa do promitente-vendedor em outorgar-lhe a escritura 
definitiva do imóvel. 
Diante do impasse, Juvenal poderá 
(A) requerer ao juiz a adjudicação do imóvel, a despeito de a 
promessa de compra e venda ter sido celebrada por instrumento 
particular. 
(B) usucapir o imóvel, já que não faria jus à adjudicação 
compulsória na hipótese. 
(C) desistir do negócio e pedir o dinheiro de volta. 
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(D) exigir a substituição do imóvel prometido à venda por outro, 
muito embora inexistisse previsão expressa a esse respeito no 
contrato preliminar. 
O assunto abordado nesta questão é contrato preliminar. Tal espécie 
de contrato, nos termos do art. 462 do CC não exige a forma do contrato 
definitivo. Por isso, não há problemas pelo fato da promessa de compra e 
venda ter sido celebrada através de um instrumento particular e, pelo fato 
de haver provas da quitação do pagamento, Juvenal poderá requerer ao 
juiz a adjudicação do imóvel. 
Gabarito: A 
13. (IADES - CFA - Analista Jurídico - 2010) Assinale a alternativa 
incorreta em relação aos contratos. 
(A) O adquirente decai do direito de obter a redibição ou 
abatimento no preço no prazo de trinta dias em caso de coisa 
móvel. 
(B) A evicção significa regresso contra o alienante em contrato 
gratuito, cujo objeto foi transferência de posse ou domínio. 
(C) O contrato preliminar, exceto quanto à forma deve conter 
todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. 
(D) Na preempção o prazo para exercer o direito de preferência 
não poderá exceder a cento e oitenta dias, se a coisa for móvel, ou 
a dois anos, se imóvel. 
Análise das alternativas: 
(A) CERTA. Conforme o art. 445 do CC. 
(B) ERRADA. A evicção só ocorrer em contratos onerosos e na doação 
onerosa. Não há evicção em contratos gratuitos. 
(C) CERTA. Conforme o art. 462 do CC. 
(D) CERTA. A questão trata do contrato de compra e venda. Tal item não 
está inserido no conteúdo programático do PROCON. 
Gabarito: B 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 38 
CURSO ON-LINE - DIREITO CIVIL - TRT 20a REGIÃO 
ANALISTA (ÁREA JUDICIÁRIA E EXECUÇÃO DE MANDADOS) 
Lista dos exercícios apresentados 
1. (FGV - FISCAL DE RENDAS - MS - 2006) É ato jurídico bilateral 
e sinalagmático: 
(A) doação. 
(B) promessa de recompensa. 
(C) permuta. 
(D) comodato.

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