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Resumo de Direito Administrativo (Dworkin, Humberto Ávila) Conceito O Direito Administrativo estudo relações do Estado, no âmbito administrativo, com terceiros ou entre particulares (quando da ingerência estatal). Os três poderes exercem funções administrativas, que podem ser atividades-fim ou atividades-meio. A Administração Pública é função-fim do poder Executivo e função-meio dos poderes Judiciário e Legislativo. Retrospectiva histórica O início do Direito Administrativo coincide com o surgimento do Estado Democrático de Direito. Até chegar a este ponto, o Estado percorreu diversas formas: Estado Absolutista (marcado pela Religião como legitimação da concentração do poder nas mãos do rei e pela absoluta liberdade de ações, diante da inexistência da accountability) > Estado Social (marcado pelo Contrato Social como legitimação do exercício do poder) > Estado Liberal (marcado pela legalidade, pelo positivismo e pela discricionariedade, já é, no entanto, Estado de Direito) > Estado Democrático de Direito (marcado pela responsabilidade, pela divisão de poderes. No neoconstitucionalismo, surge a aproximação entre Direito e Moral -pós-positivismo-, dando às constituições normatividade e gerando o comando da juridicidade). As características do Estado Democrático de Direito no Brasil são de: Estado Federal (traz organização administrativa) Estado Constitucional de Direito (traz vinculação) Estado Democrático (traz legitimidade) Estado Pós-Social (traz Direitos Fundamentais) É necessário também que o Direito Administrativo siga um regime jurídico (um conjunto de regras no OJ que delimita a normatividade do Direito Administrativo). Princípios derivados do Estado de Direito Princípio da Autoexecutoriedade: a Administração Pública pode, ela mesma, executar seus atos, por conta da presunção de juridicidade e da divisão de poderes (a função da Administração é exatamente executar). No entanto, há casos muito gravosos em que o Judiciário deve executar. Princípio da Autotutela: a Administração Pública tem o poder-dever de rever seus próprios atos, corrigindo ilegalidades e garantindo o interesse público). Esse princípio encontra limites na segurança jurídica, na confiança legítima e na boa-fé. Princípio da Boa-fé: possui 2 acepções, uma objetiva (o que conta para o Direito), de lealdade dos particulares, e uma subjetiva, de caráter psicológico daquele que acredita atuar em conformidade com o Direito. É incorporado no OJ porque está na nossa cultura e é o que se espera daquele estado anímico. Impacta nos atos administrativos (convalidação sem saneamento de vício), no processo, nos servidores, nos contratos administrativos, no domínio econômico, etc. Princípio da Confiança Legítima: relaciona-se com o aspecto subjetivo do princípio da segurança jurídica, mas autonomiza-se por sua aplicação ao âmbito privado. Princípio da Legalidade: deriva do Estado Constitucional de Direito, do texto normativo da Constituição – secundum legem. Deriva diretamente da separação de poderes, de modo que quem cria as normas não deve ser quem as aplica. Segundo esse princípio, o agir da Administração Pública deve estar de acordo com o que a lei autoriza (vinculação positiva) e não pode estar de acordo com o que a lei proíbe (vinculação negativa). Há a supremacia da lei (vinculação positiva) e a reserva da lei (anterioridade legal, vinculação negativa). Com o pós-positivismo e o Estado Social, supera-se a legalidade em virtude da Juridicidade (Direito como sistema, caracterizado pelo praeter legem). A Juridicidade é regra: O agir administrativo deve estar de acordo com o Direito (com o Ordenamento Jurídico), há vinculação negativa. Princípio da Presunção de Legitimidade dos Atos Administrativo: Há presunção relativa. A presunção gera fé pública relativa, que colide com a Motivação. Implica na inversão do ônus da prova. Princípio da Segurança Jurídica: possui 2 sentidos, um objetivo, de estabilização do OJ e um subjetivo, de proteção da confiança individual. Artigo 37, CF – L.I.M.P.E Princípios da Segurança Jurídica, Proteção à Confiança e Boa-fé: a legalidade é o que permite a previsibilidade da segurança jurídica (institutos que derivam da segurança jurídica: direito adquirido, coisa julgada, ato jurídico perfeito), a estabilidade e a igualdade. O princípio da confiança diz respeito a aspectos morais relevantes e legítimos (para ser legítimo, deve haver boa-fé). Princípios derivados da cláusula constitucional democrática Princípio da Publicidade: consolidado pela Lei de Acesso à Informação (12527/2011). A administração deve publicar, de forma compreensível, seus atos; a obscuridade e sigilosidade é típica de atos autoritários. Gera consequências: A Administração deve divulgar seus atos (publicar) – postura ativa Deve conceder acesso – postura passiva Deve certificar gratuitamente – postura passiva Esse princípio pode ser restringido pela privacidade, pela segurança nacional e pela ordem pública, pela ordem econômica. Princípio da Impessoalidade: pode ser observado como regra por conta das noções adquiridas no pós-positivismo. Pode se referir à impessoalidade do agente público ou à isonomia material para com os destinatários. Princípio da Moralidade: A Ordem Pública não está livre de ter que buscar valores morais da sociedade em que se coloca, por conta da democracia. Retira-se a discricionariedade, uma vez que a fundo a discussão da moralidade é discussão de constitucionalidade. Podem haver condutas lícitas e imorais e ilícitas e morais. Suas consequências podem ser observadas na ação popular (art. 5, LXXIII, CF) e na improbidade administrativa (art. 37, p. 4, CF). Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Privado ou Princípio da Finalidade Pública: com Hegel e a composição organicista da sociedade, o bem público começou a ser visto como mais importante que o bem individual, do mesmo modo que o bem de um organismo todo é mais importante do que o bem de apenas um órgão. No entanto, com o resgate antropológico, o Homem começou a ocupar novamente o centro das relações e a ser observado como fim em si mesmo (Kant); o conceito de interesse público passam a ser os Direitos Fundamentais, positivados e observados de acordo com a CF. Outros Princípio da Eficiência: preocupação com a celeridade dos atos administrativos. eficiência de Pareto ("ótimo de Pareto"): a medida é eficiente quando melhorar a situação de determinada pessoa sem piorar a situação de outrem, o que é de difícil aplicação concreta, pois desconsidera as externalidades negativas cada vez maiores nas sociedades complexas;3° eficiência de Kaldor-Hicks: as normas devem ser desenhadas para produzirem o máximo de bem-estar para o maior número de pessoas (os benefícios de "A" superam os prejuízos de "B").
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