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FATORES DE RISCO PARA DOENÇA ATEROSCLERÓTICA EM ESTUDANTES DE UMA FACULDADE PRIVADA DE IMPERATRIZ-MA 1 Ana Carolina Cutrim Munhoz 2 Jeane Francisca Ribeiro 3 RESUMO: A aterosclerose é uma enfermidade inflamatória crônica e progressiva com alta prevalência no cenário mundial sendo a principal condição de desenvolvimento de doenças cardiovasculares resultando na maior causa de morte no mundo. A rotina acelerada da sociedade contemporânea acompanhada, em sua grande parte, de uma alimentação inadequada, sedentarismo, tabagismo, obesidade e alterações orgânicas, como pressão alta e diabetes caracterizam, entre outros fatores, risco para o surgimento da lesão ateroscleriótica nas artérias do coração e de outra parte do corpo humano, de forma generalizada ou específica. Objetivou-se por meio dessa análise determinar os fatores de riscos mais comuns de uma possível aterosclerose que possa prevalecer em alunos de ensino superior de uma determinada instituição. Este estudo trata-se de uma pesquisa de natureza básica da temática estudada com o intuito de estabelecer um diagnóstico inicial da condição situacional da questão analisada, com uma abordagem quantitativa de análises laboratoriais. A pesquisa envolveu 30 estudantes de uma faculdade privada do município de Imperatriz-MA, em um período de 30 dias no decorrer do mês de dezembro/2017 empregando recursos laboratoriais da Faculdade de Imperatriz Devry/FACIMP em simultâneo a realização de exames de lipidogramas e aplicação de questionário. As informações coletadas mostraram que os acadêmicos conhecem a Doença Aterosclerótica, porém, poucos sabiam que a mesma não tem cura. Evidenciou-se, ainda, que devido a vida acadêmica corriqueira, os estudantes, em sua maioria, não possui uma alimentação adequada, consumindo gorduras e açúcar em excesso. Palavras–Chave: Fatores de Risco. Doença Aterosclerótica. Hábitos Alimentares. ABSTRACT: Atherosclerosis is a chronic and progressive inflammatory disease with a high prevalence in the world scenario, being the main condition for the development of cardiovascular diseases resulting in the greatest cause of death in the world. The accelerated routine of contemporary society, accompanied, for the st part, by inadequate diet, sedentary lifestyle, smoking, obesity and organic alterations, such as high blood pressure and diabetes, among other factors, are a risk for atherosclerotic lesion in the arteries of the heart and of another part of the human body, in a generalized or specific way. The objective of this analysis was to determine the most common risk factors for possible atherosclerosis that may prevail in higher education students of a given institution. 1 Artigo científico apresentado a Faculdade de Imperatriz Devry/FACIMP no Curso de Farmácia, como requisito obrigatório para a obtenção do Título em Bacharel em Farmácia. 2 Acadêmica do Curso de Farmácia da Faculdade de Imperatriz Devry/FACIMP. 3 Orientadora. Mestre em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Bacharel em Farmácia UFPA. Professora do curso de Farmácia da Devry/FACIMP. Contato para consultoria em pesquisa: (jeane.ribeiro@facimp.edu.br). 2 This study is a research of a basic exploratory nature, since it seeks to satisfy a lack of information about the subject studied in order to establish an initial diagnosis of the situational condition of the analyzed question, with a quantitative approach of laboratory analysis. The research involved 30 students from a private college in the municipality of Imperatriz-MA, during a period of 30 days during the month of December / 2017, using laboratory resources from the Faculty of Imperatriz Devry / FACIMP, simultaneously performing lipidogram and application tests of questionnaire. The information collected showed that the academics know Atherosclerotic Disease, but few knew that it has no cure. It has also been shown that due to the usual academic life, the students, for the most part, do not have adequate food, consuming fats and excess sugar. Keywords: Risk Factors. Atherosclerotic Disease. Eating habits. 1 INTRODUÇÃO A doença cardiovascular aterosclerótica, ou somente aterosclerose, constitui a principal causa de morbimortabilidade no mundo em pessoas na idade adulta ou idade avançada, ocasionando um resultado alarmante de aspecto médico-social e econômico em todo o globo. No Brasil, em 1995, constatou-se que 23% das mortes, independente da faixa etária, decorreram em razão da aterosclerose (CAMACHO, MELECIO, SOARES, 2007). A aterosclerose é uma patologia inflamatória caracterizada pela formação de placas de gordura e outras substâncias na parede das artérias do coração e, ainda, de outros lugares do organismo humano podendo se apresentar de forma generalizada ou específica. A condição aterosclerótica é evidenciada por meio da constrição e endurecimento das artérias em consequência da concentração de gordura em seus canais de fluxo, denominado como ateroma. Geralmente, a aterosclerose está relacionada a fatores de risco, como hipertensão, diabetes mellitus, alimentação inadequada, sedentarismo, obesidade, estresse e tabagismo. Diante disso, qual seria o fator de risco mais relevante para a atual prevalência da doença aterosclerótica em estudantes de uma faculdade privada? Acredita-se que a ingestão de gordura e obesidade poderiam facilitar o desenvolvimento da Doença Aterosclerótica (DA), sendo os principais fatores de riscos relacionados com a brevidade desse processo em acadêmicos. Estudos comprovam que, a obesidade central é a mais associada a DA. Obesidade central é aquela que localiza-se no abdome, ocorrendo o acúmulo de gordura no abdome, que é metabolicamente muito ativa, transformando-se constantemente em ácidos graxos livres e 3 sendo transportados para o fígado, pela circulação porta, onde serão convertidos em VLDL e LDL, principalmente. Com isso, ocorre o aumento da concentração plasmática de LDL, colesterol responsável pela formação das placas de ateroma, fator de risco maior para o início da aterosclorese. Os acadêmicos são um exemplo de grupo com grande probabilidade desse fator de risco. Por optarem pelos alimentos industrializados com maior teor de gorduras poli-saturadas e trans, os estudantes podem aumentar o risco da formação das placas de ateroma. Além disso, eles convivem em um ambiente acadêmico, contribuindo para o estresse e, por terem uma carga horária elevada, podem recorrer a uma alimentação irregular, cada vez mais sódica e rápida, e com altos índices de lipídeos, causando assim um maior agravo em sua saúde e podendo ter mais chances futuras de uma doença cardiovascular provocada pela aterosclerose. Devido à prevalência, o impacto na vida do individuo e alto custo de tratamento para sociedade, aterosclerose tornou-se um grande problema de saúde pública, visto que esta pode provocar uma série de complicações saúde do ser humano contribuindo para o surgimento de doenças cardiovasculares mais sérias. Partindo dessa concepção, o presente estudo buscou objetivamente determinar os fatores de riscos mais comuns de uma possível aterosclerose que possam prevalecer em alunos de uma faculdade privada de Imperatriz-MA. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Consumo de alimentos x riscos à saúde O desenvolvimento científico-tecnológico ocorrido a partir da segunda metade do século XX, possibilitou o surgimento de determinadas condições alimentícias, como consequência, gradualmente, enfermidades infecciosas e desnutrição foram susbtituidas por Doenças Crônicas não Transmissíveis(DCNT) concernente ao consumo exagerado e/ou inadequado de alimentos realização insuficiente de atividades física, situação condicente a países desenvolvidos e em desevolvimento, incluindo o Brasil. Estudos acerca da alteração no estilo alimentar da sociedade brasileira nos últimos anos apontaram o aumento na ingestão de carnes e artigos alimentícios industrializados carregados de açúcar, gorduras e, por vezes, aditivos químico, como refrigerante, biscoitos, doces e refeições pré-preparadas, além da diminução de consumo de frutas e vegetais (CLARO et. al, 2015). O consumo inadequado de alimentos colabora significativamente para o aparecimento de doenças cardiovasculares. O uso excessivo de sódio, gorduras, colesterol na alimentação relacionado com o baixo consumo de peixe, frutas e legumes estabelecem o 4 perfil lipídico inadequado com a elevação da pressão arterial, obesidade, aterosclerose e, consequentemente, outras doenças cardiovasculares (FAJARDO, 2013). Como já mencionado, a dieta alimentar dos brasileiros, ao decorrer do tempo, vem sofrendo alterações devido a ação das indústrias de alimentos, onde visando estender a vida útil dos alimentos empregam, cada vez mais, aditivos alimentares, sobretudo corantes artificiais para dá um aspecto mais “bonito e saudável” a comida. A utilização desses produtos químicos tem provocado indagações com relação a ingestão segura desses aditivos. A dosagem de cada um dos aditivos considerada segura é determinada pela FAC (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) e pela OMS (Organização Mundial da Saúde) (POLÔNIO, PERES, 2009; ERNANDI, 2016). No entanto, o consumidor tem a possibilidade de eliminar o risco do acúmulo de níveis de uma determinada substância química no organismo. Na tabela 1, pode-se verificar alguns produtos e seus respectivos riscos: Tabela 01: Produtos industrializados x riscos Produto Aditivos Possíveis Principal Risco Salsicha Antioxidante e realçador de sabor Os conservantes mais usados em embutidos são os nitritos e nitratos, classificados como carcinogênicos. Pudins e Iogurtes Espessante, aromatizante, acidulante, conservante e corante. Nesse grupo alimentício, os corantes e conservantes constituem o maior risco. Em excesso, podem provocar alergias e disfunções digestivas e metabólicas. Hambúrguer Antioxidante, conservante. corante, estabilizante, realçador de sabor. O glutamato monossódico, um realçador de sabor, é vista como substância carcinogênica, porém não há comprovação científica a respeito. Gelatinas, Balas e Doces Acidulante, aromatizante e corantes artificiais Os corantes são os vilões, pelo risco de alergias. A longo prazo, podem levar a danos digestivos, metabólicos e até neurológicos. FONTE: Consumidor Brasil (2016 on-line) 5 Os alimentos industrializados seguem sendo um dos principais inimigos para o consumo exagerado do açúcar. Na maioria das pesquisas feitas, os refrigerantes são os maiores responsáveis pelo excesso de açúcar ingerido, sendo consumido por todas as faixas etárias, principalmente pelas crianças. Entre os mais jovens, a bebida corresponde a 34,2% do açúcar consumido pelos meninos e 32% do açúcar ingerido pelas meninas. Por exemplo, uma lata de 350ml de refrigerante de cola, possui 37 gramas de açúcar (2 colheres e meia de sopa). Somente este valor é mais da metade do recomendado diariamente pelos médicos (ERNANDI, 2016). Com relação a quantidade de açúcar em alimentos industrializados, observa-se a tabela a seguir: Tabela 02: Produtos industrializados x açúcar 1 lata de refrigerante do tipo cola (350 ml): 37g ou 2 1/2 colheres de sopa de açúcar 1 pote de Iogurte de frutas (170 g): 30 g ou 2 colheres de sopa de açúcar 1 copo de suco de laranja industrializado (200 ml): 26g ou 2 colheres de sopa de açúcar 1 xícara de cereal matinal (40g): 20g ou 1 colher (sopa) de açúcar 3/4 de xícara de granola (50 g): 17g ou 1 colher de sopa de açúcar 1 bola de sorvete de morango (60 g): 14g ou 1 colher de sopa (rasa) de açúcar 1 colher de achocolatado (20g): 14g ou 1 colher de sopa (rasa) de açúcar 1 colher (sopa) de gelatina (25g): 12 g ou 1/2 colher (sopa) de açúcar 1 barrinha de cereais (28g): 10 g ou 1/2 colher de sopa de açúcar 1 colher de Ketchup (15g): 4g ou 1/4 de colher de sopa de açúcar FONTE: Ernandi (2016 on-line) O consumo em excesso de açúcar é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento da obesidade e outras doenças relacionadas, como a hipertensão arterial, o diabetes, além da possibilidade de surgirem alguns tipos de câncer devido ao consumo em excesso desse produto. 2.2 Obesidade O padrão alimentar dos brasileiros vem se modificando ao longo desses últimos 20 anos, segundo estudos realizados acerca da saúde nutricional da população no decorrer do 6 mesmo período, evidenciado pelo alto nível de gordura saturada e açúcar na alimentação e alimentos com baixo teor de fibras, bem como a redução dos níveis de atividade física. Tal mudança no paradigma alimentar é determinada como transição nutricional, que resulta das alterações socioeconômicas, tecnológicas e culturais da sociedade, as quais, afeta diretamente o perfil de saúde populacional. A obesidade é uma consequência de hábitos alimentares não saudáveis, a ingestão em excesso de calorias, contribui para o aumento do peso levando a obesidade, a ingestão de produtos industrializados ricos em gorduras e açucares, acima da quantidade que organismo pode gastar, inatividade física, hábitos de alimenta-se fora de horários regulares e outros fatores, possibilita o indivíduo aumentar o seu peso podendo se tornar um obeso. A obesidade pode ser caracterizada como uma doença crônica, resultante de um conjunto de fatores modificáveis - como o sedentarismo, dietas inadequadas, ansiedade – e não modificáveis como genes com predisposição para ganho de peso, idade, entre outros, que podem favorecer ao desenvolvimento de doenças como diabetes mellitus tipo 2, doenças cardiovasculares, dislipidemias, apnéia do sono, entre outras (COUTINHO, 2009, p. 263). Hoje a obesidade está associada a várias doenças como diabetes mellitus, hipertensão arterial, acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio, e doenças respiratórias, entre outras. Além disso, a obesidade pode piorar condições clínicas e patologias preexistentes. A obesidade tem um papel importante no desenvolvimento do diabetes tipo II. Na obesidade, as células betas do pâncreas tornam-se comumente menos responsivas à estimulação do nível elevado de glicose no sangue (WILMORE, COSTILL, 2001). Em 2008, aproximadamente, de 500 milhões de pessoas no mundo todo eram obesos com mais de 20 anos de idade. Já em 2015, esse número passou para 1,5 bilhões de indivíduos. O sobrepeso e a obesidade vitimam cerca 2,8 milhões de pessoas anualmente em decorrência de suas complicações orgânicas (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2009; 2015). Tendo como base que a obesidade esta concomitantemente associada a fatores de riscos esta está substancialmente ligada a problemas relacionados com a qualidade de vida. Portanto, o mesmo deve aderir a prática de atividade física regulares, mais vale lembra que só a atividade física, sem uma associação com uma alimentação saudável, livre de gorduras e açucares, não terá um efeito desejado (WILMORE, COSTILL, 2001). A obesidade pode ser relacionada com o sexo, de acordo com a distribuição da gordura corporal total, estando diretamente ligada com o risco de aparecimento de doenças não transmissíveis. Nesse sentido a obesidade diretamente relacionada ao estilo de vida,sobre tudo o consumo em excesso de alimentos ricos em gorduras e açucares. A obesidade que 7 segue o padrão masculino é denominada obesidade da porção superior do corpo (andróide), ou do tipo maçã, e o padrão feminino denominado obesidade da porção inferior do corpo (ginecóide), ou do tipo Pêra (FERRAZ, MACHADO 2008). Entre os anos de 1980 e 2008 houve um aumento de indivíduos com excesso de peso, a prevalência passou de 5% para 10% entre os homens e de 8% para 14% entre as mulheres. As maiores prevalências foram encontradas na Região das Américas, onde 62% dos indivíduos apresentam-se acima do peso e 26% eram obesos. Já no Brasil a obesidade atinge 16,5% homens e 22,1% mulheres acima de 20 anos (FAJARDO, 2013, p. 25-26) 2.3 A Doença Aterosclerótica A doença aterosclerótica é uma doença crônica progressiva de origem multifatorial e complexa que acontece como consequência ao acometimento endotelial, afetando especialmente a túnica íntima das artérias (camada mais interna das artérias que fica diretamente em contato com o sangue) de grande e médio calibre. A aterosclerose é vista como uma condição em que ocorre o acúmulo de placas de gordura, colesterol e outras substâncias, e estas ficam anexadas a paredes das artérias, interrompendo o fluxo sanguíneo, podendo gerar graves complicações de saúde. Suas manifestações são bem variadas, ou seja, depende do local que a doença afeta primeiro. Entre elas estão: infarto ou angina quando acomete as artérias coronárias, dor e claudicação em membros inferiores quando acomete as pernas e, por fim, acidente vascular cerebral quando compromete as carótidas (LUZ, 2017). O endurecimento das artérias ocorre ao longo do tempo. Além do envelhecimento, fator de risco comum entre várias doenças cardíacas, outros fatores que aumentam as chances de uma pessoa desenvolver aterosclerose incluem: Pressão arterial elevada, Colesterol alto, Diabetes, Obesidade, Tabagismo, História familiar de doença cardíaca, Sedentarismo e Doenças renais crônicas (VALDIGEM, 2017). Os sintomas da aterosclerose podem surgir com bastante evidencia, porém, em determinadas situações, uma pessoa pode ter a doença e não apresentar nenhum sinal dela.A questão da dor também varia de acordo com o local em que acontece o estreitamento das artérias. As dores nas pernas quando faz a locomoção do caminhar, melhoram somente com repouso, queda de pelos nas pernas e pele fria e palidez nos dedos pode indicar comprometimento de artérias nestes locais (LUZ, 2017). Com relação aos testes para aterosclerose podem incluir: Angiografia/arteriografia coronária, um exame invasivo que avalia as artérias coronárias em raios X, Ecocardiograma, Eletrocardiograma (ECG) e etc. Cada paciente com aterosclerose se recupera de forma diferente. Alguns pacientes são capazes de manter uma vida saudável mudando a dieta alimentar, parando de 8 fumar e tomando os medicamentos de acordo com as orientações médicas. Outros podem recorrer a procedimentos médicos como a angioplastia ou cirurgias para tratar aterosclerose (VALDIGEM, 2017). Portanto, a nutrição e/ou essa parte da alimentação está entre as mais importantes para a saúde do coração e pode ajudar a controlar alguns dos fatores de risco para doenças cardíacas. 3 REFERENCIAL METODOLÓGICO 3.1 Tipo de pesquisa O presente estudo trata-se de uma pesquisa de natureza básica, conforme descreve Silveira e Córdova (2009, p. 34), dado que o estudo de nível investigativo básico tenciona “gerar conhecimentos novos, úteis para o avanço da Ciência, sem aplicação prática aplicada. Envolve verdades e interesses universais”. Desta forma, esta pesquisa visa atender uma necessidade intelectual, sem produzir obrigatoriamente resultados de aplicação prática. Com objetivo descritivo, como caracteriza Prodanov e Freitas (2013, p. 127) visto que “expõe as características de uma determinada população ou fenômeno, demandando técnicas padronizadas de coletas de dados”, este estudo buscou analisar a fatores de riscos mais comuns de possível aterosclerose que possam prevalecer em alunos de uma faculdade privada no município de Imperatriz, Maranhão, através de fontes de pesquisas bibliográfica de abordagem quantitativa das análises laboratoriais, sob a perspectiva de uma abordagem quantitativa, com o propósito de garantir a precisão dos resultados, evitando as distorções de análise e interpretação (GRESSLER, 2004). 3.2 Universo, amostra e critério de inclusão A população envolveu estudantes de uma Faculdade Privada em Imperatriz-MA, totalizando 30 estudantes. A Faculdade é referencia município e região, além de uma extensa variedade de cursos superiores, conta com uma das maiores e mais sofisticadas estruturas. A pesquisa foi realizada no mês de dezembro de 2017, no laboratório da própria faculdade, realizou-se os exames de lipidogramas e a aplicação dos questionários. Pois, conforme menciona Vergara (2000, p. 20), a população pode ser entendida como uma seleção de diversos elementos com características similares ao objeto de estudo. 9 Andrade (1999, p. 32) reforça que a população não é apenas um conjunto de pessoas, mas sim a totalidade de qualquer tipo de elementos a serem investigados. Todavia é importante salientar que a pesquisa utilizou da modalidade pesquisa de campo, onde foi possível determinar os fatores de riscos mais comuns de uma possível aterosclerose que possam prevalecer em alunos de uma faculdade privada de Imperatriz-MA, com base nos lipidogramas, enfoque no colesterol, triglicérides e HDL. 3.3 Instrumentos Foi utilizado um questionário elaborado pelos pesquisadores, com 12 questões, todas fechadas. Dessa forma, os questionamentos tratam inicialmente de uma análise do perfil dos estudantes, sobre o conhecimento sobre a doença aterosclerótica e por fim, os hábitos alimentares, rotina e existência de doenças. A observação é um componente fundamental, principalmente se ela for de natureza qualitativa, pois, a mesma se faz presente desde a formulação do problema até as análises e interpretação dos dados (QUEIROZ, et. al. 2007) Foram coletadas amostras de sangue de trinta pessoas de ambos os sexos de idade acima de dezoito anos de forma aleatórias, pra que se pudesse ser realizadas análises bioquímicas para que se possa obter o perfil lipídico do participante. Para a realização do exame utilizou-se um analisador bioquímico automatizado e kit´s reagentes para dosagens bioquímicas. 3.4 Estratégias de análise de dados A interpretação dos resultados foi realizada a partir de análises interpretativas de pesquisas e estudos que apresentam a mesma temática estudada, usando como recurso sites como Scielo e Google Acadêmico. Foram usados como métodos estatísticos recursos do Excel para elaboração dos gráficos com os resultados. 3.6 Procedimentos e aspectos éticos Os estudantes submetidos ao exame bioquímico lipidograma não foram expostos no estudo. Este estudo atendeu aos critérios éticos para pesquisa com seres, conforme prescrito na Resolução n° 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde. 10 4 RESULTADO E DISCUSSÃO A aterosclerose é patogênese mais detectada entre as doenças cardiovasculares. Esta é o resultado de uma disfunção endotelial inflamatória. As lesões ateroscleróticas nas camadas internas das artérias podem ser causadas por fatores externos, considerados fatores de risco tradicionais, ou fatores hereditários. No caso deste último, as lesões ateroscleróticas são desenvolvidas já na vida intrauterina e de maneira silenciosa. Inicialmente realizou acaracterização da população de estudo por meio de análise descritiva. Verificou-se a associação entre os aspectos variáveis do consumo de alimentos com fatores de risco aterosclerótico através das respostas obtidas do questionário. Buscou-se ainda determinar o padrão alimentar dos 30 estudantes superiores pela análise fatorial. Assim, com base na metodologia proposta pelo o trabalho foram adquiridos os seguintes resultados. 4.1 Resultados do Questionário de Aspecto Saúde-Social No universo de 30 acadêmicos, 17% são do sexo masculino e 83% do sexo feminino (Gráfico 1). É importante lembrar que foi determinado um curso superior espeficífico para realizar a pesquisa, sendo a mesma feita de maneira aleatória. A proporção de mulheres brasileiras com títulos acadêmicos de nível superior é maior que a de homens – a parcela da população feminina adulta com diploma é de 12%, ante 10% da masculina – mas esse dado sofre uma inversão no mercado de trabalho. Quando se analisam as pessoas que atuam em funções de nível superior, 91% dos homens estão empregados, contra 81% das mulheres (ORSI, 2012). Gráfico 1 e 2: Sexo e faixa etária dos estudantes envolvidos Com relação a idade dos acadêmicos, 70% tem de 18 a 20 anos de idade e 30% tem de 21 a 25 anos de idade (Gráfico 2). Do total de estudantes na faixa entre 18 e 24 anos, Mas. 17% Fem. 83% SEXO 18 a 20 anos 30% 21 a 25 anos 70% FAIXA ETÁRIA 11 parcela de 32,9% frequentava o Ensino Superior em 2004. Em 2014, dos estudantes dessa mesma faixa etária, 58,5% estavam na faculdade (BRASIL, 2016). Dentre os mais variados fatores de risco tradicionais do desenvolvimento da doença cardiovascular aterosclerótica, a alimentação inadequada composta, sobretudo, alimentos industrializados carregado de sódio, açúcar e gorduras e a inexistência da prática de atividades físicas corroboram significativamente para a formação inflamatória de substâncias gordurosas e outras na parede nas artérias. Todos os entrevistados apontaram saber a relação existe entre padrão alimentar e falta de exercícios físicos e aparecimento da doença no organismo. No entanto, ¼ dos estudantes disseram que desconhecia que a aterosclerose possui tratamento. O melhor tratamento para a aterosclerose é a prevenção, uma vez que não há cura. Assim, ressalta-se que a alimentação adequada e prática de atividade física são aspectos fundamentais para tal prevenção. O consumo frequente de gordura e/ou alimentos industrializado pelos estudantes foi um ponto essencial para o estudo. O qual, 67% dos entrevistados admitiram que tem consumidos muita gordura e/ou alimento industrializado, enquanto apenas 33% disseram que não (Gráfico 3). A obesidade é uma consequência de hábitos alimentares não saudáveis, a ingestão em excesso de calorias, contribui para o aumento do peso levando a obesidade, a ingestão de produtos industrializados ricos em gorduras e açucares. Já em relação à prática da atividade física, houve a mesma repetição de valores de porcentagem no item anterior, visto que somente 33% dos entrevistados ficam atentos a alimentação balenceada e realização de exercícios físicos (Gráfico 4). Gráfico 3: Consumo de alimentos gordurosos ou industrilizados / Gráfico 4: Prática de atividades físicas Diante disso, mesmo com a maratona de estudos, o acadêmico deve aderir a prática de atividade física regulares, mais vale lembra que só a atividade física, sem uma Não 33% Sim 67% CONSUMO FREQUENTE DE GORDURA E/OU ALIMENTO INDUSTRIALIZADO Sim 33% Não 67% PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA 12 associação com uma alimentação saudável, livre de gorduras e açucares, não terá um efeito desejado (WILMORE; COSTILL, 2001). Com relação ao questionamento “Você Fuma”, os alunos responderam que nenhum fuma. O tabagismo está intimamente relacionado ao surgimento do problema, por causar inflamação na parede das artérias, o que intensifica a formação das placas de ateroma (VALDIGEM, 2017). 4.2 Resultados dos Exames de Perfil Lipídico ou Lipidogramas O perfil lipídico ou lipidograma de um individuo é estabelecido através de conjunto análises laboratoriais, com objetivo inicial de determinar ou identificar alguma anormalidade em substâncias lipídicas no organismo, como colesterol e triglicerídeos. Os resuldos obtidos a partir do teste de lipidograma é capaz de detectar certas patogenêses e apontar com precisão risco de doenças cardiovasculares. O exame de perfil lipídico inclui: lipoproteína de baixa densidade (LDL), lipoproteína de alta densidade (HDL), triglecérides e colesterol total. Os estudantes se submeteram ao exame de lipidograma avaliando somente os aspectos de colesterol, triglecérides e HDL. Assim, obteve-se o seguinte gráfico (Gráfico 5). Gráfico 5: Resultados do exame de lipidograma 121 110 136 179 183 162 152 172 240 168 186 160 139 143 137 155 154 254 169 155 201 175 155 206 158 131 193 187 244 244 119 59 101 104 148 104 142 96 152 116 218 83 68 62 71 68 65 130 127 63 111 187 79 72 65 76 154 150 242 110 40 47 46 87 70 65 46 86 65 51 42 77 58 47 61 60 56 69 66 66 77 53 66 86 54 66 59 42 53 69 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 LIPIDOGRAMA Colesterol Triglicérides HDL 13 Tabela 3: Resultados do exame de lipidograma Estudante Colesterol Triglicérides HDL 1 121 119 40 2 110 59 47 3 136 101 46 4 179 104 87 5 183 148 70 6 162 104 65 7 152 142 46 8 172 96 86 9 240 152 65 10 168 116 51 11 186 218 42 12 160 83 77 13 139 68 58 14 143 62 47 15 137 71 61 16 155 68 60 17 154 65 56 18 254 130 69 19 169 127 66 20 155 63 66 21 201 111 77 22 175 187 53 23 155 79 66 24 206 72 86 25 158 65 54 26 131 76 66 27 193 154 59 28 187 150 42 29 244 242 53 30 244 110 69 O exame de perfil lipídico baseia-se em valores preestabelecidos para pessoas adultas acima de 20 anos de idade, para estabelecer a normalidade dos resultados encontrados. Tabela 4: Valores para adultos (maiores de 20 anos), em mg/dl Lípide Desejável Limítrofe Riscos[3] Colesterol total Abaixo de 200 200 - 240 Acima de 240 LDL colesterol Abaixo de 130 130 - 160 Acima de 163 HDL colesterol Acima de 40 35 - 40 Abaixo de 35 Triglicerídeos Abaixo de 150 150 - 200 Acima de 200 Desta forma, constatou-se que 10% estudantes já estão limítrofe (200-240) aceitável de valores de colesterol. No entanto, há estudantes que encontram-se em valores de riscos (acima de 240). Evidencia-se que 13,33% dos entrevistados encontram-se no limítrofe do triglicerídeo e 6,66% em valores de riscos. E todos os alunos possuem o índice de HDL de acordo com o desejável, visto na tabela 1 e 2. Para pessoas adultas com organismo saudável, recomenda-se a realização do exame de perfil lipídico a cada 5 anos. 5 CONCLUSÃO A aterosclerose é vista como uma condição em que ocorre o acúmulo de placas de gordura, colesterol e outras substâncias, e estas ficam anexadas a paredes das artérias, interrompendo o fluxo sanguíneo, podendo gerar graves complicações de saúde. 14 Vale lembrar que as informações coletadas mostraram que os acadêmicos conhecem a Doença Aterosclerótica, porém, poucos sabiam que a mesma não tem cura, e com a rotina acelerada de aulas e compromissos acadêmicos, os alunos em sua maioria afirmaramque não tem uma alimentação adequada, consumindo gorduras e açúcar em excesso. Sabe-se que o alto consumo de gordura é uma das causas da aterosclerose. Portanto, o estudo em questão, precisa ser abrangido ainda mais, contemplando alguns pontos mais específicos, porém, não deixa de ser um instrumento valioso para acadêmicos de todos os cursos, afim de conscientizar sobre a Doença Aterosclerótica e consequentemente a necessidade de hábitos alimentares saudáveis. REFERÊNCIAS CAMACHO, C. R. C. MELICIO, L. A. D. SOARES, A. M. V. C. Aterosclesore, uma resposta inflamatória. Arq. Ciênc. Saúde. 2007 jan-mar, 14 (1): 41-48. CLARO, R. M. et. al. Consumo de alimentos não saudáveis relacionadas a doenças crônicas não transmissíveis no Brasil: Pesquisa Nacional de Saúde, 2013. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 24 (2): 257-265, abr- jun, 2015. FARJARDO, V. C. Consumo alimentar e fatores de risco para doenças cardiovasculares em trabalhadores em turnos alternantes, Minas Gerais. 2013. 160 f. Dissertação (Mestrado em Saúde e Nutrição)- Escola de Nutrição. Programa de Pós-Graduação em Saúde e Nutrição. 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APÊNDICE Questionário aplicado aos estudantes de uma Faculdade Privada em Imperatriz-MA 1 – Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino 2 – Idade: ( ) 18 a 20 anos ( ) 21 a 25 anos ( ) 26 a 30 anos ( ) 31 a 35 anos ( ) mais de 35 anos 3 –Você tem conhecimento sobre adoença aterosclerótica: ( ) Sim ( ) Não 4 –Você sabiaque adoença aterosclerótica tem tratamento, mas não tem cura: ( ) Sim ( ) Não 5 – Você acha que tem consumido muita gordura e/ou alimento industrializado? ( ) Sim ( ) Não 6 – Como você avalia a sua alimentação? ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima 7 – Você pratica alguma atividade física? ( ) Sim ( ) Não 8 – Se sim, qual a frequência? ( ) de 1 a 2 vezes ( ) de 3 a 5 vezes ( ) todos os dias da semana 9 – Você fuma? ( ) Sim ( ) Não 10 – Tem diabetes, hipertensão ou colesterol? ( ) Sim ( ) Não 11 – Você foi ao médico alguma vez esse ano para tratar de algo relacionado aos questionamentos anteriores? ( ) Sim ( ) Não 12 – Tem casos na família de diabetes? (Pode marcar mais de uma opção) ( ) Pai ( ) Mãe ( ) Avó ( ) Avô ( ) Outros
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